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LUDMILLA SANTOS
CLASSIFICAÇÃO DO LITORAL DE MARATAIZES, ES
QUANTO À VULNERABILIDADE EROSIVA
VITÓRIA
2005
VITÓRIA 0
2005
LUDMILLA SANTOS
VITÓRIA
2005
1
LUDMILLA SANTOS
COMISSÃO EXAMINADORA
2
A Everson e Shirley, que me deram a vida e
possibilitaram a minha chegada até aqui.
3
AGRADECIMENTOS
Serei eternamente grata à minha tia Cris e minha avó Dica que sempre contribuíram
para a minha educação.
Faço uma ressalva especial à minha falecida avó Maria Flôr de Maio dos Santos e
ao meu querido avô Flávio Tocafundo que por motivo de força maior não estão mais
entre nós, mas que em nenhum momento deixaram de me incluir em suas preces,
pedindo para que meus sonhos fossem realizados.
Aos que não foram citados peço desculpas, mas deixo enfatizada a minha eterna
gratidão.
4
Mar português
Fernando Pessoa
5
LISTA DE TABELAS
TABELA 2.1: Peculiaridades dos setores que compõe o litoral do Estado do Espírito
Santo segundo as observações feitas por Martin et al.
(1996)......................................................................................................................... 20
TABELA 5.2: Recuo da linha de costa, segundo sugerido por Bruun (1962), para
uma elevação do nível o mar de 30 e 50 cm............................................................. 74
TABELA 5.3: Parâmetros utilizados para se obter o Recuo da linha de costa (R) dos
compartimentos representados por praias ou outras feições precedidas de praia... 75
6
LISTA DE FIGURAS
7
FIGURA 5.8: Praia da Cruz (ES), com construções feitas bem próximo à linha de
preamar...................................................................................................................... 55
FIGURA 5.9: Plataforma de abrasão rochosa representando o compartimento VI e
seu respectivo perfil topográfico................................................................................ 56
FIGURA 5.10: Representação gráfica do perfil topográfico realizado no
compartimento VII..................................................................................................... 57
FIGURA 5.11: Praia das Arraias (ES)....................................................................... 57
FIGURA 5.12: Perfil topográfico............................................................................... 58
FIGURA 5.13: Compartimento praial circundado por pequena formações
rochosas.................................................................................................................... 58
FIGURA 5.14: Enroncamento presente no o compartimento IX............................... 59
FIGURA 5.15: O quadro vermelho destaca a pequena formação praia que
representa o compartimento X.................................................................................. 60
FIGURA 5.16: Praia dissipativa localizada em uma pequena região de embaiamento
e sua representação gráfica....................................................................................... 61
FIGURA 5.17: Costão rochoso representando o compartimento XII........................ 62
FIGURA 5.18: Perfil topográfico compartimento XIII................................................ 63
FIGURA 5.19: Praia de Marataízes , sem as contenções......................................... 63
FIGURA 5.20: Perfil topográfico................................................................................ 64
FIGURA 5.21: Registro fotográfico do compartimento XIV e os problemas causados
pela urbanização feita de forma errônea................................................................... 64
FIGURA 5.22: Perfil topográfico da praia de Marataízes (ES).................................. 65
FIGURA 5.23: Praia de Marataízes (ES)................................................................... 65
FIGURA 5.24: Sucessão fotográfica mostrando a barra da Lagoa do Siri
(ES)............................................................................................................................ 66
FIGURA 5.25: Perfil topográfico do comprtimento XVII............................................ 67
FIGURA 5.26: Praia do Siri (ES)............................................................................... 67
FIGURA 5.27: Perfil topográfico do compartimento XVIII........................................ 68
FIGURA 5.28: Praia de Suruí (ES)........................................................................... 68
FIGURA 5.29: Falésia viva ao fundo representando o compartimento XIX............. 69
FIGURA 5.30: Perfil topográfico do compartimento XX............................................ 70
8
FIGURA 5.31: Praia de Cações (ES) com ocupação feita de forma errônea........... 70
FIGURA 5.32: Falésia viva representando o compartimento XXI............................. 71
FIGURA 5.33: Perfil topográfico do compartimento XXII.......................................... 72
FIGURA 5.34: Cordão litorâneo precedido de praia, com estrada destruída
interrompendo o tráfego local.................................................................................... 72
FIGURA 5.35: Compartimentos que compõem o litoral de Marataízes (ES) em
porcentagem.............................................................................................................. 73
FIGURA 5.36: Taxa de recuo da linha de costa e Grau de vulnerabilidade de cada
compartimento que compõe o litoral de Marataízes.................................................. 79
FIRGURA 5.37: Erosão em quiosques construídos sobre as dunas frontais na praia
de Marataízes (ES).................................................................................................... 80
FIGURA 5.38: Areias praias depositadas por ação eólica sobre a via de acesso à
praia da Barra (Marataízes, ES)................................................................................ 80
FIGURA 5.39: Edificações feitas sobre a praia de Arrais, em Marataízes (ES)....... 81
FIGURA 5.40: Quiosques ocupando as margens da Lagoa do Siri (Marataízes,
ES)........................... ................................................................................................. 81
FIGURA 5.41: Análise de Cluster dos compartimentos identificados, recuo da linha
de costa e diagnóstico de uso e ocupação................................................................ 82
FIGURA 5.42: Mapa de vulnerabilidade do litoral de Marataízes (ES), evidenciando
os compartimentos de I a XIV................................................................................... 84
FIGURA 5.43: Mapa de vulnerabilidade do litoral de Marataízes (ES), evidenciando
os compartimentos de XIV a XVII............................................................................. 85
FIGURA 5.44: Mapa de vulnerabilidade do litoral de Marataízes (ES), evidenciando
os compartimentos de XVII a XXII........................................................................... 86
9
LISTA DE SIGLAS
ES – Espírito Santo
RJ – Rio de Janeiro
10
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................14
3.2 AÇÕES................................................................................................... 34
11
4.3 DIAGNÓSTICO DO USO E OCUPAÇÃO .............................................. 41
4.4.1 Praias.............................................................................................. 43
4.4.2 Plataforma de abrasão rochosa ...................................................... 47
4.4.3 Falésias vivas e falésias precedidas de praias ............................... 48
4.4.4 Desembocadura fluvial ................................................................... 48
6. CONCLUSÕES ............................................................................................90
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................92
ANEXOS ..........................................................................................................96
12
RESUMO
13
1. INTRODUÇÃO
Sabendo que o ajustamento de uma linha de costa, a uma elevação do nível do mar,
depende das características geomorfológicas e petrográficas da mesma, podendo os
efeitos variar entre nenhum (costão rochoso, praias arenosas, falésias sedimentares)
e grandes inundações (áreas baixas freqüentemente ocupadas por manguezais ou
marismas). Logo, para o estabelecimento da largura da faixa de proteção costeira, os
critérios mais adotados consideram a tendência erosiva ou progradacional da costa
em questão, expressa pela taxa de retrogradação/progradação anual prevista por
efeito de elevação do nível relativo do mar e aspectos estéticos-paisagísticos
(Muehe, 2001a).
14
beira mar. As características morfológicas da praia influem bastante na magnitude
dos efeitos que a variação do nível do mar pode provocar na região litorânea.
1.2 OBJETIVOS
15
• Fazer um levantamento e diagnóstico referente à ocupação das micro-
unidades geomorfológicas identificadas.
• Destacar a legislação aplicável que contribui para uma melhor gestão costeira
do litoral estudado, evidenciando quais delas não estão sendo respeitadas.
• Elaborar material técnico com texto e mapas de fácil leitura cuja utilização
será de fundamental importância para os órgãos gestores.
2. ÁREA DE ESTUDO
16
88% pelo setor terciário da economia, portanto, as principais atividades geradoras de
divisa são aquelas voltadas para setor turístico e agropecuário (Cometti, 2005).
Do total de domicílios ocupados, 80,31% têm abastecimento de água feito pela rede
geral e 74,78% têm lixo regularmente coletado. Esses índices apontam para uma
infra-estrutura urbana razoável, mas que apresenta problemas de saturação em
épocas de alta temporada, quando inúmeros turistas ocupam a cidade, sendo a
grande maioria provinda dos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro (Cometti,
2005).
17
2.2 ASPECTOS CLIMÁTICOS E OCEANOGRÁFICOS
Medidas referentes à altura e ao período das ondas obtidas pelo INPH (Instituto
Nacional de Pesquisas Hidroviárias), entre março de 1979 e setembro de 1980, nas
imediações do porto de Tubarão, em Vitória, revelam que a altura significativa das
ondas para o litoral ultrapassa 1,5 m, sendo as alturas de 0,9 m e 0,6 m as mais
freqüentes. O período freqüente está em torno de 5 e 6,5 s, sendo o máximo
encontrado de 11 s (Albino, 1999).
18
km e apresenta bruscas inflexões, devido à presença de paleovales e bancos
isolados (Albino, 1999). Essas anomalias não são registradas pela disposição da
isóbata de 50 m. A mesma, entretanto, mostra a presença de uma fissura estrutural
muito estreita, com 30 km de comprimento, 1 km de largura e profundidade média de
20 m, que avançou para dentro da plataforma interna, em direção a Guarapari (ES)
(Muehe, 1998).
A descrição de cada uma dessas unidades será feita mais à frente em tópicos
específicos para cada uma delas.
19
TABELA 2.1: Peculiaridades dos setores que compõe o litoral do Estado do Espírito Santo segundo
as observações feitas por Martin et al. (1996).
Estende-se desde o limite territorial com o Estado da Bahia e a cidade de Conceição da Barra (ES),
Setor 1 sendo as características mais relevantes as estreitas planícies costeiras, associadas às
desembocaduras dos rios Itaúnas e São Mateus, localizadas ao sopé da Formação Barreiras.
Corresponde à planície deltaica do rio Doce cujas cidades limites são Conceição da Barra e Barra do
Setor 2 Riacho. Este é o trecho do litoral capixaba onde os depósitos quaternários atingem o seu
desenvolvimento máximo, cuja distância entre as falésias mortas da Formação Barreiras, situadas mais
ao interior do continente, e a linha de costa é de aproximadamente 38 km.
Estende-se de Barra do Riacho até a Ponta de Tubarão na Baia do Espírito Santo. A característica
Setor 3 marcante é o fraco desenvolvimento dos depósitos quaternários ao sopé das falésias da Formação
Barreiras. Observam-se, ainda, locais onde as falésias da Formação Barreiras estão em contato direto
com a praia. Os depósitos flúvios-marinhos são mais pronunciados ao longo dos vales dos rios Piraquê-
Açu, Reis Magos e Santa Maria de Vitória.
Está compreendido entre a Baía do Espírito Santo e a foz do rio Itapimirim. Caracteriza-se pelos
afloramentos de rochas cristalinas pré-cambrianas em contato com os depósitos quaternários
intercalados pelos afloramentos da Formação Barreiras precedidos de praia como é o caso das praias
Setor 4
de Maimbá e Ubú, ambas em Anchieta. O litoral mostra-se bastante recortado, sendo observados
trechos salientes sem condições de deposição de areias e trechos com significativo desenvolvimento
das planícies costeiras cuja existência é favorecida pela presença de obstáculos tais como promontórios
e ilhas, pela divergência das ortogonais das ondas e pelos aportes fluviais localizados.
Estende-se da foz do rio Itapimirim até a margem norte da desembocadura do rio Itabapoana, limite
territorial com o Estado do Rio de Janeiro (Figura 2.2). Vale salientar que o município de Marataízes,
local de realização do estudo, situa-se neste setor.
Setor 5
Caracterizado por estreitos depósitos quaternários limitados pelas falésias vivas da Formação Barreiras
intercaladas por falésias vivas precedidas por praias estreitas com baixa declividade (Figura 2.3). Uma
extensa planície quaternária é verificada no vale fluvial do rio Itabapoana.
Acrescenta-se, ainda, que a tipologia das praias que compõe a região é classificada como dissipativa e
intermediária. Faz jus mencionar que o litoral do setor em questão vem sofrendo um progressivo
processo erosivo.
20
FIGURA 2.2: Setor 5 da compartimentação do litoral do Estado do Espírito Santos conforme proposto
por Martin et al. (1996). FONTE: Guia 4 Rodas, 1990).
21
FIGURA 2.3: Falésias vivas da Formação Barreiras intercaladas por falésias vivas precedidas por
praias estreitas com baixa declividade encontradas no litoral de Marataízes (ES). Foto: ALBINO,
13/11/2004.
22
Costão
rochosos
FIGURA 2.4: Costão rochoso encontrado próximo à desembocadura do rio Itapimirim (ES). Foto:
Albino, 13/11/2004.
23
FIGURA 2.5: Distribuição dos depósitos terciários da Formação Barreiras ao longo do litoral do estado
do Espírito Santo, modificado por Amador & Dias (1978).
24
FIGURA 2.6: Planície Litorânea encontrada próximo ao litoral de Marataízes (ES). FONTE: Albino,
13/11/2004.
Estágio de desenvolvimento
Estágio A
Foi esta a fase em que os sedimentos que constituem a Formação
Barreiras foram depositados. O período geológico correspondente
era o Plioceno (3 a 4 milhões de anos A.P.), assim, o nível do mar
encontrava-se mais baixo que o atual e as condições climáticas eram
secas com chuvas escassas
25
Estágio B
A deposição da Formação Barreiras foi interrompida, pois o clima
passou a adquirir condições úmidas, havendo, portanto uma pequena
elevação do nível relativo do mar.
Estágio C
Neste período ocorreu a transgressão marinha antiga e a formação
das falésias em sedimentos terciários. Após ter ocorrido o máximo da
transgressão e durante a regressão que se seguiu, o clima voltou a
adquirir características semi-áridas, o que resultou na formação de
novos depósitos continentais na forma de leques aluviais.
Estágio D
Nível máximo alcançado pela última transgressão, ocorrida há
aproximadamente 120.000 anos A.P. correspondendo à
Transgressão Cananéia. Parte dos sedimentos continentais foi
erodida e houve formação de falésias e estuários.
Estágio E
Este estágio é marcado pela regressão do nível do mar que sucedeu
à transgressão citada no estágio anterior. Ressalta-se, também, que
neste estágio formaram-se os terraços marinhos pleistocênicos.
Estágio F
Período em que o fato de maior relevância foi a última transgressão,
Transgressão de Santos, ocorrida há aproximadamente 5.000 anos
A.P. A elevação do nível do mar promoveu a erosão e o afogamento
das planícies costeiras bem como a escavação de vales na
Formação Barreiras o que resultou no desenvolvimento de estuários
e ilhas barreiras.
26
Estágio G
Na área posterior ás ilhas barreiras formadas do estágio anterior
instalaram-se sistemas lagunares nos quais as desembocaduras
fluviais deram origem a deltas intralagunares.
Estágio H
O abaixamento do nível relativo do mar, que sucedeu ao máximo
transgressivo, ocorrido há aproximadamente 5.100 anos A.P.,
traduziu-se na forma de terraços marinhos, a partir da ilha barreira
original, com a progradação da linha de costa.
3. VULNERABILIDADE EROSIVA
Erosão – (Do latim erosione). S.f. 1. Ato de carcomer e corroer a pouco e pouco. 2.
Trabalho mecânico de desgaste realizado pelas águas correntes, e que também pode
ser feito pelo vento (erosão eólica), pelo movimento das geleiras e, ainda, pelos
mares.
Vulnerável – (Do latim vulnerabile). Adj. 2 g. 1. Que pode ser vulnerado. 2. Diz-se do
lado fraco de um assunto ou de uma questão, ou do ponto pelo qual alguém, ou
algum local, pode ser atacado ou ferido.
Assim, entende-se por vulnerabilidade erosiva de um litoral, o quão frágil uma região
é à ação dos processos erosivos.
Embora razoáveis conjeturas possam ser feitas a respeito dos efeitos que várias
propriedades da costa contribuam ou desfavoreçam a erosão, a precisão de cada
efeito ainda é pouco conhecida. Quando se fala de substrato consolidado como é o
caso dos populares costões rochosos ou afloramentos cristalinos como um todo, a
natureza das rochas, sua dureza, sua vulnerabilidade intempérica e a freqüência das
27
imperfeições que tal rocha pode ter são considerados fatores relevantes. Agora
quando o assunto se refere à falésia, sua altura deve ser considerada, pois quanto
mais alta a falésia for, maior a quantidade de sedimento que poderá ser erodido.
Finalmente, a orientação da costa em relação às ondas dominantes conjugado com
o seu grau de entalhe e o perfil natural que a mesma possui parecem exercer papéis
importantes no processo erosicional (Sparks, 1986).
Tendo em vista os prejuízos que a erosão costeira pode causar, o estudo detalhado
da mesma pode prevenir problemas que tomem uma magnitude incontornável.
28
constituídos por rochas autóctones - inteiras ou fragmentadas por intemperismo -
que formam o hábitat de organismos a ele adaptados. Sua parte superior, sempre
seca, está geralmente revestida por líquens, por vegetação baixa e por vegetação
arbóreo-arbustiva. Na parte emersa, freqüentemente borrifada pelas ondas, é
constante a presença de moluscos e de crustáceos. A parte submersa sustenta
comunidades bióticas mais complexas onde podem estar presentes algas, cnidários,
esponjas, anelídeos, moluscos, crustáceos, equinodermas, tunicados e outros
organismos inferiores, servindo de base alimentar para peixes e outros vertebrados
(FEEMA, 1990).
Wright et al. (1979) destacam que o estado dissipativo é representado por praia
emersa e zona de surfe larga de baixa declividade, submetida à ação de ondas
deslizantes (spilling) e com sedimentos de granulometria fina.
29
Os quatro estados intermediários exibem simultaneamente características refletivas e
dissipativas. Dentre estes existem os estados morfodinâmicos com barra e calha
longitudinal (longshore bar ou trough), com barra e praia rítmicos (rhythmic bar and
beach), com barra transversal e corrente de retorno (transverse bar and rip) e com
terraço de baixa-mar (low tide terrace). A visualização dos estados definidos por
Wright et al. (1979) podem ser vistos na Figura 3.1.
FIGURA 3.1: Estados morfodinâmicos das praias segundo Wright et al. (1979). Aqui é possível se
observar os estados dissipativos, intermediários de banco e calha longitudinal, banco e praia de
cúspides, bancos transversais, terraço de baixa mar e refletivo. Fonte: Wright et al. (1979).
30
• Dunas frontais (Foredune) – Duna situada logo após a praia rumo ao
continente que, em geral, é pouco desenvolvida, isto é, apresenta dimensões
reduzidas. Este tipo de duna também é conhecido como anteduna. Alguns autores
estabelecem distinções entre as espécies vegetais estoloniformes e duna frontal
estabelecida, que seria gerada pela colonização de duna frontal insipiente por
espécies vegetais em esteira, tufo e arbusto (Suguio, 1998).
31
• Estuário (estuary) – Corpo aquoso litorâneo de circulação mais ou menos
restrita, porém ainda ligado a um oceano aberto (open ocean). Muitos estuários
correspondem a desembocaduras fluviais afogadas e, desta maneira, sofrem diluição
significativa de salinidade em virtude do fluxo de água doce. Sob o ponto de vista
geológico, os estuários são feições transitórias, que normalmente acabam sendo
preenchidas por depósitos de mangues, deltas e marés. Refere-se ao ambiente de
sedimentação próprio dos estuários, bem como os depósitos aí formados. Os
sedimentos de estuário são de granulação variável e de estratificação mais irregular
na porção central, tornando-se mais homogêneos para as bordas (Suguio, 1998).
32
• Orla terrestre não urbanizada - Limite de 200 m contado a partir do limite da
praia ou a partir da base do reverso da duna frontal, quando existente.
33
Cota 1 m acima do
Mangues,
limite máximo da
Inundação charcos,
preamar de sizígia
marismas
ou de inundação
50 m a partir do
Estabelecimento limite da praia ou
Mecanismo de
de limites de da base do reverso
alteração da Erosão
segurança para a da duna frontal
linha de costa
orla quando presente
Sim
Sim
Litoral arenoso? Urbanizado?
Não Não
50 m a partir do
topo da falésia
FIGURA 3.2: Limites mínimos da orla segundo as características morfológicas do litoral. FONTE:
MUEHE (2001a).
A diminuição dos limites mínimos poderá ser feita quando houver tendência
progradacional da linha de costa, também expressa em taxas anuais ou o local se
situar em áreas abrigadas, desde que justificado tecnicamente, sem prejuízo da
competência estadual ou municipal para estabelecer medidas mais restritivas
(Muehe, 2001a).
3.2 AÇÕES
A crescente ocupação do espaço costeiro e sua utilização econômica que resultam
em impactos, cuja somatória tende a provocar alterações levando à degradação da
34
paisagem e dos ecossistemas, podendo chegar à própria inviabilização das
atividades econômicas, vêm da pesquisa científica e de ações de gerenciamento
costeiro, monitoramento e educação ambiental, encontrar uma situação de equilíbrio
entre uso e preservação do meio ambiente (Muehe, 1998a).
35
o qual foi gerado o Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro (Gerco) (Moraes,
1999).
36
como coordenadores o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e a Secretaria do
Patrimônio da União (SPU) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
(MP), buscando alcançar os seguintes objetivos específicos:
4. MATERIAIS E MÉTODOS
37
Estudo preliminares
Praia
Plataforma de
abrasão rochosa
Antes de se realizar a saída de campo foi realizada uma visualização prévia das
fisiografias que compõe o litoral de Marataízes, para tal fez-se uso de duas cartas
topográficas (SF-24-H-I-1 folha 1 e SF-24-H-I-1 folha 1.2) na escala de 1:50.000,
Mapa Geológico do Quaternário Costeiro do Estado do Espírito Santo, na escala
de 1:200.000 e carta náutica Nº 1.400 publicada , na escala natural de 1:296.385,
buscas bibliográficas em material base também foi feita.
c) Cabo Inconsolidado
d) Delta
c) Pontal
d) Dunas Parabólicas
e) Dunas barcanas ou barcanóides
f) Dunas Transversais
g) Manguezal
a) Falésia viva
b) Praia refletiva
c) Praia intermediária
d) Praia dissipativa
e) Dunas frontais
j) Desembocadura fluvial
l) Recifes de coral
Além disso, o autor cita ainda que a classificação deva ser acrescida da
informação Exposto (E), Semi-exposto (S) e Abrigada (A) e deva ser lida da feição
de menor tamanho para a de maior hierarquia. Exemplo: Ic-IIb-IIIe-E Praia refletiva
exposta de cordão litorâneo estreito sob efeito de transposição associado a um
cabo inconsolidado.
40
tomando o cuidado de georeferênciar, os pontos limites de cada compartimento,
por meio de GPS Gramin 12, utilizando Sistema de Coordenadas Geográficas e o
Córrego Alegre como Datum. Cada compartimento identificado recebeu um
algarismo romano como identificador, ou seja, o primeiro compartimento recebeu o
nome de I, o segundo de II e assim sucessivamente.
O presente trabalho utilizou uma adaptação da proposta feita pelo Projeto Orla
para a determinação do grau de urbanização que cada compartimento identificado
apresentava, isso foi feito porque o Ministério do Meio Ambiente propõe uma
classificação para grandes áreas costeiras, mas a essência da classificação pode
ser perfeitamente aplicada em regiões menores, como é o caso dos
compartimentos que compõem o litoral de Marataízes, fazendo, então, uma
adequação à menor magnitude da área abrangida pelo compartimento quando
comparado à orla marítima como um todo. Assim, o Ministério do Meio Ambiente,
fazendo uso do Projeto Orla Marítima define que a cobertura urbana ou
urbanização deve ser avaliada pelos seus principais elementos da paisagem e
estruturas da cobertura (forma, configuração paisagística e distribuição espacial),
assim como pelos tipos de ocupação existentes. Tendo em vista a natureza dessa
variável e as características das classes genéricas, sua incidência em orlas da
classe A será sempre a mais baixa, na classe B média e na classe C alta.
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• Classe B – Apresenta-se em manchas, forma corredores ou constitui-se em
uma matriz; seu elemento paisagístico está baseado na urbanização de médio
porte, com cobertura horizontal (densa) mista. Pode apresentar configuração
rústica, comum ou bairro-jardim; possui caráter habitacional ou turístico, na
qual a vegetação ocupa 50% da área existente, podendo ter um caráter
histórico cultural. Ocupada por loteamentos/balneários horizontais ou mistos,
isolados entre si, entremeados por áreas cobertas por vegetação nativa e/ou
plantações (uso misto – predominantemente residencial). Pequenos centros
urbanos horizontais e mistos.
42
características geológicas do mesmo, podendo-se distinguir entre litorais
constituídos por sedimentos não consolidados formando praias e feições
morfológicas associadas (cordões litorâneos, ilhas barreira, pontais, planícies de
cristas praiais, tombolos), rochas sedimentares consolidadas (falésias) e rochas
duras (costões) (Muehe, 2001a).
4.4.1 Praias
43
SLG
R=
H (1)
onde:
Suguio (1973) afirma que o perfil transversal de uma praia varia com o ganho ou
perda de areia, onde a variação da energia das ondas é determinante. De acordo
44
com as alternâncias entre tempo bom (engordamento) e tempestades (erosão) a
praia adapta seu perfil e assim servindo de proteção contra a erosão marinha.
À medida que as leituras foram sendo feitas, o perfil foi sendo traçado, os dados
coletados foram anotados em uma planilha de campo (Anexo A), tomando-se o
cuidado de anotar o horário em que se realizou a leitura no máximo recuo, para
que o ajuste de topografia pela maré pudesse ser feito de acordo com Bigarella
(1962 apud Muehe et al., 2001b), que em condições de tempo bom oferece
resultados satisfatórios. A identificação dos pontos urbanos onde os perfis foram
amarrados e seus respectivos rumos podem ser vistos no Anexo B.
45
FIGURA 4.2: Levantamento dos perfis topográficos praiais pela aplicação do método proposto por
Emery (1961). Foto: Albino, 13/11/2004.
O traçado dos perfis foi feito depois de se consultar a tábua de maré referente ao
Terminal de Ubu (Anchieta, ES) fornecida pelo Departamento de Hidrografia e
Navegação (DHN) da Marinha do Brasil, a fim de se trabalhar nas condições de
baixa-mar. De modo que o perfil obtido tivesse sido levantado até a região do
máximo recuo, possibilitando a correção das cotas dos perfis, dando a eles uma
maior verossimilhança. Assim, para o dia 13/11/2003, data do levantamento dos
perfis, a maré era de 1,5 m às 2:54, 0,1 m às 9:36 e 1,4 m às 15:04. O nível do
mar para o Terminal de Ubú (ES) fornecido por esta mesma instituição é de
0,75m.
46
d l ,1 ≅ 2H s + 11σ (2)
onde,
Hs = altura média significativa anual das ondas em águas profundas (m), que para a
região de estudo é igual a 1,20 (m) segundo os dados fornecidos pela DHN.
Para estas feições a taxa de recuo adotada segue a proposta que Muehe (2001a)
determina, anteriormente citada no item 3.2.2 do presente trabalho. Assim, o limite
de ocupação a ser definido neste trabalho estabeleceu uma faixa de segurança de
1 m acima do limite máximo de ação das ondas de tempestades, lembrando que
na região estudada as marés máximas atingem 1, 70 m segundo as informações
fornecidas pela DHN.
47
mais alto e no mais baixo das feições aqui estudadas. Acrescentou-se, ainda o
alcance máximo da maré de sizígia, para que o estabelecimento do limite seguro
de ocupação fosse feito em conformidade com a referência bibliográfica
supracitada.
As falésias vivas, por outro lado, apresentam um comportamento que deve ser
analisado caso a caso, porque, em geral, estas feições apresentam um longo
lapso de reação ao processo erosivo e uma grande quantidade de sedimentos
liberados para o ambiente o que dificulta a utilização da equação (1), isso faz com
que a taxa de retrogradação seja freqüentemente pequena (Muehe, 2001a).
48
4.5 DETERMINAÇÃO DA VULNERABILIDADE EROSIVA
49
4.7 IDENTIFICAÇÃO DAS LEIS APLICÁVEIS QUE CONTRIBUEM PARA UMA
MELHOR GESTÃO COSTEIRA
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
50
TABELA 5.1: Caracterização das Estações identificadas, bem como a suas delimitações, o local a que se referem observações proeminentes e
registro fotográfico.
Identificação do
compartimento, segundo Caracterização dos compartimentos e grau de urbanização segundo os critério sugeridos pelo
os critérios sugeridos por Projeto Orla Marítima, destacados em azul
Muehe (1998)
Praia arenosa composta por areias médias à grossa com presença de carbonatos e depósitos de
minerais pesados.Perfil topográfico referente a este compartimento pode ser observado na Figura 5.1
e o registro topográfico na Figura 5.2. Segundo os critérios propostos este local se enquadra na
Classe B, com muitas construções próximas á praia incluindo estradas pavimentadas.
I – Praia da Barra
600
400
200
0
0 10 20 30 40 50
Distância (m)
FIGURA 5.1: Perfil topográfico do Compartimento I. FIGURA 5.2: Praia da Barra (ES). Foto: Albino,
13/11/2004. 11/2004.
51
Formação rochosa (costão rochoso) com edificações localizadas a uma certa distância da linha de
preamar tal situação é confirmada pela Figura 5.3 que se segue. Este compartimento enquadra-se na
Classe B.
II – Plataforma de
abrasão rochosa
(popularmente
conhecidos como
costões rochosos)
FIGURA 5.3: Costão Rochoso com seu respectivo. Foto: Albino, 13/11/2004
52
Este é mais um dos compartimentos correspondentes à ambiente praial, onde as areias médias
predominam na composição. O perfil topográfico desse seguimento da Praia da Barra pode ser
observado na Figura 5.4, já o registro fotográfico encontra-se disposto na Figura 5.5. O grau de
ocupação deste seguimento é bastante elevado, sendo possível detectar quiosques construídos sobre
a areia, escassez de vegetação litorânea, via pavimentada bem próxima à praia sendo expressiva a
quantidade de areia retirada da praia por ação eólica e depositada sobre as vias urbanas proximais.
Segundo o Projeto Orla Marítima este setor corresponde à Classe C.
1000
A ltura
(cm )
500
0
0 20 40 60
Distância (m)
FIGURA 5.4: Perfil topográfico referente ao Compartimento III. FIGURA 5.5: Praia da Barra (ES), ambiente praial
ocupado por quiosques. Foto: Albino, 13/11/2005.
53
Costão rochoso situado na Ponta das Arraias. A Figura 5.6 mostra parte deste local. Segundo os
critérios a serem seguidos este local corresponde à Classe A sendo que neste local a ocupação
urbana ainda não é significativa.
54
Sedimento composto predominantemente por areias com granulometria que varia de média a fina
sendo visível a grande quantidade de minerais pesados aflorados. A ocupação urbana é crítica com
casas construídas bem próximas à região banhada pelas marés mais elevadas, Classe C, segundo os
critério adotados. A representação gráfica do perfil topográfico deste seguimento pode ser vista na
Figura 5.7 e o registro fotográfico na Figura 5.8.
400
300
200
100
0
0 10 20 30 40 50
Distância (m)
FIGURA 5.7: Perfil topográfico do Compartimento V. FIGURA 5.8: Praia da Cruz (ES), com construções feitas bem
próximo à linha de preamar. Foto: Albino, 13/11/2005.
55
Plataforma de abrasão rochosa situada em uma região de embaiamento. Classe A, com o grau de
urbanização baixo como pode ser visualizado na Figura 5.9.
VI – Plataforma de
Plataforma de abrasão
abrasão rochosa rochosa
A ltura (cm )
400
200
0
0 10 20 30 40 50
Distância (m)
FIGURA 5.9: Plataforma de abrasão rochosa representando o compartimento VI e seu perfil topográfico. Foto: Albino,
13/11/2004.
56
Praia com sedimento composto predominantemente por areias finas sendo detectada também a
presença de areias médias. A urbanização deste local é bem significativa com inúmeros quiosques
construídos no ambienta praial, enquadra-se, portanto, na Classe B. O perfil topográfico pode ser
visualizado na Figura 5.10 da mesma forma que o registro fotográfico na Figura 5.11.
400
300
200
100
0
0 10 20 30 40 50
Distância (m)
FIGURA 5.10: Representação gráfica do perfil topográfico. FIGURA 5.11: Praia das Arraias (ES). Foto: Albino,
13/11/2005.
57
Este compartimento é circundado por plataforma de abrasão rochosa (Figura 5.13). Por ser uma
região onde as formações praiais são expressivas foi levantado perfil topográfico (Figura 5.12) para
ilustrar estas formações. O grau de urbanização é irrisório, assim este compartimento corresponde á
Classe A.
300
200
100
0
0 10 20 30
Distância (m)
FIGURA 5.12: Perfil topográfico. FIGURA 5.13: Compartimento praial circundado por pequenas
formações rochosas praiais. Foto: Albino, 13/11/2005.
58
Sobre esta feição foi construído um enroncamento com o intuito de proteger a região contra a ação
das ondas visto que no local existe uma região de atracação de barco de pescadores (Figura 5.14).
Apesar da modificação feita para a construção do enroncamento o grau de urbanização é baixo,
Classe A.
IX - Plataforma de
abrasão rochosa
59
Pequena formação praial (Figura 5.15). Neste local não foi realizado perfilagem topográfica, uma vez
que a formação praial ali existente é de pequeno porte sendo sua proteção feita pelas planícies de
abrasão rochosa que a circundam onde os sedimentos arenosos ainda estão recobrindo as formações
rochosas em assim sendo o recuo da linha de cota adotado será o mesmo das planície de abrasão
rochosas adjacentes. O grau de urbanização é baixo, enquadrando-se como Classe A.
X – Praia dissipativa
FIGURA 5.15: O quadro vermelho destaca a pequena formação praia que representa o compartimento X. Foto: Albino,
13/11/2005.
60
Praia dissipativa situada numa pequena região de embaiamento (Figura 5.16). Região localizada bem
próximo ao Iate Club de Marataízes. A urbanização nesta região pode ser considerada de médio
porte com casas construídas próximas ao ambiente praial, corresponde à Classe B.
XI – Praia dissipativa
Praia (ES)
A ltura (cm )
300
200
100
0
0 10 20 30
Distância (m)
FIGURA 5.16: Praia dissipativa localizada em uma pequena região de embaiamento e sua representação gráfica. Foto:
Albino, 13/11/2005.
61
Plataforma de abrasão rochosa (Figura 5.17). Apesar de estar significativamente urbanizado este
compartimento não é muito preocupante pois as construções foram feitas longe da linha de preamar.
Este setor pode ser considerados como sendo pertencente à Classe B.
390
290
190
90
-10
0 10 20 30
Distância (m)
FIGURA 5.17: Plataforma de abrasão rochosa representando o compartimento XII e seu respectivo perfil topográfico. Foto:
Albino, 13/11/2005.
62
Praia com sedimento composto predominantemente por areias médias. A representação gráfica do
perfil topográfico realizado neste compartimento pode ser visualizado na Figura 5.18. já o registro
fotográfico deste compartimento pode ser visto na Figura 5.19. Segundo os critérios de classificação
proposto, este setor corresponde à Classe C, onde o grau de urbanização é bastante expressivo.
XIII – Praia de
Marataízes sem as
Praia de Marataízes (ES)
contenções de
sedimento, praia
A lt u r a ( c m )
400
dissipativa 300
200
100
0
0 5 10 15 20 25
Distância (m)
FIGURA 5.18: Perfil topográfico compartimento XIII. FIGURA 5.19: Praia de Marataízes , sem as contenções.
Foto: Albino, 13/11/2005.
63
Sedimento composto predominantemente por areias médias. O grau de urbanização deste
compartimento é extremamente elevado, sendo uma região muito preocupante, pois como a ocupação
foi feita de forma errônea os prejuízos causados por este erro já se fazem sentir, segundo a
classificação proposta pelo Projeto Orla Marítima este setor corresponde à Classe C. Isto pode ser
observado na Figura 5.21 que se segue, da mesma forma que o perfil topográfico (Figura 5.20).
XIV – Praia de
Marataízes com as
contenções de Praia de Mataízes (ES) entre as
sedimento, praia contenções
dissipativa
1000
A ltu r a
(c m )
500
0
0 10 20 30 40
Disntância (m)
FIGURA 5.20: Perfil topográfico. FIGURA 5.21: Registro fotográfico do compartimento XIV e os
problemas causados pela urbanização feita de forma errônea.
Foto: Albino, 13/11/2005.
64
As areias predominantes possuem uma granulometria fina com regiões onde há bastantes minerais
pesados expostos e dunas frontais bem erodidas. A representação gráfica do perfil topográfico pode
ser vista na Figura 5.22 e o registro fotográfico na Figura 5.23. A maior parte deste comprimento ainda
não é urbanizada, mas alguns pontos pode-se perceber a construção de quiosques feita sobre o
ambiente praial, tal quiosques vêm ao longo do tempo sofrendo processos erosivos. Este setor pode
ser enquadrado na Classe B segundo a classificação proposta pelo Projeto Orla.
XV – Praia de
Marataízes, praia
intermediária
Marataízes (ES)
800
A ltu ra (c m )
600
400
200
0
0 10 20 30 40
Distância (m)
FIGURA 5.22: Perfil topográfico da praia de Marataízes (ES). FIGURA 5.23: Praia de Marataízes (ES). Foto: Albino
13/11/2005.
65
Barra arenosa construída em na foz da Lagoa do Siri (Figura 5.24). A ocupação sobre a barra
propriamente dita não é existente, mas nas regiões que circundam a lagoa pode-se perceber a
presença de inúmeros quiosques. Classe A.
FIGURA 5.24: Seqüência fotográfica mostrando a barra da Lagoa do Siri (ES). Foto: Albino, 13/11/2005.
66
Areia com cordão vegetado extenso, sedimento composto predominantemente por granulometria
média. A urbanização é bastante expressiva, com diversas construções feitas sobre o ambiente praial,
setor corresponde à Classe B. A representação gráfica do perfil topográfico pode ser visto na Figura
5.25 e o registro fotográfico na Figura 5.26.
400
200
0
0 20 40 60
Distância (m)
FIGURA 5.25: Perfil topográfico do compartimento XVII. FIGURA 5.26: Praia do Siri (ES). Foto: Albino, 13/11/2005.
67
Sedimento composto predominantemente por areias finas. A urbanização deste compartimento é
irrisório sendo o grau de preservação bastante elevado com preservação da vegetação nativa e da
vegetação de dunas, Classe A. Perfil topográfico Poe ser visto na Figura 5.27 e o registro topográfico
na Figura 5.28.
200
100
0
0 10 20 30 40
Distância (m)
FIGURA 5.27: Perfil topográfico do compartimento XVIII. FIGURA 5.28: Praia de Suruí (ES). Foto: Albino,13/11/2005.
68
Falésia Viva (Figura 5.29). Não se observam estradas nem edificações construídas sobre a mesma,
Classe A.
FIGURA 5.29: Falésia viva ao fundo representando o compartimento XIX. Foto: Albino, 13/11/2005.
69
Sedimento composto predominantemente por areias médias. A ocupação deste ambiente foi feita de
forma errada com casas construídas sobre o ambiente praial suprimento a vegetação, apesar do grau
de urbanização ser de médio porte, corresponde, portanto, à Classe B. Perfil topográfico pode ser
visualizado na Figura 5.30 e o registro fotográfico na Figura 5.31.
200
100
0
0 10 20 30
Distância (m)
FIGURA 5.30: Perfil topográfico do compartimento XX. FIGURA 5.31: Praia de Cações (ES) com ocupação feita de
forma errônea. Foto: Albino, 13/11/2205.
70
Falésia Viva, a visualização deste compartimento pode ser visto ao fundo de registro fotográfico
(Figura 5.32) que se segue. O grau de urbanização é irrisório, visto que neste compartimento não há
casas construídas sobre a falésia, a única modificação que este ambiente apresentou é uma pequena
estrada de terra que passa na região superior da mesma, mas longe de suas margens, enquadrando-
se, assim, na Classe A.
FIGURA 5.32: Falésia viva representando o compartimento XXI. Foto: Albino, 13/11/2005.
71
Cordão litorâneo precedido de praia, na época em que foi feito o levantamento de dados a estrada de
terra que passava sobre esta região foi destruída impedindo o tráfego no local como pode ser
observado na Figura 5.34. Como o ambiente possui uma formação praial foi levantado perfil
topográfico (Figura 5.33). Segundo os critérios propostos pelo Projeto Orla Marítima, o compartimento
corresponde à Classe A.
XXII – Lagoa do
Mangue, Falésia Lagoa do Mangue (ES)
precedida de praia 600
A ltu r a (c m )
400
200
0
0 10 20 30 40
Distância (m)
FIGURA 5.33: Perfil topográfico. FIGURA 5.34: Cordão litorâneo precedido de praia, com estrada
destruída interrompendo o tráfego local. Foto: Albino, 13/11/2005.
72
De acordo com os dados até o presente momento apresentados pode-se afirmar que
Marataízes (ES) apresenta um litoral composto predominantemente por praias, que
representam aproximadamente 49% de todos os compartimentos determinados,
seguido de plataforma de abrasão rochosa (23%) e falésias precedidas de praia
(14%), as falésias vivas representam 9% e as desembocaduras fluviais 5% do litoral. A
representação gráfica da porcentagem que cada segmento representa pode ser vista
na Figura 5.35.
49%
23%
A definição da extensão destas zonas de não ocupação deve ser feita a partir do
conhecimento de eventos erosivos pretéritos ou através de estudos específicos de
evolução costeira (Muehe, 2001a).
73
competência estadual ou municipal para estabelecer medidas mais restritivas (Muehe,
2001a).
A elevação do nível do mar resulta na maioria das vezes em recuo do berma e erosão
das dunas frontais, caso elas existam. Para entrada de frentes frias Bruun sugere que
o acréscimo de água seja 30 cm acima do nível atua. Agora quando se trata de
elevação global do nível do mar, o presente trabalho adotou um acréscimo de 50 cm
conforme explicado anteriormente.
Aplicando a equação (1) para se obter o recuo da linha de costa para os valores
propostos e utilizando os dados dispostos na Tabela 5.3, alcançados pela aplicação da
equação (2), e acrescentando, ainda, a faixa de segurança estabelecida por Muehe
(2001a) de 50 m para orlas urbanizadas e 200 m para orlas não urbanizadas, pôde-se
obter os valores presentes na Tabela 5.2.
TABELA 5.2: Recuo da linha de costa, segundo sugerido por Bruun (1962), para uma elevação do nível
o mar de 30 e 50 cm.
I 27,04 m 77,04 m
V 19,57 m 69,57 m
74
XI 39,98 m 89,98 m
XV 74,58 m 124,58 m
XX 128,26 m 328,26 m
TABELA 5.3: Parâmetros utilizados para se obter o Recuo da linha de costa (R) dos compartimentos
representados por praias ou outras feições precedidas de praia.
V 639,18 m 9,8 m
XI 1243,46 m 9,33 m
XV 3291,36 m 13,24 m
XX 2395,81 m 9,34 m
Analisando os perfis topográficos das praias estudadas nota-se sua tipologia varia
entre praias intermediárias e dissipativas, segundo a classificação feita por Wright et
al. (1979). Isso é um agravante pois o estado morfodinâmico dissipativo responde
75
prontamente a qualquer modificação, seja uma elevação relativa do nível do mar,
alteração na incidência de ondas ou qualquer outro parâmetro que fuja das condições
a que elas estão freqüentemente submetidas. Diante dos resultados expostos pode-se
afirmar, de antemão, que tanto o recuo que representa a subida relativa do nível do
mar quanto o que representa a subida absoluta possuem valores consideráveis e a
situação é preocupante, pois o espaço horizontal requerido pela maioria das praias
em muitos casos é inexistente.
A urbanização neste litoral, em muitos casos não obedece os limites de ocupação
propostos por Muehe (2001a), principalmente nas áreas urbanizadas cuja ocupação
de ser feita depois de 50 m contados a partir do limite da praia ou a partir da base do
reverso da duna frontal, quando existente, o que vem a ser um problema.
Por meio dos perfis topográficos realizados nos representantes mais alto e mais baixo
destas feições fisiográficas, pôde-se calcular o a distância horizontal requerida para
que a proposta de limite de ocupação sugerida por Muehe (2001a) fosse cumprida. As
distâncias encontradas foram de aproximadamente 9,57 m para a plataforma de
abrasão rochosa mais elevada e de 8,84 m para a mais baixa, o que vem a ser uma
distância muito pequena quando comparada ao espaço requerido pelos
compartimentos praiais presentes na mesma região de estudo.
76
praias arenosas se torna difícil, tanto pelo longo lapso de reação ao processo erosivo,
quanto pela elevada quantidade de sedimentos liberados, fazendo com que a
retrogradação seja freqüentemente pequena. Em geral, as taxas de retrogradação são
tão ínfimas que o cálculo teórico das mesmas se torna sem sentido. O correto a se
fazer é uma análise caso a caso, considerando a posição de testemunhos deixados
pela retrogradação, registros fotográficos e iniciando, sempre que for possível, um
monitoramento das falésias ativas. Estas taxas de retirada de sedimento quanto
corretamente definidas, ou seja, para um período de tempo suficientemente longo para
caracterizar uma tendência, deverá ser incorporada na fixação da largura de proteção
da orla (Muehe, 2001a).
77
Quando se compara a ação do recuo das falésias vivas com as precedidas de praia é
possível notar que a praia atua como um agente amortizador da ação marinha, pois
nas últimas Nascimento e Silva (2005) observaram que o recuo das mesmas foram
inferiores a 45 m para o mesmo período de 26 anos.
A faixa de segurança estabelecida para este tipo de feição segue a sugestão proposta
por Muehe (2001a).
A Figura 5.36 exprime a relação existente entre a taxa de recuo da linha e costa e o
grau de ocupação de cada compartimento.
78
FIGURA 5.36: Taxa de recuo da linha de costa e Grau de vulnerabilidade de cada compartimento que
compõe o litoral de Marataízes.
79
FIRGURA 5.37: Erosão em quiosques construídos sobre as dunas frontais na praia de Marataízes (ES).
Foto: Albino, 13/11/2004.
FIGURA 5.38: Areia da praia depositada por ação eólica sobre a via de acesso à praia da Barra
(Marataízes, ES). Foto: Albino, 13/11/2004.
80
FIGURA 5.39: Edificações feitas sobre a praia de Arrais, em Marataízes (ES). Fonte: 13/11/2004.
FIGURA 5.40: Quiosques ocupando as margens da Lagoa do Siri (Marataízes, ES). Foto: Albino,
13/11/2004.
81
Utilizando a análise de Cluster (Figura 5.41) para agrupar os compartimentos
semelhante com relação ao recuo da linda de costa e ao diagnóstico de uso e
ocupação, observou-se que os compartimentos mais semelhantes entre si são os
compartimentos I, V e VIII; XI, XIII e XV ; XVI, XVIII e XX, ou seja, de acordo com
os dados utilizados como variáveis estes compartimentos são os que apresentam
comportamento semelhantes, por outro lado os compartimentos mais distintos entre si
são I e XXI, segundo a análise feita.
0.12
0.10
Linkage Distance
0.08
0.06
0.04
0.02
0.00
C_21 C_14 C_20 C_18 C_13 C_3 C_7 C_8 C_1
C_19 C_22 C_16 C_15 C_11 C_17 C_12 C_5
FIGURA 5.41: Análise de Cluster dos compartimentos identificados, recuo da linha de costa e
diagnóstico de uso e ocupação.
82
mas que exige um plano gestor adequado para evitar que danos futuros possam vir a
ocorrer.
83
Mapa de Vulnerabilidade erosiva do
Litoral de Marataízes (ES)
Legenda
Pouco preocupante
Preocupante
Muito preocupante
84
Mapa de Vulnerabilidade erosiva do
Litoral de Marataízes (ES)
Legenda
Pouco preocupante
Preocupante
Muito preocupante
85
Mapa de Vulnerabilidade erosiva do
Litoral de Marataízes (ES)
Legenda
Pouco preocupante
Preocupante
Muito preocupante
86
5.4 APLICABILIDADE DOS CRITÉRIOS DE USO E OCUPAÇÃO ADOTADOS
PELO PROJETO ORLA PARA FAIXA DE SEGURANÇA DO LITORAL DE
MARATAÍZES
87
• Lei Federal N° 7661/88 – Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro
e dá outras providências (Meio Ambiente e Direito, 2005).
O texto completo de todas a leis e resoluções citadas acima está presente nos
anexos D, E, F ,G, H e I.
88
No que tange a Resolução CONAMA 341 a violação da legislação se dá em vários
âmbitos, os mais relevantes são Art. 2° (parágrafos 1° e 2°) e Art. 3°.
89
“... Art. 9º Não será permitido o parcelamento do solo:
... V - em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a
edificação;
VII - em unidades de conservação e em áreas de preservação permanente,
definidas em legislação federal, estadual e municipal, salvo parecer
favorável do órgão estadual de conservação e proteção ao meio
ambiente;...
... X - nas pontas e pontais do litoral e nos estuários dos rios, numa faixa de
100 m (cem metros) em torno das áreas lacustres....”
6. CONCLUSÕES
90
exploração do novo campo de extração de petróleo no litoral sul do estado do
Espírito Santo.
91
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
92
10) COUTINHO, J. M. V. O Pré-Cambriano do Vale do Rio Doce como fonte
alimentadora de sedimentos costeiros. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
GEOLOGIA, 28, 1974, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro, 1974, v.5, p.
61-77.
93
19) GUIA 4 RODAS. Guia Rodoviário Brasileiro. São Paulo: Editora Abril,
1990.
20) HALLERMEIER, R.J. A profile zonation for seasonal sand beaches from
wave climate. In: Coastal Engineering, 1981.
25) MARTIN, L.; SUGUIO, K.; FLEXOR, J.M. As flutuações de nível do mar
durante o Quaternário superior e a evolução geológica de “deltas”
brasileiros. In: Boletim IG – USP, São Paulo, 1993, v. 15. 186 p.
94
29) MUEHE, D. Critérios Morfodinâmicos para o Estabelecimento de Limites da
Orla Costeira para fins de Gerenciamento. Revista Brasileira de
Geomorfologia, v. 2, n. 1, 35-44, 2001a.
30) MUEHE, D. Geomorfoloia Costeira. In: GUERRA, A.J.T. & CUNHA, S.B. da
(orgs.). Geomorfologia uma atualização de bases e conceitos. Rio de
Janeiro: Bertrant Brasil, 4a ed. 2001b.
31) MUEHE, D.; ROSO, R. H.; SAVI, D. C. Avaliação de método expediti de
determinação do nível do mar como datum vertical para amarração de
perfis de praia. Revista Brasileira de Geomorfologia, 2003, ano 4, n°1, 53-
57.
32) NASCIMENTO, K. E.; SILVA, C. G. Caracterização do processo de erosão
marinha nas falésias da Ponta do Retiro, litoral norte do RJ. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE ESTUDOS DO QUATERNÁRIO, X, 2005,
Guarapari. Anais... Guarapari: CD, 2005.
33) PROJETO ORLA MARÍTIMA, proposto pelo Ministério do Maio Ambiente
(MMA) e pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MP).
95
ANEXOS
96
Anexo A
97
Anexo B
Compartimento praial Rumo Referência e alinhamento do perfil topográfico
correspondente geográfico
I 140° SE Margem sul do poste de eletricidade localizado em frente ao restaurante
Minas Gerais, situado à margem sul da ponte que ´parra sobre o rio Itapimirim
(ES).
III 141° SE Segundo poste de eletricidade situado depois da margem sul da ponte que
passa sobre o rio Itapimirim (ES).
V 125° SE Margem norte do poste de eletricidade alinhado com a ponta do telhado da
Pousada Pontal da Barra.
VII 146° SE O levantamento do perfil foi feito bem próximo à parede do bar presente neste
compartimento.
VIII 147° SE Margem sul do poste de eletricidade situado ao lado de uma casa.
XIII 163° SE Margem sul de uma casa de três andares que possui uma varanda azul.
XV 150° SE O local de levantamento do perfil fica na rua paralela a praia (que vai p/ lagoa
do Siri). Margem sul do poste, entrada transversal
XVII 120° SE Margem sul da cerca do Camping do Siri.
XXII 170° SE Poste de eletricidade situado no meio da estrada de terra que atravessa o
local, sendo que esse mesmo poste está situado na região mediana da lagoa.
98
Anexo C
99
XV 0309393
7669487
XVI 0307716
7664676
XVII 0307656
7664542
XVIII 0307463
7664076
XIX 0307196
7662792
XX 0307060
76622447
XXI 0306362
7662062
XXII 0305531
7661538
100
Anexo D
101
I – nível mais alto: nível alcançado por ocasião da cheia sazonal do curso d’água perene ou
intermitente;
II – nascente ou olho d’água: local onde aflora naturalmente, mesmo que de forma intermitente, a
água subterrânea;
III – vereda: espaço brejoso ou encharcado, que contém nascentes ou cabeceiras de cursos
d’água, onde há ocorrência de solos hidromórficos, caracterizado predominantemente por renques
de buritis do brejo (Mauritia flexuosa) e outras formas de vegetação típica;
IV – morro: elevação do terreno com cota do topo em relação a base entre cinqüenta e trezentos
metros e encostas com declividade superior a trinta por cento (aproximadamente dezessete graus)
na linha de maior declividade;
V – montanha: elevação do terreno com cota em relação a base superior a trezentos metros;
VI – base de morro ou montanha: plano horizontal definido por planície ou superfície de lençol
d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota da depressão mais baixa ao seu redor;
VII – linha de cumeada: linha que une os pontos mais altos de uma seqüência de morros ou de
montanhas, constituindo-se no divisor de águas;
VIII – restinga: depósito arenoso paralelo a linha da costa, de forma geralmente alongada,
produzido por processos de sedimentação, onde se encontram diferentes comunidades que
recebem influência marinha, também consideradas comunidades edáficas por dependerem mais
da natureza do substrato do que do clima. A cobertura vegetal nas restingas ocorrem mosaico, e
encontra-se em praias, cordões arenosos, dunas e depressões, apresentando, de acordo com o
estágio sucessional, estrato herbáceo, arbustivos e abóreo, este último mais interiorizado;
IX – manguezal: ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos à ação das marés,
formado por vasas lodosas recentes ou arenosas, às quais se associa, predominantemente, a
vegetação natural conhecida como mangue, com influência flúvio-marinha, típica de solos limosos
de regiões estuarinas e com dispersão descontínua ao longo da costa brasileira, entre os estados
do Amapá e Santa Catarina;
X – duna: unidade geomorfológica de constituição predominante arenosa, com aparência de
cômoro ou colina, produzida pela ação dos ventos, situada no litoral ou no interior do continente,
podendo estar recoberta, ou não, por vegetação;
XI – tabuleiro ou chapada: paisagem de topografia plana, com declividade média inferior a dez por
cento, aproximadamente seis graus e superfície superior a dez hectares, terminada de forma
abrupta em escarpa, caracterizando-se a chapada por grandes superfícies a mais de seiscentos
metros de altitude;
XII – escarpa: rampa de terrenos com inclinação igual ou superior a quarenta e cinco graus, que
delimitam relevos de tabuleiros, chapadas e planalto, estando limitada no topo pela ruptura positiva
de declividade (linha de escarpa) e no sopé por ruptura negativa de declividade, englobando os
depósitos de colúvio que localizam-se próximo ao sopé da escarpa;
XIII – área urbana consolidada: aquela que atende aos seguintes critérios:
102
a) definição legal pelo poder público;
b) existência de, no mínimo, quatro dos seguintes equipamentos de infra-estrutura urbana:
1. malha viária com canalização de águas pluviais;
2. rede de abastecimento de água;
3. rede de esgoto;
4. distribuição de energia elétrica e iluminação pública;
5. recolhimento de resíduos sólidos urbanos;
6. tratamento de resíduos sólidos urbanos.
c) densidade demográfica superior a cinco mil habitantes por km².
Art. 3º Constitui Área de Preservação Permanente a área situada:
I – em faixa marginal, medida a partir do nível mais alto, em projeção horizontal, com largura
mínima, de:
a) trinta metros, para o curso d’água com menos de dez metros de largura;
b) cinqüenta metros, para o curso d’água com dez a cinqüenta metros de largura;
c) cem metros, para o curso d’água com cinqüenta a duzentos metros de largura;
d) duzentos metros, para o curso d’água com duzentos a seiscentos metros de largura;
e) quinhentos metros, para o curso d’água com mais de seiscentos metros de largura.
II – ao redor de nascente ou olho d’água, ainda que intermitente, com raio mínimo de cinqüenta
metros de tal forma que proteja, em cada caso, a bacia hidrográfica contribuinte;
III – ao redor de lagos e lagoas naturais, em faixa com metragem mínima de:
a) trinta metros, para os que estejam situados em áreas urbanas consolidadas;
b) cem metros, para as que estejam em áreas rurais, exceto os corpos d’água com até vinte
hectares de superfície, cuja faixa marginal será de cinqüenta metros.
IV – em vereda e em faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de cinqüenta
metros, a partir do limite do espaço brejoso e encharcado;
V – no topo de morros e montanhas, em áreas delimitadas a partir da curva de nível
correspondente a dois terços da altura mínima da elevação em relação a base;
VI – nas linhas de cumeada, em área delimitada a partir da curva de nível correspondente a dois
terços da altura, em relação à base, do pico mais baixo da cumeada, fixando-se a curva de nível
para cada segmento da linha de cumeada equivalente a mil metros;
VII – em encosta ou parte desta, com declividade superior a cem por cento ou quarenta e cinco
graus na linha de maior declive;
VIII – nas escarpas e nas bordas dos tabuleiros e chapadas, a partir da linha de ruptura em faixa
nunca inferior a cem metros em projeção horizontal no sentido do reverso da escarpa;
IX – nas restingas:
a) em faixa mínima de trezentos metros, medidos a partir da linha de preamar máxima;
b) em qualquer localização ou extensão, quando recoberta por vegetação com função fixadora de
dunas ou estabilizadora de mangues.
103
X – em manguezal, em toda a sua extensão;
XI – em duna;
XII – em altitude superior a mil e oitocentos metros, ou, em Estados que não tenham tais
elevações, à critério do órgão ambiental competente;
XIII – nos locais de refúgio ou reprodução de aves migratórias;
XIV – nos locais de refúgio ou reprodução de exemplares da fauna ameaçadas de extinção que
constem de lista elaborada pelo Poder Público Federal, Estadual ou Municipal;
XV – nas praias, em locais de nidificação e reprodução da fauna silvestre.
Parágrafo único. Na ocorrência de dois ou mais morros ou montanhas cujos cumes estejam
separados entre si por distâncias inferiores a quinhentos metros, a Área de Preservação
Permanente abrangerá o conjunto de morros ou montanhas, delimitada a partir da curva de nível
correspondente a dois terços da altura em relação à base do morro ou montanha de menor altura
do conjunto, aplicando-se o que segue:
I – agrupam-se os morros ou montanhas cuja proximidade seja de até quinhentos metros entre
seus topos;
II – identifica-se o menor morro ou montanha;
III – traça-se uma linha na curva de nível correspondente a dois terços deste; e
IV – considera-se de preservação permanente toda a área acima deste nível.
Art. 4º O CONAMA estabelecerá, em Resolução específica, parâmetros das Áreas de Preservação
Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso de seu entorno.
Art. 5º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogando-se a Resolução
CONAMA 004, de 18 de setembro de 1985.
104
Anexo E
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 341 DE 25.09.2003 – DOU 03.11.2003
Dispõe sobre critérios para a caracterização de atividades ou empreendimentos
turísticos sustentáveis como de interesse social para fins de ocupação de dunas
originalmente desprovidas de vegetação, na Zona Costeira.
O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA, no uso das competências que lhe
são conferidas pelos arts. 6º e 8º da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo
Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, e tendo em vista o disposto nas Leis nºs 4.771, de 15
de setembro de 1965, 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e no seu Regimento Interno, Anexo à
Portaria nº 499, de 18 de dezembro de 2002, e
Considerando o disposto no art. 1º, § 2º, inciso V, da Medida Provisória nº 2.166-67/2001, que
define interesse social;
Considerando o disposto na Lei nº 7.661, de 16 de maio de 1988, que estabelece o Plano Nacional
de Gerenciamento Costeiro (PNGC), e dá outras providências, em especial o art. 3º onde diz que o
PNGC deverá prever o zoneamento de usos e atividades da Zona Costeira e dar prioridade à
conservação e proteção das dunas, entre outros bens;
Considerando que as dunas desempenham relevante papel na formação e recarga de aqüíferos;
Considerando a fundamental importância das dunas na dinâmica da zona costeira e no controle do
processo erosivo;
Considerando a necessidade de controlar, de modo especialmente rigoroso, o uso e ocupação
dunas na Zona Costeira, originalmente desprovidas de vegetação, resolve:
Art. 1º Acrescentar à Resolução CONAMA nº 303, de 20 de março de 2002, publicada no Diário
Oficial da União de 13 de maio de 2002, Seção 1, página 68, os seguintes considerandos:
“Considerando a conveniência de regulamentar os arts. 2º e 3º da Lei nº 4.771, de 15 de setembro
de 1965, no que concerne às Áreas de Preservação Permanente;
Considerando ser dever do Poder Público e dos particulares preservar a biodiversidade,
notadamente a flora, a fauna, os recursos hídricos, as belezas naturais e o equilíbrio ecológico,
evitando a poluição das águas, solo e ar, pressuposto intrínseco ao reconhecimento e exercício do
direito de propriedade, nos termos dos arts. 5º, caput (direito à vida) e inciso XXIII (função social da
propriedade), 170, VI, 186, II, e 225, todos da Constituição Federal, bem como do art. 1.299, do
Código Civil, que obriga o proprietário e posseiro a respeitarem os regulamentos administrativos;
Considerando a função fundamental das dunas na dinâmica da zona costeira, no controle dos
processos erosivos e na formação e recarga de aqüíferos.
Considerando a excepcional beleza cênica e paisagística das dunas, e a importância da
manutenção dos seus atributos para o turismo sustentável.”
Alterações já realizadas no texto legal.
105
Art. 2º Poderão ser declarados de interesse social, mediante procedimento administrativo
específico aprovado pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente, atividades ou empreendimentos
turísticos sustentáveis em dunas originalmente desprovidas de vegetação, atendidas as diretrizes,
condições e procedimentos estabelecidos nesta Resolução.
§ 1º A atividade ou empreendimento turístico sustentável para serem declarados de interesse
social deverão obedecer aos seguintes requisitos:
I – ter abastecimento regular de água e recolhimento e/ou tratamento e/ou disposição adequada
dos resíduos;
II – estar compatível com Plano Diretor do Município, adequado à legislação vigente;
III – não comprometer os atributos naturais essenciais da área, notadamente a paisagem, o
equilíbrio hídrico e geológico, e a biodiversidade;
IV – promover benefícios socioeconômicos diretos às populações locais além de não causar
impactos negativos às mesmas;
V – obter anuência prévia da União ou do Município, quando couber;
VI – garantir o livre acesso à praia e aos corpos d’água;
VII – haver oitiva prévia das populações humanas potencialmente afetadas em Audiência Pública;
e
VIII – ter preferencialmente acessos (pavimentos, passeios) com revestimentos que permitam a
infiltração das águas pluviais.
§ 2º As dunas desprovidas de vegetação somente poderão ser ocupadas com atividade ou
empreendimento turístico sustentável em até vinte por cento de sua extensão, limitada à ocupação
a dez por cento do campo de dunas, recobertas ou desprovidas de vegetação.
§ 3º A declaração de interesse social deverá ser emitida individualmente para cada atividade ou
empreendimento turístico sustentável, informando-se ao Conselho Nacional do Meio Ambiente –
CONAMA em até dez dias após a apreciação final pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente, de
que trata o caput deste artigo.
Art. 3º As dunas passíveis de ocupação por atividades ou empreendimentos turísticos sustentáveis
declarados como de interesse social deverão estar previamente definidas e individualizadas, em
escala mínima de até 1:10.000, pelo órgão ambiental competente, sendo essas aprovadas pelo
Conselho Estadual de Meio Ambiente.
§ 1º A identificação e delimitação, pelo órgão ambiental competente, das dunas passíveis de
ocupação por atividade ou empreendimento turístico sustentável declarados de interesse social
deverão estar fundamentadas em estudos técnicos e científicos que comprovem que a ocupação
de tais áreas não comprometerá:
I – a recarga e a pressão hidrostática do aqüífero dunar nas proximidades de ambientes
estuarinos, lacustres, lagunares, canais de maré e sobre restingas;
106
II – a quantidade e qualidade de água disponível para usos múltiplos na região, notadamente a
consumo humano e dessedentação de animais, considerando-se a demanda hídrica em função da
dinâmica populacional sazonal;
III – os bancos de areia que atuam como áreas de expansão do ecossistema manguezal e de
restinga;
IV – os locais de pouso de aves migratórias e de alimento e refúgio para a fauna estuarina; e
V – a função da duna na estabilização costeira e sua beleza cênica.
§ 2º A identificação e delimitação mencionadas no caput deste artigo deverão ser apreciadas pelo
Conselho Estadual de Meio Ambiente com base no Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro,
quando houver, e de acordo com o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, nos termos da Lei
nº 7.661, de 16 de maio de 1988.
Art. 4º Caracteriza-se a ocorrência de significativo impacto ambiental na construção, instalação,
ampliação e funcionamento de atividade ou empreendimento turístico sustentável declarados de
interesse social, de qualquer natureza ou porte, localizado em dunas originalmente desprovidas de
vegetação, na Zona Costeira, devendo o órgão ambiental competente exigir, sempre, Estudo
Prévio de Impacto Ambiental – EIA e Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, aos quais dar-se-á
publicidade.
Parágrafo único. O EIA/RIMA deverá considerar, em cada unidade de paisagem, entre outros
aspectos, o impacto cumulativo do conjunto de empreendimentos ou atividades implantados ou a
serem implantados em uma mesma área de influência, ainda que indireta.
Art. 5º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
107
Anexo F
Artigo 1° - Como parte integrante da Política Nacional para os Recursos do Mar - PNRM e da
Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA, fica instituído o Plano Nacional de Gerenciamento
Costeiro - PNGC.
Parágrafo Único - Para os efeitos desta Lei, considera-se Zona Costeira o espaço geográfico de
interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos renováveis ou não, abrangendo uma
faixa marítima e outra terrestre, que serão definidas pelo Plano.
Artigo 3° - O PNGC deverá prever o zoneamento de usos e atividades na Zona Costeira e dar
prioridade à conservação e proteção, entre outros, dos seguintes bens:
I - recursos naturais, renováveis e não renováveis; recifes, parcéis e bancos de algas; ilhas
costeiras e oceânicas; sistemas fluviais, estuarinos e lagunares, baías e enseadas; praias;
promontórios, costões e grutas marinhas; restingas e dunas; florestas litorâneas, manguezais e
pradarias submersas;
108
§ 2° - O Plano será aplicado com a participação da União, dos Estados, dos Territórios e dos
Municípios, através de órgãos e entidades integradas ao Sistema Nacional do Meio Ambiente -
SISNAMA.
Artigo 5° - O PNGC será elaborado e executado observando normas, critérios e padrões relativos
ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente, estabelecidos pelo CONAMA, que
contemplem entre outros, os seguintes aspectos: urbanização; ocupação e uso do solo, do subsolo
e das águas; parcelamento e remembramento do solo; sistema viário e de transporte; sistema de
produção, transmissão e distribuição de energia; habitação e saneamento básico; turismo,
recreação e lazer; patrimônio natural, histórico, étnico, cultural e paisagístico.
§ 2° - Normas e diretrizes sobre o uso do solo, do subsolo e das águas, bem como limitações e
utilização de imóveis podendo ser estabelecidas nos Planos de Gerenciamento Costeiro, Nacional,
Estadual e Municipal, prevalecendo sempre as disposições de natureza mais restritiva.
109
Artigo 8° - Os dados e as informações resultantes do monitoramento exercido sob
responsabilidade municipal, estadual ou federal na Zona Costeira comporão o Subsistema
“Gerenciamento Costeiro”, integrante do Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente
- SINIMA.
Parágrafo Único - Os órgãos setoriais, seccionais e locais do SISNAMA, bem como universidades
e demais instituições culturais, científicas e tecnológicas encaminharão ao Subsistema os dados
relativos ao patrimônio natural, histórico, étnico e cultural, à qualidade do meio ambiente e a
estudos de impacto ambiental, da Zona Costeira.
Artigo 9° - Para evitar a degradação ou o uso indevido dos ecossistemas, do patrimônio e dos
recursos naturais da Zona Costeira, o PNGC poderá prever a criação de unidades de conservação
permanente, na forma da legislação em vigor.
Artigo 10 - As praias são bens públicos de uso comum do povo, sendo assegurado, sempre, livre e
franco acesso a elas e ao mar, em qualquer direção e sentido, ressalvados os trechos
considerados de interesse de segurança nacional ou incluídos em áreas protegidas por legislação
específica.
§ 1° - Não será permitida a urbanização ou qualquer forma de utilização do solo na Zona Costeira
que impeça ou dificulte o acesso assegurado no caput deste artigo.
§ 3° - Entende-se por praia a área coberta e descoberta periodicamente pelas águas, acrescida da
faixa subseqüente de material detrítico, tal como areias, cascalhos, seixos e pedregulhos, até o
limite onde se inicie a vegetação natural, ou, em sua ausência, onde comece um outro
ecossistema.
Artigo 11 - O Poder Executivo regulamentará esta Lei, no que couber, no prazo de 180 (cento e
oitenta) dias.
110
Anexo G
O GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, faço saber que
Assembléia Legislativa decretou e eu sanciono a seguinte Lei: 58165/93
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º - Fica instituído o Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro do Espírito Santo - PEGC/ES,
seus objetivos, instrumentos e mecanismos de formulação, aprovação e execução.
Art. 2º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I. ZONA COSTEIRA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO (ZCES): na faixa terrestre,
compreendendo o espaço geográfico delimitado pelo conjunto dos territórios municipais costeiros,
abrangendo 19 (dezenove) municípios, que se defrontam diretamente com o mar, influem ou
recebem influência marinha ou fluviomarinha; que não se confrontam com o mar, mas que se
localizam na região metropolitana da Grande Vitória; que estejam localizados próximo ao litoral, até
50 (cinqüenta) quilômetros da linha de costa, mas que aloquem, em seu território, atividades ou
infra-estruturas de grande impacto ambiental sobre a
Zona Costeira do Estado; na faixa marítima, pelo ambiente marinho, em sua profundidade e
extensão, definido pela totalidade do Mar Territorial e a Plataforma Continental imersa, distando 12
(doze) milhas marítimas das Linhas de Base estabelecidas de acordo com a Convenção das
Nações Unidas.
II. PLANO ESTADUAL DE GERENCIAMENTO COSTEIRO (PEGC): o conjunto de ações
estratégicas e programáticas, articuladas e localizadas, elaboradas com a participação da
sociedade civil, que visam orientar a execução do Gerenciamento Costeiro no Estado do Espírito
Santo.
CAPÍTULO I
ZONA COSTEIRA
Art. 3º - A Zona Costeira do Espírito Santo, para fins do Plano Estadual de Gerenciamento
Costeiro, apresenta a seguinte setorização:
I. Litoral Extremo Norte, compreendendo os municípios de Conceição da Barra, São Mateus e
Jaguaré, em seus respectivos limites territoriais, além do Mar Territorial e a Plataforma Continental
adjacente;,/p>
II. Litoral Norte, compreendendo os municípios de Linhares, Sooretama e Aracruz, em seus
respectivos limites territoriais, além do Mar Territorial e a Plataforma Continental adjacente;
III. Litoral Centro, compreendendo os municípios de Fundão, Serra, Vitória, Cariacica, Vila Velha e
Viana, em seus respectivos limites territorial, além do Mar Territoriais e a Plataforma Continental
adjacente;
IV. Litoral Sul, compreendendo os municípios de Guarapari, Anchieta e Piúma, em seus
respectivos limites territoriais, além do Mar Territorial e a Plataforma Continental adjacente;
111
V. Litoral Extremo Sul, compreendendo os municípios de Marataízes, Itapemirim, Cachoeiro de
Itapemirim e Presidente Kennedy, em seus respectivos limites territoriais, além do Mar Territorial e
a Plataforma Continental adjacente.
§ 1º - Faz parte integrante dessa Lei o mapa na escala aproximada de
1:2.000.000, que constitui referência básica para a setorização do Plano Estadual Gerenciamento
Costeiro mencionada neste artigo.
§ 2º - Os Setores Costeiros serão delimitados e caracterizados nos respectivos zoneamentos.
§ 3º - Os novos municípios criados, após aprovação desta Lei, dentro dos limites estabelecidos
para a Zona Costeira do Espirito Santo, serão automaticamente considerados como componentes
da Zona Costeira estadual.
CAPÍTULO II
OBJETIVOS
Art. 4º - O Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro tem por objetivo:
I. orientar e estabelecer a ocupação do solo e a utilização dos recursos naturais da Zona Costeira;
II. promover a melhoria da qualidade de vida das populações locais;
III. conservar os ecossistemas costeiros, em condições que assegurem a qualidade ambiental;
IV. determinar as potencialidades e vulnerabilidades da Zona Costeira;
V. estabelecer o processo de gestão das atividades sócio-econômicas na Zona Costeira, de forma
integrada, descentralizada e participativa, com a proteção do patrimônio natural, histórico, étnico e
cultural;
VI. assegurar o controle sobre os agentes que possam causar poluição ou degradação ambiental,
em quaisquer de suas formas, que afetem a Zona Costeira;
VII. assegurar a mitigação dos impactos ambientais sobre a Zona Costeira e a recuperação de
áreas degradadas;
VIII. assegurar a interação harmônica da Zona Costeira com as demais regiões que a influenciam
ou que por ela sejam influenciadas;
IX. implantar programas de Educação Ambiental com as comunidades costeiras;
X. definir a capacidade de suporte ambiental das áreas passíveis de ocupação, de forma a
estabelecer níveis de utilização dos recursos renováveis e não renováveis;
XI. estabelecer normas referentes ao controle e manutenção da qualidade do ambiente costeiro.
CAPÍTULO III
AÇÕES
Art. 5º - Visando a consecução dos objetivos do Plano Estadual de
Gerenciamento Costeiro serão implementadas, entre outras, as seguintes ações:
I. definir, em conjunto com os municípios, o Zoneamento Ecológico-Econômico e as respectivas
normas e diretrizes para o planejamento ambiental da Zona Costeira;
II. promover o Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro - PEGC/ES,
112
envolvendo ações de diagnóstico e monitoramento ambiental, com a integração do Poder Público
Estadual, Municipal, Sociedade Civil Organizada e a Iniciativa Privada;
III. implantar o Sistema de Informações do Gerenciamento Costeiro - SIGERCO;
IV. promover o fortalecimento das entidades diretamente envolvidas na
execução do Gerenciamento Costeiro, com atenção especial para capacitação técnica;
V. implantar o Sistema Estadual de Monitoramento Ambiental da Zona Costeira - SEMA - ZC, com
vistas à conservação, controle e fiscalização e recuperação dos recursos naturais dos setores
Costeiros;
VI. implementar programas visando a manutenção e a valorização das atividades econômicas
sustentáveis nas comunidades tradicionais da Zona Costeira;
VII. sistematizar a divulgação das informações e resultados obtidos na execução do PEGC/ES,
ressaltando a importância do Relatório de Qualidade Ambiental da Zona Costeira - RQA-ZC.
CAPÍTULO IV
INSTRUMENTOS
Art. 6º - Constituem instrumentos do PEGC/ES:
I. Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro - ZEEC: instrumento básico de planejamento que
estabelece, após discussão pública de suas recomendações técnicas, a nível estadual e municipal,
as normas de uso, ocupação do solo e de manejo dos recursos naturais da costa, em zonas
específicas, definidas a partir de suas caraterísticas ecológicas e sócio-econômicas;
II. Sistema de Informações do Gerenciamento Costeiro - SIGERCO: instrumento do PEGC que terá
a função de armazenar, processar e atualizar dados e informações do Programa, servindo de fonte
de consulta rápida e precisa para a tomada de decisões;
III. Plano de Gestão da Zona Costeira - PEGZC: concebido pelo conjunto de ações e programas
setoriais, integrados e compatibilizados com as diretrizes estabelecidas no Zoneamento Ecológico-
Econômico, envolvendo a participação das entidades civis e dos setores organizados da
sociedade;
IV. Monitoramento Ambiental da Zona Costeira - MAZC: constituído de uma estrutura operacional
de coleta de dados e informações, de forma contínua, de modo a acompanhar os indicadores de
qualidade sócio-ambiental da Zona Costeira e propiciar o suporte permanente do Plano de Gestão;
V. Relatório de Qualidade Ambiental da Zona Costeira - RQA-ZC: procedimento de consolidação
periódica dos resultados produzidos pelo Monitoramento Ambiental e, sobretudo, de avaliação da
eficiência das medidas e ações desenvolvidas a nível do PEGC/ES.
CAPÍTULO V
SISTEMA DE GESTÃO
Art. 7º - Compõe o Sistema de Gestão da Zona Costeira:
a) o Governo do Estado;
b) o Colegiado Costeiro;
c) as Coordenações Executivas Setoriais.
113
Art. 8º - A coordenação do Sistema de Gestão da Zona Costeira será exercida pelo Governo do
Estado, através da Secretaria de Estado para Assuntos do Meio Ambiente - SEAMA, em estreita
colaboração com os municípios costeiros, a sociedade civil organizada e a iniciativa privada.
Art. 9º - O Colegiado Costeiro constituir-se-á no fórum consultivo, que tem por objetivo a discussão
e o encaminhamento de políticas, planos, programas e ações destinadas à gestão da Zona
Costeira.
Parágrafo único - O colegiado Costeiro será integrado de forma paritária por:
a) representantes do Governo do Estado;
b) representantes do Governo Federal;
c) representantes de cada um dos Setores Costeiros, no âmbito do Poder Público Municipal;
d) representantes da sociedade civil organizada, com atuação na Zona Costeira estadual;
e) representantes da iniciativa privada, com atuação na Zona Costeira estadual.
Art. 10 - As Coordenações Executivas Setoriais, a serem implantadas em cada um dos Setores
Costeiros, constituem-se em grupos executivos e de gerenciamento das ações de gestão dos
Setores Costeiros.
Parágrafo único - As Coordenações Executivas Setoriais, vinculadas a
Secretaria de Estado para Assuntos do Meio Ambiente - SEAMA, serão integrados por:
a) representantes do Poder Público Estadual;
b) representantes do Poder Público Federal;
c) representantes do Poder Público Municipal;
d) representantes da sociedade civil organizada, com atuação no Setor Costeiro;
e) representantes da iniciativa privada.
Art. 11 - As Coordenações Executivas Setoriais ficam subordinadas ao
Coordenador Geral do PEGC/ES, indicado pelo titular da SEAMA.
§ 1º - Ao Coordenador Geral caberá o gerenciamento das ações de execução, implementação e
acompanhamento do PEGC/ES.
§ 2º - O apoio e os recursos necessários ao desempenho das atividades e funções dos
representantes nas Coordenações Executivas Setoriais serão de responsabilidade dos segmentos
que os indicaram.
Art. 12 - A composição, organização e funcionamento do Colegiado Costeiro serão estabelecidos
em regulamento.
CAPÍTULO VI
COMPETÊNCIAS
Art. 13 - Visando a consecução dos objetivos previstos nesta Lei, compete à SEAMA a
coordenação executiva do Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro - PEGC/ES, cabendo-lhe
adotar, entre outras, as seguintes medidas:
a) estruturar e consolidar o Sistema Estadual de Informações do Gerenciamento Costeiro -
SIGERCO;
114
b) estruturar, implantar, executar e acompanhar os programas de
monitoramento, cujas informações devem ser consolidadas em Relatório Anual de Qualidade
Ambiental da Zona Costeira (RQA-ZC);
c) promover a articulação intersetorial no nível estadual;
d) promover a ampla divulgação do PNGC e do PEGC/ES;
e) promover a estruturação do Colegiado Estadual;
f) promover o fortalecimento das entidades envolvidas no Gerenciamento Costeiro, mediante apoio
técnico e metodológico;
g) consolidar o processo de Zoneamento Ecológico-Econômico dos Setores Costeiros,
promovendo a sua atualização, quando necessário.
Art. 14- Incluem-se entre as competências do Colegiado Costeiro:
I. referendar os Zoneamentos Ecológicos-Econômicos dos Setores Costeiros e suas revisões;
II. propor políticas, planos, programas e ações destinadas à gestão da Zona Costeira;
III. propor normas, critérios, parâmetros para uso e ocupação do solo,
urbanização e aproveitamento dos recursos naturais da Zona Costeira.
Art. 15 - Incluem-se entre as competências das Coordenações Executivas Setoriais:
I. colaborar e supervisionar a elaboração do Zoneamento Ecológico-Econômico e suas revisões;
II. encaminhar propostas para aplicação de recursos financeiros em serviços de obras de interesse
para o desenvolvimento da Zona Costeira;
III. acompanhar a aplicação da política de desenvolvimento da Zona Costeira.
CAPÍTULO VII
PLANO DE GESTÃO
Art. 16 - O Plano de Gestão da Zona Costeira - PGZC, deve compatibilizar as políticas públicas
que incidam sobre a Zona Costeira, devendo conter:
a) área e limite de atuação;
b) objetivos;
c) metas;
d) projetos de execução;
e) custos;
f) fontes de recursos.
Art. 17 - Para execução do Plano de Gestão serão alocados recursos
provenientes do orçamento da SEAMA, bem como oriundos de órgãos de outras esferas da
federação e contribuintes da iniciativa privada, mediante a celebração de convênios e/ou contratos.
CAPÍTULO VIII
ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO
Art. 18 - O Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro - ZEEC tem como
objetivo identificar as unidades territoriais que, por suas características físicas, biológicas e sócio-
econômicas, bem como por sua dinâmica e contrastes internos, devam ser objeto de disciplina
115
especial, com vistas ao desenvolvimento de ações capazes de conduzir ao aproveitamento, à
manutenção ou à recuperação de sua qualidade ambiental e do seu potencial produtivo.
Parágrafo único - O ZEEC definirá normas e metas ambientais e sócioeconômicas, relativas aos
meios rurais, urbanos e aquáticos, a serem alcançadas por meio de Programas de Gestão
Ambiental.
Art. 19 - As unidades territoriais de que trata o artigo anterior serão enquadradas nas seguintes
zonas características:
I. Zona de Proteção Ambiental (ZPA) - Zona dedicada à proteção dos
ecossistemas e dos recursos naturais, representando o mais alto grau de preservação das áreas
abrangidas pelo PEGC/ES, caracterizada pela predominância de ecossistemas pouco alterados,
encerrando, localmente, aspectos originais da Mata Atlântica e de seus ecossistemas associados,
constituindo remanescentes florestais de importância ecológica regional e/ou municipal;
II. Zona de Recuperação Ambiental (ZRA) - Constituída por áreas degradadas, desmatadas e
fragmentos florestais reduzidos e dispersos, cujos componentes originais sofreram fortes
alterações, principalmente pelas atividades agrícolas e extrativas, representando áreas de
importância para a recuperação ambiental em virtude das funções ecológicas que desempenham
na proteção dos mananciais, estabilização das encostas, no controle da erosão do solo, na
manutenção e dispersão da biota e das teias alimentares;
III. Zona de Uso Rural (ZUR) - Compreende as áreas onde os ecossistemas originais foram
praticamente alterados em sua diversidade e organização funcional, sendo denominadas por
atividades agrícolas e extrativas, havendo, ainda, presença de assentamentos rurais dispersos;
IV. Zona de Desenvolvimento Urbano (ZDU) - São áreas efetivamente utilizadas para fins urbanos
e de expansão, em que os componentes ambientais, em função da urbanização, foram
modificados ou suprimidos;
V. Zona Marinha (ZM) - Compreende o ambiente marinho, em sua profundidade e extensão,
definido pela totalidade do Mar Territorial e a Plataforma Continental imersa, distando 12 (doze)
milhas marítimas das Linhas de Base estabelecidas de acordo com a Convenção das Nações
Unidas;
VI. Zona Litorânea (ZL) - Compreende a área terrestre adjacente à Zona Marinha, até a distância
de 100 metros do limite da praia ou, na sua ausência, das Linhas de Base estabelecidas pela
Convenção das Nações Unidas.
Parágrafo único - Para efeito desta Lei, entende-se por praia a área coberta e descoberta
periodicamente pelas águas, acrescida da faixa subsequente de material detrítico, tal como areias,
cascalhos, seixos e pedregulhos, até onde se inicie a vegetação natural ou, em sua ausência, onde
comece um outro ecossistema.
Art. 20 - Na Zona de Proteção Ambiental (ZPA) serão permitidas as atividades científicas,
educacionais, recreativas e de ecoturismo, observadas as normas vigentes das Áreas Naturais
Protegidas e as constantes nos Zoneamentos Ecológicos-Econômicos Setoriais.
116
Art. 21 - Na Zona de Recuperação Ambiental (ZRA) serão toleradas atividades que não
provoquem danos a fauna e flora remanescentes ou que não gerem perturbações aos processos
de regeneração natural ou de recuperação ambiental com o emprego de tecnologias.
Art. 22 - Na Zona de Uso Rural (ZUR) serão permitidas atividades de
agricultura, pecuária intensiva e extensiva, silvicultura, aqüicultura, industriais e quaisquer outras,
desde que localizadas adequadamente, observando-se, ainda, a legislação ambiental e as normas
específicas constantes dos Zoneamentos Ecológicos-Econômicos Setoriais.
Art. 23 - Na Zona de Desenvolvimento Urbano (ZDU) serão permitidos os assentamentos urbanos,
serviços e comércio; instalação de complexos industriais e de terminais rodoviários, ferroviários,
portuários e aeroportos; turismo e infraestrutura de transporte, de energia e de saneamento
ambiental, estabelecidos de acordo com os parâmetros urbanísticos e ambientais definidos em
normas vigentes.
Art. 24 - Na Zona Marinha (ZM) serão permitidas atividades compatíveis com a conservação dos
recursos e a manutenção das características naturais da Zona Costeira.
Art. 25 - Na Zona Litorânea (ZL) deverão ser implantadas normas e diretrizes de usos e
urbanização específicas, voltadas a evitar a degradação dos ecossistemas, do patrimônio natural e
paisagístico e dos recursos naturais.
§ 1º - Na Zona Litorânea não será permitida a urbanização ou qualquer outra forma de utilização
do solo que impeçam ou dificultem o livre e franco acesso as praias e ao mar, ressalvados os
trechos considerados de interesse à segurança nacional ou incluídos em áreas protegidas por
legislação específica.
§ 2º - As áreas em que a Zona Litorânea apresentar predominância de
ecossistemas pouco alterados, ou encerrar aspectos originais da Mata Atlântica ou de seus
ecossistemas associados, deverão ser enquadradas nas mesmas normas adotadas para a Zona
de Proteção Ambiental (ZPA).
CAPÍTULO IX
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 26 - As normas e critérios estabelecidos através do Zoneamento Ecológico- Econômico
Costeiro servirão para instruir e fundamentar os procedimentos de licenciamento e fiscalização
ambiental.
Art. 27 - O licenciamento para parcelamento e remembramento do solo, construção, instalação,
funcionamento e ampliação de atividades, com alterações das caraterísticas naturais da Zona
Costeira, deverá observar, além do disposto nesta Lei, as demais normas específicas federais,
estaduais e municipais, respeitando-se, ainda, as normas e diretrizes estabelecidos nos
Zoneamentos Ecológico-Econômico Setoriais.
Art. 28 - Os empreendimentos ou atividades regularmente existentes na data de publicação desta
Lei, que se revelarem desconformes com as normas e diretrizes estabelecidas através do
117
Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro, deverão se adequar as mesmas, dentro do prazo
estabelecido pelo órgão competente.
Art. 29 - A regulamentação dos Setores Costeiros, após a conclusão dos estudos de
Macrozoneamento, deverá ser baixada por Decreto.
Art. 30 - Os municípios poderão instituir, através de Lei, os respectivos Planos Municipais de
Gerenciamento Costeiro, observadas as normas e diretrizes do Plano Nacional de Gerenciamento
Costeiro e o disposto nesta Lei, designando os órgãos componentes para a sua execução.
Art. 31 - Sem prejuízo da obrigação de reparar os danos causados ao meio ambiente, os infratores
das disposições desta Lei e das normas regulamentares, dela decorrentes, ficam sujeitas às
penalidades previstas na Lei nº 3.582, de 03/11/83, no Decreto nº 2.299 N, de 09/06/86, na Lei nº
4.701, de 01/12/92, no Decreto nº 3.513-N, de 23/04/93, no Decreto nº 3.045-N, de 21/09/90, no
Decreto nº 4.344-N, de 07/10/98, na Lei nº 5.361, de 30/12/96 e no Decreto nº 4.124-N, de
12/06/97.
Art. 32 - As despesas decorrentes da aplicação da presente Lei correrão por conta das dotações
orçamentárias consignadas no orçamento do Estado para a Secretaria de Estado para Assuntos
do Meio Ambiente - SEAMA, suplementadas se necessário.
Art. 33 - A Coordenação Executiva do Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro promoverá,
sempre que necessário, a revisão do Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro - PEGC/ES, e a
atualização dos Zoneamentos Ecológicos- Econômicos Setoriais, ouvido o Colegiado Costeiro e o
CONSEMA.
Art. 34 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação e, a partir daí, será regulamentada no
prazo de até 180 (cento e oitenta) dias.,/p>
Art. 35 - Revogam-se as disposições em contrário. Ordeno, portanto, a todas as autoridades que a
cumpram e a façam cumprir como nela se contém.
A Secretária de Estado da Justiça e da Cidadania faça publicá-la, imprimir e correr. Palácio
Anchieta, em Vitória, 22 de dezembro de 1998.
VITOR BUAIZ
Governador do Estado
(D.O. 23/12/98)
118
Anexo H
LEI Nº 7.943/04
Art. 1º O parcelamento do solo para fins urbanos será disciplinado por esta Lei, na ocorrência das
seguintes condições:
I - quando o parcelamento localizar-se em áreas de interesse especial;
II - quando o parcelamento localizar-se em áreas limítrofes dos municípios, ou quando parte do
parcelamento pertencer a outro município;
III - quando o parcelamento abranger área superior a 1.000.000 m² (um milhão de metros
quadrados);
IV - quando o parcelamento localizar-se na Região Metropolitana da Grande Vitória.
Art. 2º Consideram-se de interesse especial:
I - as áreas compreendidas no entorno das Lagoas Juparanã e Juparanã-Mirim ou Lagoa Nova,
situadas nos Municípios de Linhares, Sooretama e Rio Bananal, com a seguinte descrição dos
seus limites:
a) Lagoa Juparanã: começa na Rodovia ES 358, num ponto em frente à Igreja Nossa Senhora das
Graças, na localidade de Comendador Rafael; segue por esta, em direção sul até o entroncamento
com a antiga estrada Linhares - São Mateus; segue por esta estrada, em direção sul até o
entroncamento com a Rodovia Federal BR - 101; segue por esta Rodovia, em direção sul até o Km
144; daí segue contornando a Lagoa mantendo a distância de 02 km (dois quilômetros) de sua
margem até encontrar a Rodovia ES 358 nas proximidades da localidade Nativo do Pombo; segue
por esta Rodovia, em direção sul até o ponto inicial;
b) Lagoa Juparanã-Mirim ou Lagoa Nova: a faixa de 02 km (dois quilômetros) em torno de suas
margens;
II - a área dos atuais distritos localizados ao longo do litoral do Estado:
a) no Município de Conceição da Barra:
1. Distrito-Sede;
2. Distrito de Itaúnas;
b) no Município de São Mateus:
1. Distrito-Sede;
2. Distrito de Barra Nova;
c) no Município de Linhares:
119
1. Distrito de Regência;
d) no Município de Aracruz:
1. Distrito de Riacho;
2. Distrito de Santa Cruz;
e) no Município de Fundão:
1. Distrito de Praia Grande;
f) no Município de Guarapari:
1. Distrito-Sede;
g) no Município de Anchieta:
1. Distrito-Sede;
h) no Município de Piúma:
1. Distrito-Sede;
2. Distrito de Aghá;
i) no Município de Itapemirim:
1. Distrito-Sede;
2. Distrito de Itaipava;
j) no Município de Marataízes:
1. Distrito-Sede;
k) no Município de Presidente Kennedy:
1. Distrito-Sede;
III - a área dos municípios da região de montanha:
a) Afonso Cláudio;
b) Alfredo Chaves;
c) Castelo;
d) Conceição do Castelo;
e) Domingos Martins;
f) Marechal Floriano;
g) Santa Leopoldina;
h) Santa Maria de Jetibá;
i) Santa Teresa;
j) Vargem Alta;
k) Venda Nova do Imigrante.
Art. 3º Consideram-se localizados em áreas limítrofes os loteamentos ou desmembramentos que
estiverem, no todo ou em parte, na faixa contínua de 01 km (um quilômetro) ao longo da divisa
municipal.
Art. 4º A Região Metropolitana da Grande Vitória é o território constituído pelos Municípios de
Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Viana, Guarapari e Fundão.
120
Art. 5º As áreas especiais, referidas nos incisos II e III do artigo 2º desta Lei, compreendem o
território dos atuais distritos e municípios e não serão reduzidas pela sua eventual divisão.
Art. 6º O parcelamento do solo para fins urbanos procede-se sob a forma de loteamento e
desmembramento.
§ 1º Considera-se loteamento a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificações, com a
abertura de novas vias de circulação, logradouros públicos, modificação ou ampliação das vias
existentes.
§2º Considera-se desmembramento a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificações, com
aproveitamento de sistema viário existente, desde que não implique abertura de novas vias e
logradouros públicos, nem prolongamento, modificação ou ampliação dos já existentes.
§ 3º Considera-se lote o terreno servido de infra-estrutura básica cujas dimensões atendam aos
índices urbanísticos definidos pelo plano diretor ou lei municipal para a zona em que se situe.
§4ºConsideram-se infra-estrutura básica os equipamentos urbanos de escoamento das águas
pluviais, iluminação pública, redes de esgoto sanitário e abastecimento de água potável e de
energia elétrica domiciliar e as vias de circulação pavimentadas ou não.
§ 5º A infra-estrutura básica dos parcelamentos situados em zonas habitacionais declaradas por lei
como de interesse social - ZHIS consistirá, no mínimo, de:
I - vias de circulação;
II - escoamento de águas pluviais;
III - rede para o abastecimento de água potável; e
IV - soluções para o esgotamento sanitário e para a energia elétrica domiciliar.
Art. 7º Em função do uso a que se destinam são os loteamentos classificados nas seguintes
categorias:
I - loteamentos para uso residencial são aqueles em que o parcelamento do solo se destina à
edificação para atividades predominantemente residenciais, exercidas em função de habitação, ou
de atividades complementares ou compatíveis com essas;
II - loteamentos para uso industrial são aqueles em que o parcelamento do solo se destina
predominantemente à implantação de atividades industriais e de atividades complementares ou
compatíveis com essas;
III - loteamentos destinados à edificação de conjunto habitacional de interesse social são aqueles
realizados com a interveniência ou não do Poder Público, em que os valores dos padrões
urbanísticos são especialmente estabelecidos na construção de habitação de caráter social, para
atender às classes de população de menor renda;
IV - loteamentos para urbanização específica são aqueles realizados com objetivo de atender à
implantação dos programas de interesse social previamente aprovados pelos órgãos públicos
competentes, com padrões urbanísticos especiais, para atender às classes de população de baixa
renda.
121
Art. 8º Somente será admitido o parcelamento do solo para fins urbanos em zonas urbanas, ou de
expansão urbana delimitadas pela lei municipal de perímetro urbano.
Art. 9º Não será permitido o parcelamento do solo:
I - em terrenos alagadiços ou sujeitos à inundação, salvo parecer favorável do órgão estadual de
conservação e proteção do meio ambiente;
II - em terrenos de mangues e restingas, antes de parecer técnico favorável do órgão estadual de
proteção e conservação do meio ambiente;
III - em terrenos que tenham sido aterrados com lixo ou material nocivo à saúde pública, sem que
sejam previamente saneados;
IV - em terrenos com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento), salvo se atendidas as
exigências da autoridade competente;
V - em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edificação;
VI - em áreas onde a poluição impeça condições sanitárias suportáveis, até sua correção;
VII - em unidades de conservação e em áreas de preservação permanente, definidas em
legislação federal, estadual e municipal, salvo parecer favorável do órgão estadual de conservação
e proteção ao meio ambiente;
VIII - em terrenos que não tenham acesso à via ou logradouros públicos;
IX - em sítios arqueológicos definidos em legislação federal, estadual ou municipal;
X - nas pontas e pontais do litoral e nos estuários dos rios, numa faixa de 100 m (cem metros) em
torno das áreas lacustres.
CAPÍTULO II
DOS REQUISITOS URBANÍSTICOS PARA O LOTEAMENTO
Seção I
Disposições Gerais
Art. 10. Salvo quando a legislação municipal determinar maiores exigências, o loteamento deverá
atender aos requisitos urbanísticos estabelecidos neste Capítulo.
Art. 11. A porcentagem de áreas públicas destinadas ao sistema de circulação, à implantação de
equipamentos urbanos e comunitários, bem como aos espaços livres e de uso público não poderá
ser inferior a 35% (trinta e cinco por cento) da gleba, salvo quando o plano diretor ou a lei
municipal de zoneamento estabelecer dimensões inferiores para a zona em que se situem.
Art. 12. No loteamento ou desmembramento não poderá resultar terreno encravado, sem saída
direta para via ou logradouro público.
Art. 13. Na implantação dos projetos de loteamento ou desmembramento, dever-se-ão preservar
as florestas e demais formas de vegetação natural dos estuários de rios e áreas lacustres, bem
como a fauna existente.
Art. 14. Ao longo das faixas de domínio público das rodovias, ferrovias, linha de transmissão de
energia elétrica de alta tensão e dutos, será obrigatória a reserva de uma faixa “non aedificandi” de
15 m quinze metros) de cada lado, salvo maiores exigências da legislação específica.
122
Art. 15. As vias do loteamento deverão articular-se com as vias adjacentes oficiais, existentes ou
projetadas, e harmonizar-se com a topografia local.
Seção II
Do Loteamento
Subseção I
Das Áreas de Proteção das Lagoas e dos Mananciais
Art. 16. Nas áreas consideradas de proteção ao entorno das Lagoas Juparanã e Juparanã-Mirim e
de proteção aos manancias, os loteamentos deverão observar os seguintes requisitos:
I - os lotes terão área mínima de 1.000 m2 (mil metros quadrados) e frente mínima de 20 m (vinte
metros);
II - a porcentagem de áreas públicas não poderá ser inferior a 35% (trinta e cinco por cento) da
gleba;
III - reserva de faixa marginal “non aedificandi” de, no mínimo:
a) 150 m (cento e cinqüenta metros) no entorno das Lagoas Juparanã e Juparanã-Mirim;
b) 100 m (cem metros) no entorno das lagoas, lagos e reservatórios naturais ou artificiais que
forem utilizados como mananciais atuais e futuros, para captação de água potável;
c) 30 m (trinta metros) ao longo das margens dos rios ou outro curso d’àgua qualquer, contribuintes
dos mananciais, observadas ainda as exigências da legislação ambiental;
IV - implantação, no mínimo, dos seguintes equipamentos urbanos:
a) sistema de escoamento das águas pluviais;
b) sistema de coleta, tratamento e disposição de esgoto sanitário;
c) sistema de abastecimento de água potável;
d) rede de energia elétrica;
e) vias de circulação.
Parágrafo único. Nas áreas referidas no “caput” deste artigo, só será permitida a implantação de
loteamento para uso residencial.
Art. 17. Não será permitida a deposição de esgotos sanitários, lixo e resíduos nas lagoas e nos
mananciais.
Art. 18. Na implantação dos projetos de loteamento, serão obrigatórios a manutenção da
vegetação existente, protegida pela legislação florestal vigente, e o respeito às características da
topografia local, não se permitindo movimento de
terra, cortes e aterros que possam alterar predatoriamente as formas dos acidentes naturais da
região.
Art. 19. Aplicam-se aos projetos de desmembramento as disposições urbanísticas exigidas para
loteamento estabelecidas nesta subseção, excetuando-se desta exigência o inciso II do artigo 16
desta Lei.
Subseção II
Das Áreas de Interesse Especial
123
Art. 20. Nos loteamentos da área de interesse especial, referente aos distritos litorâneos e
municípios da região de montanha, definidos nos incisos II e III do artigo 2º desta Lei, deverão ser
observados os seguintes requisitos:
I - os lotes terão área mínima de 200 m² (duzentos metros quadrados) e frente mínima de 10 m
(dez metros), prevalecendo em qualquer hipótese às disposições da lei municipal, se existir;
II - quando o loteamento se destinar à edificação de conjuntos habitacionais de interesse social, o
lote terá área e testada mínima de 125 m² (cento e vinte e cinco metros quadrados) e 5 m (cinco
metros), respectivamente, salvo maiores exigências da legislação municipal;
III - a porcentagem de áreas públicas destinadas ao sistema de circulação, à implantação de
equipamentos urbanos e comunitários, bem como aos espaços livres e de uso público não poderá
ser inferior a 35% (trinta e cinco por cento) da gleba, salvo quando o plano diretor ou lei municipal
de zoneamento estabelecer dimensões inferiores para a zona em que se situem.
IV - implantação, no mínimo, dos seguintes equipamentos urbanos:
a) sistema de coleta, tratamento e disposição de esgoto sanitário;
b) sistema de escoamento das águas pluviais;
c) sistema de abastecimento de água potável;
d) rede de energia elétrica;
e) vias de circulação.
Art. 21. Não será permitida a disposição de esgotos sanitários, lixo e resíduos nas praias, nos
manguezais, na orla dos cursos d’água e nos canais.
Art. 22. Nos projetos de loteamento, na área litorânea, o sistema de circulação deve assegurar o
domínio predominante do pedestre junto à orla, observando provimento de área para
estacionamento de veículos e impedimento de vias de tráfego nesses locais.
Art. 23. Aplicam-se aos projetos de desmembramento as disposições urbanísticas exigidas para
loteamento estabelecidas nesta subseção, excetuando-se desta exigência o inciso III do artigo 20
desta Lei.
Subseção III
Das Áreas Limítrofes
Art. 24. Quando o loteamento estiver localizado em área limítrofe de município ou pertencer a mais
de um município, observar-se-ão:
I - os requisitos urbanísticos exigidos para as áreas de interesse especial;
II - as ruas ou estradas existentes ou projetadas que compõem o sistema viário do município onde
se pretende implantar o loteamento deverão articular-se com as do
município vizinho, mantendo as mesmas características;
III - quando a divisa intermunicipal não for curso d’água, é obrigatória a execução de uma via de
circulação na divisa, acompanhando o traçado desta.
Subseção IV
Da Região Metropolitana da Grande Vitória
124
Art. 25. Nos loteamentos da Região Metropolitana da Grande Vitória, deverão ser observados os
seguintes requisitos:
I - os lotes terão área mínima de 200 m² (duzentos metros quadrados) e frente mínima de 10 m
(dez metros), em qualquer hipótese, prevalecendo às disposições de lei municipal, se existir;
II - quando o loteamento se destinar à edificação de conjuntos habitacionais de interesse social, o
lote terá área e testada mínima de 125 m² (cento e vinte e cinco metros quadrados) e 5 m (cinco
metros), respectivamente, salvo maiores exigências da legislação municipal;
III - a porcentagem de áreas públicas destinadas ao sistema de circulação, à implantação de
equipamentos urbanos e comunitários, bem como aos espaços livres e de uso público não poderá
ser inferior a 35% (trinta e cinco por cento) da gleba, salvo quando o plano diretor ou a lei
municipal de zoneamento estabelecer dimensões inferiores para a zona em que se situem;
IV - implantação, no mínimo, dos seguintes equipamentos urbanos:
a) sistema de abastecimento de água potável;
b) sistema de coleta, tratamento e disposição de esgoto sanitário;
c) sistema de escoamento das águas pluviais;
d) rede de distribuição de energia elétrica;
e) vias de circulação.
Art. 26. Aplicam-se aos projetos de desmembramento as disposições urbanísticas exigidas para
loteamento estabelecidas nesta subseção, excetuando-se desta exigência o inciso III do artigo 25
desta Lei.
Subseção V
Dos Loteamentos com Área Superior a 1.000.000 m²
Art. 27. Os loteamentos oriundos de gleba com área superior a 1.000.000 m² (um milhão de metros
quadrados), assim registrada no registro de imóveis, à data de vigência desta Lei, e a serem
implantados fora das áreas especiais referidas nesta Lei, deverão observar os seguintes requisitos:
I - os lotes terão área mínima de 200 m² (duzentos metros quadrados) e frente mínima de 10 m
(dez metros), em qualquer hipótese, prevalecendo às disposições da lei municipal, se existir;
II - quando o loteamento se destinar à edificação de conjuntos habitacionais de interesse social, o
lote terá área e testada mínima de 180 m² (cento e oitenta metros quadrados) e 10 m (dez metros),
respectivamente, salvo maiores exigências da legislação municipal;
III - a porcentagem de áreas públicas destinada ao sistema de circulação, à implantação de
equipamentos urbanos e comunitários, bem como aos espaços livres e de uso público não poderá
ser inferior a 35% (trinta e cinco por cento) da gleba, salvo quando o plano diretor ou a lei
municipal de zoneamento estabelecer dimensões inferiores para a zona em que se situem;
IV - implantação dos seguintes equipamentos urbanos:
a) rede de abastecimento de água potável;
b) rede de distribuição de energia elétrica;
c) sistema de escoamento de água pluvial;
125
d) sistema de coleta, tratamento e disposição de esgoto sanitário.
Art. 28. No sistema de vias de circulação do loteamento deverá ser prevista uma via de circulação
de veículos, com faixa de domínio, alinhamento a alinhamento, mínima de 26 m (vinte e seis
metros), a cada 1.500 m (mil e quinhentos metros). Art. 29. Deve ser prevista no projeto de
loteamento uma área destinada ao tratamento de esgotos sanitários.
Art. 30. No loteamento localizado nas áreas referidas nos incisos I, II e IV do artigo 1º desta Lei,
deverão ser observadas as exigências específicas estabelecidas para cada área, sem prejuízo dos
artigos 28 e 29 desta Lei.
Subseção VI
Dos Loteamentos Industriais
Art. 31. Os loteamentos destinados a uso industrial deverão ser localizados em zonas reservadas à
instalação de indústrias definidas em esquema de zoneamento urbano, aprovado por lei, que
compatibilize as atividades industriais com a proteção ambiental.
Parágrafo único. As zonas a que se refere este artigo deverão:
I - situar-se em áreas que apresentem capacidade de assimilação de efluentes e proteção
ambiental, respeitadas quaisquer restrições legais ao uso do solo;
II - quando o loteamento se destinar à edificação de conjuntos habitacionais de interesse social, o
lote terá área e testada mínima de 180 m² (cento e oitenta metros quadrados) e 10 m (dez metros),
respectivamente, salvo maiores exigências da legislação municipal;
III - localizar-se em áreas cujas condições favoreçam a instalação adequada de infra-estrutura de
serviços básicos necessária a seu funcionamento e segurança;
IV - dispor, em seu interior, de áreas de proteção ambiental que minimizem os efeitos da poluição,
em relação a outros usos;
V - prever locais adequados para o tratamento dos resíduos líquidos provenientes de atividade
industrial, antes de esses serem despejados em águas marítimas ou interiores, superficiais e
subterrâneas;
VI - manter, em seu contorno, anéis verdes de isolamento capazes de proteger as áreas
circunvizinhas contra possíveis efeitos residuais e acidentes;
VII - localizar-se em áreas onde os ventos dominantes não levem resíduos gasosos, emanações
ou radiações para as áreas residenciais ou comerciais existentes ou previstas.
Art. 32. Nos loteamentos destinados ao uso industrial deverão ser observados os seguintes
requisitos:
I - a porcentagem de áreas públicas destinadas ao sistema de circulação, à implantação de
equipamentos urbanos e comunitários, bem como aos espaços livres e de uso público não poderá
ser inferior a 35% (trinta e cinco por cento) da gleba, salvo quando o plano diretor ou a lei
municipal de zoneamento estabelecer dimensões inferiores para a zona em que se situem;
II - implantação, no mínimo, dos seguintes equipamentos:
a) sistema de abastecimento de água;
126
b) sistema de coleta, tratamento e disposição de esgotos industriais e sanitários, nos termos da
legislação vigente;
c) sistema de escoamento de águas pluviais;
d) rede de energia elétrica;
e) pavimentação adequada das vias e assentamento de meios-fios.
CAPÍTULO III
DA APROVAÇÃO DO PROJETO DE LOTEAMENTO E DESMEMBRAMENTO
Art. 33. O projeto de loteamento e desmembramento deverá ser aprovado pela Prefeitura
Municipal, a quem compete também a fixação das diretrizes estabelecidas na lei federal de
parcelamento do solo.
Art. 34. A aprovação do projeto de loteamento e desmembramento, pela Prefeitura Municipal, será
precedido da expedição, pelo Estado, de laudo técnico do órgão florestal e de licenciamento
ambiental.
Art. 35. Caberá ao órgão florestal estadual competente, a caracterização da cobertura florestal
existente na área do projeto de loteamento, com objetivo de estabelecer as diretrizes florestais.
Art. 36. Caberá ao órgão ambiental competente avaliar:
I - normas e restrições legais quanto ao uso e ocupação da área pretendida afetas à unidade de
conservação, proteção e conservação da fauna e da flora;
II - sistema de esgotamento sanitário;
III - sistema de drenagem pluvial superficial;
IV - sistema de abastecimento de água potável;
V - sistema de controle de emissões atmosféricas provenientes de atividades de terraplanagem;
VI - sistema de coleta e disposição de resíduos sólidos.
Art. 37. Caberá ao órgão técnico metropolitano, quando instituído, o exame e a anuência prévia à
aprovação dos projetos de parcelamento do solo nos municípios
integrantes da Região Metropolitana.
CAPÍTULO IV
DO REGISTRO
Art. 38. Para os efeitos do artigo 50 da Lei Federal nº 6.766, de 19.12.1979, o Ministério Público
Estadual fiscalizará a observância das normas complementares estaduais, em especial, desta Lei.
Art. 39. Os Oficiais de Registro de Imóveis, no atendimento do artigo 19 da Lei Federal nº 6.766/79,
deverão abrir vistas dos autos, no prazo referido no citado artigo 19, obrigatoriamente, sempre ao
representante do Ministério Público, independentemente da existência de impugnação de terceiros
que, se oferecida, merecerá o processamento estabelecido em lei.
Art. 40. Nas alterações de uso do solo rural para fins urbanos, deverá ser observado o disposto no
artigo 53 da Lei Federal nº 6.766/79.
CAPÍTULO V
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
127
Art. 41. As transgressões a qualquer dispositivo desta Lei sujeitarão o infrator às sanções penais,
cíveis e administrativas, na forma da Lei Federal nº 6.766/79.
Art. 42. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 43. Fica revogada a Lei nº 3.384, de 27.11.1980.
Ordeno, portanto, a todas as autoridades que a cumpram e a façam cumprir como nela se contém.
O Secretário de Estado da Justiça faça publicá-la, imprimir e correr.
Palácio Anchieta, em Vitória, em 16 de dezembro de 2004.
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Anexo I
DECRETO FEDERAL Nº 5.300 DE 7 DE DEZEMBRO DE 2004
Regulamenta a Lei nº 7.661, de 16 de maio de 1988, que institui o Plano Nacional
de Gerenciamento Costeiro - PNGC, dispõe sobre regras de uso e ocupação da
zona costeira e estabelece critérios de gestão da orla marítima, e dá outras
providências.
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Nações Unidas sobre o Direito do Mar, a partir das quais se mede a largura do mar territorial;
VII - marisma: terrenos baixos, costeiros, pantanosos, de pouca drenagem, essencialmente
alagados por águas salobras e ocupados por plantas halófitas anuais e perenes, bem como por
plantas de terras alagadas por água doce;
VIII - milha náutica: unidade de distância usada em navegação e que corresponde a um mil,
oitocentos e cinqüenta e dois metros;
IX - região estuarina-lagunar: área formada em função da inter-relação dos cursos fluviais e
lagunares, em seu deságüe no ambiente marinho;
X - ondas de tempestade: ondas do mar de grande amplitude geradas por fenômeno
meteorológico;
XI - órgão ambiental: órgão do poder executivo federal, estadual ou municipal, integrante do
Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, responsável pelo licenciamento ambiental,
fiscalização, controle e proteção do meio ambiente, no âmbito de suas competências;
XII - preamar: altura máxima do nível do mar ao longo de um ciclo de maré, também chamada de
maré cheia;
XIII - trecho da orla marítima: seção da orla marítima abrangida por parte ou todo da unidade
paisagística e geomorfológica da orla, delimitado como espaço de intervenção e gestão;
XIV - trecho da orla marítima de interesse especial: parte ou todo da unidade paisagística e
geomorfológica da orla, com existência de áreas militares, tombadas, de tráfego aquaviário,
instalações portuárias, instalações geradoras e transmissoras de energia, unidades de
conservação, reservas indígenas, comunidades tradicionais e remanescentes de quilombos;
XV - unidade geoambiental: porção do território com elevado grau de similaridade entre as
características físicas e bióticas, podendo abranger diversos tipos de ecossistemas com interações
funcionais e forte interdependência.
CAPÍTULO II
DOS LIMITES, PRINCÍPIOS, OBJETIVOS, INSTRUMENTOS E
COMPETÊNCIAS DA GESTÃO DA ZONA COSTEIRA
Seção I
Dos Limites
Art 3º A zona costeira brasileira, considerada patrimônio nacional pela Constituição de 1988,
corresponde ao espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos
renováveis ou não, abrangendo uma faixa marítima e uma faixa terrestre, com os seguintes limites:
I - faixa marítima: espaço que se estende por doze milhas náuticas, medido a partir das linhas de
base, compreendendo, dessa forma, a totalidade do mar territorial;
II - faixa terrestre: espaço compreendido pelos limites dos Municípios que sofrem influência direta
dos fenômenos ocorrentes na zona costeira.
Art 4º Os Municípios abrangidos pela faixa terrestre da zona costeira serão:
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I - defrontantes com o mar, assim definidos em listagem estabelecida pela Fundação Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE;
II - não defrontantes com o mar, localizados nas regiões metropolitanas litorâneas;
III - não defrontantes com o mar, contíguos às capitais e às grandes cidades litorâneas, que
apresentem conurbação;
IV - não defrontantes com o mar, distantes até cinqüenta quilômetros da linha da costa, que
contemplem, em seu território, atividades ou infra-estruturas de grande impacto ambiental na zona
costeira ou ecossistemas costeiros de alta relevância;
V - estuarino-lagunares, mesmo que não diretamente defrontantes com o mar;
VI - não defrontantes com o mar, mas que tenham todos os seus limites com Municípios referidos
nos incisos I a V;
VII - desmembrados daqueles já inseridos na zona costeira.
1º O Ministério do Meio Ambiente manterá listagem atualizada dos Municípios abrangidos pela
faixa terrestre da zona costeira, a ser publicada anualmente no Diário Oficial da União.
2º Os Estados poderão encaminhar ao Ministério do Meio Ambiente propostas de alteração da
relação dos Municípios abrangidos pela faixa terrestre da zona costeira, desde que apresentada a
devida justificativa para a sua inclusão ou retirada da relação.
3º Os Municípios poderão pleitear, junto aos Estados, a sua intenção de integrar a relação dos
Municípios abrangidos pela faixa terrestre da zona costeira, justificando a razão de sua pretensão.
Seção II
Dos Princípios
Art 5º São princípios fundamentais da gestão da zona costeira, além daqueles estabelecidos na
Política Nacional de Meio Ambiente, na Política Nacional para os Recursos do Mar e na Política
Nacional de Recursos Hídricos:
I - a observância dos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil na matéria;
II - a observância dos direitos de liberdade de navegação, na forma da legislação vigente;
III - a utilização sustentável dos recursos costeiros em observância aos critérios previstos em lei e
neste Decreto;
IV - a integração da gestão dos ambientes terrestres e marinhos da zona costeira, com a
construção e manutenção de mecanismos participativos e na compatibilidade das políticas
públicas, em todas as esferas de atuação;
V - a consideração, na faixa marítima, da área de ocorrência de processos de transporte
sedimentar e modificação topográfica do fundo marinho e daquela onde o efeito dos aportes
terrestres sobre os ecossistemas marinhos é mais significativo;
VI - a não-fragmentação, na faixa terrestre, da unidade natural dos ecossistemas costeiros, de
forma a permitir a regulamentação do uso de seus recursos, respeitando sua integridade;
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VII - a consideração, na faixa terrestre, das áreas marcadas por atividade socioeconômico-cultural
de características costeiras e sua área de influência imediata, em função dos efeitos dessas
atividades sobre a conformação do território costeiro;
VIII - a consideração dos limites municipais, dada a operacionalidade das articulações necessárias
ao processo de gestão;
IX - a preservação, conservação e controle de áreas que sejam representativas dos ecossistemas
da zona costeira, com recuperação e reabilitação das áreas degradadas ou descaracterizadas;
X - a aplicação do princípio da precaução tal como definido na Agenda 21, adotando-se medidas
eficazes para impedir ou minimizar a degradação do meio ambiente, sempre que houver perigo de
dano grave ou irreversível, mesmo na falta de dados científicos completos e atualizados;
XI - o comprometimento e a cooperação entre as esferas de governo, e dessas com a sociedade,
no estabelecimento de políticas, planos e programas federais, estaduais e municipais.
Seção III
Dos Objetivos
Art 6º São objetivos da gestão da zona costeira:
I - a promoção do ordenamento do uso dos recursos naturais e da ocupação dos espaços
costeiros, subsidiando e otimizando a aplicação dos instrumentos de controle e de gestão da zona
costeira;
II - o estabelecimento do processo de gestão, de forma integrada, descentralizada e participativa,
das atividades socioeconômicas na zona costeira, de modo a contribuir para elevar a qualidade de
vida de sua população e a proteção de seu patrimônio natural, histórico, étnico e cultural;
III - a incorporação da dimensão ambiental nas políticas setoriais voltadas à gestão integrada dos
ambientes costeiros e marinhos, compatibilizando-as com o Plano Nacional de Gerenciamento
Costeiro - PNGC;
IV - o controle sobre os agentes causadores de poluição ou degradação ambiental que ameacem a
qualidade de vida na zona costeira;
V - a produção e difusão do conhecimento para o desenvolvimento e aprimoramento das ações de
gestão da zona costeira.
Seção IV
Dos Instrumentos
Art 7º Aplicam-se para a gestão da zona costeira os seguintes instrumentos, de forma articulada e
integrada:
I - Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro - PNGC: conjunto de diretrizes gerais aplicáveis nas
diferentes esferas de governo e escalas de atuação, orientando a implementação de políticas,
planos e programas voltados ao desenvolvimento sustentável da zona costeira;
II - Plano de Ação Federal da Zona Costeira - PAF: planejamento de ações estratégicas para a
integração de políticas públicas incidentes na zona costeira, buscando responsabilidades
compartilhadas de atuação;
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III - Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro - PEGC: implementa a Política Estadual de
Gerenciamento Costeiro, define responsabilidades e procedimentos institucionais para a sua
execução, tendo como base o PNGC;
IV - Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro - PMGC: implementa a Política Municipal de
Gerenciamento Costeiro, define responsabilidades e procedimentos institucionais para a sua
execução, tendo como base o PNGC e o PEGC, devendo observar, ainda, os demais planos de
uso e ocupação territorial ou outros instrumentos de planejamento municipal;
V - Sistema de Informações do Gerenciamento Costeiro - SIGERCO: componente do Sistema
Nacional de Informações sobre Meio Ambiente - SINIMA, que integra informações
georreferenciadas sobre a zona costeira;
VI - Sistema de Monitoramento Ambiental da Zona Costeira - SMA: estrutura operacional de coleta
contínua de dados e informações, para o acompanhamento da dinâmica de uso e ocupação da
zona costeira e avaliação das metas de qualidade socioambiental;
VII - Relatório de Qualidade Ambiental da Zona Costeira - RQA-ZC: consolida, periodicamente, os
resultados produzidos pelo monitoramento ambiental e avalia a eficiência e eficácia das ações da
gestão;
VIII - Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro - ZEEC: orienta o processo de ordenamento
territorial, necessário para a obtenção das condições de sustentabilidade do desenvolvimento da
zona costeira, em consonância com as diretrizes do Zoneamento Ecológico-Econômico do território
nacional, como mecanismo de apoio às ações de monitoramento, licenciamento, fiscalização e
gestão;
IX - macrodiagnóstico da zona costeira: reúne informações, em escala nacional, sobre as
características físico-naturais e socioeconômicas da zona costeira, com a finalidade de orientar
ações de preservação, conservação, regulamentação e fiscalização dos patrimônios naturais e
culturais.
Art 8º Os Planos Estaduais e Municipais de Gerenciamento Costeiro serão instituídos por lei,
estabelecendo:
I - os princípios, objetivos e diretrizes da política de gestão da zona costeira da sua área de
atuação;
II - o Sistema de Gestão Costeira na sua área de atuação;
III - os instrumentos de gestão;
IV - as infrações e penalidades previstas em lei;
V - os mecanismos econômicos que garantam a sua aplicação.
Art 9º O ZEEC será elaborado de forma participativa, estabelecendo diretrizes quanto aos usos
permitidos, proibidos ou estimulados, abrangendo as interações entre as faixas terrestre e marítima
da zona costeira, considerando as orientações contidas no Anexo I deste Decreto.
Parágrafo único. Os ZEEC já existentes serão gradualmente compatibilizados com as orientações
contidas neste Decreto.
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Art 10. Para efeito de monitoramento e acompanhamento da dinâmica de usos e ocupação do
território na zona costeira, os órgãos ambientais promoverão, respeitando as escalas de atuação, a
identificação de áreas estratégicas e prioritárias.
1º Os resultados obtidos no monitoramento dessas áreas pelos Estados e Municípios serão
encaminhados ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-
IBAMA, que os consolidará e divulgará na forma do RQA-ZC, com periodicidade bianual.
2º O monitoramento deverá considerar indicadores de qualidade que permitam avaliar a dinâmica e
os impactos das atividades socioeconômicas, considerando, entre outros, os setores industrial,
turístico, portuário, de transporte, de desenvolvimento urbano, pesqueiro, aqüicultura e indústria do
petróleo.
Seção V
Das Competências
Art 11. Ao Ministério do Meio Ambiente compete:
I - acompanhar e avaliar permanentemente a implementação do PNGC, observando a
compatibilização dos PEGC e PMGC com o PNGC e demais normas federais, sem prejuízo da
competência de outros órgãos;
II - promover a articulação intersetorial e interinstitucional com os órgãos e colegiados existentes
em âmbito federal, estadual e municipal, cujas competências tenham vinculação com as atividades
do PNGC;
III - promover o fortalecimento institucional dos órgãos executores da gestão da zona costeira,
mediante o apoio técnico, financeiro e metodológico;
IV - propor normas gerais, referentes ao controle e manutenção de qualidade do ambiente costeiro;
V - promover a consolidação do SIGERCO;
VI - estabelecer procedimentos para ampla divulgação do PNGC;
VII - estruturar, implementar e acompanhar os programas de monitoramento, controle e
ordenamento nas áreas de sua competência.
Art 12. Ao IBAMA compete:
I - executar, em âmbito federal, o controle e a manutenção da qualidade do ambiente costeiro, em
estrita consonância com as normas estabelecidas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente -
CONAMA;
II - apoiar o Ministério do Meio Ambiente na consolidação do SIGERCO;
III - executar e acompanhar os programas de monitoramento, controle e ordenamento;
IV - propor ações e projetos para inclusão no PAF;
V - executar ações visando a manutenção e a valorização de atividades econômicas sustentáveis
nas comunidades tradicionais da zona costeira;
VI - executar as ações do PNGC segundo as diretrizes definidas pelo Ministério do
Meio Ambiente;
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VII - subsidiar a elaboração do RQA-ZC a partir de informações e resultados obtidos na execução
do PNGC;
VIII - colaborar na compatibilização das ações do PNGC com as políticas públicas que incidem na
zona costeira;
IX - conceder o licenciamento ambiental dos empreendimentos ou atividades de impacto ambiental
de âmbito regional ou nacional incidentes na zona costeira, em observância as normas vigentes;
X - promover, em articulação com Estados e Municípios, a implantação de unidades de
conservação federais e apoiar a implantação das unidades de conservação estaduais e municipais
na zona costeira.
Art 13. O Poder Público Estadual, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição,
planejará e executará as atividades de gestão da zona costeira em articulação com os Municípios
e com a sociedade, cabendo-lhe:
I - designar o Coordenador para execução do PEGC;
II - elaborar, implementar, executar e acompanhar o PEGC, obedecidas a legislação federal e o
PNGC;
III - estruturar e manter o subsistema estadual de informação do gerenciamento costeiro;
IV - estruturar, implementar, executar e acompanhar os instrumentos previstos no art. 7o, bem
como os programas de monitoramento cujas informações devem ser consolidadas periodicamente
em RQA-ZC, tendo como referências o macrodiagnóstico da zona costeira, na escala da União e o
PAF;
V - promover a articulação intersetorial e interinstitucional em nível estadual, na sua área de
competência;
VI - promover o fortalecimento das entidades diretamente envolvidas no gerenciamento costeiro,
mediante apoio técnico, financeiro e metodológico;
VII - elaborar e promover a ampla divulgação do PEGC e do PNGC;
VIII - promover a estruturação de um colegiado estadual.
Art 14. O Poder Público Municipal, observadas as normas e os padrões federais e estaduais,
planejará e executará suas atividades de gestão da zona costeira em articulação com os órgãos
estaduais, federais e com a sociedade, cabendo-lhe:
I - elaborar, implementar, executar e acompanhar o PMGC, observadas as diretrizes do PNGC e
do PEGC, bem como o seu detalhamento constante dos Planos de
Intervenção da orla marítima, conforme previsto no art. 25 deste Decreto;
II - estruturar o sistema municipal de informações da gestão da zona costeira;
III - estruturar, implementar e executar os programas de monitoramento;
IV - promover o fortalecimento das entidades diretamente envolvidas no gerenciamento costeiro,
mediante apoio técnico, financeiro e metodológico;
V - promover a compatibilização de seus instrumentos de ordenamento territorial com o
zoneamento estadual;
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VI - promover a estruturação de um colegiado municipal.
CAPÍTULO III
DAS REGRAS DE USO E OCUPAÇÃO DA ZONA COSTEIRA
Art 15. A aprovação de financiamentos com recursos da União, de fontes externas por ela
avalizadas ou de entidades de crédito oficiais, bem como a concessão de benefícios fiscais e de
outras formas de incentivos públicos para projetos novos ou ampliação de empreendimentos na
zona costeira, que envolvam a instalação, ampliação e realocação de obras, atividades e
empreendimentos, ficará condicionada à sua compatibilidade com as normas e diretrizes de
planejamento territorial e ambiental do Estado e do Município, principalmente aquelas constantes
dos PEGC, PMGC e do ZEEC.
Parágrafo único. Os Estados que não dispuserem de ZEEC se orientarão por meio de outros
instrumentos de ordenamento territorial, como zoneamentos regionais ou agrícolas, zoneamento
de unidades de conservação e diagnósticos socioambientais, que permitam avaliar as condições
naturais e socioeconômicas relacionadas à implantação de novos empreendimentos.
Art 16. Qualquer empreendimento na zona costeira deverá ser compatível com a infra-estrutura de
saneamento e sistema viário existentes, devendo a solução técnica adotada preservar as
características ambientais e a qualidade paisagística.
Parágrafo único. Na hipótese de inexistência ou inacessibilidade à rede pública de coleta de lixo e
de esgoto sanitário na área do empreendimento, o empreendedor apresentará solução autônoma
para análise do órgão ambiental, compatível com as características físicas e ambientais da área.
Art 17. A área a ser desmatada para instalação, ampliação ou realocação de empreendimentos ou
atividades na zona costeira que implicar a supressão de vegetação nativa, quando permitido em
lei, será compensada por averbação de, no mínimo, uma área equivalente, na mesma zona
afetada.
1º A área escolhida para efeito de compensação poderá se situar em zona diferente da afetada,
desde que na mesma unidade geoambiental, mediante aprovação do órgão ambiental.
2º A área averbada como compensação poderá ser submetida a plano de manejo, desde que não
altere a sua característica ecológica e sua qualidade paisagística.
Art 18. A instalação de equipamentos e o uso de veículos automotores, em dunas móveis, ficarão
sujeitos ao prévio licenciamento ambiental, que deverá considerar os efeitos dessas obras ou
atividades sobre a dinâmica do sistema dunar, bem como à autorização da Secretaria do
Patrimônio da União do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão quanto à utilização da área de bem de uso comum do povo.
Art 19. A implantação de recifes artificiais na zona costeira observará a legislação ambiental e será
objeto de norma específica.
Art 20. Os bancos de moluscos e formações coralíneas e rochosas na zona costeira serão
identificados e delimitados, para efeito de proteção, pelo órgão ambiental.
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Parágrafo único. Os critérios de delimitação das áreas de que trata o caput deste artigo serão
objeto de norma específica.
Art 21. As praias são bens públicos de uso comum do povo, sendo assegurado, sempre, livre e
franco acesso a elas e ao mar, em qualquer direção e sentido, ressalvados os trechos
considerados de interesse da segurança nacional ou incluídos em áreas protegidas por legislação
específica.
1º O Poder Público Municipal, em conjunto com o órgão ambiental, assegurará no âmbito do
planejamento urbano, o acesso às praias e ao mar, ressalvadas as áreas de segurança nacional
ou áreas protegidas por legislação específica, considerando os seguintes critérios:
I - nas áreas a serem loteadas, o projeto do loteamento identificará os locais de acesso à praia,
conforme competências dispostas nos instrumentos normativos estaduais ou municipais;
II - nas áreas já ocupadas por loteamentos à beira mar, sem acesso à praia, o Poder Público
Municipal, em conjunto com o órgão ambiental, definirá as áreas de servidão de passagem,
responsabilizando-se por sua implantação, no prazo máximo de dois anos, contados a partir da
publicação deste Decreto; e
III - nos imóveis rurais, condomínios e quaisquer outros empreendimentos à beira mar, o
proprietário será notificado pelo Poder Público Municipal, para prover os acessos à praia, com
prazo determinado, segundo condições estabelecidas em conjunto com o órgão ambiental.
2º A Secretaria do Patrimônio da União, o órgão ambiental e o Poder Público Municipal decidirão
os casos omissos neste Decreto, com base na legislação vigente.
3º As áreas de domínio da União abrangidas por servidão de passagem ou vias de acesso às
praias e ao mar serão objeto de cessão de uso em favor do Município correspondente.
4º As providências descritas no § 1º não impedem a aplicação das sanções civis, administrativas e
penais previstas em lei.
CAPÍTULO IV
DOS LIMITES, OBJETIVOS, INSTRUMENTOS E COMPETÊNCIAS PARA GESTÃO DA ORLA
MARÍTIMA
Seção I
Dos Limites
Art 22. Orla marítima é a faixa contida na zona costeira, de largura variável, compreendendo uma
porção marítima e outra terrestre, caracterizada pela interface entre a terra e o mar.
Art 23. Os limites da orla marítima ficam estabelecidos de acordo com os seguintes critérios:
I - marítimo: isóbata de dez metros, profundidade na qual a ação das ondas passa a sofrer
influência da variabilidade topográfica do fundo marinho, promovendo o transporte de sedimentos;
II - terrestre: cinqüenta metros em áreas urbanizadas ou duzentos metros em áreas não
urbanizadas, demarcados na direção do continente a partir da linha de preamar ou do limite final
de ecossistemas, tais como as caracterizadas por feições de praias, dunas, áreas de escarpas,
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falésias, costões rochosos, restingas, manguezais, marismas, lagunas, estuários, canais ou braços
de mar, quando existentes, onde estão situados os terrenos de marinha e seus acrescidos.
1º Na faixa terrestre será observada, complementarmente, a ocorrência de aspectos
geomorfológicos, os quais implicam o seguinte detalhamento dos critérios de delimitação:
I - falésias sedimentares: cinqüenta metros a partir da sua borda, em direção ao continente;
II - lagunas e lagoas costeiras: limite de cinqüenta metros contados a partir do limite da praia, da
linha de preamar ou do limite superior da margem, em direção ao continente;
III - estuários: cinqüenta metros contados na direção do continente, a partir do limite da praia ou da
borda superior da duna frontal, em ambas as margens e ao longo delas, até onde a penetração da
água do mar seja identificada pela presença de salinidade, no valor mínimo de 0,5 partes por mil;
IV - falésias ou costões rochosos: limite a ser definido pelo plano diretor do
Município, estabelecendo uma faixa de segurança até pelo menos um metro de altura acima do
limite máximo da ação de ondas de tempestade;
V - áreas inundáveis: limite definido pela cota mínima de um metro de altura acima do limite da
área alcançada pela preamar;
VI - áreas sujeitas à erosão: substratos sedimentares como falésias, cordões litorâneos, cabos ou
pontais, com larguras inferiores a cento e cinqüenta metros, bem como áreas próximas a
desembocaduras fluviais, que correspondam a estruturas de alta instabilidade, podendo requerer
estudos específicos para definição da extensão da faixa terrestre da orla marítima.
2º Os limites estabelecidos para a orla marítima, definidos nos incisos I e II do caput deste artigo,
poderão ser alterados, sempre que justificado, a partir de pelo menos uma das seguintes
situações:
I - dados que indiquem tendência erosiva, com base em taxas anuais, expressas em períodos de
dez anos, capazes de ultrapassar a largura da faixa proposta;
II - concentração de usos e de conflitos de usos relacionados aos recursos ambientais existentes
na orla marítima;
III - tendência de avanço da linha de costa em direção ao mar, expressa em taxas anuais; e
IV - trecho de orla abrigada cujo gradiente de profundidade seja inferior à profundidade de dez
metros.
Seção II
Dos Objetivos
Art 24. A gestão da orla marítima terá como objetivo planejar e implementar ações nas áreas que
apresentem maior demanda por intervenções na zona costeira, a fim de disciplinar o uso e
ocupação do território.
Seção III
Dos Instrumentos
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Art 25. Para a gestão da orla marítima será elaborado o Plano de Intervenção, com base no
reconhecimento das características naturais, nos tipos de uso e ocupação existentes e projetados,
contemplando:
I - caracterização socioambiental: diagnóstico dos atributos naturais e paisagísticos, formas de uso
e ocupação existentes, com avaliação das principais atividades e potencialidades
socioeconômicas;
II - classificação: análise integrada dos atributos naturais com as tendências de uso, de ocupação
ou preservação, conduzindo ao enquadramento em classes genéricas e à construção de cenários
compatíveis com o padrão de qualidade da classe a ser alcançada ou mantida;
III - estabelecimento de diretrizes para intervenção: definição do conjunto de ações articuladas,
elaboradas de forma participativa, a partir da construção de cenários prospectivos de uso e
ocupação, podendo ter caráter normativo, gerencial ou executivo.
Parágrafo único. O Plano de Intervenção de que trata o caput será elaborado em conformidade
com o planejamento federal, estadual e municipal da zona costeira.
Art 26. Para a caracterização socioambiental, classificação e planejamento da gestão, a orla
marítima será enquadrada segundo aspectos físicos e processos de uso e ocupação
predominantes, de acordo com as seguintes tipologias:
I - abrigada não urbanizada: ambiente protegido da ação direta das ondas, ventos e correntes, com
baixíssima ocupação, paisagens com alto grau de originalidade natural e baixo potencial de
poluição;
II - semi-abrigada não urbanizada: ambiente parcialmente protegido da ação direta das ondas,
ventos e correntes, com baixíssima ocupação, paisagens com alto grau de originalidade natural e
baixo potencial de poluição;
III - exposta não urbanizada: ambiente sujeito à alta energia de ondas, ventos e correntes com
baixíssima ocupação, paisagens com alto grau de originalidade natural e baixo potencial de
poluição;
IV - de interesse especial em áreas não urbanizadas: ambientes com ocorrência de áreas militares,
de tráfego aquaviário, com instalações portuárias, com instalações geradoras de energia, de
unidades de conservação, tombados, de reservas indígenas, de comunidades tradicionais ou
remanescentes de quilombos, cercados por áreas de baixa ocupação, com características de orla
exposta, semi-abrigada ou abrigada;
V - abrigada em processo de urbanização: ambiente protegido da ação direta das ondas, ventos e
correntes, com baixo a médio adensamento de construções e população residente, com indícios de
ocupação recente, paisagens parcialmente modificadas pela atividade humana e médio potencial
de poluição;
VI - semi-abrigada em processo de urbanização: ambiente parcialmente protegido da ação direta
das ondas, ventos e correntes, com baixo a médio adensamento de construções e população
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residente, com indícios de ocupação recente, paisagens parcialmente modificadas pela atividade
humana e médio potencial de poluição;
VII - exposta em processo de urbanização: ambiente sujeito à alta energia de ondas, ventos e
correntes com baixo a médio adensamento de construções e população residente, com indícios de
ocupação recente, paisagens parcialmente modificadas pela atividade humana e médio potencial
de poluição;
VIII - de interesse especial em áreas em processo de urbanização: ambientes com ocorrência de
áreas militares, de tráfego aquaviário, com instalações portuárias, com instalações geradoras de
energia, de unidades de conservação, tombados, de reservas indígenas, de comunidades
tradicionais ou remanescentes de quilombos, cercados por áreas de baixo a médio adensamento
de construções e população residente, com características de orla exposta, semi-abrigada ou
abrigada;
IX - abrigada com urbanização consolidada: ambiente protegido da ação direta das ondas, ventos
e correntes, com médio a alto adensamento de construções e população residente, paisagens
modificadas pela atividade humana, multiplicidade de usos e alto potencial de poluição sanitária,
estética e visual;
X - semi-abrigada com urbanização consolidada: ambiente parcialmente protegido da ação direta
das ondas, ventos e correntes, com médio a alto adensamento de construções e população
residente, paisagens modificadas pela atividade humana, multiplicidade de usos e alto potencial de
poluição sanitária, estética e visual;
XI - exposta com urbanização consolidada: ambiente sujeito a alta energia de ondas, ventos e
correntes, com médio a alto adensamento de construções e população residente, paisagens
modificadas pela atividade humana, multiplicidade de usos e alto potencial de poluição sanitária,
estética e visual;
XII - de interesse especial em áreas com urbanização consolidada: ambientes com ocorrência de
áreas militares, de tráfego aquaviário, com instalações portuárias, com instalações geradoras e
transmissoras de energia, de unidades de conservação, tombados, de reservas indígenas, de
comunidades tradicionais ou remanescentes de quilombos, cercados por áreas de médio a alto
adensamento de construções e população residente, com características de orla exposta, semi-
abrigada ou abrigada.
Art 27. Para efeito da classificação mencionada no inciso II do art. 25, os trechos da orla marítima
serão enquadrados nas seguintes classes genéricas:
I - classe A: trecho da orla marítima com atividades compatíveis com a preservação e conservação
das características e funções naturais, possuindo correlação com os tipos que apresentam
baixíssima ocupação, com paisagens com alto grau de conservação e baixo potencial de poluição;
II - classe B: trecho da orla marítima com atividades compatíveis com a conservação da qualidade
ambiental ou baixo potencial de impacto, possuindo correlação com os tipos que apresentam baixo
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a médio adensamento de construções e população residente, com indícios de ocupação recente,
paisagens parcialmente modificadas pela atividade humana e médio potencial de poluição;
III - classe C: trecho da orla marítima com atividades pouco exigentes quanto aos padrões de
qualidade ou compatíveis com um maior potencial impactante, possuindo correlação com os tipos
que apresentam médio a alto adensamento de construções e população residente, com paisagens
modificadas pela atividade humana, multiplicidade de usos e alto potencial de poluição sanitária,
estética e visual.
Art 28. Para as classes mencionadas no art. 27 serão consideradas as estratégias de ação e as
formas de uso e ocupação do território, a seguir indicadas:
I - classe A: estratégia de ação preventiva, relativa às seguintes formas de uso e ocupação:
a) unidades de conservação, em conformidade com o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza - SNUC, predominando as categorias de proteção integral;
b) pesquisa científica;
c) residencial e comercial local em pequenas vilas ou localidades isoladas;
d) turismo e lazer sustentáveis, representados por complexos ecoturísticos isolados em meio a
áreas predominantemente nativas;
e) residencial e lazer em chácaras ou em parcelamentos ambientalmente planejados, acima de
cinco mil metros quadrados;
f) rural, representado por sítios, fazendas e demais propriedades agrícolas ou extrativistas;
g) militar, com instalações isoladas;
h) manejo sustentável de recursos naturais;
II - classe B: estratégia de ação de controle relativa às formas de uso e ocupação constantes da
classe A, e também às seguintes:
a) unidades de conservação, em conformidade com o SNUC, predominando as categorias de uso
sustentável;
b) aqüicultura;
c) residencial e comercial, inclusive por populações tradicionais, que contenham menos de
cinqüenta por cento do seu total com vegetação nativa conservada;
d) residencial e comercial, na forma de loteamentos ou balneários horizontais ou mistos;
e) industrial, relacionada ao beneficiamento de recursos pesqueiros, à construção e reparo naval
de apoio ao turismo náutico e à construção civil;
f) militar;
g) portuário pesqueiro, com atracadouros ou terminais isolados, estruturas náuticas de apoio à
atividade turística e lazer náutico; e
h) turismo e lazer;
III - classe C: estratégia de ação corretiva, relativa às formas de uso e ocupação constantes da
classe B, e também às seguintes:
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a) todos os usos urbanos, habitacionais, comerciais, serviços e industriais de apoio ao
desenvolvimento urbano;
b) exclusivamente industrial, representado por distritos ou complexos industriais;
c) industrial e diversificado, representado por distritos ou complexos industriais;
d) militar, representado por complexos militares;
e) exclusivamente portuário, com terminais e marinas;
f) portuário, com terminais e atividades industriais;
g) portuário, com terminais isolados, marinas e atividades diversas (comércio, indústria, habitação
e serviços); e
h) turismo e lazer, representado por complexos turísticos.
Art 29. Para execução das ações de gestão na orla marítima em áreas de domínio da União,
poderão ser celebrados convênios ou contratos entre a Secretaria do Patrimônio da União e os
Municípios, nos termos da legislação vigente, considerando como requisito o Plano de Intervenção
da orla marítima e suas diretrizes para o trecho considerado.
Seção IV
Das Competências
Art 30. Compete ao Ministério do Meio Ambiente, em articulação com o IBAMA e os órgãos
estaduais de meio ambiente, por intermédio da Coordenação do PEGC, preparar e manter
atualizados os fundamentos técnicos e normativos para a gestão da orla marítima, provendo meios
para capacitação e assistência aos Municípios.
Art 31. Compete aos órgãos estaduais de meio ambiente, em articulação com as Gerências
Regionais de Patrimônio da União, disponibilizar informações e acompanhar as ações de
capacitação e assistência técnica às prefeituras e gestores locais, para estruturação e
implementação do Plano de Intervenção.
Art 32. Compete ao Poder Público Municipal elaborar e executar o Plano de Intervenção da Orla
Marítima de modo participativo com o colegiado municipal, órgãos, instituições e organizações da
sociedade interessados.
CAPÍTULO V
DAS REGRAS DE USO E OCUPAÇÃO DA ORLA MARÍTIMA
Art 33. As obras e serviços de interesse público somente poderão ser realizados ou implantados
em área da orla marítima, quando compatíveis com o ZEEC ou outros instrumentos similares de
ordenamento do uso do território.
Art 34. Em áreas não contempladas por Plano de Intervenção, o órgão ambiental requisitará
estudos que permitam a caracterização e classificação da orla marítima para o licenciamento
ambiental de empreendimentos ou atividades.
CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E COMPLEMENTARES
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Art 35. Para efeito de integração da gestão da zona costeira e da orla marítima, os estudos e
diretrizes concernentes ao ZEEC serão compatibilizados com o enquadramento e respectivas
estratégias de gestão da orla, conforme disposto nos Anexos I e II e nas seguintes correlações:
I - as zonas 1 e 2 do ZEEC têm equivalência de características com a classe A de orla marítima;
II - as zonas 3 e 4 do ZEEC têm equivalência de características com a classe B de orla marítima;
III - a zona 5 do ZEEC tem equivalência de características com a classe C de orla marítima.
Parágrafo único. Os Estados que não utilizaram a mesma orientação para o estabelecimento de
zonas, deverão compatibilizá-la com as características apresentadas nos referidos anexos.
Art 36. As normas e disposições estabelecidas neste Decreto para a gestão da orla marítima
aplicam-se às ilhas costeiras e oceânicas.
Parágrafo único. No caso de ilhas sob jurisdição estadual ou federal, as disposições deste Decreto
serão aplicadas pelos respectivos órgãos competentes.
CAPÍTULO VII
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Art 37. Compete ao Ministério do Meio Ambiente, em articulação com o Ministério do Turismo, o
Instituto Brasileiro de Turismo - EMBRATUR e a Secretaria do Patrimônio da União, desenvolver,
atualizar e divulgar o roteiro para elaboração do Plano de Intervenção da orla marítima.
Art 38. Compete ao Ministério do Meio Ambiente, em articulação com o IBAMA, definir a
metodologia e propor ao CONAMA normas para padronização dos procedimentos de
monitoramento, tratamento, análise e sistematização dos dados para elaboração do RQA-ZC, no
prazo de trezentos e sessenta dias a partir da data de publicação deste Decreto.
Art 39. Compete ao Ministério do Meio Ambiente, em articulação com o IBAMA, elaborar e
encaminhar ao CONAMA proposta de resolução para regulamentação da implantação de recifes
artificiais na zona costeira, no prazo de trezentos e sessenta dias a partir da data de publicação
deste Decreto.
Art 40. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
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