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Material Teórico
História, educação e cidadania
Revisão Textual:
Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos
História, educação e cidadania
• Introdução
• O surgimento da disciplina História
• O Panóptico
• O ensino de História no Brasil
• História na escola e na universidade. Em que se difere?
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Os objetivos desta Unidade são:
·
·Refletir sobre o conceito de História.
·
·Historicizar o surgimento da disciplina História e seu ensino no Brasil.
·
·Compreender mudanças políticas e pedagógicas no ensino superior
brasileiro a partir da década de 1990.
·
·Caracterizar e entender a prática docente no ensino fundamental e
superior a partir dos pressupostos teóricos da didática em História.
·
·Reconhecer e problematizar as finalidades da educação e o papel do
professor de História no ensino fundamental e no superior.
·
·Discutir a importância do ato de pesquisar.
ORIENTAÇÕES
Saiba que esta disciplina tem como propósito refletir sobre o conceito de
História, historicizar a inclusão da disciplina nas escolas e universidades
brasileiras, analisar a relação entre História, educação e cidadania. Desdobrar
as novas tendências da historiografia, suas características e contribuições
para a pesquisa e para o ensino de História, apresentar e analisar fontes
diversas dentre elas: mídia impressa, depoimentos orais, programas de
rádio, músicas, vídeos, fotografias e pinturas, discutir a transdisciplinaridade
no fazer histórico. Contribuir para a formação acadêmica de profissionais
das áreas de Ciências Humanas, por meio de reflexões que proporcionem
maior aprofundamento em torno do estudo da História e do processo
ensino aprendizagem da mesma, oferecendo-lhe contato com as discussões
mais recentes dessa área; além de lhe proporcionar momentos de leitura –
textual e audiovisual – e reflexão sobre os temas que serão aqui discutidos,
contribuindo com sua formação continuada e trajetória profissional.
UNIDADE História, educação e cidadania
Contextualização
Consiste na inserção do conteúdo em um contexto referente ao cotidiano do
aluno ou da prática profissional futura, demonstrando e ressaltando a importância
do estudo da unidade para a sua formação pessoal e profissional. A contextualização
pode ser apresentada por meio de uma narrativa descritiva, uma situação-problema,
um exemplo de aplicação, vídeos, reportagens, cases, entre outros.
HAYDT, Regina Célia Cazaux. Crise na educação: por quê? Thot – Revista da Associação
Explor
E o que a disciplina Metodologia do Ensino de História teria a ver com essas questões?
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profissão com segurança, responsabilidade e de maneira criativa. A criatividade
é moeda importante neste momento, sobretudo, no processo de ensino-
aprendizagem. Hoje, o professor tem a presença marcante da tecnologia em sua
vida e na vida de seus alunos para o bem e para o mal. Desse modo, como fazer
uso dessa tecnologia a favor da transmissão do conhecimento?
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Introdução
“A história é a ciência do homem no tempo”
(BLOCH, Marc)
O que é História?
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“Com Heródoto, o que conta na narração histórica não é a importância do
testemunho. Para ele, o testemunho por excelência é o testemunho pessoal, aquele
em que o historiador pode dizer: vi e ouvi. Isto é especialmente verdade, na parte da
sua investigação dedicada aos bárbaros cujo país percorreu durante as suas viagens
[cf.Hartog, 1980]” . (LE GOFF, 1990, p. 93)
Sabe-se que nem sempre foi assim. A História enquanto ofício a princípio acreditava
na existência da veracidade de alguns documentos ou vestígios em relação a
outros. Por exemplo, só depois da escola francesa dos Annales foi possível aceitar a
fotografia, a música e o cinema como fontes para o Historiador.
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4. A História tornou-se interdisciplinar interagindo com disciplinas como
Antropologia, Biologia, Filosofia, Sociologia, Economia, Arqueologia,
dentre outras.
5. Do desdobramento da historiografia, hoje, pode-se dizer que há diversos tipos
de especialidade no campo da História: História Social, História Cultural,
História Oral, História Econômica, História da Ciência, dentre outras.
6. A História tornou-se disciplina escolar a partir do século XIX, o que será
abordado no próximo ponto desta unidade.
Le Goff faz, em seu livro História e Memória, um traçado completo das diversas
vertentes historiográficas, desde Heródoto, passando pelos gregos, os positivistas,
os marxistas, entrando pela escola dos Annales e a História Cultural. Diante dessa
cartografia feita por Le Goff, surge a seguinte reflexão:
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Explor
O que é o ofício de Historiador?
Marc Bloch faz uma reflexão muito interessante sobre o ofício de historiador no livro
Apologia da História ou o Ofício do Historiador.
Esse livro foi escrito pelo autor, na Segunda Guerra Mundial, pouco antes de sua morte –
Marc Bloch foi assassinado por ser Judeu. É um livro rico e muito interessante que aborda a
ideia de que há momentos em que as circunstâncias históricas atropelam a vida cotidiana.
BLOCH, Marc Leopold Benjamin. Apologia da História ou o Ofício do Historiador. Prefácio:
Jacques Le Goff. Apresentação à edição brasileira: Lilia Moritz Schwarcz. Tradução: André
Telles. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
Sobre o livro, veja o seguinte link: https://youtu.be/ATeBoPhwbE4
Uma curiosidade:
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Mas será que o conceito de história nos dias de hoje se enquadraria ao formato
proposto por Heródoto? E onde fica a história dos escravos? Dos servos? Dos
segmentos anônimos da sociedade?
A partir da segunda metade do século XX, a produção historiográfica passou
por um conjunto de transformações, por conta de uma conjuntura de crises em
diversos setores da sociedade, o que fez com que a ciência histórica passasse por
reformulações teórico-metodológicas. Essas mudanças propiciaram a ampliação
do saber histórico, das áreas de investigação, a descoberta de novas abordagens.
Outros personagens entraram em cena e, a partir de então, desenvolveu-se a história
dos escravos, das mulheres, dos operários de outros segmentos da sociedade que,
até então, estavam fora das narrativas de Heródoto e de historiadores positivistas.
Há quem defina a História como a ciência que investiga o passado para refletir
sobre o presente e prospectar, ou planejar, o futuro. Ou ainda: a História seria a
análise de acontecimentos do passado para não mais repeti-los no presente. Se
essas premissas fossem coerentes, não haveria mais guerras, nem conflitos no
mundo, ou problemas socioeconômicos de inúmeras ordens. Vejam, por exemplo,
a questão que Antonio Polito coloca em entrevista ao historiador Eric Hobsbawm
no livro O Novo Século:
O século XX terminou com uma guerra, assim como o século breve começou com a
catástrofe da Grande Guerra. E de novo os Balcãs estão no centro da conflagração,
como se o tempo não tivesse avançado, a questão nacional voltou a eclodir e a pôr à
prova as grandes potências.
A história está se repetindo? Como foi que passamos do fim da Guerra Fria para a
retomada das guerras quentes? Como é possível que hoje existam mais refugiados do
que no final da Segunda Guerra? (HOBSBAWM, p.13, 2009)
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A História é uma disciplina da área das ciências humanas que tem como foco o
estudo das experiências humanas em determinado tempo/espaço. Dito de outra forma,
sem tempo e sem espaço, não existe a possibilidade de se fazer História, nem estudar
História. Ela estuda os vestígios do passado para ter referências para a compreensão
das variáveis do presente, isso fica claro, por exemplo, na fala de Hobsbawm quando
ele diz: “[...] o que me interessa saber é: de que modo a guerra mudou?”.
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O surgimento da disciplina História
“O poder disciplinar não destrói o indivíduo; ao contrário, ele o fabrica.”
(FOUCAULT, 1979).
Sabe-se que a História como disciplina escolar, surgiu no século XIX, na Europa
(França e Alemanha), imbrincada aos movimentos de laicização da sociedade e
de constituição dos estados nacionais das nações modernas. Antes, o ensino de
História vinha diluído entre letras e oratória, dentro de um ensino compreendido
por humanidades nos colégios do Antigo Regime.
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O Panóptico
Panóptico: é uma palavra que define uma construção arquitetônica, onde desde o centro
pode-se enxergar toda a periferia. Essas construções foram pensadas, primeiramente, para
o cárcere, depois, espalharam-se por hospitais, presídios e escolas.
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Ler o capítulo 5: A formulação de objetivos educacionais. In: HAYDT, Regina. Curso de
didática geral. São Paulo: ÁTICA, 2006.
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Essa é uma questão que nos acompanhará durante todas as unidades nesta
disciplina.
Que ideal de homem a nossa sociedade quer formar no século XXI? Por quê?
E para quê?
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O ensino de História no Brasil
“O currículo é sempre parte de uma tradição seletiva, um perfeito exemplo
de invenção da tradição”.
(GOODSON, 1995, p.27)
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que eles vieram oficializar foi a separação das disciplinas história e geografia.
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pcn_5a8_historia.pdf
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de trabalho; II) História das representações e das relações de poder, desdobrada,
também, em dois subitens: nações, povos, lutas, guerras e revoluções; cidadania e
cultura no mundo contemporâneo. Além disso, o documento curricular estabeleceu os
temas transversais (para todas as disciplinas): Ética, Saúde, Meio Ambiente, Orientação
Sexual, Pluralidade Cultural, Trabalho e Consumo. Muitos desses tópicos fazem parte
de pautas debatidas por movimentos sociais.
Essas ações foram extremamente significativas pelo ponto de vista teórico, pois
sabe-se que muito ainda tem que ser alinhado na relação do cotidiano real das
nossas salas de aula, seja no ensino público, como particular, seja nas universidades
ou ensino fundamental. Ainda existe um vácuo entre o que é apontado pelas regras
dos PCN e a vida real nas escolas.
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Explor
Diante dessas novas temáticas a serem trabalhadas nas escolas, em especial o ensino de
História da África, emerge toda uma discussão sobre de que forma o conteúdo deve ser
passado. Há uma polêmica em torno dos conteúdos que são produzidos para os livros
didáticos, que ainda possuem uma latência em relação as pesquisas que vêm se dando nas
universidades. Para aprofundar esse assunto, vale a pena acessar o seguinte link do texto:
• A universidade e a formação para o ensino de história e cultura Africana e indígena:
http://goo.gl/yDQXXm
Nas relações entre professores, alunos, saberes, materiais, fontes e suportes, os currículos
são, de fato, reconstruídos. Assim, devemos valorizar, permanentemente, na ação curricular,
as vozes dos diferentes sujeitos, o diálogo, o respeito à diferença, o combate à desigualdade
e o exercício da cidadania. Reflexão sobre História, educação e cidadania.
• Ver seguinte texto: http://goo.gl/Le3I2N
A questão problema deste tópico se faz necessária para que possamos entender
as incongruências e a distância do que se faz na universidade e o que reverbera, de
fato, no ensino fundamental.
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Sobre o saber na universidade, Fourez coloca:
A influência do modelo universitário sobre o conjunto dos locais de saber foi e
permanece tanto mais profunda, porquanto a instituição universitária é, aos olhos
da sociedade, dotada de um duplo papel: estabelecer o saber erudito e zelar pelo
sua difusão. A ação cultural, que a universidade exerce muito particularmente sobre
o ensino secundário, decorre do papel preponderante que ela desempenha, em
certos países, em matéria de formação inicial e continuadas dos professores do ciclo
terminal, bem como do poder que lhe é atribuído pela colação dos diplomas que
conferem os títulos exigidos para o ensino de uma disciplina particular. Ao que se
acrescenta o facto dos diferentes actores encarregados de redigir os programas e
as instituições metodológicas, bem como de acompanhar e avaliar os professores,
serem eles próprios provenientes do mundo universitário, com o qual mantêm,
frequentemente, laços estruturais de diferentes graus.
Fonte: FOUREZ, Gérard. Abordagens didáticas da interdisciplinaridade. Instituto Piaget. p.19.
Outras questões também emergem desse cenário para a reflexão: ensinar História
refere-se a processo simples, contínuo, que tem por objetivo divulgar conhecimentos
produzidos pela ciência na sociedade? Ou é processo complexo que se insere no
âmbito da educação e da cultura escolar, em lugares e tempos específicos?
Abaixo, segue o link de um texto, sobre a proposta de educação na Finlândia, país que
Explor
possui um dos projetos educacionais mais avançados do mundo e onde o ensino não está
desvinculado da pesquisa: http://goo.gl/xmz9xj
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Material Complementar
Vídeos
Documentário de Foucault:
https://youtu.be/Xkn31sjh4To
Link sobre livro de Marc Bloch:
https://youtu.be/ATeBoPhwbE4
Sites
Educação no Mundo – Os segredos da Finlândia
http://goo.gl/xmz9xj
Leitura
PCN história:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pcn_5a8_historia.pdf
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Referências
BLOCH, Marc Leopold Benjamin. Apologia da história ou o ofício de historiador.
Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
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