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RELAÇÃO INTERATIVA EM SALA DE AULA

Relação Interativa em Sala de Aula

A Interatividade na sala de aula

A interatividade na sala de aula nos faz pensar em mídias e tecnologias digitais para motivar os
alunos tornar a sala de aula um espaço interessante, interativo, que possibilite uma prática
pedagógica empolgante.

Esta interatividade é muito importante, principalmente na educação de adultos, por se tratar de alunos
que – dentre outras coisas, possuem ocupações para além da sala de aula. São alunos que possuem
família, trabalho, filhos, etc. Estes alunos adultos necessitam de uma motivação extra para a
Educação.

A educação de adultos, embora não se dê somente para adultos, e também para jovens, caminha
paralela à motivação proporcionada pela interatividade na sala de aula que são possibilitadas por
recursos didáticos pedagógicos que permitem uma comunicação escolar atrativa.

O atual modelo de escola que conhecemos em que consiste em um professor com uma lousa, e os
alunos dispostos a ele, em cadeiras enfileiradas, em que o professor fala e o aluno escuta, com
avaliação realizada por meio de provas (semestral, mensal, trimestral, etc.) é muito antigo.

O professor como o detentor do saber na sala de aula e os alunos submissos a ele, e o ensino
organizado em séries, currículo e avaliação foram registradas por Jan Amos Komenský(1592-1670)
ou simplesmente Comeniusno livro Didactica Magnapublicado em 1632.

Comenius também pensou uma teoria de aquisição e construção do conhecimento, esta se daria por
meio da experiência, da observação e da ação, com base no diálogo.

Nesse modelo de escola, prevalece o FALAR e o DITAR do professor para os alunos, sejam eles
crianças, adultos ou jovens. O educador é o detentor do saber, e os alunos são ouvintes, passivos e
estáticos.

Alguns teóricos assumem que pouco se faz para mudar essa prática pedagógica, que tem como base
o falar do professor e a ação estática dos alunos.

Para romper com este modelo, surgem novas tendências pedagógicas no Brasil, no início do século
XIX. O movimento dos docentes brasileiros no início da década de 1930 trouxe uma proposta
educacional, que consistiu principalmente no enriquecimento e discussão dos métodos de ensino e
aprendizagem.

O movimento da Escola Nova, e o conteúdo do “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”, trouxe
reivindicações ao Estado Brasileiro, do direito de cada indivíduo a educação integral, comum e igual a
todos, como uma necessidade social e econômica do país.

Traz ainda, a reivindicação de mudanças estruturais, totais e profundas no sistema de ensino, de


acordo com as necessidades da época, adquiridas com o desenvolvimento social e econômico da
sociedade.

Na década de 80, no país, surgem os primeiros acordes da sala de aula interativa por meio de mídias
de áudio e vídeo, a exemplo do projeto que trouxe para a sala de aula a televisão que se chamou de:
TV ESCOLA DIGITAL INTERATIVA.

A interatividade surge como uma nova modalidade de comunicação. A interatividade é, pois, “uma
nova modalidade comunicacional em emergência num contexto complexo de múltiplas interferências”.
(SILVA, 2010).

Nesse sentido, a sala de aula interativa rompe com este modelo de ensino, que pode ser de duas
formas.

• Primeiro: por meio de mídias e tecnologias digitais – a exemplo de uso de televisores,


computadores, áudio e vídeo, ou lousa digital, etc.

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• Segundo: de maneira convencional por meio da prática pedagógica do professor, de sua postura
enquanto educador compromissado com a motivação da sala de aula, e que consegue repensar a
organização e comunicação dentro deste espaço educativo.

Dessas duas formas, acontece a interatividade.

Diante do exposto, adverte-se que a interatividade na sala de aula se desenvolve a partir de uma
conjunção complexa, ou seja, a partir de processos interativos complexos, presentes na comunicação
e ação dos alunos e professores.

No contexto da sala de aula interativa, seja presencial, ou a distância, composta por jovens ou
adultos, o professor deve funcionar na perspectiva de um provocador de inquietações (de perguntas e
questionamentos), valorizar o diálogo, a participação dos alunos, a troca de experiências, assim como
fazer uso das novas tecnologias aplicadas a educação, do tipo de mídias digitais de áudio e vídeo.

Dessa forma, a interatividade está para a complexidade e ambas estão juntas em um mesmo
processo de comunicação presente na sala de aula.

Sala de Aula Interativa aponta novo desafio para ensino

O grande desafio dos professores, na era da informação digital, é mudar de atitude. Atualmente,
extrapolar os limites da sala de aula e considerá-la como ponto de partida na busca do conhecimento
requer mudança de enfoque educacional, de papel representado pelo professor e das expectativas
dos alunos. "É preciso investir em interatividade na relação professor, alunos e conteúdos
curriculares. Seja na sala de aula presencial, seja no ensino à distância".

A conclusão é do Prof. Dr. Marco Silva sociólogo, mestre e doutor em educação. Professor da UERJ
e da USU, ele desenvolve pesquisas sobre a interatividade aplicada ao ensino. Na entrevista a
seguir, discutimos a chegada das tecnologias digitais na sala de aula, como canal importante para o
aperfeiçoamento da comunicação entre professores a alunos.

Em seu livro Sala de Aula Interativa, lançado recentemente pela Quartet Editora (232 págs., R$
27,00), ele expõe porque não acredita que a interatividade dependa apenas de computadores e da
internet, mas, principalmente, da maneira como se encara a aprendizagem, o conhecimento, o modo
de atuação do professor e o novo espectador (o aluno), que já é parte de uma geração digital.

Como se dá a aprendizagem na era da comunicação via internet?

Marco Silva - Era da comunicação via internet, era digital ou era da informação são expressões que
exprimem uma mudança radical no mundo das comunicações. Exprimem um novo cenário, diferente
daquele definido pelo modelo unidirecional da mídia de massa (rádio, cinema, imprensa e tv) que
marcou o século 20. Cito pelos menos cinco características do cenário comunicacional da era
internet:

1 - Novas tecnologias informáticas conversacionais, onde a tela do computador não é espaço de


irradiação, mas de adentramento e manipulação, com janelas móveis e abertas a múltiplas conexões
em rede;

2 - Os internautas e não somente as empresas especializadas têm a posse dos meios de produção e
disponibilização da informação e do entretenimento (sites que oferecem notícias, músicas e filmes);

3 - A mensagem não é mais emitida, não é mais um mundo fechado, paralisado, imutável, intocável,
sagrado; ela é aberta, modificável, na medida em que responde às solicitações daquele que a
consulta;

4 - Estratégias dialógicas de oferta e consumo envolvendo cliente-produto-produtor;

5 - O novo espectador, menos passivo perante a mensagem mais aberta à sua intervenção, que
aprendeu com o controle remoto da TV, com o joystic do videogame e agora aprende como o mouse.
Portanto podemos dizer que há uma transição da era da transmissão em massa para a era da
interatividade, exigindo novas estratégias de organização e funcionamento da mídia clássica e

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redimensionamento do papel de todos os agentes, envolvidos com os processos de informação e


comunicação.

Há inclusive a exigência de modificação da base comunicacional, que faz da sala de aula tão
unidirecional quanto a mídia de massa. Ou seja: é preciso investir em interatividade na relação
professor, alunos e conteúdos curriculares. Seja na sala de aula presencial, seja no ensino à
distância.

Que características a sala de aula interativa deve ter e/ou preservar?

Marco Silva - A escola não se encontra em sintonia com a modalidade comunicacional emergente.
Como se sabe, há cinco mil anos ela se baseia no falar-ditar do mestre. A sala de aula,
tradicionalmente fundada na transmissão de A para B ou de A sobre B, permanece alheia ao
movimento das novas tecnologias comunicacionais e ao perfil do novo espectador.

Para enfrentar o desafio de mudar essa tradição, o professor encontra no tratamento complexo da
interatividade os fundamentos da comunicação, que potencializam um novo ambiente de ensino e
aprendizagem. Tais fundamentos mostram que comunicar em sala de aula significa
engendrar/disponibilizar a participação/exploração livre e plural dos alunos, de modo que a
apropriação das informações, a utilização das tecnologias comunicacionais (novas e velhas) e a
construção do conhecimento se efetuem como co-criação e não simplesmente como transmissão.

Nem sempre as escolas dispõem de computadores em sala de aula. O que o Sr. recomenda nesse
caso?

Marco Silva - Investir em aprendizagem interativa não significa de imediato equipar a sala de aula
com computadores ligados à internet. Antes ou concomitantemente, é preciso modificar o modelo
cristalizado da transmissão.

Nas feiras de educação e informática circula freneticamente uma multidão de gestores de escolas e
de sistemas de ensino, à procura de soluções para a aprendizagem na era digital. Muitos investem
em equipamentos de realidade virtual, em carteiras informatizadas conectadas ao computador do
professor e à rede.

Porém o essencial não é a tecnologia, mas um novo estilo de pedagogia baseado na participação,
cooperação e multiplicidade de conexões entre os atores envolvidos no processo de construção do
conhecimento e da própria comunicação. As tecnologias digitais, quando bem utilizadas,
potencializam essa nova comunicação. Caso contrário banalizam a interatividade, reduzem-na a
argumento de venda, o dourado da pílula.

O jovem de hoje convive com "a estética da saturação". Essa pressão para 'informar-se no menor
tempo possível' não afasta o estudante de outros processos mentais necessários ao desenvolvimento
cognitivo, como a reflexão, a comparação, a crítica? O saber não se torna superficial e pouco
fundamentado?

Marco Silva - É evidente que alta velocidade e excesso dos sons e imagens têm a ver com
empobrecimento da reflexão e da crítica. No entanto, não podemos impedir a estética da saturação. A
própria internet é isso. Antes, essa estética estava principalmente na tela da TV, num clipe por
exemplo.

O novo espectador ou a geração net, aqueles que migram da tela da TV para a tela do computador,
vem passando por uma mutação perceptiva. Sua cognição vem sendo marombada pelo excesso
audiovisual, pelo caos na recepção e no consumo. Isso pode gerar apenas destreza perceptiva,
intuitiva e não o pensamento crítico, aquele que vai à raíz das coisas e dialoga com a diversidade de
pontos de vista.

A escola falhou por não incorporar a TV como estratégia de educação do olhar, da percepção. Agora,
falta-lhe know-how para lidar com a (permita-me a palavra) "caoticidade" digital própria do hipertexto,
aquela que permite adentrar janelas que dão para outras janelas em rede saturadas de textos,
imagens, movimento e sons. Falta-lhe o jogo de cintura necessário para lidar com a destreza

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perceptiva das novas gerações, com sua leitura de tipo cinestésico, e assim desenvolver a reflexão, a
crítica e o saber fundamentado na "caoticidade" do nosso tempo.

O Sr. acredita que o professor brasileiro já esteja preparado para desempenhar papel tão interativo
na sala de aula?

Marco Silva - É preciso investir na sua formação permente de qualidade, e aqui deverá estar a sua
preparação para romper com a tradição do falar-ditar do mestre, que transmite o conhecimento e
separa emissão e recepção. É preciso também injeção de ânimo com reconhecimento social e
melhores salários. Juntamente com tudo isso, a liberdade e infra-estrutura para criar a partir dos
Parâmetros Curriculares do MEC e a cooperação entre os professores, pais e alunos de cada escola
e de redes de escolas no enfrentamento dos desafios comuns.

Os jovens gostam de pesquisar, mas lhes falta treino para isso e também para sintetizar o
conhecimento obtido. Isso não nos leva a um enfoque único do professor, no fechamento da
pesquisa?

Marco Silva - Aprender a navegar pela multiplicidade de dados e daí sintetizar o conhecimento é
tarefa para toda vida. A escola é certamente o lugar privilegiado para a sistematização desse
aprendizado. Mas, por estar vinculada ao modelo da transmissão, prevalece o enfoque único do
professor no fechamento da pesquisa. O professor que busca interatividade com seus alunos propõe
o conhecimento, não o transmite apenas. Em sala de aula ele é mais que instrutor, treinador,
parceiro, conselheiro, guia, facilitador, colaborador.

Ele é formulador de problemas, provocador de situações, arquiteto de percursos, mobilizador das


inteligências múltiplas e coletivas na experiência do conhecimento. Ele disponibiliza domínios do
conhecimento, para que os alunos possam construir seus mapas e conduzir suas explorações,
individualmente e em cooperação, na sala de aula presencial ou à distância. Ele disponibiliza estados
potenciais do conhecimento de modo que o aluno experimenta a criação do conhecimento quando
participa, interfere, modifica.

Por sua vez, o aluno deixa o lugar da recepção passiva de onde ouve, olha, copia e presta contas,
para se envolver com a proposição do professor. E assim aprende a pesquisar e a sintetizar o
conhecimento obtido.

O Sr. acredita que haja tempo hábil para se criar e desenvolver um clima de interação em cada aula,
face ao conteúdo programático extenso, exigido pela escola?

Marco Silva - O que temos é esse modelo escolar fragmentado em disciplinas estanques com pouco
tempo hábil para se dar conta do conteúdo programático extenso. Cada classe assiste aos vários
professores que entram, dão seu recado e saem. A transmissão, o falar-ditar é o modo de
comunicação que se presta a esse modelo de ensino.

Um outro modelo escolar que privilegie a transdisciplinaridade, isto é, o intercâmbio entre as diversas
áreas de conhecimento como literatura, química, matemática, história, geografia, artes, educação
física, etc., poderá interromper com a fragmentação dos saberes ampliar o envolvimento de cada
estudante com a construção do conhecimento.

Qual foi a sua motivação para escrever o livro Sala de Aula Interativa?

Marco Silva - Pelo menos duas motivações. Acredito que educar significa preparar para a
participação cidadã e que esta pode ser exercitada na sala de aula interativa informatizada ou não. E
a esquizofrenia entre o modelo de comunicação da era digital e o modelo hegemônico nos sistemas
educativo e midiático.

O Sr. pensa em escrever outra obra dirigida aos professores do ensino fundamental e da pré-escola,
que aborde a interação das crianças com o computador?

Marco Silva - Neste momento não estou interessado no enfoque particular desse perfil de alunos.
Quanto à interação dos estudantes e professores com o computador que pontencializa a

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aprendizagem, abordo isso no livro Sala de Aula Interativa.

Procuro quebrar preconceitos em relação ao computador mostrando ao professor como aprender


com o digital, com o hipertexto. Mostro que a interatividade não é uma invenção da informática, mas
que vem da obra de arte aberta à intervenção do fruidor nos anos 60 e hoje está presente no
movimento das tecnologias digitais.

Convido o professor a modificar sua postura comunicacional de contador de histórias, inspirando-se


no designer de software interativo, que propõe uma teia no lugar de uma rota.

O Sr. está trabalhando atualmente em outro projeto que deseje comentar?

Marco Silva - Venho trabalhando com a Licenciatura da Faculdade de Educação da UERJ, na


perspectiva da sala de aula interativa. Estamos criando experiências interativas na disciplina
sociologia da educação. O projeto é fazer o registro dessas experiências com a ajuda dos próprios
alunos, visando divulgá-las para a comunidade acadêmica da UERJ e para outros interessados.

Diante das grandes transformações e dos conflitos que permeiam a nossa sociedade hoje, e que
exige a escola, mais especificamente, a sala de aula, precisamos levar até a mesma o confronto
através do diálogo e da troca de argumentos, instrumentos indispensáveis à educação desse novo
milênio. Nesse sentido, cabe resgatar no contexto da prática pedagógica o valor da relação dialógica
entre professor-aluno que é fundamental para a produção do conhecimento em termos qualitativos e
para a descoberta do outro.

Sabemos que a sala de aula é um espaço de interação entre pessoas - professor e alunos,
alunos entre si - cada qual com sua forma própria de percepção e de conhecimento da realidade.
Nessa relação pedagógica, compete ao professor o papel de mediados entre o conhecimento escolar
e o aluno, considerado como alguém que já possui determinadas noções e informações sobre o
objeto a ser estudado.

Ziane Cielo Marhl em seu artigo "A comunicação interativa em sala de aula" conclui que:

"A aula é um momento de diálogo no qual o aluno dispõe-se a participar, a vencer os seus medos,
discordar dos pontos de vista do professor, é um tempo destinado a correlação de fatos dando-lhes
ordem e forma lógica, atribuindo-lhes significado. Isto só é possível através de uma metodologia
dialógica que se caracterizará no confronto das idéias entre professor e aluno num contexto sócio-
político-educacional."

Vale ressaltar a importância de se discutir três questionamentos propostos pela Marhl acerca do
processo interativo em sala de aula:

1º) Até que ponto o professor, valendo-se de uma comunicação unilateral, vai contribuir para o
crescimento intelectual, social e político do aluno.

2º) Que papel a comunicação interativa está desempenhando frente aos problemas educacionais
enfrentados pelo professor e pelos alunos no momento atual?

3º) que valor a comunicação interativa possui para a caminhada do professor e do aluno em relação à
produção do conhecimento?

Paulo Freire nos chama a atenção para uma pedagogia da comunicação que seja capaz de vencer o
"desamor acrítico do antidiálogo." Segundo ele:

"O diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o encontro em que se solidariza o refletir e o agir
de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado, não pode reduzir-se a um
ato de depositar idéias de um sujeito no outro, nem tampouco tornar-se simples troca de idéias a
serem consumidas pelos permutantes." ( Freire, 1581:93)

Portanto, precisamos vencer a visão tradicional em que o aluno não sabe e o professor é o dono da
verdade, passando a tratar os alunos como sujeitos e agentes de mudança. É através da relação
dialógica que faremos cidadãos críticos e autônomos, capazes de agir e interagir, construindo uma
sociedade mais justa e humana.

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O Papel do Aluno e tutor Na Educação a Distância

A educação a distância é uma modalidade que se difere do ensino presencial, tem características
próprias, na qual deve ser analisado a mediação e interação existente através do uso das tecnologias
da comunicação e informação no processo de ensino e aprendizagem, considerando as táticas,
estratégicas, prática docente e as mais variadas instâncias dessa cultura. Assim, é fundamental
conhecer o contexto da Educação a Distância, para que através dessa pesquisa, possamos entender
o papel do tutor e aluno nesse processo de ensino e aprendizagem, tendo como objetivo analisar o
contexto da EaD, identificar suas características e reconhecer as funções dos envolvidos neste
cenário, sendo que esta pesquisa científica será de caráter qualitativo baseado em referências
bibliográficas.

Sabemos que a EaD não é uma nova modalidade de ensino, no Brasil muitos autores consideram
seu início a partir do ensino por correspondência, passando pelo rádio e TV, até chegar aos
computadores e Internet. Para Faria (2013, p. 37), a evolução da EAD é caracterizada por cinco
gerações:

“[...]a primeira foi marcada pela comunicação textual, por meio das correspondência; a segunda
geração foi do ensino por rádio e televisão; a terceira caracteriza-se principalmente pela invenção das
universidades abertas; a quarta geração foi marcado pela interação a distância em tempo real, em
cursos de áudio e videoconferências; a mais recente, a quinta geração, é a que envolve o ensino e o
aprendizado on-line, em classes e universidades virtuais, baseadas em tecnologia da Internet”.

No Brasil, consideramos a Ead a partir dessas gerações, mas no mundo a EaD já apresentava
registros desde o século passado, mostrando sua aplicação aos países desenvolvidos. Segundo
Peters (2009) citador por Faria, as primeiras experiências da EaD faz menção ás epístolas de São
Paulo (10-70 d.C), descritas com a finalidade de ensinar as comunidades cristãs da Ásia Menor como
cristão em um ambiente desfavorável, a abordagem teve como base a tecnologia da época, a
carta/correspondência. Martins (2005) citado por Faria, também afirma que desde a Antiguidade
pode-se constatar iniciativas de intercambiar informações entre pessoas ou cidades distantes
geograficamente.

O uso da comunicação por correspondência estava presente tanto na Grécia como em Roma. No
entanto, é no século XIX, na Europa que a EaD caracterizou o ensino por correspondência, como a
primeira geração da EaD no mundo. Porém, destacaremos aqui, que foi com a chegada dos
computadores e internet que ela ganhou tamanho alcance e destaque, oportunizando o aumento da
comunicação humana com o aporte do computador e dos ambiente on-line. Segundo Ribeiro (2014,
p. 06)

“com o surgimento da rede mundial de computadores, a educação a distância teve um grande


impulso, multiplicando-se os projetos nos diversos segmentos educacionais, relacionados à utilização
da Internet em atividades de ensino e aprendizagem presenciais e a distância”.

A Ead vai muito além do uso da tecnologia numa sala de aula, a visão que temos é muito mais ampla,
passando pelos multimeios interativos, onde o objetivo principal é a formação do indivíduo através da
apreensão dos conhecimentos, realizado com ensino de qualidade. Segundo NISKIER (1999, p. 64),
“a informação via tecnologia, base do ensino virtual e à distância, não dá continuidade ao trabalho de
acumulação de dados e de conservação, mas representa um conjunto de saber utilizável a qualquer
momento e em qualquer lugar”.

Essa disponibilidade de materiais e conteúdos, integra os recursos educativos, buscando educar para
a inteligência e não para a repetição, além de desenvolver habilidades de independência e iniciativa,
conquistando seu espaço e tempo, a partir da valorização da experiência individual. Segundo
NISKIER (1999, p. 61), “aquilo que nós pretendemos em manuais de filosofia da educação sobre a
neutralidade da escola tende a desaparecer, porque a educação é um ato politicamente
comprometido para criar o homem do futuro e assegurar o futuro do homem”.

E esse futuro é possível com o apoio da tecnologia, sendo essa responsável pela inserção de novas
práticas de ensino, buscando utilizar das novas possibilidades que a Internet e as mídias digitais
trouxeram a educação, visando o desenvolvimento do indivíduo, de forma integrada, colaborativa e
contínua, valendo-se da viabilidade de acesso por parte dos usuários, caminhando para uma
igualdade de oportunidades.

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Essa modalidade contribuiu para atender ao acúmulo de necessidades educacionais, como a questão
da alfabetização para a população que se encontrava isolada dos grandes centros urbanos e
viabilizou o acesso ao processo de ensino e aprendizagem da população desfavorecida, apesar da
distância geográfica. Segundo RIBEIRO (2014, p. 8) “a EaD pode ser vista como uma possibilidade
de oportunizar aprendizado às pessoas de todas as idades, estilos de vida, habilidades e situação
financeira, sendo, portanto, bastante democrática”.

A EaD assim como o ensino presencial apresenta vantagens e dificuldades, além dos muitos desafios
que deverão enfrentar em sua trajetória, o que não se pode desconsiderar é o atual contexto dessa
esfera educacional, pois muitos méritos já foram conquistados e acredito que muitos outros serão
realizados, passando pela legislação, reconhecimento, qualidade, recursos, planejamento, formação
e qualificação profissional, deixar de valer-se de tudo isso é um retrocesso. Assim, se torna
importante, conhecer um pouco do caminho percorrido da EaD no Brasil, em busca de seu
reconhecimento e legitimação por parte dos órgãos competentes. Segundo Lobo (1988) citado por
NISKIER (1999), o desafio mais importante, no caso da educação à distância, é o da participação
competente e politicamente comprometida. É um dever de cidadania influenciar o Poder Público para
que não feche as aberturas, nem asfixie as iniciativas.

Com base nisso, destacamos o registro de alguns documentos como leis, portarias e, o plano
nacional que legitimam a EaD no Brasil, destacando que existem muitos outros documentos, mas que
aqui não será aprofundado, mas apresentará uma base inicial da EaD na lei brasileira. Segundo
NISKIER, a primeira manifestação oficial de apreço a educação a distância, nasceu no artigo 80 da
Lei 9.394/96, onde consta que “O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de
programas de ensino à distância, em todos os níveis e em todas as modalidades de ensino e de
educação continuada” (1999, p. 77)

Já o Decreto nº 2.494 de 10 de fevereiro de 1998, citado por Niskier (1999), “no art. 1º decretou:
Educação à distância é uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação
de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de
informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de
comunicação”. (p. 77)

Sendo que na Portaria n º 301, de 07 de abril de 1998, citada por Niskier (1999) “o Ministério da
Educação e do Desporto no uso de atribuições e considerando o disposto na Lei 9.394/1996 e o
Decreto 2.494/1998, resolve:

Art. 1º - A instituição de ensino interessada em credenciar-se para oferecer cursos de graduação e


educação profissional em nível tecnológico à distância deverá solicitação ao Ministério da Educação e
do Desporto, a ser protocolada no Protocolo Geral do MEC ou na DEMEC da unidade da federação
respectiva.

§1º - A instituição de ensino interessada em credenciar-se para oferecer cursos de educação


fundamental dirigidos à educação de jovens e adultos, ensino médio e a educação profissional em
nível técnico deverá apresentar solicitação às autoridades dos respectivos sistemas.” (p.77)

A partir daí começamos a visualizar um incentivo a educação à distância, claro que existem muitos
outros documentos, porém o que se percebe é que estes precisam de revisão e atualização, pois
existe uma certa confusão quanto ao termo “educação à distância” ou “ensino à distância”, sendo que
os significados são bastante distintos.

Com o reconhecimento e legalidade da EaD, precisamos compreender o significado dessa estratégia


educativa, seu real conceito, que conforme PINTO, “estamos convencidos de que as novas
demandas sociais não poderão ser atendidas apenas através da educação presencial, e que a EaD é
uma das formas de democratização do conhecimento porque oportuniza a superação dos
descompassos das reais necessidades da sociedade brasileira, na superação do seu
subdesenvolvimento” (1997, p. 63).

E hoje, precisamos estar em constante renovação, aprendizagem contínua, em razão do volume do


saber, e a EaD nos possibilita essa formação e inserção na sociedade, sociedade essa movida pela
velocidade da informação e conhecimento, desenvolvida de forma dinâmica e atrativa.

CONCEITO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

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Traduzir o conceito de EaD não é tarefa fácil, pois existem muitas nomenclaturas sobre o assunto,
mas sabemos que falar do conceito de EaD é também abordar suas características, pois ela só
acontece considerando os recursos e processos que o permeiam, bem como o papel docente e do
aluno nesse contexto, mas podemos considerar a EaD como uma modalidade de ensino e
aprendizagem favorecida pelo uso da tecnologia, permitindo a distância geográfica entre professor e
aluno, mas não a distância efetiva. Para Moran (2009) citado por ALVES,

“na modalidade a distância, professores e alunos estão separados fisicamente no espaço e/ou no
tempo. Esta modalidade de educação é efetivada através do intenso uso de tecnologias de
informação e comunicação, podendo ou não apresentar momentos presenciais (2011, p. 84)

▪ [...] não considera, porém, a distância entre professor e aluno como necessariamente geográfica,
uma vez que muitos alunos que buscam essa modalidade de educação nem sempre estão longe das
instituições de ensino. Na concepção do autor, a separação professor-aluno se dá no afastamento
entre o ato de ensinar e o ato de aprender, que para esse autor representam dois sistemas operantes
da EAD: o subsistema de desenvolvimento de curso (ensino a distância) e o subsistema de suporte
ao aluno (aprendizagem a distância). (2007, p. 23).

Já de início, percebemos divergências entre esses conceitos, quanto a questão de distância, mas
isso é passível de análise e reflexão, já que é um contexto em que estamos aprendendo a
desenvolver e a utilizar, considerando a EaD uma riqueza de possibilidades. Nesse item, podemos
citar vários autores, sendo que assim como apresentam divergências, também apresentam
semelhanças e características em comum, valendo-se do tempo e momento em que se apresentava
a EaD no mundo.

Para Dohmem (1967) citado por , “a EaD é uma forma sistematicamente organizada de autoestudo,
na qual o aluno se instrui a partir do material de estudo que lhe é apresentado, isso é possível pelos
meios de comunicação capazes de vencer longas distâncias”(2012, p. 18). Já para Peters (1973)
citado por ,

“educação/ensino a distância é um método racional de partilhar conhecimento, habilidades e atitudes,


tanto por meio da divisão de trabalho e de princípios organizacionais, quanto pelo uso extensivo de
meios de comunicação, especialmente para o propósito de reproduzir materiais técnicos de alta
qualidade. Estes tornam possível instruir um alto número de estudantes ao mesmo tempo, enquanto
esses materiais durarem, é uma forma industrializada de ensinar e aprender”. (2012, p. 18)

Tanto Dohmem quanto Peters, destacam a questão do material instrucional fornecido aos alunos, e
da capacidade de atingir um maior número de estudantes. Já Moore (1973) citado por Guarezi,
destaca que:

“a EaD pode ser definida como a família de métodos instrucionais em que as ações dos professores
são executadas à parte das ações dos alunos, incluindo aquelas situações continuadas que podem
ser feitas na presença dos estudantes. Porém a comunicação entre o professor e o aluno deve ser
facilitada por meios impressos, eletrônicos, mecânicos ou outros” (2012, p. 18).

Esse autor destaca a importância de utilização de todos os meios, buscando a facilitar a comunicação
entre professor e aluno. Já Holmberg (1977), citado por GUAREZI (2012) destaca as diversas formas
de estudo, sob a supervisão dos tutores, destacando que a EaD se beneficia do planejamento,
direção e da instrução da organização do ensino.

Em 1977, Holmberg citado por Guarezi (2012), já visualizava o importante papel do tutor nesse
contexto, seja ele presencial ou distância, sendo esse fundamental na organização do ensino,
permeando pela produção do material didático, planejamento, execução, organização e execução do
processo de ensino e aprendizagem.

Já Keegan (1991) citado por Guarezi (2012), destaca alguns pontos centrais que contribuem para a
formação do conceito de EaD: separação física entre professor e aluno, sendo que é isso que o difere
do ensino presencial; influência da organização educacional (planejamento, sistematização, plano,
organização dirigida); utilização de meios técnicos de comunicação para unir professor e aluno;
previsão de uma comunicação de mão dupla e possibilidade de encontros presenciais com propósito

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didático e de socialização. Aqui o autor destaca a distância física e a possibilidade dos encontros
presenciais. Agora, para Romiszowski (1993) citado por Guarezi (2012) EaD é qualquer metodologia
de ensino que elimina as barreiras da comunicação e para Aretio (1994) citado por Guarezi (2012), é
um sistema de comunicação bidirecional que substitui a interação pessoal, em sala de aula, entre
professor e aluno, de modo a propiciar a aprendizagem autônoma dos alunos.

Os últimos destacam a eliminação da presença física, a ainda ressaltam a autonomia do aluno,


através do ambiente de aprendizagem, onde o aluno passa a aprender no seu tempo e espaço, a
partir de suas experiências. Chaves (1999) citado por Guarezi (2012), também destaca essa
distância, pois para ela a EaD ocorre quando o ensinante e o aprendente estão separados (no tempo
ou no espaço). No sentido que a expressão assume hoje, enfatiza-se mais a distância no espaço, não
uma distância efetiva, e propõe-se que ela seja contornada através do uso de tecnologias de
telecomunicação.

Estes são conceitos apresentados por teóricos do assunto, mas no Brasil, qual a definição dada para
o educação à distância e em qual documento foi registrado? Podemos encontrar esse conceito no
Decreto nº 5.622/2005 do Ministério da Educação, em que caracterizou a “EaD como modalidade
educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem
ocorre com a utilização dos meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e
professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos”.

A partir dos conceitos estudados, observamos algumas semelhanças, pois todos destacam a
separação física entre professor e aluno e a utilização dos meios e recursos afim de facilitar a
comunicação e o processo de ensino aprendizagem, porém sabemos que os conceitos evoluem e se
tornam mais condizentes com a realidade atual, não desvalorizando o conceitos anteriores, muito
pelo contrário, apenas afim de complementar e expor novas características desse contexto.

Características da Educação a Distância

A educação a distância se difere e muito da educação presencial, considerando todos os processos


percorridos, passando pelo papel do tutor e aluno nesse contexto. O que destacamos aqui são
algumas ideias complementares as abordadas no conceito de educação a distância.

Sabendo que a EaD é hoje considerada como a tecnologia da esperança, já que ela possibilita o
acesso a um maior número de pessoas e ainda modifica o processo de ensino e aprendizagem, onde
o professor deixa de ser apenas o transmissor de conteúdos, e o aluno deixa de ser passivo nesse
processo. A partir daí, destacamos abaixo algumas características, que podem ser organizadas sob o
ponto de vista da autonomia, da comunicação e do processo tecnológico:

- Alunos e professores não precisam estar no mesmo espaço e tempo:

Neste a educação não se limita ao espaço físico, já que a educação vai muito além dos muros
escolares, a educação deverá ser contínua e multicultural. Segundo Mill (2015, p.23) “a grosso modo,
a EaD é uma modalidade que apresenta, como característica essencial, a proposta de ensinar e
aprender sem que professores e alunos precisem estar no mesmo local e tempo”. O fator espaço e
tempo não é um limitador para que a aprendizagem ocorra, muito pelo contrário, o estudo da EaD é
planejado, e conta com a mediação de diferentes ferramentas e tecnologia, e com isso consegue
atingir mais pessoas que se encontram em condições desfavoráveis.

- Tecnologia a serviço da aprendizagem:

Hoje o domínio da tecnologia da informação e comunicação é indispensável, e mais necessário ainda


é saber utilizar tudo isso a favor da educação, contribuindo para o processo de ensino e
aprendizagem. Segundo Ribeiro (2014, p.14) “a EaD envolve as tecnologias que permitem a
transmissão de dados, imagens e/ou sons, utilizando-se de voz/áudio, vídeo/imagem, dados e
impressos”. Destacando também o uso da Internet que facilita esse espaço de troca e produção
coletiva de conhecimento e informação, entre os envolvidos, e tudo isso pode ocorrer fora do horário
de aula.

- Autonomia do aluno:

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Sabemos que autonomia é algo que é construímos ao longo da vida, mas a educação a distância
pode contribuir para a formação deste indivíduo, buscando desenvolver um aprendizado contínuo,
flexível, reflexivo e inovador, centrado no aluno, na construção de saberes articulado às experiências
vividas.

Para que o aluno desenvolva uma aprendizagem autônoma é importante a integração entre
professores e alunos, de forma mais dinâmica e atrativa, através do uso das tecnologias da
informação e comunicação (TICs), que segundo Moran (2009) o professor deve se torna um
incentivador dos alunos na instigante aventura do conhecimento. Neste contexto o aluno precisa se
sentir motivado e incentivado para desenvolver sua autonomia, visando a efetivação da sua
aprendizagem.

- Aprendizagem colaborativa e cooperativa:

Alguns autores tratam estes termos como sinônimos, por possuírem características similares, mas
trataremos como distintas, através de uma definição, que tanto a aprendizagem colaborativa quando
cooperativa pode ser desenvolvida tanto no ensino presencial quanto a distância, o que muda é que
na EaD com o uso dos recursos essas se tornam mais potencializadas, dando mais oportunidades
para o desenvolvimento nesse ambiente.

Neste busca-se promover o encorajamento das interações educacionais entre os envolvidos –


professor aluno, aluno-aluno, tentando juntos trabalhar na construção e reconstrução do
conhecimento, a partir do intercâmbio de ideias, da participação de projetos, e das pesquisas em
conjunto, saindo da perspectiva individual, da fragmentação do conhecimento. Segundo Pallof e Pratt
“Quando os alunos trabalham em conjunto, isto é, colaborativamente, produzem um conhecimento
mais profundo e, ao mesmo tempo, deixam de ser independentes para se tornarem
interdependentes” (2002, p. 141).

Aprender a trabalhar em grupo, não é fácil, mas certamente só temos a ganhar com isso, pois através
desse temos a oportunidade de compartilhar e trocar novas ideias, agregando novos conceitos,
incorporando novas assimilações em nosso aprendizado. Quanto a aprendizagem colaborativa
podemos dizer que é muito ampla e complexa, é uma filosofia e estilo de vida, enquanto a
aprendizagem cooperativa, tem seu foco no produto, não no processo, neste o professor define as
coordenadas das atividades, diferente do trabalho colaborativo - em que os alunos se organizam e
definem seus papéis, existe diferença no envolvimento do professor, ele tem outra postura. Mas em
ambas os alunos se tornam mais ativos no processo de aprendizagem, ensinando e aprendendo
através da troca de experiências compartilhadas, desenvolvendo o intelectual e o social.

- Interação e Interatividade:

A interação se refere as trocas entre os sujeitos, é um processo comunicativo centrado na relação


dialógica entre os envolvidos, e sem esse a aprendizagem não acontece, já a interatividade se refere
ao meio, ao uso das tecnologias da informação e comunicação (TICs), o objeto do conhecimento. É
preciso, segundo BELLONI (2006),

esclarecer com precisão a diferença entre conceito sociológico de interação – ação recíproca entre
dois ou mais atores onde ocorre a intersubjetividade, isto é, encontro entre dois sujeitos – que pode
ser direta ou indireta (mediatizada por algum veículo técnico de comunicação, por exemplo, carta ou
telefone); e a interatividade, termo que vem sendo usado indistintamente com dois significados
diferentes em geral confundidos: de um lado a potencialidades técnica oferecida por determinado
meio (por exemplo CD-ROMs de consulta, hipertextos e em geral, ou jogos informatizados), e, de
outro, a atividade humana, do usuário, de agir sobre a máquina, e de receber em troca uma
“retroação” da máquina sobre ele (p. 58).

Com todos os recursos hoje disponíveis, nos faz refletir, sobre a distância existente entre professor e
aluno nesse processo educacional, já que estamos revolucionando o conceito de distância e as
possibilidades de comunicação, tanto de interação quanto de interatividade, que deve ser pautada
numa proposta pedagógica adequada. Não será citado aqui os diversos meios de interatividade, mas
sim que estes devem buscar diminuir a separação física existente , redimensionando a relação
espaço-tempo, buscando atender aos diferentes estilos de aprendizagem e às diferentes realidades.

- Avaliação contínua e diagnóstica:

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Avaliar no ensino a distância é um dos pontos mais desafiadores, visto que os indicadores de
avaliação são diferentes, não se tem os indicadores verbais e visuais como no presencial. Avaliar é
averiguar e atribuir um “valor” a algo, porém isso é muito subjetivo, depende muito do perfil do
avaliador, sua postura, conduta, normas e valores, sendo que aqui a verificação passa a ser um
produto da avaliação, a avaliação envolve tomada de decisão baseado nos dados quantitativos e
qualitativos sobre o desempenho do aluno.

Porém, o fator avaliação deve estar alinhado as diretrizes educacionais da EaD, que respondem o
como avaliar, a concepção de escola, homem e mundo que queremos, ela não deve ser considerada
como um fim mas um meio de verificação. Segundo Guarezi (2012, p. 124),

“a avaliação não pode ter um fim nela mesma. Deve fazer parte de todo processo de aprendizagem
do aluno de forma a contribuir com sua formação, e não simplesmente que lhe dê resultados
quantitativos no final do processo. Ela deve agir como estimuladora do crescimento do aprendiz e de
todos os envolvidos em seu processo educacional. Assim, deve-se entender que tudo o que fazemos
deve ser avaliado”.

Na EaD a avaliação deve ser contínua, não se encerra ou não se limita apenas a uma atividade, ela
deve acompanhar o aluno em todo o processo (desempenho) de ensino e aprendizagem, já que a
avaliação é algo dinâmico. Porém, ela deve levar em consideração todos os fatores envolvidos: o
conteúdo, a metodologia, a mediação pedagógica, os meios, as estratégias e as ferramentas
adotadas no processo de ensino e aprendizagem, pois a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso
não depende apenas do aluno, mas de todos envolvidos.

Quanto a avaliação diagnóstica, ela tem a função investigativa, busca averiguar o aluno no seu
processo de aprendizagem, através do levantamento dos conhecimentos prévios, aptidões e
competências. Segundo Guarezi (2012, p. 125),

a função da avaliação diagnóstica é averiguar onde se encontra o aluno diante das aprendizagens
que lhe serão propostas e as que ele já possui. [...] seria identificar as zonas de aprendizagem
proximal e real. Esse diagnóstico é um importante aliado na definição das estratégias educacionais,
diminuindo as dificuldades na construção e reelaboração dos conhecimentos.

Podemos dizer que essa avaliação permite a verificação dos pontos fortes e fracos de cada aluno,
auxiliando na escolha da metodologia mais adequada as características apresentadas, e isso é
fundamental que seja considerado, pois previne futuras dificuldades de aprendizagem dos alunos, e
para que as ações pedagógicas não sejam tardias.

PAPEL DO PROFESSOR-TUTOR NA EaD

Ser professor é um desafio e com a inserção e o avanço dos recursos tecnológicos em sala de aula,
o desafio se tornou ainda maior, pois a postura desse profissional também evoluiu, tanto em nível de
conhecimentos técnicos quanto tecnológicos e isso é muito visível na função do professor e tutor
EaD. Nesse ambiente ambos são professores, porém o que difere são as funções de cada um, o
professor conteudista está mais voltado a elaboração das estratégias pedagógicas e conteúdos a
serem desenvolvidos em cada módulo e/ou disciplina, já o professor- tutor fará a mediação
pedagógica para que o aluno consiga desenvolver o que foi proposto como atividade, além de
acompanhar o aluno no seu processo de aprendizagem. Segundo RIBEIRO (2014, p.50)

Assim, o papel do tutor é centrado no “fazer aprender”, na criação e gestão e na regulação das
situações de aprendizagem. A função do tutor nas Instituições de ensino pode receber as seguintes
denominações: tutor virtual, tutor eletrônico, mentor, tutor presencial, tutor de sala de aula, tutor local,
orientador acadêmico, animador e diversas outras.

Existem muitas denominações para a função de professor-tutor, porque na EaD, nem sempre o autor
do conteúdo é o que irá acompanhar e direcionar o conteúdo aos alunos, o que se destaca é que o
professor-tutor assume diversas funções: seja ela pedagógica, gerencial, social e técnica, pois aqui
ele tem o desafio de integrar o aluno ao tecnológico, o individual ao social e grupal, buscando
desenvolver as competências individuais através de um trabalho colaborativo, promovendo a
interatividade, para dar sustentação ao conjunto de aprendizagens pretendidas. Segundo Guarezi
(2012, p. 122)

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Nos cursos a distância, cabe ao tutor promover o exercício da interatividade e da colaboração,


incentivando o intercâmbio de experiências entre os alunos, privilegiando e reforçando a
comunicação em grupos, em respeito às diferenças individuais. A construção do conhecimento
deverá ocorrer pela integração dos conteúdos à prática, com apoio motivacional dos tutores, por meio
do estímulo para o estudo, da autoavaliação e da valorização dos resultados obtidos.

O tutor deve ser considerado como “presença a distância”, levando ao aluno a compreender e a
respeitar o curso, fortalecendo os relacionamentos a favor da aprendizagem, valendo-se do incentivo
ao estudo e a pesquisa, do compartilhamento de informações, da provocação de reflexões e
discussões e da busca por esclarecimentos, ou seja, o tutor deve fazer com o que o aluno se sinta
valorizado e acompanhado, não se sinta solitário nesse processo de ensino e aprendizagem.
Segundo Maia (2007, p. 90)

O tutor é responsável por gerar um senso de comunidade na turma que conduz, e por isso deve ter
um elevado grau de inteligência interpessoal. Nessas circunstâncias ele desempenha um papel
social, e para isto deve conhecer o máximo possível de seu público alvo. Uma das funções mais
importantes do tutor é dar feedback constante a seus alunos. Em sala de aula, é possível dar
feedback automático para os alunos [...], já à distância o aluno se sente mais abandonado, e os
canais são reduzidos, portanto o feedback do professor torna-se um elemento crítico para reforçar o
aprendizado.

O professor-tutor tem importantes funções e estar lado a lado, para que o aluno não se sinta
abandonado também é uma delas, o professor deixa de ser o protagonista nesse processo, e passa a
ser o orientador, o coordenador, o facilitador e mediador da aprendizagem, é uma mudança de
paradigma, que exige uma nova postura e reflexão sobre as formas de ensinar e aprender. Segundo
Kenski,

Nessa perspectiva não resta apenas ao sujeito adquirir conhecimentos operacionais para poder
desfrutar das possibilidades interativas com as novas tecnologias. O impacto das novas tecnologias
reflete-se de maneira ampliada sobre a própria natureza do que é ciência, do que é conhecimento.
Exige uma reflexão profunda sobre as concepções do que é o saber e sobre as formas de ensinar e
aprender. (KENSKI, 2003, p.75).

O trabalho do professor-tutor vai muito além do domínio e inserção das novas tecnologias, e a partir
dessas profundas reflexões, busca-se propor novos caminhos para troca de conhecimentos e
saberes, através da construção coletiva, onde o aluno perca o medo errar e compartilhar, respeitando
a bagagem e experiência de cada indivíduo, e é nesse processo que reside o saber e o
conhecimento, que segundo Lévy (1999), “os indivíduos toleram cada vez menos seguir cursos
uniformes ou rígidos que não correspondem a suas necessidades reais e à especificidade de seu
trajeto de vida” (p.169).

A EaD tem esse propósito de valorização dos conhecimentos dos alunos, e o tutor pode fazer uma
ponte entre esses conhecimentos e as atividades propostas, buscando desenvolver uma pedagogia
que liberta e transforma, que segundo Freire "não é no silêncio que os homens se fazem, mas na
palavra, no trabalho, na ação-reflexão" (1987, p. 78).

Na Ead os alunos precisam se sentir desafiados e motivados, e o tutor deve procurar adaptar as
informações aos contextos de vida de cada indivíduo, tentando ampliar o grau de compreensão e
criação de novas sínteses, favorecendo processos formativos, através da coordenação e mediação
da aprendizagem, além de promover capacidades humanas do aluno, visto de forma mais ampla, o
tutor deve conhecer caminhos e estar atento a novas concepções de mundo ditadas pelos alunos.
Resumidamente, segundo Beloni (2006) e Silva (2009) citado por VELLOSO (2015), podemos
destacar como papel do tutor:

despertar o caráter autônomo dos alunos; perceber que as experiências dos alunos são fundamentais
na construção do processo de ensino; participar das atividades como construtores e facilitadores;
ensinar aos alunos como aprender sem desempenhar o papel principal no processo de ensino.

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Porém, para que isso ocorra é preciso considerar todo o contexto em que estamos inseridos, que
apesar de não ser novo como visto anteriormente, nos remete a cada dia a novas ações e reflexões,
na busca por melhorias no processo de ensinar e aprender, além de atuar na construção de uma
identidade mais sólida e em sintonia com o desempenho exercido.

PAPEL DO ALUNO NA EaD

Para falar no papel do aluno é importante destacar as oportunidades de aprendizagem oferecidas a


eles, ou seja, como o aluno aprende e as diferenças existentes nesse processo de ensino e
aprendizagem, que certamente interferem na postura e formação do indivíduo, considerando suas
características, relações existentes e o meio que está inserido.

No ensino tradicional, o aluno adota uma postura passiva, seguida do ritmo do professor, onde o
professor é o transmissor de conteúdos e o aluno o depositário, existe uma certa dependência do
professor e os conteúdos nem sempre são contextualizados com a realidade do aluno,
desconsiderando a vivência e experiência de cada indivíduo. Segundo Oliveira (2012, p.23) “o desafio
que se impõe é a transição de um paradigma conservador que predominou nos últimos séculos para
um novo paradigma emergente – que venha proporcionar a renovação de atitudes, valores e crenças
exigidos neste início do século”.

Já no ensino a distância, o aluno assume uma nova postura, não mais passivo no processo de
aprendizagem, o aluno passa a ser o protagonista nesse processo, buscando fugir de uma
aprendizagem mecânica e tradicional, no qual o aluno absorve as informações, porém não faz
relações e associações com os conceitos, ou seja, desenvolve-se apenas a decoreba, tendo como
objetivo principal apenas um avanço de fase, de série, não de aprendizagem e conhecimento, o que
se pretende nesse novo contexto é uma aprendizagem para a vida toda, que seja significativa,
integral, colaborativa e cooperativa, que realmente faça a diferença na formação do aluno.
Considerando a importância da relação e integração dos conhecimentos na estrutura cognitiva,
Ausubel (1985) citado por LAKOMY (2014), enfatiza a diferença entre aprendizagem mecânica e
aprendizagem significativa:

na aprendizagem mecânica, somos capazes de absorver novas informações sem, no entanto,


associá-las a conceitos já existentes em nossa estrutura cognitiva, por exemplo, quando uma criança
decora uma poesia sem entende-la, ela não é capaz de relacionar o conteúdo da poesia com algum
conhecimento que já possui na sua estrutura cognitiva e, assim, efetuar uma nova aprendizagem. Na
aprendizagem significativa, nós relacionamos um novo conteúdo, ideia ou informação com conceitos
na nossa estrutura cognitiva (pontos de ancoragem para a aprendizagem).(p. 48)

A aprendizagem significativa está relacionada aos pontos de ancoragem, que são formados através
da incorporação de novos conceitos, ideias, informações à nossa estrutura cognitiva, para que
possamos aprender algo novo, fazendo associações dos conhecimentos prévios com os novos, e
esse tipo de conhecimento levamos para toda vida, não é apenas uma decoreba de conteúdos.

Por se tratar do ensino a distância é importante destacar também a afetividade existente nas
relações, pois apesar de não estarem no mesmo espaço físico, existe uma relação entre professor e
aluno, entre aluno e aluno, existe uma teia de relações, que segundo Wallon (2005) afetividade e
inteligência se desenvolvem juntas, já que ambas estão a serviço da construção de um sujeito afetivo,
concreto e social.

E cabe a educação desenvolver estes aspectos, sendo a educação um fato social, deve refletir a
realidade concreta na qual o aluno vive e atua e, procurará modificar. A educação cabe integrar a
formação e inserção no indivíduo na sociedade, a partir de uma sociedade contextualizada, no qual
os métodos pedagógicos devem estar alinhados a esses enfoques, promovendo uma educação
capaz de estimular a autonomia, a pesquisa, práticas complexas e interativas, desenvolvendo
competências e habilidades para uma aprendizagem significativa.

A EaD possibilita ao aluno desenvolver sua autonomia e interdependência, proporcionando certa


liberdade no seu processo de aprendizagem, pois ele pode criar e recriar o tempo todo, através das
relações e interações desenvolvidas através do uso das ferramentas de comunicação e informação, a
EaD apresenta um universo de possibilidades ao aluno, depende muito é do comprometimento do
aluno em querer fazer, aprender, buscar e interagir, claro que a educação deve proporcionar e fazer o

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RELAÇÃO INTERATIVA EM SALA DE AULA

seu papel para que se possa desenvolver um processo educativo eficiente e de qualidade, onde o
aluno consiga realizar uma aprendizagem efetiva e interdisciplinar.

O que podemos dizer é que diante desse cenário, o papel do aluno muda completamente, ele passa
a ser mais atuante no seu processo de aprendizagem, e isso acontece em outro tempo, espaço e
ritmo, que não são mais ditadas pelo professor, o aluno é mais autônomo e independente, ele passa
a ser responsável pela sua organização, planejamento e disciplina. Segundo RIBEIRO (2014) a
aprendizagem autônoma apresenta algumas vantagens:

“permite aprender melhor e buscar maior aprofundamento nos assuntos de interesse; contribui para
enriquecer os conhecimentos dos alunos; possibilita que os participantes do curso aprendam a se
libertar da dependência da equipe docente; possibilita que os alunos descubram formas alternativas
de construir o conhecimento”. (p.48)

Ao mesmo tempo em que apresenta uma série de vantagens, também requer mais atenção aos
feedbacks dos docentes, mais clareza nas instruções, possibilidade de problemas técnicos, precisa
de motivação para aprender e buscar sair da oralidade para a linguagem escrita, o aluno tem que ter
clareza de que ele é o principal responsável pelo seu aprendizado, pela construção do seu
conhecimento, através de suas interações com o objeto/conhecimento e pelas relações que
estabelece com os outros.

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