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Resenha Crítica

Kenski, Vani Moreira; Tecnologias e Ensino Presencial e a Distância; Campinas: São


Paulo, Papirus; 8ª. Edição, 2010 – Série Práticas Pedagógicas.

Os desafios e possibilidades do uso das tecnologias de comunicação e informação


atualmente afetam todas as áreas da sociedade, entretanto Kenski se debruça nas
alterações provocadas por este uso na área da educação para escrever sua obra,
analisando as alterações na atuação docente e destacando as novas formas de ensinar e
aprender que esta nova conjuntura demanda.

Para montar esta obra de 151 páginas a autora reuniu textos resultantes de palestras
proferidas nos principais congressos educacionais realizados no Brasil, nos últimos
anos. Estes textos foram organizados em nove capítulos seguindo uma lógica e
mantendo o seu foco narrativo que é descrever as influências das tecnologias no ensino
presencial e a distância.

Kenski inicia sua obra fazendo uma análise do termo Tecnologia e como a sociedade
vem se adaptando às transformações proporcionadas pelas tecnologias ao longo dos
tempos. Dando continuidade a sua reflexão sobre as alterações no espaço e tempo
trazido pelas tecnologias a autora caminha para a tais influências nas formas de ensinar
e aprender.

No capítulo seguinte Kenski trata das escolas presenciais e virtuais destacando as


características e as linguagens científicas e comunicacionais de cada modalidade. Neste
momento do texto a autora traz as múltiplas linguagens de ensinar como as linguagens
midiatizadas e as linguagens audiovisuais descrevando-as como relevantes para a
comunicação entre as pessoas que fazem parte do contexto da escola à distância e
também na escola presencial, ressaltando que na modalidade presencial o corpo é tido
como um recurso que se comunica e produz aprendizado.

Para melhor compreender a atual conjuntura das formas de ensinar e aprender, Kenski
traz um capítulo comentando sobre as mudanças que se fazem necessárias nas
instituições de ensino e no trabalho docente. Dentre tais mudanças ela aponta: a
melhoria na infraestrutura tecnológica, mudança na forma de pensar a educação que
deveria passar pela formação adequada dos professores para atuarem nesta nova lógica
pedagógica que exige do profissional da educação habilidades docentes específicas para
o trabalho com as novas tecnologias e por fim a mudança no que diz respeito a gestão
destas instituições não ficando apenas restrito aos aspectos administrativos e sim uma
gestão que contemple essa nova lógica educacional.

A atuação do docente é o tema de um dos capítulos desta obra onde a autora retoma a
fala sobre as influências das tecnologias na educação ressaltando que esta perspectiva de
educação tecnológica exige a superação de alguns desafios tais como: reestruturação das
teorias educacionais, da percepção e da ação educativa a fim de perceber que a
possibilidade do desenvolvimento de redes de aprendizagem criou a internacionalização
da educação. Para que o professor esteja articulado com este momento da educação é
necessário que ele perceba a sua atualização permanente como condição fundamental
para sua prática docente.
Nesta obra Kenski dedica três capítulos para tratar da nova lógica do ensino e da
aprendizagem na sociedade da informação. Analisando as novas conjunturas na
sociedade e como a velocidade com que as informações são compartilhadas, múltiplas
formas de comunicação entre as pessoas trazem uma mudança para os paradigmas da
educação tradicional onde a concepção da educação como compulsória e massiva não
satisfazem mais. A nova lógica da educação traz o professor para o meio do grupo de
alunos onde ele passa a ser mais um na equipe de trabalho que irá lançar os desafios e
servirá como o mediador da aprendizagem com diversas possibilidades de interação
conectadas em rede através de comunidades que tenham um objetivo em comum tendo
como característica a cooperação e colaboração para o desenvolvimento pleno da
aprendizagem. Kenski reflete sobre a aprendizagem tradicional e a aprendizagem
colaborativa e monta um quadro sinótico com as características de cada um.

Para finalizar sua obra a autora traz nas considerações finais uma análise sobre o papel
do professor e o papel do aluno nesta nova conjuntura da educação. Para Kenski
professor, aluno e tutor não podem ser definidos como papéis isolados e estratificados
hierarquicamente, pois a possibilidade de permanente diálogo e de colaboração de todos
com todos através das tecnologias de informação e comunicação traz uma nova forma
de tratar tais atores do sistema educacional para a autora o maior desafio desta nova
lógica educacional seria fazer com que estes atores educacionais repensassem e
transformassem as suas práticas no ambiente educacional.

Neste livro a autora traz com uma linguagem de fácil compreensão e usando exemplos
do cotidiano através de suas vivências uma análise das transformações trazidas pelos
avanços das tecnologias nas formas de ensinar e de aprender. Concordo com alguns
desafios apontados pela autora como fatores fundamentais para fazer uma educação de
qualidade para todos que corresponda às necessidades da sociedade na atualidade dentre
tais pontos destacaria a formação docente.

A formação docente sem dúvida pode não ser o único desafio, mas é sobremaneira o
mais relevante quando pensamos na inclusão das tecnologias na educação. Não se trata
apenas ensinar o professor a usar os recursos e aparatos tecnológicos disponibilizados
pelas instituições de ensino, é necessário que o professor repense o seu papel de docente
e comece a perceber que a função de professor detentor do saber não cabe mais na nova
lógica da educação. Talvez cursos de preparação com leituras e novas práticas
possibilitem esta mudança, mas ainda penso que estamos engatinhando para um dia,
quem sabe, possamos ter uma nova educação que considere o aluno como produtor de
conhecimento lembra-me da fala do professor André Lemos quando comenta que
estamos vivendo na sociedade da escrita e que nunca produzimos tantos escritos quanto
hoje, desta forma, cabe a nós, professores nos apropriarmos das tecnologias e
auxiliarmos nossos alunos para que eles possam transformar tantas informações em
conhecimento.

A leitura desta obra é indicada para estudantes, professores e pesquisadores da área da


educação que tem interesse em conhecer e aprofundar os estudos sobre as influências
dos avanços tecnológicos na práxis docente e queira compreender de que forma a
Educação está adaptando-se a este novo cenário tecnológico.

Vani Moreira Kenski nasceu no Rio de Janeiro. È graduada em Pedagogia e Geografia


pela UERJ, com mestrado pela UnB e doutorado em Educação pela Unicamp. Foi
professora e pesquisadora das Faculdades de Educação da Universidade de Brasília, da
Unicamp e da USP. Atualmente é pesquisadora da CNPq e orienta teses e dissertações
no Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade de São Paulo. È diretora
de Divulgação e Publicação da Associação Nacional de Política e Administração da
Educação (Anpae), membro do Comitê Científico da Associação Nacional de Pesquisa e
Pós-Graduação de Educação (Anped) e membro do Conselho de Ética da Associação
Brasileira de Educação a Distância (Abed). Coordena o Grupo de Estudo e Pesquisas
sobre Memória, Ensino e Novas Tecnologias (Ment) e dirige a Site Educacional Ltda.,
empresa incubadano Cietec/Ipen/USP, voltada para a formação de professores e para
assessoria em educação pela internet. Possui várias publicações de estudos e pesquisas
sobre as novas tecnologias digitais de comunicação e informação e sobre a memória
social e individual, vinculadas à questão do conhecimento, do ensino e da educação, em
sentido amplo, na sociedade contemporânea. Outra obra da autora é Educação e
tecnologias: O novo ritmo da informação.

Esta resenha foi elaborada por Lívia Oliveira Villas Bôas, aluna do curso de Pós
Graduação em Tecnologias e Novas Educações na Universidade Federal da Bahia.

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