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Mídias e

Linguagens
Sumário

1- Mídias e linguagens......................................................................................................... 3
2- A relação professor x tecnologia ................................................................................. 14
As TICs na prática pedagógica ........................................................................................ 16
3- Aluno presencial x aluno virtual .................................................................................... 18
4-O que sabemos sobre a Aprendizagem Eletrônica ................................................ 27
5- A educação à distância ................................................................................................ 38
Referência Bibliográfica ...................................................................................................... 47
As TICs na prática pedagógica ........................................................................................ 48
1- Mídias e linguagens

1.1 – Aprender e ensinar na Era Digital

Na história da humanidade, a escola surge a partir da necessidade dos


grupos humanos se organizarem sob o conteúdo das suas tradições culturais, e,
com isso, transmitirem os saberes adquiridos para garantir a existência das novas
gerações.
O texto caminha no sentido de refletir sobre a prática na sala de aula sobre o
“aprender e ensinar na era digital” no contexto da sociedade atual, pois aprender
faz parte da condição humana.
Com a transformação das sociedades, a escola modifica-se, não se limitando
a sua função conservadora, pois a escola é uma instituição que também se
aprende. Com a complexidade da sociedade, a escola moderna passa a cumprir a
função de educar o cidadão. Numa sociedade democrática que visa os direitos
iguais para toda a escola tende a ser um espaço onde perpassa os interesses
diversos e marcados por contradições.
Como afirma Campos (2007, p.12):

Neste sentido, o desafio que se coloca para a educação é o


de intervir no mundo, transformando-o pelo diálogo. Quando a
minha ação firma-se no diálogo, afirma-se a democracia.

Portanto, a instituição escolar está incumbida de formar e informar o cidadão


para esta nova sociedade, considerando-se as exigências da nova era. Entretanto,
a educação brasileira está passando por um processo de transformação no que se
refere “aprender e ensinar”, necessitando rever e promover reformas nos sistemas
educativos. Segundo Castells (2001), a tecnologia influenciou definitivamente a
forma de viver e aprender.
Nesse sentido, o uso de tecnologias na educação oportuniza uma reflexão
sobre as novas formas de construção do conhecimento, desenvolvimento de
habilidades, múltiplas linguagens e processos de construção e constituição de
identidade sobre a própria cultura escolar.
Sabendo-se que desde a educação infantil, a criança é um ser produtor de
cultura, não deve ser negado o acesso ás inúmeras possibilidades de expressão
das diferentes linguagens presentes no nosso universo midiático.
Com a evolução das tecnologias não só alteraram o sistema de comunicação
entre as pessoas, mas também alteraram a noção do tempo e espaço da interação
da criança e a escola, ou seja, também tende alterar o processo educacional.
As chamadas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) pressupõem
novos modos de entender e olhar o mundo. Propõe refletir sobre o surgimento de
uma nova cultura a partir da emergência das novas tecnologias da informação,
entre elas, o uso da internet, com o aparecimento da interface gráfica da World
Wide Web, que tornou a interface gráfica da internet mais interativa nos anos 90 e
possibilitou a sua popularização. Hoje se apresenta como um meio aberto não só
de distribuição de informação, mas também de criação de conteúdos, reutilização,
compartilhamento e colaboração.

1.2 Ambientes de ensino e aprendizagem: do tradicional ao virtual

Considerando que vivemos na era da sociedade do conhecimento, marcada


pelo foco da informação, a escola é desafiada por estas novas circunstâncias. As
mudanças sociais levaram a efeito uma crise de paradigmas, inclusive com sérias
repercussões na educação e em particular na formação de professores
Para Levy, aquilo que chamamos de “novas tecnologias” recobre atividades
multiformes de grupos humanos que se cristalizam na aparência inumana de
“técnica”.

Quando não conseguimos enxergar as atividades humanas por trás dessas


tecnologias, o que o autor chama de “opacidade dos processos sociais”, sentimo-
nos ameaçados. A solução para isso seria o desenvolvimento de processos de
inteligência coletiva onde a sinergia entre competências, recursos e projetos
colocariam várias memórias num esforço em comum, questionando poderes
estabelecidos.
Portanto, a escola não pode ignorar essa evolução tecnológica, uma vez que
a cultura digital vem sendo incorporada tanto pelos jovens como pela educação
formal.
Os espaços virtuais destinados á Educação passaram a ser denominados
Ambientes Virtuais de Ensino e Aprendizagem (AVEA) e foram introduzidos no
meio educacional como plataformas tecnológicas de gerenciamento de ensino e
aprendizagem. Eles consistem em um espaço virtual que reúne recursos
tecnológicos necessários para a elaboração, implementação e gestão de
aprendizagem a distância.
Esses ambientes propiciaram um grande impulso para a disseminação da
Educação a distância on-line, que até o final dos anos 90 era oferecida por meio de
material impresso entregue pelo correio postal, radio fusão ou pela TV.
A ideia da criação de softwares destinados ao gerenciamento dos processos
educacionais (AVEA) e a cobrança para a sua utilização de certa forma causou
mal-estar na sociedade.
Para Levy, esse mal-estar denomina-se o “impacto” das novas tecnologias na
cultura e na sociedade. Essas novas tecnologias da informação são parte da
sociedade e frutos de sua experiência histórica. Elas não são algo externo, como
vindo de outro planeta que “impactam” o nosso dia a dia, pois a tecnologia não é
autônomo separado da sociedade.
Uma tecnologia não é nem má, nem boa em si mesma. Ao passo que se pode
argumentar que os computadores pessoais, surgidos na década de 80,
aumentaram a capacidade de agir e de se comunicar das pessoas. Para o bem ou
para o mal.
Hoje o ensino pode ser ministrado por meio da internet, em uma plataforma
(AVEA) em que professor e aluno distantes geograficamente podem manter
sistematicamente um encontro dialógico, seja de forma síncrona (ao mesmo
tempo) ou assíncrono (cada qual em tempos diferentes).
Segundo Campos (2007, p.43):
Hoje nada garante o sucesso do trabalho docente se os
professores não superarem as suas crenças e se dedicarem
ao fazer pedagógico que leve o aluno a experimentar outro
comportamento diante dos objetos de ensino.

Mais do que nunca o professor também precisa estar em permanente


atualização, pois esta é a condição para exercer a docência nos novos ambientes
virtuais.
Nesse sentido, a ação docente requer compreensão para modificar essas
crenças e propor vivências que por meio de dinâmicas e experiências de vida que
se conscientizem a necessidade de superarem o saber-fazer-pedagógico.

1.3 Ambientes Virtuais de Ensino e Aprendizagem (AVEA)

As plataformas tecnológicas nos ambientes virtuais de Ensino e


Aprendizagem promovem um diálogo permanente entre o individuo e o mundo. As
linguagens midiáticas no universo da educação são recursos que possibilitam a
todos os envolvidos na ação pedagógica a exploração de outros modos de ler por
meio de imagens, ícones, textos e hipertextos, vídeos, animações... Os recursos e
ferramentas apresentados por softwares , programas e os próprios equipamentos
levam a descobertas das estruturas funcionais para além do simples manuseio
oferecendo novas formas de interação e de comunicação entre as pessoas.
Cabe ao professor responsável organizar seu curso formatando-o de acordo
com a sua concepção pedagógica e tempo de duração, disponibilizando-o no
AVEA, onde virtualmente ele exercerá o papel de professor administrador de seu
espaço acadêmico, assim como com suas incumbências no ambiente presencial,
porém acrescidas das consequências de administrar um curso no ambiente virtual.
O aluno também deverá apresentar habilidades de auto-organização e
disciplina para alcançar sucesso na conclusão de um curso não presencial.
É importante destacar a prática do registro, que contribui efetivamente para
aumentar a qualidade de ensino.
Nesse sentido o registrar se configura a partir de novos significados: o registro
e a dialogicidade – o diálogo possível consigo e com o outro e para o outro; a
historicidade – o registro da memória num determinado tempo, espaço e contexto e
o registro enquanto fonte de reelaborações.

1.4 Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA)

A presença de tecnologias no ambiente educacional entendida como meio,


como linguagens, permite aos alunos desfrutarem “no aqui e agora” os processos
de criação, descoberta e comunicação inerentes a uma participação ativa na
construção do conhecimento e na produção da cultura.
Uma metodologia voltada para a colaboração, desenvolvida nesses
ambientes virtuais de aprendizagem, promove o ensino na construção de
conhecimento por meio de ações coletiva na participação ativa do aluno diante do
computador, na interação com os colegas, assim potencializa o curso das
descobertas e formas de comunicação que favoreçam o processo educativo.

Texto complementar

Educação na era digital

Os usos das tecnologias influenciaram o modo de pensar e o comportamento


do Homo zappiens. Isso tem importantes repercussões na maneira de aprender
e de se relacionar “Repentinamente, as crianças que chegavam à nossa escola
demonstravam um comportamento bastante diferente: direto, ativo, impaciente,
incontrolável e, de certa forma, indisciplinado; parecia-me que algo havia
acontecido no verão. Isso me assustava e empolgava ao mesmo tempo.” Foi
assim que uma professora sueca descreveu o que sentiu quando começou o
novo ano letivo em um bairro de Estocolmo na metade da década de 1990,
quando crianças de 6 anos voltaram à escola depois das férias de verão. A
professora teve a sensação de que, de um ano para o outro, uma nova geração
surgira e que tinha de lidar com ela, ainda não sabendo como, mas percebendo
que precisaria empregar estratégias e abordagens diferentes.

Muitos professores vivenciam o fato de que os alunos de hoje demandam


novas abordagens e métodos de ensino para que se consiga manter a atenção
e a motivação na escola. Ouvimos muitos deles dizerem que os alunos dedicam
atenção às atividades por um período curto de tempo, que não conseguem
ouvir alguém falar por mais de cinco minutos. Os professores afirmam que as
crianças não conseguem concentrar-se em uma tarefa só, fazendo várias
atividades paralelamente, e que esperam obter respostas instantaneamente
quando fazem uma pergunta

Não são apenas os professores que se preocupam com as crianças que


crescem em um mundo digital. Os pais também estão preocupados, pois
observam que elas passam o tempo em casa entre o computador e a televisão.
Eles pedem que seus filhos saiam e brinquem na rua, encontrem seus amigos e
pratiquem esportes. Pensam que o uso da tecnologia traz limitações físicas e
um empobrecimento do convívio social. Além disso, observam que os livros não
parecem mais ser do interesse de seus filhos, que preferem jogos de
computador, inclusive aqueles violentos, em que parece não haver limites para
os padrões morais.
Todas essas preocupações devem ser abordadas quando consideramos as
consequências das mudanças socioeconômicas decorrentes da presença da
tecnologia digital em nossa sociedade. O comportamento social nunca se
desenvolve no vácuo, e boa parte de nosso comportamento é influenciada pelo
contexto social no qual crescemos. O que as crianças fazem e o que pensam é o
resultado da interação com o que está ao seu redor, o mundo externo.
Uma das mudanças mais impressionantes é a da globalização. A globalização
econômica está levando a novas formas de desenvolvimento de mercados de
trabalho, forçando nossas economias a se adaptarem a novos negócios e
iniciativas. De um ponto de vista social, contudo, a globalização implica que os
seres humanos estejam mais conectados, que estejam ligados em rede. As
crianças comunicam se com o mundo inteiro, pois a internet não tem limites ou
fronteiras. Se elas jogam no computador, podem comunicar-se com qualquer
pessoa que esteja, como elas, disposta a resolver um problema ou responder a
determinada questão
A geração que nasceu do final da década de 1980 em diante tem muitos
apelidos, tais como “geração da rede”, “geração digital”, “geração instantânea” e
“geração ciber”. Todas essas denominações referem-se a características
específicas de seu ambiente ou comportamento. Muitas gerações têm apelidos,
então por que esta deveria ser diferente? A resposta é que a geração da rede
difere de qualquer outra do passado porque cresceu em uma era digital.
Chamamos essa geração de Homo zappiens, aparentemente uma nova espécie
que atua em uma cultura cibernética global com base na multimídia.
Sendo os primeiros seres digitais, eles cresceram em um mundo onde a
informação e a comunicação estão disponíveis a quase todas as pessoas e
podem ser usadas ativamente. As crianças hoje passam horas de seu dia
assistindo à televisão, jogando no computador e conversando nas salas de bate-
papo. Ao fazê-lo, processam quantidades enormes de informação por meio de
uma grande variedade de tecnologias e meios. Elas se comunicam com amigos e
outras pessoas de forma muito mais intensa do que as gerações anteriores,
usando a televisão, o MSN, os telefones celulares, os iPods, os blogs, os Wikis,
as salas de bate-papo na internet, os jogos e outras plataformas de comunicação,
utilizando tais recursos e plataformas em redes técnicas globais, tendo o mundo
como quadro de referência.
Três aparelhos tiveram grande importância: o controle remoto da televisão, o
mouse do computador e o telefone celular. Com o controle remoto da televisão,
as crianças cresceram habituadas a escolher assistir a uma variedade de canais
nacionais e estrangeiros. O número de canais de televisão disponíveis está
sempre crescendo; via cabo e satélite, elas podem escolher qualquer um dos
2.200 canais ou 1.500 estações de rádio do mundo inteiro que estão disponíveis.
Ao assistir à televisão, aprenderam a interpretar as imagens antes mesmo de
aprender a ler e a interagir, ainda que de maneira bastante restrita, com um meio
de comunicação de massa.
O número de horas destinado a jogar no computador está aumentando e,
em pesquisas recentes, o computador parece estar chegando ao topo da lista.
Usando o mouse, os alunos navegam pela internet e clicam até encontrar o que
querem, buscando ícones, sons e movimentos mais do que propriamente letras.
O telefone celular ajudou-os a se comunicarem com os pais ou com os
amigos com maior facilidade, já que a distância física não representa qualquer
restrição à comunicação.

O uso dessas tecnologias influenciou o modo de pensar e o com-


portamento do Homo zappiens. Para ele, a maior parte da informação que
procura está apenas a um clique de distância, assim como está qualquer
pessoa que queira contatar. Ele tem uma visão positiva sobre as possibilidades
de obter a informação certa no momento certo a respeito de qualquer pessoa ou
de qualquer lugar. O Homo zappiens aprende muito cedo que há várias fontes
de informação, as quais podem defender verdades diferentes. Ele filtra as
informações e aprende a tecer seus conceitos em redes de amigos/parceiros
com os quais se comunica com frequência. A escola não parece ter grande
influência em suas atitudes e valores.
Como essa geração age e como ela desenvolve o seu
comportamento? Vejamos três situações típicas encontradas pela maior parte
dos pais. A primeira é a de um dia escolar comum em que os alunos reúnem-se
ao redor dos portões da escola esperando pelo ônibus ou pegando suas
bicicletas para ir para casa. Em casa, eles ligam seu computador e começam
uma conversa no MSN com os mesmos colegas com que acabaram de falar na
escola. Jogam on-line com eles, enquanto começam outra conversa com outros
amigos que aceitaram na lista de contatos do MSN. Sua lista de contatos
contém 150 nomes, já que este é o limite do MSN.
A segunda situação que muitos pais enfrentarão é a de comprar um
jogo de computador para seu filho. Quando chega em casa, a criança quer logo
começar a jogar e coloca o CD no computador. Você começa a ler o manual de
instruções, enquanto a criança começa a jogar. Quando o pai está na página
11, a criança provavelmente já está no meio do jogo. E, quando ela não
consegue ir adiante, simplesmente liga para um amigo e pede ajuda, entra em
um site sobre o jogo ou pergunta a alguém na escola. Ela sequer cogita ler as
instruções.
A diferença entre o Homo zappiens e você é que você funciona linear-
mente, lendo primeiro as instruções — usando o papel — e depois começando
a jogar, descobrindo as coisas por conta própria quando há problemas. O Homo
zappiens não usa a linearidade: ele primeiro começa a jogar e depois, caso
encontre problemas, liga para um amigo, busca informação na internet ou envia
uma mensagem para um fórum. Em vez de trabalhar sozinho, são utilizadas
redes humanas e técnicas quando há necessidade de respostas instantâneas.
A terceira situação que a maior parte dos pais encontrará é a do Homo
zappiens assistindo à televisão. Zapear canais é algo comum, já que as
crianças assistem a seis ou mais canais ao mesmo tempo. Todas elas o fazem,
e é raro uma criança assistir ao mesmo canal por mais de uma hora. Os canais
de música, tais como a MTV, são populares entre elas, mas são vistos
simultaneamente com outros canais.

A velha regra de fazer uma coisa de cada vez para fazer a coisa certa
não se aplica a essa geração. Seus representantes dividem sua atenção entre
os diferentes sinais de entrada e decidem processá-los quando adequado,
variando seu nível de atenção de acordo com o seu interesse. Se na TV estiver
passando um videoclipe de que gostem, as crianças “ligam-se” no que está
passando; depois que o clipe acaba a atenção destinada à televisão diminui.
Fazer a tarefa escolar é uma questão de última hora. Enquanto você
aprendeu a fazer sua tarefa de maneira planejada, o Homo zappiens começa a
trabalhar no último momento possível. A escola é apenas uma parte de sua
vida: não é a principal atividade. As crianças sabem que têm de ir à escola e
fazer testes, mas a escola parece mais um lugar de encontro de amigos, um
espaço social, do que um lugar para aprender. É um lugar onde você fala
fisicamente com seus amigos, um lugar em que você entra em contato com
eles, criando sua rede. As crianças fazem suas tarefas com o auxílio dessa rede
e as finalizam bem na hora de entregá-las. Se você frequentou a faculdade,
lembrará de um comportamento similar; contudo, na escola fundamental ou
média, planejar como fazer suas tarefas e atividades semelhantes era como um
hábito, algo mais comum entre os alunos.
O Homo zappiens vive em um mundo cujos recursos de informação são
muito ricos. Ele adotou o computador e a tecnologia tal como as antigas
gerações fizeram com a eletricidade: a informação e a tecnologia da informação
tornaram-se parte integrante de sua vida. As gerações anteriores consideravam
a tecnologia, como câmeras de vídeo e aparelhos eletrônicos, algo difícil de
dominar. O Homo zappiens, porém, trata a tecnologia como um amigo e,
quando um novo aparelho surge no mercado, pergunta por seu funcionamento
e quer entender como tal aparelho poderia ajudá-lo em seu cotidiano. Para ele,
o principal critério para adotar a tecnologia não é o fato de o software ou
programa ter boa usabilidade, mas o fato de dar conta ou não de suas
exigências e necessidades. Na verdade, ele nasceu com um mouse na mão, já
sabia como manipular o controle remoto da televisão com 3 anos e já tinha seu
próprio telefone celular aos 8 anos.
Todos os recursos mencionados têm algo crucial em comum: fornecem
ao usuário o controle de uma ampla variedade de fluxos de informação e
comunicação. Qualquer usuário pode, a qualquer momento, ativar, mudar ou
interromper esses recursos a simplesmente apertando um botão. Eles colocam
o usuário em uma posição de controle para decidir qual informação processar
ou com qual comunicação envolver-se ou não. Tais recursos não só capacitam
o usuário a controlar o fluxo de informação, como também o ajudam a lidar com
a sobrecarga de informação e a selecionar a informação de modo eficiente,
adequado e imediato conforme as suas necessidades.

A velocidade com que o Homo zappiens usa a internet para buscar


informação é alta — e, para os pais, pode parecer apenas uma questão de puro
acaso que os filhos encontrem o que querem. Apenas buscando informação
juntamente com uma criança é que você perceberá o contrário. É uma questão
de habilidade, e não de acaso. A capacidade de busca das crianças é muito
maior do que a nossa, e é improvável que você consiga alcançar a mesma
velocidade delas, mesmo tendo praticado por muito tempo.

Para concluir: as escolas e os pais tendem a ver as crianças a partir da


perspectiva do que pensam que elas deveriam fazer de acordo com seus
valores e normas. Não há nada errado nisso, pois todas as gerações agiram
assim — chamamos isso de “criar nossos filhos”. Contudo, já que a geração
atual é a primeira que ensina seus pais a usar um fórum, um telefone celular e a
consultar sua conta bancária eletronicamente, entre outros serviços, é esta a
primeira vez que observamos ocorrer uma “educação invertida”, fenômeno
nunca visto antes.
Muitos pais e professores, apesar disso, estão convencidos de que jogar
no computador, conversar em salas de bate-papo e zapear os canais de TV é
uma perda de tempo. Em nossa opinião, usar a internet, jogar no computador e
zapear na televisão faz com que as crianças realmente desenvolvam
habilidades valiosas, que vão além das habilidades instrumentais, como a
coordenação entre o olhar e as mãos. Por causa dessas grandes mudanças em
nossa sociedade, os pais e professores deveriam observar as crianças naquilo
que elas de fato fazem para entender que essa geração viverá em um mundo
diferente, para o qual habilidades, atitudes e comportamentos novos serão
compulsórios.

2- A relação professor x tecnologia

Permanece, ainda, o problema das difíceis condições de trabalho que os


professores têm enfrentado por conta da disseminação das TICs na Educação. Até
onde consigo perceber, o estranhamento dos docentes não se dá tanto em relação
à natureza da tecnologia, embora seja possível perceber as resistências
conservadoras à sua utilização por professores refratários às mudanças de
qualquer tipo sobre atividades que se incorporaram à sua existência profissional.
No entanto, que em sua maioria os educadores atuam aí como todos os
demais trabalhadores, buscando adotar um padrão mínimo de acompanhamento
das inovações. Bem feitas ás coisas, é possível que os professores acabassem se
constituindo num núcleo de profissionais catalisadores das mudanças.

O estranhamento, portanto, é de outra ordem e tem outros motivos: ele


existe em razão de um determinado conceito utilitário e quantitativa das TICs posto
em prática na maioria das escolas (em especial as particulares) de forma
meramente operacional, fato que dificulta ao docente o entendimento da riqueza
que a técnica pode oferecer para o processo de ensino-aprendizagem. Responder
e-mails de alunos, aplicar testes na rede, registrar frequência ou avaliações,
sacrificar a qualidade de uma aula em razão de programações abstratas e
pressionadas pela urgência constituem um conjunto de tarefas sufocantes e
inspiradas numa concepção administrativa de sua relação com o conhecimento,
porque não é dessa forma que ele é nem produzido nem apreendido.
É natural que os professores vejam aí um padrão de atividade com o qual eles
não se identificam e para o qual nem chegam a ser remunerados de forma
adequada e digna; e é sintomático que a denominação de "tutor" vai ficando
reservada para professores que veem o que fazem reduzido ao mero
monitoramento de algumas dessas aplicações.
Isso ocorre por dois motivos:
• O primeiro deles é consequência direta e imediata da filosofia interna
daquelas escolas onde essa situação é mais aguda, isto é, a precipitação e
o afobamento da adoção de modelos que agilizem o ingresso de seus
cursos nesses novos tempos - eventualmente com a compra de pacotes
prontos de softwares estranhos a quaisquer projetos pedagógicos
qualificados. Tudo indica que isso tem provocado a alienação do professor
sobre aquilo que está sendo posto em prática, pois que ele não vê nas
mudanças todas senão o sentido burocrático que se acrescenta ao sem-
número de atividades com as quais já está envolvido. O resultado é o que se
vê por aí: um grau de estresse, de desgaste físico, de sobrecarga de
trabalho que anula a potencialidade que as TICs têm para os professores e
para as próprias escolas como instituições educacionais, pois é isso o que
elas deveriam ser.
• O segundo motivo é bastante conhecido: em boa parte dos
estabelecimentos de ensino, as mudanças incrementadas pelas novas
tecnologias são inspiradas pelo mercado, pela concorrência, pelas
cotoveladas que as empresas dão umas nas outras para conquistar a
clientela; não têm nada a ver com o aperfeiçoamento dos processos
didático-pedagógicos - ainda que os discursos que justifique as e digam que
sim, até com certo deslumbramento.
Sob esse aspecto, é possível que as mudanças estejam sendo bem-
sucedidas, mas é insignificante o ganho educacional que representam, e esse é um
elemento que se acrescenta ao estranhamento dos professores.

As TICs são essencialmente emancipadoras da atividade intelectual e


alargam as possibilidades de acesso à transmissão e à obtenção do conhecimento,
mas sempre que isso seja feito de forma criteriosa e autônoma pelos sujeitos que
conseguem estabelecer uma relação enriquecedora entre o conteúdo do que fazem
e a forma como o fazem, no trabalho e na criatividade.
A lógica com que elas têm sido inseridas na Educação é o oposto disso,
como os professores testemunham todos os dias. Como é mesmo o nome daquela
espécie de imposto que uma geração transfere para outra porque não tem noção
dos efeitos negativos que sua ação tem no presente? Imposto geracional? Pois a
forma como as TICs têm sido implementadas nos nossos sistemas de ensino é
bem isso: estamos empurrando para frente ás consequências

1- Texto complementar

As TICs na prática pedagógica

A Tecnologia é a aplicação de um conhecimento, de um “saber como fazer”, de


procedimentos e recursos para a solução de um problema no nosso cotidiano.

O professor deve aprender a ler e a escrever as diferentes linguagens, e as


diversas técnicas de informação e de comunicação, assim como as distintas
representações usadas nas diversas tecnologias.
A identidade do docente como ator e autor, se estabelece no sentido de ser
professor, e confere à atividade docente no seu cotidiano a partir de seus princípios
e dos seus valores, o modo de situar-se no mundo, de sua história de vida, de suas
representações e saberes, e de sua rede de relações com outros funcionários da
educação.
As tecnologias se caracterizam por: tecnologias de informação, tecnologias de
comunicação, tecnologias interativas, tecnologias colaborativas.
As tecnologias de informação são as formas de gerar, armazenar, veicular e
reproduzir a informação. As tecnologias de comunicação são as formas de difundir
informação, incluindo as mídias mais tradicionais, da televisão, do vídeo, das redes
de computadores, de livros, de revistas, do rádio, etc. Com a associação da
informação e da comunicação há novos ambientes de aprendizagens, novos
ambientes de interação.
A Tecnologia Interativa é a elaboração concomitante por parte do emissor
(quem emite a mensagem) e do receptor (quem recebe a mensagem), codificando
e decodificando os conteúdos, conforme a sua cultura e a realidade onde vivem. As
tecnologias interativas se dão através da televisão a cabo, vídeo interativo,
programa multimídia e internet.
As tecnologias colaborativas facilitam as interações entre pessoas e o mundo,
permitem um trabalho em equipe satisfatório, e com as diferentes linguagens
proporcionam tipos diferentes de aprendizagens.

Na agenda do século XXI, o professor deve colocar as tecnologias como


aliadas para facilitar o seu trabalho docente. Deve-se usá-las no sentido cultural,
científico e tecnológico, de modo que os alunos adquiram condições para enfrentar
os problemas e buscar soluções para viver no mundo contemporâneo. Ao professor
cabe o processo de decisão e condução do aprendizado. De acordo com Gadotti, o
professor deve ser um aprendiz permanente e um organizador da aprendizagem.

Esclarecemos que um ambiente de aprendizagem não pode se transformar em


mero transmissor de informações, mas, na efetivação da comunicação e
construção colaborativa do conhecimento Ref: Cortelazzo; Iolanda

Por Amelia Hamze


Educadora
Profª UNIFEB/CETEC e FISO - Barreto

http://educador.brasilescola.com/trabalho-docente/as-tics-na-pratica-pedagogica.htm
3- Aluno presencial x aluno virtual

Nesse capítulo vamos conhecer alguns fatores polêmicos que revelam


afetar o aprendizado presencial e virtual.
Da mesma forma, que o professor deve seguir um procedimento para
virtualizar a sua docência, o aluno presencial que deseja fazer os seus primeiros
passos nesta nova modalidade de ensinar e aprender virtualmente, também deverá
seguir um processo evolutivo semelhante.
Se para o professor este processo significa uma mudança importante em
muitos aspectos que afetam a sua docência, como a explanação de ensinar, o
modo de apresentar a informação dos conteúdos ou a forma de levar a sério a
interação virtual, no caso do aluno este processo vai afetar a outros tantos
aspectos de sua construção de conhecimento, a forma de interagir com seus
companheiros ou as habilidades que deverá colocar em jogo para aprender.
Durante os últimos vinte anos, tem se produzido dois tipos de
explorações empíricas que tem sido um objeto similar: identificar e caracterizar os
principais fatores que podem influenciar na qualidade dos processos de
aprendizagem dos alunos e que, sendo aplicados a tipos de alunos diferentes, tem
derivado em resultados diferentes. No primeiro caso, nos tem aportado um
conhecimento bastante preciso dos fatores que intervém na aprendizagem dos
alunos em condições de ensinamentos obrigatórios e presencial. No segundo caso,
nos ajudam a conhecer cada vez mais aqueles fatores que afetam a aprendizagem
que se realiza por meios virtuais e/ou à distância, dirigido para os alunos, que
cursam estudos superiores como uma segunda atividade além de sua profissão.
Vamos analisar sinteticamente os resultados de ambas as contribuições
para apresentar uma proposta integrada com os fatores que cremos que podem ser
chaves para este “novo” tipo de aluno que escolhemos para fundamentar essa
estrutura de fatores provenientes de contribuições diferentes.
Em relação ao primeiro grupo de fatores, referidos a dos alunos com
estudos totalmente presenciais, recorremos uma informação elaborada por um
grupo de trabalho do comité da associação psicológica americana de assuntos
educativos (BEA, 1997). Essa revisão estabelece catorze princípios psicológicos
que influencia na qualidade do aprendizado, entre eles, estão relacionados:

Fatores cognitivos e metacognitivos

1. Natureza do processo de aprendizagem. Generalização de conhecimento,


habilidades cognitivas e estratégias de aprendizagem.
2. Objetivos dos processos de aprendizagem. Representação coerente e
significativa do conhecimento.
3. Construção de conhecimento. Conectar o novo conhecimento com os
conhecimentos prévios.
4. Pensamento estratégico. Estratégias de pensamento e entendimento.
5. Pensar sobre o pensar. Processos de autorregulação da própria
aprendizagem.
6. O contexto de aprendizagem. Fatores do contexto que influenciam na
aprendizagem: cultura, tecnologia e práticas instrucionais.

Fatores motivacionais e afetivos

1. Influências motivacionais e emocionais na aprendizagem. Estados


emocionais, crenças, interesses ou objetivos e hábitos de pensamento.
2. Motivação intrínseca para aprender. Curiosidade, pensamento flexível,
intuitivo e criatividade.
3. Efeitos da motivação sobre o esforço. Esforço e energia.

Para o desenvolvimento social

1. Influências do desenvolvimento sobre a aprendizagem. Desenvolvimento


individual em domínios com o físico, intelectual, emocional ou social.
2. Influências sociais na aprendizagem. Relações interpessoais, interações
sociais e comunicação com os outros.
Diferencias sociais

1. Diferencias individuais: na aprendizagem. Capacidades, enfoques ou estilos


de aprendizagem.
2. Aprendizagem e diversidade. Diferencias linguísticas, culturais e sociais.
3. Modelo e Avaliação. Avaliação inicial, o processo final como uma parte
integral do processo de aprendizagem.

Recomenda se interpretar estes fatores levando em conta três observações:

1. Em primeiro lugar, deve se considerar que estes catorze princípios centram


se no aprendiz e no processo de aprendizagem e, em consequência, situam
se principalmente dentro do controle do aprendiz, mas nos hábitos ou
condutas bem condicionadas por fatores psicológicos.
2. Em segundo lugar, indica se que cada um destes princípios não deve
contemplar se de forma independente, porém melhor em conexão ou
interdependente de uns com os outros.
3. Por último e em terceiro lugar, deve ter presente cada um dos fatores não de
forma isolada de outros fatores como ensinar e o currículo, em
consequência, devem considerar se como uma constelação de fatores que
intervém holisticamente em situações de aprendizagem real.
Em relação ao segundo grupo de fatores, relativos aos estudantes
inteiramente virtuais em especial os que cursam estudos superiores, temos
recorrido à proposta que havia dito anteriormente por Barberà, Badia e Mominó
(2001) e na qual se distinguia entre três tipos de fatores, a totalidade dos quais
afetava a motivação do estudante a distância ou virtual. Como dito, os fatores
referiam se a aspectos da situação vital, aspectos pessoais e fatores relacionados
com a atividade de estudo. Os primeiros agrupavam varias questões como
situações sociais, profissionais ou familiares que facilitavam ou dificultavam a
própria atividade de dedicação ao estudo, e que a menos incluído dentro da
denominação de abandono do estudante a distância.
O segundo grupo, relativo aos fatores pessoais, notavam se que certas
características individuais como o nível dos estudos prévios, as habilidades
comunicativas ou alguns traços da personalidade podiam influir também na
motivação do estudante à distância.
Por último, dentro dos fatores relacionados com a atividade de estudo,
incluíamos quatro deles que, como os dos grupos de fatores anteriores, podiam
possibilitar ou facilitar em diferentes graus a dedicação dos estudantes, e que eram
algumas influências em nível da instituição educativas (como por exemplo, os
aspectos de gestão dos materiais ou a facilitação de acesso à tecnologia), as
características do curso (como por exemplo, à duração das atividades de
aprendizagem virtual), a qualidade da relação com o professor e as características
das tarefas de ensino e aprendizagem (referidas a fatores como, por exemplo, a
consecução de recompensas externas por parte do estudante).

3-Texto Complementar

A gestão de diferentes espaços nos cursos presenciais

O professor, em qualquer curso presencial, precisa hoje aprender a


gerenciar vários espaços e a integrá-los de forma aberta, equilibrada e
inovadora. O primeiro espaço é o de uma nova sala de aula equipada e com
atividades diferentes, que se integra com a ida ao laboratório para
desenvolver atividades de pesquisa e de domínio técnico-pedagógico. Estas
atividades se ampliam e complementam a distância, nos ambientes virtuais
de aprendizagem e se complementam com espaços e tempos de
experimentação, de conhecimento da realidade, de inserção em ambientes
profissionais e informais.

Antes o professor só se preocupava com o aluno em sala de aula.


Agora, continua com o aluno no laboratório (organizando a pesquisa), na
Internet (atividades á distância) e no acompanhamento das práticas, dos
projetos, das experiências que ligam o aluno à realidade, à sua profissão
(ponto entre a teoria e a prática).

Antes o professor se restringia ao espaço da sala de aula. Agora


precisa aprender a gerenciar também atividades a distância, visitas técnicas,
orientação de projetos e tudo isso fazendo parte da carga horária da sua
disciplina, estando visível na grade curricular, flexibilizando o tempo de estada
em aula e incrementando outros espaços e tempos de aprendizagem.

Educar com qualidade implica em ter acesso e competência para


organizar e gerenciar as atividades didáticas em, pelo menos, quatro
espaços:

1. Uma nova sala de aula

A sala de aula será, cada vez mais, um ponto de partida e de chegada,


um espaço importante, mas que se combina com outros espaços para ampliar
as possibilidades de atividades de aprendizagem.

O que deve ter uma sala de aula para uma educação de qualidade?

Precisa fundamentalmente de professores bem preparados, motivados,


e bem remunerados e com formação pedagógica atualizada. Isso é
incontestável.

Precisa também de salas confortáveis, com boa acústica e tecnologias,


das simples até as sofisticadas. Uma sala de aula hoje precisa ter acesso fácil
ao vídeo, DVD e, no mínimo, um ponto de Internet, para acesso a sites em
tempo real pelo professor ou pelos alunos, quando necessário.

Um computador em sala com projetor multimídia são recursos


necessários, embora ainda caros, para oferecer condições dignas de
pesquisa e apresentação de trabalhos a professores e alunos. São poucos os
cursos até agora bem equipados, mas, se queremos educação de qualidade,
uma boa infraestrutura torna-se cada vez mais necessária.
Um projetor multimídia com acesso a Internet permite que os
professores e os alunos mostrem simulações virtuais, vídeos, jogos, materiais
em CD, DVD, páginas WEB ao vivo. Serve como apoio ao professor, mas
também para a visualização de trabalhos dos alunos, de pesquisas, de
atividades realizadas no ambiente virtual de aprendizagem (um fórum
previamente realizado, por exemplo). Podem ser mostrados jornais on-line,
com notícias relacionadas com o assunto que está sendo tratado em classe.
Os alunos podem contribuir com suas próprias pesquisas on-line. Há um
campo de possibilidades didáticas até agora pouco desenvolvidas, mesmo
nas salas que detêm esses equipamentos.

Essa infraestrutura deve estar a serviço de mudanças na postura do


professor, passando de ser uma “babá”, de dar tudo pronto, mastigado, para
ajudá-lo, de um lado, na organização do caos informativo, na gestão das
contradições dos valores e visões de mundo, enquanto, do outro lado, o
professor provoca o aluno, o “desorganiza”, o desinstala, o estimula a
mudanças, a não permanecer acomodado na primeira síntese.

2. O espaço do laboratório conectado

Um dia todas as salas de aula estarão conectadas às redes de


comunicação instantânea. Como isso ainda está distante, é importante que
cada professor programe em uma de suas primeiras aulas uma visita com os
alunos ao “laboratório de informática”, a uma sala de aula com micros
suficientes conectados à Internet. Nessa aula (uma ou duas) o professor pode
orientá-los a fazer pesquisa na Internet, a encontrar os materiais mais
significativos para a área de conhecimento que ele vai trabalhar com os
alunos; a que aprendam a distinguir informações relevantes de informações
sem referência. Ensinar a pesquisar na WEB ajuda muito aos alunos na
realização de atividades virtuais depois, a sentir-se seguros na pesquisa
individual e grupal.
Outra atividade importante nesse momento é a capacitação para o uso
das tecnologias necessárias para acompanhar o curso em seus momentos
virtuais: conhecer a plataforma virtual, as ferramentas, como se coloca
material, como se enviam atividades, como se participa num fórum, num chat,
tirar dúvidas técnicas. Esse contato com o laboratório é fundamental porque
há alunos pouco familiarizados com essas novas tecnologias e para que
todos tenham uma informação comum sobre as ferramentas, sobre como
pesquisar e sobre os materiais virtuais do curso.

Tudo isto pressupõe que os professores foram capacitados antes para


fazer esse trabalho didático com os alunos no laboratório e nos ambientes
virtuais de aprendizagem (o que muitas vezes não acontece).

Quando temos um curso parcialmente presencial podemos organizar os


encontros ao vivo como pontuadores de momentos marcantes. Primeiro, nos
encontramos fisicamente para facilitar o conhecimento mútuo de professores
e alunos. Ao vivo é muito mais fácil que a distância e confiamos mais
rapidamente ao estar ao lado da pessoa como um todo, ao vê-la, ouvi-la,
senti-la. Depois, é mais fácil explicar e organizar o processo de
aprendizagem, esclarecer, tirar dúvidas, organizar grupos, discutir propostas.
É muito mais fácil também aprender a utilizar os ambientes tecnológicos da
educação on-line. Podemos ir a um laboratório e nivelar os alunos, os que
sabem se sentam junto com os que sabem menos e todos aprendem juntos.
No presencial também é mais fácil motivar os alunos, atender às demandas
específicas, fazer os ajustes necessários no programa.

O foco do curso deve ser o desenvolvimento de pesquisa, fazer do


aluno um parceiro-pesquisador. Pesquisar de todas as formas, utilizando
todas as mídias, todas as fontes, todas as formas de interação. Pesquisar às
vezes todos juntos, outras em pequenos grupos, outras individualmente.
Pesquisar às vezes na escola; outras, em outros espaços e tempos.
Combinar pesquisa presencial e virtual. Comunicar os resultados da pesquisa
para todos e para professor. Relacionar os resultados, compará-los,
contextualizá-los, aprofundá-los, sintetizá-los.
Mais tarde, depois de uma primeira etapa de aprendizagem on-line, a
volta ao presencial adquire uma outra dimensão. É um reencontro tanto
intelectual como afetivo. Já nos conhecemos, mas fortalecemos esses
vínculos; trocamos experiências, vivências, pesquisas. Aprendemos juntos,
tiramos dúvidas coletivas, avaliamos o processo virtual. Fazemos novos
ajustes. Explicamos o que acontecerá na próxima etapa e motivamos os
alunos para que continuem pesquisando, se encontrando virtualmente,
contribuindo.

Os próximos encontros presenciais já trazem maiores contribuições dos


alunos, dos resultados de pesquisas, de projetos, de solução de problemas,
entre outras formas de avaliação.

3. A utilização de ambientes virtuais de aprendizagem

Os alunos já se conhecem, já tem as informações básicas de como


pesquisar e de como utilizar os ambientes virtuais de aprendizagem. Agora já
podem iniciar a parte a distância do curso, combinando momentos em sala de
aula com atividades de pesquisa, comunicação e produção a distância,
individuais, em pequenos grupos e todos juntos[2].

O professor precisa hoje adquirir a competência da gestão dos


tempos a distância combinado com o presencial. O que vale a pena fazer pela
Internet que ajuda a melhorar a aprendizagem, que mantém a motivação, que
traz novas experiências para a classe, que enriquece o repertório do grupo.

Os ambientes virtuais aqui complementam o que fazemos em sala de


aula. O professor e os alunos são “liberados” de algumas aulas presenciais e
precisam aprender a gerenciar classes virtuais, a organizar atividades que se
encaixem em cada momento do processo e que dialoguem e complementem
o que estamos fazendo na sala de aula e no laboratório. Começamos
algumas atividades na sala de aula: informações básicas de um tema,
organização de grupos, explicitar os objetivos da pesquisa, tirar as dúvidas
iniciais. Depois vamos para a Internet e orientamos e acompanhamos as
pesquisas que os alunos realizam individualmente ou em pequenos grupos.
Pedimos que os alunos coloquem os resultados em uma página, um portfólio
ou que nos as enviem virtualmente, dependendo da orientação dada.

Colocamos um tema relevante para discussão no fórum ou numa lista


e procuramos acompanhá-la sem sermos centralizadores nem omissos. Os
alunos se posicionam primeiro e, depois, fazemos alguns comentários mais
gerais, incentivamos, reorientamos algum tema que pareça prioritário,
fazemos sínteses provisórias do andamento das discussões ou pedimos que
alguns alunos o façam.

Podemos convidar um colega, um pesquisador ou um especialista para


um debate com os alunos num chat, realizando uma entrevista a distância,
atuando como mediadores. Os alunos gostam de participar deste tipo de
atividade.

Nós mesmos, professores, podemos marcar alguns tempos de


atendimento semanais, se o acharmos conveniente, para tirar dúvidas on-line,
para atender grupos, acompanhar o que está sendo feito pelos alunos.
Sempre que possível incentivaremos os alunos a que criem seu portfólio, seu
espaço virtual de aprendizagem próprio e que disponibilizem o acesso aos
colegas, como forma de aprender colaborativamente.

Dependendo do número de horas virtuais, a integração com o


presencial é mais fácil, Um tópico discutido no fórum pode ser aprofundado
na volta à sala de aula, tornando mais claros os pontos de divergência que
havia no virtual.

Creio que há três campos importantes para as atividades virtuais: o da


pesquisa, o da comunicação e o da produção. Pesquisa individual de temas,
experiências, projetos, textos. Comunicação, realizando debates off e on-line
sobre esses temas e experiências pesquisados. Produção, divulgando os
resultados no formato multimídia, hipertextual, “linkada” e publicando os
resultados para os colegas e, eventualmente, para a comunidade externa ao
curso.[3]
A Internet favorece a construção colaborativa, o trabalho conjunto entre
professores e alunos, próximos física ou virtualmente. Podemos participar de
uma pesquisa em tempo real, de um projeto entre vários grupos, de uma
investigação sobre um problema de atualidade. O importante é combinar o
que podemos fazer melhor em sala de aula: conhecer-nos, motivar-nos,
reencontrar-nos, com o que podemos fazer a distância pela lista, fórum
ou chat – pesquisar, comunicar-nos e divulgar as produções dos professores
e dos alunos.

É fundamental hoje pensar o currículo de cada curso como um todo, e


planejar o tempo de presença física em sala de aula e o tempo de
aprendizagem virtual. A maior parte das disciplinas pode utilizar parcialmente
atividades a distância. Algumas que exigem menos laboratório ou estar
juntos fisicamente podem ter uma carga maior de atividades e tempo
virtuais. A flexibilização de gestão de tempo, espaços e atividades é
necessária, principalmente no ensino superior ainda tão engessado,
burocratizado e confinado à monotonia da fala do professor num único
espaço que é o da sala de aula.

http://www.eca.usp.br/moran/propostas.htm

Especialista em mudanças na educação presencial e a distância

Texto apresentado no 11º Congresso Internacional de Educação a Distância. 8/09 em


Salvador, BA.

Programação em www.abed.org.br/congresso2004/por/gradetc.htm#08

José Manuel Moran

4- O que sabemos sobre a Aprendizagem Eletrônica

A comunicação eletrônica apresenta-se de diversas formas, incluindo e-mails,


fóruns eletrônicos de discussão, quadros de aviso eletrônicos, serviços pagos por
utilização e, finalmente, chats, tanto nos limites quanto fora de uma estrutura
organizacional. Essas formas de comunicação têm em comum várias
questões centrais que perpassam todo o meio e aparentemente invadem todo o
tipo de comunicação eletrônica. Além disso, elas pertencem à comunicação face a
face que ocorre quando tentamos construir a comunidade. Por estarmos
interessados em humanizar um ambiente não humano e em criar, ao longo do
processo, uma comunidade de aprendizagem é que surgem questões de cunho
humano, quer esperemos ou não. No ambiente de uma sala de aula tradicional, o
professor pode não saber que um aluno está enfrentando o fim de um
relacionamento ou uma doença crônica na família a não ser quando o estudante
resolve voluntariamente falar de tais assuntos. Na sala de aula virtual, porém, a fim
de que se crie uma comunidade, é importantíssimo dar espaço para a vida pessoal
e comum, isto é, para a vida diária.
Estas são questões com que sempre lidamos à medida que construímos
comunidades de aprendizagem por meio de aulas on-line: 1- contato virtual versus
contato humano, conectividade e articulação; 2- responsabilidade: regras, papéis,
normas e participação compartilhadas; 3- questões psicológicas e espirituais; 4-
vulnerabilidade, privacidade e ética. É fundamental prestar atenção a tais questões
na sala de aula eletrônica, ainda que elas não sejam tão importantes na sala de
aula comum. Os excertos de diálogos que acompanham a discussão dessas
questões são fragmentos do que nossos alunos escreveram.

Contato virtual versus contato humano

Na comunicação eletrônica, a noção de contato virtual como algo contrário ao


contato humano determina um dualismo artificial. Pelo fato de as pessoas
comunicarem-se, a comunicação virtual, mesmo que sob a forma textual, não deixa
de ser humana. A inexistência de certos sinais contextuais nessa forma de
comunicação pode ser tanto benéfica quanto prejudicial. A comunicação textual é
uma espécie de grande equalizador e pode instigar-nos a refletir mais sobre o que
dizemos on-line. Por outro lado, a questão do isolamento é um fator importante
quando nos comunicamos eletronicamente, pois, embora on-line estejamos
conectados a alguém, o risco de evitarmos o contato face a face realmente existe.
Conectividade e articulação

O fato de precisarmos da conectividade não necessariamente significa


que tenhamos de desistir de nossa autonomia ou de nos submeter a uma
autoridade qualquer. Essa noção de conectividade e articulação pode levar a uma
sensação mais apurada do que seja conhecer o outro por meio de experiências
comuns, como lidar com a matéria do curso e o próprio meio ao mesmo tempo; a
conectividade também se apresenta por meio do conflito e do ato de aprender a
aprender de uma nova maneira.
Responsabilidade, regras, papéis, normas e participação
compartilhados

Parece que quando olhamos para a questão da comunidade e de como


ela se desenvolve, começamos a explorar o tópico de responsabilidade, regras,
papéis e normas compartilhados. Por meio da participação, dividimos a
responsabilidade pelo desenvolvimento do grupo. As regras precisam ser fluídas e,
na verdade, devem ser poucas. A única e verdadeira discussão que muitos dos
nossos grupos levaram a diante foi acerca da participação e das normas, mais
precisamente acerca de quanto e de com que frequência às queria. Não havia
sempre consenso. Às vezes parece que nós, como facilitadores, temos
expectativas diferentes quanto à participação. Consequentemente, é importante
discutir de maneira aberta tais questões já na primeira vez que o grupo se reúne.

Papéis

No que diz respeito aos papéis, o facilitador tem várias funções: de


organizador, de animador, de comunicador de informações. Os participantes
também assumem seus papéis. A literatura sobre grupos de trabalho que
interagem pela tecnologia sugere que os papéis voltados à execução de tarefas e á
continuação do processo realmente surgem nesses grupos (McGrath e
Hollingshead, 1994). Descobrimos que sempre há um participante que tenta fazer
com que as coisas continuem a acontecer quando a discussão esfria, assim como
há outro que sempre tenta mediar conflitos ou que busca outros participantes
quando estes estão ausentes da discussão há alguns dias. O surgimento desses
papéis é um indicador de que a comunidade está desenvolvendo-se, de que os
participantes estão começando a ir ao encontro do outro e a tomar conta do
desenvolvimento do próprio curso. Na sala de aula tradicional, com certeza, o
espirito de liderança surgirá em um ou em alguns membros do grupo, o que
também representa uma via pela qual os alunos conectam-se e vão ao encontro do
outro.

Normas, regras e participação

Nesses grupos, as normas surgem à medida que se desenvolve o


processo. Encontramos, com frequência, grupos que discutem questões de
franqueza, honestidade e segurança como sendo normas a que geralmente
obedecemos, mas que precisam ser reforçadas. Como grupo, também podemos
discutir objetivos, os diferentes estilos pelos quais nos comunicamos e as
responsabilidades envolvidas nessa espécie de comunicação. Tais discussões
ajudam a criar uma comunidade que se desenvolve emocional e espiritualmente,
bem como oferecem um espaço seguro e coeso, em que nos sentimos mais
próximos e podemos compartilhar abertamente nossos pensamentos e sentimentos
à medida que aprendemos com o outro. Poucas normas são estabelecidas no
começo de nossos seminários; os participantes concordam quanto ás questões de
franqueza e de honestidade. As normas referentes ao nível de participação surgem
com o desenvolvimento do grupo.
Cada vez mais se espera, e até mesmo se exige, dos estudantes que
ingressam na universidade um endereço eletrônico (e-mail)- na esperança, é claro,
de que eles usem. Contudo, ter um e-mail, não significa que os alunos estarão
envolvidos, porque muitos ainda relutam quanto à utilização de tal meio. Alguns
alunos dizem até mesmo sentir fobia tecnológica. Além disso, ter um endereço
eletrônico não é garantia de que as pessoas responderão às mensagens
recebidas. Não responder a uma mensagem, às vezes, é fruto de excesso de
informação. Portanto, nesse meio, é fácil, enviar mensagens destinadas ao que
parece ser um buraco negro.
Algo semelhante ocorre no seminário eletrônico. Sempre temos ao menos um
aluno que envia sua apresentação e depois não se comunica mais, o deixando
todos os outros a se perguntar sobre o que teria acontecido. Uma aluna, a qual
desistiu de um seminário sem dar nenhuma explicação, entrou em contato conosco
depois de muito tempo para dizer que sua expectativa após ter enviado a
apresentação era a de que os outros lhe responderiam em nível pessoal, fazendo
comentários sobre o que ela havia dito de si. Como isso não aconteceu, ela se
sentiu desanimada e desapareceu, relutando mesmo em responder às nossas
indagações sobre sua intenção de continuar.

É interessante que o mesmo fenômeno ocorra nos grupos da vida real.

Algumas pessoas por uma razão qualquer, simplesmente desistem,


enquanto um grupo constitui-se em núcleo e continua. Em uma situação de grupo-
talvez não em uma sala de aula, pede-se àquelas pessoas que porventura tenham
desistido de participar que um dia retornem para se despedir dos outro. A presença
e a ausência física são notadas no grupo, quer a participação seja verbal ou não.
No meio eletrônico, as pessoas podem desaparecer mais facilmente; sua ausência
é notada, porém é algo mais fácil de
ignorar do que uma cadeira vazia. Também é fácil manter-se em silêncio em um
grupo real, porque as pessoas sabem de sua presença mesmo quando você não
fala. Em grupos eletrônicos o participante silencioso simplesmente não existe.
É importante que os professores fiquem atentos para saber quais alunos
enviam mensagens e quais não enviam. Pelo fato de o sucesso do seminário
depender da participação de todos, os professores precisam lembrar seus alunos
de que é sua responsabilidade participar, seja pelo envio de mensagens no site do
curso, seja pelo contato individual.

Questões Psicológicas e espirituais

A discussão sobre as questões psicológicas e espirituais na sala de ala


tradicional é frequentemente considerada controversa e mesmo frívola. Ao
apresentarmos essas questões como sendo parte da comunidade on-line, não
estamos querendo dizer que os professores precisam tornar-se conselheiros ou
consultores espirituais de seus alunos.
No entanto, pelas tentativas de conexão ao mundo on-line, nossos
participantes farão com que tais questões venham à tona. Por isso, precisamos
reconhecê-las e admiti-las quando surgem, pois são questões centrais na formação
da comunidade.
O individualismo é extremamente valorizado em nossa cultura. O fato de
nos apegarmos intensamente ao individualismo é parte daquilo que nos causa
incomodo emocional e psicológico (Peck, 1993; Ornstein,1995). Assim, a busca da
comunidade e o consolo que nela encontramos são em parte nossa necessidade
de conexão, interdependência, proximidade e segurança- psicologicamente falando
(Shaffer e Anundsen, 1993; Walker, 1993;Whitmyer,1993).

O medo é que nos impede de experimentar um alto nível de conexão


psicológica com os outros; o medo de que nos percamos no processo, o medo de
que sejamos rejeitados, o medo de que sejamos uma fraude, o medo de que não
sejamos bons o suficiente.

Questões psicológicas na comunidade virtual

A comunidade certamente pode oferecer todos esses benefícios


psicológicos recém-mencionados. Porém, falando de uma perspectiva junguiana,
ela também tem um lado obscuro: elementos que estão “enterrados” e
inconscientes, elementos que não queremos enfrentar. Um deles é a tendência de
promover o “pensamento de grupo”, isto é, a sutil e nem tão sutil pressão para que
estejamos de acordo com o grupo, tanto na ação quanto no pensamento. Essa

espécie de opressão pode ter um efeito psicológico devastador. Quando se


experimenta essa verdadeira pressão, o resultado pode ser o sentimento de
desconforto, de não se encaixar no grupo, de não se sentir seguro – sentimentos
de quem se considera um estranho, um intruso. Há também, quando um pequeno
grupo cuja voz é mais forte fala pela comunidade ou pelo grupo, a tendência ao
silêncio e ao desconforto da resignação. Depois de algum tempo, podemos deixar
de falar, correndo o risco de cair no ostracismo e de abandonar o grupo. Se isso
ocorrer na sala de aula on-line, os alunos que não se sentem à vontade
possivelmente venham a deixar o curso. Pode ser difícil para o professor reengajar
aqueles alunos que domina a discussão. Quando isso ocorre, é importante que o
professor intervenha e crie espaço no processo para os participantes que se
manifestam menos. Assim como pode pedir a participação de um aluno mais quieto
na sala de aula tradicional, pode fazê-lo no grupo on-line, particularmente para
apoiar o aluno cuja opinião é discordante.
Do ponto de vista tecnológico, as questões psicológicas dependem do
hardware e do software. Se a pessoa estiver à vontade com esses dois
componentes, o ambiente será de segurança e de confiança. O oposto, porém,
pode ocorrer se o hardware ou o software mudarem ou forem de difícil navegação.
Tal fato pode causar problemas fisiológicos, como cansaço ocular, dores nas
costas, dores de cabeça e estresse, os quais podem ter consequências
psicológicas. Já tivemos alunos que se sentiram frustrados e infelizes devido ao
hardware e ao software utilizados.
Por isso, os professores devem conhecer as questões psicológicas que
podem determinar o sucesso ou o fracasso do curso on-line. Assim como na sala
de aula tradicional, deve-se prestar atenção aos alunos que se mostram
excessivamente estressada ou que expressam um alto grau de emoção em suas
mensagens. Os professores, com certeza, querem estimular seus alunos a correr
riscos e a enviar mensagens que possam ser consideradas diferentes ou
controversas, mas é importante que busquem sempre o equilíbrio e intervenham
caso um deles demonstre problemas de ordem psicológica.

Vulnerabilidade, Privacidade e Ética

Toda interação social- qualquer tentativa de conexão- faz com que nos
tornemos vulneráveis. Quando buscamos o outro, corremos o risco da rejeição, da
dor e do desentendimento. Porém, os benefícios da conexão suplantam em muitos
seus riscos. As questões relativas à privacidade são da maior importância na
comunidade. Quanto precisamos abrir-nos, para o outro e quanto podemos
legitimamente guardar para nós sem que ponhamos em risco a essência da
comunidade? As questões referentes à privacidade surgem sob outras formas na
comunidade. Por exemplo, na interação face a face ou telefônica, podemos ter
conversas, de certa forma, particulares. Também podemos estar certos de que a
mensagem enviada diretamente para o endereço eletrônico de alguém é algo
relativamente particular. Na verdade, porém, não há garantias de privacidade
quando nos comunicamos na sala de aula virtual. Vários autores notaram que as
pessoas que se comunicam por meio de quadros de aviso eletrônicos
frequentemente agem como se suas mensagens fossem privativas, ficando
chocadas e machucadas quando descobrem que não são. É algo semelhante a ter
uma conversa particular em um lugar público. Nunca sabemos se alguém ouve o
que dizemos.

Ética

A questão da ética abre uma área de discussão bastante controversa.


Pelo fato de a área da comunicação eletrônica ser muito recente, a ética que a
governa ainda está sendo debatida. Há muitos lugares, tanto na sala de aula
eletrônica quanto na internet, em que a noção da ética vem à baila. As pessoas
que já usaram o e-mail no trabalho provavelmente têm muitas histórias sobre o uso
ético e antiético do meio. Cada vez mais, vemos artigos sobre o assunto em
jornais, em revistas e na internet. Além disso, os diretores das universidades estão
sendo pressionados a enfrentar essas questões e a estabelecer padrões de
inaceitabilidade, e até mesmo de ilegalidade, no uso de e-mail
(McDonald,1997),Mary Sumner (1996,p.1) categoriza entre os novos problemas
éticos e sociais desse meio o mau dos recursos públicos de computação, o que
inclui a suspensão de estações de trabalho de livre acesso, espaço de disco,
impressoras de rede e outros recursos compartilhados; a invasão de privacidade,
tal como acessar, sem autorização e pela quebra da senha de acesso ou de
fraude, o correio eletrônico de outra pessoa; o uso impróprio de sistemas de
computação, incluindo assédio, uso comercial de informações relativas a instruções
de programação e distorção da comunicação feita pelo usuário.

As questões sexuais são outra preocupação inevitável na comunicação


eletrônica. Experiências comuns nessa área incluem fazer-se passar por pessoa de
outro sexo, fazer insinuações em mensagens de texto e assediar sexualmente.
Uma professora relatou-nos sua experiência com um seminário eletrônico
interrompido por um certo “Tom voyeur”. Os alunos que participavam do seminário
sentiram-se desrespeitados e ficaram indignados quando essa pessoa apresentou-
se ao grupo de maneira inadequada. Embora os sites dos cursos estejam
protegidos por uma senha, é possível que um intruso consiga acessá-lo. Apesar de
observadores poderem estar presentes ou de outras pessoas conseguirem acessar
o site, o grupo constrói uma ilusão de privacidade que permite a seus integrantes
continuar a comunicar-se abertamente entre si (Pratt, 1996).

Nenhuma sala de aula eletrônica é totalmente privativa. Em geral,


administradores do sistema têm acesso ao site para solucionar problemas técnicos
que porventura surjam. Como parte de um sistema de inspeção mútua ou do
programa de treinamento para novos professores on-line, muitas instituições
pedem que os professores trabalhem em conjunto, ás vezes cobrindo a ausência
de um colega. Outro fato que pode acontecer é que um aluno de fora ganhe acesso
ao curso atuando como hacker, como fez o aluno recém -mencionado. Assim,
tantos os mestres quanto os alunos devem pensar bem naquilo que comunicam
aos outros. O objetivo deve ser o de equilibrar o diálogo aberto com a cautela. Se o
professor sentir que as mensagens de um aluno são muito íntimas ou abertas, é
importante contatá-lo confidencialmente para que se discuta a questão. Além disso,
os professores devem imediatamente relatar qualquer rompimento da segurança
do sistema, a fim de que a integridade do curso seja mantida.

Privacidade

A privacidade é algo sobre o qual é virtualmente impossível estarmos


totalmente seguros na comunicação eletrônica. As mensagens criptografadas,
raramente utilizadas no meio acadêmico, são as maneiras mais seguras para se
garantir a privacidade. Todas as mensagens podem ser lidas mesmo quando não
se está fisicamente presente na sala. Já que há incerteza quanto ao fato de as
mensagens serem usadas pelos outros, a vulnerabilidade de participação nesse
meio tornar-se evidente. Embora isso não devesse impedir os professores e
estudantes de fazer uso desse meio para fins educacionais, questões bastantes
significativas surgem e devem ser enfrentadas quando uma comunidade virtual
está em formação. Os participantes devem avaliar bem o que escrevem. Certos
limites devem, assim, ser mais importantes do que na comunicação face a face.
Deve-se também aderir a esses limites e fortalece-los.

4- Texto Complementar

Reorganização dos currículos

Com todas as cautelas e problemas que este tema tem por trás, é
importante que as universidades reorganizem seus currículos e projetos
pedagógicos. As universidades, que têm mais autonomia, poderiam flexibilizar
os currículos até chegar a uma carga horária, na média, de cinquenta por
cento presencial e cinquenta por cento à distância. Na média, significa que
algumas disciplinas teriam menos atividades a distância e outras poderiam ter
mais. A implantação poderia ser progressiva, para fazer uma transição
progressiva do totalmente presencial para o real semipresencial.

A ideia não é aligeirar os cursos, nem pagar menos aos professores, mas
realizar um planejamento de atividades muito mais racional, atraente,
interessante e motivador para professores e alunos e para as instituições.
Estar em aula vale a pena, mas durante menos tempo e com mais
intensidade. Hoje aproveitamos efetivamente, em média, menos da metade
do tempo nela, pela percepção que um curso é muito longo e de que muitas
das informações que acontecem na sala de aula podem ser acessadas ou
recuperadas em outro momento.

Estar menos tempo em sala de aula permite que haja uma maior
rotatividade de alunos nos mesmos espaços, necessitando construir menos
prédios e otimizando melhor os já existentes. Com 25 por cento de um curso
feito de modo não presencial é possível organizar horários de aula de três
horas diárias por turma, o que permite organizar duas turmas diferentes por
período, duplicando o uso de cada sala. Isso, visto numa escala de muitas
turmas, poderia baratear o custo final da mensalidade do aluno sem perder
qualidade.

Novos modelos de cursos

Com a Internet podemos reorganizar o tempo de sala de aula, o tempo de


pesquisa juntos (laboratório) e o tempo de atividades à distância.

Com a evolução da comunicação audiovisual em tempo real, via

tele aula, videoconferência ou pela Internet banda larga, podemos pensar em


professores atendendo a várias turmas/salas ao mesmo tempo, interagindo com
elas ao vivo e organizando atividades à distância, com ajuda de assistentes.
Alguns dos modelos atuais de educação à distância poderiam ser introduzidos na
educação presencial. O que proponho é introduzir no presencial muitas das
soluções e tecnologias utilizadas na educação a distância ou na educação on-
line.

Concordo que é um desafio, que há inúmeros problemas nestas propostas,


que podem ser utilizadas para banalizar o ensino. Sei que algumas instituições
verão nestas propostas só enxugamento de custos, assim como muitos
professores só enxergarão a diminuição possível de aulas e de postos de
trabalho. Mas é também verdade que até agora só tentamos paliativos para
resolver os problemas de falta de motivação de alunos e professores no ensino
presencial. As tecnologias não são a solução mágica, mas permitem pensar em
alternativas que otimizem o melhor do presencial e o melhor do virtual.

Sei também que muitas instituições não estão prontas para atender a alunos
carentes e que precisam ser encontradas soluções de facilitação do acesso dos
alunos ao computador e à Internet. Não podemos permanecer imobilizados, no
entanto, porque educação de qualidade hoje se faz com soluções inovadoras
pedagógicas, gerenciais e tecnológicas.
Conclusão

Com as tecnologias cada vez mais rápidas e integradas, o

conceito de presença e distância se altera profundamente e as formas de ensinar


e aprender. Estamos caminhando para uma aproximação sem precedentes entre
os cursos presenciais (cada vez mais semi-presenciais) e os a distância. Os
presenciais terão disciplinas parcialmente a distância e outras totalmente a
distância. E os mesmos professores que estão no presencial-virtual começam a
atuar também na educação a distância. Teremos inúmeras possibilidades de
aprendizagem que combinarão o melhor do presencial (quando possível) com as
facilidades do virtual.

Em poucos anos dificilmente teremos um curso totalmente presencial.


Por isso caminhamos para muitas fórmulas de organização de processos de
ensino-aprendizagem. Vale a pena inovar, testar, experimentar, porque
avançaremos mais rapidamente e com segurança na busca destes novos
modelos que estejam de acordo com as mudanças rápidas que
experimentamos em todos os campos e com a necessidade de aprender
continuamente.

Todas as universidades e organizações educacionais, em todos os


níveis,precisam experimentar como integrar o presencial e o virtual,
garantindo a aprendizagem significativa. Precisamos vivenciar uma nova
pedagogia da comunicação e gestão do presencial e do virtual. É importante
que os núcleos de educação a distância das universidades saiam do seu
isolamento e se aproximem dos departamentos e grupos de professores
interessados em flexibilizar suas aulas, que facilitem o trânsito entre o
presencial e o virtual.

5- A educação à distância

A educação a distância é mais do que um software que permite a uma


instituição oferecer um curso on-line. Em qualquer situação, acadêmica,
organizacional ou corporativa, é importante lembrar que são as pessoas que
utilizam as máquinas, as quais fazem o curso prosseguir. O elemento humano,
portanto, tem o seu papel na sala de aula eletrônica.

Assim, qualquer pessoa, em qualquer lugar e em qualquer tempo, pode ter


acesso ao conhecimento.

Podemos conceituar que a educação a distância é uma modalidade de


aprendizagem em que a comunicação e a construção de conhecimentos podem
acontecer com a participação de pessoas em locais e tempos distintos.

Essa nova forma de ensino e aprendizagem, tem exigido cada vez mais de
instrumentos sofisticados desenvolvidos pela nova tecnologia, que busca
corresponder como uma ferramenta a mais de forma significativa para o bom
desempenho da relação aluno- professor no processo de aprendizagem.

Ação docente, tecnologia e ambiente virtual de videoconferência

A sociedade da informação ou do conhecimento é caracterizada por


processos constantes de mudanças os quais abrangem vários aspectos: politica,
cultura, relações sociais, ciência, entre outros. Essas mudanças foram
permeados pelo fator comunicacional e este teve a sua aceleração pelos
avanços tecnológicos. Não significa, contudo, que a comunicação por si só, gere
as transformações da sociedade, e tampouco a tecnologia, é da relação
estabelecida entre comunicação, sociedade e tecnologia que emergem novos
processos sociais, tecnológicos e comunicacionais

Tais transformações incidem também na cognição do ser humano, uma vez


que este desenvolveu a capacidade de aprender a partir de fontes difusas de
informação, não se restringindo a uma única e restrita fonte.

A escola, responsável pelo processo de ensino e aprendizagem, legitimada


pela sociedade é chamada a atender as demandas impostas por quem a
legitimou e a desenvolver em seus alunos habilidades e competências para
atuarem num mundo no qual o conhecimento é constantemente atualizado e
reelaborado, de acordo com os diversos contextos mutantes que se apresentam
ao aluno, e também reconhecer as novas dimensões de aprendizagem inerentes
ao mesmo.
Embora a comunicação seja natural ao ser humano, a escola não se
apercebeu do fato que os processos de ensino são permeados por processos
comunicacionais, independentes da modalidade de ensino. Hoje a comunicação
passa a assumir um outro status nos processos educacionais, já que os
dispositivos midiáticos se tornam necessários para que haja uma diversidade de
disponibilização e utilização da informação nos processos de ensino
aprendizagem.

Os avanços tecnológicos recentes (computador e internet) propiciaram um


salto qualitativo e quantitativo na comunicação. Quantitativo na medida em que
se pode armazenar e socializar um grande número de dados, e quantitativos na
medida em que as diferentes informações podem se articular gerando novos
conhecimentos.

A informação disseminada faz parte de uma rede de comunicação na qual o


papel de receptor e emissor se alterna, uma vez que, o emissor e o receptador
não mais pertencem a categorias estáticas. Hoje a velocidade na disseminação
da informação resultou em modificações profundas no entendimento do que
venha a ser o tempo e espaço. O espaço não possui mais como referencia a
distância geográfica, bem como o tempo não está subordinado ao fuso horário,
há, então, a redução da dificuldade de comunicação em razão do tempo e
espaço, resultando na ampliação do campo comunicacional.

A escola inserida nesta sociedade mutante permeada por diferentes meios


de comunicação passa por um conflito interno, pois ao mesmo tempo em que a
sociedade lhe atribui a função de sedimentar ás novas gerações os
conhecimentos acumulados pela humanidade, ela deve preparar o indivíduo para
uma sociedade em permanente estado de mutação onde o tempo e o espaço
adquirem nova dimensão. Neste sentido, a escola assume o duplo papel; o de
conservar o já existente e o de educar para a mudança.

Este conflito está mais propenso a ir à direção da transmissão das


informações uma vez que o status da escola residia em ser a detentora da
informação assumida por ela como o conhecimento da humanidade. Na medida
em que formamos o aluno para uma sociedade em constante mudança, isto
pressupõe trabalhar com informações atualizadas constantemente onde o
intervalo de tempo não é previsível e o papel do aluno é o de construir
conhecimento a partir de informações contextualizadas para que se transformem
em conhecimentos significativos.

A imprevisibilidade de tempo, espaço e conhecimento tornam, assim, a


escola insegura dificultando o novo papel para o qual ela é requisitada a assumir
pela sociedade no contexto atual. Por sua vez o professor responsável
historicamente pelo ensino se apoia quase que exclusivamente na estabilidade
da transmissão de conhecimentos sedimentados pela escola através da
oralidade, pois esta é tão natural ao processo educativo que o mesmo não possui
a consciência do processo comunicacional vivido nesta dinâmica.

A sociedade frente aos grandes desenvolvimentos tecnológicos que


acabaram resultando na potencialidade dos processos comunicacionais
legitimou, além da escola, outros segmentos responsáveis por disseminar e
difundir as informações. Vale ressaltar que quando nos referimos à comunicação
estamos considerando a existência de interações sejam elas conceituadas como
interações conversacionais (face face), as interações mediadas de tipo dialógico
e as interações deferida e/ou difusas.

Muito embora os alunos estejam imersos nesta sociedade, na qual o


acesso a diferentes meios de comunicação lhe propicia a transmissão de
informações em linguagens diversificadas, o ensino desenvolvido pela maioria de
nossos professores ainda é pautado exclusivamente pela oratória, a despeito dos
avanços da tecnologia e das novas formas de comunicação e linguagem, dando
pouco espaço para outros meios de comunicação, pois a integração das
tecnologias nos processos educacionais tem despertado, desde há muito, certa
rejeição.

As diferentes formas de comunicação foram sempre consideradas pela


educação como aspectos importantes, mas de segunda grandeza. A mobilidade
didática esteve voltada para as concepções de ensino, organização do trabalho
docente, metodologias e técnicas de ensino, enquanto a comunicação na
educação esteve relegada à exposição oral alternada com recursos didáticos
(retroprojetor, mapas, cartazes) com a finalidade de dinamizar a exposição oral,
porem de forma a garantir o conhecimento já estabelecido, onde o aluno assume
uma posição de consumidor do conhecimento.

Independentemente de como os educadores valora a comunicação uma


verdade se apresenta incontestável, “Não existe ensino sem a comunicação”,
porem é importante ressaltar que a comunicação por si só não garante o ensino
e tão pouco os processos educacionais.

A dificuldade que os professores apresentam em incorporar as tecnologias


no ensino nos remete a três questões básicas: a necessidade de o professor ter
consciência de que ele deixou de ser a única fonte de informação do aluno; de
que a apropriação de um novo recurso tecnológico requer o reconhecimento da
potencialidade técnica e comunicacional deste recurso, e de reconhecer em que
medida o mesmo se aplica à abordagem pedagógica utilizada.

5- Texto Complementar

O que é educação a distância (*)

José Manuel Moran


Especialista em projetos inovadores na educação presencial e a distância
jmmoran@usp.br

Educação a distância é o processo de ensino-aprendizagem, mediado por


tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou
temporalmente.

É ensino/aprendizagem onde professores e alunos não estão normalmente


juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias,
principalmente as telemáticas, como a Internet. Mas também podem ser utilizados
o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax e tecnologias
semelhantes.
Na expressão "ensino a distância" a ênfase é dada ao papel do professor
(como alguém que ensina a distância). Preferimos a palavra "educação" que é mais
abrangente, embora nenhuma das expressões seja perfeitamente adequada.

Hoje temos a educação presencial, semipresencial (parte presencial/parte


virtual ou a distância) e educação a distância (ou virtual). A presencial é a dos
cursos regulares, em qualquer nível, onde professores e alunos se encontram
sempre num local físico, chamado sala de aula. É o ensino convencional. A
semipresencial acontece em parte na sala de aula e outra parte a distância, através
de tecnologias. A educação a distância pode ter ou não momentos presenciais,
mas acontece fundamentalmente com professores e alunos separados fisicamente
no espaço e ou no tempo, mas podendo estar juntos através de tecnologias de
comunicação.
Outro conceito importante é o de educação contínua ou continuada, que se
dá no processo de formação constante, de aprender sempre, de aprender em
serviço, juntando teoria e prática, refletindo sobre a própria experiência, ampliando-
a com novas informações e relações.
A educação a distância pode ser feita nos mesmos níveis que o ensino
regular. No ensino fundamental, médio, superior e na pós-graduação. É mais
adequado para a educação de adultos, principalmente para aqueles que já têm
experiência consolidada de aprendizagem individual e de pesquisa, como acontece
no ensino de pós-graduação e também no de graduação.
Há modelos exclusivos de instituições de educação a distância, que só
oferecem programas nessa modalidade, como a Open University da Inglaterra ou a
Universidade Nacional a Distância da Espanha. A maior parte das instituições que
oferecem cursos a distância também o fazem no ensino presencial. Esse é o
modelo atual predominante no Brasil.
As tecnologias interativas, sobretudo, vêm evidenciando, na educação a
distância, o que deveria ser o cerne de qualquer processo de educação: a
interação e a interlocução entre todos os que estão envolvidos nesse processo.
Na medida em que avançam as tecnologias de comunicação virtual (que
conectam pessoas que estão distantes fisicamente como a Internet,
telecomunicações, videoconferência, redes de alta velocidade) o conceito de
presencialidade também se altera. Poderemos ter professores externos
compartilhando determinadas aulas, um professor de fora "entrando" com sua
imagem e voz, na aula de outro professor... Haverá, assim, um intercâmbio maior
de saberes, possibilitando que cada professor colabore, com seus conhecimentos
específicos, no processo de construção do conhecimento, muitas vezes a distância.

O conceito de curso, de aula também muda. Hoje, ainda entendemos por aula
um espaço e um tempo determinados. Mas, esse tempo e esse espaço, cada vez
mais, serão flexíveis. O professor continuará "dando aula", e enriquecerá esse
processo com as possibilidades que as tecnologias interativas proporcionam: para
receber e responder mensagens dos alunos, criar listas de discussão e alimentar
continuamente os debates e pesquisas com textos, páginas da Internet, até mesmo
fora do horário específico da aula. Há uma possibilidade cada vez mais acentuada
de estarmos todos presentes em muitos tempos e espaços diferentes. Assim, tanto
professores quanto alunos estarão motivados, entendendo "aula" como pesquisa e
intercâmbio. Nesse processo, o papel do professor vem sendo redimensionado e
cada vez mais ele se torna um supervisor, um animador, um incentivador dos
alunos na instigante aventura do conhecimento.

As crianças, pela especificidade de suas necessidades de desenvolvimento


e socialização, não podem prescindir do contato físico, da interação. Mas nos
cursos médios e superiores, o virtual, provavelmente, superará o presencial.
Haverá, então, uma grande reorganização das escolas. Edifícios menores. Menos
salas de aula e mais salas ambientes, salas de pesquisa, de encontro,
interconectadas. A casa e o escritório serão, também, lugares importantes de
aprendizagem.

Poderemos também oferecer cursos predominantemente presenciais e


outros predominantemente virtuais. Isso dependerá da área de conhecimento, das
necessidades concretas do currículo ou para aproveitar melhor especialistas de
outras instituições, que seria difícil contratar.
Estamos numa fase de transição na educação a distância. Muitas
organizações estão se limitando a transpor para as virtuais adaptações do ensino
presencial (aula multiplicada ou disponibilizada). Há um predomínio de interação
virtual fria (formulários, rotinas, provas, e-mail) e alguma interação on-line (pessoas
conectadas ao mesmo tempo, em lugares diferentes). Apesar disso, já é
perceptível que começamos a passar dos modelos predominantemente individuais
para os grupais na educação a distância. Das mídias unidirecionais, como o jornal,
a televisão e o rádio, caminhamos para mídias mais interativas e mesmo os meios
de comunicação tradicionais buscam novas formas de interação. Da comunicação
off-line estamos evoluindo para um mix de comunicação off e on-line (em tempo
real).

Educação a distância não é um "fast-food" em que o aluno se serve de algo


pronto. É uma prática que permite um equilíbrio entre as necessidades e
habilidades individuais e as do grupo - de forma presencial e virtual. Nessa
perspectiva, é possível avançar rapidamente, trocar experiências, esclarecer
dúvidas e inferir resultados. De agora em diante, as práticas educativas, cada vez
mais, vão combinar cursos, presenciais com virtuais, uma parte dos cursos
presenciais será feita virtualmente, uma parte dos cursos a distância será feita de
forma presencial ou virtual-presencial, ou seja, vendo-nos e ouvindo-nos,
intercalando períodos de pesquisa individual com outros de pesquisa e
comunicação conjunta. Alguns cursos poderemos fazê-los sozinhos, com a
orientação virtual de um tutor, e em outros será importante compartilhar vivências,
experiências, ideias.

A Internet está caminhando para ser audiovisual, para transmissão em


tempo real de som e imagem (tecnologias streaming, que permitem ver o professor
numa tela, acompanhar o resumo do que fala e fazer perguntas ou comentários).
Cada vez será mais fácil fazer integrações mais profundas entre TV e WEB (a parte
da Internet que nos permite navegar, fazer pesquisas...). Enquanto assiste a
determinado programa, o telespectador começa a poder acessar simultaneamente
às informações que achar interessantes sobre o programa, acessando o site da
programadora na Internet ou outros bancos de dados.
As possibilidades educacionais que se abrem são fantásticas. Com o
alargamento da banda de transmissão, como acontece na TV a cabo, torna-se
mais fácil poder ver-nos e ouvir-nos a distância. Muitos cursos poderão ser
realizados a distância com som e imagem, principalmente cursos de atualização,
de extensão. As possibilidades de interação serão diretamente proporcionais ao
número de pessoas envolvidas.

Teremos aulas a distância com possibilidade de interação on-line (ao vivo) e


aulas presenciais com interação a distância.
Algumas organizações e cursos oferecerão tecnologias avançadas dentro de
uma visão conservadora (só visando o lucro, multiplicando o número de alunos
com poucos professores). Outras oferecerão cursos de qualidade, integrando
tecnologias e propostas pedagógicas inovadoras, com foco na aprendizagem e
com um mix de uso de tecnologias: ora com momentos presenciais; ora de ensino
on-line (pessoas conectadas ao mesmo tempo, em lugares diferentes); adaptação
ao ritmo pessoal; interação grupal; diferentes formas de avaliação, que poderá
também ser mais personalizada e a partir de níveis diferenciados de visão
pedagógica.
O processo de mudança na educação a distância não é uniforme nem fácil.
Iremos mudando aos poucos, em todos os níveis e modalidades educacionais. Há
uma grande desigualdade econômica, de acesso, de maturidade, de motivação das
pessoas. Alguns estão preparados para a mudança, outros muitos não. É difícil
mudar padrões adquiridos (gerenciais, atitudinais) das organizações, governos, dos
profissionais e da sociedade. E a maioria não tem acesso a esses recursos
tecnológicos, que podem democratizar o acesso à informação. Por isso, é da maior
relevância possibilitar a todos o acesso às tecnologias, à informação significativa e
à mediação de professores efetivamente preparados para a sua utilização
inovadora.
Referência Bibliográfica

BARBERÁ, E. Educar com aulas virtuais. Capitulo 2- Del estudiante presencial al


estudiante virtual; Capitulo 3- Del aula presencial al aula virtual..(traduzido em
português- griffo Eicardi).Barcelona: Machado, 2004.

PALOFF, Rena M. Construindo comunidades de aprendizagem no ciberespaço.


Porto Alegre; Artemed, 2002. Capitulo 3- O que sabemos sobre a aprendizagem
eletrônica.

PEÑA, Maria de Los Dolores Jimenez; Alicia Sanchez ; MEISTER, Izabel Patrícia ;
ANDRADE, Léia Cláudia da Silva . Ambientes virtuais, diálogos reflexivos: uma
experiência de trabalho colaborativo na Wiki.

Capítulo 2- O aprender e ensinar na era digital: uma experiência significativa. In:


XVIII SBIE – simpósio Brasileiro de Informática na Educação, 2007, São Paulo.
Anais do XVIII simpósio Brasileiro de Informática na Educação SBIE. Porto Alegre :
Editora SBC – Sociedade Brasileira de Informática, 2007 ISBN 857669157-4

PEÑA, Maria de Los Dolores Jimenez; ALLEGRETTi, Sonia. Escola Hibrida:


Aprendizes imersos. Revista contemporaneidade de educação e tecnologia. São
Paulo, 2012.

Textos complementares: Internet

Educação na era digital: Este artigo é uma adaptação do capítulo 2 do livro Homo
zappiens: educando na era digital, de Wim Veen e Bem Wrakking (Artmed, 2009).

http://www.grupoa.com.br/revista-patio/artigo/5824/educacao-na-era-digital.aspx
As TICs na prática pedagógica

Ref: Cortelazzo; Iolanda

Por Amélia Hamze


Educadora
Profª UNIFEB/CETEC e FISO - Barreto

http://educador.brasilescola.com/trabalho-docente/as-tics-na-pratica-pedagogica.htm

A gestão de diferentes espaços nos cursos presenciais


José Manuel Moran

http://www.eca.usp.br/moran/propostas.htm

Especialista em mudanças na educação presencial e a distância

Texto apresentado no 11º Congresso Internacional de Educação a Distância. 8/09


em Salvador, BA.

Programação em www.abed.org.br/congresso2004/por/gradetc.htm#08

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