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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO


PRETO

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

RELATÓRIO EXPERIMENTAL 3:

VOLTAMETRIA: DETERMINAÇÃO DE CHUMBO EM SOLUÇÃO


DE CONCENTRAÇÃO DESCONHECIDA

Docente: Prof.ª. Dr.ª Lúcia Campos

Discentes: Lucas Gomes da Fonseca

Mateus Farinelli Zardo

Walas João Silva

Nº do grupo: 06

Ribeirão Preto, 05 de maio de 2016.


1- INTRODUÇÃO

1.1) Fundamentação teórica

Voltametria.

Sabe-se que a voltametria compreende um grupo de métodos eletroanalíticos nos


quais a informação sobre o analito é obtida através de medidas de corrente em função
do potencial aplicado e em condições que estimulam a polarização de um eletrodo
indicador ou de trabalho.

Especificamente, a voltametria está baseada na medida de uma corrente que se


desenvolve em uma célula eletroquímica sob condições de polarização completa por
concentração.

A voltametria em si, é largamente usada também pelos químicos inorgânicos,


físico-químicos e bioquímicos para finalidades não-analíticas, incluindo estudos
fundamentais de processos de redução e oxidação em vários meios, processos de
adsorção em superfícies, mecanismos de transferência de elétrons em superfícies de
eletrodos quimicamente modificadas, entre outras.

Voltametria de redissolução anódica.

Uma das técnicas que se utiliza de processos de pré-concentração é a voltametria


de redissolução anódica (VRA) (do inglês, Anodic Stripping Voltammetry, ASV),
muito utilizada na determinação de metais pesados, uma vez que vários deles podem ser
depositados no eletrodo de mercúrio através de eletrólise de soluções de seus íons.
Nesta técnica a etapa de pré-concentração consiste de uma eletrodeposição a potencial
constante e controlado da espécie eletroativa sobre um eletrodo estacionário. Esta etapa
é seguida por uma etapa de repouso e uma de determinação, sendo que esta última
consiste na redissolução de volta à solução da espécie anteriormente eletrodepositada.

As reações ocorridas nas etapas de pré-concentração (1), de repouso ou


equilíbrio e de determinação ou redissolução (2) são as seguintes:
−¿ ↔ M ( Hg ) (1)¿
¿
M n+¿+ne
−¿ + Hg¿
¿
M ( Hg ) ↔ M n+¿+ne
1.2) Objetivo

O experimento teve como objetivo a determinação da concentração de chumbo


(Pb) em uma solução desconhecida, através da técnica de voltametria de redissolução
anódica, bem como introduzir aos estudantes os fundamentos teóricos e técnicos dessa
técnica.

2- PARTE EXPERIMENTAL
2.1) Materiais e reagentes

- Micropipeta

- Célula Voltamétrica

- Potenciostato – Echomachine modelo μAutolab type III e interface Autolab


IME (GPES)

- Eletrodo de trabalho de gota pendente de mercúrio,

- Eletrodo referência de Ag0/AgCl

- Eletrodo auxiliar de carbono vítreo

- Amostra desconhecida

- Solução padrão de Pb 10-5 mol.L-1

- Solução de HCl purificada

2.2) Procedimentos

Inicialmente adicionou-se 10,020g de uma solução de chumbo de concentração


desconhecida para célula eletroquímica, adicionando posteriormente 10 μL de uma
solução de HCl purificada afim de obter-se um pH próximo a 4.

Lavou-se bem os eletrodos com agua Milli-Q e então introduziu-se a célula


eletroquímica no sistema e realizou-se uma desaeração na amostra com N 2 durante 10
minutos.

Ajustou-se os parâmetros voltamétricos para o software onde o potencial inicial


é de -7 V e o final é de -15 V, e o tempo de pré-concentração é de 60 segundos
Fez-se o registro do voltamograma, e em seguida fez-se uma nova desaeração
por um minuto, e posteriormente fez-se um novo registro do voltamograma, para que
fosse feito a média entre as duas correntes obtidas.

Posteriormente, fez-se a primeira adição de padrão de Pb e registrou-se o


voltamograma, fez-se uma nova desaeração por mais um minuto, e mais um novo
registro do voltamograma para a mesma amostra, para que fosse feito a média entre as
duas correntes obtidas.

Repetiu-se os procedimentos descritos acima até a última adição de padrão,


sempre se realizando em duplicata para uma determinação média.

Ao fim das adições de padrão, foi realizado a diminuição do tempo de pré


concentração (45 segundos) e registrou-se um novo voltamograma para a concentração
final da mesma amostra, e posteriormente realizou-se um novo registro de
voltamograma para um tempo de pré-concentração maior (120 segundos), anotando-se a
corrente gerada em cada tempo de pré-concentração.

2.3) Discussão de alguns detalhes técnicos e/ou características da


instrumentação usada

Durante o experimento utilizou-se um Potenciostato, que é um dispositivo


eletrônico capaz de controlar a diferença de potencial elétrico entre o eletrodo de
trabalho (onde ocorre a eletrólise que se está investigando) e o eletrodo de referência
quando inseridos em uma célula eletroquímica. Consequentemente, esse equipamento
possibilita controlar, através do potencial, as reações em questão, atuando como
catalisador ou inibidor de reações eletroquímicas.
Figura 1: Aparelhagem utilizada no experimento

Utilizou-se também um eletrodo de trabalho de gota pendente de mercúrio um


eletrodo de referencia Ag0/AgCl e um eletrodo auxiliar de carbono vítreo.

Figura 2: Representação da célula eletroquímica utilizada.

Existem alguns fatores que devem ser considerados durante a escolha do


material que será utilizado como eletrodo, sendo que depende principalmente da zona
de potenciais úteis do eletrodo no solvente empregado, e da qualidade e pureza do
material.
3- RESULTADOS
3.1) Tabelas e gráficos com dados obtidos.

Tabela 1: Valores experimentais obtidos

Vol. de
solução [Pb]
Corrente 1 Corrente 2 Corrente
padrão de Adicionado Potencial (1) Potencial (2)
Pb (nA) (nA) média (nA)
(nmol.L-¹)
adicionado
(uL)
0,0 0 4,10 4,34 4,220 0,357 -0,351

27,3 25 7,09 6,75 6,920 -0,355 -0,353

38,3 60 8,69 8,76 8,725 -0,353 -0,351

38,4 95 9,38 9,12 9,250 -0,355 -0,353

Tabela 2: Corrente obtida com variação de tempo de pré-concentração.

Tempo de pré-concentração (s) Corrente (nA)


45 7,3
120 16,1

Curva de adição de padrão (média)


10,00
f(x) = 0,0514708737864078 x + 4,96256067961165
Corrente de pico (nA)

9,00
R² = 0,882391481370044
8,00
7,00
6,00
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
-
0 25 50 75 100
[Pb] adicionado (nmol/L)

Figura 3: Curva de adição de padrão


Figura 4: Voltamograma obtido, com tempo de pré concentração de 120
segundos

Figura 5: Voltamograma obtido, com tempo de pré concentração de 45 segundos


3.2) Cálculo da concentração da concentração da solução de chumbo

Dada a equação da reta:

y=0,0515 x+ 4,9626

Onde y = 0 na concentração inicial, temos que:

0,0515 x+ 4,9626=0

4,9626
x= =96,36 n mol / L
0,0515

Tomando a massa molar do chumbo igual a 207,2 g/mol, temos que a


concentração de chumbo na amostra é de:

−9
[ Pb ]= 96,36 ×10 mol × 207,19 g =19,96 μg/ L
L mol

Portanto a concentração de chumbo na amostra é de 19,96 μg/L ou 19,96 ppb.

4- DISCUSSÃO
4.1) Discussão dos resultados.

A concentração de chumbo obtida na amostra foi de 19,96 ppb diferente do


limite proposto pela legislação de 10 ppb, entretanto, trata-se de uma amostra produzida
apenas para um fim didático. Nota-se ainda que a curva obtida não obteve uma boa
reposta linear, pois apresentou um coeficiente de correlação de Pearson de 0,8824, logo
a precisão desses resultados não é tão boa.

4.2) Discussão sobre a técnica

Como visto nas figuras 4 e 5, o tempo de pré concentração que é um dos


parâmetros da técnica foi modificado a fim de observar o comportamento da curva
corrente vs potencial, e nota-se que com o aumento do tempo de pré-concentração
(120 segundos) para uma mesma concentração de Pb, a corrente obtida foi maior em
relação a corrente obtida num tempo de pré-concentração menor (45 segundos). Logo,
observa-se que o tempo de pré-concentração, é um parâmetro a ser muito bem definido
pois influenciara no resultado obtido.
5- CONCLUSÃO

Conclui-se, portanto, que os objetivos do experimento foram satisfatoriamente


atingidos, pode-se determinar a concentração da solução, bem como foi possível
absorver os aspectos técnicos e teóricos dessa técnica, entretanto como foi visto, os
resultados apresentados não foram aqueles esperados.

Foi possível também verificar, que o tempo de pré-concentração é de extrema


importância para técnica, uma vez que com o aumento ou a diminuição desse
parâmetro, a resposta é igualmente menor ou maior. Logo conclui-se que é muito
importante realizar pré-testes para determinação desses parâmetros para que os
resultados obtidos sejam os mais próximos do real possível.

6- REFERÊNCIAS

SKOOG, Fundamentos de química analítica – 8° Edição.

Voltametria: Conceitos e Técnicas. Disponível em:


<http://usuarios.upf.br/~gobbi/CADA%20UMA%20DAS%20DISCIPLINAS/QUIMIC
A%20ANALITICA%20INSTRUMENTAL/voltametria-vf.pdf>. Acessado dia
01/05/2016

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