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A norma jurídica

9.1 - Conceito

As normas jurídicas são estruturas fundamentais do Direito e nas quais são


gravados preceitos e valores que vão compor a Ordem Jurídica.

A norma jurídica é responsável por regular a conduta do indivíduo, e fixar


enunciados sobre a organização da sociedade e do Estado, impondo aos que a ela
infringem, as penalidades previstas, e isso se dá em prol da busca do bem maior do
Direito, que é a Justiça.

 Características mais marcantes da norma jurídica

É importante verificar que as normas jurídicas possuem características comuns,


sendo elas:

A Bilateralidade, é uma característica que possui relação com a própria estrutura da


norma, pois, normalmente, a norma é dirigida a duas partes, sendo que uma parte
tem o dever jurídico, ou seja, deverá exercer determinada conduta em favor de
outra, enquanto que, essa outra, tem o direito subjetivo, ou seja, a possibilidade
dada pela norma de agir diante da outra parte.

Uma parte, então, teria um direito fixado pela norma e a outra uma obrigação,
decorrente do direito que foi concedido.

Outra é a generalidade, característica relacionada ao fato da norma valer para


qualquer um, sem distinção de qualquer natureza, para os indivíduos, também
iguais entre si, que se encontram na mesma situação. A norma não foi criada para
um ou outro, mas para todos. Essa característica consagra um dos princípios
basilares do Direito: igualdade de todos perante a lei.

A abstratividade diz respeito ao fato de a norma não ter sido criada para regular
uma situação concreta ocorrida, mas para regular, de forma abstrata, abrangendo
o maior número possível de casos semelhantes, que ocorrem, normalmente, da
mesma forma. A norma não pode disciplinar situações concretas, mas tão somente
formular os modelos de situação, com as características fundamentais, sem
mencionar as particularidades de cada situação, pois é impossível ao legislador
prever todas as possibilidades que podem ocorrer nas relações sociais.

A imperatividade é uma característica essencial, pois a norma, para ser cumprida e


observada por todos, deverá ser imperativa, ou seja, impor aos destinatários a
obrigação de obedecer. Não depende da vontade dos indivíduos, pois a norma não
é conselho, mas ordem a ser seguida.
A coercibilidade, por fim, pode ser explicada como a possibilidade do uso da força
para combater aqueles que não observam as normas. Essa força pode se dar
mediante coação, que atua na esfera psicológica, desestimulando o indivíduo de
descumprir a norma, ou por sanção (penalidade), que é o resultado do efetivo
descumprimento. Pode-se dizer que a Ordem Jurídica também estimula o
cumprimento da norma, que se dá pelas sanções premiais. Essas sanções seriam a
concessão de um benefício ao indivíduo que respeitou determinada norma.

Classificações
Vários juristas apresentam diversas classificações para as normas, e, assim,
salienta-se as mais correntes, dependendo de cada critério.

* Em relação ao sistema que pertencem: leva em conta o local de atuação das


normas, e assim elas podem ser:

Nacionais: quando as normas devem ser observadas no limite de um país; 

Direito estrangeiro: quando apesar de pertencerem a outro país, poderá ser


aplicada no território do outro, pelas relações diplomáticas que possuem;

Direito uniforme: quando dois ou mais países adotam as mesmas leis, que são
usadas nos dois territórios.

* Em relação à fonte: leva em conta a origem das normas, e assim elas podem ser:

Legislativas: quando escritas e organizadas; 


Consuetudinárias: quando as normas advém dos costumes; 
Jurisprudenciais: quando são retiradas de decisões dos tribunais;

* Em relação à validez: essa característica se subdivide levando em conta o espaço,


tempo, e conteúdo material.
- No espaço: as normas podem ser:
Gerais: são aquelas que valem em todo o território nacional, sendo essas as leis
federais, 
Locais: são aquelas que atuam apenas em parte do território, podendo ser as leis
federais, estaduais ou municipais.

- No tempo: se classificam pela vigência:


Por prazo determinado: quando a própria lei determina o período que irá atuar; 
Por prazo indeterminado: quando a lei não prevê esse período de duração de sua
atuação.

- Âmbito material: se classificam pelo conteúdo:


Direito Público: quando o Estado seria uma das partes da relação, e impõe seu
poder, verificando, dessa forma, uma relação de subordinação;
Direito Privado: quando as partes são tidas como iguais, numa relação de
coordenação.

* Em relação à hierarquia: por essa classificação podem ser: 


Constitucionais: decorrem da Constituição Federal, ou de suas emendas. É a norma
mais importante do país, não podendo ser contrariada em nenhuma hipótese.

Complementares: complementam algumas omissões da Constituição Federal.


Possuem hierarquia logo abaixo das normas constitucionais. 
Leis ordinárias: estão localizadas num plano inferior. São as leis, medidas
provisórias e leis delegadas. 
Normas regulamentares: advindas dos decretos e as individualizadas, decorrentes
de testamentos e sentenças.

 Em relação à sanção: podem ser:

Perfeitas: quando a sanção para o descumprimento da norma é a nulidade do ato,


ou seja, age como se o ato nunca tivesse existido; 
Mais que perfeitas: quando a norma, além de considerar nulo o ato na hipótese de
descumprimento, prevê sanção para aquele que violou a norma; 
Menos do que perfeitas: quando o descumprimento da norma é combatido apenas
com a sanção (penalidade);
Imperfeitas: quando não prevê nem a possibilidade de sanção ou nulidade do ato
como consequência do descumprimento da norma;

 Em relação à qualidade: podem ser:


Positivas: quando a norma permite exige do indivíduo uma conduta compatível com
uma ação ou omissão;
Negativas: quando a norma implica na proibição de uma ação ou omissão.

* Em relação à vontade das partes: podem ser:


Taxativas: quando independem da vontade das partes por abrangerem conteúdos
de caráter fundamental;
Dispositivas: leva em conta a vontade das partes, por se referirem aos interesses
particulares, podendo ou não serem adotadas.

* Ainda quanto à vontade das partes, podem ser:

Rígidas: quando o conteúdo não oferece outras alternativas, sendo impositiva a


ordem (exemplo: aposentadoria compulsória).

Elásticas: quando admitem a maleabilidade da situação pelo juiz, por conter termos
de significação ampla (exemplo: "usos e costumes da região...");

Alguns aspectos que devem conter numa norma jurídica

A norma, ao ser elaborada, para que possa ser objeto de cobrança, impondo o
ajuste de condutas individuais, deve possuir vigência, ou seja, deve se apresentar
válida. A validade depende de requisitos técnicos- formais, tais como a obediência
ao procedimento previsto para elaboração da norma (processo legislativo), do
respeito à vacatio legis, ou seja, aguardar um período previsto para que depois da
publicação, a lei ingresse no mundo jurídico.

A eficácia, por sua vez, significa que a norma cumpriu a finalidade a que se
destinava, pois, foi socialmente observada, tendo solucionado o motivo que a
gerou. Uma lei é eficaz quando cumprida a sua função social.

A legitimidade, último requisito da norma jurídica, é ser originada do poder


competente, ou seja, ser produzida, por quem a lei autoriza.

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