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O B R A S V
A O D O R I O
(Da Academia Brasileira de Letras e da Academia
de Sciencias de Lisboa).
T H E A T RO
As Ventoinhas, peça em 3 actos.
Os contos podem ser verdades, peça em 3 actos.
O Raio da Vida, peça em 3 actos.
O Ministro Prales, peça em 3 acíos.
El oro contrarrestadopor la fuerza dei destino, peça
em 3 actos.
j4s Serpentes, peça em 3 actos.
O Remorso de uma falta, peça cm i acto.
Clotilde, peça em 1 acto.
Tudo Dansa, peça em 1 acto.
A Menina de olhos côrde jambo, peça em 1
E innúmeros pensamentos, frases e máximas, que
reunidos darão dois grossos volumes.
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PR E FA C IO DE BE ZE R RA DE FR E ITA S
IL L U S T R AÇÕES DE Dl CAVALCANTI
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DO BÉBÉ DE TA R LA TA N A ROSA,
conto extrahido do livro “ Dentro da
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Noite”
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20 exemplares em papel
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— Ella tem duasfe iç õ e s a que se projec
que se penetra. Uma ê a rajada intrépida, outra o
recolhimento; uma é o dia de outra a
pedindo luz;uma grita, outra ouve; uma é alegria
mesmo na dor, outra é dor mesmo no sorriso; uma
é Zarathustra,outra é a Multidão. Ambas são, en
tretanto, feições da mesma alma — aquella virtu
de superior que anda pelo mundo esparsa no so
nho de energia e de força para o bem que é bel~
leza.
Esses pensamentos, repetidos em quasi todos
os seus livros, guardam aquella força prestigiosa
que a Camillo Mauclair se affignrava a luz brin-
cando com a luz.
Paulo Barreto era descendente de mathematt-
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12
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coí £ militares; preferiu curvas
subtis da ironia. Fixador attitudes, dmai crii*?,
na vida só as ideas e as imagens contam. Assim
era o artista: inquieto, independente, diverso.
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Lendo o B ebe’ de T a r l a t a n a R osa, eu com-
prebendo a terrível fascinação das mascaras e sin-
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uma doçura infinita, confusa sugggestão ou mira
gem da fantasia, numa ansia de céu e de ar; pagi
nas que lembram- a A lm a Urbs, onde os judeus
traficam, os bailarinos dansaos magos
esperanças, os mercadores de serpentes fascinam
as multidões; paginas de aturada das for
ças políticas, que explicam as orgias democráticas
do momento; paginas de louvor aos poetas e ás
energias creadoras da bellezpaginas e
ouve a cadencia elegíaca ou melancólica dos poe
mas de Bruant,nos cabarets do crime e da
seria. . .
Com pouco menos de quarenta annos cda-
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14
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fazm
se a decifradora incessante desse tão
mais longínquo quanto mais perto parece estar. Os
15
artistas, possuidores do seu segredo, são os illumi-
nados, os organistas da grande
m
que no
thesouro da polyphonia colhem a unidade uni
versal.
A obra de Paulo Barreto recolhe o espirito do
universo, resume o vae~vem, a exaltação, o mo
vimento; incessante das ideas puras e bellas que
agitam a alma moderna.
Elle era o animador solitario, voluptuoso e es~
tranho, aparando num sorriso desdenhoso os gol
pes da pretensão indigena;elle era o m
da ironia, convencido de que a ironia é o lyrismo
dq desillusão; elle era a intelligencia ardega, por
tadora dos segredos universaes, amando e queren
do a corèa de oliveira brava.
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c i a ,almas de gcneraes, de santos, heroes
conductores messiânicos. A força da
dá-lhes tremendas propriedades. Restringindo, syn-
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thetizando a vontade, qualquer artista podia ser só
general, só santo, só heroe. Como essa força, po~
rém> projecta-se num campo immenso da compre-
hensão e abarca a humanidade, o Artista fica o
general sem batalhas, o santo sem milagres, o he-
róe sem provas immediatas e sente profundamente
a calamidade. Por isso, não ha Artista que não seja
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eu tentei s^
ro reflexo tum
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ções c que nos meus livros não está a obra ,
mas está emtodos os seus aspectos moraes, m
iaes, políticos, sociaes, mundanos, prá
ticos — a vida do R i o . . .
Cumpre destacar da sua obra certas expres
sões reveladoras dc uma juventude mental em con-
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petuosa, gesto espontando, attitude instinctiva, crer,
trabalhar, c r e a r . . .
P or que escrevia?
— P or fatalidade, pelo destino. Nunca pensei
em ser escriptor, nunca imaginei ter outra funcção
vida. E ’como um incêndio interior. Quanto
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mais penso abafaPo,mais o vejo alastrado e voraz,
consumindo-me. Escrevo por fatalidade. Como
homem é assassino ou heróe ou desgraoçido. Fata
lidade duplamente cruel, porque nella vivo na an
siedade insatisfeita, porque com ella nasci num paiz-
onde o respeito aos que escrevem não existe.
A vida de Paulo Barreto fo i uma violenta e
implacável renovação dos nossos figurinos litera-
rios.
21
Celso Vieira escreveu,certa vez, que a com-
plexidade esthetica de Paulo Barreto, natureza
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previsíveis, desde o apologo ao drama, já o tornou
criticamente um problema insolúvel, cada vez mais
(lesesperador para os amigos de etiquetas litera
rias.
E a cada passo. Paulo Barreto nos mostrava
que o Brasil soffre de uma, molestia endemica nos
povos sem cultura: o desrespeito aos seus grandes
homens, a incomprehensão do valor moral de ceda
um.
Deante do estheta animador, a mentalidade in
digena sentiu, ao mesmo tempo, o horror ao para-
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22
miserias moraes.
tudo isso passou. E dessa de duvida,
periodo fragm
entario, resta uma grande obra de
ironia, de belleza e de verdade.
B ezerra de F r e ita s .
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23
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mascaras !
a tem na sua vida? O carna
val só é interessante porque nos dà essa
sensação de angustioso imprevisto. . .
Francamente. Toda a gente tem a sua i *
sa curiosidade.
Havia no gabinete o barão Belfort, V
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reta.
— Não ha quem não saia no Carnaval
disposto ao excesso, disposto aos trans
portes da carne e ás maiores extravagan
cias. 0 desejo, quasi doentio é como in-
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0 BEBÊ DE TARLATANA ROSA
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O BEBE TARLATANA
— Por pouco. . .
— Não era preciso mais no Carnaval,
tanto mais quanto ella dizia com a sua
voz arfante e lúbrica: — “Aqui não!”
Passei-lhe o braço pela cintura e fomos
andando sem dar palavra. Ella apoiava-
se em mim, mas era quem dirigia o pas
seio e os seus olhos molhados pareciam
fruir todo o bestial desejo que os meus
diziam. Nessas phases do amor não se
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INDICE
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