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Antropologia
Antropologia e Educação: Diálogos
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Antropologia e Educação: Diálogos
• Introdução;
• Antropologia e Educação: uma Relação Complexa;
• Estratégias de Atuação em Ambientes Educacionais;
• Dificuldades da Aproximação entre Antropologia e Educação;
• Possibilidades de Diálogo.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Conhecer alguns caminhos para o diálogo entre Antropologia e Educação – ao menos do
lado da Antropologia;
• Perceber em sua prática cotidiana os potenciais que uma educação diversa pode desem-
penhar para contribuir com processos pedagógicos em sintonia com a realidade brasileira.
UNIDADE Antropologia e Educação: Diálogos
Introdução
Não podemos mencionar Educação e Antropologia sem levar em consideração um
tema caro às duas disciplinas, e que está cada dia mais em evidência no mundo con-
temporâneo: cada uma, ao seu modo, trata da cultura. Diálogos interdisciplinares entre
ambas também não são novidades. Sabemos, desde pelo menos os antropólogos cul-
turalistas, do impacto que formas de vida em sociedade tem sobre a construção de
processos de aprendizagem, isto é, como conhecer o mundo depende do modo como
organizamos culturalmente nossas relações com a natureza, com nossa própria sociedade
e com outras culturas.
Nesse sentido, embora os diálogos não sejam recentes, explorar aproximações entre
ambas as disciplinas têm se mostrado especialmente importante porque muitas vezes
ficamos perdidos sobre o lugar que etnicidade, diversidade e herança cultural ocupa nas
nossas dinâmicas sociais – o que ganha especial relevo quando pensamos no contexto de
uma sala de aula. Mais do que uma simples “questão étnica”, hoje, no mundo globalizado,
precisamos nos atentar a como a dimensão cultural faz e fará parte do nosso dia a dia.
Figura 1
Fonte: Adaptada de Getty Images
Do modo como os jovens se identificam com um “jeito de ser”, até grupos entendidos
como minorias, a dimensão cultural tem adquirido novos contornos e expressões e está
por todos os lugares!
De um modo mais leve, vemos distribuída pelos hábitos culturais de consumo, em gru-
pos que se organizam por afinidades diversas – por exemplo, os roqueiros, headbangers
(aqueles que gostam de heavy metal), e até mesmo os jovens interessados pela cultura
japonesa e que se vestem de seus personagens preferidos dos mangás (história em
quadrinhos em estilo japonês) e animes (desenhos animados em estilo japonês), hábito
curioso chamado de cosplay.
Por outro lado, de modo mais sério, com implicações políticas importantes, podemos
ver a dimensão cultural em grupos que se organizam em ações como os movimentos
negros, indígenas, os feminismos diversos e movimentos de pessoas Lésbicas, Gays,
Bissexuais, Transgêneros, Queers, Intersexuais e das que não se identificam a nenhum
gênero e tomam ações para promover os direitos e a inclusão (LGBTQI+), que somente
muito recentemente – e ainda de modo tímido – tiveram o reconhecimento por parte do
Estado quanto aos abusos que sofreram historicamente, adquirindo o direito de manifes-
tarem livremente a sua identidade cultural e sexual.
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Dessa forma, esta Unidade se propõe explorar as relações nem sempre amistosas
entre Antropologia e Educação e estimular uma reflexão que possa encontrar caminhos
frutíferos entre as duas áreas.
Antropologia e Educação:
uma Relação Complexa
O aparato teórico e metodológico no fazer de outros campos e áreas de sa-
ber, além de implementar o diálogo interdisciplinar, é uma tarefa que expõe
a situação curricular em que a Antropologia é inserida em diferentes cursos
e áreas do conhecimento [...] especificamente, a realidade do atual diálogo
entre Antropologia e Educação [2000-2008], bem como apreender possí-
veis avanços e limites na dimensão da existência de uma Antropologia da
Educação no Brasil e dos objetos, dos métodos e dos temas que contempla
[...]. O que se apresenta [...] pelos múltiplos temas e abordagens, pelos proje-
tos, pelas pesquisas e pelas experiências de ensino diz de um debate ainda
em aberto em termos de uma Antropologia da Educação. No entanto, são
ainda pequenos os esforços para se pensar criticamente as relações entre
Antropologia e Educação, em razão das formas de apropriação da Antro-
pologia pelos outros campos e em razão de um humanismo que embota
a visão e gera uma banalização do fazer antropológico, de seus conceitos
centrais e de seus respectivos suportes teóricos. (GUSMÃO, 1997)
Figura 2
Fonte: Getty Images
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UNIDADE Antropologia e Educação: Diálogos
Como nos aponta Dauster (1994), sua obra clássica nesse sentido foi o livro intitulado
Growing up in New Guinea, trabalho em que Mead buscava entender aspectos da cul-
tura de Nova Guiné, tais como valores, atitudes, crenças e gestos que eram transmitidos
pelos adultos às crianças, com “[...] o objetivo de formá-las para viver dentro de sua
sociedade”. Nesse trabalho foi observado como era feita a transmissão do saber pelas
gerações mais velhas aos seus descendentes, a formação da personalidade e as formas
de aprendizagem utilizadas para se conseguir esse objetivo.
Para Tânia Dauster (1994) esse trabalho é importante – além de ter sido elaborado
por um dos maiores nomes da Antropologia estadunidense de sua época –, pela forma
como foi conduzido, pois ao lado da dimensão científica havia, da parte da antropóloga,
a preocupação com aspectos educacionais em sua experiência etnográfica, considerando
“[...] influenciar as atitudes em face de crianças e adolescentes no seu país, no sentido
de uma menor repressão”. Para Mead as características dos adolescentes conhecidas
por nós “[...] é um fenômeno sociocultural e não uma questão fisiológica” (ERNY, 1982
apud DAUSTER, 1994). Por exemplo, enquanto na Nova Guiné um adolescente acha
importante ser mãe e deixar uma descendência, garotas norte-americanas normalmente
estão entrando na universidade.
Você Sabia?
Culturalismo, em Sociologia, Antropologia e Filosofia é a corrente que defende a im-
portância central da cultura como uma força organizadora nos assuntos humanos.
A abordagem culturalista visa eliminar os dualismos como, por exemplo, a crença de
que a natureza e cultura são realidades opostas. Para os culturalistas, uma vez que nossa
cultura molda nossa visão do mundo, somente podemos conhecer o mundo que nos
cerca a partir de caracteres oferecidos antes pela cultura.
A abordagem realizada por Margaret Mead tendo como objeto de pesquisa os grupos
de Nova Guiné revelou as especificidades de uma cultura e sustentou a existência de
“personalidades culturais”, em um diálogo interdisciplinar com a Psicologia e Psicanálise.
Assim, seguindo as indicações da professora Tânia Dauster (1994), nas experiências de
pesquisa da Escola Culturalista da Antropologia existia uma tendência investigativa na
qual pesquisadores passaram a tomar
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este um caminho de acesso aos valores abrangentes da sociedade, dada à
transmissão de valores, própria do sistema escolar, examinando os con-
flitos de cunho cultural que ocorrem na sociedade, ou ainda, investigando
os processos de aprendizagem e os efeitos do ensino em contextos pluri-
culturais. (BONTE; IZARD, 1991 apud, DAUSTER, 1994)
O conceito de habitus foi desenvolvido pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu com o objetivo
de colocar fim à divisão entre indivíduo/sociedade, que existia na Sociologia Estruturalista.
Relaciona-se à capacidade de uma determinada estrutura social ser incorporada pelos agen-
tes por meio de disposições para sentir, pensar e agir. Disponível em: https://bit.ly/3cC04SY
Para Dauster (1994) este é um legado da Antropologia para a Educação, “[...] é este
outro olhar, esta forma alternativa de problematização dos fenômenos que busco evocar,
a princípio, no uso da etnografia dentro do campo da Educação”.
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UNIDADE Antropologia e Educação: Diálogos
Figura 3
Fonte: Adaptada de Getty Images
Então, como conciliar a Antropologia, que privilegia os estudos das diferenças cultu-
rais, com um projeto educacional de intervenção na realidade? Para Dauster (1994) pelo
menos no caso do ensino de elementos culturais, ou mesmo no ensino de Antropologia,
deve-se permitir ao educador apreender outras relações e posturas, de modo a absorver
da literatura antropológica o máximo que puder, pois esta é outra linguagem e as suas
ferramentas podem auxiliar o educador a perceber outras dúvidas sobre os fenômenos
tidos como educativos, não apenas dentro do ambiente escolar, mas aquilo que está fora.
A etonografia (do grego ethno → nação, povo e, graphein → escrever) é por exce-
lência o método utilizado pela Antropologia na coleta de dados. Baseia-se no con-
tato intersubjetivo entre o antropólogo e o seu objeto, seja ele um grupo indígena
ou qualquer outro grupo social sob o qual o recorte analítico seja feito. Exemplos
famosos de etnografias contemporâneas são: Xamanismo, colonialismo e o ho-
mem selvagem, de Michael Taussig e Os araweté: os deuses canibais, de Eduardo
Viveiros de Castro.
Fonte: https://bit.ly/3u86BuU
Assim, o diferente passa a ser visto com outros olhos – e não como inferior –; de
modo que outras culturas podem proporcionar novos aprendizados, inéditas abordagens
na forma de educar, ou seja, não se “privatiza a cultura” destruindo estereótipos a partir
de novas referências, “[...] buscando entender uma outra racionalidade nos seus termos.
Esta atitude de estranhamento visa, por meio da análise de relações sociais concretas, o
questionamento de categorias abstratas e o conhecimento mais complexo da realidade”
(DUSTER, 1994).
Estratégias de Atuação em
Ambientes Educacionais
A proposta de trabalho de Tânia Dauster (1994) passa pelo conhecimento e pela qua-
lificação do profissional que desempenha o papel de utilizar a Antropologia como ferra-
menta na Educação, citando Clifford Geertz (1978), quem diz que “[...] o entendimento
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do que é uma ciência passa pelo conhecimento de seu exercício [...]”, chegando à conclu-
são de que, segundo a orientação de Geertz (1978 apud DUSTER, 1994),
Esse espaço de diálogo entre Antropologia e Educação tem se mostrado muito im-
portante para a sociedade contemporânea, uma vez que traz à luz discussões necessá-
rias como, por exemplo, a complexidade das relações entre expressões culturais, pro-
vocados por fenômenos como o êxodo rural, as ondas migratórias ou, até mesmo, o
reconhecimento de identidades antes subjugadas. Para Dauster (1994) também se deve
“[...] acrescentar outras discussões sobre o trabalho de campo em uma perspectiva dia-
lógica, investindo-se nas polêmicas sobre a descrição etnográfica”.
Figura 4
Fonte: Getty Images
Nesta lógica, para haver diálogo pertinente entre Antropologia e Educação torna-se
necessário, além do conhecimento da literatura antropológica, de seus métodos, concei-
tos e teorias sobre sociedade e cultura, colocando em prática este aprendizado. Na expe-
riência de Dauster (1994), “[...] os trabalhos se passam no meio urbano, e vêm buscando
a ótica da Antropologia das sociedades complexas”. Segundo Gilberto Velho (1980), “[...]
as grandes cidades são reveladoras da complexidade institucional e de heterogeneidade
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UNIDADE Antropologia e Educação: Diálogos
Dificuldades da Aproximação
entre Antropologia e Educação
Apesar da tentativa cada vez maior de aproximar Antropologia e Educação, faz-se
necessário observar que para se superar processos mais “universalizantes e democráti-
cos”, com tantas mudanças na sociedade que não estão resolvidas e que renascem com
mais intensidade nos contextos em transformação, “[...] o interesse central é trazer o
aluno da Pedagogia para uma aproximação no campo teórico da Antropologia, que lhe
é inteiramente desconhecido [...], por outro lado [o antropólogo] também desconhece o
itinerário da Antropologia no campo da Educação” (GUSMÃO, 1997). Este desconhe-
cimento mútuo é caracterizado pelo descaso em fazer da Educação um campo privile-
giado de suas pesquisas.
Veja uma reportagem sobre uma escola em São Paulo com um projeto de inclusão de imi-
grantes bem interessante, disponível em: https://youtu.be/JwzxoBkFcZM
Há, portanto, um distanciamento. Gusmão (1997) argumenta que uma das causas
para esse distanciamento é “[...] uma certa distorção de visão de que somos todos aco-
metidos e que nos leva a considerar a priori e/ou críticas insuficientes, deixando de
entender a constituição da Ciência de que somos herdeiros”; mais ainda,
Gusmão (1997) defende o resgate do que está na origem da relação entre Antropo-
logia e Educação como, por exemplo, a Escola Culturalista Estadunidense representada
por Franz Boas, que pensava a Educação como meio de transmissão da cultura, ou seja,
defendia a relação Antropologia/Educação, ao invés de fomentar preconceitos entre as
Ciências por falta do conhecimento.
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Possibilidades de Diálogo
Para adentrarmos a esta análise, usaremos basicamente os textos e comentários
das pesquisadoras Neusa Maria Mendes de Gusmão (1997) da Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp), e de Janirza Cavalcante da Rocha Lima ([20--]), da Funda-
ção Joaquim Nabuco (Fundaj) – outra referência nas pesquisas sobre o diálogo entre a
Antropologia e Educação.
Figura 5
Fonte: mirim.org
É difícil, de partida, o ato de se colocar no “lugar do outro” e, neste caso, é uma aven-
tura complicada, se não for bem fundamentada.
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UNIDADE Antropologia e Educação: Diálogos
“Pai da Antropologia Social”, que aponta caminhos a serem seguidos, onde o pesquisa-
dor deve se colocar no lugar do outro e enxergar o mundo com o “olhar do outro”, como
também propunha Clifford Geertz.
Tal diálogo não é uma “novidade” da década de 1970. Como já comentamos, Margaret
Mead, nos Estados Unidos, fez ótimo trabalho ao analisar a Educação da população da
Nova Guiné que a levou a considerar a Educação como parte da cultura/aprendizado
desse povo. O que não é mais possível fazer, ainda hoje, é tentar instrumentalizar uma
ciência em vantagem de outra. No tempo medieval isso foi possível principalmente em
relação à Teologia, subordinando outros saberes, onde, na dúvida, a “razão teológica”
estaria no controle, como se esta tivesse a palavra, a verdade a priori. O diálogo hodier-
no requer o conhecimento interdisciplinar com os outros saberes e uma aplicação corre-
ta de métodos e conceitos como, por exemplo, a cultura de uma determinada sociedade.
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em face de uma ordem social em mudança”. A Antropologia no passado e presente,
está preocupada com o universo das diferenças e práticas educativas. Para Galli (apud
GUSMÃO, 1997) tais questões fazem convergir os estudos da cultura, no caso da
Antropologia, e dos mecanismos educativos, no caso da Pedagogia, o que possibilita
uma “Antropologia da Educação”.
Figura 6
Fonte: Getty Images
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UNIDADE Antropologia e Educação: Diálogos
estadunidensede sua época, por tomar parte em uma ideologia que confirma a domi-
nação e reprodução de uma sociedade centrada na ideia de liberdade, mas com uma
prática educativa de cunho conformista e coercitivo, no intuito de moldar os sujeitos
sociais adequados ao sistema produtivo, idealizando o modelo de cidadão. Para Boas
a diversidade social era desrespeitada no modelo político evolucionista estadunidense.
O culturalismo de Boas e o funcionalismo de Malinowski, “pais fundadores da etno-
grafia”, sistematizadores dos caminhos pelos quais “[...] o pesquisador deve ele mesmo
efetuar no campo a própria pesquisa” (LAPLANTINE, 1987, p. 75). O trabalho de
campo, ainda segundo Laplantine (1987), torna-se a própria fonte de pesquisa e a con-
dição modular da Antropologia, fazendo-se Ciência da alteridade, onde o outro tem a
sua lógica particular de cultura respeitada. No campo da Educação, as alunas de Boas,
Ruth Benedict e a tantas vezes mencionada Margaret Mead dedicaram-se ao campo
da Educação e à diversidade cultural, com contribuições salutares para que o diálogo
Antropologia/Educação não seja deixado para segundo plano.
Outros antropólogos que discutiam a escola e Educação nesse mesmo período foram
M. Herskovitz, R. Redfield e C. Kluckhol, críticos dos “testes de inteligência” e da visão
etnocêntrica da organização escolar muito em voga nas décadas de 1930 e 1940, o que
dificultava a integração cultural no âmbito do ensino, entre outras críticas direcionadas
à forma de Educação.
Para Rocha Lima (2011) “[...] a importante questão interdisciplinar no âmbito das
Ciências Sociais encontra, na relação entre Educação (o campo educacional) e Antro-
pologia, talvez a mais profícua das experiências interdisciplinares hoje existentes”; para
essa pesquisadora a Antropologia influencia inúmeras experiências de profissionais da
Educação, assim como a forma de abordar os temas que são importantes para a expe-
riência desse profissional (da Educação).
Segundo Edgar Morin (2003, p. 149 apud LIMA, 2011), “[...] os setores especializados
do saber são compartimentados e fecham-se em um domínio, muitas vezes delimitado
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de maneira artificial, ao passo que deveriam estar unidos em um tronco comum e se
comunicar entre si”.
Para Rocha Lima (2011) nos últimos anos tem brotado esforços no sentido de se
estreitar o diálogo, no Brasil, entre a Antropologia e Educação como, por exemplo, nos
encontros acadêmicos bianuais de Educação realizados no Norte e Nordeste. Nesses
eventos são apresentados avanços, além de se dirimirem dúvidas teóricas e metodológi-
cas e o “[...] lugar conferido à interdisciplinaridade no campo da pesquisa educacional”.
A relativização dos saberes e as conexões entre saberes diversos só se
fizeram em razão das experiências vividas e da integração no mundo e na
cultura de cada um. A exigência, portanto, de se pensar um saber e uma
aprendizagem diversa, porém de igual valor, coloca em vigência uma
ética no fazer antropológico e lhe dá uma dimensão política afinada com
seu tempo [...] a perspectiva de que o homem não apenas vive, mas que,
ao viver, questiona, cria sentidos, valores, mitos, artes e ideologias, que
ordenam sua compreensão de mundo, revoluciona o fazer etnográfico,
pois impõe o trabalho empírico, de campo, como fundamental na com-
preensão de outros povos e de nós mesmos. (GUSMÃO, 1997)
É desta forma que ao trazer para a realidade da escola este sentido de inserir-se na
vida da comunidade que ela representa é que se pode fazer da Educação algo real para
quem educa e a quem aprende; mas reafirmamos que este inserir-se deve obedecer a
teorias e métodos adequados, de modo que neste fazer interdisciplinar a Antropologia
pode colaborar com a Educação.
Figura 7
Fonte: Adaptada de Getty Images
Em Síntese
O objetivo desta Unidade não é esgotar um tema inesgotável como a questão da inter-
disciplinaridade. Neste sentido, a Antropologia pode ser uma das protagonistas do diá-
logo “interciências”, oferecendo ferramenta de análise teórico-metodológica adequada
para a Educação, principalmente através dos estudos culturais.
Vimos também que neste percurso a relação nem sempre é harmoniosa, mas como tudo
na vida, as Ciências Humanas precisam superar os obstáculos que se impõem para en-
contrar senão o melhor caminho, pelo menos o mais adequado para fazer o que é seu
sentido último, melhorar a vida e relação das pessoas.
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UNIDADE Antropologia e Educação: Diálogos
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Filmes
Entre os muros da escola
François Marin trabalha como professor de língua francesa em uma escola, locali-
zada na periferia de Paris. Ele e seus colegas de ensino buscam apoio mútuo na di-
fícil tarefa de fazer com que os alunos aprendam algo ao longo do ano letivo. Marin
tem na escola alunos problemáticos, violência, tensões étnicas entre os alunos, o
que testa sua paciência e, mais importante, sua determinação como um educador.
https://youtu.be/SIdal2w1K1U
Rita
Rita é uma série dinamarquesa de comédia dramática criada por Christian Torpe
para a TV 2. Estreou na Dinamarca em 9 de fevereiro de 2012 e foi concluída em
20 de julho de 2020, com 40 episódios transmitidos em cinco emporadas.
https://youtu.be/Jq0hwEXhnJ0
Amigas para Sempre
Firefly Lane é uma série de televisão americana dramática, estrelada por Katherine
Heigl e Sarah Chalke e desenvolvida por Maggie Friedman. A série é baseada no
romance de mesmo nome escrito por Kristin Hannah e estreou na Netflix em 3 de
fevereiro de 2021.
https://youtu.be/IREMcPoGb5g
Sex Education
O inexperiente Otis entede tudo de aconselhamento sexual, graças à sua mãe s exóloga.
Ele se junta com a rebelde Maeve para abrir uma clínica de terapia sexual na escola.
https://youtu.be/46DLtYfJ6WI
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Referências
BRANDÃO, C. R. O que é educação. 49 ed. São Paulo: Brasiliense, 2007.
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