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REVISTA DE
CIÊ CIA & TEC OLOGIA
A revista tecnológica da U IG
FACULDADE DE
CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
REVISTA DE
CIÊ CIA & TEC OLOGIA
A revista tecnológica da U IG
Os artigos desta revista são de responsabilidade exclusiva dos autores. É permitida a reprodução
total ou parcial dos artigos nela publicados, desde que seja citada a fonte.
Supervisor Editorial
António Filipe Falcão de Montalvão, UIG
Corpo Editorial
Adriana Degrossoli, IOC/FIOCRUZ
Alcina Frederica icol, IOC/FIOCRUZ
André Luis Almeida Souza, FIOCRUZ
António Filipe Falcão de Montalvão, UIG
Antonio eres orberg, UIG
Bruna Oliveira e Carvalho, FAMESC
Camilla Ramalho Duarte, UIG
Carlos Henique Medeiros de Souza, UEF
Clélia Christina Corrêa de Mello Silva, IOC/ FIOCRUZ
Edwin Almerto Pile Maure, IIDA/Cabo Verde
Fabiano Gerra Santos, FAMESC
Francisco Antônio Caldas Andrade Pinto, UIG
Gilberto Sales Gazeta, FIOCRUZ
Gilda Maria Sales Barbosa, UIG
Jeison Saturnino de Oliveira, UFS
Jerônimo Alencar, FIOCRUZ
José Tadeu Madeira de Oliveira, UIG
Luís Guilherme Barbosa, UIG
Marcos Barbosa de Souza, FIOCRUZ
Mauro Célio de Almeida Marzochi, FIOCRUZ
Miguel Angel Aguilar Uriarte, UAA
icolau Maués Serra Freire, FIOCRUZ
Paulo Fernando eves Rodrigues, FAU/UFRJ
Raimundo Wilson de Carvalho, FIOCRUZ
o
REVISTA DE CIÊ CIA & TEC OLOGIA / Universidade Iguaçu, v.10, n 2 (Dez. 2010)
ova Iguaçu - Rio de Janeiro: Gráfica Universitária, 2010.
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REVISTA DE
CIÊ CIA & TEC OLOGIA
A revista tecnológica da U IG
Objetivo e Escopo
REVISTA DE CIÊNCIA & TECNOLOGIA é uma publicação de distribuição gratuita, editada,
semestralmente, pela Universidade Iguaçu, com o objetivo de divulgar trabalhos científicos
inéditos e artigos de revisão, cobrindo os diversos temas na área de Ciências Exatas e
Tecnológicas.
iii
REVISTA DE CIÊNCIA & Tecnologia vol. 10 – no 2– Dez/2010
Chanceler
Dr. Fábio Raunheitti – in memorian
Presidente da Mantenedora
Dr. Eduardo Moilli
Reitor
Profº. Dr. Claudio Valente Viana
Vice-Reitor
Dr. Carlos Augusto Baptista
Pró-Reitor Administrativo
Dr. Luis Carlos de Lima França
Pró-Reitora Acadêmica
Profª. Simara da Costa Guimarães
Secretária Geral
Cláudia Veigas Fraga Matt
Universidade Iguaçu
Av. Abílio Augusto Távora, 2134 – CEP 26.260-000
Nova Iguaçu – RJ – Brasil – Tel.: 2666-2001
www.unig.br
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REVISTA DE CIÊNCIA & Tecnologia vol. 10 – no 2– Dez/2010
Editorial............................................................................................................................. 6
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REVISTA DE CIÊNCIA & Tecnologia vol. 10 – no 2– Dez/2010
Editorial
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REVISTA DE CIÊNCIA & Tecnologia vol. 10 – no 2– Dez/2010
Antonio Neres Norberg, PhD1,2,, Fabiano Guerra Sanches,M.Sc.1,2, Marcos Barbosa de Souza,
PhD1,3, Antonio Nascimento Duarte3, Raimundo Wilson de Carvalho, PhD1,2,3
1
Universidade Iguaçu, UIG, Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde
ova Iguaçu, RJ, Brasil. e-mail: norberg@uol.com.br
2
Universidad Autónoma de Asunción, Programa de Pós-Graduação em
Ciências Biológicas-Doenças Parasitárias
3
Escola acional de Saúde Pública Sérgio Arouca, Departamento de Ciências
Biológicas - FIOCRUZ, Av. Leopoldo Bulhões, 1480, Manguinhos - 21040-360
- Rio de Janeiro, RJ, Brasil, e-mail: rwcar@ensp.fiocruz.br
Resumo
Este trabalho tem por objetivo estudar a ocorrência de gastrenterite entre 18 cascavéis cativas do
serpentário, do Instituto de Biologia do Exército, com letalidade de 33,3%. Foram coletadas amostras de
fezes de todos os animais e fragmentos pulmonares daqueles que evoluíram ao óbito. O material foi
semeado em meios de cultura e os microrganismos isolados foram submetidos à identificação por prova
bioquímica e sorológica. A necropsia dos animais revelou gastrenterite e pneumonia. As bactérias
isoladas foram: Salmonella sorotipo B, Escherichia coli, Klebsiella sp., Citrobacter sp. Pseudomonas
aeruginosa, Enterobacter sp., Edwardsiella sp., Proteus mirabilis, Aeromonas sp., Enterococcus sp.,
Yersinia sp. e Serratia marcescens. os fragmentos pulmonares, foram isolados, além de Salmonella
sorotipo B, também Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus. Sugere-se que a Salmonella
sorotipo B (p<0,01) seja o causador das duas síndromes.
3. Resultados
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Gilda Maria Sales Barbosa1, Thiago dos Santos Silva2, Aline Belota Chagas Pereira2
1
Doutora em Parasitologia- UFRRJ/FIOCRUZ, docente da Universidade
Iguaçu/Facbs – Pós-doutoranda do LBPP/IOC/Fiocruz - gilda@ioc.fiocruz.br,
2
Graduados do curso de Farmácia da UIG/RJ
Resumo
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Espécie de Enteroparasitas: n %
Helmintos 05 15,75
Ascaris lumbricoides 02 6,25
Enterobius vermiculares 01 3,12
Trichuris trichiura 02 6,25
Protozoários 06 18,75
Entamoeba coli 02 6,25
Entamoeba hystolitica 01 3,12
Endolimax nana 02 6,25
Giardia lamblia 01 3,12
Total de casos 11 34,5
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Resumo
Este trabalho teve como proposta identificar os aspectos problemáticos e abordar as estratégias
indispensáveis, para que ocorram mudanças efetivas na saúde, no nível de atenção básica nos
municípios. O estudo foi desenvolvido através de coleta de dados em várias fontes bibliográficas, e
envolveu, também, entrevistas com atores-chave no processo de gestão do PSF. Buscamos considerar as
condições físicas do programa, a contratação e o acompanhamento das equipes, o número dessas
equipes, as quais são necessárias em cada município, e a integração entre os diversos programas. Como
resultados, podemos apontar: baixa cobertura do PSF; insuficiência de recursos financeiros e estrutura
física; necessidade de organizar a referência e a contra-referência; falta de uma política de assistência
farmacêutica racional e de uma política trabalhista, que motive e qualifique os profissionais com perfil
para atuar no PSF, além de manter o entrosamento entre os diversos programas, serviços e setores das
SMS. Ao final deste estudo, percebemos que, pelo fato da Baixada Fluminens, vir sendo objeto de
discussão há muito tempo, faz-se necessária uma atuação mais incisiva por parte do governo federal, que
se demonstra sensibilizado em proporcionar mudanças significativas nos indicadores de saúde da região,
contando com o interesse dos gestores municipais em causar impactos nas condições sanitárias e de
saúde em seus munícipes.
No processo de implantação do PSF, torna- A técnica utilizada para a coleta de dados foi
se crucial considerar a enorme diversidade a entrevista aberta, que pode ser entendida
de contextos, em que o programa é como um processo de interação entre o
implantado. entrevistador e o entrevistado. Obteve-se o
À complexidade que envolve a implantação consentimento livre e esclarecido, de acordo
de qualquer política, associam-se as a com a Lei 196/96, referente à bioética.
características do federalismo brasileiro, as A análise dos resultados foi realizada através
novas responsabilidades no âmbito da saúde, da classificação e da agregação dos dados
assumidas pela quase totalidade dos obtidos, com escolhas das categorias que
municípios e as profundas desigualdades comandariam as especificações dos temas e
sociais, econômicas e regionais, que marcam que fossem de fácil compreensão.
o território nacional. (SENNA/2005). Este
trabalho teve como objetivo identificar os 3. Resultados e discussão
aspectos problemáticos e abordar as
estratégias indispensáveis, para que ocorram Em 100% dos municípios entrevistados, as
mudanças efetivas na saúde, no nível de coordenações são ocupadas por profissionais
atenção básica nos municípios. do sexo feminino, e, em 87,5% dos
municípios, estas coordenações são
2. Metodologia ocupadas por um profissional de nível
superior, sendo 75% de enfermagem, 12,5%
Realizou-se, no período de julho a setembro de psicologia e 12,5% por um agente
de 2006, um estudo epidemiológico administrativo.
descritivo, envolvendo 08 municípios Podemos relatar que as coordenações do
pertencentes à Baixada Fluminense (BF), no PSF trabalharam de forma articulada com a
estado do Rio de Janeiro. Saúde Coletiva, nas Secretarias de Saúde,
Foi utilizado, como instrumento de análise, tendo como diretrizes as normas e os
um questionário, contendo 13 perguntas, procedimentos da Atenção Básica no SUS.
sendo 10 perguntas do tipo fechadas e 03 Iniciamos nossa entrevista perguntando:
perguntas do tipo abertas. “Quando se deu o início da implementação
Realizou-se a revisão de literatura, através do PSF, nas SMS dos municípios da
de referências bibliográficas e pesquisaram- Baixada Fluminense (BF)?” Averiguamos
se algumas bases de dados, nas quais se que, em 50% dos municípios, o início da
levantaram informações importantes para implementação ocorreu em 1998 e também
análise. nos 50% dos municípios restantes ocorreram
Foram realizadas, ainda, entrevistas com 8 a partir do Ano 2000.
co-ordenadores das Secretarias Municipais
de Saúde (SMS), responsáveis pelo 3.1-Área de Cobertura
Programa de Saúde da Família (PSF) nestes
municípios. Os sujeitos desta pesquisa foram Observamos que os municípios de Belford
1 homem e 7 mulheres, entre 30 e 45.anos Roxo, Itaguaí e Queimados concordam que
de idade. Quase todos enfermeiros, o ideal para suas respectivas localidades é
formados a menos de 10 anos, 7 com pós- chegar a 100% de cobertura, embora ainda
graduação em Saúde Pública ou PSF. tenham um longo caminho a percorrer. Os
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Área de cobertura
200
180
160
140 Nº de Equipes
120 Ex istentes
100
80 Pretende c hegar até
60 2008 à
40
20
0
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S
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Percentual de Respostas
12,5%
25%
62,5%
que 62,5% responderam que não existem, tempo adequado; obtivemos uma resposta
em suas unidades de saúde, os dois modelos positiva apenas de 75% dos municípios.
assistenciais (UB e PSF) funcionando ao Ao longo dos anos, com a identificação
mesmo tempo em uma única unidade. de medicamentos como uma modalidade
Unidades, onde funcionam os dois terapêutica fundamental, vários esforços têm
modelos de atenção à saúde (tradicional e o sido realizados para promover seu uso
PSF), constituem-se como referência para o racional, diminuindo os custos associados
primeiro contato do usuário com o sistema com prescrições inadequadas, efeitos
de saúde. Não é um local de triagem onde a adversos e utilização incorreta. Um conceito,
maior parte dos casos é encaminhada para os introduzido pela OMS, nos anos 1970,
serviços especializados. A Unidade de contempla a adoção de listagens de
Saúde da Família (USF) pode ser o antigo medicamentos essenciais, de acordo com as
Centro de Saúde, onde cerca de 85% dos necessidades locais (Marin, 2003). Com o
problemas mais comuns de saúde da objetivo de racionalizar o uso dos
comunidade, devem ser solucionados. medicamentos existentes, o Ministério da
Portanto, é necessário dispor de recursos Saúde criou uma lista de medicamentos
estruturais e equipamentos compatíveis, que denominada Relação Nacional de
possibilitem a ação dos profissionais de Medicamentos Essenciais (RENAME)
saúde em relação a esse compromisso. (Brasil, 2002), que visa orientar o uso de
Em 100% dos municípios entrevistados, produtos seguros, eficazes e com
foi confirmado que os equipamentos básicos possibilidade de solucionar a maior parte
e medicamentos encontram-se disponíveis. dos problemas de saúde da população
Entre os materiais e equipamentos de infra- brasileira.
estrutura necessários para garantir as Considerando-se que os custos com
necessidades demandadas pelas populações medicamentos representam parte importante
cobertas, não estão disponíveis para ESF, do cuidado à saúde, e que a prescrição de
com uma frequência acima de 50%, os medicamentos é um ato complexo, sujeito a
seguintes materiais: material para pequena vários erros, é fundamental, para aqueles
cirurgia (66,2%), lanternas (72,6%), que elaboram e implementam políticas de
oftalmoscópios (87,5%), sonares (54%), saúde, conhecer o padrão de prescrição
impressoras (83,5%) e microcomputadores vigente na área em que atuam. Esse
(81,5%). Os demais itens necessários estão conhecimento possibilita a adoção de
sempre disponíveis, com incidência superior estratégias de gestão e controle que trazem
a 50%. uma melhor relação custo-benefício para a
comunidade atendida (Avery, 2002; Butler,
3.6 Acessos Racional e Correto aos 2001; Gonzales, 2001; Latour Perez, 2000;
Medicamentos (A Regularidade no Birrell, 2000; Millet Medina, 1998;
Abastecimento de Medicamentos, nos Mainous, 1998, Marin, 2003; Mazzaglia,
Módulos do PSF em Tempo Adequado). 1998).
Em relação à periodicidade no
Torna-se necessário salientar que 25% abastecimento dos medicamentos, 12,5%
dos municípios que não tem o abastecimento dos municípios entrevistados responderam
de medicamentos, de forma regular e em que, quinzenalmente, os medicamentos são
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[21] SERRA, Carlos Gonçalves. Garantia process of administration of PSF. We looked for
do Acesso à Atenção Básica e to consider the physical conditions of the
Continuidade de Cuidados como Program, the recruiting and the attendance of
Estratégia para Consolidação da the Teams, the number of necessary teams in
each municipal district, and the integration
Integralidade no SUS. 2003.
among the several programs. As results can
[22] SHIMIZII, Helena Eri, DYTZ, Jane appear: Low Covering of PSF; Inadequacy of
Lynn G., LIMA, Maria da Glória; Financial Resources and Physical Structure;
MOURA, Ana Socorro de. A Prática do need to organize the reference and the against-
Auxiliar de Enfermagem do Programa reference; it lacks of a politics of rational
de Saúde da Família. Revista Latino- pharmaceutical attendance and a labor politics
Americana de Enfermagem 12(5) set- that it motivates and qualify the professionals
out. 2004. with profile to act in PSF, besides maintaining
[23] TESSER, Charles Dalcanale. the integration among the several programs,
Medicalização social (I): O excessivo services and sections of SMS. Then, at the end of
this study, we notice that for the fact of the
sucesso do epistemicídio moderno na
Baixada Fluminense, to be being discussion
saúde. Interface (Botucatu), Botucatu, object there is a long time, it is necessary a more
v. 10, n. 19, 2006. incisive performance on the part of the federal
government that it is demonstrated touched to
Abstract provide significant changes in the indicators of
health of the area, counting with the municipal
This work had as proposal, to identify the managers interest in causing impacts in the
problematic aspects and to approach the sanitary conditions, and of health of their.
indispensable strategies, so that they happen Municipal district.
effective changes in the health, in the level of
basic attention in the Municipal districts. The Key Words: Basic services of health, Health of
Study was developed through collection of data the Family; Evaluation of Programs.
in several bibliographical sources, and it also
involved, interviews with actors key in the
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Resumo
O artigo apresenta o resultado obtido através de análise realizada com base no referencial teórico em
que foi contextualizada a relação de interdependência, estabelecida entre Estado, sociedade, empresa,
universidade e meio ambiente. E, para facilitar a compreensão das análises realizadas, foram
construídos três modelos relacionais, que representam o esquema das redes existentes, em que, nas duas
primeiras propostas, a responsabilidade social ocupa uma posição central. E, na terceira e última
proposta, a responsabilidade social universitária assume a posição central na rede de relacionamentos,
enquanto núcleo da universidade, desenvolvida através dos Programas e Projetos de Extensão, focados
na formação do profissional/cidadão.
uma formação mais ampla, focada na ética e de que as empresas deveriam ter obrigações
na cidadania; tal meta que poderá ser sociais para com seus empregados,
alcançada, por exemplo, através de ações de entendendo que, ao cumprir o que
responsabilidade social universitária (RSU), determinava a lei, já estariam cumprindo seu
desenvolvidas em programas e projetos de papel diante da sociedade. (SILVA, 2008).
extensão. Nos anos 70, a RSE recebeu uma nova e
Deste modo, no presente artigo, pretende- ampla abordagem com foco na ação social
se mostrar a rede de relacionamentos propriamente dita, passando a enfatizar a
estabelecida entre o meio ambiente e as capacidade organizacional das empresas de
diferentes instâncias sociais em que a RSU, agirem responsavelmente, focadas na
segundo a presente proposta, deve assumir proteção dos direitos humanos e na proteção
posição central. E, para proporcionar maior da justiça social. Essa visão ampliada serviu
entendimento sobre a relação de para alinhar a responsabilidade social
interdependência existente, foram criados empresarial enquanto um processo de gestão
três modelos esquemáticos: o primeiro que permitiu consolidar a parceria formada
demonstra a relação estabelecida entre meio entre empresas, governo e sociedade, na
ambiente, Estado, sociedade e empresa, promoção do desenvolvimento sustentável e
dando para a Responsabilidade Social (RS) a de maior justiça social.
posição central; no segundo modelo, a Em 2000, as empresas apresentavam
universidade é incluída apenas como mais acréscimos expressivos na área social,
um dos elementos da rede e a RS mantém a direcionados aos seus empregados, porém, o
posição central. No terceiro modelo, a investimento social das mesmas ainda não
universidade assume a posição de estava compatível com o que delas se
centralidade, representada pelas ações de espera. (TOLDO, 2002)
RSU, desenvolvidas nos programas e Nos últimos anos, muito tem sido feito
projetos de extensão com foco na formação no campo da RSE, inúmeros são os
dos profissionais/cidadãos, que irão atuar em exemplos de empresas que decidiram adotar
todas as instâncias sociais, bem como no normas, critérios de auto-avaliação e,
meio ambiente. principalmente, realizar ajustes financeiros
que envolvam, até mesmo, a redução das
2 Referencial Teórico suas margens de lucro por conta da
ampliação nos investimentos sociais e
2.1 A Responsabilidade Social no Brasil: ambientais, capazes de promover a sua
Origem, Inserção no Contexto Social e própria sustentabilidade.
Base Conceitual Com base na diversidade de definições
destinadas à RS, seria pertinente afirmar que
A visão de que a empresa deveria há consensos e controvérsias que permeiam
responder apenas aos seus acionistas seu conceito. O termo “responsabilidade
começou a receber críticas durante a social” teve sua conceituação clássica,
Segunda Guerra Mundial. Nessa época, realizada por Howard Bowen, em 1953:
diversas modificações aconteceram nos "obrigação social do homem de negócios de
Estados Unidos, e, assim, a RSE, no período adotar orientações, tomar decisões e seguir
pós-guerra, passou a ficar vinculada à idéia linhas de ação que sejam compatíveis com
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Figura 02 – MODELO RELACIONAL II: Ações de RS, que funcionam como o núcleo da
relação de interdependência estabelecida entre Estado, sociedade, empresa, universidade e meio
ambiente. Fonte: A autora (2010)
Com base nas abordagens apresentadas, e conclusiva que visa manter a representação
objetivando explicitar a contextualização da relação de interdependência, estabelecida
pretendida, foi construído o terceiro modelo no primeiro e no segundo modelos, entre
relacional, representado na Figura 03, que Estado, sociedade, empresa e meio
surge como evolução das duas propostas ambiente. A RSU dos programas e projetos
anteriores. Trata-se de uma proposta de extensão (PPE), desenvolvidos nas
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1
Professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – Curso de Engenharia Química.
Professora do Programa de Mestrado em Sistemas de Gestão do LATEC – Escola de Engenharia da
Universidade Federal Fluminense. stellare@ig.com.br
2
Especialista em Educação Superior no Brasil e mestranda do Programa de Mestrado em Sistemas de
Gestão do LATEC – Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense, realizando pesquisa na
área de Responsabilidade Social e Sustentabilidade. soniamariasilv@gmail.com
Resumo
O artigo apresenta o resultado obtido através de análise, realizada com base no referencial teórico em
que foi contextualizada a relação de interdependência estabelecida entre responsabilidade social,
Estado, sociedade e empresa. O desenvolvimento sustentável vem sendo alvo de inúmeros debates no
meio empresarial, graças às crescentes cobranças, realizadas por consumidores conscientes sobre a
necessidade emergente da adoção de medidas que visem reduzir os impactos socioambientais, causados
por ações das empresas. O Estado, guiado pelos ditames da política neoliberal, passou a priorizar as
questões econômicas em detrimento dos demais setores; com isso, a sociedade civil organizada e as
empresas começaram a assumir o papel de protagonistas na resolução das questões socioambientais. Ao
adotar essa postura, as empresas começaram a perceber que não basta produzir bens e serviços, sendo
preciso atentar para toda a cadeia produtiva, visando diminuir a degradação causada no meio ambiente
e garantir sua manutenção no mercado. E, para facilitar a compreensão da presente abordagem, foi
construído um modelo de rede, que representa a relação mantida entre as diferentes instâncias sociais
com a responsabilidade social, focada nas questões socioambientais, que assume a posição central,
considerando o equilíbrio que deve ser mantido entre os três pilares da sustentabilidade.
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ação que possa contribuir para a melhoria da qual o Estado repassa para as empresas
qualidade de vida da sociedade. muitas das suas atribuições, as quais
No âmbito empresarial, esse conceito passaram, por sua vez, a desenvolver
evoluiu, passando a contemplar ações projetos relacionados à questão da exclusão
direcionadas não só aos interesses dos social e da preservação ambiental,
acionistas, mas também dos empregados, identificados como ações de
fornecedores, consumidores e sociedade. responsabilidade social.
Mais tarde, as ações de filantropia passaram As tendências do cenário internacional
a incluir ações de apoio ao desenvolvimento têm provocado a necessidade de uma revisão
da comunidade, onde a empresa está sobre o papel do Estado moderno, da
inserida, à preservação do meio ambiente, sociedade e das organizações, surgindo,
bem como, às relações com seus então, o debate entre a idéia da necessidade
funcionários, acionistas, fornecedores, de se estabelecer a construção de um
concorrentes e consumidores. Muito mais do “Estado forte.” Segundo Dupas (1998), essa
que filantropia, a responsabilidade social expressão se refere a um Estado que saiba
sugere uma idéia de comunidade baseada atuar no mundo globalizado, minimizando
numa sensibilidade moral. (BEGHIN, 2005). seus impactos, inclusive os causadores da
exclusão social e de danos ambientais,
através dos princípios preconizados pela
2.1. A Responsabilidade Social, o Estado e responsabilidade social.
o Valor Social da Empresa Neste contexto, a empresa deixa de ser
apenas uma entidade geradora de lucros e
passa a assumir uma posição social de
No Brasil, a redução dos investimentos enorme relevância, na medida em que, além
sociais, por parte do Estado, levou as de geradora de empregos, começa a atuar
empresas a aumentar suas ações em como um sujeito social, que promove e
responsabilidade social e a focar no bem- mantém ações de solidariedade, de acesso à
estar dos seus colaboradores. Essa situação tecnologia, de promoção da cultura e de
contribuiu para o aumento do valor social da envolvimento com os problemas locais.
empresa, gerando uma nova forma de (KIRSCHNER, 2006)
regulação das relações sociais, que não se Kirschner (2006) afirma que a empresa
restringe mais à questão do consumo ou dos passa a exigir dos profissionais uma
meios de subsistência, atingindo não só a formação capaz de gerar a postura de um
esfera da produção e de bens de serviço. cidadão, que se envolva com as questões
Ocorre uma mudança das relações sociais, sociais, contribuindo para minimizar as
que surge a partir do enfraquecimento do desigualdades sociais existentes. E, assim, as
Estado frente às ações sociais das empresas. empresas começaram a ser encaradas como
(KIRCHNER, 2006) um sistema de dimensões sociais, que
Segundo Kirschner (2006), a mudança da ultrapassa as questões de interesse
forma de atuação do Estado contribuiu para econômico, nas quais, através das suas ações
intensificar o debate ideológico, criado em de responsabilidade social, cria espaços de
torno da questão socioambiental. Ocorre socialização e de convívio, mantendo-se em
uma transferência de responsabilidades, na
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consciência sobre a importância dessa sociais, rumo à busca por resoluções, que
questão, será um dos fatores motivadores, garantam a permanência dessa condição,
que impulsionará as diferentes instâncias imposta pela realidade atual.
ESTADO
PILAR PILAR
SOCIAL: AMBIENTAL:
equidade prudência
social ecoló
ecoló gica
Ações de RS
focadas nas
questões
socioambientais
SOCIEDADE EMPRESA
PILAR
FINANCEIRO:
eficiência
econômica
Silva, 2010
Figura 2 – MODELO DE REDE: ações de RS, focadas nas questões socioambientais, que
funcionam como núcleo da relação de interdependência estabelecida entre Estado, sociedade e
empresa, considerando o equilíbrio a ser mantido entre os três pilares da sustentabilidade
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Resumo
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0,6
PbOH+
0,4
0,2 Pb(OH)3-
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
pH
Figura II. Diagrama de especiação das espécies de Pb(II), presente numa concentração de
20mg/L em função do pH (Smith et al., 1996).
.
Figura III. Efeito da concentração de biossorvente na biossorção de Pb(II) por S.
lunalinharesii (pH: 5,0; concentração inicial de metal: 50 mg/L; velocidade de agitação: 120
rpm; temperatura: 25±2 oC; e tempo de contato: 240 min).
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onde: (IV)
q é a quantidade de adsorvato (metal) retido
no sólido, quando em equilíbrio (mg/g);
(V)
qmax é o parâmetro de Langmuir relativo à
capacidade de adsorção (mg/g);
Kads é a constante de Langmuir relativa à onde:
energia de adsorção (L/mg); q é a quantidade de adsorvato retido no
Ceq é a concentração do íon na solução, equilíbrio (mg/g);
quando está em equilíbrio (mg/L). qmax é a capacidade de adsorção máxima do
biossorvente (mg/g);
O modelo de Freundlich (equação III) B é a constante relacionada à energia de
considera a existência de uma estrutura em sorção (mol2/kJ2);
multicamadas e não prevê a saturação da é o potencial de Polanyi (kJ/mol);
superfície baseada no processo de adsorção,
R é a constante dos gases (0,008314
correspondendo a uma distribuição
kJ/mol.K);
exponencial de vários sítios de adsorção
T é a temperatura absoluta (K).
com energias diferentes, podendo, assim, ser
Ceq é a concentração do adsorvato no
aplicado a sistemas não ideais.
equilíbrio (mg/L);
(III)
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Figura IV. Isoterma de adsorção dos íons Pb(II) em S. lunalinharesii (pH: 5,0; concentração
inicial de biossorvente: 2g/L; velocidade de agitação: 120rpm; temperatura: 25±2 oC; tempo de
contato: 240 min).
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Resumo
Atualmente, há uma grande preocupação com a escassez dos recursos hídricos, impulsionado,
principalmente, pelo crescimento populacional. Diversas alternativas têm sido estudadas visando ao
melhor gerenciamento e à preservação desses recursos. Diante disso, este trabalho tem por objetivo
avaliar as alternativas geradas com a aplicação da ferramenta “algorítmica-heurística – Diagrama de
Fontes de Água” a sistemas, que envolvem tratamentos centralizado ou semidistribuído. A partir do
estudo de caso de uma refinaria de petróleo, cujas correntes de processos hídricos contêm seis
contaminantes, são propostos cenários de possíveis fluxogramas, que incluam a possibilidade de reúso
e/ou reciclo com regeneração de correntes. Ressalta-se a importância de se considerar a influência da
estação de tratamento nas concepções centralizada e semidistribuída, esta como segregadora de
correntes com características similares, em termos de carga de contaminantes. Foi alcançado um
cenário, cuja economia ficou em torno de 40% na captação de água primária, em relação ao consumo
inicial. Em termos gerais, o trabalho pretende servir de base para um estudo de viabilidade técnica e
econômica, com vista à implementação dos cenários mais promissores alcançados.
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trabalhos de Húngaro [15] e Delgado [16, e saída dos contaminantes, relevantes nas
17]. correntes das respectivas operações. O
Neste contexto, o trabalho em questão primeiro passo consiste em dividir o
tem como objetivo avaliar as alternativas problema em intervalos de concentração, os
geradas com a aplicação do DFA, através da quais são limitados pelas concentrações da
síntese de sistemas de tratamento fonte externa e das operações. Cada
centralizado e semidistribuído. São operação é representada por uma seta
apresentadas propostas de configurações partindo da concentração de entrada até a de
alternativas de reutilização de correntes, saída. As operações são alocadas de cima
permitindo tomar decisões preliminares para baixo no diagrama, tendo como
frente aos cenários promissores, com vista a referência a sua concentração de entrada.
uma posterior análise de investimentos, que As etapas consistem em calcular a
possa demonstrar sua viabilidade técnica e quantidade de contaminante a ser
econômica. transferida, em cada operação e em cada
intervalo, de acordo com a equação 1.
2. Metodologia
∆mki = f Lk .(C fi − Cii ) (1)
2.1. Diagrama de Fontes de Água:
Uma Ferramenta de Apoio à Redução Onde ∆mki é a quantidade de
de Efluentes contaminante a ser transferido, na operação
k e no intervalo i; fLk é a vazão da operação
O DFA é um procedimento algorítmico- k; Cfi é a concentração final do intervalo i;
heurístico, que gera diferentes Cii é a concentração inicial no intervalo i; k
fluxogramas/diagramas de blocos em = 1,..,Nop; e i = 1,..,Nint, onde Nop é o número
situações de reúso/reciclo e regeneração. de operações, e Nint é o número de
Uma das vantagens está na geração intervalos. O procedimento considera fixos
simultânea de propostas alternativas. O os valores de carga mássica, assimilada em
procedimento divide a análise em intervalos cada operação (∆m). A rede de transferência
de concentrações de contaminantes, os quais de massa é sintetizada, a fim de garantir o
são considerados como fontes internas de mínimo consumo de água primária,
água, enquanto que a água primária e a procurando atender às três regras básicas
regenerada são definidas como fontes durante o procedimento:
externas. (i) uso de fontes externas, somente
O método segue um conjunto de regras quando as fontes internas não estiverem
heurísticas, que orientam a transferência de disponíveis;
massa dentro dos intervalos de (ii) transferir a maior quantidade
concentração, usando a menor vazão possível de contaminante, dentro de cada
possível da fonte externa de água mais intervalo de concentração;
limpa, o que permite reduzir o consumo de (iii) para as operações presentes em mais
água limpa e a geração de efluente. de um intervalo, ao passar de um intervalo
Os dados primários, requeridos para para outro, a corrente deve manter a vazão
aplicação do DFA, são a vazão limite em da mesma operação anterior; esta heurística
cada operação e as concentrações de entrada
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água industrial (fonte 2), como de água formada pelo conjunto de tratamentos
primária (fonte 1 - desmineralizada), o que requeridos pela associação das correntes das
pode refletir-se na redução de custos a longo operações 3, 7 e 8; e (iii) ETDI 3, formada
prazo. pela resultante das correntes das operações
Para adequar a qualidade final do 4, 5 e 6, as quais não sofrem tratamento,
efluente tratado, o cenário 3 (figura 6) pois já se encontram dentro dos padrões de
apresenta uma proposta, considerando outra lançamento.
possibilidade de reúso de correntes, A configuração do cenário 4 é bastante
incluindo um sistema de osmose reversa. interessante sob o ponto de vista econômico,
Neste cenário, a corrente, a ser aproveitada pois, no tratamento distribuído, a vazão a ser
no processo, entraria no misturador alocado tratada é menor que no centralizado, como
a montante da operação 7, para reduzir a por exemplo neste caso, em que se constata
vazão de água primária; mas, a corrente que a segregação de correntes permite dispor
resultante violou as concentrações máximas o tratamento em unidades mais compactas e
de entrada desta operação. Para corrigir a específicas para um conjunto de correntes
concentração da corrente, foi necessário com características semelhantes. Neste
acrescentar um regenerador. Uma análise cenário, para melhor visualização, não foi
preliminar de custos é necessária para incluído o fluxograma original completo,
verificar se a proposta é economicamente mas apenas as saídas das operações e os
promissora, uma vez que a alocação do tratamentos realizados.
regenerador pode não compensar a O cenário 5 (figura 8) resulta de uma
economia de 34,3 m³/h de água primária modificação do cenário 4. Neste cenário,
(fonte 1). propõe-se o reúso da corrente, resultante das
O cenário 4 (figura 7) apresenta uma operações 4, 5 e 6, pelo fato de possuir uma
proposta para tratar as correntes do cenário qualidade melhor em relação às demais. A
original de forma semidistribuída, e apenas corrente resultante é adicionada ao
com o objetivo de lançar os efluentes, misturador a montante da operação 7, de
gerados dentro dos padrões do Conama modo similar ao realizado no cenário 3,
357/2005, conforme descrito na tabela 2. As levando a uma economia de 21,2 m³/h de
correntes foram agrupadas de acordo com a água primária (fonte 1). Também neste caso
ordem de grandeza dos contaminantes: (i) foi necessário alocar um regenerador.
ETDI 1, formada pelos tratamentos
necessários às operações 1 e 2, antes do
descarte no corpo receptor; (ii) ETDI 2,
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Resumo
Este trabalho constitui a segunda parte de uma série de dois artigos, que abordam os sistemas de
tratamento de efluentes a partir da aplicação do procedimento algortítmico “Diagrama de Fontes de
Água”. Após apresentar os cenários, que representam propostas de configurações, as quais envolvem
tratamento centralizado e o semidistribuído, incluindo possibilidade de reúso e/ou reciclo com
regeneração de correntes hídricas, uma estimativa de investimento, para cada cenário, é realizada neste
trabalho. Sendo assim, um estudo de caso é utilizado para testar a consistência técnica e econômica dos
cenários promissores. Foi desenvolvida uma ferramenta, em Microsoft Excel®, para o estudo da
viabilidade econômica de uma estação de tratamento de efluentes genérica, analisando o custo
individualizado por equipamentos. Através desta plataforma computacional, são analisados os custos
totais de investimento de cada cenário. Verifica-se a eficiência da proposta, semidistribuída dentre as
configurações sugeridas para reúso, reduzindo os custos em quase 48% frente ao cenário com o método
centralizado. Além disso, os métodos de investimento são comparados ao serem aplicados aos
respectivos cenários. A ferramenta econômica desenvolvida constitui um importante e útil instrumento
para uma análise preliminar das alternativas mais promissoras, relativas a sistemas de tratamento com
vista ao reúso e/ou reciclo de correntes hídricas em um processo industrial.
instalação, uma vez que o equipamento pode Custo atual = Custo base * (1)
construído no próprio local de instalação. capacidade base
Apesar de existirem listas de preços
disponíveis, as empresas sempre pagam
menos, o que torna a estimativa preliminar A atualização dos custos é realizada
dos custos conservadora. Uma informação através de índices, de acordo com a equação
importante é que os dados, fornecidos pelos 2.
índices utilizados para atualização dos
custos, levam em consideração a inflação índice atual (2)
Custo atual = Custo base *
nos EUA, sendo necessário incluir um fator índice base
local para transposição dos custos para o
país desejado (não contemplado neste Para a análise de custo, o método
trabalho). comumente utilizado – inclusive neste
trabalho – é o “método dos seis décimos”, o
2.1. Modelos de custos preexistentes qual inclui o fator de índice, atualizando,
assim, a capacidade e o custo, conforme a
Conforme definido anteriormente, o equação 3.
investimento total é subdividido em duas
0,6
capacidade índice atual
Custo atual = Custo base * atual
* (3)
capacidade base índice base
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Índice atual
C TPI = 1,05 * f LTPI * ∑ * C pi (4)
Índice base
Índice atual
C TCI = 1,05 * f LTCI * ∑ * C pi (5)
Índice base
Os fatores de Lang (fL), para capital fixo fator original de Lang, nem o fator de custo
e capital total, podem ser obtidos pela fixo incluem informações de capital de giro,
Tabela 2. Deve-se considerar que nem o apenas o fator de capital total.
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O custo CTBM consiste no somatório dos fatores de compra (FBM), design (Fd), pressão
custos de compra dos equipamentos, (Fp) e material (Fm), conforme mostrado na
devidamente corrigidos pelo índice. Inclui equação 7.
Índiceatual
CTBM = ∑ C p * [
* FBM + (Fd * F p * Fm − 1) ] (7)
Índice base
Índiceatual
CTBM = ∑ C p * * [FBM ] (8)
Índice base
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valor igual a 1 (alguns valores são tabelados, irá, automaticamente, calcular o fator de
não podendo ser modificados). índice, não sendo necessário inserir valores.
A lista de equipamentos, fornecida para A partir da coluna de índices, não é mais
ambas as planilhas de índice MS e CE, permitido entrar com valores, uma vez que o
corresponde àquela apresentada no quadro 1. software irá calcular os demais dados. A
É necessário entrar com valores somente na coluna 13 refere-se ao “Custo de Compra
planilha de índices MS, uma vez que os Atual (Cp) - Antes Depreciação (U$$)”, e
mesmos valores serão utilizados na planilha mostra o valor atual (em dólares) do
de CE. Com isto, selecionam-se os valores equipamento, sem considerar a depreciação
de índice na planilha de CE e os demais do mesmo.
dados serão calculados. Na coluna 13, deverá ser fornecido o
As duas primeiras colunas fornecem, valor da depreciação desejado para cada
respectivamente, o processo e o equipamento. Deste modo, o custo do
equipamento disponível para análise. A equipamento, após a depreciação, será
terceira coluna indica a variável, que deve fornecido na coluna seguinte. Este dado
ser utilizada para esta estimativa. A quarta corresponde ao custo de equipamento
coluna oferece opções de escolha de anualizado e serve como base para o método
quantidade de equipamentos, para casos de Lang. Para utilizar o método de Guthrie
onde há necessidade de se empregar mais de na coluna 16, e obter o custo anualizado, é
um. Neste caso, é possível selecionar até 20 necessário entrar com o valor do fator bare-
equipamentos. module (FBM) na coluna 15.
A quinta e a sexta colunas correspondem Este procedimento deve ser feito para
à inserção de dados de capacidade base e todos os equipamentos desejados, uma vez
capacidade atual do equipamento desejado. que o custo será somado e apresentado na
Nestas colunas, deverão ser fornecidos planilha de investimento. A ilustração das
valores base e atual, para que haja uma tabelas, utilizadas nesta etapa, encontra-se
comparação de dados (11ª coluna - Ca/Cb). na figura 2.
Na sétima coluna, deverão constar valores A “Planilha de Custos – Correlações da
de custo base (em dólares) de um Literatura” utiliza a metodologia de
determinado ano, para que haja atualização correlação de custos, encontrados na
do mesmo. literatura, segundo a tabela 4. É possível
As colunas 8 e 9 correspondem aos verificar quais equipamentos estão
índices de atualização base e atual, onde é disponíveis para consulta, escolher a
possível selecionar o valor correspondente quantidade de equipamentos desejada e
ao ano desejado. Por exemplo: caso o ano entrar com dados de capacidade atual. É
base seja 1997, deve-se selecionar o valor necessário, também, entrar com o valor de
correspondente, neste caso, MS=1056,8 e depreciação do equipamento desejado e o
CE=386,5. O mesmo procedimento deve ser índice de Guthrie. Caso este dado não esteja
feito para ano atual desejado. É necessário disponível, considerar o valor igual a 1.
atentar para o fato de que cada uma das Existem valores do índice de Guthrie que
planilhas utiliza índices diferentes: a não podem ser alterados, pois já foram
primeira, MS, e a segunda, CE. Após a obtidos da literatura. A ilustração da tabela,
seleção dos valores do índice, a coluna 10
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1000
900
800
700
Vazão (m³/h)
600
Captação de
500 água primária
400
Descarte de
300 efluente
200
100
0
1 2 3 4 5
Cenário
8.000,00
7.000,00
Lang
Investimento (US$ mil)
Guthrie
6.000,00
5.000,00
4.000,00
3.000,00
2.000,00
1.000,00
0,00
1 2 3 4 5
Cenário
Figura 5 – Comparativo de Investimento Total Anual, para os Cenários Obtidos
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