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TRABALHO ESCRITO – FINAL | TEMA: CRESCIMENTO URBANO ESPONTÂNEO E RISCOS

DO TERRITORIO: CIDADE DA PRAIA “CABO VERDE” 2020/2021.

TRABALHO ESCRITO – FINAL


TEMA |: CRESCIMENTO URBANO EXPONTÂNEO E RISCOS DO TERRITORIO
CIDADE DA PRAIA “CABO VERDE”

UNIVERSIDADE: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa


UNIDADE CURRICULAR: Vulnerabilidade, Riscos e Territórios
TRABALHO: ESCRITO FINAL
ANO LECTIVO: 2020/2021
SEMESTRE: 3º Semestre
DOCENTE: Professor Doutor Carlos Machado
DISCENTE: Nivaldo Miguel Cardoso Semedo nº 58898
ÍNDECE

Introdução……………………………………………………………………………........1

Enquadramento e Caracterização…………………...……………………………….…2

Cidade da Praia: Crescimento Urbano……………….....………………………….…..3

Construções Clandestinas e Bairros Espontâneos………....………………………...7

Riscos Naturais Urbanos Associados……………………………………………….…11

Medidas Mitigadoras Implementadas………………………………………….………15

Conclusão…………..……………………………………………..……………………...19

Bibliografia….…………………………………………………………………………….20
ÍNDECE DE FIGURAS

Figura 1: Enquadramento Geográfico…………………………………………………..2


Figura 2: Evolução da malha Urbana da Cidade da Praia…....................................3
Figura 3: Evolução da Ocupação do espaço urbano na aglomeração da cidade da
Praia…………………………………………………………………………………………5
Figura 4: Ocupação espontâneos na cidade Praia…………………..………………..7
Figura 5: Ploreferação de assentamentos informais “Bairro da Jamaica” na cidade
Praia ………………………………………………………………….…………………….8
Figura 6: Loteamentos espontâneos nas periferias da cidade Praia…………..…...9
Figura 7: Loteamentos espontâneos nas periferias da cidade Praia…………….….9
Figura 8: Carta de declive e relevo/altimetria cidade da Praia……………………..10
Figura 9: Carta com exposição de áreas de riscos cidade da Praia………………11
Figura 10: Deslizamento de terra provocadas pela construção nas encostas…...12
Figura 11: Queda de escombros e depósito de resíduos sólidos no leito das
ribeiras…………………………………………………………………………………….12
Figura 12: Diversidade tipologias da construção clandestinas ao lado da cidade
planeada…………………………………………………………………………………..13
Figura 13: Bairros espontâneos tipos de riscos associados………………………..14
Figura 14: Cheias inundações na cidade da Praia resultante de construção nas
encostas…………………………………………………………………………………..15
Figura 15: Plantas temáticas informativas……………………………………………16
Figura 16: Conjunto habitacional casa para todos…………………………………..16
Figura 17: Esquema de enquadramento urbanístico………………………………..17
Figura 18: Obras de requalificação das encostas e drenagens……………………17
Figura 19: Obras de requalificação das encostas transformando-o em hortas
urbanos…………………………………………………………………………………...18

ÍNDECE DE QUADROS

Quadro 1: Evolução da população do concelho da Praia de 1979 a 2010………...6


Quadro 2: Evolução da população urbana da Praia de 1979 a 2010……………....6

Quadro 3: Evolução da população em alguns bairros espontâneos da cidade da


Praia ………………………………………………………………………………………10
RESUMO

No arquipélago de Cabo Verde, o fenómeno do exido rural é uma realidade


constante do dia dia a migração da população de campo para a cidade em
particular ao capital do país cidade da “Praia” a procura de melhores condições de
vida com isso aumentando o crescimento demográfico nos centros urbanos,
gerando grandes pressões sobre estes centros que se revelam incapazes de dar
respostas as necessidades das populações no que tange aos serviços básicos e
essenciais para a dignidade da pessoa humana tais como habitação, infrastruturas
de base, emprego etc. Os assentamentos informais corresponde a 50% da área
urbana incende-se maioritariamente nas encostas e nos leitos das ribeiras
aumentando cada vez mais as vulnerabilidades e riscos de deslizamentos e
desabamentos e descaracterização do território. O trabalho incide na pesquisa
documental e analise em loco com o objectivo de analisar e identificar os riscos de
território na cidade da Praia e perceber as suas origens, análise de construção
clandestina e as suas causas, riscos naturais cheias/inundações associados
derivados a assentamentos informais e as políticas de ordenamento de território
implementadas pela autarquia e do governo central no combate a esses
fenómenos.

Palavras-chaves: Vulnerabilidade, territórios, construção clandestina, Riscos,


Cidade da Praia.
1 INTRODUÇÃO

Segundo os dados da ONU, a população que vive em áreas urbanas ira atingir os
2,5 mil milhões de pessoas em todo em 2050, representando 68% da população
mundial. A crescente concentração de pessoas nas cidades cria um grande
desafio ao planeamento e ordenamento do território a escala mundial para
corresponder aos desafios urgentes de fenómenos contemporâneos como a
qualidade de vida urbana e a sustentabilidade ambiental e ecologia urbana.

“Os assentamentos informais, infelizmente encontram-se em sítio de risco, no caso


de Cabe Verde, especialmente na cidade da praia, o que aumenta a
vulnerabilidade das zonas nas encostas, zonas muitos expostas a todo tipo de
calamidade e isto piora a situação da cidade, portanto, um grande desafio para
Cabo Verde” (ONU-Habitat-Cabo Verde).

A expansão urbana e a ploreferação de bairros informais derivados a construção


clandestinas na cidade da praia que é resultante sobre tudo do exido rural
deslocamento em massa para a cidade da praia, a procura de emprego e melhores
condições de vida tende-se por abrigar em construções precárias nas encostas e
nos leitos da ribeiras trouxe uma conjunto de modificações no funcionamento dos
processos aumentando os riscos naturais devido a alteração topográfica,
fragilização das vertentes e o enfraquecimento do solo. Isto devido a falta de
planeamento a nível nacional causando assimetria regionais e fenómenos de
disparidades entre os territórios.

A cidade da praia não foge a regra a esses fenómenos uma vez que a pressão
devido a aumento exponencial da demografia e a procura de lotes para construção
e com défice de resposta das autoridades as pessoas procura o modelo mais Fazil
de construir “Auto construção” as construções surgem de noite para o dia sem a
fiscalização proliferam na horizontal expando resultando vários assentamentos
informais. Daí que urge medidas e politicas de ordenamento do território do
governo central e do poder local como forma de por cobro a esses fenómenos que
esta num ritmo bastante acelerado o que contribui para a descaracterização do
território e imagem urbana pouco qualificada da cidade.

1
2 ENQUADRAMENTO E CARACTERIZAÇÃO

O Município da praia é o maior de Cabo Verde, situando na costa ocidental


Africana a 500km do continente. De acordo com os dados do Instituto Nacional de
Estatística (dados do Censo 2010), estima-se que residem no conselho da Praia
cerca de 131.719 pessoas, 26.9% do total da população nacional 491.875,
distribuídas espacialmente no território municipal com cerca de 102 km² de área. O
crescimento demográfico, acima da média nacional, num ambiente com grande
défice habitacional “população de baixa renda” e forte pressão sobre as
infrastruturas básicas água, energia e saneamento que original o crescimento
urbano descontrolado, por défice de planeamento e gestão do solo, favorecendo
as construções clandestinas.

Figura 1: Enquadramento Geográfica do município dos pais e a região africana


Fonte: Plano Director Municipal (PDM)

No que se refere ao clima, o município bem como as restantes do arquipélago


encontra-se inserida na região árida do Sahel o clima árido ou semiárido com
característica tropical quente e seco.

“A temperatura média anual 25ºC que é caracterizado pelos contrastes de duas


estações perfeitamente marcadas: a das “águas” a mais quente e a das “brisas”.
Mas beneficia de maior frequência das chuvas, comparadas com as outras ilhas
devido ao efeito orográfico. A ilha, de natureza vulcânica, vista de longe, aparece
formada por duas massas montanhosas: a Serra do Pico de Antónia o cume mais
alto da ilha de Santiago a atingir os 1394m e a Serra Malagueta mais a norte”
(Amaral,1964. Pág.17).

2
A geomorfologia da Praia caracteriza-se por um conjunto de montes, planaltos e
vales circundantes. As arribas dos planaltos recebem a designação de achadas
(Achada de Santo António, Achada de São Felipe, Achada Eugénio Lima, Achada
Grande, Achadinha, Achada Mato etc).

2.1 CIDADE DA PRAIA: CRESCIMENTO URBANO

Uma dos grandes desafios, em particular os países em vias de desenvolvimento é


o rápido ritmo de crescimento da população com tendência migratória para os
centros urbanos provocando grande pressão sobre os territórios das cidades. Ora
Cabo Verde apresenta uma das taxas mais altas da urbanização das mais altas da
África, cerca de 61.8% da população reside nas áreas urbanas (INE, 2010).

A decadência de Ribeira Grande de Santiago deu-se lentamente devido á


insularidade da cidade e aos constantes ataques dos corsários e frotas inimigas.
Um alvará, em 1612, oficializava a transferência da capital para Praia
(Fernandes,1996).

O planalto central que esteve na base da formação e evolução de todo o


assentamento humano da Cidade da Praia é designado Plateau, que é hoje o
centro histórico da cidade “Platô”. A ocupação urbana faz-se sobre planaltos, nas
encostas e ao longo dos vales que foram as principais ribeiras que constituem as 5
hidrografias da Praia.
1886 1946 1968-79

1996 2010 2019

Figura 2: Evolução da malha Urbana da Cidade da Praia


Fonte: Adaptado Plano Detalhado de Salvaguarda do Centro Histórico da Cidade da Praia

3
Durante muito tempo, nas primeiras décadas do período da independência, só o
Plateau era considerado cidade, estando relegados á categoria de subúrbios os
restantes bairros, o que até certo ponto ajuda a explicar os cuidados na ocupação
urbana adequada e formal do centro da cidade, com equipamentos e infra-
estruturas próprias, em contraste com o desenvolvimento orgânico e
aparentemente um “caos” dos restantes bairros.
“Praia viu o seu crescimento prosseguir de forma acelerada a partir da
independência ano 1975, pois nessa altura o plateau e uma fraca ocupação das
áreas residenciais da Achadinha, fazenda, Lém ferreira, orla da Achada Santo
António e Prainha configuraram o espaço urbano com carências de infra-
estruturas, equipamentos e serviços” (CMP, 1998, pág.32).

“A evolução da mancha urbana da cidade da Praia para fora dos limites do centro
da cidade (plateau), aconteceu a partir da década setenta em que os núcleos
populacionais dispersos, expandiram-se em manha de óleo, com tendência ao
preenchimento dos espaços intersticiais que atingiram as porias encostas. Este
processo espontâneo dos intersticiais que atingiram as próprias encostas. Este
processo espontâneo, clandestino, sem princípios urbanísticos, desordenados e
fora do controlo do município continua ainda hoje. Esta ocupação seguiu os
seguintes períodos temporais”: (Medina do Nascimento 2003, pág. 69-71).

Analisar o crescimento da cidade, nota-se que a evolução da malha urbana


começou-se a partir do centro histórico da cidade “Platô” com quarteirões em
forma quadricular com alinhamentos rectilíneos formando-se a malha urbana
ortogonal. Com a evolução do tempo e com a consolidação do perímetro do
plateau a cidade começou-se a crescer na horizontalmente em direcção as
periferias formam-se vários aglomerados de forma espontânea sem o
acompanhamento de qualquer politicas publicas de ordenamento de território
resultando em ocupação esporádica conforme as necessidades das pessoas
tornando os aglomerados com forte índice de construção e desorganizado e
edificados muito precárias.

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Figura 3: Evolução da Ocupação do espaço urbano na aglomeração da cidade da Praia
Fonte: Medina do Nascimento, 2009

“Em 1969, todos os bairros tinham menos de 50% da sua área edificada com
excepção do Plateau que contava com 67.7% do seu solo ocupado. Para além do
Plateau, já nessa altura, podiam-se identificar os seguintes bairros: Achada Santo
António, Achadinha (Bairro Craveiro Lopes), Vila Nova, Achada Grande Frente,
São Felipe, Várzea, Fazenda, Paiol, Castelão, Ponta D´água, Calabaceira,
Achadinha Pires (Amaral, 1964,pag. 337-338); São Pedro Latada, Pensamento,
Chã de Areia, Tira Chapéu, Lêem Ferreira, Lêem Cachorro além de algumas casas
isoladas existentes dentro dos limites administrativos actuais, mas que não eram
representativos” (Nascimento, 2009,pag. 196-197).

5
Quadro 1: Evolução da população do concelho da Praia de 1979 a 2010
Fonte: Adaptado Instituto Nacional de Estatística (INE)

“A população das principais cidades e, particularmente, a da capital (Cidade da


Praia) tem sofrido um crescimento muito acelerado nos últimos anos. A praia
alberga actualmente cerca de 27% da população nacional (491683 habitantes, em
2010). Este crescimento tem sido fomentado tanto pelos fluxos migratórios internos
(êxodo rural e migração das restantes ilhas) como externos, provenientes dos
países vizinhos da África Ocidental. Este ritmo acelerado do crescimento
populacional na capital (Quadro 2) não tem sido acompanhado por políticas e
programas habitacionais e do solo capazes de dar respostas eficaz a procura.
Consequências disso é a proliferação de bairros espontâneos” (Cadernos de
Geografia nº 30/31- 2011/12 Coimbra, FLUC. Pág. 117-130).

Quadro 2: Evolução da população urbana da Praia de 1979 a 2010


Fonte: Adaptado Instituto Nacional de Estatística (INE)

“O intenso crescimento registado nos bairros espontâneos acaba por tornar-se


num problema de grandes complexidades para as autoridades autoridades política
e administrativas da capital e, apesar do enorme esforço de mitigação do problema
através da elaboração de planos de ordenamento e, mesmo de alguma
fiscalização. Este acaba por se revelar insuficiente para por termo a uma situação
instalada. Os bairros ilegais ilegais de ocupação espontânea localizam-se, na sua

6
maioria, em áreas de riscos muito elevada (principalmente nos leitos de cheias das
ribeiras e em vertentes declivosas) e são ocupados, fundamentalmente, por uma
população de muito baixo rendimento. A vontade de ter uma casa própria para
fugir ao pagamento das elevadas rendas, as dificuldade de acessibilidade a
terrenos para construção em locais já urbanizados e, consequentemente, mais
seguros, devido ao elevado custo e ou elevada demora e burocracia nos serviços
municipais, bem como a influencias de politicas de habitação social, são alguma
das razões que levam a população de baixo rendimento a construir nestas áreas
de elevada suscebilidade aos riscos naturais, ficando muito vulneráveis a
manifestação, seja de inundações, seja de movimentos de materiais em vertentes”
(Cadernos de Geografia nº 30/31- 2011/12 Coimbra, FLUC. Pág. 117-130).

2.2 CONSTRUÇOES CLANDESTINAS E BAIRROS ESPONTÂNEOS

Figura 4: Ocupação espontâneos na cidade Praia


Fonte: Câmara Municipal da Praia (CMP)

A nível de traçados urbanos existentes na cidade da Praia cerca de 6km² valendo


44% do solo urbano actual que foram produzido elaborados e produzidos através
de planos urbanísticos. As ocupações que não foram previamente planeadas

7
representam cerca de 8km² (56%), dos quais 5km² de superfície pertencente aos
bairros de crescimento espontâneo mais recentes.

Segundo o Censo 2010, Praia detém actualmente cerca de 37.127 alojamentos,


dos quais foram estimados 36.030 urbanos e 1.097 rurais/periurbanos. Nos
alojamentos urbanos, estima-se que apenas 20% estão inseridos nos traçados das
malhas da “Cidade Formal” estando os restantes 80% distribuído pelas AUGI
(Cidade Informal), sendo metade ocupada pelos bairros espontâneos mais
recentes, e a outra metade pelos traçados de malha urbana dos bairros em
consolidação.

A ocupação urbana deixou-se de seguir os tramites legais, com controle na


administração local nos cumprimentos da legislação “licenciamento dos projectos e
execução de obras” cumprindo os regulamentos despostos no plano de pormenor.
Acabou por gerar proliferações de moradias unifamiliares inacabadas cujo a cor
cinzenta e a principal característica na imagem da cidade da Praia.

Figura 5: Ploreferação de assentamentos informais “Bairro da Jamaica” na cidade Praia


Fonte: Perfil Urbano Cidade da Praia, 2013
“O surgimento das áreas urbanos de génese ilegal e os fenómenos da construção
espontâneas/ clandestinas estão intimamente relacionados com o défice do poder
público na produção do solo urbano, para fazer face ao crescimento populacional,
sendo o fenómeno aproveitado para as mais variadas especulações e
oportunidade para o lucro rápido” (Perfil Urbano Cidade da Praia, 2013).
Mais de dois terços da população da cidade da praia habitam em zonas
vulneráveis e de risco (encostas, leito das ribeira e linhas de água) limitando a
acessibilidade para a circulação pedonal e transportes públicos e particulares e
outros serviços básicos.

8
O fenómeno das construções clandestinas, resultam-se de conjunto de
loteamentos espontâneos formando se aglomerado ao longo do tempo mas o titulo
do superfície emitida pela administração local. A partir da década de 1990
começaram-se a delimitação dos lotes avançando em direcção para a periferia da
cidade pelos próprios residentes mais próximos do centro urbano da cidade e
aproveitaram da passividade e falta de fiscalização das autoridades para
comercializarem as pessoas do movimento migratório do meio rural para a cidade
“êxodo rural”, neste processo o loteador eram as pessoas singulares a apropriaram
do solo urbano consoante as suas necessidades.

Figura 6: Loteamentos espontâneos nas periferias da cidade Praia


Fonte: inforpress.cv

A falta de política de habitação social, e rendas acessíveis e o preço m² do terreno


nos loteamentos disponível nos planos urbanísticos não acompanha o pedre de
compra das pessoas uma vez que a vulnerabilidades das pessoas que são
maioritariamente vendeira ambulante trabalhando nos factores informais.

As construções são feias de forma faseada e a ritmo diferentes conforme as


condições financeiras dos agregados familiares e com ajudas de mão-de-obra dos
moradores nas proximidades o processo construtivo avança a noite e aos finais de
semana despistando a fiscalização municipal.

Figura 7: Loteamentos espontâneos nas periferias da cidade Praia


Fonte: inforpress.cv

9
Quadro 3: Evolução da população em alguns bairros espontâneos da cidade da Praia
Fonte: Praia bairros espontâneos (CMP)

As zonas de ocupação clandestina formando-se aglomerado são catalogados no


Plano Director Municipal (PDM) como sento áreas de riscos vertentes expostas as
fragilidades do solo, com forte probabilidade de ocorrência de riscos e catástrofes
naturais e declives bastantes acentuados. As construções apresentam-se grande
precariedade sem comprimento de regras definidas na legislação e técnicas
construtivas adequado e não licenciamento de construções “inexistência de
projectos de Arquitectura e especialidades” recorrem a auto construção.

Figura 8: Carta de declive e relevo/altimetria cidade da Praia


Fonte: Adaptado do PDM (CMP)
Os matérias de construções com mais predominância são cimento e tijolos
artesanais sem qualidade e com forte índice de vazios. As classes ainda mais
vulneráveis a níveis económicos utilizam matérias provenientes dos resíduos tais
como madeiras, papelão, placas de latão e plástico. A precariedade dessas
habitações dificulta o acesso a serviços básicos electricidade, água, esgoto e
recolha de lixo o que leva que os resíduos sejam deitam nas encostas tornando o
solo cada vês mais vulnerais a riscos.

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2.3 RISCOS NATURAIS URBANOS ASSOCIADOS

“Excepto em alguns casos, no geral a ocupação de espaço tem vindo a ser


efectuado de forma desordenada, ao longo dos anos sem plano urbanístico
definido. Os assentamentos informais construídos em áreas que apresentam
riscos param sua integridade, como encostas de montanhas ou morros expostos a
deslizamentos de terra, cheias e inundações provocados por chuvas fortes”
(Relatório final Cabo Verde, 2013 SIERA).

“Concedera que o risco nasce de um processo perigoso ou de um ameaça


potencial que pode ter diversas origens e que é sentida pelos indivíduos, podendo
durante a sua manifestação, prejuízos as pessoas, aos bens e a organização do
território” (Veyret, 2007).

Figura 9: Carta com exposição de áreas de riscos cidade da Praia


Fonte: Adaptado do PDM (CMP)
“O comportamento das pessoas perante o risco e as suas manifestações é baseado
na interpretação que cada um faz da realidade, sendo diferente de pessoas para
pessoa. As diversas leituras da realidade encontram-se ligadas ao local, a idade, a
história de vida, as vivencias, a formação, entre outros factores, e dai que, mesmo
vivendo em comunidade, cada individuo percebe e interpreta os factos de acordo com
a sua bagagem geográfica, culturais, sociais intelectual ou económica” (Souza e
Romualdo, 2009).

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“O risco ligado a ocorrência de uma inundação esteve ligado desde sempre à
utilização e gestão dos cursos de água e áreas ribeirinhas, ou seja, as diversas
formas de ocupação das margens e leitos de cheias, quer na localização de
aglomerados, quer nos usos agrícolas, quer ainda na expansão de outras
actividades socioeconómicas. No fundo dos vales, e devido à ocupação dos leitos
de cheias das ribeiras para construção de habitações” (Carvalho, 2009).

Figura 10: Deslizamento de terra provocadas pela construção nas encostas


Fonte: inforpress.cv
As inundações e os movimentos em massa, principalmente fluxos e quedas de
blocos são frequentes, contribuindo quer para a degradação ambiental, quer para
a degradação da qualidade de vida citadino. A vulnerabilidade é ainda maior em
zonas de elevada perigosidade, ocupadas pela população de baixa renda, sem
grande capacidade de resposta e de resiliência diante a manifestação de riscos.

Figura 11: Queda de escombros e depósito de resíduos sólidos no leito das ribeiras
Fonte: Fonte: inforpress.cv

As construções clandestinas nas encostas e leitos das ribeiras dificultando


drenagens nas encostas e o entupimento das linhas de águas com escombros e
proveniente da construção como obstáculos de drenagens de água provocando o
alagamento das águas pluviais para as moradias nas proximidades. A falta de
drenagens nas cotas mais baixa da cidade acumula águas, lamas e escombros
provocando desabamentos de casas, estradas e pontes tornando as circulações

12
intransitáveis. O empoçamento de água estagnada nos centros urbanos criando
doenças e epidemias pondo em causa a saúde pública.

“A expansão urbana vem sendo pautada por grandes dificuldades em harmonizar


as ocupações clandestinas com as do plano oficialmente elaborados, quer pela
Câmara Municipal da Praia, quer por privados, bem como direccionar, de forma
equitativa, os investimentos para a solução dos problemas decorrentes do
agravamento das deficiências dos sistemas de abastecimentos de água e energia
eléctrica, saneamento básico, mobilidade urbana, manifestações culturais, etc”
(Directiva Nacional de Ordenamento de Território).

“Não existe uma cultura de continuidade na ocupação do território. Observa-se


estas descontinuidades de ocupação, pois tanto se podem encontrar habitações
legais como clandestinas, descontinuas e deslocadas do tecido urbano, facto que
descaracteriza a cidade e é o factor de desordenamento do território, não
contribuindo nem para a racionalização da ocupação do território, nem para a
rentabilização das infrastruturas e dos equipamentos públicos e urbanos” (Silveira,
2011).

Figura 12: Diversidade tipologias da construção clandestinas ao lado da cidade planeada


Fonte: Inundações Urbanas, Isabel Lima

13
Todos esses acontecimentos devem ser visto pela as autoridades competente
como forma de melhor planeamento e ordenamento do território como um todo
englobando todo a parte do território porque as causas deste fenómenos advém de
varias necessidade das pessoas em atingir a qualidade de vida tais causas são:

 Êxodo Rural e migração interna;


 Carências habitacionais e inexistências de políticas urbanísticas e de
habitação;
 Elevado custo dos projectos de arquitectura e especialidade em relação ao
salário mínimo vigente nos pais;
 Dificuldade de acesso aos terrenos urbanizados;
 Procedimento burocrático da obtenção da licença de construção;
 Preço de licenciamento, relativamente alto.

Figura 13: Bairros espontâneos tipos de riscos associados


Fonte: Celestino Afonso 27/11/2014

14
Figura 14: Cheias inundações na cidade da Praia resultante de construção nas encostas e nos leitos das
ribeiras
Fonte: Fonte: inforpress.cv

3 MEDIDAS METIGADORAS IMPLEMENTADAS

A situação de desordem e problemática dos solos alastrou-se com ocupação do


solo a crescer a um ritmo bastante acelerado as encostas e os leitos das ribeiras a
aumentar as construções clandestinas a massificar o solo urbano ocorrendo
deslizamento de terra e enxurradas nas épocas das chuvas o que levaram o poder
locar local a tomar algumas medidas de política publica de forma a mitigar a
situação que já estava fora do controle.

A partir de 2011 é aprovado o Regime Jurídico da Reabilitação Urbana que tem


por base e princípios “Instituir um modelo de gestão das intervenções de
reabilitação urbana, centrado na constituição, funcionamento, atribuições e
poderes das sociedades de reabilitação urbana, procedendo ao enquadramento
normativo de reabilitação urbana ao nível programático, procedimental e de
execução a qual se associa-se a delimitação das áreas de intervenção”. (Ramos,
Miguel António, 2012).

15
A lei de bases do Ordenamento de Território e Planeamento Urbanístico (BOTPU),
nº 1/2006 é disciplina “ a prevenção, uso, transformação, ordenamento e
fiscalização das actividades sobre o solo. Definindo a hierarquia dos planos
urbanísticos: Plano Director Municipal (PDM), o plano de Desenvolvimento Urbano
(PDU) e o Plano Detalhado (PD).

Figura 15: Plantas temáticas informativas, Planos e compromissos urbanísticos


Fonte: Adaptado PDM, Praia

Com o intuito de combater as construções clandestinas e o défice habitacional em


Cabo Verdes surgi o programa nacional de habitação social ”Casa para Todos”
que consistia na construção de blocos de apartamentos para varias classes sociais
em áreas urbanizadas enquanto a nível local surgi o Programa de Regularização
de Assentamentos informais “PRACIMP” que consistia na legalização dos
assentamentos informais existente fazendo o levantamento do existente e o seu
respectivo enquadramento com projectos para melhorias de condições de
habitabilidade integrando-as nos planos de requalificação urbana.

Figura: Plantas temáticas informativas, Planos e compromissos urbanísticos


Fonte: Fonte: Adaptado PDM, Praia

Figura 16: Conjunto habitacional casa para todos


Fonte: MIHOT, Cabo Verde

16
Figura 17: Esquema de enquadramento urbanístico
Fonte: Boletim Oficial CMP, 2013

Com o objectivo de mitigar os riscos associados ao território resultante do


crescimento espontâneo e construção clandestinas nas encostas e nos leitos das
ribeiras a implementou “Programas de Requalificação Urbana e Ambiental”
associado aos programas do governo “PRAA” Programa de Requalificação
Ambiental e Acessibilidas que consiste nos trabalhos de reordenamento das
encostas e drenagens de forma a combater os deslizamentos e movimentos de
massa nas vertentes e acessos.

Figura 18: Obras de requalificação das encostas e drenagens


Fonte: Boletim Oficial, 2013

Estas, encostas ocupada pelas construções clandestinas constituem-se um perigo


em si para os moradores e para a parte baixa da cidade. Uma vez que projectava
escombros, pedras, lamas, movimentos de massa nas épocas das chuvas e
desabamento de moradias.

17
“Os grupos sociais que enfrentam dificuldades a habitação condigna refugiando
para as encostas e leitos das ribeiras com o intuito de ter um abrigo. Assim estas
politicas apesar de englobar um desenvolvimento habitacional, deve
fundamentalmente, enfocar-se especialmente nos grupos mais vulneráveis.
Moradores de assentamentos informais apresentam vulnerabilidade relacionada
tanto a qualidade das construções, de regularidade e seguridade das construções,
entre outros. Ademais, tem acesso dificultado a serviços e, quando presentes,
pagam preços mais altos que os seus homólogos formais” (Politicas Nacional de
Habitação de Cabo Verde, 2019).

Figura 19: Obras de requalificação das encostas transformando-o em hortas urbanos


Fonte: Boletim Oficial, 2013

18
4 CONCLUSÃO

Após, a análise conclui-se que a cidade da Praia no início da sua ocupação a


cidade como a maioria da cidade do mundo começa a nascer a beira do mar, rios
onde o objectivo era comércio e trocas de serviços. A cidade da Praia não se foge
a regra surgindo a beira do mar nos arredores do antigo cais de São Januário
dando o início as habitações no planalto do “Platô” situando a 30m de distância do
nível médio do ar. Platô pela sua localização privilegiada contornando a baía foi
tido como ponto estratégicos para fixação de estruturas defensivas para a defesa
da cidade. A partir do platô deu se inicio ao primeiro alinhamentos na formação da
urbe, com quarteirões quadriculadas e ruas rectilíneas formado uma malha urbana
ortogonal até ali a urbe era organizada com espaços de lazer, áreas residências,
comércio e serviços. Com o evoluir do tempo o território começa-se a expandir-se
para parte baixa da cidade e outras achadas de uma forma aleatória, sem o
acompanhamento do plano urbanístico. Com a independência nacional em 1975 e
com o crescimento da população nacional, com a falta de emprego no interior do
país houve grande massa de migração do campo para cidade “Êxodo Rural” a
procura de melhores condições de vida mas também a onda dos emigrantes da
sub-região da África Ocidental. A cidade na altura não tinha oferta de alojamentos
suficiente para corresponder a procura e não havia política de solos e as pessoas
na necessidade de abrigar-se começaram a construir nas encostas e nos leitos
das ribeiras em condições precárias e sem qualquer fiscalização das autoridades
competente. Com a evolução do tempo e o forte ritmo de crescimento da
população houve ploreferação de construções clandestinas formando-se em
aglomerados causando graves problemas na cidade “Caos urbano”. A situação
alastrou-se colocando a cidade em situação de grande vulnerabilidade, riscos e
catástrofes naturais” o que acabou por acontecer de uma forma continua (erosão,
movimento de massa, deslocamentos de rochas nas encostas, deslizamentos de
terras, inundações e enchentes principalmente na época das chuva). Com isso as
autoridades “Câmara Municipal da Praia e o Governo” começaram a delinear
politicas de ordenamento de território com planos directores Municipais e planos
especiais de requalificação urbana intervindo nas AUGI e no edificado por forma a
tentar mitigar a situação e até então tem estado a combater o fenómeno mas este
tem revelando bastante complexo devido as limitações financeiras do país. As
politicas implementadas que a nível do governo através de vários programas quer
pela câmara municipal tem-se sortido alguns efeitos diminuindo os riscos do
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território mas o fenómeno é muito mais abrangente que mesmo com planos de
urbanização ainda não se conseguiu acompanhar o ritmo das construções
clandestinas tendo a cidade da Praia com uma imagens assobiada e cinzenta e
sofrendo catástrofes naturais e inundações a mais alarmante as cheias de 2019
que alagou toda a parte baixa da cidade, entupimento de valas, desabamento de
construções pondo a vista o falhanço das politicas implementadas ente então.
Urge uma rápida implementação das políticas de ordenamento de território no seu
sentido amplo combater as assimetrias regionais aliviando os centros urbanos das
pressões migratórias medidas essas assertivas e técnicas de execução modernas
e adequadas para maior coesão do território e promover a qualidade de vida para
todos.

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5 BICLIOGRAFIAS

Politicas Nacional de Habitação de Cabo Verde, 2019.

Assentamentos Urbanos Informais e Riscos Associados Praia Cabo Verde,


Celestino Afonso
Dissertação de Mestrado “Requalificação dos Bairros Precários da Cidade da
Praia” Kesia Mascarenhas de Oliveira Lima

Plano Director Municipal da Praia (PDM, CMP)

Tese Mestrado Gestão do Território e urbanismo “Áreas Residenciais Clandestinas


na Cidade da Praia”: Caso Latada e Achada Eugénio Lima Trás, Enoque Monteiro
Barbosa da Silva

Tese Mestrado SIG Avaliação das dinâmicas do crescimento urbano na cidade da


Praia de 1969 a 2010, Cabo Verde, Patrik da Silva

Revista Brasileira de Geografia Física, “O Município da Praia: Governança e


desenvolvimento Sustentável, Judite Medina do Nascimento, Antero Lopes,
Zuleica Pires 2012
Crescimento urbano espontâneo e riscos naturais na cidade da Praia (Cabo Verde)
Cadernos de Geografia nº 30/31 – 2011/12 Coimbra, FLUC – pp. 117-130
Tese Mestrado ordenamento do Território, Inundações Urbanas: Desafios ao
ordenamento de território caso da praia cabo verde, Isabel Lima

Mapping Urban Expansion and Exploring Its Driving Forces in the City of Praia,
Cape Verde, from 1969 to 2015

Perfil Urbano da Cidade da Praia, 2013

Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde (INE)

O Município da Praia: governança e desenvolvimento urbano sustentável, Judite


Medina Nascimento, Setembro 2011.

Systematic Inventory Evaluation For Risk Assessmente – SIERA Relatorio final


Cabo Verde, Dezembro de 2013.

Natural urban risks in Praia (Cape Verde). Risk analysis and Territorial Planning,
Silvia Monteiro, Lucio Cunha, George Satander Freire

Cheias/Inundações:Vulnerabilidaes e Informalidas na Cidade da Praia, Cabo


Verde, Ana Mafalda Rodrigues,

Inforspress.cv

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