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Desafios da prática docente no contexto tecnológico da

sociedade contemporânea.
Autor (acadêmico)
Bruna Silva Rodrigues Martins
Prof. Orientador
Vinícius Rajão da Fonseca
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Curso de HISTÓRIA (2551098)– Estágio
02/05/2023

RESUMO
O presente artigo reporta a execução do Estágio Curricular Obrigatório III, na qual foi
possível observar a vivência em sala de aula, sobretudo, conhecer de perto a realidade de uma
escola, principalmente no âmbito prático dos bastidores, bem como as práticas pedagógicas,
metodologias de ensino, a estrutura institucional e, a partir destas experiências, trato de
alguns desafios que a escola, enquanto agente transformadora de realidades, enfrenta para
aprimorar seus mecanismos de ensino-aprendizagem, principalmente nos aspectos que
envolvem tecnologias e o meio sociocultural dos discentes, pontuando ainda a relação
professor-aluno, aluno-professor. Este estágio foi pré-definido pela observação e regência no
ensino médio e, por isso, esses desenvolvem-se no contexto da escolaridade da 1° série. A
metodologia utilizada neste artigo é a pesquisa de campo, sobre tudo, com o estudo e observação
do ambiente escolar, e análise bibliográfica, realizada na escola pública, no interior do estado do
Amazonas no município de Guajará.

Palavras-chave: Desafios, Metodologia, Ensino-aprendizagem, Tecnologia.

1 INTRODUÇÃO

O paper em destaque é resultado da disciplina de estágio curricular obrigatório III, realizado


com a turma da 1°série na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professor José Elno
Ferreira de Sousa. A vivência e os aprendizados do estagiário na sala vislumbram a tão sonhada
prática da docente, por meio desses momentos vistos e vividos de perto, é possibilitado a
compreensão da importância do estágio para o estudante universitário, pois o mesmo proporciona
análises e críticas dos desafios que, os que se engajam na profissão, terão de trilhar.
Para facilitar dividi este trabalho está dividido em tópicos, a fim de termos a área de
concentração como ponto de partida do início do trabalho, na sequencia teremos as vivencias do
estágio, onde se aplica as pesquisas e os aprendizados durante o estágio, no próximo tópico são as
impressões do estágio que através do mesmo, discorro sobre as contribuições para minha formação
docente. E, anexo a este trabalho, estar o registro de frequência e atividade realizadas no campo de
estagio supervisionado.
A história do tempo presente foi a área de concentração escolhida, a escolha foi baseada nos
desafios do ensino de história nos dias atuais, sabendo que escola nos últimos anos tem encontrado
dificuldades para aproximar-se da vivência do aluno por estarem inseridos num contexto digital.
2 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A tecnologia vem transformando profundamente a forma como as pessoas se relacionam e


se informam. A sociedade de hoje é uma sociedade digital conectada em rede a uma vasta
quantidade de informação e conhecimento. Dessa forma, a educação, a escola, os professores e os
alunos têm vivido grandes desafios na busca por adaptar-se às transformações que ocorrem na
sociedade, pois muitos dos paradigmas educativos tradicionais devem entrar em declínio devido a
cultura digital do mundo moderno, inovando a forma de ensinar e de aprender através das novas
tecnologias.
No campo da educação, o uso de novas tecnologias se mostra como uma possibilidade de
transformação pedagógica capaz de ampliar a capacidade de aprendizado dos alunos e engajá-los no
processo de construção do conhecimento. Foi o que disse o Monitor de Educação e da Formação de
2015 que apresenta os principais desenvolvimentos e desafios em matéria de educação e formação
na Europa, que determinaram novos domínios prioritários.

[...] aprendizagem pertinente e de elevada qualidade através de uma utilização mais ativa de
pedagogias e instrumentos inovadores para o desenvolvimento de “competências digitais”
principalmente dos jovens, dotando os profissionais da educação de aptidões e
competências pedagógicas robustas, baseadas na investigação e em práticas sólidas,
preparando-os para lidar com as necessidades individuais dos discentes e com a sua
crescente diversidade em termos sociais, culturais, económicos e geográficos, para prevenir
o abandono escolar precoce e utilizar o melhor possível em pedagogias inovadoras e
ferramentas das TICs. (Jornal Oficial da União Europeia, p. 29).

À vista disso, podemos identificar que o acelerado desenvolvimento tecnológico alcançado


pela humanidade, tem imposto à experiência humana um processo que não é apenas desafiador, mas
que revela a urgência na emergência de uma escola que se adapte a essa realidade, pois sses jovens
“pós-modernos” chamados genericamente de cibernativos ou nativos digitais são jovens que já
nasceram sob a égide da internet, imersos numa realidade tecnológica, virtual e digital mais
avançada com: celulares, computadores, videogames, rede sociais, televisores com alta definição,
dentre outros, constroem sua subjetividade dentro de uma lógica diferenciada de seus pais e
professores (NETO, 2010:12).
A prática docente no processo de ensino-aprendizagem desses, torna-se desafiador tanto
para as instituições de ensino como para os próprios discentes que são “obrigados” a estudarem
numa escola que, por diversas vezes, não condiz com a realidade da primeira metade do século
XXI. Caracterizar sociologicamente tais gerações para posterior conhecimento, à análise e reflexão
acerca das tendências relacionadas e às “novas subjetividades” que emergem num mundo altamente
tecnologizado e sob os novos desafios contemporâneos no campo educacional, deve partir do
prognóstico da inserção, a partir da relação intrínseca do jovem com a cibercultura, da construção
de narrativas diferenciadas no reconhecimento da diversidade existente no mundo contemporâneo;
desde as que se constroem no silêncio e no gesto, até as poéticas e tecnológicas. Inserem-se, então,
neste novo contexto, práticas docentes pautadas na interatividade e na horizontalidade das relações
entre professor e aluno que ocupam, neste novo modelo, papéis igualmente ativos na construção e
circulação do conhecimento.
Conforme, Green e Bigun (APUD FÁVERO SOBRINHO, 2002) a diferença histórica entre
o aluno de “ontem” com os “de hoje” está principalmente no contexto social antagônico que ambos
vivem. Afirmam que os alunos que estão em nossas escolas, crianças e jovens, apresentam uma
“historicidade pós-moderna”, constituída por um conjunto de práticas culturais responsáveis pela
produção de sujeitos com identidades e subjetividades singulares.
Dentro do cenário atual as novas formas de ser, pensar, saber e comunicar da juventude não
se enquadram ainda a realidade escolar e a prática docente. Existe uma inabilidade premente em
lidar com as novas gerações, especificamente, devido a idealizações que perpassam a própria
subjetividade e experiência do professor gerando conflitos. À vista disso, é importante salientar que
a educação digital não é apenas uma questão de uso de tecnologias, mas envolve também o
desenvolvimento de práticas pedagógicas que permitam o aproveitamento dos recursos de forma
criteriosa. O uso das tecnologias no ensino de história, por exemplo, possibilita o acesso a fontes
históricas como: mapas, imagens e vídeos, de forma mais acessível e interativa. As redes sociais
também são importantes ferramentas para o ensino de história, uma vez que permitem a construção
de comunidades virtuais em torno de temas históricos e a troca de ideias e informações entre os
alunos. Cabe, no entanto, ao docente buscar habituar-se, informar-se, inserir-se, capacitar-se às
novas tecnologias, pois essa ferramenta é um dos principais pontos para que a escola faça a
transição para a educação digital favorecendo o protagonismo do aluno.
Costa (2001), um dos poucos autores a tratar da relação protagonismo/educação formal no
Brasil, utiliza o termo protagonismo para designar “a participação de adolescentes no enfrentamento
de situações reais na escola, na comunidade e na mais ampla vida social abrangendo espaços
tecnológicos vinculados às vivências nas redes.” (p.9).
Diante do estrondoso desafio, torna-se necessário o engajamento, tanto por parte do poder
público como da escola enquanto instituição, para desenvolver aptidões e competências que vão
além das atribuições básicas e de outras essenciais. Consequentemente, as instituições de ensino
devem incorporar a tecnologia em suas metodologias, estimulando o uso de recursos digitais para o
desenvolvimento de habilidades cognitivas e sociais. Ademais, a supremacia da formação
continuada dos professores deve ser o ponto de partida para lidar com os desafios e as demandas da
educação digital, pois são eles que devem guiar os alunos para aproveitarem ao máximo as
ferramentas disponíveis.

3 VIVÊNCIA DO ESTÁGIO
As observações, do estágio supervisionado III, foram realizadas na escola estadual Professor
José Elno Ferreira de Souza e em duas turmas diferentes das 1° série – (1 e 2), mas a regência
ocorreu apenas na turma da 1°(1). Foi feita uma pesquisa sobre a estrutura da escola, do corpo
docente e da metodologia usada pelo professor para ministrar as aulas facilitando o entendimento da
importância de se estudar: As primeiras civilizações, tema escolhido pelo estagiário com a
orientação do professor titular. Também foi realizado duas entrevistas uma com o diretor da escola
e outra com o professor.
O primeiro contato com o professor Teylon Handel Martins da Silva ocorreu no dia
03/05/2023, o qual foi muito receptivo e essencial com orientações valiosas para o andamento
do estágio, bem como, à carreira docente.
O contato com as turmas só ocorreu no dia 08/05/2023, onde as primeiras aulas foram
apenas de observação das técnicas de aplicação do conteúdo do professor e a interação entre
professor e aluno em relação à disciplina. Esse momento foi de grande inspiração, pois, apesar
das limitações institucionais, por se tratar de uma escola do interior do Amazonas, conseguia
ver no olhar da turma o desejo pelo conhecimento da disciplina, além de muitos momentos de
interação com a participação dos alunos nas aulas do professor, bem como as orientações que o
mesmo me deu sobre o conteúdo a ser ministrado e orientações sobre o planejamento através
da utilização do livro didático.
No segundo momento, foi feito por parte do estagiário a regência da aula, que ocorreu a
partir do dia 22/05/2023 na qual foi realizada a regência de duas aulas seguidas. Neste dia foi
feita uma dinâmica para descontrair e conhecer a turma e logo em seguida foi dado assunto
sobre: As Primeiras Civilizações, onde foi realizada a leitura e explanação do tema através do
livro didático, logo após foi reproduzido um pequeno documentário, em desenho animado, do
Youtube, disponível em: https://youtu.be/OXF3pR6HjuY, em seguida, os alunos foram postos
em circulo para um debate a respeito das formas de organização social fazendo correlação as
formas de organização social dessas primeiras civilizações, obviamente que preambulo do
debate destacamos: a origem da escrita e quanto esse evento torna-se importante para
conhecermos o passado, formas de domínio e organização social daqueles povos e principal o
papel da economia naquele contexto, logo após, foi passado uma atividade em dupla para ser
resolvida em sala pelos estudantes.
O próximo encontro com a turma ocorreu no dia 29 de maio com duas aulas no mesmo
dia. Inicie a explanação do conteúdo, usando o livro didático e um slide desenvolvido pela
estagiária com o auxilio do professor titular, sobre: Egípcios, Hebreus e Fenícios. Para tanto,
busquei abordar características mais específicas de cada civilização valorizando principalmente
o legado deixado pelas mesmas como, por exemplo: Egípcios: Aritmética, engenharia e
medicina; Hebreus: Princípios basilares da concepção ética e moral; Fenícios: Comércio
marítimo e concomitantemente a expansão cultural. Após as abordagens descritas, foi aberto
um debate sobre um dos aspectos que era comum entre essas civilizações: A religião. A
finalidade era perceber como os aspectos religiosos que influenciam de forma direta e indireta
nossos valores e contextos sociais ainda do mundo moderno. Foi uma aula bastante proveitosa,
onde os alunos deram depoimentos, perspectivas sociais e políticas, assim pude contribuir para
o ensino-aprendizagem na relação entre estagiário e aluno.
O último encontro com a turma ocorreu no dia 05/06/2023. Na aula, antes de introduzir
o conteúdo, realizei uma revisão sobre os temas já trabalhados, em seguida, conforme a
proposta do projeto, fiz a explanação sobre acepção da construção histórica dos Direitos
Humanos como mecanismo para despertar a concepção de cidadania, no ensejo discorri o
assunto valendo-me de um pequeno texto encontrado no site:
https://jus.com.br/artigos/41048/a-evolucao-historica-dos-direitos. Fiz uso das TICs com a
utilização de imagens que exemplificavam a exploração social bem como o desenvolvimento
transcorrido de tempo em tempos que embasavam o texto trabalhado. Um dos maiores
momentos da aula foi quando ocorreu o depoimento de um ex-aluno da escola que atualmente
é vereador: Augustus Filho Junior, formado em direito, explanou sobre as concepções políticas
e sociais dos ganhos que o advento dos direitos humanos tiveram para as classes menos
favorecidas. Os alunos mantiveram-se atentos ao depoimento e fizeram diversos
questionamentos, principalmente, nos aspectos políticos e sociais que os mesmo identificavam
na sua realidade.

No final da aula, fiz uma pequena atividade de fixação através de uma produção textual
dos discentes sobre o que os mesmos aprenderam com as aulas e como esse conhecimento
mudou o que eles já sabiam sobre cidadania. Ao final, me despedi da turma e dei-lhes um
chocolate que lhes havia prometido no início do estágio.
4 IMPRESSÕES DO ESTÁGIO (considerações finais)
O estágio é um divisor de águas para qualquer acadêmico, é nele que nos deparamos
com as realidades da profissão desejada, percebemos nossa real vocação e como é a sensação
de estar do outro lado da cadeira. Aqui é onde tudo começa, ainda que por um breve período,
colocamos em prática aquilo que aprendemos no decorrer do curso e principalmente sentimos o
peso da responsabilidade de transmitir conhecimento de forma que o aluno compreenda e que
de alguma forma cada aula mude um pouco da sua realidade.
O estágio supervisionado me proporcionou um momento único e especial, foi onde eu
conseguir trabalhar meus medos de estar diante de uma turma na qualidade de regente.
Conseguir entender que o professor não é dono de todo entendimento, mas que ele também
aprende enquanto ensina.
Muitas foram as adversidades encontradas pelo estagiário, uma delas foi por parte da
instituição em fornecer as estruturas necessárias para que o estágio pudesse fluir de forma mais
pratica e simples. Outra, em relação ao tempo corrido do professor para dar suporte ao
estagiário, uma vez que um único professor é responsável por várias turmas e se encontra
sobrecarregado, também em relação a conteúdo, pois como todo o planejamento da disciplina
já foi realizado desde o início do ano, não permite ao estagiário elaborar com liberdade o plano
de aula, que é exigido durante o estágio para a regência das aulas.
Concluo que foi prazeroso vivenciar a realidade uma escola de ensino médio onde os
estudantes, por serem um pouco mais velho que os alunos do ensino fundamental, demostram
mais seus posicionamentos críticos a respeito dos temas propostos. Recebi feedbacks das
formas de abordagens dos temas com o uso das TICs o que só evidenciou que não dá mais para
dissociar educação e tecnologia, é necessário um olhar mais empático para a realidade da
sociedade moderna que busca vê o mundo da forma distinta da educação tradicional.

REFERÊNCIAS

__________. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999.


ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023. Informação e documentação –
Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, 2002.
COSTA, A. C. Psicopedagogia e psicomotricidade: pontos de intersecção nas dificuldades de
aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 2001.
FÁVERO SOBRINHO, A. O aluno não é mais aquele! E agora, professor? A transfiguração
histórica dos sujeitos da educação. Anais do I Seminário Nacional: Currículo em movimento –
Perspectivas Atuais. Belo Horizonte, novembro de 2010.
Jornal Oficial da União Europeia (2015). Relatório conjunto de 2015 do Conselho e da Comissão
sobre a aplicação do quadro estratégico para a cooperação europeia no domínio da educação
e da formação (EF 2020)—Novas prioridades para a cooperação europeia no domínio da educação
e da formação. JO C 417 de 15.12.2015, p. 25—35.
LEVY, Pierre. O que é o virtual. São Paulo: Ed. 34, 1996.
NETO, E.S; FRANCO, E.S. Os professores e os desafios pedagógicos diante das novas
gerações: considerações sobre o presente e o futuro. Revista de Educação do COGEIME, Ano
2019 n.36, junho 2010.
ANEXOS: REGISTROS DE FREQUÊNCIA
ANEXOS: FICHA DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE ESTÁGIO
ANEXOS: TERMO DE COMPROMISSO

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