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CADERNOS UniFOA

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA


FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA

ISSN 1809-9475
CADERNOS UniFOA
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA
FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA

ANO IV - Nº 10 - agosto/2009

FOA
EXPEDIENTE

FOA UniFOA
Presidente Reitor
Dauro Peixoto Aragão Alexandre Fernandes Habibe

Vice-Presidente Pró-reitora Acadêmica


Jairo Conde Jogaib Cláudia Yamada Utagawa

Diretor Administrativo - Finaceiro Pró-reitora de Pós-Graduação,


José Vinciprova Pesquisa e Extensão
Maria Auxiliadora Motta Barreto
Diretor de Relações Institucionais
Iram Natividade Pinto

Superintendente Executivo Cadernos UniFOA


Eduardo Guimarães Prado Editora Executiva
Flávia Lages de Castro
Superintendência Geral
José Ivo de Souza Editora Científica
Maria Auxiliadora Motta Barreto

Comitê Editorial Conselho Editorial ad hoc


Agamêmnom Rocha Souza Claudinei dos Santos Ribeiro
Mauro César Tavares de Souza Doutor em Engenharia de Materiais - Escola de Engenharia de
Ranieri Carli de Oliveira Lorena - Universidade de São Paulo - EEL/USP
Rosana Aparecida Ravaglia Soares
Diamar Costa Pinto
Conselho Editorial Doutor em Biologia Parasitária - Fundação Oswaldo Cruz
Antônio Henriques de Araújo Junior
Carlos Roberto Xavier Fabio Aguiar Alves
Clifford Neves Pinto Doutor em Biologia Celular e Molecular - Universidade Federal
Edson Teixeira da Silva Junior Fluminense
Flávio Edmundo N. Hegenberg
Ilda Cecília Moreira da Silva Igor José de Renó Machado
Renato Porrozi de Almeida Doutor em Ciências Sociais - Universidade Estadual de Campinas
Denise Celeste Godoy de Andrade Rodrigues - Professor do Departamento de Antropologia - UFSCAR

Maria José Panichi Vieira


Revisão de textos Doutora em Engenharia Metalúrgica pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro
Maricinéia Pereira Meireles da Silva
Marcel Alvaro de Amorim Ruthberg dos Santos
Doutor em Administração pela Universidade de São Paulo

Douglas Mansur da Silva


Doutor em Antropologia Social – Univercidade Federal de Viçosa

Capa Editoração
Daniel Ventura Laert dos Santos
Centro Universtitário de Volta Redonda - UniFOA

Campus Três Poços

Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325


Três Poços, Volta Redonda /RJ
CEP 27240-560
Tel.: (24) 3340-8400 - FAX: 3340-8404
www.unifoa.edu.br

Versão On-line da Revista Cadernos UniFOA


http://www.unifoa.edu.br/portal_pesq/caderno/index.html

FICHA CATALOGRÁFICA
Bibliotecária Alice Tacão Wagner - CRB 7 - 4316

UniFOA. Cadernos UniFOA. Ano IV nº 10, agosto.


Volta Redonda: FOA, 2009.

Periodicidade Quadrimestral
ISSN 1809-9475

1. Publicação Periódica. 2. Ciências Exatas - Periódicos.


3. Ciências Sociais aplicadas - Periódicos. 4,. Ciências da
Saúde - Periódicos. I. Fundação Oswaldo Aranha.
II. UniFOA - Centro Universitário de Volta Redonda.
III. Título

CDD 050
SUMÁRIO

EDITORIAL ................................................................................................................................................................. 09

CIÊNCIAS EXATAS

Laboratório Virtual de um Sistema Elétrico de Alta Potência


Jason Paulo Tavares Faria Junior ...............................................................................................................................................................11

Projeto e Construção do Aparato Jominy: Uma Contribuição para a Pesquisa no UniFOA


Professor Doutor Carlos Roberto Xavier, Tarcisio dos Santos Gonçalves, João Antonio de Araújo Sousa, Luiz Carlos de Andrade Vieira e
Célio de Jesus Marcelo......................................................................................................................................................................15

Tuning em Banco de Dados


Ana Paula dos Santos Souza, Bruno Fidelis Campos, Carla Glênia Guedes Dias, Michel Batista Alves, Carlos Eduardo Costa Vieira, Flávio
Campos Carelli e Luiz Fabiano Costa de Sá ................................................................................................................................................19

CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E HUMANAS

A dificuldade no aprendizado da Língua Inglesa


Bethania Márcia Montrezor e Alexandre Batista da Silva .........................................................................................................................27

Aplicações do Enfoque Sistêmico nas Estruturas de Ensino e Pesquisa em Administração


Agamêmnom Rocha Souza, Cláudia Cristine Zamboti Francisco e Cinthia Cristine Zamboti Francisco ...................................................33

CSN e Responsabilidade Sócio-Ambiental: Conscientização, Estratégia ou Necessidade?


Rita de Cássia Santos Carvalho, José Luiz Trinta e Fátima Cristina Trindade Bacellar ...........................................................................41

CIÊNCIAS DA SAÚDE

Aneurisma Dissecante de Aorta: A importância do diagnóstico precoce. Revisão de Literatura e Relato de Caso
Fernanda Lopes Marinho, Lucas Mendes, Renata F. Carvalho e Mauro Tavares .................................................................................................55

Perfil Nutricional de Idosas frequentadoras da Faculdade da Terceira Idade


Érica Cristina Moreira Guimarães, Lorena Silva dos Santos, Bruna Moraes de Jesus, Natalia Almeida Pastana e Margareth Lopes Galvão Saron
..................................................................................................................................................................................................................67

Propriedades de cerâmicas dentárias consolidadas pela técnica gelcasting


Arthur Kimura, Claudinei dos Santos, Fernando dos Santos Ortega, Rockfeller Maciel Peçanha, Alexandre Fernandes Habibe e Sizue Ota Rogero
....................................................................................................................................................................................................................73
LIST OF CONTRIBUTIONS

EDITORIAL ................................................................................................................................................................. 09

ACCURATE SCIENCES

Virtual laboratory of an Electrical system of High Power


Jason Paulo Tavares Faria Junior ...............................................................................................................................................................11

Design and Construction of the Jominy Apparatus: A Contribution for the Research at the UniFOA
Professor Doutor Carlos Roberto Xavier, Tarcisio dos Santos Gonçalves, João Antonio de Araújo Sousa, Luiz Carlos de Andrade Vieira e
Célio de Jesus Marcelo......................................................................................................................................................................15

Data base Tuning


Ana Paula dos Santos Souza, Bruno Fidelis Campos, Carla Glênia Guedes Dias, Michel Batista Alves, Carlos Eduardo Costa Vieira, Flávio
Campos Carelli e Luiz Fabiano Costa de Sá ................................................................................................................................................19

SOCIAL SCIENCES APPLIED AND HUMAN BEINGS

The difficulty in English Language Learning


Bethania Márcia Montrezor e Alexandre Batista da Silva .........................................................................................................................27

Systemic Aspect Applications of the Education and Research Structures in Administration


Agamêmnom Rocha Souza, Cláudia Cristine Zamboti Francisco e Cinthia Cristine Zamboti Francisco ...................................................33

CSN and Corporate Social Responsibility: Awareness, Strategy or Necessity?


Rita de Cássia Santos Carvalho, José Luiz Trinta e Fátima Cristina Trindade Bacellar ...........................................................................41

SCIENCES OF THE HEALTH

Dissecting aortic aneurysm: the importance of the early diagnostic. Literature review and reported case
Fernanda Lopes Marinho, Lucas Mendes, Renata F. Carvalho e Mauro Tavares .................................................................................................55

Nutritional profile of elderly who frequent The Third Age Faculty


Érica Cristina Moreira Guimarães, Lorena Silva dos Santos, Bruna Moraes de Jesus, Natalia Almeida Pastana e Margareth Lopes Galvão Saron
..................................................................................................................................................................................................................67

Properties of dental ceramics obtained by gelcasting method


Arthur Kimura, Claudinei dos Santos, Fernando dos Santos Ortega, Rockfeller Maciel Peçanha, Alexandre Fernandes Habibe e Sizue Ota Rogero
....................................................................................................................................................................................................................73
9

Editorial

Aqueles que já nos conhecem, sabem que a revista Cadernos UniFOA é a concretização de
um desejo institucional de publicar idéias e pesquisas desenvolvidas por nossos professores e alunos.
Ao longo dos dez números publicados, nossa preocupação foi sempre estabelecer a revista como um
referencial para projetos científicos que denotem a importância e a necessidade da investigação e
de sua expressão escrita, permitindo a troca de informações interna e externamente. Dessa forma,
através do Cadernos Unifoa, marcamos nossa presença na comunidade científica e acadêmica num
enfoque inter e transdisciplinar.
Neste editorial, como Pró-reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão, venho afirmar
minha satisfação em fazer parte da consolidação do Cadernos UniFOA, representada nesta 10ª
edição, como veículo de divulgação, reformulação, estabilização e sedimentação de práticas que nos
ajudam na construção uma identidade científica.
Reconhecendo que iniciar um projeto editorial é um trabalho difícil, ainda mais difícil é
manter o projeto em constante aprimoramento. Assim, a revista número dez apresenta resultados
ainda mais próximos dos que almejamos, em direção à maturidade acadêmico-científica. Atualmente
temos uma oferta cada vez maior de artigos, internos e externos, o que demonstra a incorporação
gradual da cultura de produzir pesquisa acompanhada de sua divulgação. Dando continuidade a
reformas gráficas, editoriais e de linguagem, podemos perceber a preocupação constante em
transformar o Cadernos UniFOA em uma publicação científica de referência.
Parabenizo o trabalho da equipe editorial e a todos os docentes e discentes que fazem
parte deste número, que, seguindo os mesmos princípios de multidisciplinaridade que nortearam a
publicação desde seu início, apresenta artigos nas áreas de exatas, humanas e biológicas.
Termino com a frase de meu último editorial, publicado na revista número cinco,
prenunciando os próximos números, e que retrata a disposição de todos envolvidos neste projeto: se
não há mudança, não há crescimento e o momento é de crescer.
Uma ótima leitura!

Profa. Dra. Maria Auxiliadora Motta Barreto


Pró-reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão do UniFOA
Cadernos UniFOA
edição nº 10, agosto/2009
11

Laboratório Virtual de um Sistema Elétrico de Alta Potência

Virtual laboratory of an Electrical system of High Power

Artigo
Jason Paulo Tavares Faria Junior 1 Original

Original
Paper

Palavras-chaves: Resumo

Realidade Virtual Neste Trabalho foi utilizado a Realidade Virtual (Oh, Ji-Young e Stver-
zlinger, Wolfgang) e suas aplicações no processo de ensino/aprendizado
Sistemas Elétricos (Pinheiro, C.D.B., Ribeiro Filho, M.), onde se pretende utilizar as poten-
cialidades provenientes da Realidade Virtual (RV) para auxiliar o ensino
Visualização e o treinamento de profissionais da área de sistemas elétricos de alta
potência. O usuário poderá observar o comportamento do sistema em
tempo real, alterando a potência elétrica e a posição da visualização dos
fenômenos com total segurança.

Abstract Key words:

In this Work the Virtual Reality was used (Oh, Ji-Young and Virtual reality
Stverzlinger, Wolfgang ) and its applications in the education process/
learning (Pine, C.D.B., Ribeiro Son, M), where if it intends to use the Electrical systems
potentialities proceeding from Realidade Virtual (RV) to assist the
education and the training of professionals of the area of electrical Visualization
systems of high power. The user will be able to observe the behavior
of the system in real time, and to interact with the virtual environment
in diverse ways, being modified the electric power and position of the
visualization them phenomena with total security.
Cadernos UniFOA
1. Introdução pode ajudar efetivamente no processo de itera-
ção ensino-aprendizagem.
As características básicas da Realidade
Virtual como interação, imersão e navegação
têm potencial para propiciar um ensino que 2. Objetivos
oferece ao aprendiz a oportunidade de uma
melhor compreensão do assunto que está sen- Neste trabalho foi desenvolvido um proce-
edição nº 10, agosto/2009

do estudado, na medida em que este explora, dimento automatizado que permite a visualiza-
descobre, observa e interage com o mundo ção tridimensional de um laboratório virtual de
virtual, que representa o objeto de estudo. um sistema elétrico de alta potência, envolven-
Kirner discute essa questão com profundidade do várias disciplinas como computação gráfica,
e mostra, com base em diversos autores recen- engenharia elétrica, matemática, linguagem de
tes com publicações relevantes, que existe o programação e física. Este projeto foi orientado
consenso definitivo de que a Realidade Virtual aos alunos de iniciação científica. A Realidade

1
Doutor em Engenharia Elétrica- UniFOA
Virtual pode ajudar efetivamente no processo
12 de iteração ensino-aprendizagem, permitindo
obter uma visão mais realista de um laboratório
virtual. Utilizando técnicas de computação grá-
fica tridimensionais, haverá um melhor enten-
dimento das experiências. Esse processo é mais
acessível financeiramente e muitas escolas não
possuem condições de manter estes laborató-
rios na realidade. Adquirir essa tecnologia e a
Figura 1- Visualização do cenário real
elaboração de um software nesta área permite o
desenvolvimento de experiências e simulações
precisas por parte dos usuários.

3. Metodologia

Inicialmente foi realizada a etapa de aná-


lise em que se verificou a melhor maneira de
executar a tarefa e os recursos necessários (nú-
meros de programadores, linguagem de pro-
gramação, hardware, etc.). Na próxima fase,
chamada de Projeto, determinou-se os “Lay- Figura 2- Exemplo da interface gráfica do Software
outs” das telas e características do software.
Posteriormente, insere-se o código do softwa-
re na linguagem de programação determinada A interface gráfica para o usuário (Figura
na fase de análise. Em seguida realiza-se os 2) foi projetada para operar com tela de apre-
testes no produto para verificar se os requisitos sentação, caixas de diálogo e formulários de
concordados na especificação (Fase de proje- ajuda ao usuário.
to) estão sendo atendidos. Ao final do desen- O ambiente é formado por uma matriz
volvimento do procedimento automatizado, tridimensional. As rotações nos cenários são
iniciou-se a fase de manutenção. realizadas através da multiplicação dessa ma-
triz, que representa todos os pontos do cenário,
pela matriz apresentada na Equação 1, obtida
4. Implementação do Programa pela Álgebra Linear.
de Computador
Cadernos UniFOA

O programa desenvolvido nesse trabalho


implementa técnicas de computação gráficas
como a Renderização em cenários tridimen-
sionais, onde defini-se um tipo de textura para
Onde :
os objetos existentes, sua cor, transparência e
T – Matriz de rotação
efeito de reflexão em relação a luz. O laborató-
q - Ângulo de rotação, conforme figura 5
rio virtual é visualizado como um cenário real
(Figura 1), onde se realiza ensaios dielétricos,
edição nº 10, agosto/2009

pesquisa e desenvolvimento relacionados aos


efeitos de campos elétricos em equipamentos
de tensão até 350 kVef. Para o laboratório
virtual, são aplicados os algoritmos de Ray
Tracing para simular os efeitos das descargas
elétricas e iluminação, sendo que o posiciona-
mento da câmera de visualização é escolhido
pelo usuário com o auxílio do mouse. Figura 5 – Representação da rotação de um ponto no eixo xyz.
O dimensionamento, a rotação e a trans- Pinheiro, C. D. B., Ribeiro Filho, M.. (2005) “L
lação de um objeto tridimensional são neces- V R- Laboratório Virtual de Redes - Protótipo 13
sárias para melhor visualização dos ambientes para Auxilio ao Aprendizado em Disciplinas
tridimensionais no computador. de Redes de Computadores”. Anais do XVI
SBIE, pag 82-92.

5. Considerações Finais SEBESTA, Robert W. Conceitos de Linguagens


de Programação. 5ª. Ed. Porto Alegre: Bookman,
Neste trabalho foi desenvolvido um 2003.
Software que permite a visualização tridimen-
sional de um laboratório virtual de um sistema Squires, D., McDougall, A. Computer based
elétrico de alta potência para auxiliar o ensino microworlds – A definition to aid design.
e o treinamento de profissionais desta área. O Computers and Education.Vol.10, No.3,
usuário poderá observar o comportamento do pp.375-378, 1986.
sistema em tempo real e interagir com o am-
biente virtual, alterando a potência elétrica e SOUZA, Alexandre; CÓRDOVA, Antônio;
posição da visualização dos fenômenos com LAGE; Guilherme; RIBEIRO, Roberto.
total segurança e envolvendo várias discipli- Desenvolvimento de Jogos Eletrônicos Teoria
nas como computação gráfica, engenharia elé- e Prática. São Paulo: Editora Novatec, 2005.
trica, matemática, linguagem de programação
e física. Este projeto foi orientado aos alunos
de iniciação científica.

6. Referências

AZEVEDO, Eduardo. Desenvolvimento de


Jogos 3D e Aplicações em Realidade Virtual.
Rio de Janeiro: Editora Campus, 2005.

FERREIRA JÚNIOR, W.T.; OLIVEIRA, A.


B.; DIAS JUNIOR, J. B.; DAMASCENO, E.
F. Implementação de um protótipo de jogo 3d
de computador com a biblioteca glscene para
plataforma linux. Workshop de Realidade
Cadernos UniFOA
Virtual Aumentada. Itumbiara – GO, 2007.

HAWKINS, K.; ASTLE, D. OpenGL game


programming. Roseville: Prima Tech, 2001.

Kirner, C., Tori, R., “Realidade Virtual:


Conceitos e Tendências”, Pré-Simpósio do
Endereço para Correspondência:
SVR, 2004.
edição nº 10, agosto/2009

Jason Paulo Tavares Faria Junior


Kundur, P. “Power System Stability and
Curso de Sistema de Informação - UniFOA
Control”, Electric Power Research Institue,
jason-rj@bol.com.br
McGraw-Hill, 1994.
Centro Universitário de Volta Redonda
Oh, Ji-Young e Stverzlinger, Wolfgang. Campus Três Poços
(2004) “A system for desktop conceptual Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325,
3D design”. Virtual Reality. Springer-Verlag Três Poços - Volta Redonda / RJ
London Limited, pag 198-211. CEP: 27240-560
Informações bibliográficas:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:
Faria Junior, Jason Paulo Tavares. Laboratório Virtual de um Sistema Elétrico de Alta Potência. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, ano IV, n. 10, agosto. 2009.
Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/portal_pesq/caderno/edicao/10/11.pdf>
15

Projeto e Construção do Aparato Jominy: Uma Contribuição para a Pesquisa


no UniFOA

Design and Construction of the Jominy Apparatus: A Contribution for the


Research at the UniFOA
Artigo
Carlos Roberto Xavier 1 Original
Tarcisio dos Santos Gonçalves 2
João Antonio de Araújo Sousa 3 Original
Luiz Carlos de Andrade Vieira 4 Paper
Célio de Jesus Marcelo 4

Palavras-chaves: Resumo

Aços Este trabalho diz respeito ao projeto e construção do aparato experimental


Jominy para a realização do ensaio de temperabilidade em aços no UniFOA.
Temperabilidade Essa iniciativa partiu do curso de Engenharia Mecânica, tendo como objetivo
a construção de um instrumento prático e confiável para o estudo das transfor-
Ensaio Jominy mações que ocorrem nos metais, em especial nos aços, quando submetidos a
um determinado ciclo térmico. Dessa forma, com o empenho dos alunos e dos
técnicos de laboratório da instituição, foi possível, baseado na norma NBR
6339/89, projetar e construir o aparato Jominy para a determinação da tempe-
rabilidade dos aços. Isso possibilitou aos alunos uma melhor compreensão do
comportamento e das transformações sofridas pelos metais quando tratados
termicamente e as influências destes tratamentos sobre as suas propriedades.

Abstract Key words:

This report refers to the design and construction of the Jominy experimental Steels
apparatus for the accomplishment of the steels hardenability test at the UniFOA.
This initiative had origin at the Mechanical Engineering course, with the Hardenability
purpose of obtaining an effective and reliable instrument for the study of the
transformations that occur in metals, specially the steel transformations when Jominy Test
steel is submitted to a determinate thermal cycle. Thus, with the dedication of
the graduation students and laboratory technicians, it was possible, based in the
Cadernos UniFOA
standard specification NBR 6339/89, to project and to build the Jominy apparatus,
aiming the steels hardenability determination. This made possible to the students a
better understanding about the behavior and transformations in metals when it is
submitted to the heat treating and the effects of these treatments on its properties.

1. Introdução classificados como corpo-de-prova conven-


cional, corpo-de-prova reduzido e corpo-de-
1.1. O Ensaio Jominy prova fundido, em função das suas dimensões
edição nº 10, agosto/2009

ou de seu material de origem. Neste ensaio, o


O ensaio Jominy é um dos métodos uti- corpo-de-prova é aquecido até a temperatura
lizados para se avaliar a temperabilidade dos de austenitização do aço do qual o mesmo é fa-
aços. Este ensaio, padronizado pela norma bricado e resfriado rapidamente em condições
NBR-6339 da ABNT, utiliza corpos-de-prova padronizadas, através de um jato d’água. Após

1
Doutor e Docente do Curso de Engenharia Mecânica – UniFOA
2
Graduado em Engenharia Mecânica – UniFOA
3
Graduando em Engenharia Mecânica – UniFOA
4
Técnico de Laboratório – UniFOA
o resfriamento do corpo-de-prova, é feito um Isso pode ser feito ao associar os resul-
16 mapeamento da dureza no sentido longitudinal tados do ensaio Jominy aos resultados obtidos
do mesmo, a partir da extremidade resfriada, ao se estudar o resfriamento contínuo, a partir
sendo esses resultados exibidos graficamente de uma elevada temperatura, de barras com di-
como uma variação da dureza em função da versos diâmetros. Admite-se, nesse caso, que
distância. Pode ser visto, na Figura 1, um es- a dureza e as propriedades físicas adquiridas
quema da realização do ensaio e da obtenção por um aço depois da têmpera, efetuada em
da curva de temperabilidade Jominy. condições normais, são sempre funções exclu-
sivas do processo de resfriamento.
A velocidade de resfriamento de uma
peça depende do tamanho desta, do meio de
resfriamento e da temperatura de têmpera. Isso
quer dizer que, se é conhecida a dureza que ad-
quire um aço depois da têmpera, quando o res-
friamento foi feito de uma forma determinada,
Figura 1. Ensaio Jominy esquemático: (a)
conheceremos também a dureza de qualquer
ensaio; (b) curva de dureza x distância ponto do mesmo aço que tenha se resfriado de
forma análoga, independentemente de sua po-
1.2. Aplicação Prática do Ensaio Jominy sição na peça, da forma e tamanho desta, bem
como do meio de resfriamento empregado.
Compete ao engenheiro a aplicação de Conhecendo as durezas obtidas ao se
conhecimentos adquiridos com a teoria as- efetuar o ensaio Jominy de um aço e as con-
sociados à experiência, a fim de obter-se o dições de resfriamento dos diferentes pontos
melhor desempenho possível dos materiais do corpo-de-prova, pode-se conhecer a dureza
selecionados para a fabricação de componen- que se obtém no interior de peças resfriadas
tes mecânicos e estruturais, tudo isso aliado, nas mesmas condições. Desse modo, as curvas
preferencialmente, a um menor custo. Jominy podem ser utilizadas para se predizer
O conhecimento das transformações me- a distribuição de dureza em barras de aço de
talúrgicas sofridas pelas ligas metálicas, como diferentes dimensões, resfriadas em vários
é o caso dos aços, pode possibilitar a adequa- meios de resfriamento.
ção da sua estrutura metalúrgica e, consequen- As velocidades de resfriamento nos
temente, das suas propriedades mecânicas para vários pontos do corpo-de-prova Jominy po-
uma aplicação específica, sem a necessidade dem ser comparadas com as velocidades de
de maiores investimentos como a aquisição de resfriamento em barras de vários diâmetros
ligas mais nobres ou especialmente processa- resfriadas em vários meios de resfriamento.
das para aquele fim.
Cadernos UniFOA

Esta comparação pode ser feita pelo uso dos


O ensaio Jominy é uma ferramenta que nos gráficos de Lamont, os quais servem para
permite entender melhor essas transformações, poder encontrarem-se as velocidades de res-
já que possibilita estudar e comparar a evolução friamento em diversas posições de uma bar-
microestrutural de diversos tipos de aços, quan- ra, partindo do seu centro até a sua superfície,
do submetidos, controladamente, a um rápido quando resfriada em condições normais, ou
resfriamento a partir da região austenítica. seja, mergulhando-a totalmente em um meio
Além disso, para exemplificar a pratici- de resfriamento.
dade da utilização do ensaio Jominy, pode-se Uma vez encontrada a velocidade de
edição nº 10, agosto/2009

citar o seu uso para determinar, com boa apro- resfriamento em uma determinada posição da
ximação, a dureza de barras de aço tempera- barra, podemos utilizar um gráfico de ensaio
das, como cilindros de laminação ou eixos me- Jominy de um aço específico para sabermos a
cânicos. Neste caso, veremos que é possível dureza resultante na mesma.
prever o perfil de durezas destes componentes
depois de temperados em um meio de resfria-
mento qualquer, sem que tenha que se recorrer
ao corte dos mesmos.
2. Projeto e Construção do
Aparato Jominy 17

O aparato Jomyny foi projetado e constru-


ído segundo a norma NBR 6339/89 da ABNT.
Esta norma permite o ensaio de diferentes mo-
dalidades de corpos-de-prova, que é função de
suas dimensões e origens, sendo classificados
como corpos-de-prova convencional, reduzido
e fundido. Neste caso, o aparato possibilita, a
partir de um pequeno e fácil ajuste para fins
de adaptação ao modelo de corpo-de-prova
utilizado, o ensaio de uma ampla faixa de di-
ferentes tipos de aços, independentemente do
Figura 3. Teste do Aparato Jominy.
método de fabricação, processamento e dimen-
sões disponíveis dos mesmos, o que nos forne-
ce uma versatilidade muito grande em termos
operacionais e de pesquisa.
Foram utilizados diversos tipos de ma-
teriais na construção do aparato, podendo-se
citar o uso de polímeros, metais não ferrosos
e ferrosos. A escolha para cada item do dis-
positivo, ainda na etapa do projeto, foi feita
de forma que tivéssemos um aparato eficiente,
robusto e duradouro, que ficasse operacional
por vários anos, sem a necessidade de ma-
nutenção frequente. Daí, pode-se mencionar,
como exemplo, o amplo uso do aço inoxidá-
vel, como na construção da estrutura do apara-
to, a fim de evitar danos por corrosão ao mes-
mo, ao passo que se obteve, ainda, um bom Figura 4. Aparato Jominy instalado no
acabamento estético. laboratório de tratamentos térmicos.

Pode ser visto nas Figuras 2 a 4 o aparato


Jominy em algumas de suas fases do projeto.
3. Resultados
Cadernos UniFOA
A Figura 5 mostra parte do procedimen-
to para a realização do ensaio Jominy. Nela
pode ser vista a retirada do corpo-de-prova do
forno e a realização, propriamente dita, do en-
saio Jominy.
edição nº 10, agosto/2009

Figura 2. Aparato Jominy em construção


é fundamental uma complementação prática
18 que contribua na consolidação desta teoria.
Essa complementação foi, em parte, ob-
tida com o aparato Jominy, o qual, além de
possibilitar o ensaio de vários tipos de aços,
permite fazer uma comparação entre o com-
portamento dos mesmos. O aparato serve, ain-
da, como uma ferramenta para poder inferir
a dureza em peças e componentes mecânicos
submetidos a um processo de têmpera, sem a
Figura 5. Retirada do corpo-de-prova do
forno e realização do ensaio Jominy.
necessidade de destruí-los.
Muito ainda pode ser obtido do aparato,
e o mesmo se encontra apto para ser utilizado
Esse procedimento foi utilizado para em aulas, pesquisas e otimização de projetos,
a obtenção das curvas de temperabilidade contribuindo para o avanço e a qualidade do
Jominy dos aços SAE 1045 e SAE 4340, os ensino e da pesquisa no UniFOA.
quais possuem uma grande aplicação indus-
trial. Essas curvas são apresentadas na Figura
6, podendo se observar facilmente a superior 5. Referências Bibliográficas
capacidade de temperabilidade do aço SAE
4340 quando comparada a do aço SAE 1045. CALLISTER Jr., W. D. - Ciência e Engenharia
Apesar de esperado, este resultado vem a con- de Materiais: Uma Introdução. 5a edição,
solidar os conhecimentos teóricos adquiridos, LTC, Rio de Janeiro, 2002.
servindo, ainda, como uma ferramenta para
propiciar uma melhor compreensão das trans- ASM HANDBOOK. Heat Treating. 10th edi-
formações e comportamento dos aços, o que tion, ASM International, vol. 4, USA, 1991.
muito irá contribuir quando da seleção dos
mesmos para uma determinada aplicação. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS – ABNT. Aço, Determinação da
Temperabilidade (Jominy). NBR 6339, 1989.

Steel Heat Treatment Handbook: Metallurgy


and Tachnologies, 2th Ed. Edited by George
E. Totten, CRC Press, 2007.
Cadernos UniFOA

Figura 6. Curvas de temperabilidade: Aços SAE 1045 e 4340

4. Conclusão
Endereço para Correspondência:

O objetivo do trabalho foi o de construir


edição nº 10, agosto/2009

Carlos Roberto Xavier


um aparato que permitisse à comunidade aca-
Curso de Engenharia Mecânica - UniFOA
dêmica, uma ferramenta para uma melhor com-
carlos.xavier@foa.org.br
preensão do comportamento dos aços quando
submetidos a um determinado ciclo térmico. Centro Universitário de Volta Redonda
Vários fenômenos ocorrem, e os mesmos afe- Campus Três Poços
tam as propriedades dos aços. Fenômenos, tais Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325,
como ocorrem na transformação de fases, são Três Poços - Volta Redonda / RJ
expostos e debatidos em aulas teóricas, mas CEP: 27240-560
Informações bibliográficas:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:
Xavier, Carlos Roberto; Gonçalves, Tarcisio dos Santos; Sousa, João Antonio de Araújo; Vieira, Luiz Carlos de Andrade; Marcelo, Célio de Jesus. Projeto e Construção do Aparato Jominy:
Uma Contribuição para a Pesquisa no UniFOA. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, ano IV, n. 10, agosto. 2009. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/portal_pesq/caderno/edicao/10/15.pdf>
19

Tuning em Banco de Dados

Data base Tuning

Ana Paula dos Santos Souza 1 Artigo


Bruno Fidelis Campos 1 Original
Carla Glênia Guedes Dias 1
Michel Batista Alves 1 Original
Carlos Eduardo Costa Vieira 2 Paper
Flávio Campos Carelli 3
Luiz Fabiano Costa de Sá 3

Palavras-chaves: Resumo

Otimização Devido ao grande volume de dados que são gerados pelas Empresas que
utilizam Sistemas de Informação, é fundamental o papel do Banco de
Consultas Dados (BD). Geralmente os dados precisam ser acessados a todo instan-
te, logo, a disponibilidade dos resultados nem sempre são satisfatórias.
T-SQL Nesse contexto, entra a questão do desempenho ao se obter informações
de um BD e como otimizá-las. Muitos problemas de performance não
Microsoft SQL Server estão relacionados a infraestrutura, sistemas operacionais ou mesmo ao
2005 hardware. Pode-se encontrar problemas de perda de performance dentro
do próprio BD, sendo a consulta a principal causadora desses problemas.
Ajustar e otimizar uma consulta e o próprio BD tornam-se fatores im-
portantes, podendo-se ter um ganho de performance aceitável, visto que
cada consulta é tratada de forma diferente, dependendo do Sistema Ge-
renciador de Banco de Dados (SGBD). Este artigo avalia como melhorar
o desempenho de consultas Transact-Structured Query Language (T-
SQL) em um ambiente Microsoft SQL Server 2005, sugerindo possíveis
alterações que possam levar a um ganho de performance considerável.

Abstract Key words:

Due to large volume of data generated by companies that use Optimization


Cadernos UniFOA
information systems, the role of Database (DB) is fundamental. In
general, data must be accessed at any time and the availability of Queries
results are not always satisfactory. In this context, begins the question
of the performance in obtain information from a DB and optimize them. T-SQL
Many performance problems are not related to the infrastructure,
operating systems or even the hardware. You can encounter problems Microsoft SQL Server
of performance within DB, and queries are primary cause of these 2005.
problems. Adjust and optimize queries and the DB becomes an
important factor, it may have a acceptable gain of performance,
since each query is treated differently depending on the Data Base
edição nº 10, agosto/2009

Management System (DBMS). This paper evaluates how to improve


performance of Transact-Structured Query Language (T-SQL) in a
Microsoft SQL Server 2005, suggesting possible changes that could
lead to a considerable gain in performance.

1
Discente do Curso de Sistemas de Informação – UniFOA
2
Doutor e Docente do Curso de Sistemas de Informação – UniFOA
3
Docente Especialista do Curso de Sistemas de Informação – UniFOA
1. Introdução 2. Conceitos e Definições de
20 Tuning
O mercado atual está competitivo. Com
isso, as empresas estão apostando, cada vez Segundo Baptista (2008, p. 15), “tuning
mais, em sistemas informatizados que forne- diz respeito ao ajuste do SGBD para melhor
çam apoio à melhoria de seus processos. utilização dos recursos, provendo um uso efi-
Dentro desse contexto, surgem os caz e eficiente do SGBD”.
Sistemas de Gerenciamento de Banco de Dados A fase de tuning de um BD é um proces-
(SGBD`s) com o intuito de armazenar e geren- so de refinamento que envolve modificações
ciar as informações, garantindo sua disponibi- em vários aspectos, abordando desde mudan-
lidade de forma rápida e eficaz. Mas, em geral, ças nos conceitos aprendidos nos Diagramas
SGBD`s não são ferramentas auto suficientes Entidade-Relacionamento (DER) até a troca
no que diz respeito a otimização de consultas de hardware, passando pela configuração dos
a Banco de Dados (BD). Por esse motivo, es- softwares que executam nesse sistema.
forços são despendidos na forma de aperfeiçoar Em termos didáticos, pode-se dividir
seu funcionamento interno, melhorando a orga- as ações de tuning em três grandes tipos: (1)
nização das informações e como são obtidas. refinamento do esquema das relações e as
Segundo Ikematu (2003), tuning é a sinto- consultas/atualizações feitas no BD, (2) con-
nia ou ajuste de algo para que funcione melhor. figuração do sistema operacional em uso e
O tuning fornece suporte ao Administrador de (3) configuração dos parâmetros dos SGBD’s
BD (Database Administrator ou DBA) através (TRAMONTINA, 2008, p. 2). O foco do arti-
de um mecanismo que simplifica a análise de go será no primeiro tipo.
desempenho, fazendo com que pequenos ajustes Em debate com profissionais com mais
afetem significativamente a performance do BD, de 10 anos de expêriencia em gerenciamen-
transformando uma tarefa de alto custo e com- to de banco de dados, os Srs. Lúcio Gomes
plexidade em um processo simples e rápido. Peixoto Júnior (Microsoft Certified Trainers,
Neste artigo serão demonstrados pro- Microsoft Certified Systems Engineer,
cedimentos de como se pode realizar a iden- Microsoft Certified Technical Specialist,
tificação de onde está o problema de perfor- Microsoft Certified IT Professional e
mance da aplicação, otimizações de consultas Oracle Certified Professional) e Erick de
Transact-Structured Query Language (T-SQL) Souza Carvalho (Mestre em Engenharia da
e boas práticas ao elaborá-las. Computação pelo Instituto Tecnológico da
Para uma análise sobre o desempenho Aeronáutica e Oracle Certified Professional),
das consultas SQL em SGDB’s, foi esco- constata-se que 45% das ações de tuning
lhido o Microsoft SQL Server 2005, “pois é são destinadas a configuração do Sistema
Cadernos UniFOA

muito utilizado pelas empresas além de pos- Operacional, 35% destinadas a configuração
suir ferramentas que facilitam uma auditoria do SGBD e 20% destinadas ao refinamento
das consultas que estão sendo realizadas” das consultas, como mostra a Figura 1.
(ANDRADE, 2005, p. 10).
Este artigo está organizado da seguin-
te maneira: A Seção 2 apresentará conceitos
e definições de tuning. A Seção 3 descreverá
a definição dos problemas de desempenho de
um BD. A Seção 4 mostrará como identificar
edição nº 10, agosto/2009

problemas de performance no SQL Server. A


Seção 5 apresentará algumas ferramentas de
apoio na identificação de gargalos no SQL
Server. A Seção 6 descreverá a otimização de
consultas T-SQL. A Seção 7 apresentará boas
práticas na elaboração de consultas. Por últi-
mo, a Seção 8 mostrará as considerações finais Fonte: Peixoto Júnior e Carvalho (2008)
Figura 1 – Fases do Tuning
e possíveis propostas de trabalhos futuros.
3. Problema até a sua configuração, são as consultas que de-
terminam quão bom é o desempenho do BD. 21
Antes de pesquisar os problemas de de- “Dentre os problemas de desempenho
sempenho nas consultas SQL, é vital saber se que um SGBD abrange, estão incluídos o con-
realmente há problemas. Se existem, é preciso sumo de processamento, utilização ineficaz de
identificar corretamente a causa. Uma vez ve- comandos SQL, bloqueios, esperas e atividade
rificado que existem problemas nas consultas à de disco” (DIAS, 2005, p. 1).
base de dados, é preciso saná-los, e, realmen-
te, as consultas SQL são responsáveis por boa
parte dos problemas de desempenho das apli- 4. Identificando Gargalos no
cações que utilizam BD (ANDRADE, 2005). Microsoft SQL Server
Atualmente o desempenho de um BD é
um fator que determina efetivamente sua dis- Segundo Biggs e Venezia (2006, p. 1),
ponibilidade. O objetivo do tuning é fornecer “gargalos significam restrições em determi-
suporte ao DBA através de um mecanismo nadas formas de comunicação, interação ou
que simplifique a análise de desempenho em transferência de informações.”
BD, transformando uma tarefa de alto custo e O principal problema dos gargalos de
complexidade em um processo simples e rápi- desempenho nas empresas (em particular na
do (DIAS, 2005, p. 1). área de Tecnologia da Informação) é que eles
podem ser difíceis de identificar. Alguns são
3.1 Problemas de Desempenho mais óbvios do que outros.
Segundo Fernandes (2006), para encon-
Segundo Andrade (2005), o principal trar possíveis gargalos e processos com pro-
problema relacionado aos BD’s é que eles são blemas no SQL Server, é recomendado que se
ambientes dinâmicos. Também, a população utilize a tabela de sistema sysprocesses, como
de dados cresce constantemente e suas confi- mostra a Tabela 2.
gurações podem mudar. Passos
Dessa forma, complica-se a análise ou select * from master..sysprocesses where
previsão do desempenho. Geralmente os pro- status = ‘runnable’ ou
blemas de desempenho de um BD estão re- select * from master..sysprocesses where
lacionados a índices e consultas SQL, como dbid = xx
mostra a Tabela 1. (Este passo serve quando há suspeita de um
gargalo em um BD)
Problemas de Desempenho Para saber o DataBase ID (DBID) de um BD,
70% a 80% de todos os problemas de desempe- deverá ser executado o seguinte comando:
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nho em aplicações que utilizam BD são causa- select DB_ID(‘nome do BD)
dos por consultas SQL mal feitas (MULLINS, ou então deve-se executar diretamente a query
1998, apud ANDRADE, 2005, p. 13) passando o nome do BD como parâmetro:
Instruções SQL e índices são responsáveis select * from master..sysprocesses where
por 60% a 90% dos problemas de desem- dbid = db_id(‘Pubs’)
penho de aplicações (LECCO, 2003, apud Esta query retornará o status de cada pro-
ANDRADE, 2005, p. 13); cesso no SQL Server: spid | kpid | blocked
| waittype | waittime | lastwaittype | waitre-
edição nº 10, agosto/2009

Atividades relacionadas às consultas SQL


source | dbid | uid | ...
consomem entre 70% e 90% dos recursos
Convém observar se existe algum tempo em
dos BDs (LECCO, 2003, apud ANDRADE,
que um processo está em espera, verificando
2005, p. 14);
o status waittime, waittype ou lastwaittype.
Tabela 1 – Problemas de Desempenho Identificando o tipo de espera, é possível sa-
ber o que está acontecendo, se o problema é
Apesar dos cuidados com o desempenho
de Entrada/Saída (E/S), lock de um objeto
do BD iniciarem desde a sua concepção, pas-
(LATCH), ou memória (MEMORY), etc.
sando pelo design e normalização das tabelas
Passos 5.1 SQL Server Profiler
22
É recomendado utilizar o comando Database
Segundo Moraes (2007, p. 4), o SQL
Consistence Check (DBCC) e SQLPERF
Server Profiler (Figura 2):
(threads) por último. Este comando forne-
ce o status de cada thread aberta pelo SQL
é utilizado para capturar as informações
Server, bem como cada processo associado que estão chegando no banco de dados.
a esta thread, retornando as seguintes infor- Trata-se de uma ferramenta extrema-
mações de status: E/S, CPU (processador) e mente útil para detecção de problemas
MEMORY. de performance, depurar a aplicação
ou mesmo entender de que maneira e
Fonte: Fernandes (2006) quando as aplicações estão em interação
Tabela 2 – Passos para Encontrar Possíveis Gargalos com o SQL Server, sem a necessidade de
abrir o código fonte da aplicação.
Sysprocesses é uma tabela do sistema que
contém informações sobre o Server Process
ID (Servidor de Identificação de Processos ou
SPID) ativo, que estão em execução no SQL
Server (MICROSOFT, 2007).
Existem outros pontos de gargalo que
são decorrentes de ajustes no sistema, que
consomem mais tempo de processamento
(processador), E/S e memória, cujas possíveis
causas são:

Figura 2 – SQL Server Profiler


• Alteração ou atualização que possa ter
levado a uma queda no desempenho do
sistema, ou seja, em relação ao software:
5.2 Database Engine Tuning Advisor
alguma nova instalação ou atualização. Já
em relação ao banco de dados: adição e/
Segundo Moraes (2007, p. 18), o Database
ou remoção de bases de dados, funções,
Engine Tuning Advisor (DTA) (Figura 3):
procedimentos, consultas, tabelas, linhas,
colunas e etc. É de extrema importância o
é uma poderosa ferramenta que auxilia
planejamento de mudança e sua documen- os Administradores de Banco de Dados
tação, seja ela no software ou no BD; na seleção apropriada de projeto físico de
uma instalação do Microsoft SQL Server
Cadernos UniFOA

• Limitação de hardware, ou seja, trabalhan- 2005. O DTA pode ser utilizado tanto para
do próximo de sua capacidade máxima; ajuste de pequenas consultas que possam
estar mal desenhadas e que apresentem
problemas de desempenho, quanto para
• Consultas mal elaboradas.
consultas mais complexas e que requerem
maior conhecimento do DBA em relação
ao desenho físico do banco de dados.
5. Ferramentas de Apoio
edição nº 10, agosto/2009

Existem ferramentas disponibilizadas


pelo SGBD que fornecem melhorias de de-
sempenho nos sistemas de bancos de dados já
existentes. A seguir serão apresentadas breves
descrições das ferramentas que estão presen-
tes no Microsoft SQL Server 2005.

Figura 3 – Database Engine Tuning Advisor


5.3 Execution Plan 7. Boas Práticas na Elaboração de
Consultas T-SQL 23
Segundo Moraes (2007, p. 10), o
Execution Plan (Figura 4): A Tabela 3 sugere boas práticas ao se
trabalhar com consultas T-SQL no SQL Server
provê um diagrama visual de como o 2005 com o objetivo de melhorar significati-
SQL Server está executando uma de- vamente o desempenho do BD.
terminada consulta, quais índices estão
sendo utilizados, além de uma série de
outras informações que podem auxiliar Boas Práticas em Consultas T-SQL
os DBA’s no processo de otimização de Procurar escrever consultas levando em
índices ou outros dados requeridos pelo consideração boas práticas de desenvolvi-
SQL Server para aumentar o desempe- mento, tais como indentação e comentários
nho das consultas. (/* */ ou --).
Informar os campos que devem aparecer na
consulta, evitando utilizar o famoso select *
from <NomeDaTabela>.
Quando for utilizar operadores de compara-
ção, evitar usar NOT em condições de pes-
quisa, pois podem diminuir a velocidade de
recuperação de dados porque todos os regis-
tros em uma tabela são avaliados.
Usar de forma restritiva a cláusula WHERE,
Figura 4 – Execution Plan
pois é uma grande causadora de problemas
em relação ao processador.
Para testes de existência é sempre mais efi-
6. Otimização de Consultas ciente utilizar EXISTS ao invés de COUNT.
T-SQL Quando se utiliza COUNT, o BD não sabe
que está sendo feito um teste de existência e
A Figura 5 apresenta um fluxograma continua pesquisando todas as linhas qualifi-
ilustrando a otimização de consultas T-SQL. cadas. Já utilizando EXISTS, o BD sabe que é
Segundo os passos mostrados no fluxo- um teste de existência e interrompe a pesquisa
grama, pode-se obter uma redução de custos e quando encontra a primeira linha qualificada.
melhoria de qualidade, que está relacionada à Analisar a necessidade de utilização de
disponibilidade da informação em tempo há- CHAR e VARCHAR.
bil, permitindo tomadas de decisões mais rápi- Analisar a possibilidade de se usar o ope-
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das (SILVA, 2006, p. 6). rador UNION ALL em substituição ao
UNION – DISTINCT.
As Procedures sempre devem retornar um
valor de status de execução.
Utilizar COUNT(1) ou COUNT
(NomeDoCampo) ao invés de COUNT(*) .
Utilizar as funções COALESCE e ISNULL.
edição nº 10, agosto/2009

Não chamar funções SQL repetidamente, ao


em vez disso, deve-se armazenar o valor em
uma variável.
Fonte: Silva (2006) Utilizar variáveis do tipo TABLE em
Figura 5 – Fluxograma para Otimização de Consultas
substituição a tabelas temporárias –
Recompilações.
Usar SET NOCOUNT em Procedures,
Functions e Triggers.
BAPTISTA, C. de S. Administração de
Boas Práticas em Consultas T-SQL
24 Sistemas de Gestão de Banco de Dados.
Utilizar índices sempre que necessário.
2008. Disponível em: <www.dsc.ufcg.edu.
Em relação aos parâmetros, o ideal é garan- br/~baptista/cursos/ABD/ADM1.ppt>. Acesso
tir que tenha o mesmo datatype da coluna em: 07 maio 2008.
com a qual ele será comparado.
BIGGS, M.; VENEZIA, P. Combata os
Tabela 3 – Boas Práticas na Elaboração de Consultas Gargalos de Desempenho. 2006. Disponível
em:<http://computerworld.uol.com.br/
gestao/2006/04/17/idgnoticia.2006-04-
8. Considerações Finais 17.9538042938/IDGNoticia_view>. Acesso
em: 07 maio 2008.
Para a elaboração deste artigo foi re-
alizado um estudo teórico sobre tuning em DIAS, E. S. DB Guardian: Sistema para
Banco de Dados, demonstrando sua impor- Diagnóstico de Desempenho em Banco de
tância para o desenvolvimento e manutenção Dados. Escola Regional de Banco de Dados,
de aplicações. É necessário uma monitoração UFRGS, 2005. Disponível em: <http://www.
constante assim como, ajuste e administração inf.ufrgs.br/erbd/Artigos/poster/7489.pdf >.
do ambiente, consistindo de políticas, procedi- Acesso em: 04 maio 2008.
mentos, ferramentas e utilitários integrados de
gerenciamento de performance. FERNANDES, R. Identificando Gargalos no
Para conseguir melhores resultados no SQL Server 2000 – I. 2006. Disponível em
acesso ao Banco de Dados, critérios de desem- <http://www.mcdbabrasil.com.br/modules.
penho devem ser considerados nas fases iniciais php?name=News&file=article&sid=358>.
do desenvolvimento de software. Com isso Acesso em: 07 maio 2008.
também evita-se que seja necessário um grande
esforço com re-projeto ou re-codificação para IKEMATU, R. S. Realizando Tuning na Base de
se atingir um nível de desempenho satisfatório Aplicações. 2003. Disponível em: < http://www.
e nem sempre consegue-se os mesmos resulta- devmedia.com.br/articles/viewcomp_forprint.
dos se os critérios de performance fossem con- asp?comp=11323>. Acesso em: 07 maio 2008.
siderados desde o início do desenvolvimento.
A utilização de boas práticas em Banco de LECCO Technology. Performance Tuning for
Dados traz benefícios para a organização, pois Mission-Critical Database Applications. 2003.
o tempo de resposta em uma consulta T-SQL é Disponível em: <http://www.questsoftware.
minimizado e a performance é garantida. com.br/documents/landing.aspx?id=8947&te
Como trabalhos futuros, poderia-se utili-
Cadernos UniFOA

chnology=47&prod=&prodfamily=&loc=>.
zar o SBGD Oracle ou qualquer outro SGBD Acesso em: 01 ago. 2008.
para avaliação em termos de tuning.
MICROSOFT. Description of the waittype
and lastwaittype columns in the master.dbo.
9. Referências sysprocesses table in SQL Server 2000 and
SQL Server 2005. 2007. Disponível em:
ANDRADE, L. D. Otimização de Consultas de <http://support.microsoft.com/kb/822101/en-
Aplicações T-SQL em Ambiente SQL Server us/>. Acesso em: 07 maio 2008.
edição nº 10, agosto/2009

2000. 2005. 52 f. Monografia (Graduação em


Ciência da Computação) – Departamento de MORAES, A. J. de J. Análise das Ferramentas
Ciência da Computação, Instituto de Matemática, Database Engine Tuning Advisor, SQL Server
Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2005. Profiler e Execution Plain na Melhoria de
Disponível em: <http://disciplinas.dcc.ufba. Desempenho do Microsoft SQL Server 2005.
br/pub/MATA67/TrabalhosSemestre20051/ 2007. Disponível em < http://iremar.prof.sites.
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MULLINS, C. S. SQL Analysis and Review.
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PEIXOTO JÚNIOR, L. G.; CARVALHO, E.


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SILVA, C. B. Otimizando o Desempenho


de um Banco de Dados em um Ambiente
Altamente Crítico. 2006. 79f. Monografia
( Bacharel em Sistemas de Informação ) -
Departamento de Sistemas de Informação,
UNIMINAS, Uberlândia, 2006. Disponível
em: <http://si.uniminas.br/TFC/monografias/
MONOGRAFIA-CLESIO.pdf>. Acesso em:
30 abr. 2008.

Cadernos UniFOA

Endereço para Correspondência:


edição nº 10, agosto/2009

Carlos Eduardo Costa Vieira


Sistemas de Informação – UniFOA
cadu.vieira@gmail.com

Centro Universitário de Volta Redonda


Campus Três Poços
Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325,
Três Poços - Volta Redonda / RJ
CEP: 27240-560
Informações bibliográficas:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:
Souza, Ana Paula dos Santos; Campos, Bruno Fidelis, Dias, Carla Glênia Guedes; Alves, Michel Batista; Vieira, Carlos Eduardo Costa, Carelli, Flávio Campos. e Luiz Fabiano
Costa de Sá. Tuning em Banco de Dados. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, ano IV, n. 10, agosto. 2009. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/portal_pesq/caderno/edicao/10/19.pdf>
27

A dificuldade no aprendizado da Língua Inglesa

The difficulty in English Language Learning

Artigo
Bethania Márcia Montrezor 1 Original
Alexandre Batista da Silva 2
Original
Paper

Palavras-chaves: Resumo

Aprendizado O objetivo deste trabalho é mostrar que a grande dificuldade no aprendizado


de uma determinada língua estrangeira não pode se resumir simplesmente ao
Discurso fato de que ela seja diferente de nossa língua materna. A língua estrangeira
- neste caso o Inglês - deve ser ministrada de forma que o aluno sinta que
Realidade pode adquiri-la e não crie medos ou frustrações prévias. De acordo com
estudiosos, este artigo fala de métodos e técnicas que podem facilitar o
processo de aquisição de uma segunda língua, bem como o estímulo que o
professor pode dar a seu aluno para que ele esteja seguro de seu aprendizado
e saiba contextualizá-lo com sua realidade.

Abstract Key words:

The aim of this work is to show that the big difficulty in learning a foreign Learning
language can not be summarized to the fact of being different from the
mother tongue. The foreign language - in this case English - must be taught Speech
so that the learner feels that he / she can acquire it and does not develop
previous fears or frustration. According to researchers, this work talks Reality
about methods and techniques which can facilitate the acquisition process
of a second language, as well as the incentive the teacher can provide to
the student so he / she can be confident of their learning e be able to use it
according to real situations.
Cadernos UniFOA
1. Por que o Inglês é uma língua Francês, por exemplo, pode ser considerado,
difícil para muitos estudantes? por alguns estudantes, o idioma mais difícil de
ser compreendido.
Muitos estudantes brasileiros têm difi- Vários métodos são constantemente
culdades em aprender uma língua estrangeira criados e inovados para tornar eficaz o proces-
e, ao acompanhar individualmente o desem- so ensino ↔ aprendizagem no inglês. O que
penho de cada um, em diferentes faixas etá- faz então, com que ainda muitos adolescentes
rias, pode-se perceber que as dificuldades são e adultos apontem-no como uma língua muito
edição nº 10, agosto/2009

maiores se o estudo da língua em questão é difícil? O que falta fazer para que esse senso
iniciado após os 10 anos de idade. comum possa ser diminuído ou pelo menos,
O Inglês é a principal língua usada para compreendido?
comunicação internacional e, por isso, é o idio- Para responder a essas questões, deve-se
ma estudado por um maior número de brasilei- levar em conta, primeiramente, que a estrutura
ros. No entanto, se comparado ao Espanhol ou e origem da Língua Inglesa são diferentes da

1
Pós-Graduada em Docência do Ensino Superior - Centro Universitário Geraldo Di Biasi - UGB
2
Mestrando em Letras Vernáculas - UFRJ
nossa Língua materna, o Português; em segun- o indivíduo sabe “medir” a gramática de sua
28 do lugar, é importante que aluno e professor língua, porém, uma criança precisa ir à escola
tenham consciência de que para se aprender para que se torne capaz de elaborar enuncia-
uma nova língua, é necessária a compreensão dos mais complexos.
de alguns aspectos sociais e culturais dos fa- Outros elementos que enfatizam essa
lantes nativos desta. competência são estudados por J. Piaget
Finalmente, deve-se lembrar que, antes (cognitivismo) e por L. S. Vygotsky (intera-
mesmo de aprender a falar, o ser humano pas- cionismo). Ambos baseiam a construção do
sa por um processo de aquisição de linguagem conhecimento desde as primeiras interações
desde os primeiros dias de vida e isso, de for- da criança com o meio e, depois, a partir da
ma alguma, pode ser ignorado ao se tratar da comunicação entre a criança e o adulto.
aquisição de uma nova língua.

3. A aquisição da Língua estrangeira


2. A aquisição da linguagem
Para entender como acontece a aquisição
No início do século XX, com Saussure e e apropriação de uma segunda língua deve-se,
Bloomfield, a linguística passa a ser reconhe- em primeiro lugar, estabelecer quais aspectos
cida como um estudo científico e torna-se a ci- serão observados e estudados.
ência da linguagem. Na segunda metade do sé- Durante anos, o estudo e ensino da língua
culo, Chomsky propõe uma análise linguística estrangeira estiveram atrelados à observação
mais interessada na elaboração de uma teoria dos aspectos gramaticais para que estes fossem
que explique as fases que poderiam ter sido imitados e, consequentemente, interiorizados.
produzidas por uma falante. Hoje, portanto, a Mais tarde, vários autores traziam à tona
linguística é descritiva e explicativa. outro campo de estudos que chamaram de in-
O Empirismo foi uma das primeiras terlíngue, que seria um dialeto do aprendiz. O
abordagens quanto à questão da aquisição da interlíngue seria determinado pela capacidade
linguagem, serviu de base para a teoria beha- do aluno/locutor de entender uma língua es-
viorista, em que o indivíduo só desenvolve trangeira e pelo ponto em que esta língua seria
conhecimento por meio de estímulo-resposta, compreendida, dada uma situação em que o
imitação e reforço. Nessa teoria, Skinner en- locutor precisasse se comunicar1.
cara o processo de aquisição da linguagem As propostas e metodologias recomen-
como um comportamento que possa aprendi- dadas por Corder, entre 1970 e 1990, foram as
do, como outros comportamentos e ações. responsáveis pelos conhecimentos e avanços
Com o Racionalismo, Noam Chomsky da evolução de língua dos aprendizes.
Cadernos UniFOA

faz críticas às abordagens de Skinner e, na dé- Para estudar a interlíngue (dialeto/língua


cada de 1950, introduz, na linguística, a no- do aprendiz) devem ser levadas em conta três
ção de Gramática Gerativa Transformacional. dimensões. Primeiramente, a dimensão sin-
Chomsky propõe uma teoria que se baseia na crônica, que descreve os aspectos do sistema
convivência de uma criança num meio em que linguístico do aprendiz/locutor e as formas uti-
se fala determinada língua e, com o tempo, o lizadas por ele para comunicação; segue de-
indivíduo (criança) começa a produzir sons pois a dimensão diacrônica, que consiste em
dessa língua, mais tarde a desenvolvê-la e, acompanhar, ao longo do tempo, as produções
por fim, adquiri-la. Segundo esses estudos, as de um mesmo locutor e introduzir nelas a evo-
edição nº 10, agosto/2009

propriedades da língua são transmitidas gene- lução das regras. A terceira dimensão é a com-
ticamente, contudo, esse conhecimento só é paração dos sistemas sincrônico e diacrônico,
ativado no contato com outro falante. que podem estar relacionados a um ou mais
Chomsky analisa vários princípios e locutores.
baseia-se na intuição do falante, pois com seu Entre os anos 1983 e 1988, um projeto
conhecimento internalizado, apenas ele será foi conduzido por cinco equipes europeias
capaz de organizar uma frase e dizer o que é ou para realização de uma análise comparativa
não permitido em sua língua. Intuitivamente, que visava distinguir traços interindividuais,
translinguísticos e do desenvolvimento da lín- aprendiz, a competência no novo idioma será
gua estrangeira. Como resultado das pesqui- desenvolvida. 29
sas, a preocupação com a interação do locutor Finalmente, Castro diz que a Teoria
com a língua na expressão de tempo e espaço Cognitiva: vê o aprendizado da segunda lín-
ficou concretizada. Os meios linguísticos (lé- gua como um processo mental, que passa pela
xico, morfologia, sintaxe e semântica) podem prática estruturada de várias sub-habilidades
estar em diferentes níveis e, de certa forma, até a automação e integração de padrões lin-
essa diferença marcará o desenvolvimento da guísticos. Essa teoria afirma que as habilida-
nova língua. des tornam-se automáticas ou rotinizadas ape-
Estudos mostraram que depois da cons- nas após processos analíticos... Por outro lado,
trução de uma base lexical (conjunto de pa- a Teoria Cognitiva postula uma reestruturação
lavras conhecidas pelo locutor) e gramatical e integração constante e contínua dos aspectos
(conhecimento construído ao longo do tempo) linguísticos trabalhados para que o aprendiz
mínimas, deve-se priorizar a produção de nar- desenvolva a linguagem.
rativas, provocadas ou espontâneas, no âmbito Segundo a teoria sociocultural (TSC),
dos assuntos mais comuns entre os aprendizes. baseada em Vygotsky, a língua é um artefato
Quando o indivíduo é inserido numa situação cultural utilizada para mediações em atividades
não-escolar em que precisa se comunicar na sociais. Portanto, a aprendizagem de uma se-
língua “do outro”, ele acaba por esforçar-se gunda língua é um processo socialmente me-
mais, independente das lacunas existentes no diado, em que o aprendiz precisa interagir com
seu potencial linguístico. outros indivíduos para poder observar e imitar.
No ano de 1970, os estudos sobre língua Voltando à corrente behaviorista, lembra-
estrangeira foram inseridos na área de linguís- mos que Skinner explicava que a linguagem se
tica aplicada. Com isso, as pesquisas sobre o fundamentava em estímulos externos, atribuin-
ensino ↔ aprendizagem de línguas, no Brasil, do relevante importância ao papel didático do
passaram a estabelecer que, em sala de aula, o professor no ato de ensinar. Com suas ideias
ensino deve partir de estudos textuais para a nativistas, Chomsky reconhece a linguagem
produção de narrativas e descrições de acordo como característica geneticamente determina-
com as necessidades do aluno. Várias discipli- da e que, basta um mínimo conjunto de regras
nas se inter-relacionaram para auxiliar nessa presente na mente do falante para que ele possa
questão de aprendizagem da nova língua para aprender sistemas mais complexos. Para alguns
que todos tivessem suas ideias ouvidas, cola- autores existem ainda as teorias interacionais,
borando com o desenvolvimento do aprendiz. que combinam fatores inatos e ambientais para
Segundo Castro (1996), algumas teo- explicar a aprendizagem da língua.
rias foram elaboradas em relação à aquisi- Há também um consenso entre a maioria
Cadernos UniFOA
ção da língua estrangeira. A Psicolinguística dos estudiosos desse campo no fato de haver
Vygotskiana relaciona pensamento e lingua- uma maior dificuldade no aprendizado de uma
gem e enfoca a compreensão do processo de segunda língua na idade adulta. Um fato que
aquisição, não somente o produto deste1. pode explicar a dificuldade de aquisição da
O Modelo do Monitor aparece com língua estrangeira após a adolescência é a falta
Krashen, que enfoca a aquisição de uma nova de acesso à Gramática Universal por parte do
língua por adultos. Na teoria são descritos a aprendiz. Assim, a aquisição torna-se função
distinção entre aquisição e aprendizagem; a exclusiva do processo cognitivo.
edição nº 10, agosto/2009

ordem de aquisição da segunda língua diferen- Por um lado, possuir fluência numa lín-
te da língua materna; a motivação intrínseca gua significa também saber a realização ade-
do aluno, entre outros. quada de fonemas e entonação. Quanto mais
A Teoria dos Universais Linguísticos velho o aprendiz, menor flexibilidade ele terá
classifica os aspectos gramaticais específicos para a aprendizagem desses novos automatis-
de uma língua bem como as estruturas encon- mos. Já por outro lado, o conhecimento de um
tradas em todas as línguas. maior número de palavras e a capacidade de
A Teoria do Discurso deixa claro que, planejar discursos podem tornar-se mais fáceis
somente através da interação comunicativa do com a maturidade. O indivíduo adulto pode,
por exemplo, apoiar-se no uso da gramática, – Is it a book?
30 enquanto a criança chega às suas conclusões
por inferência. (...)
É importante que o professor esteja pre-
parado para uma situação comunicativa de – Is it a handkerchief?
ensino, em que promova o envolvimento do
aluno com os aspectos a serem adquiridos e Fiquei muito perturbado com essa per-
temas a serem discutidos. Dessa forma, o ob- gunta. Para dizer a verdade, não sabia o que
jeto a ser estudado torna-se mais familiar ao poderia ser um handkerchief; talvez fosse hi-
aluno e este, enquanto sujeito da linguagem, poteca... Não, hipoteca não. Por que haveria
torna-se cada vez mais seguro no momento de de ser hipoteca? Handkerchief! Era uma pa-
formular seus próprios discursos e consciente lavra sem a menor sombra de dúvida antipáti-
do conhecimento que possui. ca; talvez fosse chefe de serviço ou relógio de
pulso ou ainda, e muito provavelmente, enxa-
queca. Fosse como fosse, respondi impávido:
4. Ensino ↔ aprendizagem na
prática – No, it’s not!

Como professora de Inglês, tenho obser- (...)


vado que cada vez mais, as metodologias para
o Ensino da Língua Estrangeira têm tornado- – Is it an ash-tray?
se mais interessantes e relacionados com a
realidade dos estudantes, mas ainda são en- Uma grande alegria me inundou a alma.
contrados métodos que enfatizam somente a Em primeiro lugar porque eu sei o que é um
gramática, sem envolvê-la em contextos reais. ash-tray: um ash-tray é um cinzeiro. Em se-
Para exemplificar essas práticas transcrevo um gundo lugar porque, fitando o objeto que ela
texto bem humorado de Rubem Braga, publi- me apresentava, notei uma extraordinária
cado em 1945, intitulado “Aula de Inglês”. semelhança entre ele e um ash-tray. Era um
objeto de louça de forma oval, com cerca de
– Is this an elephant? 13 centímetros de comprimento.

Minha tendência imediata foi responder As bordas eram da altura aproximada


que não; mas a gente não deve se deixar levar de um centímetro, e nelas havia reentrâncias
pelo primeiro impulso. Um rápido olhar que curvas – duas ou três – na parte superior. Na
lancei à professora bastou para ver que ela depressão central, uma espécie de bacia deli-
falava com seriedade, e tinha o ar de quem
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mitada por essas bordas, havia um pequeno


propõe um grave problema. Em vista disso, pedaço de cigarro fumado (uma bagana) e,
examinei com a maior atenção o objeto que aqui e ali, cinzas esparsas, além de um palito
ela me apresentava. de fósforos já riscado. Respondi:

(...) – Yes!

Terminadas as minhas observações, vol- (...)


tei-me para a professora e disse convincente-
edição nº 10, agosto/2009

mente: – Very well! Very well!

– No, it’s not! Sou um homem de natural tímido, e ain-


da mais no lidar com mulheres. A efusão com
Ela soltou um pequeno suspiro, satisfei- que ela festejava minha vitória me perturbou;
ta: a demora de minha resposta a havia deixa- tive um susto, senti vergonha e muito orgulho.
do apreensiva. Imediatamente perguntou: Retirei-me imensamente satisfeito da-
quela primeira aula; andei na rua com passo
firme e ao ver, na vitrine de uma loja,alguns in college and I study Economics. In my free
belos cachimbos ingleses, tive mesmo a tenta- time I like going to the movies and listening to 31
ção de comprar um. Certamente teria entabu- music.
lado uma longa conversação com o embaixador
britânico, se o encontrasse naquele momento. Textos assim podem ser lidos ou escuta-
Eu tiraria o cachimbo da boca e lhe diria: dos, em atividades de listening. Após interpre-
tação, o professor pode solicitar ao aluno que
– It’s not an ash-tray! fale um pouco de si mesmo e sua família. Para
que não ocorra a “cópia” do texto, o professor
E ele na certa ficaria muito satisfeito apresentaria questões que serviriam de roteiro
por ver que eu sabia falar inglês, pois deve ser para a fala do aluno. Por exemplo:
sempre agradável a um embaixador ver que
sua língua natal começa a ser versada pelas – What’s your name? Where do you
pessoas de boa-fé do país junto a cujo gover- live?
no é acreditado. – Do you live with your family? Do you
Maio, 1945 have brothers and sisters?
– What do the people in your family do?
– What do you do? What do you like?
Vê-se que o método de memorização de What don’t you like?
gramática e vocabulário apenas, ignorando-
se a produção coerente de textos, bem como Essas questões podem ser aplicadas tan-
a finalidade do estudo da língua leva o aluno to para turmas de adolescentes quanto para
a protagonizar situações sem qualquer corres- adultos, e fazem com que os alunos não se de-
pondência com a vida real. sesperem por terem que falar a outros alunos
Há materiais didáticos hoje disponíveis ou ao professor. À medida que o aluno adqui-
que levam o aluno a imaginar ou vivenciar si- re novos conhecimentos, outros textos, em ní-
tuações possíveis em sua realidade. veis mais complexos são usados. As aulas de
Por exemplo, após o ensino de regras Inglês devem se apresentar como um estímulo
gramaticais do Simple Present, e a introdu- na forma de desafio, mas devem respeitar o ní-
ção de alguns exemplos de atividades diárias vel de compreensão do aluno. Se forem muito
e um vocabulário pequeno em Inglês é pos- fáceis ou muito difíceis, o aluno se desaponta,
sível pedir que os alunos façam uma redação desiste e perde o incentivo que o levou a que-
descrevendo-se ou mesmo descrevendo outra rer aprender.
pessoa. Esse mesmo tipo de exercício pode ser Em sala de aula também, o professor
feito oralmente para desenvolver a habilidade precisa estimular o uso do dicionário em di-
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de comunicação, desde que o professor apre- versas atividades como leitura de textos, mú-
sente ao aluno um roteiro com a finalidade de sicas, vídeos ou charges.
facilitar o raciocínio e a organização das frases
em um contexto. Vejamos o texto a seguir:
5. Conclusões
My name’s Alessandra and I live in
Argentina. I have a small family. My mother De acordo com alguns artigos que tratam
works in a bank and she gets home about 7.00 do ensino de línguas estrangeiras e sua impor-
edição nº 10, agosto/2009

in the evening. She’s very hard-working and tância na atualidade, um novo idioma só é re-
she usually brings her laptop home and does almente compreendido a partir do momento
some more work after dinner. My father’s em que o aluno passa a entender os conteúdos
unemployed, so he doesn’t get up at the same comunicativos da língua e não somente seus
time as my mother. He stays in bed until 9.00. aspectos gramaticais. Ou seja, só realmente
I have a brother who really likes computers. tem-se o conhecimento da língua quando se
He has a job with a computer company. We conhece a cultura do povo. A gramática pre-
don’t have the same interests. He hates sport, cisa ser apresentada ao aprendiz de forma que
but I love it. He’s 21 years old and I’m 19. I’m ele veja a finalidade do aprendizado e saiba
como usufruir da nova língua para seu cresci-
32 mento profissional e pessoal.
Como professora de Inglês, tenho alunos
em diversas faixas etárias e, ao longo dos 4
anos lecionando a Língua Inglesa, pude per-
ceber a diferença no aprendizado do Inglês,
entre crianças, adolescentes e adultos. Alunos
mais velhos ou que começam a estudar uma
segunda língua mais tarde, podem ter maiores
dificuldades para quebrar alguns paradigmas
devido à cristalização de estruturas gramati-
cais da língua materna. Mas ainda assim, eles
podem aproveitar o fato de serem mais expe-
rientes e terem um maior vocabulário para,
consequentemente, construir discursos mais
complexos.
Independentemente da idade, o aluno
precisa estar motivado. Ele precisa ver como
o aprendizado pode ajudá-lo a transformar-se,
ele precisa saber aonde pode chegar e o que
é capaz de fazer. O aprendizado verdadeiro
de uma nova língua não ocorre simplesmen-
te com a repetição automática de enunciados,
mas com a relação que o aluno encontra com a
sua língua materna e sua realidade.

6. Referências

DEL RÉ, A. Aquisição da Linguagem – Uma


Abordagem Psicolinguística. São Paulo,
2006.

OLIVEIRA E PAIVA, V. L. M. de. A


Complexidade da Aquisição de Segunda
Cadernos UniFOA

Língua. 2008. Disponível em www.verame-


nezes.com

OLIVEIRA E PAIVA, V. L. M. de. Como o


Sujeito Vê a Aquisição da 2ª Língua. 2009.
Disponível em www.veramenezes.com

OLIVEIRA E PAIVA, V. L. M. de. Linguagem,


Gênero e Aprendizagem de Língua Inglesa.
edição nº 10, agosto/2009

Endereço para Correspondência:


2005. Disponível em www.veramenezes.com
Bethania M. Montrezor
bemontrezor@yahoo.com.br

Joy English Course


Rua 40, n° 20 - sala 715
Vila - Volta Redonda - RJ
CEP: 27260-200
Informações bibliográficas:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:
Montrezor, Bethania Márcia; Silva, Alexandre Batista da. A dificuldade no aprendizado da Língua Inglesa. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, ano IV, n. 10, agosto. 2009.
Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/portal_pesq/caderno/edicao/10/27.pdf>
33

Aplicações do Enfoque Sistêmico nas Estruturas de Ensino e Pesquisa em Administração

Systemic Aspect Applications of the Education and Research Structures in Administration

Agamêmnom Rocha Souza 1 Artigo


Cláudia Cristine Zamboti Francisco 2 Original
Cinthia Cristine Zamboti Francisco 3
Original
Paper

Palavras-chaves: Resumo

Teoria geral dos sistemas A Teoria Geral dos Sistemas, conhecida também como T.G.S.,
é uma teoria interdisciplinar, desenvolvida pelo biólogo alemão
Abordagem sistêmica Karl Ludwig Von Bertalanffy. Essa teoria nos possibilita uma
visão mais abrangente, em que podemos integrar diversos cam-
Instituições de ensino superior. pos do conhecimento. As Instituições de Ensino Superior têm
buscado apoio nos conhecimentos administrativos por ter a fun-
ção de tornar seus alunos agentes participativos nos processos
políticos e sociais.

Abstract Key words:

The Systems Gerenal Theory, also known as T.G.S., is an System general theory
interdisciplinary theory developed by a german biologist Karl
Ludwig Von Bertalanffy. This theory enables us to a wide vison, Systemic approach
where we can integrate a lot of knowledge areas. The Higher
Education Institutes are looking for support in the administrative Higher education institutes
knowledge, because their function to turn their students in
participative agents in the political and social process.

1. Introdução Segundo BOULDING (1964), existem


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cinco postulados que devem ser considerados
1.1 Investigação Inicial pontos de partida para o desenvolvimento da
T.G.S. moderna, dos quais aproveitamos qua-
A Teoria Geral dos Sistemas, também tro deles para o presente trabalho:
conhecida pela sigla T.G.S., foi desenvol-
vida pelo biólogo alemão Karl Ludwig Von • Ordem e regularidade não randômicas
Bertalanffy e publicada entre 1950 e 1968. Ela são preferíveis à falta de ordem ou irre-
não visa solucionar problemas ou experimentar gularidade randômica;
edição nº 10, agosto/2009

as soluções consideradas práticas, mas busca


produzir teorias e formulações conceituais que • Regularidade no mundo empírico faz o
criem condições de aplicação na realidade em- bem mundial;
pírica. Por ser uma teoria de caráter geral, isto
é, uma teoria interdisciplinar, pode ser aplica- • Para estabelecer ordem, a quantificação
da em diversos campos do conhecimento. e a matemática são de grande ajuda;

1
Mestre e Docente do UniFOA. Graduado em Administração e Ciências Contábeis (UCL)
2
Bióloga, pós-graduada em Administração Pública - UCAM/RJ
3
Discente do Curso de Administração do UniFOA
• A procura para ordem e lei necessaria- próprias as quais não são encontrados em
34 mente envolve a indagação para as reali- nenhum dos elementos formadores, tomados
dades que absorvem estas leis abstratas e individualmente. É o que chamam emergente
ordem – a referência empírica delas. sistêmico, segundo CHIAVENATO (2004).
Ainda segundo o autor, do conceito de sis-
Essa teoria pode apresentar uma visão tema decorrem outro dois: o de propósito e o de
mais abrangente para estudar os campos não globalismo. Esses dois conceitos definem duas
físicos da ciência, especialmente das ciências características consideradas básicas do sistema:
sociais. Ela começou a ser aplicada na admi-
nistração devido à necessidade de uma síntese Propósito – todo sistema tem um ou alguns
e uma integração entre as teorias já existentes propósitos. Seus elementos formadores e os
e do aumento da informatização das organiza- relacionamentos definem uma organização que
ções. Por isso, deve-se identificar o maior nú- visa, sempre, a um objetivo ou uma finalidade.
mero possível de variáveis internas e externas,
que possam exercer algum tipo de influência Globalismo – todo sistema possui uma nature-
no processo (tomado como um todo) existente za orgânica, através da qual uma mudança em
na organização. uma das unidades do sistema acarreta mudanças
Segundo MAXIMIANO (2004), uma das nas outras unidades, devido ao relacionamento
premissas mais importantes desse enfoque é entre elas. O efeito total dessas mudanças acar-
a noção de que a natureza dos sistemas é de- retará em um ajustamento sistemático de todo o
finida pelo observador. É preciso aprender a sistema; este sempre reagirá globalmente.
delimitar as fronteiras dos sistemas para com-
preendê-los e manejá-los, isso se chama fazer O sistema pode ser estável, quando uma
recortes na realidade. parte compensa a outra; e instável, quando não
A Teoria de Sistemas utiliza o conceito há compensação, sendo subdividido em uma
do “homem funcional” em detrimento ao con- parte de crescimento e outra de decrescimento.
ceito do homo economicus da Teoria Clássica,
do “homem social” da Teoria das Relações
Humanas, do “homem organizacional” da Teoria 3. Tipo de Sistemas
Estruturalista e do “homem administrativo” da
Teoria Behaviorista, segundo CHIAVENATO Há uma variedade de sistemas e uma
(2004). Em suas ações, o “homem funcional” ampla tipologia para classificar, de acordo
mantém expectativas quanto ao papel dos ou- com suas características. Por exemplo, quanto
tros participantes e procura enviar aos demais as à sua constituição, os sistemas podem ser:
suas próprias expectativas de papel. Essa intera-
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ção altera ou reforça o desempenho, visto que Físicos ou concretos – quando são compostos por
as organizações são sistemas de papéis, onde os equipamentos, maquinário, coisas reais.
participantes desempenham funções.
A abordagem sistêmica “integra as fun- Abstratos ou conceituais – quando são com-
ções universais da administração, a aborda- postos por conceitos, hipóteses, ideias.
gem das funções do adminstrador e o plane- Os sistemas físicos e abstratos se comple-
jamento estratégico, levando em conta fatores mentam, pois os sistemas físicos precisam dos
externos”(MEGGINSON, MOSLEY e PIETRI abstratos para funcionar, e os sistemas abstra-
JR. apud ARAUJO, 2004). tos precisam ser aplicados a um sistema físico.
edição nº 10, agosto/2009

Quanto à natureza, podem ser:


2. Características de sistemas
Fechados – quando não recebem influências ex-
A característica mais importante, dentro ternas e nada do que é produzido é exportado.
do conceito de sistema, é a ideia de conjunto
de elementos interligados formando um todo, Abertos – quando apresentam entrada e saída
que apresenta propriedades e características de energia e matéria.
4. Potencial do sistema Exportação – a organização exporta produtos
e serviços para o meio externo. 35
Os sistemas possuem um potencial que
mostra suas situações internas, evidenciando sua Ciclos de eventos – o funcionamento da or-
estabilidade (que é proporcional ao potencial) e ganização é baseado nos ciclos decorrentes da
as forças e estabilidades das interrelações entre importação-transformação-exportação.
seus componentes. O potencial total de um siste- Entropia negativa – a organização procura
ma é o somatório dos potenciais de suas partes. fugir do esgotamento.
A interação entre os componentes do sis-
tema (movimentação), altera o seu potencial. Informação como insumo, retroação nega-
Ela pode ocorrer de três maneiras distintas, tiva e processo de decodificação – a organi-
dando suporte a existência do sistema, assim zação importa informações sobre o ambiente
como as alterações de potencial: externo, dele obtendo o necessário feedback.

• Nas partes não orgânicas. Estado firme e homeostase dinâmica – a


• Nas partes animais. organização precisa equilibrar a sua adaptabi-
• Na sociedade. lidade às mudanças ambientais, preservando
algumas características internas.
A parte que interage no sistema (parte
potencial) é chamada de potencial livre, e a Diferenciação – a organização tende a subs-
parte que não interage é chamada de potencial tituir padrões difusos por funções mais espe-
próprio. Um sistema é alterado qualitativa- cializadas.
mente quando o potencial próprio é alterado
quantitativamente. Através da concentração Equifinalidade – um sistema pode alcançar, atra-
do potencial próprio podemos saber a quanti- vés de vários meios distintos, o mesmo resultado
dade relativa de potencial do sistema. final, a partir de diferentes condições iniciais.
Quando o potencial livre aumenta ou re-
duz, há um aumento ou redução do potencial Limites ou fronteiras – o espaço interno, a
total do sistema, haja vista que com o aumento esfera de ação e o grau de abertura da organi-
do potencial livre, as interrelações e as intera- zação são delimitados por limites ou frontei-
ções também aumentam, e com a diminuição ras, em relação ao ambiente.
deste, elas também diminuem. O aumento desse
potencial ocorre com a redução dele em um ou- Bertalanffy acreditava no sistema aber-
tro sistema, ambos fazendo parte de um sistema to como “um complexo de elementos em inte-
maior; mais potencial livre implica interações ração e em intercâmbio contínuo com o am-
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maiores e mais longas entre os componentes de biente” (MOTTA e VASCONCELOS apud
um sistema. Essas permutas causam uma equi- ARAUJO, 2004).
valência e simultaneidade entre dois processos
opostos, o de concentração e o de separação.
6. Sistemas sócio-técnicos

5. A organização como um sistema Considerar a organização como um sis-


aberto tema sócio-técnico, significa prestar atenção
edição nº 10, agosto/2009

no processo de transformação ou conversão,


De acordo com KATZ e KAHN apud através da qual a organização tenta alcançar
SOUZA e FERREIRA (2004), a organização suas metas. Esses sistemas se relacionam com
como um sistema aberto apresenta as seguin- as interações entre os fatores psicológicos e
tes características, dentre outras: sociais, e entre as demandas do fator humano
da organização e seus requisitos estruturais e
Transformação – a organização reorganiza tecnológicos.
as entradas, transformando os insumos em Um estudo importante foi realizado pelo
produtos acabados. Instituto Tavistock de Relações Humanas,
em Londres, também conhecido como siste-
36 ma sócio-técnico de Tavistock, sob o coman-
ORGANISMOS ORGANIZAÇÕES

do de Eric Trist em colaboração com K. W. São seres completos


Bamforth. Seu objetivo era o estudo dos efei- (não precisam pra- São seres incomple-
tos da mecanização nas minas de carvão em ticar parasitismo ou tos
Londres. O trabalho de Trist usa uma aborda- simbiose)
gem sistêmica para entender o comportamento
organizacional. O problema é um
A doença é um dis-
desvio nos proce-
túrbio no processo
dimentos adotados
vital
7. Paralelos entre organismos e pela organização
organizações
Fonte: FERREIRA et al apud SOUZA e FERREIRA, 2004.
Os sistemas vivos, sejam considerados
individualmente ou em grupos, são considera- Quando dizemos que os organismos her-
dos sistemas abertos, mantendo uma troca com dam seus traços, estamos falando de genética
ambiente constante de matéria/energia/infor- e seleção natural, por exemplo. Mas quando
mações. De acordo com SOUZA e FERREIRA se trata das estruturas adquiridas pelas organi-
(2004), a abordagem sistêmica da administra- zações em estágios, estamos nos referindo ao
ção adota na análise das organizações o mo- ciclo de vida das organizações, da abordagem
delo dos organismos vivos, em detrimento do de Greiner, por exemplo.
modelo mecânico da concepção clássica. A abordagem de Greiner considera cin-
De acordo com SILVA (2002), as orga- co fases sequenciais de crescimento lento e
nizações são sistemas construídos pelos indiví- revolução rápida, onde cada estágio cria sua
duos em interação com o ambiente – consumi- nova crise, que acabará em um novo estágio:
dores, clientes, concorrentes, organizações de
mão-de-obra, etc. Também são sistemas de par- Fase 1 – crescimento pela criatividade, crise
tes inter-relacionadas que trabalham em conjun- pela liderança.
to para alcançar determinado número de metas,
tantos das organizações como dos participantes. Fase 2 – crescimento pela direção, crise de
A intenção da T.G.S. é a tomada de decisão. autonomia.
Porém, é preciso que as diferenças exis-
tentes entre os seres vivos e as organizações Fase 3 – crescimento pela delegação, crise de
sejam consideradas. O quadro a seguir ajuda controle.
na compreensão:
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Fase 4 – crescimento pela coordenação, crise


Tabela 1: Diferenças existentes entre os se- de burocracia.
res vivos e as organizações.
Fase 5 – crescimento pela colaboração, crise
ORGANISMOS ORGANIZAÇÕES da saturação psicológica.

Adquirem estruturas É necessário frisar que, por mais que


Herdam seus traços
em estágios existam semelhanças entre um e outro, as di-
ferenças devem sempre ser levada em consi-
edição nº 10, agosto/2009

Podem ser reorgani- deração. Dessa forma, não é difícil admitir-


Morrem
zadas se que as Instituições de Ensino Superior,
nesse contexto, estão inseridas, sendo os
Têm um ciclo de Não têm um ciclo de
Cursos de Administração inegavelmente
vida predeterminado vida definido
responsáveis pelas contribuições científicas,
em nível de ensino e pesquisa, já que se es-
São seres concretos São seres abstratos meram para esse binômio acadêmico fluam
constantemente.
8. Avaliando a T.G.S. se orientarem à luz de conceitos administrativos,
tendo em vista, tratar-se de uma organização 37
A Teoria Geral dos Sistemas é muito abs- composta por vários atores com papéis definidos
trata para ser aplicada em situações gerenciais e objetivos comuns. Por isso necessita planejar
práticas. Mesmo apresentando “uma aplicabili- suas ações, organizar sua estrutura, executar
dade geral ao comportamento de diferentes ti- seus planos e controlar seus resultados.
pos de organizações e indivíduos em diferentes Por apresentar um organograma com
meios culturais” (ISARD apud CHIAVENATO, eixo definido e unidades inter-relacionáveis,
2004), essa abordagem é muito geral, cobrindo o sistema escolar está mais suscetível aos
todos os fenômenos da organização. critérios estabelecidos pela Teoria Geral dos
Se especificarmos um problema dentro Sistemas, uma vez que a escola é um sistema
das quatro dimensões organizacionais (con- social (humano) complexo e aberto à influên-
cepção organizacional, planejamento e contro- cia ambiental, mais adaptativo pela capacida-
le organizacional, processos comportamentais de de acumulação de conhecimento coletivo e
e tomada de decisão), é só fazer as mudanças diversidade de perfis individuais.
necessárias dentro de uma ou mais dimensões O sistema escolar, devido sua comple-
e resolvê-lo. Na T.G.S., essa especificidade xidade, utiliza como ferramenta o enfoque
não existe. Ela é uma síntese dos conceitos da sistêmico para visualizar a interação de seus
abordagem clássica, neoclássica, estruturalista componentes, entender a multiplicidade e
e behaviorista. Não identifica as relações espe- interdependência das causas e variáveis dos
cíficas que existem entre as dimensões organi- problemas ( e. g. evasão, baixo rendimento,
zacionais e não faz distinção entre variáveis. infrequência, desmotivação docente e discen-
A T.G.S. se apoia em hipóteses ques- te.) e criar soluções para estes problemas. “
tionáveis. Segundo ANDRADE e AMBONI O sistema educativo formal organiza-se por
(2007), ela pode ser responsável por uma ilu- níveis etários e segmentos educacionais que
são científica, pois apesar de apresentar seme- se caracterizam segundo finalidades e tipos
lhanças com um sistema biológico, o sistema de educação a prosseguir, de acordo com as
administrativo possui características próprias. funções sociais da escola e as necessidades
As relações entre a empresa e o ambiente ex- de desenvolvimento pessoal e social dos edu-
terno devem ser consideradas dentro de limi- candos”, (RIBEIRO, ANTÓNIO CARRILHO
tes claros, sem exageros de paralelismo. apud SILVA, 2006).
Ainda segundo os autores, os estudio- Na estrutura do sistema escolar, podemos
sos parecem enfatizar mais o ambiente do que considerar de uma forma simplificada que hie-
as relações entre organização e ambiente. A rarquicamente ou funcionalmente, a classe dos
organização depende do crescimento e efici- alunos subordina-se à dos professores, e ambas
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ência da sua adaptabilidade ao ambiente para se subordinam à direção. O sistema escolar
sobreviver, o que implica na maior chance de apresenta componentes físicos e abstratos.
sobrevivência das organizações nas quais as Como um sistema dinâmico, o sistema
normas e os valores estejam mais de acordo escolar trabalha com elementos comuns aos
com as demandas do ambiente. da T.G.S., envolvendo o ensino e a pesquisa,
especialmente nos Cursos de Administração:

9. Teoria Geral dos Sistemas e Entradas (Input): Todo recurso material


Sistemas Escolares (Educativos)
edição nº 10, agosto/2009

ou humano capaz de gerar insumos pedagógi-


cos e administrativos;
Dentro do contexto atual de que a escola
tem que formar integralmente o aluno, tornan- • Processamento (Trougput): Utilização
do-o um efetivo participante dos processos po- dos insumos objetivando cumprir o pa-
líticos e sociais, atuando principalmente como pel de tranformação do aluno;
agente transformador destes sistemas e preparado
para a competitividade do mercado de trabalho, • Saída (Output): Alunos preparados para
as Instituições de Ensino Superior têm buscado o enfrentamento social e profissional;
• Retroalimentação (Feedback): Informações 10. Aplicações do Enfoque Sistêmico
38 relevantes para ajustar atividades e pro- nos Sistemas Escolares
cedimentos administrativos/pedagógicos
de modo a melhorar o desempenho (con- A escola tanto pública quanto a privada,
selho de classe) trabalha em busca da qualidade total, avaliando
sempre os resultados de todos os setores que a
• Controle ou Cibernética (Control or compõe. Com isso é capaz de uma re-engenha-
cybernation): Atividades ou processos ria e redesenho de seus processos, o que leva a
utilizados para avaliar o desempenho da mudanças visando ajustes situacionais. A orga-
escola ( avaliações internas e externas); nização escolar para ser bem sucedida tem que
assegurar o equilíbrio entre o sistema interno e
• Sistemas abertos (Open systems): A esco- externo através de estratégias que reduzam sua
la interage com todos os setores da socie- vulnerabilidade, garantindo assim sua existência.
dade realizando trocas de informações;

• Subsistema (Subsystem): A escola está 11. Considerações Finais


dividida em setores que compõem o siste-
ma escolar (administrativo, pedagógico); Por derradeiro, emerge como real ne-
cessidade, tão iminente quanto eminente, nas
• Objetivo (Goal): A escola tem como obje- Organizações Escolares Superiores ofertantes de
tivo principal transformar o aluno em um Curso de Administração, a inclusão ou manuten-
cidadão integral, capaz de interagir na so- ção da pesquisa, via PIC – Programa de Iniciação
ciedade modificando-a quando necessário Científica ou similares, com a finalidade precí-
e preparado para o mercado de trabalho. pua de aprimorar o ensino, dotando, da merecida
qualidade, todos os processos que se vinculem à
• Equifinalidade (Equifinality): A escola uti- formação do futuro Bacharel em Administrração,
liza de recursos, abordagens e procedimen- fechando-se o ciclo sistêmico educativo, de enor-
tos variados para atingir seus objetivos; me importância para as Instituições de Ensino e,
em consequência, para o Brasil.
• Entropia negativa (Negative entropy):
Como sistema aberto, a escola tem que
manter o equlíbrio antecipando prová- 12. Bibliografia
veis problemas (desistências, tranca-
mento de matrícula) ANDRADE, Rui Otávio Bernardes de
e AMBONI, Nério. Teoria Geral da
Cadernos UniFOA

“Pode dizer-se que, em linhas gerais, no Administração – Das Origens às Perspectivas


sistema escolar são considerados os seguintes Contemporâneas. São Paulo: M. Books, 2007.
subsistemas maiores: a) o curricular e o peda-
gógico (referente a planos de estudos, progra- ARAUJO, Luis César G. de. Teoria Geral da
ma de ensino, métodos, organização pedagó- Administração: Aplicação e Resultados nas
gica e avaliação do ensino-aprendizagem; b) Empresas Brasileiras. São Paulo: Atlas, 2004.
o dos recursos humanos, designadamente pes-
soas e demais agentes educativos (referente à ARAÚJO, Osnaldo. Teoria Geral dos Sistemas.
sua formação e regime de docência ou inter- Disponível em : http://www.dearaujo.ecn.br/
edição nº 10, agosto/2009

venção; c) o dos recursos físicos (respeitante cgi-bin/asp/gst02.asp. Acesso em : 29 de maio


à rede, instalações e equipamentos escolares); de 2009.
d) o de administração, organização e gestão
escolares; e) o dos apoios e complementos BRANDÃO, Zaia. Fluxos Escolares e Efeitos
educativos (designadamente a orientação edu- Agregados pelas Escolas. Disponível em:
cacional, saúde, apoios sócio-educativos e vá- http://www.rbep.inep.gov.b.;index.php/ema-
rios serviços complementares)”, ( RIBEIRO, berto/article/viewFile/1073/975. Acesso em:
ANTÓNIO CARRILHO apud SILVA, 2006). 29 de maio de 2009.
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria
Geral da Administração das Organizações. 39
Rio de Janeiro: Campus, 2004.

MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria


Geral da Administração: Da Revolução Urbana
à Revolução Digital. São Paulo: Atlas, 2004.
MICHALAK, Fernando Alves. Teoria
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PUGH, Derek S. e HICKSON, David J. Os


Teóricos das Organizações. Rio de Janeiro:
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SOUZA, Agamêmnon Rocha e FERREIRA,


Victor Cláudio Paradela. Introdução à
Administração: Uma Iniciação ao Mundo das
Organizações. Rio de Janeiro: Pontal, 2006.

Cadernos UniFOA

Endereço para Correspondência:


edição nº 10, agosto/2009

Agamêmnom Rocha Souza


agamemnom.souza@foa.org.br

Centro Universitário de Volta Redonda


Campus Três Poços
Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325,
Três Poços - Volta Redonda / RJ
CEP: 27240-560
Informações bibliográficas:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:
Souza, Agamêmnom Rocha; Francisco, Cláudia Cristine Zamboti; Francisco, Cinthia Cristine Zamboti. Aplicações do Enfoque Sistêmico nas Estruturas de Ensino e
Pesquisa em Administração. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, ano IV, n. 10, agosto. 2009. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/portal_pesq/caderno/edicao/10/33.pdf>
41

CSN e Responsabilidade Sócio-Ambiental: Conscientização, Estratégia ou


Necessidade?

CSN and Corporate Social and Environmental Responsibility: Awareness,


Strategy or Necessity?
Artigo
Rita de Cássia Santos Carvalho 1 Original
José Luiz Trinta 2
Fátima Cristina Trindade Bacellar 3 Original
Paper

Palavras-chaves: Resumo

Teoria geral dos O presente caso para ensino aborda temas relacionados à Responsabi-
sistemas lidade Sócio-Ambiental em ações praticadas pela Companhia Siderúr-
gica Nacional (CSN). Para tal, primeiramente é relatado o histórico da
Abordagem sistêmica empresa, começando por sua fundação como uma empresa estatal que,
após passar por um processo de privatização, tornou-se uma empresa
Instituições de ensino internacionalizada e de capital aberto. Em seguida, dentro desse con-
superior. texto, busca-se caracterizar a responsabilidade sócio-ambiental como
elemento do planejamento estratégico da empresa, bem como de sua in-
ternacionalização e da diversificação do campo de negócios. O objetivo
é discutir, no caso da empresa, como tais ações podem contribuir para a
sustentabilidade, trazer vantagens competitivas e auxiliar na ampliação
de seus negócios, principalmente, no exterior. Também estão incluídas
neste trabalho questões para discussão em sala de aula, assim como, no-
tas de ensino que, além de relacionar a literatura pertinente ao tema, são
finalizadas com depoimentos de especialistas em Meio Ambiente sobre
a importância dos programas de responsabilidade social empresarial.
Espera-se que este caso proporcione uma estimulante discussão junto a
alunos de graduação e de pós-graduação, em especial de programas lato
sensu, sobre um tema tão importante e atual.

Abstract Key words:

This case for teaching addresses issues related to Social and System general theory
Environmental Responsibility in actions taken by Companhia
Cadernos UniFOA
Siderurgica Nacional (CSN). To do this, first reported the company’s Systemic approach
history beginning with its founding as a state body, after going through
a privatization process, has become an internationalized company and Higher education
traded. Then, within this context, we seek to characterize the social institutes
and environmental responsibility as part of strategic planning, as well
as internationalization and the diversification of the business field.
The objective is to discuss the case of the company, as such actions
can contribute to sustainability, bringing competitive advantage and
assist in growing their business, especially abroad. Also included
in this study questions for discussion in the classroom, as well as
edição nº 10, agosto/2009

teaching notes that in addition to the literature relating to the subject,


are finished with testimony from experts on the Environment on the
importance of the corporate social responsibility. It is hoped that this
case provides a stimulating discussion with students at undergraduate
and postgraduate, in particular, programs broadly on an issue as
important and current.

1
Mestre e Docente do UniFOA. Graduada em Comunicação Social (SOBEU) e em Pedagogia (FERP)
2
Doutor em Administração - FEA/USP e Mestre em Administração - COPPEAD/UFRJ
3
Doutora em Administração - USP e Mestre em Administração - COPPEAD / UFRJ
1. Introdução siderado de alto impacto ambiental, e dentro
42 desse setor, a Companhia Siderúrgica Nacional
Na medida em que trouxe implícita a – CSN, objeto do presente caso para ensino.
evolução dos meios de comunicação e das Para a elaboração deste trabalho, foram
tecnologias de informação, a globalização utilizados documentos de diversas fontes,
influenciou também a conduta das empresas, dentre elas: Relatórios Anuais da CSN (2004
que passaram a observar com mais cuidado a 2005 e 2006); sites da CSN, da Vale e do
imagem que a organização transmite ao públi- Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) além
co, pois seus atos passaram a ser mais divul- de entrevistas com a Gerente de Relações
gados e, portanto, mais sujeitos ao controle da Institucionais da Fundação CSN – FCSN e
sociedade. Esta passou, então, a ter uma ten- dois especialistas em Meio Ambiente.
dência crescente de esperar das empresas um
comportamento mais socialmente aceitável,
incluindo desde a responsabilidade de assumir 2. O Contexto Siderúrgico
pelos atos por ela praticados- entre eles pro-
blemas ambientais - até o envolvimento em A siderurgia é o ramo da indústria que se
problemas sociais básicos, participando ativa- dedica à obtenção e ao tratamento do ferro e do
mente do crescimento e bem estar social das aço. É uma indústria de base composta, em sua
comunidades onde estão inseridas. maioria, por empresas de grande porte. A cres-
Por outro lado, também é preciso consi- cente demanda por produtos de ferro e aço fez
derar que o ritmo acelerado com que o homem com que o setor evoluísse tecnologicamente e
vem consumindo os recursos naturais da Terra aumentasse sua produção. Em contrapartida, e
e poluindo a sua atmosfera, criou uma grande como decorrência da própria natureza dos pro-
preocupação com o meio ambiente e com o de- cessos siderúrgicos, que trabalham com altas
senvolvimento futuro da humanidade, que fica temperaturas e geram poeiras e gases, aumen-
evidenciado pelas sucessivas reuniões e even- taram também os problemas ambientais e os
tos, ocorridos a partir de 1972, sob o patrocínio riscos para os operários e para as comunidades.
da ONU, dos quais se destacam a Conferência Apesar dos protestos e dos movimentos sociais,
das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano somente a partir da segunda metade do século
(Estocolmo, 1972) e o Relatório Brundtland XX é que as empresas siderúrgicas passaram a
(1987), também chamado de “Nosso Futuro investir mais em tecnologia e equipamentos, de
Comum” – que já consolidava o conceito de modo a reduzir a emissão de poluentes e aumen-
Desenvolvimento Sustentável, Rio 92 (Rio de tar a segurança de seus operários e da comuni-
Janeiro, 1992) – que lançou as bases para a dade, bem como diminuir o consumo relativo
Agenda 21 e o Protocolo de Kioto e Cúpula de matérias primas e insumos, principalmente a
Cadernos UniFOA

sobre Desenvolvimento Sustentável. água. Graças a esse fato, o aço é hoje o produto
Essa pressão por parte da sociedade mais reciclável e reciclado do mundo.
como um todo, juntamente com a preocupação O parque siderúrgico brasileiro em 2006
em relação à sustentabilidade, está se tornando era composto por 25 usinas operadas por 11
um dos fatores responsáveis pela criação nas empresas e dispunha de uma capacidade de
empresas de uma cultura de responsabilidade produção instalada de 36,5 milhões de tonela-
social que vai bem além da tecnologia e do pro- das de aço bruto/ano. Essa capacidade colocou
cesso produtivo, reconhecendo a importância o Brasil como o oitavo maior produtor mun-
dial de aço e o primeiro da América Latina.
edição nº 10, agosto/2009

do meio ambiente como fator de sobrevivên-


cia das empresas no século XXI. Nota-se uma Nesse ano, a produção brasileira foi de 30,6
crescente conscientização das organizações no milhões de toneladas de aço, representando
sentido de assumir um papel mais amplo dentro 3,1% da produção mundial e 51,5% da produ-
da sociedade, tendência que fica cada vez mais ção da América Latina. O faturamento do se-
evidente pelos balanços sociais das empresas, tor foi da ordem de US$ 53,8 bilhões, e gerou
publicados em seus relatórios anuais. Entre as 110 mil empregos, dos quais 60 mil diretos e
organizações que estão assumindo esse novo efetuou recolhimentos de impostos de aproxi-
papel destacam-se as do ramo siderúrgico, con- madamente R$10,4 bilhões.
O setor siderúrgico nacional está em A empresa adota o gerenciamento da
franca expansão e prevê o investimento de qualidade e meio ambiente, certificados pelas 43
US$ 13 bilhões, até 2010, para ampliar a capa- normas ISO 14001 e concentra suas ações de
cidade de produção de aço bruto para 49 mi- responsabilidade social na fundação por ela
lhões de toneladas anuais. instituída, a Fundação CSN.

3.1. A fase estatal


3. A Companhia Siderúrgica
Nacional – CSN As medidas efetivas para a implantação
da CSN tiveram início em 1931, com a criação,
A Companhia Siderúrgica Nacional – no governo Vargas, da Comissão Nacional de
CSN – foi fundada em 9 de abril de 1941, por Siderurgia. Após 10 anos de disputas internas
ato do então Presidente da República, Getúlio e externas, agravadas pela Segunda Guerra
Vargas e começou a operar na cidade de Volta Mundial, foi realizada em 9 de abril de 1941, na
Redonda – RJ, em 12 de outubro de 1946, data cidade do Rio de Janeiro, a Assembleia Geral
oficial da sua inauguração. É a primeira usina de constituição da Companhia Siderúrgica
siderúrgica integrada a funcionar no Brasil, Nacional, que segundo o estatuto aprovado nes-
sendo considerado um marco no processo de sa assembleia (1941, art. 4), seria uma socieda-
industrialização brasileira. Sua produção de de anônima com domicílio no Rio de Janeiro,
aços planos e não planos na época viabilizou “que tem por fim a fabricação e transformação
a implantação das primeiras indústrias nacio- de ferro gusa, de ferro, de aço e seus derivados,
nais do parque fabril brasileiro. bem como o estabelecimento e exploração de
Atualmente, possui na Usina Presidente qualquer indústria que, direta ou indiretamente,
Vargas em Volta Redonda uma capacidade se relacione com esses objetivos.”
de produção instalada de 5,8 milhões de tone- A partir dessa data, deu-se início à cons-
ladas de aço por ano, empregando diretamen- trução da usina, no então distrito de Barra
te cerca de 8 mil pessoas. Com tecnologia Mansa, Santo Antônio de Volta Redonda, hoje
inovadora e modernos equipamentos, oferece município de Volta Redonda – RJ. Em 1946,
uma das mais completas linhas de aços pla- foi aceso o Alto Forno 1 e, em 12 de outubro
nos e revestidos da América do Sul, de alto de 1946, a usina foi inaugurada oficialmente
valor agregado. Seus produtos estão presen- pelo Presidente da República, na época, o ge-
tes em diversos segmentos, entre os quais se neral Eurico Gaspar Dutra. Em 1961, a usina
destacam o automotivo, da construção civil, passou a ser denominada Usina Presidente
de embalagem e linha branca, fornecidos para Vargas e, nesse mesmo ano, a mineração de
clientes no Brasil e no exterior. ferro, Minerações Casa de Pedra, situada em
Cadernos UniFOA
Após privatização, em 1993, a CSN se Casa de Pedra – MG e a mineradora de fun-
tornou uma empresa de capital aberto, com dentes (calcário e dolomita), Arcos, situada
ações negociadas nas Bolsas de São Paulo e em Arcos – MG, foram incorporadas à CSN.
de Nova Iorque. Nos anos seguintes, a em- Em 1954, a empresa concluiu a segunda
presa experimentou um forte crescimento e fase do seu plano de expansão e a produção
diversificou sua atuação. Em 2001, iniciou alcançou 680 mil toneladas/ano de aço bruto.
um processo de internacionalização, com a Dando sequência à expansão, em 1960, a pro-
aquisição dos ativos da Heartland Steel, cons- dução foi elevada para 1 milhão de toneladas
edição nº 10, agosto/2009

tituindo a CSN LLC, nos Estados Unidos. e, em 1963, atingiu a marca de 1,3 milhões de
Hoje, a CSN, possui entre seus ativos uma toneladas/ano. Ainda em 1960, dois fatos so-
usina siderúrgica integrada, cinco unida- ciais relevantes ocorreram: foi fundada a Caixa
des industriais, sendo duas delas no exterior Beneficente dos Empregados da CSN – CSN
(Estados Unidos e Portugal), minas de mi- Previdência, entidade fechada, de previdência
nério de ferro, calcário, dolomita e estanho, privada, para os empregados da empresa, e foi
uma distribuidora de aços planos, terminais instituída a Fundação General Edmundo de
portuários, participação em estradas de ferro Macedo Soares e Silva, com a finalidade de
e em duas usinas hidroelétricas. manter a Escola Técnica de Congonhas, que a
CSN criou no município de Congonhas – MG. do Rio de Janeiro. O Governo se desfez de
44 No decorrer do tempo, o campo de atuação da 91% das ações da Companhia e o controlador
Fundação foi sendo ampliado e, em 1998, já atual, Grupo Vicunha, passou a ser um dos só-
como empresa privada, seu estatuto foi alte- cios controladores. A Companhia emite ADRs
rado, o nome foi mudado para Fundação CSN (American Depositary Receipts) de nível I
e passou a constituir o braço social da CSN, (mercado de balcão) na Bolsa de Nova Iorque.
com o objetivo de realizar ações voltadas para
a construção da cidadania junto às comunida- 3.2. A fase pós-privatização
des onde a empresa atua.
Dando sequência a um novo plano de Logo após a privatização, teve início
expansão, iniciado em 1974, a CSN alcançou um período de grandes investimentos com o
a capacidade de produção instalada de 2,5 objetivo de aprimorar a qualidade dos produ-
milhões de toneladas em 1977 e 4,6 milhões tos e aumentar a produtividade das unidades
de toneladas/ano, em 1989, com a constru- produtoras. Esse objetivo buscava capacitar a
ção do terceiro alto forno. No ano seguinte, empresa a competir no mercado, visando a sua
1990, com a implantação de novos processos recuperação financeira. Em contrapartida a de-
e novos equipamentos, a empresa se torna a missão de quase dez mil empregados, trouxe
maior produtora mundial de folhas metálicas, sérios problemas para a cidade de Redonda e
em uma mesma usina, com a marca de 1 mi- região, gerando uma grave crise social.
lhão de toneladas/ano. Nesse mesmo ano, o Em 1996, a empresa amplia o seu Volta
Governo Federal decide pela privatização da campo de atuação para os setores de infraes-
CSN e dá início ao processo de saneamento e trutura e logística, passando a participar dos
reestruturação, preparando-a para a venda. projetos de construção de duas novas usi-
Desde sua criação, na década de 1940, a nas hidroelétricas, do Porto de Sepetiba, em
CSN vem desenvolvendo políticas socialmente Itaguaí – RJ e da ferrovia MRS.
responsáveis. Na fase de implantação, devido Em 1997, com pouco mais de cinquen-
à pobreza do local escolhido para construção ta anos de existência, atinge a marca histórica
da usina e à orientação governamental, da épo- de 100 milhões de toneladas de aço produzi-
ca, a política era de total assistencialismo, que da. Nesse mesmo ano, outro fato importante
garantia, ao empregado e seus dependentes, acontece, a CSN passa a ter ações listadas no
moradia a custo simbólico, assistência médica nível II da Bolsa de Valores de Nova Iorque.
e odontológica inteiramente gratuitas, além de Os anos que se seguem são de aquisições
facilidades para aquisição de víveres, roupas, e crescimento. Em 1998, a empresa adquire a
mobiliário e utensílios domésticos. Até a dé- INAL e a Intermesa, duas importantes distri-
cada de 1960 esta política foi pouco alterada. buidoras de aço, que têm suas operações fun-
Cadernos UniFOA

A partir da década seguinte, com o passar do didas, dando origem à nova INAL, empresa
tempo, essa política foi sendo modificada e se que passou a fazer parte do grupo CSN. Em
adequando à realidade do país e do mundo. 1999, foi inaugurada a central de cogeração
Com relação ao meio ambiente, até a dé- termoelétrica na Usina Presidente Vargas, em
cada de 1970, as ações de preservação eram mí- Volta Redonda - RJ, que além de suprir 60%
nimas e não sistematizadas. Somente a partir de das necessidades de energia elétrica da usina,
1980, no Estágio III do Plano de Expansão, em representa um enorme benefício para o meio
que predominou a instalação de equipamentos ambiente, pois utiliza, na sua operação, gases
e tecnologia de origem japonesa é que as ações gerados no processo produtivo da usina que
edição nº 10, agosto/2009

de preservação começaram a ser sistematiza- anteriormente eram lançados na atmosfera.


das, dando início a um processo de conscien- Em 2000, foi inaugurada a hidroelétrica de Itá,
tização ambiental, que foi crescendo gradativa- em Santa Catarina, que torna a CSN autossufi-
mente até o início da década de 1990, quando ciente em energia elétrica. É inaugurado, tam-
começou um tumultuado período em que a em- bém, o TECON, Terminal de Contêineres, no
presa se tornou altamente deficitária e teve seu Porto de Sepetiba-RJ, construído pela CSN em
fechamento cogitado pelo Governo Collor. Em conjunto com a Companhia Vale do Rio Doce.
1993, a CSN foi vendida na Bolsa de Valores Nesse mesmo ano, ocorre a reestruturação so-
cietária em que a CSN realiza o descruzamen- Lusosider, em Portugal, passando a deter a to-
to de participação acionária com a Companhia talidade do capital dessa empresa. 45
Vale do Rio Doce. A Vicunha Siderurgia au- Em 2006, a CSN adquiriu a PRADA,
menta sua participação de 14,1% para 46,5% maior fabricante de embalagens de aço para
na CSN e passa a ser o sócio controlador da a indústria química e alimentícia do país, com
empresa. Ainda nesse ano, a CSN vende sua quatro unidades de produção, localizadas em
participação acionária na Light. São Paulo, Araçatuba, Gaspar e Uberlândia.
Em 2001, a empresa dá início ao pro- Em 2007, a CSN deu início à construção
cesso de internacionalização, ao adquirir os da sua fábrica de cimento, que fica situada no
direitos de compra dos ativos da concorda- interior da própria usina, em Volta Redonda,
tária americana Heartland Steel, constituin- devendo iniciar a produção em 2008. Em 27
do a CSN LLC. Nesse mesmo ano, obtém a de setembro, a CSN realizou, no auditório
certificação na ISO 14001. Também realiza da Associação Comercial Industrial e Agro
reformas no Alto Forno 3 e no Laminador Pastoril – ACIAP, em Volta Redonda, audi-
de Tiras à Quente 2 (equipamentos vitais da ência pública, com a participação de seus diri-
Usina Presidente Vargas), que possibilitaram gentes, empresários e autoridades locais, con-
alcançar a capacidade nominal de 5,6 milhões firmando a construção, na cidade, de um dos
de toneladas/ano de aço bruto e 5,1 milhões de seis módulos de produção de placas de aço,
toneladas/ano de produtos laminados. com os quais pretende elevar sua capacidade
Em 2002, a CSN adquire a Metalic, fá- de produção de aços planos em 9 milhões de
brica de latas de aço de duas peças, localizada toneladas anuais. O investimento, orçado em
em Fortaleza – CE, sendo a única empresa da U$ 805 milhões (cerca de R$1,5 bilhão), deve
América Latina a fabricar esse produto, consi- gerar mil empregos na operação, sendo 800 di-
derado de alta tecnologia. retos na CSN e 200 em empresas terceirizadas.
Em 2003, a CSN alcança a marca recor- O empreendimento ficará pronto 36 meses,
de de 5,3 milhões de toneladas de aço produ- após o início da obra, condicionada ao rece-
zido. Nesse mesmo ano, inaugura uma nova li- bimento da licença ambiental. O projeto do
nha de galvanização, a CSN Paraná, destinada módulo de Volta Redondo inclui a construção
à produção de aços revestidos e pré-pintados. do Alto Forno 4, cuja localização vinha sendo
Ainda nesse mesmo ano, em prosseguimento discutido pela empresa há algum tempo.
ao seu processo de internacionalização, adqui- Outro projeto importante para Volta
re 50% do capital da Lusosider, em Portugal, Redonda é a “Fábrica de Aços Longos”, que vai
e adquire o controle total da CSN LLC. Ainda produzir 500 mil toneladas por ano – 370 mil
nesse ano é feito o descruzamento em partici- de barras, perfis e vergalhões e 130 mil de fio
pações logísticas, entre a CSN e Vale do Rio máquina. A fábrica deverá iniciar sua operação
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Doce. A CSN passa a deter 100% do terminal um ano antes do módulo de placas e o investi-
de contêineres do Porto de Sepetiba (TECON), mento será de U$ 112,7 milhões. Na operação
49,9% das ações da Companhia Ferroviária do dessa nova unidade, a CSN vai empregar 421
Nordeste e abre mão da sua participação na empregados diretos e gerar outros 100 postos
Ferrovia Centro Atlântica (FCA). terceirizados, totalizando 521 novos empregos.
Em 2004, a CSN adquire os 50% restan- Além da fábrica em si, outro aspecto impor-
tes do capital da Galvasud, situada em Porto tante a ser destacado é que o fio-máquina a ser
Real – RJ, passando a deter a totalidade do ca- produzido pela fábrica de aços longos é matéria
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pital dessa empresa. prima para vários outros segmentos industriais


Em 2005, adquire 100% das ações da representando um forte atrativo para a instala-
ERSA – Estanhos de Rondônia S.A., em- ção de novas indústrias na região.
presa composta por uma mina de estanho Quanto aos demais módulos de produção,
(Mineração Santa Bárbara) e uma fundição que compõem o atual plano de expansão da em-
de estanho, ambas localizadas no estado de presa, ficarão assim localizados: dois em Itaguaí
Rondônia. Nesse mesmo ano, em prossegui- – RJ, onde a empresa tem o terminal portuário,
mento ao seu processo de internacionalização, na Baía de Sepetiba; dois em Congonhas – MG,
a CSN adquire os 50% restantes das ações da próximo da mina de Casa de Pedra e o quinto,
na Região Nordeste em local ainda não defini- e ações de controle da poluição atmosférica e
46 do, no estado que oferecer, além da infraestru- hídrica, tratamento de resíduos sólidos, moni-
tura, o melhor pacote de incentivos tributários. toramento, estudos para desativação de equi-
Os investimentos totais previstos para esse pla- pamentos e gestão de risco.
no são da ordem de U$ 6 bilhões. Das 130 obras do TAC, 55 foram volta-
Assim, foram definidos como pilares do das para o controle da poluição do ar e repre-
planejamento estratégico da empresa: sentaram investimentos de R$ 162,2 milhões.
A poluição da água mereceu outros R$ 66,7
• Aumentar valor para os acionistas. milhões distribuídos em 41 ações. O tratamen-
• Manter sua posição de indústria siderúr- to de resíduos sólidos foi contemplado com 18
gica com o menor custo mundial e maior ações que somaram R$ 15,8 milhões. Outros
margem EBITDA. R$ 4,1 milhões foram investidos em estudos
• Tornar-se uma global player otimizando para desativação de equipamentos, atividades
seus ativos de infraestrutura (minas, por- de monitoramento e implementação de siste-
tos e ferrovias) e suas vantagens com- mas de gestão de risco.
petitivas de custo, permitindo um maior Além dessas obras, a comunidade de
crescimento da CSN. Volta Redonda recebeu da CSN três medidas
• Focar no cliente e oferecer soluções compensatórias do TAC: duplicação da ca-
completas em aço, apoiadas por produ- pacidade da Estação de Tratamento de Água
tos e serviços de excelente qualidade, no Potável de Volta Redonda, doação de terreno
Brasil e no mundo. para construção da Estação de Tratamento de
• Proporcionar aos seus colaboradores um Esgotos Domésticos e construção de moderno
ambiente de trabalho seguro e saudável. Aterro Sanitário para o lixo da cidade, em área
• Respeitar o meio ambiente e as comuni- escolhida pela Prefeitura Municipal.
dades onde atua. A conclusão das obras do TAC da Usina
Presidente Vargas possibilitou à CSN atingir
um novo patamar de desenvolvimento ambien-
3.3. Ações de Responsabilidade Sócio-Ambiental tal. A partir daí, os investimentos diminuíram,
concentrando-se em dois tipos de iniciativas:
Com a privatização em 1993, as políticas projetos de melhoria e projetos de crescimen-
de responsabilidade social continuaram, com to. Em contrapartida, as despesas com cus-
o apoio a projetos nas áreas de educação, de- teio aumentaram, isso porque a manutenção e
senvolvimento comunitário, saúde, cultura e operação dos novos equipamentos de controle
esporte, agora concentradas na fundação insti- ambiental são contabilizadas como custeio.
tuída pela empresa, a Fundação CSN. Segundo O ano de 2004 representou para a CSN
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dados da empresa, no ano de 2006, foram in- o início de uma nova etapa de crescimento e
vestidos R$ 13 milhões em projetos sociais, diversificação, com o desenvolvimento do
beneficiando mais de 400 mil pessoas, em doze novo negócio de exportação de minério de fer-
municípios de cinco estados brasileiros. ro. Para viabilizá-lo, ao longo do ano, foram
Em relação ao meio ambiente, a CSN solicitadas as licenças ambientais para os pro-
herdou um grande passivo ambiental. Porém, jetos de ampliação da mina de Casa de Pedra
consciente da necessidade estratégica de cui- (Congonhas – MG) e para melhoria e amplia-
dar do meio ambiente celebrou acordo com a ção do Terminal de Carvão, em Itaguaí – RJ.
FEEMA (Fundação Estadual de Engenharia Foram solicitadas, também, as licenças para o
edição nº 10, agosto/2009

do Meio Ambiente) em 27 de janeiro de 2000 Terminal Graneleiro do Tecon (Terminal de


pelo qual a empresa se comprometeu a reali- Contêineres), no Porto de Sepetiba.
zar 130 projetos ambientais e atingir metas de Outros focos do período, relacionados
desempenho relacionadas ao meio ambiente ao meio ambiente, foram a manutenção da cer-
em Volta Redonda. Esse acordo, denomina- tificação segundo a ISO 14001 para o sistema
do Termo de Ajuste de Conduta (TAC), foi de gestão ambiental da empresa e a solicitação
concluído em abril de 2003 e no total foram de licenças ambientais para projetos a serem
investidos R$ 252 milhões em equipamentos realizados a partir de 2005.
No ano de 2006, o grande destaque no termo foi assinado com o Governo do estado
campo dos investimentos em meio ambiente do Rio de Janeiro em 30/11/2001, aditado em 47
foi a conclusão das obras previstas no Termo de 28/05/2004 e previa a instalação de todos os
Compromisso Ambiental (TCA) do Terminal sistemas de controle ambiental necessários à
de Granéis Sólidos do porto de Itaguaí. Esse operação do Terminal.

A Tabela 1 mostra os dispêndios da empresa com meio ambiente entre 2004 e 2006.

DISPÊNDIOS EM MEIO AMBIENTE

INVESTIMENTOS DE CAPITAL (R$) 2004 2005 2006


Controle de Poluição Atmosférica 4.401.445,00 13.378.064,00 22.777.421,00
Controle de Poluição Recursos Hídricos 4.410.939,00 49.124.044,00 16.357.899,00
Controle de Poluição do Solo/
2.063.844,00 3.242.443,00 6.578.247,00
Gerenciamento de Resíduos
Administração de Meio Ambiente 774.583,00 602.622,00 12.740,00
Total de investimentos 11.650.812,00 66.347.175,00 58.453.728,00
CUSTEIO EM MEIO AMBIENTE (R$) 2004 2005 2006
Controle de Poluição Atmosférica 58.281.258,00 71.288.743,00 82.906.820,00
Controle de Poluição de
65.974.828,00 69.445.441,00 77.349.972,00
Recursos Hídricos
Controle da Poluição do Solo/
11.594.846,00 12.102.503,00 7.025.172,00
Gerenciamento de Resíduos
Administração de Meio Ambiente 11.934.761,00 10.059.464,00 11.549.098,00
Total de Custeio 147.785.694,00 162.896.151,00 178.831.063,00
TOTAL 159.436.507,00 229.243.326,00 237.284.791,00
Fonte: Relatório Anual 2006 – CSN, p.83

O sistema de gestão ambiental da CSN produzido, em 1998, para 39,07 m3 por tone-
estabelece indicadores ambientais para a quali- lada, em 2006, ou seja, economizando mais de
dade do ar, para o consumo específico de água 61% desse insumo.
e para o controle de resíduos gerados. Com Os resíduos gerados em sua maioria são
relação à qualidade do ar, atualmente, os equi- reaproveitados seja como matéria prima na
pamentos produtivos da CSN que podem gerar própria empresa ou vendidos para outros seg-
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impactos atmosféricos contam com sistemas mentos industriais ou para a construção civil.
de controle de poluição próprios e específicos. Em 2006, dos 660 quilos de resíduos gerados
Além disso, a empresa dispõe de uma rede de por tonelada de aço produzida, 26% foram re-
monitoramento da qualidade do ar de Volta ciclados na própria empresa e 73% vendidos,
Redonda, formada por estações de monitora- gerando um faturamento de R$ 190 milhões.
mento que transmitem o Índice de Qualidade
do Ar (IQA) diretamente para a FEEMA, que 3.4. Resgatando erros do passado - CSN é
o disponibiliza, diariamente para os interessa- condenada a reparar danos ambientais de
edição nº 10, agosto/2009

dos, através do seu site. O mesmo indicador período de estatal


é divulgado 24 horas por dia, através de um
painel eletrônico, situado em praça pública no Em 2005, a CSN foi condenada a pagar
centro da cidade. indenização por seu passado de produção in-
Com relação à água, importante insumo dustrial ambientalmente irresponsável, embo-
de qualquer processo siderúrgico, a CSN re- ra, segundo palavras da juíza que condenou a
circula 85% da água captada do Rio Paraíba empresa, Adriana Rizzoto, hoje ela seja um
do Sul, possibilitando a redução de seu consu- modelo de gestão ambiental, de acordo com a
mo específico de 100,5 m3 por tonelada de aço legislação vigente.
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) Percebe-se que a gestão sócio-ambiental
48 foi condenada a reparar os danos ambientais cau- incorporada aos negócios das empresas é rela-
sados no passado pela sua atividade industrial tivamente recente. Por outro lado, está em mo-
por meio do pagamento de uma multa. A princi- vimento crescente e sua prática vem se institu-
pal usina da companhia, a Presidente Vargas, é cionalizando com o surgimento de organismos
apontada como responsável pela deterioração da nacionais e internacionais que criaram indicado-
bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul. res, dispositivos e normas para aferir as ações
Segundo a juíza responsável pela senten- de responsabilidade sócio-ambientais praticadas
ça, os danos ambientais causados pela CSN, pelas organizações. É importante ressaltar a in-
além de confessados pela empresa, ficaram fluência dos resultados dessas medições na ima-
evidenciados em relatório feito pela Feema, gem das empresas, com reflexos diretos nos ne-
o órgão estadual responsável pela fiscaliza- gócios, estes atualmente vinculados ao processo
ção da aplicação das leis ambientais no Rio de globalização. Ações sociais e postura em re-
de Janeiro. Verificou-se a geração de bilhões lação ao meio ambiente são reconhecidas pela
de toneladas de resíduos industriais, o lança- sociedade e pelo mercado e passaram a fazer
mento de cerca de 35 mil toneladas/ano de parte do planejamento estratégico das empresas.
poluente na atmosfera e a contaminação das No caso da CSN, que tem planos para
águas do Rio Paraíba do Sul, responsável pelo continuar a ampliação de seus negócios, inclu-
abastecimento de 10 milhões de pessoas. sive no exterior, a prática da responsabilidade
Em sua decisão, a juíza ressalva a postura sócio-ambiental aparenta ser de fundamental
de vanguarda da empresa no respeito ao meio importância, conforme evidenciado em seus
ambiente: “Cumpre salientar o fato notório de relatórios anuais, com destaque para o Sistema
que, alguns anos após a privatização, a CSN, de Gestão Ambiental adotado pela empresa e
sob nova administração, passou a adotar políti- considerado indispensável para a sobrevivên-
ca de gestão ambiental de vanguarda, bem como cia da mesma, pois garante a gestão do desem-
a investir seriamente em processos industriais penho ambiental da organização, bem como a
mais limpos e eficientes”. No entanto, a juíza gestão das informações ambientais demanda-
afirma que a “interrupção da causa degradadora das pelo mercado (consumidores e mercado de
ao ecossistema com o ajustamento da conduta capitais). Na mesma linha, há de se ressaltar
atual da empresa às exigências da legislação a importância da sustentabilidade para os ne-
ambiental, entretanto, não exclui o dever da Ré gócios da empresa, que no futuro, será fator
de indenizar a comunidade pelos danos causa- de sobrevivência não apenas da CSN, mas de
dos durante sucessivos anos de produção indus- todas as empresas do setor de siderurgia.
trial ambientalmente irresponsável”.

5. Questões para discussão:


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4. Considerações finais
1 – Discuta as ações sócio-ambientais desenvol-
As transformações sociais e econômicas vidas pela CSN, em suas fases de empresa esta-
observadas a partir da publicação do Relatório tal e empresa privada, tendo em vista os concei-
Brundtland têm afetado profundamente o com- tos de Filantropia e Responsabilidade Social.
portamento das organizações até então acos-
tumadas em sua maioria à pura e exclusiva 2 – De que forma a prática da responsabilidade
maximização do lucro. Pode-se perceber uma sócio-ambiental das organizações pode cola-
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preocupação cada vez maior por parte das em- borar para o fortalecimento da marca junto aos
presas e das comunidades, inclusive no Brasil, seus stakeholders e demais públicos de uma em-
sobre temas ligados à responsabilidade sócio- presa de siderurgia e, em especial, para a CSN?
ambiental. Observa-se o surgimento de novas
demandas e maior pressão por transparência 3 – Quais possíveis vantagens competitivas as
nos negócios, fazendo com que as empresas práticas de responsabilidade sócio-ambiental e
incorporem a ideia de responsabilidade sócio- de desenvolvimento sustentável podem trazer
ambiental às suas estratégias de negócios. para uma organização como a CSN? Que pa-
péis elas podem exercer para o crescimento e Finalmente, no que tange a dimensão de
internacionalização da empresa? apresentação, verifica-se que o caso pode ser 49
enquadrado no grau de dificuldade 2 em função
de sua relativa extensão de leitura. O caso ainda
6. Notas de Ensino apresenta informações relevantes não concentra-
das em um único ponto do texto, ou seja, exige
6.1. Metas de Aprendizagem uma leitura atenta por parte do leitor. Embora
haja um esforço em se organizar as informações,
O caso de ensino apresentado é prefe- verifica-se que a realidade existente no mundo
rencialmente destinado a alunos de cursos de prático proporciona informações e dados muitas
pós-graduação lato sensu e stricto sensu de ad- vezes espalhados pela linha do tempo, ou mesmo
ministração. Entretanto, pode ser também apli- pelos diversos departamentos da organização. O
cado em cursos de graduação de administra- caso tem por premissa explorar as temáticas:
ção, desde que respeitadas algumas limitações
de seus alunos (por exemplo, modificando-se • Responsabilidade sócio-ambiental
o grau de dificuldade das questões ou não as • Processo de internacionalização
aplicando em sua integralidade). • Estratégia
De acordo com a classificação proposta
por Ikeda, Veludo-de-Oliveira e Campomar Ressalta-se que a não inclusão da teoria
(2005), o caso em questão se enquadra como como elemento textual do caso baseou-se nos
um caso com foco de decisão posto que sua pressupostos de Mascarenhas et al (2007) que
finalidade pedagógica é despertar insights nos têm o entendimento de que o aluno ao qual se
alunos, sua disponibilidade de informação é destina tem domínio das teorias e disciplinas
suficiente e seus níveis de estruturação e de que envolvem a narrativa e, ainda, este é um
complexidade são moderados. formato que tende a ser mais desafiador, já que
Considerando-se as três dimensões de incita o aluno à reflexão dos aspectos organi-
dificuldade de casos (analítica, conceitual e de zacionais que ligam a teoria à prática.
apresentação) propostas pelo modelo deno- O caso possibilita ao leitor se colocar no
minado Case Difficulty Cube, (LEENDERS; lugar do tomador de decisões ou solucionador
MAUFFETTE-LEENDERS; ERSKINE, 2001) de problemas. Em especial, o caso apresentado
que contemplam o desenvolvimento de um caso, desafia e provoca o estudante a fazer uso de te-
verifica-se que o caso apresentado enquadra-se orias implícitas, analisando-as e colocando-as
no chamado grau de dificuldade 3 da dimensão em prática de modo a proporcionar o melhor
analítica. Tal enquadramento se justifica pelo resultado para a empresa.
fato do caso não fornecer uma pergunta especí-
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fica para a tomada de decisão, mas sim um con- 6.2. Análise do caso
junto de ações que deve ser objeto de análise e
discussão por parte dos alunos, inclusive poden- Para a análise deste caso, aconselha-se o
do resultar em sugestões de outras atividades a emprego de uma hora e meia, levando-se em
serem realizadas pela empresa (CSN). Já na di- consideração uma leitura prévia por parte da
mensão conceitual, pode-se dizer que o caso é turma, com vistas a uma melhor compreensão
compatível com o grau 2, pois embora os concei- do assunto. Previamente ao debate, devem ser
tos possam ser claramente entendidos pelos estu- formados grupos com não mais que quatro in-
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dantes após cuidadosa leitura – característica do tegrantes, de maneira que os alunos exponham
grau de dificuldade 1 – o tema é contraditório e seus pontos de vista e persigam um consenso.
polêmico sob o ponto de vista de alguns autores, Tal tarefa deverá ter um tempo médio de 30
não havendo ainda um consenso acerca das defi- minutos. Em seguida, o professor poderá pro-
nições de marketing social, nem tampouco para por que a turma se disponha na formação de
as de marketing para causas sociais. O caso ainda um círculo e em seguida inicie provocando e
exige conhecimentos simultâneos e de relativa mediando as opiniões. Essa etapa deverá du-
complexidade que o leitor deverá trazer consigo rar cerca de 30 minutos. Ao final, o professor
como pré-requisito ao estudo do caso. deverá realizar um fechamento, gastando um
tempo médio de 30 minutos. Nessa etapa, o uma empresa em prol da cidadania. Sua ética
50 professor poderá tecer comentários em relação social é centrada no dever cívico. As ações de
às decisões adotadas pelos membros do debate responsabilidade social são extensivas a todos
fazendo uma ligação entre tais propostas e os que participam da vida em sociedade – indiví-
pontos chaves da teoria. duos, governo, empresas, grupos sociais, mo-
vimentos sociais, igrejas, partidos políticos e
6.3. Conceitos teóricos outras instituições. A filantropia se baseia no
assistencialismo, que objetiva contribuir para
1 - Melo Neto e Froes (2004) consideram que a sobrevivência de grupos sociais menos fa-
a responsabilidade social surgiu com a filan- vorecidos. Sua ética social é centrada no dever
tropia e tem a ver com a consciência social e o moral. Suas ações partem de vontades e dese-
dever cívico, não é individual, reflete a ação de jos individuais.

Quadro 1 - Diferenças entre filantropia e responsabilidade social

Filantropia Responsabilidade Social


Ações individuais e voluntárias Ação coletiva
Fomento da caridade Fomento da cidadania
Base assistencialista Base estratégica
Restrita a empresários, filantrópicos e abnegados Extensiva a todos
Prescinde de gerenciamento Demanda gerenciamento
Decisão individual Decisão consensual

Fonte: Melo Neto e Froes. Responsabilidade Social & cidadania empresarial: a administração do terceiro setor (2004, p28)

2 - Segundo Ashley (2002) “a nova realidade relação a seus “stakeholders”, pois cada vez
de mercado fez com que as empresas investis- mais essas empresas estão se defrontando com
sem mais em outros atributos hoje essenciais, a necessidade de incorporar a responsabilidade
além de preço e qualidade: confiabilidade, ser- social aos seus objetivos de lucro. “Para elas,
viço de pós-venda, produtos ambientalmente ação socialmente responsável já se transfor-
corretos e relacionamento ético da empresa mou em estratégia corporativa, deixando para
com seus consumidores, fornecedores e vare- trás o estágio de mera tendência.”
jistas, além da valorização de práticas ligadas
ao ambiente interno, como a política adotada 5 - Para Borger (2001), na década de 1980,
em relação à segurança de seus funcionários surgiu a teoria do stakeholder, que visa atingir
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ou produtos e à qualidade e preservação do vários objetivos, tanto os da empresa quanto


meio ambiente.” os propostos pelos agentes envolvidos. Essa
teoria incorpora, ao modelo teórico da respon-
3 - Para Kotler (1998), “as empresas devem as- sabilidade social empresarial, a visão sistêmi-
sumir a responsabilidade pelo meio ambiente, ca, segundo a qual as companhias interagem
atendendo a três critérios quanto aos seus pro- com vários agentes influindo no meio ambien-
dutos: satisfação do cliente, interesse público e te e recebendo a influência deste.
lucro da empresa”, abordagem que confirma a
importância do meio ambiente como fator de so- 6 - Na década de 1990, a Responsabilidade
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brevivência das empresas no século XXI, numa Social Empresarial passou a integrar o desen-
clara alusão de com relação ao produto, “a qua- volvimento sustentável, dando origem a um
lidade é uma imagem que não mais se separa do novo conceito, cujo objetivo, segundo Tenório
impacto ambiental” (OTTMAN, 1983, p.8) (2004), é obter crescimento econômico com a
melhoria da qualidade de vida da sociedade,
4 - Segundo Trevisan (2002), percebe-se no por meio da preservação do meio ambiente e
Brasil, um movimento crescente de empresas pelo respeito aos anseios dos diversos agentes
que estão assumindo responsabilidades em sociais. Dessa forma, as empresas conquista-
riam o respeito e admiração de empregados, gias de informação, conecta tudo o que vale
consumidores, fornecedores e sociedade, ga- e desconecta tudo aquilo que não vale ou se 51
rantindo a sustentabilidade e a continuidade desvaloriza: pessoas, empresas, territórios, or-
dos negócios no longo prazo. ganizações. Por isso, a globalização é por vez
segmentação e diferenciação.”
7 – Ainda de acordo com Borger (2001), “as
questões éticas e sociais são complexas e volá- 11 – De acordo com Sanches (2000), fatos
teis, sendo extremamente difícil definir o que é como transformação na economia internacio-
um comportamento socialmente responsável, nal e globalização da produção e do consumo
com uma percepção clara do que é certo ou er- têm sido acompanhados de outras mudanças
rado, preto ou branco; as decisões são dicotô- como, por exemplo, um crescente grau de
micas. Depende do momento histórico, varia exigência dos consumidores, que por meio de
de cultura para cultura, constituindo-se num seu poder de compra, estão mudando a pró-
desafio para a gestão empresarial e determina pria sociedade quanto a valores e ideologias
a busca de modelos teóricos para engajar na que envolvem suas expectativas em relação
responsabilidade social. Algumas perguntas às empresas e aos negócios. “As empresas in-
são levantadas: As empresas devem ser res- dustriais que procuram se manter competitivas
ponsáveis pelo quê? Quanto é o suficiente? percebem cada vez mais que, diante das ques-
E quem decide? Não há respostas para essas tões ambientais, são exigidas novas posturas,
perguntas, não podemos apertar os botões au- num processo de renovação contínua.”
tomáticos e detonar um processo de reconstru-
ção moral e social para resolvermos os pro- 12 - Segundo Capra (2005), a teoria dos sis-
blemas sócio-ambientais que as empresas e a temas vivos é o melhor arcabouço científico
sociedade enfrentam; não existe um modelo para o estudo da ecologia. Essa teoria tem ra-
que sirva para todos.” ízes em vários campos da ciência e envolve
uma nova maneira de ver o mundo e uma nova
8 - Stakeholders – são todos os impactados forma de pensar, conhecida como pensamento
e interessados direta e indiretamente por um sistêmico, que significa pensar em termos de
negócio e que afetam estrategicamente o mes- relações, padrões e contextos- um novo con-
mo. De forma geral, podemos dizer que são junto de conceitos utilizados para descrever
stakeholders os seguintes atores: fornecedo- a complexidade dos sistemas vivos. Quando
res, clientes, comunidade, sociedade civil, go- essa nova forma de pensamento é aplicada ao
verno, etc. (HOMEM DA COSTA, 2007). estudo das múltiplas relações que interligam
os membros da Casa Terra, alguns princípios
9 – Capra (2005) sustenta que “a humanidade básicos, que esse autor denomina “princípios
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tem a capacidade de atingir o desenvolvimen- da ecologia”, podem ser reconhecidos, dentre
to sustentável, ou seja, a capacidade de atender os quais um se destaca pelos ensinamentos
às necessidades do presente sem comprometer que nele estão implícitos, e que se mostra tão
a capacidade das futuras gerações de atender necessário nos dias atuais: “a vida, desde o
às próprias necessidades”. seu início há mais de três bilhões de anos, não
conquistou o planeta pela força e, sim, através
10 - Para Castells (1999) “os processos estru- de cooperação, parcerias e trabalho em rede”.
turais da economia, da tecnologia da comuni-
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cação, estão, sim, cada vez mais globalizados. 13 - Para Melo Neto e Froes (2004), o ma-
Assim é o caso dos mercados financeiros, das rketing, tornou-se um imperativo de sucesso
redes produtivas e comerciais, das principais empresarial em qualquer setor de atividades.
empresas industriais, dos serviços estraté- Expandindo suas ações, alcançou recentemen-
gicos das empresas (finanças, publicidade, te o social, fazendo surgir um questionamento:
marketing), dos grandes meios de comunica- afinal, existe marketing social?
ção, da ciência e da tecnologia. Este sistema
global tem estrutura de rede que, valendo-se 14 - Segundo Zenone (2006) “o papel até en-
da flexibilidade proporcionada pelas tecnolo- tão do marketing, de satisfazer a necessidade
do cliente a qualquer custo, está se alterando 1 - Depoimento fornecido por Sonia Morcerf,
52 – e com isso vem incorporando a preocupação Gerente de Relações Institucionais da
com o bem estar social. Além de conhecer os Fundação CSN (FCSN).
consumidores, as empresas devem analisar o “O programa de Responsabilidade Social
impacto dos seus produtos no ambiente onde Empresarial, hoje, é tão requerido para se
são comercializados.” manter num mercado altamente competitivo,
como foram os programas e as certificações
15 - Segundo Etzel et al. (2001), hoje uma em- em Qualidade Total na década de 1990. Todo
presa orientada para o marketing “deve ter como o mercado quer se relacionar com empresas
filosofia satisfazer as necessidades dos consu- socialmente responsáveis e que minimizem
midores e, ao mesmo tempo, cumprir sua res- impactos negativos. A empresa deve prever
ponsabilidade social”. Essa situação requer um ações de responsabilidade social para, pelo
novo estágio que amplie a visão do marketing: menos, sete públicos de sua interface: empre-
a orientação social. A orientação social leva as gados, comunidade, meio ambiente, fornece-
empresas a incluir os conceitos de responsabi- dores, clientes, governos e acionistas [...]. E
lidade social e ética empresarial em suas prá- por último a empresa deve ser rentável para os
ticas de marketing. O marketing institucional seus investidores e acionistas, remunerando,
atua na sociedade onde a empresa está inserida adequadamente o capital investido na organi-
fisicamente ou através de seus produtos, com zação. Agindo dessa forma, as organizações
o objetivo de garantir a boa imagem da marca. gerenciam seus riscos, junto aos diversos pú-
No marketing institucional, o objetivo é formar blicos de interesse, e se tornam alvos de bons
uma boa imagem institucional (goodwill) pe- investimentos no mercado do mundo todo,
rante o público de interesse, que, mesmo que pois sua reputação e sua marca são reconheci-
indiretamente, auxilia na comercialização do das e requeridas.”
produto ou serviço. É no marketing institucio-
nal que há a aproximação da empresa com as 2 - Depoimento fornecido por Marcus Vinicius
causas sociais. A palavra institucional é usada Araujo (Mestre em Meio ambiente), profes-
para identificar as iniciativas através das quais sor e coordenador do Curso de Engenharia
uma empresa procura fixar no público uma Ambiental do Centro Universitário de Volta
imagem positiva. Para tanto, busca associar Redonda (UniFOA).
seu nome a determinados valores e conceitos “Produtos ambientalmente corretos ten-
consagrados pela opinião pública. A expressão dem a agregar, em seus preços, os custos com
marketing institucional deve ser classificada a proteção ambiental, fazendo com que os
como uma categoria geral, na qual a expressão mesmos sejam mais caros. [...] No Brasil, os
marketing de causas sociais está incluída. governos investem pouco em educação/cons-
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cientização ambiental, devido a outras prio-


16 - Não existe nenhum mal em uma empresa ridades como: segurança pública, habitação,
se aproximar de causas sociais, desde que isso saúde, etc.”
seja feito de forma transparente e clara, a fim
de não induzir a sociedade de uma falsa per- 3 - Depoimento fornecido por Rosana Ravaglia
cepção da imagem da organização. Segundo (Doutora em Meio Ambiente), professora e
Credidio (2002), o que as empresas devem pesquisadora do Centro Universitário de Volta
evitar é “mostrar através da mídia que apoiam Redonda (UniFOA).
determinadas causas sociais e estão compro- “A consciência ambiental tem crescido
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metidas com elas, o que na maioria das vezes muito desde a década de 1980, após a publi-
não é totalmente verdade”. cação do relatório da ONU sobre as questões
ambientais mundiais (Nosso Futuro Comum).
6.4. Depoimentos obtidos junto a especialis- Dessa forma, as empresas que investem em
tas em Meio Ambiente sobre a importância responsabilidade sócio-ambiental ganham
dos programas de responsabilidade social cada vez mais credibilidade, porque estão
empresarial aplicando os conceitos atuais de meio ambien-
te e desenvolvimento sustentável.”
7. Fontes Nota 2
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Nota 10
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Nota 16
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Salvador-BA, set./2006. Centro Universitário de Volta Redonda
Campus Três Poços
Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325,
Três Poços - Volta Redonda / RJ
CEP: 27240-560
Informações bibliográficas:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:
Carvalho, Rita de Cássia Santos; Trinta, José Luiz; Bacellar, Fátima Cristina Trindade. CSN e Responsabilidade Sócio-Ambiental: Conscientização, Estratégia ou
Necessidade? Cadernos UniFOA. Volta Redonda, ano IV, n. 10, agosto. 2009. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/portal_pesq/caderno/edicao/10/41.pdf>
55

Aneurisma Dissecante de Aorta: A importância do diagnóstico precoce.


Revisão de Literatura e Relato de Caso

Dissecting aortic aneurysm: the importance of the early diagnostic.


Literature review and reported case. Artigo
Original

Original
Fernanda Lopes Marinho 1 Paper
Lucas Mendes 1
Renata F. Carvalho 1
Mauro Tavares 2

Palavras-chaves: Resumo

Aneurisma Os autores fizeram uma revisão de literatura, enfatizando aspectos


Dissecante de Aorta semiológicos e histológicos, sendo este último o ponto essencial para o
entendimento sobre a dissecção aórtica. Abordam, também, aspectos
Cirurgia patológicos da doença, incluindo sua definição, classificação e etiologia,
suas principais manifestações clínicas, o manejo clínico inicial e tratamento
Semiologia cirúrgico. Concomitantemente, relata-se um caso clínico oriundo do SPA
do Hospital SAMER, em Resende no estado do Rio de Janeiro.

Abstract Key words:

The authors did a literature review,about aspects of semiology and Dissecting Aortic
histology,and the last one is the most important point to understanding the Aneurysm
pathology of dissecting aortic aneurysm.They also tell us about the sickness
itself,how it happens,how the pacient fells,clinical manifestations,how is Surgery
the treatment of the pacient on the beggining of the desease and the
surgery. Also,they report about a real case that hapenned at the Hospital Semiology
SAMAER in Resende,Rio de Janeiro. Cadernos UniFOA

1. Introdução A aorta, maior e principal artéria do


organismo, recebe todo o sangue ejetado do
Entre as razões que definiram a escolha ventrículo esquerdo, distribuindo-o para todo
do tema, influiu a dificuldade do seu diagnós- o corpo, com exceção dos dois pulmões. Sua
tico, podendo variar do simples, se os sinto- parede apresenta três elementos principais: a
íntima (revestimento interno em contato dire-
edição nº 10, agosto/2009

mas do paciente são claros, ao complexo, por


apresentar sintomas que confundem o clínico, to com o sangue), a camada média (formada
levando ao diagnóstico errôneo de embolia por camadas circulares, dispostas de forma
pulmonar ou infarto agudo do miocárdio, en- concêntrica, de fibras elásticas e musculares,
tre outros (HURST, 1977). e que chega a representar 80% da espessura

1
Monitores da disciplina de Técnica Operatória do Curso de Medicina do UniFOA
2
Doutor e Docente do Curso de Medicina do UniFOA
total da parede do vaso) e a adventícia (cama- mento adequado, ou seja, uma medida clínica
56 da mais externa, constituída por tecido con- inicial para deter a progressão adicional da
juntivo com fibras elásticas) (JUNQUEIRA e dissecção e reduzir o risco de ruptura e lançar
CARNEIRO, 1974). mão de tratamento cirúrgico nos casos ade-
A aorta apresenta características pecu- quados (HURST, 1977).
liares. Admiravelmente constituída para resis- Assim, desenvolvemos este artigo, cujo
tir a pressão sistólica e iniciar a retração dias- principal objetivo é chamar a atenção para o
tólica, tem suas paredes nutridas pelos “vasa diagnóstico precoce do aneurisma dissecante
vasorum” originados de seus próprios ramos de aorta, identificando sua etiologia e os seg-
e também contém fibras pressoreceptoras cuja mentos aórticos acometidos, cotejando com a
estimulação produz “reação” vagal, com que- sua fisiopatologia.
da da pressão arterial e da frequência cardíaca
(GARDENER, 1988).
O aneurisma dissecante decorre da pene- 2. Revisão de Literatura
tração de sangue na parede da aorta, quase sem-
pre associada à ruptura da íntima, com dissecção 2.1 Definição
das fibras elásticas, separação das camadas e
formação de um “falso lúmen” de extensão va- Segundo BRAUNWALD, ZIPES, LIBBY
riável. Na dissecção aórtica, ocorre hemorragia, (2003, p. 1476):
com formação ou não de hematoma, na túnica
média da parede aórtica o que leva a uma sepa- a dissecção aórtica se inicia pelo desen-
ração das camadas. De extensão variável, pode volvimento súbito de uma laceração na
íntima aórtica, que expõe diretamente
ou não recanalizar para a luz verdadeira, não ne-
a camada ‘média comprometida subja-
cessitando, obrigatoriamente, de uma ruptura da
cente à força propulsora (ou pressão de
íntima para seu início (RESENDE, 1974). pulso) do sangue intraluminal. O san-
O aneurisma dissecante da aorta é mui- gue penetra na camada média compro-
to menos comum, mas bem mais grave que o metida, separando-a longitudinalmente,
infarto agudo do miocárdio, sendo as manifes- desta forma, dissecando a parede da
tações clínicas derivadas, principalmente, da aorta. O espaço preenchido por sangue
própria dissecção e da oclusão de ramos da entre as camadas dissecadas da parede
da aorta torna-se o falso lúmem.
aorta, com alterações nos órgãos terminais su-
pridos por estes vasos (HURST, 1977).
Conforme KNOBEL (2006, p. 436) “de-
Na fase aguda da doença, costuma surgir
fine-se dissecção da aorta como a delaminação
dor retroesternal lancinante, opressiva, sem
das suas paredes produzidas pela infiltração de
melhora com a medicação habitual, sendo
uma coluna de sangue que percorre um espaço
Cadernos UniFOA

que o alívio vem apenas com grandes doses


virtual (luz falsa) entre a adventícia e a íntima”.
de morfina. Geralmente a dor se irradia para
o dorso, podendo também irradiar-se para o
Para GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis
abdome, membro superior, cabeça, pescoço
(2005, p. 533)
e membro inferior, dependendo do local para
onde se estende a dissecção. A principal ca- a dissecção aórtica classicamente co-
racterística da dor é a sua instalação com in- meça com uma laceração na íntima da
tensidade máxima, com a sensação de que aorta que expõe uma camada da média
“algo está se rasgando”, ao contrario do infar- já lesada à pressão sistêmica do sangue
edição nº 10, agosto/2009

to do miocárdio, que tem caráter progressivo intraluminal. O sangue penetra dentro


da média, clivando-a em duas cama-
(RESENDE, 1974 e HURST, 1977).
das longitudinalmente, e produzindo
É uma doença incomum, mas potencial-
um falso lúmem cheio de sangue den-
mente catastrófica. É, das patologias que se tro da parede aórtica. Este falso lúmem
manifestam por dor torácica, de maior morta- propaga-se distalmente (ou, algumas
lidade, com 1% por hora nas primeiras 48h e vezes, retrogradamente) a uma distân-
75% ao final da segunda semana. Para evitar cia variável ao longo da aorta a partir
esse quadro é necessária a aplicação do trata- do local da laceração intimal.
2.2 Classificação Já para GOLDMAN, Lee; AUSIELLO,
Dennis (2005, p.533,534): 57
BRAUNWALD, ZIPES, LIBBY (2003,
a localização de uma dissecção aórtica
p. 1477) definem que:
pode ser descrita de acordo com um dos
diversos tipos de classificação. Dois
grande parte dos esquemas de classifica-
terços da dissecção aórtica são do Tipo
ção da dissecção aórtica está baseada no
A (proximal) e o outro terço é do tipo B
fato de que a vasta maioria das dissecções
(distal). Todos os esquemas de classifi-
aórticas inicia-se num desses dois locais:
cação servem ao mesmo propósito, ou
1. aorta ascendente, a alguns centímetros
seja, distinguir as dissecções que envol-
da válvula aórtica; e 2. aorta descenden-
vem a aorta ascendente das dissecções
te, distalmente à origem da artéria sub-
que não o fazem.
clávia esquerda, no local do ligamento
arterioso. Cerca de 65% das lacerações
da íntima ocorrem na aorta ascenden-
2.3 Etiologia e Patogênese
te , 20% na aorta descendente, 10% no
arco aórtico e 5% na aorta abdominal.
Utilizam-se três sistemas principais de De acordo com BRAUNWALD, ZIPES,
classificação para definir a localização e LIBBY (2003, p. 1478).
a extensão do comprometimento aórtico
conforme demonstrado na tabela 1.1. A degeneração da camada média, evi-
denciada pela deterioração do colá-
geno e da elastina desta, é considera-
Ponto de Origem e Extensão
Tipo da o principal fator predisponente na
do Envolvimento da Aorta
maioria dos casos não traumáticos de
DeBakey dissecção aórtica. Portanto, qualquer
processo mórbido ou outra condição
Origina-se na aorta ascendente e que comprometa a integridade dos
propaga-se, pelo menos, para o componentes musculares ou elásticos
Tipo I
arco aórtico e, com frequência, da média predispõem a aorta à dissec-
além deste no sentido distal. ção. A degeneração cística da média é
uma característica intrínseca de várias
Origina-se a aorta ascendente e é alterações hereditárias do tecido con-
Tipo II
confinado a ela. juntivo, principalmente as síndromes
de Marfan e de Ehles-Danlos.
Origina-se na aorta descenden-
te e estende-se distalmente para
O pico de incidência de dissecção aór-
Tipo III baixo nesta ou, raramente, é re- tica é na sexta e sétima décadas de vida
trógrado para o arco aórtico e e os homens são afetados duas vezes
Cadernos UniFOA
aorta ascendente. mais do que as mulheres. Encontra-se
a concomitância em 72% a 80% dos ca-
Stanford sos de dissecção aórtica.
Todas as dissecções envolvendo
Existe uma inexplicável relação entre
Tipo A a aorta ascendente, independen-
gravidez e dissecção aórtica. “[...] me-
temente do ponto de origem.
tade das dissecções aórticas na mulher
Todas as dissecções que não en- abaixo de 40 anos ocorre durante a gra-
Tipo B videz [...]”. O trauma iatrogênico, por
volvem a aorta ascendente
edição nº 10, agosto/2009

outro lado, associa-se a verdadeira dis-


Descritivo secção da aorta. “[...] cateterismo intra-
luminal a inserção de balão intra-aórtico
Inclui os Tipos I e II de DeBakey podem induzir à dissecção aórtica [...]”.
Proximal
ou tipo A de Stanford A cirurgia cardíaca se associa a um ris-
co muito pequeno de dissecção.
Inclui o Tipo III de DeBakey ou
Distal
o Tipo B de Stanford

Tabela 1.1. Sistemas de classificação


comumente utilizados para descrever
Conforme GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, KNOBEL (2006, p. 439) diz ainda que
58 Dennis (2005, p. 534):
poderemos ter sintomas neurológicos
a doença da média da aorta, com a de- discretos ou permanentes decorrentes
generação do colágeno e da elastina da compressão de vasos da base ou ra-
medial, representa o fator predisponen- mos medulares, determinando aciden-
te mais comum para dissecção aórtica. tes vasculares cerebrais, paraparesia ou
Pacientes com síndrome de Marfan paraplegia, sintomas gastrointestinais
têm uma clássica degeneração cística decorrentes de obstrução de vasos me-
da média e estão sob um risco particu- sentéricos e ainda isquemia de mem-
larmente alto de dissecção aórtica em bros inferiores.
uma idade relativamente jovem. [...]
Raramente uma dissecção aórtica pode A hematúria com oligúria ou anúria, em-
ocorrer em uma mulher jovem durante bora rara, pressupõe comprometimento
o período periparto. O trauma iatrogêni- das artérias renais. O choque cardiogê-
co pelos procedimentos de cateterismo nico súbito deve levantar a suspeita de
intra-aórticos ou cirurgia cardíaca tam- rotura intrapericárdica da aorta (causa
bém podem causar dissecção aórtica. mais comum de morte nas dissecções)
ou insuficiência aórtica maciça.
Ressalta CARVALHO (1993)
Conforme GOLDMAN, Lee; AUSIELLO,
ainda não é conhecida uma causa da do- Dennis (2005, p. 534):
ença. Entre as diversas condições asso-
ciadas à sua presença, a mais frequente a dor, que ocorre em 96% dos casos, e
é a hipertensão arterial. A produção e é tipicamente intensa, constitui o sin-
a extensão da dissecção dependiam da toma de apresentação mais comum de
pressão elevada associada a fluxo pul- dissecção aórtica. A dor pode ser re-
sátil. Como as forças hidrodinâmicas troesternal, no pescoço, na garganta,
atuam mais intensamente na aorta proxi- interescapular, na região inferior das
mal, que recebe toda a pressão de ejeção costas, abdominal ou nas extremidades
do ventrículo esquerdo, considera-se ser inferiores, dependendo da localização
esta a razão do maior envolvimento da da dissecção aórtica. A dor pode mi-
aorta ascendente na doença. grar conforme a dissecção migra dis-
talmente. “[...] Os pacientes também
podem apresentar-se com insuficiência
2.4 Quadro Clínico aórtica aguda, oclusão da artéria coro-
nária direita, hemopericárdio, síncope,
acidente cerebrovascular ou neuropatia
KNOBEL (2006, p. 438) define que
periférica isquêmica”.
Cadernos UniFOA

a manifestação principal da dissecção


aórtica e de suas variantes é a dor to-
GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis
rácica, habitualmente de forte intensi- (2005, p. 534) ressalta ainda que
dade e que é acompanhada de sintomas
neurovegetativos. A dor tem localiza- a hipertensão é um achado comum no
ção variada com tendência a migrar exame clínico e está presente em 70%
para as costas e para o abdômen, não dos pacientes com dissecção aórtica dis-
melhorando com decúbito, uso de va- tal. A hipotensão também pode ocorrer,
sodilatadores e analgésicos habituais. particularmente entre os pacientes com
edição nº 10, agosto/2009

Frequentemente na fase de instalação a dissecções proximais, e geralmente de-


dor se confunde com a dor do infarto ve-se a uma ruptura para dentro do peri-
do miocárdio, todavia na evolução pode cárdio ou por insuficiência aórtica grave.
haver sintomas decorrentes dos ramos
da aorta dissecados acometidos pelo Completa ainda “[...] A insuficiência
processo de delaminação. aórtica é um outro achado clínico importan-
te, que ocorre em um terço dos pacientes com
dissecção proximal”.
O autor continua, completando que Ressalta ainda KNOBEL (2006, p.439) que
59
[...] quando uma dissecção estende-se [...] para obter estas informações, são
para dentro da aorta abdominal, pode ha- quatro os exames subsidiários empre-
ver um comprometimento do fluxo para gados para o diagnóstico e para orienta-
uma ou ambas as artérias renais, pro- ção terapêutica das dissecções aórticas:
duzindo insuficiência renal aguda, que ecocardiografia transtorácico ou tran-
pode exacerbar a hipertensão. “[...] a dis- sesofágico; tomografia com contraste
secção pode estender-se distalmente para convencional ou helicoidal; ressonân-
a bifurcação aórtica e comprometer ou cia magnética nuclear e aortografia.
ocluir uma das artérias ilíacas comuns,
produzindo um déficit no pulso femoral Para BRAUNWALD, ZIPES, LIBBY
e isquemia nas extremidades inferiores”.
(2003, p. 1481)

GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis Uma vez que haja suspeita diagnóstica
(2005, p. 534) conclui que “Uma anormalida- de dissecção aórtica em termos clínicos,
de em uma radiografia frequentemente levanta é essencial confirmar este diagnóstico
a primeira suspeita de dissecção aórtica. No com rapidez e precisão. As modalida-
entanto, os achados na radiografia de tórax são des diagnósticas disponíveis atualmente
para essa finalidade incluem a aortogra-
inespecíficos e raramente diagnósticos”.
fia, TC intensificada por contraste, IRM
e ecocardigrafia trasntorácica ou transe-
Segundo COLAFRANCESCHI (2008) sofágica. Quando se comparam as qua-
tro modalidades de imagem, deve-se
o diagnóstico diferencial é feito com iniciar considerando qual informação
infarto agudo do miocárdio,ruptura de diagnóstica é necessária [...].
aneurisma de seio de valsalva, aciden-
te vascular cerebral, abdome agudo
cirúrgico,embolia pulmonar, pericardi-
2.5.1 Ecocardigrafia Transtorácico/
te, insuficiência aórtica sem dissecção,
aneurisma da aorta sem dissecção, dor Transesofágico
musculoesquelética, trombo-embolia
arterial periférica. Para KNOBEL (2006, p. 439)

O ecocardiograma transtorácico é de
grande importância na dissecção aór-
2.5 DIAGNÓSTICO tica por ser um método disponível na
maioria dos hospitais, é barato e não in-
Conforme KNOBEL (2006, p. 439) vasivo. Sua principal vantagem é poder
Cadernos UniFOA
ser realizado à beira do leito e repetido
A suspeita clínica é a chave do diagnós- várias vezes. É muito mais sensível e
tico e fundamental para implementação específico nas dissecções do tipo A,
das medidas terapêuticas. Além da sus- sendo pouco informativo nas dissec-
peita clínica, o diagnóstico deve ser con- ções da aorta descendente.
firmado por exames de imagem. Nesses
exames são informações fundamentais: KNOBEL (2006, p. 439) relata que

• Presença de dupla luz; a ecocardiografia fornece ainda infor-


edição nº 10, agosto/2009

• Envolvimento da aorta ascendente mações a respeito da função ventricu-


• Presença de derrame pericárdico. lar, presença ou não de insufuciência
aórtica e derrame pericárdico, e fluxos
A presença da dupla luz confirma o anterógrado e retrógado na luz falsa,
diagnóstico de dissecção aórtica, en- dados que os outros exames apresentam
quanto o envolvimento da aorta ascen- falhas diagnósticas. É capaz de determi-
dente ou a presença de derrame pericár- nar a localização das lesões intimais.
dico determina a tratamento cirúrgico
de emergência pelo alto risco de rotura
aórtica destes pacientes.
Conforme BRAUNWALD, ZIPES, LIBBY 2.5.3 Ressonância Magnética
60 (2003, p. 1484) “a ecocardiografia é bem apro-
piada para avaliação dos pacientes com sus- Conforme BRAUNWALD, ZIPES, LIBBY
peita de dissecção aórtica porque se encontra (2003, p. 1482,1483)
disponível na maioria dos hospitais, não é in-
vasiva, é realizada com rapidez e todo o exa- a utilização da IRM tem um papel espe-
me pode ser completado à beira do leito”. cial no diagnóstico de dissecção aórtica,
uma vez que é inteiramente não invasi-
Completa ainda que “[...] o achado eco-
va e não requer o uso de contraste en-
cardiográfico, considerado diagnóstico para dis-
dovenoso ou radiação ionizante. Além
secção aórtica, é a identificação de um retalho disso, a IRM fornece imagens de alta
da íntima ondulante dentro do lúmem da aorta qualidade no planos transversal, sagital
separando os canais falso e verdadeiro [...]”. e coronal, bem como na incidência oblí-
qua anterior esquerda, que exibe a aorta
toarácica interna num único plano.
2.5.2 Tomografia Computadorizada
[...] A IRM é ideal para a avaliação de
De acordo com KNOBEL (2006, p. 440) pacientes com doença aórtica preexis-
a tomografia computadorizada é tente, como os portadores de aneuris-
mas aórticos torácicos ou tratamento
[...] exame não invasivo que permite cirúrgico prévio com enxerto da aorta,
imagens em dois planos que dão uma porque fornece detalhes anatômicos su-
ideia muito fidedigna do envolvimento ficientes para distinguir dissecção aórti-
da aorta em toda sua extensão, assim ca de outras patologias dessa artéria.
como o comprometimento dos seus
ramos. Tem alta sensibilidade e espe- Ainda de acordo com BRAUNWALD,
cificidade sendo comparável em efici- ZIPES, LIBBY (2003, p. 1483)
ência à aortografia e à ecocardiografia.
Permite ainda a detecção de derrame A precisão caracteristicamente elevada
pericárdico ou pleural. da IRM trasnformou-se no padrão ouro
anual para o diagnóstico da presença ou
O autor ainda diz que o exame “[...] difi- ausência de dissecção aórtica. Mesmo
cilmente detecta o local da lesão íntima, infor- assim, a IRM tem várias desvantagens.
mação de interesse fundamental para o plane- [...] pacientes com marca-passo, estão
jamento do ato cirúrgico ou endovascular”. contraindicados certos tipos de clipes
vasculares e certos tipos mais antigos
de próteses valvares metálicas.
BRAUNWALD, ZIPES, LIBBY (2003,
p. 1482) sustentam que
Sustenta ainda BRAUNWALD, ZIPES,
Cadernos UniFOA

LIBBY(2003,p.1483)“[...]Compreensivelmente,
na TC intensificada por contraste, a dis-
secção aórtica é diagnosticada pela pre- a preocupação com a segurança dos pacientes
sença de dois lumens aórticos distintos, instáveis levou muitos médicos a concluir que
visivelmente separados por um retalho o uso da IRM está relativamente contraindicado
da íntima ou distinguidos por um índice para os pacientes instáveis”.
de opacificação diferencial do contras-
te. [...] a desvantagem da TC é que o
local de laceração da íntima raramen- KNOBEL (2006, p. 440) afirma que
edição nº 10, agosto/2009

te é identificado, ainda, o método não


pode detectar com segurança o desen- Apesar de ser não invasiva, não tem
volvimento de regurgitação aórtica”. sido usada como rotina no diagnóstico
em virtude de não estar disponível na
maioria dos locais de atendimento, e
Ainda BRAUNWALD, ZIPES, LIBBY
pelo fato de exigir imobilidade do pa-
(2003, p. 1482) dizem “[...] A TC espiral, que
ciente por períodos de tempo por maio-
foi introduzida mais recentemente e permite uma res do que seria aceitável. É um exame
imagem tridimensional da aorta e seus ramos, me- inadequado para pacientes instáveis do
lhorou a precisão da TC para o diagnóstico [...]”. ponto de vista clínico.
2.5.4 Aortografia 2.6.1 Tratamento Medicamentoso
61
Conforme KNOBEL (2006, p. 441) a técnica KNOBEL (2006, p. 442) afirma que “se-
dação e analgesia são medidas fundamentais,
permite localizar as lesões da íntima, pois a dor, pelo aumento do tônus adrenérgico,
o flapping, a luz verdadeira e a luz fal- leva a um aumento na frequência cardíaca e
sa. Demonstra ainda com propriedade
na pressão arterial, podendo contribuir com o
quais os ramos da aorta estão acome-
processo da dissecção”.
tidos pela dissecção e permite visuali-
zar os orifícios da reentrada distais na Para o controle da pressão arterial, con-
porção descendente e abdominal, fre- forme KNOBEL (2006, p. 442) “O tratamento
quentes nas dissecções crônicas. O ca- clínico tem por objetivo um rigoroso contro-
teterismo cardíaco permite a realização le da pressão arterial, o que é frequentemente
de coronariografia, sendo insubstituível conseguido pela associação de um agente be-
para esta finalidade. tabloqueador com um vasodilatador, habitual-
mente o nitroprussiato de sódio”.
De acordo com BRAUNWALD, ZIPES, O autor relata que “[...] A dose a ser ad-
LIBBY (2003, p. 1483) “A aortografia é con- ministrada é aquela que permite uma pressão
siderada há muito tempo o método diagnósti- arterial mínima, porém, com perfusão tecidual
co padrão para avaliação de dissecção aórtica satisfatória, e o parâmetro clínico de eficácia
porque, por várias décadas, foi o único exame desse agente é a manutenção de uma frequên-
preciso para o diagnóstico antemortem de dis- cia cardíaca entre 55-65 bpm”.
secção aórtica, embora sua verdadeira sensibi- KNOBEL (2006, p. 442) ainda afirma
lidade não possa ser definida”. que “O nitroprussiato de sódio é o agente va-
sodilatador de escolha no tratamento dos pa-
cientes com suspeita de dissecção aórtica e
2.6 TRATAMENTO hipertensão arterial, pelo fato de produzir seu
efeito de forma rápida e com dose que pode
De acordo com KNOBEL (2006, p. 442) ser titulável”.
De acordo com BRAUNWALD, ZIPES,
por ser uma patologia com alta mortali-
LIBBY (2003, p. 1488,1489) “o tamponamento
dade, todo paciente com suspeita clíni-
cardíaco frequentemente complica a dissecção
ca deve ser admitido em uma unidade
de tratamento intensivo, e os exames aórtica aguda proximal e é um dos mecanismos
de imagem devem ser solicitados em mais comuns de morte nesses pacientes”.
caráter de emergência para definição
diagnóstica. O tratamento clínico deve Sustentam BRAUNWALD, ZIPES, LIBBY
Cadernos UniFOA
iniciar imediatamente e visa, basica- (2003, p. 1489)
mente, ao controle da dor e da pressão
arterial.
[...] quando um paciente com dissecção
aórtica aguda desenvolve tamponamen-
ConformeGOLDMAN,Lee;AUSIELLO, to cardíaco e se encontra relativamente
Dennis (2005, p. 534) estável, os riscos da pericardiocentese
provavelmente superam os benefícios e
O objetivo do tratamento clínico inicial deve-se fazer todo o esforço para enca-
para dissecção aórtica aguda é deter a minhá-lo o mais urgente possível à sala
edição nº 10, agosto/2009

progressão adicional da dissecção aór- de cirurgia, para intervenção cirúrgica


tica e reduzir o risco de ruptura. Sempre direta da aorta, com drenagem intrao-
que existir uma suspeita de dissecção peratória do hemopericárdio.
aórtica, deve-se instituir imediatamente
uma terapia enquanto se realizam os es-
tudos de imagens, independentemente
da confirmação do diagnóstico.
2.6.2 Tratamento Cirúrgico restabelecida pela interposição de um
62 enxerto protético conectando as duas
Conforme BRAUNWALD, ZIPES, LIBBY extremidades da aorta.

(2003, p. 1489)
Relata ainda o autor “[...] algumas vezes,
Apesar de pequenas variações de cen- é necessária a substituição da valva aórtica por
tro para centro, surgiu um consenso prótese, porque as tentativas de reparação da
razoável sobre a terapêutica definitiva valva não foram bem-sucedidas ou já existia
da dissecção aórtica nas últimas déca- uma valvopatia ou da síndrome de Marfan”.
das. Há uma concordância universal de
que o tratamento cirúrgico é superior
De acordo com GOLDMAN, Lee;
ao clínico para a dissecção proximal
AUSIELLO, Dennis,
aguda. Com a progressão ainda limita-
da da dissecção proximal, os pacientes
podem sofrer consequências potencial- sempre que uma dissecção aórtica en-
mente devastadoras, como ruptura da volver a aorta ascendente, está indica-
aorta ou tamponamento cardíaco [...]. do um reparo cirúrgico para minizar
o risco de complicações ameaçadoras
à vida, como ruptura, tamponamento
Ainda de acordo com BRAUNWALD,
cardíaco, insuficiência aórtica grave, ou
ZIPES, LIBBY (2003, p. 1489) acidente vascular cerebral. Pacientes
com dissecção aguda confinada à aorta
[...] os pacientes que desenvolvem dis- descendente estão sob um risco muito
secção aórtica aguda distal geralmente mais baixo destas complicações e ten-
têm menor risco de óbito precoce de- dem a evoluir tão bem com a terapia
corrente das complicações da dissecção medicamentosa quanto com a cirurgia.
do que aqueles com dissecção proxi-
mal. Ainda, como os pacientes com dis-
Completam ainda GOLDMAN, Lee;
secção distal tendem a ser mais velhos
AUSIELLO, Dennis “ Quando a dissecção do
e a ter uma prevalência relativamente
elevada de aterosclerose avançada ou tipo B está associada a uma complicação gra-
doença cardiopulmonar, com frequ- ve, no entanto, tal como isquemia de órgão-
ência o risco cirúrgico é consideravel- alvo, a cirurgia está indicada.”
mente mais alto.

Sustentam ainda BRAUNWALD, ZIPES, 3. Relato de um caso clínico


LIBBY (2003, p. 1489) “A indicação cirúrgica
deve ser determinada sempre que possível no Paciente LLP, 53 anos, branco, natu-
início da avaliação do paciente, porque nesta op- ral de Santa Catarina, deu entrada no SPA do
Cadernos UniFOA

ção orienta a seleção dos exames diagnósticos.” Hospital SAMER, Resende-RJ, às 15:45h do
dia 20/10/2008, com quadro de: ansiedade, e
queixando-se de dor precordial. Sem história
Explicam ainda BRAUNWALD, ZIPES,
pregressa de cardiopatia ou outras doenças. Ao
LIBBY (2003, p. 1489)
exame clínico: indivíduo ansioso, normolíneo,
massa: 78 kg, mucosas coradas, hidratadas,
Os objetivos da terapêutica cirúrgica
definitiva incluem a ressecção do seg- acianótico, anictérico, afebril com fácies ansiosa
mento mais intensamente danificado da (sentindo dor). Pressão arterial: 160 x 90 mmHg,
em ambos os braços; pulso: 155bpm. ACV: RCI
edição nº 10, agosto/2009

aorta, excisão da laceração da íntima,


quando possível e obliteração da entra- 2T. MV + bilateralmente e sem ruídos adventí-
da para o lúmen falso, pela sutura das ceos. A dor descrita pelo paciente era forte, do
bordas da aorta dissecada proximal e tipo lancenante, que ia do precórdio até a região
distalmente. Após a ressecção do seg-
interescapular. Abdome normal. Membros infe-
mento doente contendo a laceração da
riores normais. Sistema neurológico normal. O
íntima, tipicamente um segmento da
aorta ascendente nas dissecções proxi- paciente foi medicado com: analgésicos (diclo-
mais ou da aorta descendente proximal fenaco sódico 75mg IM, 3ml de dipirona sódica
nas distais, a continuidade da aorta é venosa), O2 úmido nasal 6l/min.
Foi solicitado ECG, cujo laudo era aórtico e 5% na aorta abdominal. Goldman,
TAQUICARDIA SINUSAL. Foi dosada a Ausiello (2005) mostram que dois terços da 63
troponina, cujo valor encontrado foi 1,6 ng/ dissecção aórtica são do tipo A (proximal) e o
ml. A CK/MB foi de 15 U/L na admissão do outro terço é do tipo B (distal).
paciente; e a LDH-1 de 17 UI/L.
Em função da dor não ter sido abolida, Além disso, Braunwald, Zipes, Libby
o paciente recebeu 30mg de meperidina + 2 (2003) e Goldman, Ausiello (2005) conside-
ml de metoclopramida endovenosos. A radio- ram como principal fator predisponerte dos
grafia de tórax demonstrou uma área cardíaca casos não traumáticos de dissecção aórtica a
ligeiramente aumentada. Foi solicitada uma doença da média da aorta, com a degeneração
tomografia de tórax (Fig. 1 e 2). do colágeno e da elastina medial. Segundo
eles, o trauma iatrogênico pelos procedimen-
tos de cateterismo intra-aórticos ou cirurgia
cardíaca também podem causar dissecção aór-
tica. Além disso, ambos concordam que os ho-
mens são mais afetados do que as mulheres. Já
Carvalho (1993) relata ser a hipertensão arte-
rial como à condição mais frequente associada
à dissecção aórtica.

Knobel (2006) e Goldman, Ausiello


Fig 1 – Tomografia computadorizada de
tórax, com contraste, evidenciando acúmulo
(2005) definem como a principal manifestação
de sangue junto ao arco aórtico. clínica a dor que é tipicamente intensa, sendo
na maioria dos casos uma dor torácica, mas
pode variar dependendo da localização da dis-
secção aórtica. Essa dor pode migrar conforme
a dissecção migra distalmente e ainda pode vir
acompanhada de sintomas neurovegetativos.

Segundo Goldman, Ausiello (2005) a


hipertensão é um achado comum no exame
clínico e está presente em 70% dos pacientes
com dissecção aórtica distal. Além de estar
presente a insuficiência aórtica em um terço
Fig 2 – Tomografia computadorizada de tórax, com
contraste, evidenciando um derrame pericárdico. dos pacientes com dissecção proximal.
Cadernos UniFOA
Às 16:15h foi realizado um ecocardio- Knobel (2006) e Braunwald, Zipes,
grama, em que foi confirmado um aneurisma Libby (2003) relatam que a suspeita clínica
dissecante de aorta ascendente. O paciente foi é essencial para um rápido diagnóstico e que
encaminhado ao Serviço de Cirurgia Cardíaca esse deve ser confirmado através de exames de
da Santa Casa da Misericórdia de Barra imagem como ecocardiografia transtorácico
Mansa-RJ, onde foi operado. Teve alta hospi- ou transesofágico; tomografia com contraste
talar em 10 dias e ficou sob acompanhamento convencional ou helicoidal; ressonância mag-
edição nº 10, agosto/2009

ambulatorial. nética nuclear e aortografia.

Em relação à ecocardigrafia Knobel


4. Discussão (2006) e Braunwald, Zipes, Libby (2003) di-
zem ser de grande importância por estar dispo-
Os autores Braunwald, Zipes, Libby nível na maioria dos hospitais, ter baixo custo,
(2003) relatam que cerca de 65% das lace- ser não invasivo, além de poder ser realizado
rações da íntima ocorrem na aorta ascenden- na beira do leito.
te , 20% na aorta descendente, 10% no arco
Já em relação à tomografia computa- 5. Conclusão
64 dorizada Knobel (2006) e Braunwald, Zipes,
Libby (2003) sustentam que a desvantagem do O aneurisma dissecante de aorta é uma
seu uso é que ele raramente identifica o local doença grave que exige terapêutica adequada
de laceração da íntima. e rápida. É fundamental para o médico que
Ainda em relação aos exames diagnósti- atende em unidades de urgências/emergências,
cos Braunwald, Zipes, Libby (2003) afirmam o conhecimento não só da fisiopatologia desta
que a ressonância trasnformou-se no padrão doença, como também o propedêutica aplicada,
ouro anual para o diagnóstico da presença ou pois o diagnóstico precoce diminuirá sensivel-
ausência de dissecção aórtica. Diferente de mente o prognóstico desta entidade mórbida.
Knobel (2006) que acredita que a ressonância
não é utilizada na rotina do diagnóstico por não
estar disponível na maioria dos locais e exigir a 6. Referências Bibliográficas
imobilidade do paciente. Porém ambos concor-
dam que existem algumas desvantagem no uso BRAUNWALD, E.; ZIPES, D. P.; LIBBY,
da ressonância como ele ser inadequado para P.. Tratado de Medicina Cardiovascular. 6ª ed.
pacientes instáveis do ponto de vista clínico. Roca LTDA. 2003.

Conforme Knobel (2006) a aortografia KNOBEL, Elias. Condutas do paciente grave.


tem sua importância, pois permite localizar as 3 ª ed. São Paulo. Atheneu. 2006.
lesões da íntima, o flapping, a luz verdadeira e
a luz falsa, além dos ramos da aorta que podem NOBRE, Fernando; SERRANO Jr, Carlos V..
estar acometidos pela dissecção. Braunwald, Tratado de Cardiologia SOCESP. 1ª ed, brasi-
Zipes, Libby (2003) sustentam que esse exame leira.São Paulo. 2005.
é o método diagnóstico padrão para avaliação
de dissecção aórtica, embora sua verdadeira GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis. Cecil
sensibilidade não possa ser definida. tratado de medicina interna. 22ª ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
Sobre o tratamento da dissecção aórtica,
Knobel (2006) acredita que todo paciente com LOPES, Antônio Carlos. Tratado de clínica
suspeita clínica deve ser admitido em uma uni- médica. São Paulo. Roca LTDA. 2006.
dade de tratamento intensivo e devem ser so-
licitados os exames de imagem. O tratamento CARVALHO, A. C. P. Contribuição da
clínico deve iniciar imediatamente para contro- Tomografia Computadorizada ao Diagnóstico
le da dor para que impeça o aumento do tônus de Aneurisma dissecante de aorta. Tese de
Cadernos UniFOA

adrenérgico, e da pressão para que se permita Mestrado em Radiologia. Rio de Janeiro: FM/
uma pressão arterial mínima, porém, que man- CCS/UFRJ, 1993.
tenha uma perfusão tecidual satisfatória.
ROBBINS, Stanley L.; COTRAN, Ramzi
Em relação ao tratamento cirúrgico, os S.. Robbins e Cotran: patologia - bases pa-
autores Braunwald, Zipes, Libby (2003) e tológicas das doenças. KUMAR, Vinay
Goldman, Ausiello (2005) acreditam que exis- (Secundário); ABBAS, Abul K. (Secundário);
ta um consenso sobre a terapêutica definitiva FAUSTO, Nelson (Secundário). 7.ed. Rio de
da dissecção aórtica assim, quando a dissecção
edição nº 10, agosto/2009

Janeiro: Elsevier, 2005.


aórtica envolver a aorta ascendente, está indi-
cado um reparo cirúrgico devido aos riscos de Doenças cardiovasculares: Aneurisma Dis-
complicações, porém se ela estiver restrita a secante de Aorta. Disponível em:
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Endereço para Correspondência:
A.; LAWS, D.: Emergency abdominal aortic
edição nº 10, agosto/2009

aneurysm presenting without haemodynamic


Mauro Tavares
shock is associated with misdiagnosis and de-
Curso de Medicina do UniFOA
lay in appropriate clinical management. Emerg mauro.tavares@foa.org.br
Med J; 26(5):334-9, 2009 May.
Centro Universitário de Volta Redonda
RAMANATH, V.S.; O.H, J.K.; SUNDT, Campus Três Poços
T.M.; EAGLE, K.A.: Acute aortic syndro- Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325,
mes and thoracic aortic aneurysm. Mayo Clin Três Poços - Volta Redonda / RJ
Proc;84(5):465-81, 2009 May. CEP: 27240-560
Informações bibliográficas:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:
Marinho, Fernanda Lopes; Mendes, Lucas; Carvalho, Renata F.; Tavares, Mauro. Aneurisma Dissecante de Aorta: A importância do diagnóstico precoce. Revisão de
Literatura e Relato de Caso. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, ano IV, n. 10, agosto. 2009. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/portal_pesq/caderno/edicao/10/55.pdf>
67

Perfil Nutricional de Idosas frequentadoras da Faculdade da Terceira Idade

Nutritional profile of elderly who frequent The Third Age Faculty

Artigo
Érica Cristina Moreira Guimarães 1 Original
Lorena Silva dos Santos 1
Bruna Moraes de Jesus 1 Original
Natalia Almeida Pastana 1 Paper
Margareth Lopes Galvão Saron 2

Palavras-chaves: Resumo

Antropometria O objetivo deste foi avaliar o perfil nutricional de idosas frequentadoras da


Faculdade da Terceira Idade, de São José dos Campos, Estado de São Paulo.
Inquérito Alimentar A pesquisa foi transversal e controlada, constituída por 40 idosas, com mé-
dia de idade de 68,22 anos. Foi realizada a avaliação antropométrica (índi-
Idosa ce de massa corporal, circunferência da cintura, razão cintura-quadril, prega
cutânea triciptal e circunferência muscular braquial) e aplicação do inquéri-
Estado Nutricional to alimentar. Os resultados mostraram inadequação do estado nutricional da
maioria (52,5%) das idosas pelo índice de massa corporal, circunferência da
cintura (75%) e razão cintura-quadril (90%). A maioria das idosas apresen-
tou adequação em relação à reserva de tecido adiposo e muscular braquial.
Verificou-se neste grupo uma baixa ingestão de fibra alimentar, com média de
10,76 g. Pode-se concluir que prevaleceu a inadequação do estado nutricio-
nal, indicativa de sua maior susceptibilidade à morbidade e à mortalidade e
inadequação pela maioria idosas em relação ao consumo alimentar de fibra.

Abstract Key words:

The aim of work was evaluate the nutritional profile elderly women who Anthropometry
frequent the Third Age Faculty in São José dos Campos, São Paulo State,
Brazil. The research was a controlled transverse study constituted by 40 Alimentary Injury
elderly women with average age of 68.22 years old. It was carried out
Cadernos UniFOA
anthropometric evaluation (body mass index, waist circumference, waist-hip Elderly
ratio, triceps skinfold thicknesses and midarm circumference) and alimentary
injury. The results showed inadequacy of nutritional status for majority Nutritional Status
(52.5%) of the elderly women by body mass index, waist circumference
(75%) and waist-hip ratio (90%). The majority of elderly women presented
adequacy for fat and muscular tissue reserves. It was noted in this group a
low ingestion of alimentary fiber with average of 10.76 g. It is concluded
that prevailed the inadequacy of nutritional status, which indicate the higher
susceptibility to the morbidity and mortality and inadequacy of alimentary
fiber use by the elderly women.
edição nº 10, agosto/2009

1. Introdução anos indica que o país se encontra em proces-


so de envelhecimento populacional. De acor-
O aumento gradativo da população com do com a Pesquisa Nacional por Amostra de
60 anos ou mais de idade no Brasil nos últimos Domicílio (PNAD), a população brasileira de

1
Acadêmicas do Curso de Nutrição da Universidade do Vale do Paraíba, SP.
2
Docente do Curso de Nutrição da Faculdade de Ciência da Saúde, Universidade do Vale do Paraíba, SP.
idosos, no período de 1997 a 2007, apresentou O objetivo deste trabalho foi avaliar o
68 um crescimento relativo da ordem de 47,8%. perfil nutricional das idosas frequentadoras de
Em 2007, a PNAD revelou a existência no uma Faculdade da Terceira Idade do município
Brasil de quase 20 milhões de idosos, corres- de São José dos Campos, Estado de São Paulo.
pondendo a 10,5% do total da população.
A distribuição etária da população
mundial tem apresentado visível alteração 2. Metodologia
nas últimas décadas, em razão da expansão
da expectativa de vida e do consequente A pesquisa foi realizada na Faculdade
aumento de idosos, o que representa novos da Terceira Idade da Universidade do Vale do
desafios no campo da pesquisa nutricio- Paraíba (UNIVAP) de São José dos Campos,
nal. Esse fato gera maior necessidade em São Paulo, Brasil. O estudo foi transversal e
aprofundar a compreensão sobre o papel controlado, sendo aprovado pelo Comitê de
da nutrição na promoção e manutenção da Ética em Pesquisa da UNIVAP, parecer H168/
independência e autonomia dos idosos. Nas CEP/2008. O Termo de Consentimento Livre e
últimas décadas, a população brasileira vem Esclarecido foi obtido de todas as participantes.
mostrando importantes mudanças em seus Os critérios de inclusão das idosas foram:
hábitos alimentares e estilo de vida, exis- estar matriculada na Faculdade da Terceira
tindo uma escassez de informações sobre a Idade da UNIVAP, ser do gênero feminino, de
situação alimentar dos idosos. todas as etnias, com idade superior ou igual a
Com o envelhecimento, além do au- 60 anos, demonstrar interesse em participar da
mento da gordura corporal, observa-se redis- pesquisa e assinar o Termo de Consentimento
tribuição desse tecido, havendo diminuição Livre e Esclarecido. Os critérios de exclusão
nos membros e acúmulo preferencialmente na foram a presença de ascite e/ou edema.
região abdominal. A massa muscular tende a As medidas antropométricas utilizadas
diminuir, assim como há modificações no pa- neste estudo foram a massa corporal e a es-
drão de distribuição da gordura corporal, onde tatura, de acordo com a técnica recomendada
o tecido gorduroso dos braços e pernas dimi- por Lohman et al. Com os dados da massa
nui, no entanto aumenta no tronco. corporal e estatura, foi calculado o Índice de
A identificação do tipo de distribuição de Massa Corpórea (IMC) (WHO, 1995). O IMC
gordura corporal é importante, pois o acúmulo foi classificado de acordo com a Organização
de gordura na região abdominal apresenta es- Pan-Americana de Saúde – OPAS.
treita relação com alterações metabólicas, as A composição corporal foi determinada
quais podem desencadear o aparecimento de a partir da obtenção da prega cutânea tricip-
enfermidades como as cardiovasculares e dia- tal (PCT), da circunferência braquial (CB) e
Cadernos UniFOA

betes mellitus. Estudos evidenciam que, com da circunferência muscular braquial (CMB),
o avançar da idade, ocorre aumento da gordu- utilizando-se a seguinte equação: CMB (cm)
ra visceral e que a relação entre acúmulo de = [CB (cm) – (π x PCT (cm))] de acordo com
gordura abdominal e alterações metabólicas se o procedimento descrito por Lohman et al. Os
mantém com a idade. valores de referência para PCT e CMB foram
Dentre os métodos mais utilizados para do National Health and Nutrition Examination
a determinação de fator de risco coronariano, Survey (NHANES III).
destacam-se o índice de massa corporal (IMC), As medidas de circunferência da cintura
razão cintura quadril (RCQ), circunferência da (CC) e circunferência do quadril (CQ) foram
edição nº 10, agosto/2009

cintura (CC), índice de conicidade (IC) e me- aferidas conforme o procedimento descrito
didas de espessura de pregas cutâneas. por Lohman et al. A circunferência da cintu-
No âmbito educacional, as Universidades ra (CC) foi utilizada para classificar as idosas
Abertas à Terceira Idade têm favorecido a im- com relação ao risco de doenças crônicas e
plementação de recursos auxiliares, procuran- complicações metabólicas associadas à obesi-
do suprir a escassez de projetos sociais e edu- dade tendo como ponto de corte a CC ≥ 88 cm
cacionais mais densos e abrangentes para esta (WHO). A razão cintura-quadril (RCQ) foi ob-
faixa etária. tida dividindo-se o valor numérico da circun-
Legenda de figuras

ferência da cintura pelo do quadril, ambos em 50%

centímetros. O resultado foi avaliado segundo


45%

40%
69
o ponto de corte para RCQ ≥ 0,85 (WHO). 35%

30%

O inquérito alimentar foi determinado 25%

por meio da aplicação do recordatório habi-


20%

15%

tual. Para os cálculos da ingestão de energia, 10%

5%
do percentual de macronutrientes e de fibra 0%

total, as informações do registro alimentar


Baixo Peso Eutrófico Sobrepeso Obesidade

foram analisadas no programa computacional Figura


Figura 1. Distribuição
1. Distribuição das idosas
das idosas segundo
segundo o estadonutricional pelo índice de
o estado
nutricional pelo índice de massa corporal (IMC).
massa corporal (IMC).
Dietpro, versão 5.
O tratamento estatístico de todos os re-
A Figura 2 mostra a frequência das idosas
sultados foi efetuado por meio do Programa
segundo a presença ou ausência de risco de do-
SPSS (Statistical Package for Social Science).
enças cardiovasculares pelos parâmetros de CC
Utilizou-se a estatística descritiva (média, des-
e RCQ. Os resultados mostraram uma elevada
vio padrão, mínimo e máximo) para as variáveis
prevalência de risco de doenças cardiovascula-
contínuas e os gráficos para a frequência das va-
res na população estudada por meio das medi-
riáveis categóricas (classificação nutricional).
das de CC (75%) e do índice de RCQ (90%).

100%

3. Resultados 90%
80%
70%
60%
Foram avaliadas 40 idosas, com média de 50%

idade de 68,22 anos, variando entre 60 a 84 anos, 40%


30%

enquanto o desvio-padrão foi de 6,41 anos. Os 20%


10%
valores obtidos dos parâmetros antropométricos Legenda
0% de tabelas
Legenda de tabelas CC RCQ CC RCQ
como massa corporal, estatura, IMC, CC, CQ e Sem Risco Sem Risco Com Risco Com Risco

RCQ das idosas estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Valores médios dos parâmetros antropométricos das idosas.
Tabela 1. Valores médios dos parâmetros antropométricos das idosas.
Figura Figura 2. Distribuição
2. Distribuição dasdasidosas
idosas com
com relação
relação ao risco de doenças
Média (Desvio Padrão)
ao risco depor
cardiovasculares, doenças
meio cardiovasculares,
das medidas de por
circunferência da cintura (CC) e
Média (Desvio Padrão) n (40)
meio das medidas de circunferência da cintura
n (40) razão cintura
Massa quadril
Corporal (kg) (RCQ). 68,14 (± 12,01)
(CC) e razão cintura quadril (RCQ).
Massa Corporal (kg) 68,14 (± 12,01) Estatura (cm) 1,56 (± 0,084)
Estatura (cm) 1,56 (± 0,084) Índice de Massa Corporal (kg/m2) 27,93 (± 4,61)
Índice de Massa Corporal (kg/m2) 27,93 (± 4,61)
Circunferência
Comdarelação à PCT e CMB,
Cintura (cm)
observou-
95,83 (± 9,68)
Circunferência da Cintura (cm) 95,83 (± 9,68) Circunferência do Quadril (cm) 102,93 (± 8,53)
Circunferência do Quadril (cm) 102,93 (± 8,53) se queCintura-Quadril
Razão a maioria das idosas apresenta reservas
0,94 (± 0,058)
Razão Cintura-Quadril 0,94 (± 0,058)
adequadas de tecido adiposo braquial (80%) e
Tabela 2. Distribuição das idosas segundo a prega cutânea triciptal e
Tabela 1. Valores médios dos parâmetros
Tabela 2. Distribuição das idosas segundo a prega cutânea
dee tecido muscular
triciptal circunferência
braquial (60%) (Tabela 2).
muscular braquial.
antropométricos das idosas.
circunferência muscular braquial.
Cadernos UniFOA
Classificação N %

Os valores médios de IMC das idosas fo-


Classificação N %
Prega cutânea triciptal
Prega cutânea triciptal Depleção severa 1 5%
ram de 27,93 Kg/m2, esse índice
Depleção severa 1
apresentou-se
5% Risco de depleção 3 7,5%
dentro da normalidade, de acordo
Risco de depleção 3 com7,5%o pon- Eutrofia 32 80%
Eutrofia 32 80% Excesso de gordura 4 10%
toExcesso
de decorte
gordura
proposto pela Organização
4 10%
Pan- Circunferência muscular braquial

Americana de Saúde. O valor médio do parâme-


Circunferência muscular braquial Depleção severa 7 17,5%
Depleção severa 7 17,5% Risco de depleção 9 22,5%
tro da CC foi de 95,83 cm e a RCQ
Risco de depleção 9
foi 22,5%
de 0,94; Eutrofia 24 60%

ambos
Eutrofia apresentaram valores acima
24 dos60%pontos
Tabela 2. Distribuição das idosas segundo a prega
edição nº 10, agosto/2009

de corte utilizados para a determinação de risco cutânea triciptal e circunferência muscular braquial.
à saúde em mulheres. A classificação nutricio-
nal das idosas pelo parâmetro IMC revelou a A análise da ingestão alimentar das ido-
prevalência (52,5%) de risco nutricional (bai- sas participantes da pesquisa está apresentada
xo peso, sobrepeso e obesidade) em relação ao na Tabela 3. Observa-se que as idosas con-
IMC normal (47,5%), conforme mostra a Figura somem em média 1455,38 Kcal, variando de
1. O percentual de ocorrência do risco nutricio- 889,82 a 2740,52 Kcal, enquanto o desvio-pa-
nal das idosas foi para a obesidade de 25%, so- drão foi de 482,82 Kcal. A média de distribui-
brepeso de 22,50% e baixo peso de 5%. ção percentual dos macronutrientes ingeridos
pelas idosas está dentro da faixa de normalida- a distribuição regional de gordura ou qualquer
70 de, porém verificou-se uma baixa ingestão de mudança na distribuição de gordura ocorrida
fibra
Tabelaalimentar com
3. Ingestão de média
calorias de 10,76
e nutrientes g. da Faculdade
pelas idosas da com o processo de envelhecimento, sendo
Terceira Idade.
considerado, portanto, um indicador pobre
Média (Desvio Padrão)
para avaliar riscos em idosos.
Energia (kcal) 1455,38 (± 482,82)
Fibra (g) 10,76 (± 16,18)
Os resultados do estudo feito por Cabrera
Distribuição dos macronutrientes e colaboradores ressaltam a importância da
56,89 (± 9,91)
Carboidrato (%)
27,09 (± 8,47)
aferição da RCQ como parâmetro antropo-
Lipídio (%)
Proteína (%) 16,47 (± 4,65) métrico de distribuição de gordura central na
Tabela 3. Ingestão de calorias e nutrientes pelas
análise de risco entre as idosas, cujo aumento
idosas
Legenda de figurasda
Faculdade da Terceira Idade. demonstrou ser um fator de risco para a mor-
talidade total.
50%
Os valores médios e a própria classifi-
4. Discussão
45%

40%
cação nutricional obtidos da CC e RCQ nes-
35%
te estudo, sugerem que as idosas apresentam
30%

25% Os valores médios encontrados de IMC risco para doenças cardiovasculares e distúr-
20%

das idosas avaliadas estão dentro da faixa de


15% bios metabólicos. No estudo feito por Tinoco
10%
normalidade, conforme recomendado pela
5% e colaboradores com idosos da Zona da Mata
OPAS, porém a classificação nutricional, por
0%
Baixo Peso Eutrófico Sobrepeso Obesidade Mineira, os resultados mostraram a frequência
meio
Figura do IMC, indicou,
1. Distribuição das idosas nessa
segundo população, a pre-
o estado nutricional pelo índice de de CC aumentada e de RCQ inadequada foi
valência da inadequação do estado nutricional
massa corporal (IMC).
alta em ambos os sexos (61,4%), sendo signi-
com predominância da obesidade (25%) e so- ficativamente maior nas mulheres.
brepeso (22,50%), sendo também encontrado Uma das principais limitações desses dois
o baixo peso (5%). indicadores (CC e RCQ) de distribuição de gor-
A elevada prevalência de desvio nutri- dura corporal é a ausência de pontos de corte
cional na população idosa vem sendo demons- específicos para população idosa. Utilizam-se,
trada por meio de diferentes estudos em vá- até o momento, as recomendações propostas
rios países, onde a desnutrição, o sobrepeso e para os adultos jovens, sem considerar as alte-
a obesidade predominam sobre os indivíduos rações na distribuição de gordura inerentes ao
eutróficos. O baixo peso entre a população processo de envelhecimento.
idosa é apontado como fator fortemente as- Com relação à prega cutânea triciptal ob-
sociado à morbidade e mortalidade, pois o servou-se neste estudo baixa porcentagem de
impacto da desnutrição na saúde dos idosos idosas com redução do tecido adiposo braquial
provoca pior prognóstico para os agravos da e também com baixa perda de massa muscu-
saúde. Por outro lado, a obesidade também re- lar pelo parâmetro de circunferência muscular
presenta um problema nutricional com grande
Cadernos UniFOA

braquial. Apesar deste estudo apresentar baixa


repercussão e está claramente associado tam- porcentagem de idosas com redução do tecido
bém com o aumento da morbidade e mortali- adiposo e massa magra, sabe-se que com o en-
dade e este risco aumenta progressivamente de velhecimento, ocorrem a redistribuição do te-
acordo com o ganho de peso. Observou-se que cido adiposo. Nos membros inferiores e supe-
o diabetes mellitus e a hipertensão ocorrem riores, a quantidade de tecido adiposo diminui
2,9 vezes mais em indivíduos obesos do que e seu acúmulo aumenta progressivamente na
naqueles com peso adequado e, embora não região abdominal, podendo ainda ser observa-
haja uma associação absolutamente definida da a diminuição da massa corporal magra.
edição nº 10, agosto/2009

entre a obesidade e as doenças cardiovascu- Neste estudo, a distribuição percentual


lares, alguns autores consideram que um in- dos macronutrientes está de acordo com reco-
divíduo obeso tem 1,5 vezes mais propensão mendação do Food and Nutrition Board que
a apresentar níveis sanguíneos elevados de recomenda 45-65% para carboidrato, 10-35%
triglicerídeos e colesterol. de proteína e 20-35% de lipídios, enquanto
Apesar do uso frequente do IMC, ele que a ingestão de fibra alimentar pelas idosas
deve estar sempre associado a outros indica- avaliadas apresentou-se inferior à quantidade
dores, tendo em vista que o mesmo não reflete padronizada como normal para adultos, que é
de 20 a 30 g/dia, 5 a 10g destas devendo ser 5- MENEZES, T.N.; MARUCCI, M.F.N.
solúveis, como medida adicional para a redu- Perfil dos indicadores de gordura e massa mus- 71
ção do colesterol. De forma semelhante, no cular corporal dos idosos de Fortaleza,Ceará,
estudo feito por Lopes e colaboradores a ina- Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro,
dequação do consumo de fibra esteve presente v.23, n.12, p.2887-2895, 2007.
na população de idosos investigada.
6- GOMES, M.A. et al. Correlação entre ín-
dices antropométricos e distribuição de gor-
5. Conclusões dura corporal em mulheres idosas. Rev. Bras.
Cineantropom. Desempenho Hum.,v. 8, n.3,
As idosas participantes da Universidade p.16-22, 2006.
da Terceira Idade têm maior prevalência da
inadequação do estado nutricional, assim 7- FENALTI, R.C.S.; SCHWARTZ, G.M.
como verificado em estudos nacionais. A ina- Universidade aberta à terceira idade e a pers-
dequação é revelada tanto pelo índice de massa pectiva de ressignificação do lazer. Rev. Paul.
corporal quanto pela circunferência da cintura Educ. Fís., v.17, n.2, p.131-41, 2003.
e razão cintura-quadril, que indicam a maior
susceptibilidade destas idosas à morbidade e à 8- LOHMAN TG. et al. Anthropometric
mortalidade. Com relação às reservas de gor- Standardization Reference Manual. Abridged
dura e de massa muscular braquial, a maioria edition. Champaign: Human. Kinetics Books;
das idosas apresenta reservas adequadas, que é 1988. 90p.
um fator positivo.
Assim, faz-se necessário adotar medidas 9- WORLD HEALTH ORGANIZATION
para recuperar o baixo peso e prevenir o sobrepe- (WHO). Physical status: the use and interpre-
so ou obesidade entre as idosas. Para tanto, reco- tation of anthropometry. Geneva; Technical
menda-se uma prática regular de atividade física Report Series 854. 1995.
e a adoção de hábitos alimentares saudáveis.
10- ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA
(OPAS). XXXVI Reunión del Comitê
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17- CABRERA, M.A.S. et al. Relação do


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v. 21, n.3, p.767-775, 2005.

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Revista de Nutrição, Campinas, v.18, n.1,
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19- FOOD AND NUTRITION BOARD. Dietary


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Academy Press; 2002. 936p.

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Sociedade Brasileira de Cardiologia. IV Diretriz
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Cadernos UniFOA

21- LOPES, A.C.S. et al. Consumo de nu-


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Pública, Rio de Janeiro, n.21, n.4, p.1201-
1209, 2005.

Endereço para Correspondência:


edição nº 10, agosto/2009

Margareth Lopes Galvão Saron


Curso de Nutrição - Faculdade de Ciência da Saú-
de. Universidade do Vale do Paraíba, SP
mlgsaron@yahoo.com.br

Av. Shishima Hifumi, 2911,


Urbanova - São José dos Campos - SP
CEP: 12.244-000
Informações bibliográficas:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:
Guimarães, Érica Cristina Moreira; Santos, Lorena Silva dos; Jesus, Bruna Moraes de; Pastana, Natalia Almeida; Saron, Margareth Lopes Galvão. Perfil Nutricional de Idosas
frequentadoras da Faculdade da Terceira Idade. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, ano IV, n. 10, agosto. 2009. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/portal_pesq/caderno/edicao/10/67.pdf>
73

Propriedades de cerâmicas dentárias consolidadas pela técnica gelcasting

Properties of dental ceramics obtained by gelcasting method

Arthur Kimura 1 Artigo


Claudinei dos Santos 2 Original
Fernando dos Santos Ortega 3
Rockfeller Maciel Peçanha 4 Original
Alexandre Fernandes Habibe 5 Paper
Sizue Ota Rogero 6

Palavras-chaves: Resumo

Cerâmicas Gelcastng é uma nova técnica de consolidação de partes cerâmicas que


tem sido empregada com muito sucesso na preparação de peças cerâmi-
Gelcasting cas estruturais de geometrias extremamente complexas. Neste trabalho,
cerâmicas biocompatíveis a base de óxido de alumínio Al2O3, óxido de
Sinterização zircônio ZrO2 e seus compósitos foram moldados por gelcasting, usando
monômeros do sistema MAM-MBAM, com subsequente sinterização
Propriedades mecânicas e caracterizações preliminares. Pós de alta pureza de ZrO2 tetragonal
(3%Y2O3) e a–Al2O3 foram usados como matérias-primas. Misturas de
Caracterização pós contendo 80% em peso de alumina e 20% de zircônia foram obtidas
por moagem/homogeneização. Em todos os casos, as suspensões obtidas
apresentaram aproximadamente 55% vol. de carga sólida. Após consoli-
dação em molde de borracha, os corpos cerâmicos foram desmoldados,
secados e caracterizados por sua densidade relativa a verde. Os com-
pactos foram sinterizados ao ar a 1575ºC, por 120 minutos, com taxas
de aquecimento controladas para facilitar a remoção dos orgânicos res-
ponsáveis pela polimerização. As amostras sinterizadas foram caracteri-
zadas por sua densidade relativa e analisadas por difração de raios –X, e
microscopia eletrônica de varredura. Os valores de dureza e tenacidade à
fratura foram determinados usando método de indentação Vickers.

Abstract Key words:

Gelcasting is a novel method of forming ceramics and has been Ceramics


increasingly employed in preparing complex-shaped, near-net-shape
Cadernos UniFOA
advanced materials. In this work, alumina, zirconia and alumina- Gelcasting
zirconia bioceramics were shaped by gelcasting, using MAM-MBAM
monomer system, with subsequent sintering and characterization. Sintering
High purity tetragonal ZrO2 (3mol%Y2O3) and a–Al2O3 powders
were used as starting powders. Powder mixture containing 80 wt.% of Mechanical properties
alumina and 20 wt.% of tetragonal zirconia were obtained by milling/
homogenization. In all cases, the suspension obtained had at least Characterization
55 vol.% solid loading. Ceramic bodies were demolded, dried and
characterized by green relative density. The compacts were sintered
edição nº 10, agosto/2009

in air at 1550 and 1575ºC, for 120 minutes, with controlled heating-
rate to facilitate organic compounds removal. Sintered samples were
characterized by relative density, and analyzed by X-Ray diffraction
and scanning electronic microscopy. Hardness and fracture toughness
were determined using Vicker’s indentation method.

1
Discente do Curso de Engenharia Mecânica - UNIFOA
2
Pós-Doutor em Biomateriais - EEL-USP
3
Doutor em Engenharia de Materiais - UFSCAR
4
Doutor em Engenharoa Mecânica - UNICAMP
5
Mestre em Engenharia de Materiais - EEL-USP
6
Mestre em Biotecnologia - IPEN
1. Introdução O objetivo deste trabalho foi o desenvol-
74 vimento e a caracterização de cerâmica à base
Ligas metálicas têm sido correntemente uti- de ZrO2, Al2O3 e Al2O3 -ZrO2 (80:20) % em
lizadas como materiais para coroas ou abutments peso, pela técnica gelcasting, visando à obten-
(pilares) em sistemas de próteses ou implantes ção de peças cerâmicas sinterizadas de geome-
osseointegráveis. Os materiais que se apresentam tria complexa para futuro uso em materiais de
para tais aplicações devem apresentar biocompa- sistemas de próteses dentárias.
tibilidade, não devem promover adesão de pla-
cas bacterianas, além de possuírem resistência,
permitirem forças oclusais do implante para o 2. Procedimentos Experimentais
osso, entre outras propriedades como resistência
a fadiga. Além das propriedades previamente Pós comerciais de alta pureza ZrO2-
descritas, um outro fator de extrema significân- (3mol.%Y2O3) (tamanho médio de partículas
cia é a estética, a qual facilita manter os aspectos de 0.65mm) contendo 15% vol. de fase ZrO2-
naturais dos dentes. Todas essas propriedades são Monoclinica (Tosoh Grade TZ3YSB-Japão) e
necessárias e se complementam visando a aplica- a-Al2O3 (A-1000 SG, Almatis-USA) (tama-
ções intraorais [1-3]. Um grande avanço tem sido nho médio de partículas de 0.45mm) foram
obtido pelo uso de sistemas “metal free”, a base usados como pós de partida. Três composições
de materiais cerâmicos. foram estudadas nesse trabalho, baseadas em
Os sistemas “all-ceramic” são atrativos pó ZrO2(3Y2O3) monolítico, pó de Al2O3 e
à comunidade odontológica devido à maior uma mistura de pós composta de Al2O3-ZrO2
resistência e resistência a abrasão melhor (80:20.%peso), previamente misturada/homo-
biocompatibilidade e estética quando compa- geneizada por moagem.
rados com restaurações metálicas e de resina Suspensões cerâmicas foram preparadas
[2,4]. Por outro lado, a aplicação de coroas para cada composição com cerca de 50 %vol.
ou pontes totalmente cerâmicas tem sido li- de carga sólida dispersa em água destilada,
mitada devido ao seu comportamento frágil, contendo 20% peso de monômeros previamen-
longos tempos de processamento e usinagem te misturados. Metacrilamida-MAM foi usada
[5-6]. Os materiais cerâmicos mais utilizados como monômero principal e metilenobisacri-
são alumina (Al2O3) e zircônia (ZrO2), devido lamida-MBAM foi o comonômero cruzado, a
a sua excelente biocompatibilidade e estética. uma razão molar de 3:1, ambos adquiridos da
A principal vantagem do Al2O3 é a alta dureza, empresa Acros Organics (Bélgica). Poliacrilato
resistência ao desgaste e estabilidade química, de amônia (Dispersal 130, Lubrizol) foi usado
enquanto o ZrO2 exibe maior resistência me- como defloculante e as suspensões foram mo-
cânica e tenacidade à fratura [7-8]. ídas em moinho de bolas por 15 minutos para
Cadernos UniFOA

Gelcasting é uma nova e atrativa técnica completa dispersão dos componentes da mis-
de conformação de cerâmicas, sendo um pro- tura. A concentração otima de defloculante foi
cesso de fabricação indicado quando se deseja previamente determinada por testes reologicos
produtos de complexa geometria com qualida- como sendo 0.8% em peso. Os pH’s das sus-
de superficial [9-12]. pensões foram ajustados para 9,0 com peque-
Nessa técnica, uma suspensão devida- nas adições de KOH (Synth) para melhorar a
mente homogeneizada e isenta de bolhas, con- dispersão. Pequenas quantidades de persulfato
sistindo de pós cerâmicos e uma solução a base de amônio - APS (iniciador, Acros Organics)
e tetrametilmetilenodiamida-TMED (catali-
edição nº 10, agosto/2009

de água e monômeros é despejada em um mol-


de de borracha, visando ao preenchimento de zador, Sigma-Aldrich) foram adicionados às
todos os espaços desse molde com a suspensão suspensões, as quais foram vigorosamente
e, em seguida, essa suspensão é polimerizada misturadas e preenchidas em moldes onde a
in-situ para a imobilização das partículas pela gelificação ocorreu. Vários tipos de moldes e
gelificação da suspensão e pela aplicação de de formas foram testadas visando a melhor re-
um catalisador do processo de polimerização. produção dos pequenos detalhes superficiais.
O corpo gelificado é secado e, em seguida, se- As suspensões gelificaram em poucos minu-
gue para o processo de sinterização. tos e puderam ser facilmente desmoldados. As
amostras foram inicialmente secas a tempera- Os testes in vitro para a análise da cito-
tura ambiente por 24h e então secas em estufa toxicidade, através do método de incorpora- 75
a 110ºC por 48h. ção do Vermelho Neutro, foram realizados de
Corpos a verde foram sinterizados a acordo com a ISO 10993-5 [14]. Amostras dos
1575ºC, por 60 minutos. Diferentes taxas de materiais foram esterilizadas e adicionadas
aquecimento foram usadas, dependendo da em Meio Mínimo de Eagle (MEM) na propor-
temperatura alcançada: 10ºC/min até 300ºC, ção de 1 cm2/mL e incubado por 48h a 37ºC.
1ºC/min de 300 a 600ºC e 10ºC/min de 600ºC Diluições seriadas foram feitas dos extratos de
até a temperatura final de sinterização. A taxa amostras, de Al2O3 (controle negativo) e de
de resfriamento foi de 8ºC/min. solução de fenol 2% (controle positivo).
A densidade a verde foi determinada a O ensaio propriamente dito foi realizado
partir da razão entre a massa e o volume das através da adição de 200mL de cada diluição
amostras. Além disso, método de Arquimedes do extrato em contato com as células aderidas
foi utilizado para determinar a densidade das em cada poço, em triplicata. Controles positivo
amostras sinterizadas. As fases cristalinas e negativo receberam o mesmo procedimento
foram determinadas por difração de raios X da amostra, com concentrações de extrato de:
(XRD) usando radiação Cu-ka na faixa de 2q 1= 100%; 2= 50%; 3= 25%; 4= 12,5% e 5=
entre 20º e 80º, com passos angulares de 0.05º 6,25%. Os poços com controle de células re-
e 3s como tempo de exposição a radiação, por ceberam Meio uso e este controle corresponde
ponto de contagem. Aspectos microestruturais a 100% de sobrevida celular.
das amostras sinterizadas foram examina- Por último, foi calculada a média das
dos por microscopia eletrônica de varredura leituras de densidade óptica de cada diluição
(MEV), usando microscópio LEO-1450VP. e feita a comparação com a média do controle
As superfícies foram lixadas, polidas e, em de células (100%), obtendo-se a % de sobrevi-
seguida, atacadas termicamente a 1400ºC por da das células em cada diluição. Projetando-se
15min, com taxa de aquecimento e resfria- em gráfico a % de sobrevida em função da di-
mento de 25ºC/min. luição do extrato obteve-se uma curva, na qual
Dureza e tenacidade a fratura, KIC, fo- pode ser encontrado o índice de citotoxicidade
ram determinadas, usando o método indenta- (IC50%) do material. IC50% significa a concen-
ção Vickers e usando um microdurômetro. A tração do extrato que lesa ou mata 50% da po-
seção transversal polida de cada amostra foi pulação celular no ensaio de citotoxicidade.
submetida a 10 indentações sob uma carga de
2000gf por 30s. 5 amostras de cada composi-
ção foram utilizadas nestes testes, perfazendo 3. Resultados e Discussão
um total de 50 medidas. A tenacidade à fratura
Cadernos UniFOA
foi calculada pela medida da relação entre o 3.1. Corpos a verde
comprimento da trinca (c) e o comprimento da
indentação (a), conforme Figura 1, usando a Após gelificação e secagem, os compac-
relação proposta por Niihara et al [13], válida tos apresentaram densidade relativa próxima a
para trincas do tipo Palmqvist, as quais apre- 60% da densidade teórica, para todas as com-
sentam uma relação c/a < 3,5. posições. A maior compactação obtida por esta
técnica promove um aumento do número de
contatos entre partículas individuais, ao contrá-
edição nº 10, agosto/2009

rio do que acontece com sistemas particulados


sólidos consolidados por prensagem, onde do-
minam os aglomerados e agregados. O maior
número de contatos favorece a ativação de me-
canismos difusionais durante a sinterização por
fase sólida. Além disso, a alta qualidade das
superfícies e a reprodução precisa dos detalhes
Figura 1 - Representação esquemática do campo
de tensões gerado em diferentes sistemas de
dos moldes foram observadas nas peças desen-
trincas gerados por impressão Vickers. volvidas, conforme apresentado na Figura 2.
76

Figura 2. Modelos de amostras de ZrO2 e Al2O3 obtidas pelo método gelcasting, após sinterização.

3.2. Caracterizações após sinterização

As amostras sinterizadas apresenta- licitadas. Densificação próxima a 99% foi obtida


ram densidade relativa de 99,2%±0,3 (ZrO2), para zirconia monolítica e para os compósitos
94,6%±0,8 (Al2O3) e 98,8%±0.4 (Al2O3-ZrO2). alumina zircônia. A similaridade de densidade a
As cerâmicas a base de alumina, como esperado, verde reflete nos valores de retração linear pró-
apresentaram menor densificação. Ao contrario, ximos a 18%, para todas as composições estuda-
cerâmicas a base de ZrO2(3%Y2O3) responde- das. A Figura 3 mostra difratogramas de raios X
ram bem às condições de sinterizações a elas so- representativos das amostras sinterizadas.

a) b) c)
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Figura 3. Difratogramas das amostras sinterizadas a 1575ºC: (a) Al2O3, (b) ZrO2 e (c) Al2O3 ZrO2.

Os difratogramas apresentados na Figura A Figura 4 apresenta micrografias obti-


3(a) indicam a presença somente da fase cris- das por MEV das cerâmicas sinterizadas. Os
talina corundum, a-Al2O3. Na Fig 3(b), so- resultados apresentados na Fig. 4 mostram
mente a fase cristalina ZrO2 tetragonal foi de- típicas microestruturas de Al2O3 e ZrO2 com
tectada, indicando que toda a fase monoclinica tamanho de grão compatível com o tamanho
residual presente no pó-de-partida foi conver- de partículas inicial fornecido pelo fabricante
edição nº 10, agosto/2009

tida em fase tetragonal durante a sinterização. e com a temperatura de sinterização utiliza-


Na Fig. 3(c), a presença de a-Al2O3, t-ZrO2 e da. Por outro lado, os compósitos Al2O3-ZrO2
m-ZrO2 indica que, durante o resfriamento, apresentaram alguma heterogeneidade na dis-
tensões térmicas residuais geradas pela dife- tribuição de ZrO2 na matriz de alumina, prova-
rença de coeficientes de expansão térmica de velmente devido a não eficiência do processo
Al2O3 (a = 7.5 x 10-6/ºC) e ZrO2 (a = 10.5 x de mistura realizado na suspensão. A homo-
10-6/ºC) promoveu transformação martensíti- geneidade pode ser facilmente melhorada pelo
ca parcial (cerca de 10%) da fase ZrO2. aumento do tempo de moagem/mistura.
77

Figura 4. Microestruturas de amostras sinterizadas a 1575ºC.

Tabela 1 apresenta resultados de dureza transformados, e como consequência, promo-


Vickers e KIC das amostras sinterizadas. Pode ve uma barreira ao crescimento da trinca. Um
ser observado que amostras a base de Al2O3 outro mecanismo ocorre em compósitos cerâ-
apresentam maior dureza, mesmo com den- micos com diferentes coeficientes de expan-
sidade relativa menor que as amostras ricas são térmica, gerando campos de tensão com-
de ZrO2. Por outro lado, a presença de ZrO2 pressiva ao redor dos grãos de diferentes fases,
aumenta a tenacidade dos corpos cerâmicos os quais dificultam o crescimento de trincas.
devido a dois mecanismos principais, a trans- Os valores de tenacidade a fratura foram 4,9
formação martensítica, que ocorre durante o MPam1/2 para amostras de Al2O3 resultados
crescimento de trincas, a qual promove uma que estão bem de acordo com dados obtidos
expansão volumétrica de 3 a 5% nos grãos na literatura [10]. Os valores de

Tabela 1 – Propriedades mecânicas dos corpos sinterizados.

Tenacidade
Temperatura de Módulo de Dureza
Amostras à Fratura
Sinterização (ºC) Elasticidade (HV)
KIC (MPa•m1/2)

Al2O3 1575 390 1474 ± 63 4,9±0,3

ZrO2 1575 190 1265 ± 31 8,2 ± 0,3

Al2O3:ZrO2 (80:20%) 1575 340 1402 ± 86 6,2 ± 0,3


Cadernos UniFOA

A tenacidade à fratura das amos- toxicidade, ou seja, o material não causa dano
tras de zircônia foram maiores, alcançando ao crescimento celular periférico.
8MPa•m1/2 para os materiais monoliticos
e 6,2 MPa•m1/2 para os compósitos. Como
já foi dito, esses resultados ocorrem devido
a esse material exibir uma transformação de
edição nº 10, agosto/2009

fase martensítica (tetragonal-monoclinica), a


qual ativa o mecanismo de tenacificação por
transformação de fases [6]. Os baixos valores
de desvio-padrão apresentados pelos materiais
desenvolvidos neste trabalho indicam uma alta
homogeneidade microestrutural das amostras
produzidas por gelcasting. Os resultados dos
testes biológicos são apresentados na Figura
Figura 5 – Teste de citotoxicidade das amostras
5, e indicam que o material não apresenta cito- sinterizadas, obtidas por gelcasting.
4. Conclusões [7] D. Basu, B.K. Sarkar, J. Mater. Res., 11
78 (12) (1996) 3057-3062.
Os resultados apresentados indicam
que as condições de processamento, usa- [8] M. A. Janney, S. D. Nunn, C. A. Walls,
das nesse trabalho para fabricação de peças et al. Review-Gelcasting, in The Handbook
cerâmicas por gelcasting, foram eficientes of Ceramic Engineering, ed by Mohamed N.
para produzir biocerâmicas à base de Al2O3 Rahaman, Marcel Dekker, 1998. 1-33,
e ZrO2. Os materiais apresentaram acaba-
mento superficial, propriedades mecânicas [9]. R&D 100 Award, “Gelcasting, na
satisfatórias e compatibilidade biológica. O Alternative to Current Ceramic Processes,”
uso de condições otimizadas de processa- R&D Magazine, p. 29, September 1995.
mento (relação líquido-sólido, concentração
de monômeros, ajuste de pH, temperatura de [10]. M. A. Janney, O. O. Omatete, C. A.
sinterização, etc), e a capacidade de produ- Walls, S. D. Nunn, R. J. Ogle, and C.G.
zir partes com geometrias complexas favo- Westmoreland, J. Am. Ceram. Soc., 1998.
rece seu uso no desenvolvimento de partes
cerâmicas dentárias. Os resultados de cito- [11] J. Ma, Zhongzhou Yi, et al. Ceram
toxicidade indicam que os diferentes extra- Internat, 31 (2005) 1015–1019
tos preparados com os materiais cerâmicos
desenvolvidos não causaram morte celular, [12] J. Wang, L. Gao, Ceramics International
indicando que o material não apresenta cito- 26 (2000) 187-191
toxicidade.
[13] K. Niihara, R.Moreno, D.P.H. Hasselman,
J Mat. Sci. Letters (1) (1982), 13-16.
5. Agradecimentos
[14] ISO document 10993-5, 1992 Biological
Os autores agradecem a FAPESP, a evaluation of medical devices, Part 5, Tests
UNIFOA e ao CNPq pelo fornecimento de for cytotoxicity: in vitro methods.
bolsas de estudo.

6. Referências Bibliográficas

[1] B. I. Ardlin, Dental Materials, 18 (8)


(2002) 590-595.
Cadernos UniFOA

[2] M. Guazzato, M. Albakry, et. al. Dental


Materials, 20 (5) (2004) 449-456.

[3] D.-J. Kim, M.-H. Lee, D. Y. Lee, J.-S. Han,


J. Biomed Mater Res, 2000 53 (4) 438-443.

[4] X.-J. Sheng, H. Xu, Z.-H. Jin, Y-L.Wang,


Endereço para Correspondência:
edição nº 10, agosto/2009

Materials Letters, 58 (11) (2004) 1750-1753.


Claudinei dos Santos
[5] J.-M. Tang, Y.-L. Zhang, S.-X. Zhang, J. claudinei@demar.eel.usp.br
Am. Ceram. Soc. 82 (6) (1999) 1592.
Centro Universitário de Volta Redonda
[6] R. Stevens, An introduction to zirco- Campus Três Poços
nia: Zirconia and zirconia ceramics. 2nd Ed Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325,
Twickenham: Magnesium elektrum, (1986), Três Poços - Volta Redonda / RJ
(Magnesium Elektron Publications, n113). CEP: 27240-560
Informações bibliográficas:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:
Kimura, Arthur; Santos, Claudinei dos; Ortega, Fernando dos Santos; Peçanha, Rockfeller Maciel; Habibe, Alexandre Fernandes; Rogero, Sizue Ota. Propriedades de cerâmicas
dentárias consolidadas pela técnica gelcasting. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, ano IV, n. 10, agosto. 2009. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/portal_pesq/caderno/edicao/10/73.pdf>
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Pós-graduação Lato e Stricto Sensu. responsabilidade dos autores. É necessário o
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da literatura sobre temas pertinentes à saúde Excel, Harvard Graphics etc.), acompanhados
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tigos - resultado de pesquisa de natureza em- tabela e com nome de todas as variáveis. Tam-
pírica, experimental ou conceitual (máximo bém é necessário o envio de mapas no formato
de 8.000 palavras); (3) Notas - nota prévia, WMF, observando que os custos daqueles em
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nos últimos dois anos (máximo de 1.200 pa- ro de tabelas e/ou figuras deverá ser mantido
lavras); (5) Cartas - crítica a artigo publicado ao mínimo (máximo de sete tabelas e/ou figu-
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acompanhar de cartas críticas assinadas por guês, além do abstract em inglês. Os resumos
autores de diferentes instituições, convidados não deverão exceder o limite de 250 palavras
pelo Editor, seguidas de resposta do autor do e deverão ser acompanhados de 3 a 5 palavras-
artigo principal (máximo de 6.000 palavras); chave.
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sentado em espaço duplo e submetido eletro- www.wma.net/e/policy/b3.htm), além do
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e em inglês) e título corrido, nome(s) do(s) conter uma clara afirmação deste cumprimen-
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por extenso, com endereço completo apenas rágrafo da seção Metodologia do artigo). Após
do autor responsável pela correspondência. a aceitação do trabalho para publicação, todos
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o arquivo do trabalho e indicação quanto ao dernos UniFOA – Pós-Graduação, indicando
programa e à versão utilizada (somente pro- o cumprimento integral de princípios éticos e
gramas compatíveis com Windows). Notas de legislações específicas.
rodapé não serão aceitas. É imprescindível o
Agradecimentos - Contribuições de Gramsci: a vitalidade de um pensamento.
80 pessoas que prestaram colaboração intelectual São Paulo: Unesp, 1998.
ao trabalho como assessoria científica, revi- f) Eventos (anais de conferências)
são crítica da pesquisa, coleta de dados entre Vitti G.C. & Malavolta E. Fosfogesso - Uso
outras, mas que não preencham os requisitos Agrícola. In: Malavolta E, Coord., SEMI-
para participar de autoria, devem constar dos NÁRIO SOBRE CORRETIVOS AGRÍ-
“Agradecimentos”. Também podem constar COLAS. Campinas,SP. Fundação Cargill,
desta parte agradecimentos a instituições pelo p. 161-201, 1985.
apoio econômico, material ou outros. g) Trabalho apresentado em evento
Declarações: o autor principal deve Bengtson S, Solheim BG. Enforcement of
enviar, via correio, declaração sobre a Con- data protection, privacy and security in me-
flito de interesses e Transferência de Direitos dical informatics. In: Lun KC, Degoulet P,
Autorais. Piemme TE, Rienhoff O, editors. MEDIN-
Referências: as referências devem FO 92. Proceedings of the 7th World Coan-
ser numeradas de forma consecutiva de acor- gress on Medical Informatics. Amsterdam:
do com a ordem em que forem sendo citadas North Holland; 1992. p. 1561-5.
no texto. Devem ser identificadas por números h) Dissertação e tese
arábicos sobrescritos (Ex.: Oliveira1). As refe- Rodriques GL. Poeira e ruído na produção
rências citadas somente em tabelas e figuras de brita a partir de basalto e gnaisse nas
devem ser numeradas a partir do número da úl- regiões de Londrina e Curitiba, Paraná:
tima referência citada no texto. As referências Incidência sobre os trabalhadores e Meio
citadas deverão ser listadas ao final do artigo, Ambiente. Tese (Doutorado). Universidade
em ordem numérica. Todas as referências de- Federal do Paraná.Curitiba, 2004.
vem ser apresentadas de modo correto e com- i) Outros trabalhos publicados
pleto. A veracidade das informações contidas · Artigo de jornal
na lista de referências é de responsabilidade Lee G. Hospitalizations tied to ozone
do(s) autor(es). pollution: study estimates 50,000 admis-
sions annually. The Washington Post 1996
Exemplos: Jun 21; Sect. A:3.
· Documentos legais
a) Artigos de periódicos Ministério do Trabalho e Emprego. Secre-
Hedberg B, Cederborg AC, Johanson M. taria de Segurança do Trabalho. Portaria
Care-planning meetings with stroke sur- N°. 25 de 29/12/1994. Norma Regula-
vivors: nurses as moderators of the com- mentadora N° 9: Programas de Prevenção
munication. J Nurs Manag, 15(2):214-21, de Riscos Ambientais.
2007. j) Material eletrônico
b) Instituição como autor · CD-ROM
European Cardiac Arrhythmia Society - Severino LS, Vale LS, Lima RLS, Silva
2nd Annual Congress, April 2-4, 2006, MIL, Beltrão NEM, Cardoso GDC. Repi-
Marseille, France. Pacing Clin Electrophy- cagem de plântulas de mamoneira visando
siol. Suppl 1:S1-103, 2006. à produção de mudas. In: I Congresso Bra-
c) Sem indicação de autoria sileiro de Mamona - Energia e Sustentabi-
Rubitecan: 9-NC, 9-Nitro-20(S)-campto- lidade (CD-ROM). Campina Grande: Em-
Cadernos UniFOA

thecin, 9-nitro-camptothecin, 9-nitrocamp- brapa Algodão, 2004.


tothecin, RFS 2000, RFS2000. Drugs R D. · Internet
5(5):305-11, 2004. UMI ProQuest Digital Dissertations. Dis-
d) Livros e outras monografias ponível em: <http://wwwlib.umi.com/dis-
Freire P e Shor I. Medo e ousadia – O co- sertations/>. Acesso em: 20 Nov. 2001.
tidiano do professor. 8 ed. Rio de Janeiro:
Ed. Paz e Terra, 2000. Envio de manuscritos
· Editor ou organizador como autor
Denzin NK, Lincoln YS, editors. Hand- Os artigos devem ser enviados para
book of qualitative research. Thousand o seguinte endereço eletrônico: cadernosuni-
edição nº 10, agosto/2009

Oaks: Sage Publications; 1994. foa@foa.org.br. Documentos adicionais (de-


· Instituição como autor e publicador clarações, fotos, mapas), devem ser enviados
Institute of Medicine recommends new para UniFOA - Campus Universitário Olezio
P4P system for Medicare. Healthcare Galotti - Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº
Benchmarks Qual Improv., 13(12):133-7, 1325, Três Poços, Volta Redonda - RJ. CEP:
2006. 27240-560 – Prédio 1 - Núcleo de Pesquisa/
e) Capítulo de livro NUPE.
Aggio OA. A revolução passiva como hi-
pótese interpretativa da história política la-
tino- americana. In: Aggio, Alberto (org.).
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ABMES - Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior – Brasília/DF
ANGRAD - Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Administração - Duque de Caxias/RJ
Centro de Ensino Superior de Jatí - Jataí/GO
Centro Universitário Assunção - São Paulo/SP
Centro Universitário Claretiano - Batatais/SP
Centro Universitário de Barra Mansa - Barra Mansa/RJ
Centro Universitário de Goiás - Goiânia/GO
Centro Universitário Evangélica - Anápolis/GO
Centro Universitário Feevale - Novo Hamburgo/RS
Centro Universitário Leonardo da Vinci - Indaial/SC
Centro Universitário Moura Lacerda - Riberão Preto/SP
Centro Universitário Paulistano - São Paulo/SP
Centro Universitário São Leopoldo Mandic - Campinas/SP
CESUC - Centro Superior Catalão - Catalão/GO
CESUPA - Centro de Ensino Superior do Pará - Belém/PA
EBAPE - Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas - Rio de Janeiro/RJ
Escola de Serviço Social da UFRJ - Rio de Janeiro/RJ
FABES - Faculdades Bethencourt da Silva - Rio de Janeiro/RJ
FACESM - Faculdade de Ciencias Sociais Aplicadas do Sul de Minas - Itajubá/MG
FACI- Faculdade Ideal - Belém/PA
Facudade 2 de Julho - Salvador/BA
Facudades Integradas de Cassilândia - Cassilândia/MS
Faculdade Arthur Sá - Petrópolis/RJ
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Faculdade de Direito de Olinda - Olinda/PE
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas - UFBA - Salvador/BA
Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro - Uberaba/MG
Faculdade de Minas - Muriaé/MG
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Faculdade de Pimenta Bueno - Pimenta Bueno/RO
Faculdade de Tecnologia e Ciência - Salvador/BA
Faculdade Internacional de Curitiba - Curitiba/PR
Faculdade Metodista IPA - Porto Alegre/RS
Faculdade SPEI - Curitiba/PR
Faculdades Guarapuava - Guarapuava/PA
Faculdades Integradas Antônio Eufrásio de Toledo - Presidente Prudente/SP
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Faculdades Integradas Curitiba - Curitiba/PR


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FAFICH - Universidade Federal de Minas Gerais - Belo Horizonte/MG
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informações sobre permuta
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FECAP - Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado - São Paulo/SP
FGV - Fundação Getúlio Vargas - Rio de Janeiro/RJ
FOCCA - Faculdade Olindense de Ciências Contábeis e Administrativas - Olinda/PE
FUNADESP - Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular - Brasília/DF
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Fundação Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Rio Grande/RS
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de Informações - Rio de Janeiro/RJ
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Instituto de Estudo Superiores da Amazônia - Belém/PA
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Mestrado em Integração Latino-Americana - Santa Maria/RS
MPF - Ministério Público Federal - Brasília/DF
MPRJ - Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro/RJ
Organização Paulista Educacional e Cultural - São Paulo/SP
PUC - Campinas: Pontifícia Universidade Católica - Campinas/SP
PUC - SP: Pontifícia Universidade Católica - Campinas/SP
TCE - Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais - Belo Horizonte/MG
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TJ - Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro/RJ
TRF - Tribunal Reginal Federal - RJ - Rio de Janeiro/RJ
Ucam - Universidade Cândido Mendes - Rio de Janeiro/RJ
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UNB - Universidade de Brasília - Brasília/DF
UNIABEU - Assossiação de Ensino Superior - Belford Roxo/RJ
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Unibrasil - Faculdades Integradas do Brasil - Curitiba/PR
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Unicapital - Centro Universitário Capital - São Paulo/SP


Unicastelo - Universidade Camilo Castelo Branco - São Paulo/SP
UNIDERP - Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal - Campo Grande/MS
UNIFAC - Assossiação de Ensino de Botucatu - Botucatu/SP
Unifeso - Centro Universitário da Serra dos Órgãos - Teresópolis/RJ
UniNilton Lins - Centro Universitário Nilton Lins - Amazonas/AM
Uninove - Universidade Nove de Julho - Vila Maria/SP
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UNIPAR - Universidade Paranaense - Cianorte/PR


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UNIVEM - Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha - Marília/SP
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Universidade de Brasília - Brasília/DF
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Universidade de Coimbra - Pólo II - Coimbra/RJ
Universidade de Cuiabá - Cuiabá/MT
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Universidade de Sorocaba - Sorocaba/SP
Universidade de Taubaté - Taubaté/SP
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Universidade Federal de Santa Catarina - Florianópolis/SC
Universidade Luterana do Brasil - Paraná/RO
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Universidade Paranaense - Umuarama/PR
Universidade Paulista - São Paulo/SP
Universidade Regional de Blumenau - Blumenau/SC
Universidade São Francisco - São Paulo/SP
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Universidade Severino Sombra - Vassouras/RJ
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UnoChapeco - Centro Universitário de Chapecó - Chapecó/SC
UPIS - União Pioneira de Integração Social - Brasília/DF
UVA - Universidade Veiga de Almeida - Tijuca/RJ
UVV - Centro Universitário de Vila Velha - Vila Velha/ES
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Formando para vida.

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