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OS DESAFIOS DO PROFESSOR NOS NOVOS AMBIENTES

DE APRENDIZAGEM TECNOLÓGICOS

Entendendo o papel do professor diante das novas tendências educacionais


modernas alinhadas com a tecnologia e-learning

Dennis Alonso de Paula Brandão1

RESUMO

O presente artigo foi confeccionado com o objetivo de abordar o papel do professor e o


ambiente de aprendizagem onde esse está inserido, no caso o ambiente tecnológico baseado
em e-learning interpelando, entre outros tópicos, a dinâmica do professor em relação às
inovações tecnológicas emergentes e às tendências educacionais que surgem a partir do uso
dessas tecnologias, bem como o seu papel a partir de determinadas perspectivas relacionadas
ao contexto educacional, como por exemplo sua relação com os alunos que convivem com a
tecnologia e fazem uso dela na composição do seu aprendizado, onde o professor assume a
postura não mais de professor, mas de mediador, guiando o aluno na busca do conhecimento.
Inicialmente nos aprofundamos fazendo uma revisão bibliográfica a respeito dos conceitos e
definições que caracterizam o ensino tecnológico online, já que não existe um conceito
definido devido à abrangência do seu uso em diversos modelos de ensino e não há uma
concordância entre os especialistas sobre o que define o ensino online de fato; Um segundo
ponto foi a abordagem do conceito de cibercultura e a virtualização das relações em
particular nos ambientes de aprendizagem tecnológico, onde o sujeito, no caso o aluno, tem
desenvolvido relações que vão além da busca de conhecimento, mas também de trocas
culturais e sociais. Um terceiro ponto aqui estudado trata da dinâmica professor x tecnologia
x estudantes diante das tendências educacionais modernas, onde os desafios existentes na
tentativa de implantar metodologias de ensino baseadas em tecnologias se dá tanto por parte
de instituições, que necessitam adequar seus currículos, quanto de professores e alunos, que

1
Licenciatura em História. Especialização em História do Brasil, com ênfase em História do Ceará. Mestrando
em Tecnologias Emergentes da Educação pela Must University. Email: Dbrando82@gmail.com
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precisarão mudar suas posturas ao saírem de sua zona de conforto e passividade e buscarem
conhecimentos e formação sobre formas eficientes de usar essa metodologia ativa.

Palavras-chave: E-learning. Ambiente tecnológico. Tendências educacionais.


Aprendizado.

ABSTRACT

This article was made with the aim of approaching the role of the teacher and the learning
environment where he is inserted, in this case the technological environment based on
e-learning, questioning, among other topics, the dynamics of the teacher in relation to
emerging technological innovations and the educational trends that arise from the use of these
technologies, as well as their role from certain perspectives related to the educational context,
such as their relationship with students who live with technology and make use of it in the
composition of their learning , where the teacher assumes the position no longer of a teacher,
but of a mediator, guiding the student in the search for knowledge. Initially, we delved into a
bibliographical review of the concepts and definitions that characterize online technological
teaching, since there is no defined concept due to the scope of its use in different teaching
models and there is no agreement among specialists on what defines it. actual online teaching;
A second point was the approach to the concept of cyberculture and the virtualization of
relationships, particularly in technological learning environments, where the subject, in this
case the student, has developed relationships that go beyond the search for knowledge, but
also cultural and social exchanges. . A third point studied here deals with the teacher x
technology x students dynamics in the face of modern educational trends, where the existing
challenges in the attempt to implement technology-based teaching methodologies occur both
on the part of institutions, which need to adapt their curricula, and of teachers and students,
who will need to change their attitudes when they leave their comfort zone and passivity and
seek knowledge and training on efficient ways to use this active methodology.

Keywords: E-learning. Technological environment. Educational trends. Apprenticeship.

1 Introdução

Os ambientes de aprendizagem tecnológicos vêm alterando significativamente a forma

como os estudantes têm aprendido no mundo globalizado. Os surgimentos de determinadas

tecnologias, em especial a internet e as ferramentas que fazem uso dela resultou em uma

transformação na maneira como o conhecimento passou a ser disseminado nas sociedades

hodiernas gerando, entre as várias mudanças, modificações no mundo dos negócios, na


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economia, na medicina, nas comunicações e nas formas de aprender. Novas tendências

pedagógico-educacionais surgem com a chegada da tecnologia virtual, substituindo ou se

associando aos modelos de educação existentes. Como resultado de um momento histórico

onde as informações se disseminam de forma rápida e acessível, literalmente na “palma da

mão” com o uso de celulares, tablets e computadores, surge também um novo perfil de

estudante, que possui em si características específicas: perfil mais questionador, com rápido

acesso à informação devido aos grandes avanços tecnológicos e que possui relacionamentos

pautados no ambiente virtual. Não apenas isso, compartilham informações em tempo real, são

flexíveis e criativos, porém necessitam de reconhecimento por seus trabalhos. Nesse contexto,

a pergunta que surge é a seguinte: qual é o papel que o professor pode desempenhar face a

essas transformações no atual modelo de ensino-aprendizagem? Como ele pode se capacitar,

ou melhor, qual a postura que o professor deverá assumir diante das novas tendências

pedagógicas, educacionais e tecnológicas que surgem com o uso de novas tecnologias? Para

tentar responder a esses questionamentos, propomos confeccionar esse trabalho fazendo uma

revisão da literatura publicada por especialistas no assunto, ou seja, utilizando pesquisas

bibliográficas já produzidas, construindo um diálogo com as mesmas. A motivação para o

trabalho é o de perceber a importância do papel do professor nesse novo contexto da educação

e como ele deve se adequar a um novo papel dentro da sala de aula uma vez que, diante de

novas ferramentas e num ambiente de aprendizagem em que ainda está aprendendo a dominar,

esquadrinhando todas as possibilidades, seu papel de protagonista em sala de aula agora é

dividido com o aluno, tornando-se não o guardião único do conhecimento, mas seu mediador.
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2 Educação e Tecnologia caminhando juntas: Desafios e oportunidades que


se apresentam aos componentes escolares

2. 1 O Papel do professor no e-learning

O avanço das TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) tem alterado a forma

como os indivíduos passaram a se relacionar no cotidiano, criando o que Lévy (1999, p. 34)

denominou cibercultura, gerando novos modos de comunicação e ampliando as diferentes

formas de mediar relações, que se encontram enraizados na formação dos jovens, tornando-se

um elemento altamente relevante na composição de seus estudos acadêmicos. Nesse novo

contexto os professores, enquanto mediadores da relação aluno-aprendizagem necessitam

estar preparados e capacitados quanto ao novo modo de ensinar; neste novo cenário

educacional a atualização e o preparo docente mostram-se cruciais para o bom desempenho

dos estudantes e para que o processo de ensino-aprendizagem ocorra com qualidade. Nas

salas de aulas tradicionais o professor na maioria dos casos constrói sua aula a partir de um

conteúdo expositivo e sequencialmente coloca os alunos para exercitarem o que aprenderam

por meio da resolução de exercícios de fixação de conteúdo ou ainda por meio da repetição,

até fixarem o conhecimento apreendido. Nos novos métodos de ensino utilizados com a ajuda

da tecnologia - como é o caso do e-learning - que alia ambientes de aprendizagem

combinando teorias de aprendizagem, tendências contemporâneas e tecnologias aos encontros

presenciais, o tempo de aula não é mais mensurado como no modelo tradicional. Nessa nova

realidade, os alunos podem acessar conteúdos de forma virtual ou em PDF, participar de

grupos de estudo e discussão e resolver problemas ou refinar/lapidar habilidades que venham

a possuir ou descobrir durante seu aprendizado, isso de qualquer lugar, a qualquer momento,

desfrutando de uma experiência de aprendizagem intensa e autônoma. O que podemos inferir


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dessa nova forma de se aprender é que a tecnologia desponta como elemento fundamental

para os indivíduos no século XXI no contexto do ensino-aprendizagem

A cultura digital beneficia a sala de aula e a aprendizagem dos alunos, mostrando que

a integração entre aluno e tecnologia proporciona experiências mais vívidas e

próximas de sua realidade. Ao aliar a sala de aula virtual, redes sociais, formas de

comunicação interpessoal e acesso à informação e grupos de discussão

independentemente de sua localização geográfica, o resultado consiste em uma

experiência de aprendizagem emancipadora e contínua (Neto, 2017, p.69).

Partindo das afirmações citadas acima, podemos concluir que a metamorfose dos

professores - que agora assumem o papel de orientadores ou mediadores no processo de

construção do conhecimento e do projeto pessoal de cada aluno recai fortemente sobre os seus

papéis enquanto docentes, mestres, formadores, educadores, lentes - já que não mais detêm o

“privilégio” (segundo o modelo tradicional de ensino) da informação. Dessa forma, como

afirma assertivamente Neto (2015) “não é o responsável por ensinar tudo, pois sua formação

nunca é totalizada. Isto requer a formação continuada e a busca constante de conhecimentos,

seja na investigação e aprimoramento dos conhecimentos, seja na troca com seus estudantes.

A formação docente é cambiante.” (Neto, 2015, p. 53).

2. 2 O Ambiente de aprendizagem tecnológico

Quando se pensa em ambientes de aprendizagem tecnológicos, não se pode deixar de

mencionar o ensino online. Entretanto é preciso destacar que o conceito de ensino online não

é algo uniforme ou homogêneo entre os estudiosos e especialistas; antes, tem sido difícil

chegar a uma conceituação definitiva devido a diversidade de abordagens e a ausência de


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definições precisas por parte dos pesquisadores que atuam no estudo da área. Com a

banalização e exageros do uso do termo, pode-se verificar que o mesmo tem sido usado de

maneira indiscriminada em uma infinidade de cursos que, conforme aponta Morgado (2001,

p. 3) “ fazem apenas uma pequena passagem pela Web (uso de e-mail ou página web), quer

àqueles cursos que são apenas acessíveis via computador (web + e-mail ou cenário de sala de

aula virtual).” De fato, as constantes atualizações tecnológicas e a grande influência dos meios

eletrônicos tem operado na sociedade a partir da segunda metade do século XX até os dias

atuais uma espécie de virtualização das relações, conceito esse mencionado por Pierre Levy

em sua obra Cibercultura (1996, p. 5). Conforme o próprio autor define, nesse contexto

O autor não define o virtual como o oposto do real, mas como uma diferente maneira

de ser. As interações realizadas no ciberespaço são dotadas de realidade em potencial,

onde constituem-se por informações das mais diversas origens, interligadas e com

potencial para modificarem a estrutura do pensamento humano. (Levy, 1996, p. 5. in:

Neto, 2017, p. 62)

Diferentes métodos têm surgido para tornar a sala de aula mais dinâmica, tecnologias

têm se aliado ao quadro e ao pincél para diversificar os modos de apresentação dos conteúdos

e atingir mais efetivamente aos alunos, em especial os alunos nascidos nas décadas de 1980 a

2000 - a chamada Geração Y - e que não somente viram a chegada e consolidação da internet

no Brasil, como acabaram migrando para essa tecnologia, acompanhando as atualizações que

se realizaram posteriormente e o acesso à informação. Partindo desse contexto, o papel do

professor tende a se renovar, adotando o modelo de ensino à distância (EaD) e atuando como

um mediador do conhecimento que se desenvolve e se torna possível graças à tecnologia.

Neto (2017, p. 63) destaca que o professor nesse processo de mediação “torna-se o elemento
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norteador do aluno, guiando-o em direção ao saber”. O EaD explora técnicas de

ensino-aprendizagem mediadas pela tecnologia, o que inclui hipermídias, redes de

comunicação interativa, as TICs (Tecnologias de Informação e comunicação) , Ambientes

virtuais de aprendizagem (AVA) ao mesmo tempo em que favorece um modelo de

aprendizagem personalizada e coletiva em rede.

2.3 A dinâmica professor x tecnologia x estudantes diante das tendências educacionais

Assim como a inserção do ensino baseado nos ambientes de aprendizagem tem sido

um desafio complexo na educação formal, em especial em ambientes de e-learning, é possível

perceber que as instituições escolares têm adotado caminhos diversos no que diz respeito à

incorporação dos novos modelos de aprendizagem ativa no currículo escolar. Enquanto

algumas preferem manter o modelo curricular baseado em disciplinas, introduzindo as

metodologias ativas como estratégia para se manter o envolvimento e o foco dos alunos

desenvolvendo o ensino por meio de projetos interdisciplinares, outras instituições, seguindo

o sentido contrário, tomam atitudes mais extremas, dispensando disciplinas, reelaborando

projetos, espaços e metodologias de forma que cada aluno aprenda de forma a respeitar seu

próprio ritmo.

Para muitos alunos, segundo Castro et al (2015) a inserção das metodologias ativas

contemporâneas em ambientes de aprendizagem (em especial, ambientes virtuais) na maioria

dos casos não é vista como estratégia de aprendizagem. Os alunos crêem que ao abraçar esse

método, o professor não estaria “cumprindo o seu papel, que seria o de ‘dar aula’” (Castro et

al, 2015, p. 54). Nesse sentido, para que haja um avanço significativo na aceitação dessas

novas formas de ensinar, ou seja, das metodologias ativas aplicadas em sala de aula é preciso

esclarecer aos estudantes o objetivo da atividade/projeto e concomitantemente, é necessário

que o professor estabeleça uma “relação entre a realidade do aluno e o assunto estudado.
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Quando os alunos entendem o porquê de determinada atividade é possível quebrar a

percepção de que o professor está ‘enrolando’” (Castro et al, 2015, p. 54). Outro aspecto que

precisa ser trabalhado está na mudança de postura dos alunos em relação ao aprendizado

baseado em modelos tecnológicos, como os ambientes de aprendizagem e-learning. Por

exemplo,ao mencionar o caso específico do ensino híbrido, que reúne o ensino presencial e

EaD por meio de ferramentas tecnológicas e acesso à internet, Castro et al destaca que

Os alunos que estavam acostumados ao comportamento passivo durante as aulas agora

precisam emergir da zona de conforto para antecipar-se aos conteúdos que serão

ministrados durante a aula. A metodologia ativa exige uma preparação para aula, a

antecipação dos conteúdos a serem tratados para que haja melhor aproveitamento das

atividades em sala de aula (Castro et al, 2015, p. 54).

Nesse sentido, o aprendizado somente acontece quando o aluno é direcionado a

compreender a realidade que ocorre ao seu redor, a fazer suas próprias conexões e a construir

um conhecimento significativo para sua vida; ou seja, o aprendizado passa a fazer sentido

para ele. Uma forma, portanto, de atrair o estudante para o engajamento às metodologias

ativas é trazer a realidade da sua vida para dentro da sala de aula. Por se tratar de uma

inovação que interage mas também transforma o método tradicional de educação, modelo ao

qual os estudantes estão acostumados, as metodologias, na opinião de Castro et al (2015)

“devem ser introduzidas de forma cuidadosa, provocando nos educandos a consciência de que

o conhecimento não é transferido, mas construído de forma gradual e significativa.” Desta

forma, a metodologia não pode ser um elemento dificultador de aprendizagem, antes deve

mediar e facilitar a produção de conhecimentos.


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Quando o aluno apropria-se desses recursos para a sua formação, ele poderá vivenciar

experiências reais no decorrer de sua formação, desenvolver competência criativa e

tornar-se sujeito proativo, o que permitirá melhor preparação para a vida e sua escolha

profissional. A competência de aprender a aprender permitirá que esse aluno seja

sujeito ativo, com propriedade da sua área de formação e capaz de interagir,

questionar, solucionar problemas do seu cotidiano de forma eficiente (Castro et al,

2015, p. 55).

3 Considerações Finais

A proposta do nosso trabalho foi analisar, por meio de pesquisa e revisão bibliográfica,

o papel do professor e o ambiente de aprendizagem onde este se encontra inserido no

contexto educacional, especificamente no que diz respeito à relevância deste diante das novas

tendências educacionais modernas, que surgem no escopo das inovações tecnológicas que

trazem questionamentos, mas também levantam reflexões sobre o formato de ensino em que o

mundo globalizado está inserido. percebemos que o professor, diante das inovações

tecnológicas surgentes, que propõem um modelo de ensino acessível a qualquer pessoa, em

qualquer lugar e a qualquer tempo, é desafiado a mudar sua postura, acessando as

possibilidades que o e-learning pode oferecer no sentido de dinamizar o aprendizado e atrair a

atenção do aluno.

Dessa forma, podemos inferir que o professor, ainda que indiretamente, torna-se um

dos responsáveis pela ruptura entre o que ocorre tradicionalmente na escola e o que as novas

metodologias inseridas em ambientes de aprendizagem podem oferecer aos alunos. No

contexto do ensino tradicional, o aluno é considerado um elemento passivo e recebedor do

conhecimento, um depositário (uma tábula rasa ou folha em branco) enquanto o professor é o

portador (guardião ou depositor do conhecimento) em quem se concentra todas as atenções e


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para que os estudantes recorrem em casos de dúvidas em busca de aprender. Nesse novo

contexto - o do ensino em ambientes de aprendizagem e-learning - a tecnologia é percebida

como um meio de democratizar a educação e como um meio promover uma formação

equitativa para todos.

4 Referências Bibliográficas

Castro, E. A., Coelho, V., Soares, R., Sousa, L. K. S. Pequeno, J. O. M. & Moreira, J. R.

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Morgado. L. (2001). O papel do professor em contextos de ensino online: problemas e

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Neto. E. B. (2017) O Ensino Híbrido: processo de ensino mediado por ferramentas

tecnológicas. Revista Ponto e Vírgula. PUC SP. Nº 22. Recuperado em 28 Abril, 2023, de

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