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Sistema de águas pluviais

Do latim pluvium que significa chuva


Sistema de águas pluviais
Conjunto de calhas, condutores e demais
dispositivos que captam águas de chuva e
conduzem a um destino adequado
• Evita alagamentos
• Diminui a erosão do solo
• Protege as edificações da umidade excessiva
• Pode servir para coleta e armazenamento
das águas pluviais para serem
reaproveitadas em lavagens de pisos, carros,
irrigação de jardins
Destino final das águas pluviais
• Disposição no terreno

• Disposição na sarjeta da rua ou por tubulação enterrada sob o


passeio, pelo sistema público, as águas pluviais chegam a um córrego
ou rio

• Cisterna (reservatório inferior) de acumulação de água para posterior


reúso
Lei municipal
Lei Municipal no 19.950:2020 que dispõe sobre o Código de Obras e
Edificações do Município de São Carlos:

Capítulo III – Das Normas Gerais das Edificações

Seção III – Das Instalações Prediais

Subseção II – Da Captação e Drenagem de Águas Pluviais


Lei municipal
Art. 84. As águas pluviais deverão ser encaminhadas até o reservatório
de detenção, retenção ou infiltração e o excesso canalizado sob o
passeio público até a sarjeta ou sistema de drenagem urbana, quando
existente, observado o disposto no § 1o do art. 78.
Parágrafo único. Em casos especiais de impossibilidade de conduzir as
águas pluviais às sarjetas, será permitido o seu lançamento nas galerias
de águas pluviais e em córregos e rios, desde que haja a aprovação
pelo órgão competente.
§ 1o do art. 78 Quando a área impermeabilizada for menor que 50 % da área do
lote/unidade será dispensada a construção de reservatório.
Lei municipal
Art. 85. O reservatório de detenção, retenção ou infiltração deverá ter
volume calculado na razão de 5 L para cada metro quadrado
impermeabilizado do lote/unidade.

Art. 86. O reservatório de detenção, retenção ou infiltração deverá ser


executado dentro do próprio lote.

Art. 87. As águas pluviais não poderão ser lançadas na rede de esgoto.

Art. 87-A. É proibido o despejo de águas pluviais sobre as calçadas.


Norma técnica
ABNT NBR 10.844:1989 – Instalações prediais de águas pluviais

ABNT NBR 15.527:2019 – Aproveitamento de água de chuva de


cobertura para fins não potáveis – Requisitos
Componentes do sistema de coleta de águas pluviais
Calha: canal, em formato
semicircular (meia lua) ou
retangular, que intercepta e recolhe
as águas de chuva de uma cobertura

Condutor vertical (prumada de


descida): tubulação de descida que
conduz a água do bocal da calha até
o piso ou condutor horizontal
Componentes do sistema de coleta de águas pluviais
Caixa de areia: caixa utilizada nos
condutores horizontais para
recolher detritos contidos nas
tubulações, além de permitir a
inspeção do sistema

Pode possuir grelha para também


coletar águas do piso
Caixa de areia
Componentes do sistema de coleta de águas pluviais
Condutor horizontal: tubulação
enterrada que recolhe e conduz a água
até o destino final

Caixa de passagem: interliga as


tubulações enterradas e permite
inspeção do sistema

Válvula de retenção: impede o retorno


da água em inundações, enchentes,
refluxo de marés, entupimentos,
vazões elevadas em períodos de chuva
Telhado
Águas: jargão técnico para a área plana que conduz as águas de chuva
para uma mesma direção

Uma água Duas águas


Telhado
Platibanda: pequena murada utilizada para esconder o telhado
Telhado
Beiral: beirada (prolongamento) Testeira: peça de madeira
do telhado além das paredes colocada abaixo do telhado,
para esconder os caibros,
permitindo melhor acabamento

Os telhados com beiral podem ser com ou sem testeira


Telhado
Rincão ou água furtada: canal Cumeeira: parte mais alta do
entre duas águas de telhado por telhado, onde as águas do
onde correm as águas de chuva telhado se encontram
Telhado
Mansarda: sótão com janelas que saem sobre as águas do telhado
Telhado
Tesoura: armação triangular usada para
sustentar o telhado

Terça: viga que sustenta os caibros do


telhado

Caibro: espécie de viga que sustenta as ripas


do telhado

Ripas: travessas onde são colocadas as telhas


Calha de platibanda
(instalada na linha de encontro da cobertura com a platibanda)

Calha Platibanda Galvanizada C28 3m – Calha Forte


Calha de beiral
(instalada na linha de beiral da cobertura)
Limpeza das calhas em telhados
É muito comum, depois de um período de uso, as calhas acumularem
sujeiras e folhas no seu interior, afetando o bom desempenho do
sistema. Por este motivo é indicado fazer limpeza periódica no interior
das calhas
Recomendações
• Os tubos de PVC a serem adotados nos sistemas prediais de águas
pluviais devem ser da linha esgoto Série Reforçada

• A ligação entre os condutores verticais e horizontais deve ser feita


com curva de raio longo, com caixa de inspeção ou caixa de areia,
estando o condutor horizontal aparente ou enterrado
Recomendações
• O diâmetro comercial mínimo dos condutores verticais é de DN 75

• A inclinação das calhas de platibanda e beiral deve ser uniforme, com


valor mínimo de 0,5 % (significa que em cada 1 m de tubo na
horizontal, tem-se 5 mm de desnível vertical)
Estimativa de precipitação e de vazão
Considera-se para dimensionamento as chuvas de grande intensidade e
curta duração, de modo que as águas sejam drenadas integralmente e
em espaço de tempo muito pequeno, evitando-se ocorrência de
transbordamentos das calhas e condutores, o que causaria
alagamentos e infiltrações
Altura pluviométrica

Quantidade de água por unidade de área horizontal

Medida pela altura que a água atingiria se fosse mantida no local (sem
infiltrar, escoar ou evaporar)

Unidade: milímetro (mm)


Altura pluviométrica

Por definição:
1 mm de chuva corresponde a 1 litro de água distribuído sobre uma
área de 1 metro quadrado
Altura pluviométrica

Exemplo:
Previsão de chuva de 10 mm no dia, significa que choverá 10 L de água
em 1 m2
Intensidade da precipitação

A precipitação é expressa por sua intensidade, que normalmente é


medida em milímetros de altura d’água por hora (mm/h)

Costuma-se considerar como chuva crítica:


• a chuva de 150 mm/h a 170 mm/h
• onde a extrema segurança é necessária, adota-se 216 mm/h
Intensidade pluviométrica para São Carlos

−0,202
33.358,903𝑇𝑅
𝑖= 1,458𝑇𝑅 −0,070
𝑡 + 43
em que:
i – intensidade da chuva, correspondente à duração t e ao período de
retorno T, em mm/h
t – duração da chuva, em min
TR – período de retorno, em anos
Intensidade pluviométrica

• Precipitações Intensas no Estado de São Paulo (Martinez Jr. e Magni, 2014)

• Precipitações Intensas na Bacia do Alto Tietê (Martinez Jr. e Piteri, 2015)

• A partir de séries longas e confiáveis de dados de postos pluviométricos


permite a geração de curvas e tabelas representando as relações entre
intensidade, duração e frequência. Em diversas localidades, os órgãos
ambientais relacionados com os recursos hídricos da região fornecem a
localização dos postos pluviométricos e as curvas de precipitação de projeto
Período de retorno ou tempo de recorrência

É o período de tempo médio (em anos) que um determinado evento


hidrológico é igualado ou superado pelo menos uma vez

Obra Período
de retorno
Áreas pavimentadas onde podem ser toleradas poças 1 ano
Coberturas e terraços 5 anos
Coberturas e áreas onde empoçamentos não possam ser tolerados 25 anos
Coeficiente de escoamento superficial
(coeficiente de deflúvio, coeficiente de runoff)

𝑒𝑠𝑐𝑜𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
𝐶=
𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑖𝑡𝑎çã𝑜
C = 0 nenhum escoamento
C = 1 escoamento completo (superfície de escoamento 100%
impermeável)
Área de contribuição

Área da construção que recebe água de chuva e de lavagem de piso,


podendo ser telhados, terraços, paredes expostas ao tempo, etc.

ABNT NBR 10844:1989 fornece critérios para determinar a área de


contribuição considerando que as chuvas não caem horizontalmente

De acordo com a norma, no cálculo da área de contribuição, devem-se


considerar os incrementos devidos à inclinação da cobertura e às
paredes que interceptam água de chuva que também deva ser drenada
pela cobertura
Área de contribuição

As superfícies verticais interceptarão águas de chuva que também


serão direcionadas para a calha. Se a calha for dimensionada para
apenas dar conta da chuva que incide sobre o pano de telhado,
certamente transbordará sempre que ocorra uma chuva mais intensa,
permitindo que um bom volume de água penetre por sobre o forro ou
laje de teto
A – área de contribuição
a – largura da água (plano do telhado)
h – altura do telhado
b – comprimento do telhado
Método racional

𝑄 =𝐶∙𝑖∙𝐴

em que:
Q – vazão de projeto
C – coeficiente de escoamento superficial (deflúvio ou runoff)
i – intensidade da precipitação
A – área de contribuição
Dimensionamento das calhas
(hidráulica de canais)
Equação da continuidade: 𝑄 =𝑣∙𝑆
1 2/3 1/2
Equação de Manning: 𝑣 = ∙ 𝑅𝐻 ∙𝐼
𝑛
em que:
Q – vazão de projeto
RH – raio hidráulico
I – declividade da calha (relação entre a altura disponível pelo comprimento da calha)
S – área da seção molhada
n – coeficiente de rugosidade de Manning (tabelado)
Coeficientes de rugosidade de Manning
Material n
Plástico, fibrocimento, aço, metais não ferrosos 0,011
Ferro fundido, concreto alisado, alvenaria revestida 0,012
Cerâmica, concreto não alisado 0,013
Alvenaria de tijolos não revestida 0,015
ABNT NBR 10844:1989
Prestar atenção a declividade para que o desnível não seja grande, o
que pode tornar inviável em termos construtivos ou estéticos

Para calhas de beiral ou platibanda é conveniente aumentar a vazão


estimada de projeto de 15 % a 20 %, para levar em conta as mudanças
de direção do condutor vertical ligado à calha e a localização de sua
inserção na calha
Calhas de seção semicircular

A tabela fornece as capacidades de calhas semicirculares, para n = 0,011,


para alguns valores de declividade. As capacidades das calhas foram
calculadas com lâmina d’água igual à metade do diâmetro interno
Capacidades de calhas semicirculares para n = 0,011
(vazão em L/min)
Diâmetro Declividades
interno (mm) 0,5 % 1,0 % 2,0 %
100 130 183 256
125 236 333 466
150 384 541 757
200 829 1167 1634
ABNT NBR 10844:1989
Calhas de seção retangular

A projeção horizontal
da telha sobre a
calha deve situar-se a
1/3 de sua largura
Dimensões da calha de seção retangular em função do
comprimento do telhado
Comprimento do telhado (m) Largura da calha (m)
Até 5 0,15
5 a 10 0,20
10 a 15 0,30
15 a 20 0,40
20 a 25 0,50
25 a 30 0,60
Entende-se como comprimento do telhado a medida na direção do
escoamento da água
Dimensionamento dos condutores verticais
Como são peças verticais, seu dimensionamento não pode ser feito
pelas fórmulas de escoamento em canal
Condutores verticais - dimensionamento

ABNT NBR 10.844:1989 apresenta dois ábacos para escolha de


condutores verticais:

• Calha com saída em aresta viva


• Calha com funil de saída
Condutores verticais - dimensionamento

O dimensionamento dos condutores verticais deve ser feito a partir dos


seguintes dados:

• Q – Vazão de projeto, em L/min


• H – altura da lâmina d’água na calha, em mm
• L – comprimento do condutor vertical, em m

O diâmetro interno (D) do condutor vertical é obtido através de ábacos


Condutores verticais - dimensionamento

A altura da lâmina d’água na calha (H), geralmente, utiliza-se


𝐷
• para calhas semicirculares: 𝐻 =
2

𝑎
• para calhas retangulares: 𝐻 =
2
Calha com saída em aresta viva
Calha com funil de saída
Procedimento para uso do ábaco:

• Levantar uma vertical por Q até interceptar as curvas H e L


correspondentes
• No caso de não haver curvas dos valores de H e L, interpolar entre as
curvas existentes
• Transportar a interseção mais alta até o eixo D
• Adotar o diâmetro nominal cujo diâmetro interno seja superior ou
igual ao valor encontrado
Condutores verticais – pré-dimensionamento

Critério simplificado: relaciona a área do telhado com a seção do


condutor

• Fixar o diâmetro
• Determinar o número de condutores (n) considerando a área máxima
de telhado que cada diâmetro pode escoar (tabela)

á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜 𝑑𝑜 𝑡𝑒𝑙ℎ𝑎𝑑𝑜 𝐴𝑡


𝑛=
á𝑟𝑒𝑎 𝑒𝑠𝑐𝑜𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟 𝐴𝑐
Área máxima de cobertura para
condutores verticais de seção circular
Diâmetro Vazão Área máxima de
(mm) (L/s) cobertura (m2)
50 0,57 14
75 1,76 42
100 3,78 90
125 7,00 167
150 11,53 275
200 25,18 600
Para chuva de 150 mm/h
Condutores verticais

Os condutores verticais devem ser projetados, sempre que possível, em


uma só prumada

Quando houver necessidade de desvio, devem ser usadas curvas de 90o


de raio longo ou curvas de 45o

Diâmetro mínimo dos condutores verticais deve ser de 75 mm


Dimensionamento dos condutores horizontais
Em geral, são utilizadas tubulações circulares

Os condutores horizontais devem ser projetados com declividade


uniforme, com valor mínimo de 0,5%
Condutores horizontais

ABNT NBR 10.844:1989 recomenda:

• Nas tubulações aparentes, devem ser previstas visitas de inspeção


sempre que houver conexões com outra tubulação, mudança de
declividade, mudança de direção e ainda a cada trecho de 20 m nos
percursos retilíneos

• Nas tubulações enterradas, em vez de visitas de inspeção, devem ser


previstas caixas de inspeção para esses casos
Rede coletora de águas pluviais
Condutores horizontais – dimensionamento

O dimensionamento dos condutos horizontais de seção circular deve


ser feito para escoamento livre com lâmina d’água com altura igual a
2/3 do diâmetro interno do tubo, com a declividade necessária e
suficiente para escoar com velocidade aconselhável, vencendo a perda
de carga
Capacidade de condutores horizontais de seção circular (Vazões em L/min)

As vazões foram calculadas utilizando-se a fórmula de Manning, com altura de lâmina d’água igual a 2/3

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