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Saneamento I

Rede de distribuição de
água
Prof. Dr. Rodrigo Braz Carneiro
rcarneiro@unicep.edu.br
Conteúdo programático da aula
 Tipos e classificação das redes de distribuição

 Formas de distribuição de água

 Pressões máximas e mínimas

 Critérios de dimensionamento

 Dimensionamento de redes ramificadas


SAA – Redes de distribuição
Rede de distribuição de água é a parte do sistema de abastecimento formada
de tubulações e acessórios, destinados a fornecer água potável à
disposição dos consumidores, de forma contínua, em quantidade,
qualidade e pressão adequadas.

A rede de distribuição é, em geral, o componente de maior custo do


sistema de abastecimento de água, compreendendo cerca de 50 a 75%
do custo total de todas as obras de abastecimento.

Este valor pode ser maior ou menor em função do tipo


de pavimentação das vias, por exemplo.
As redes de distribuição são a parte do sistema que
não costuma estar sob constante vigilância
(diferente da ETA, onde há uma equipe de
operação ininterruptamente).

Por estarem enterradas, o acesso às redes de


distribuição podem ser difícil e complexo.

Por ser a parte do sistema mais próxima do


consumidor, devem ser operadas com atenção,
principalmente no que diz respeito à qualidade da
água e perdas de água.
 Principal ou primária: tubulações de maiores diâmetros (p/ tubos
secundários)
 Secundária: tubulações menores (diretamente p/ os consumidores)
 Rede ramificada: traçado é aberto, cada ponto da rede é atendido por um caminho
único.
 Inconveniente  todo o abastecimento fica sujeito ao funcionamento de uma única
canalização principal.
 Uma interrupção acidental em um conduto mestre prejudica sensivelmente as áreas
situadas à jusante de onde ocorreu o acidente.
 Rede malhada: os condutos principais formam circuitos ou anéis e são
interligados, lembrando uma disposição de malha.
 Não se pode estabelecer a priori o sentido de escoamento da água. Como a
circulação pode efetuar-se tanto num sentido da tubulação como no outro,
este tipo de rede apresenta maior eficiência que o primeiro tipo.
 Uma eventual interrupção no conduto mestre não causará transtornos, pois a
água escoará em direção contrária à anterior para atender a nova situação
criada pela interrupção.
Rede malhada em anéis Rede malhada em blocos
 Rede mista: Possui anéis e trechos ramificados.
Diferentes alternativas podem e são utilizadas para o
fornecimento de água para uma rede:

• através de um único reservatório de montante

• com elevatória a montante ou em linha atendendo parte da rede


(booster)

• com reservatórios de sobras (a jusante)

•sistemas complexos com múltiplos reservatórios, boosters e


válvulas redutoras de pressão.
FORNECIMENTO DE ÁGUA PARA A REDE
FORNECIMENTO DE ÁGUA PARA A REDE
FORNECIMENTO DE ÁGUA PARA A REDE
FORNECIMENTO DE ÁGUA PARA A REDE

Aumento da
pressão na rede.
• Pressão Estática Máxima: 500 kPa (50 mca)

calculada em condição de vazão nula e imposta pelo nível máximo nos


reservatórios ou pressões máximas nas elevatórias presentes no sistema.

• Pressão Dinâmica Mínima: 100 kPa (10 mca)

•calculada com demanda de pico no dia e hora de maior consumo e reservatórios


nos níveis mínimos.

Para atender esses limites é comum ser


necessária a divisão da rede em zonas de
pressão e uso combinado de reservatórios
apoiados ou elevados em diferentes cotas,
boosters e válvulas redutoras de pressão.
ATENDIMENTO E ZONAS DE PRESSÃO
O dimensionamento compreende a determinação dos seguintes parâmetros:
- Diâmetro das tubulações;
- Vazões nos trechos;
- Perdas de carga nos trechos;
- Cotas piezométricas nos nós (avaliar pressões disponíveis);
- Velocidades de escoamento.

Não há uma solução apenas. Existem sempre várias soluções, devendo ser
encontrada aquela que possua o menor custo.
Vazão específica (qi) por
unidade de área (L/s.ha)
ou vazão específica por
comprimento de rede
(L/s.km)
• Velocidade mínima = 0,6 m/s (NBR 12218/1994)

Velocidades baixas  favorecem durabilidade das tubulações, diminuem perdas


de cargas, mas favorecem o depósito de materiais existentes na água.

• Velocidade máxima  as velocidades máximas de dimensionamento devem


corresponder a uma perda de carga de até 10 m/km (0,01m/m). Para se ter uma
referência, a NBR 12218 de 1994 falava em velocidade máxima de 3,5 m/s

Velocidades altas diminuem o diâmetro das tubulações, reduzindo custos,


entretanto aumentam as perdas de carga. Causam ruídos, favorecem desgaste por
abrasão e cavitação de peças e válvulas.
V  2m / s

D
4Q 4Q
 V V 
 D 2
Vmáx
DN (mm) DN (m) Qmáx (L/s)
(m/s)
50 0,050 0,68 1,3
75 0,075 0,71 3,1
𝑸 = 𝑽. 𝑨 100 0,100 0,75 5,9
150 0,150 0,83 14,6
𝝅. 𝑫𝑵𝟐 200 0,200 0,90 28,3
𝑸 = 𝑽.
𝟒 250 0,250 0,98 47,9
300 0,300 1,05 74,2
350 0,350 1,13 108,2
400 0,400 1,20 150,8
450 0,450 1,28 202,8
500 0,500 1,35 265,1
550 0,550 1,43 338,6
600 0,600 1,50 424,1
Métodos de dimensionamento
REDES RAMIFICADAS – SEGUE SEQUÊNCIA DO FLUXO
• Fixam-se os limites de pressão e de velocidade de escoamento para o
bom funcionamento da rede;

• Admitem-se os valores para os diâmetros dos vários trechos em função


das velocidades limites (as vazões são conhecidas);

• Calculam-se os valores das pressões nos pontos de interesse da rede;

• Verificam-se as condições impostas de pressão e perdas de carga.


Caso não estiverem de acordo alteram-se os diâmetros e repetem-se os
cálculos, até que as pressões sejam satisfatórias.
Preencher Tabela de dimensionamento.
Cota Pressão
Trecho L Q (L/s) DN Vel J ΔH Cota terreno
piezométrica disponível
m Jus. Marcha Mont. Fictícia mm m/s (m/m) m Mont. Jus. Mont. Jus. Mont. Jus.

- Vazão de jusante (Qj) = igual à zero nas extremidades da rede


- Vazão do trecho (Qt) (Vazão em marcha) = qm x L (comprimento do trecho)
- Vazão a montante (Qm) = Qj + Qt
- Vazão fictícia (Qf) = (Qm + Qj) / 2  vazão suposta constante ao longo do trecho.
- Escolhe-se o diâmetro em função da Tabela de diâmetros
- qm é a vazão distribuída por metro linear de tubulação (vazão específica)
Preencher Tabela de dimensionamento.
Cota Pressão
Trecho L Q (L/s) DN Vel J ΔH Cota terreno
piezométrica disponível
m Jus. Marcha Mont. Fictícia mm m/s (m/m) m Mont. Jus. Mont. Jus. Mont. Jus.

- Velocidade máxima no trecho para verificação V = Qm/A ∆𝐻 10,65 . 𝑄1,85 .


𝐽= = ∆𝐻 = J. L
- J – perda de carga fórmula de Hazen-Willians 𝐿 𝐶 1,85 . 𝐷4,87

- Verificar os limites recomendados


Projetar uma rede de distribuição de água (ramificada) de uma vila conforme
esquema a seguir, para uma população futura prevista de 840 hab, consumo
per capita = 200 L/hab.d; k1=1,25; k2=1,5; pressão mínima exigida na rede
= 15 m.c.a; material aço C = 90. A extensão de cada trecho da rede e as
cotas topográficas se encontram na Tabela a seguir.

trecho L (m) Cota terreno (m)


Montante Jusante
1 90 67,2 63,8
2 130 60,5 67,2
3 60 69,5 72,0
4 110 77,4 69,5
5 70 71,7 67,2
6 110 77,4 71,7
7 130 77,4 79,0
8 80 85,8 77,4
9 70 85,8 84,0
10 60 97,7 85,8
11 120 112,0 97,7
Solução - vide planilha de dimensionamento da rede
Trecho L (m) Q (L/s) DN (mm) V (m/s) J (m/m) DH (m) Cota piezométrica Cota terreno Pressão disponível
Jusante Marcha Montante Fictícia Q/A Montante Jusante Montante Jusante Montante Jusante
1 90 0,00 0,32 0,32 0,16 50 0,16 0,0005 0,047 110,4 110,3 67,2 63,8 43,2 46,5
2 130 0,32 0,46 0,78 0,55 50 0,40 0,0052 0,676 111,1 110,4 60,5 67,2 50,6 43,2
3 60 0,00 0,21 0,21 0,11 50 0,11 0,0002 0,015 111,1 111,0 69,5 72,0 41,6 39,0
4 110 0,99 0,39 1,38 1,19 75 0,31 0,0030 0,330 111,4 111,1 77,4 69,5 34,0 41,6
5 70 0,00 0,25 0,25 0,12 50 0,13 0,0003 0,023 111,0 111,0 71,7 67,2 39,3 43,8
6 110 0,25 0,39 0,64 0,44 50 0,32 0,0035 0,384 111,4 111,0 77,4 71,7 34,0 39,3
7 130 0,00 0,46 0,46 0,23 50 0,23 0,0010 0,135 111,4 111,3 77,4 79,0 34,0 32,3
8 80 2,48 0,28 2,76 2,62 75 0,62 0,0130 1,040 112,4 111,4 85,8 77,4 26,6 34,0
9 70 0,00 0,25 0,25 0,12 50 0,13 0,0003 0,023 112,44 112,41 85,8 84,0 26,6 28,4
10 60 3,01 0,21 3,22 3,11 100 0,41 0,0044 0,265 112,70 112,44 97,7 85,8 15,0 26,6
11 120 3,22 0,42 3,65 3,43 100 0,46 0,0053 0,634 113,33 112,70 112,0 97,7 1,3 15,0

112,7 (cota do terreno do reservatório na base)


+1,3 (pressão necessária no início) = 113,3 Altura mínima do nível da
(cota mínima indicada do nível de água do reservatório) água do reservatório em
Ponto onde a pressão será relação ao terreno
máxima
Bibliografia básica
• BARROS, R. T. V.; CHERNICHARO, C. A. L.; HELLER, L.; VON SPERLING, M. Manual de Saneamento e
Proteção Ambiental para os Municípios: Vol 2 - Saneamento. Belo Horizonte: DESA-UFMG., 1995, 221
p.
• BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria de Consolidação nº 5, de 28 de setembro
de 2017. Brasília, 2017.
• Dl BERNARDO, L.; DANTAS, A. D. Métodos e Técnicas de Tratamento de Água. Rima Ed, 2005, 1566
p.
• LIBÂNIO, M. Fundamentos de qualidade e tratamento de água. Campinas: Ed. Átomo, 2005, 444 p.
• TSUTIYA, M. T. Abastecimento de água. Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, 3ª Ed. São Paulo: USP, 2006, 643 p.

OBSERVAÇÕES:
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mas deve utilizar as fontes bibliográficas e material complementar original para aprofundar sobre o tema e melhorar
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monografias, trabalhos ou relatórios.

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