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O medo de dirigir é um distúrbio psicológico tão comum que tem até nome técnico:
amaxofobia. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, cerca de 6% dos
brasileiros são afetados pelo transtorno. Contudo, saná-lo é possível, como nos conta
uma especialista no assunto.
“Bati em outro carro e eu só tinha uma semana de carteira. O carro era do meu pai, e daí
veio esse trauma”, descreve ela. Apesar de a colisão ter sido leve e ninguém ter se
ferido, como nos contou Paola, a ocasião foi suficiente para causar uma impressão
marcante.
“Outras têm medo de dirigir porque tiveram um ataque de pânico quando estavam
dirigindo na rua, então associam isso com o carro. Já outros têm um perfil
perfeccionista, sentem pavor de ter um desempenho ruim e não corresponder ao que
outros esperam”, continua Simone.
Entretanto, logo depois do ocorrido, a estudante conta que já não foi capaz de comandar
o veículo. “Na hora, meu pai, que estava do meu lado, teve que assumir a direção,
porque eu não consegui nem sair do lugar”, descreve ela.
Hoje, já se passaram sete anos desde o acidente. Paola diz que já dirigiu de novo, mas
muito raramente, pois continua se sentindo desconfortável.
Assim, percebemos que o medo de dirigir pode atingir a qualquer um, até mesmo os que
mostram potencial e habilidade atrás do volante.
“A pessoa que tem esse medo pode se sentir inferiorizada por uma sociedade que cobra
saber dirigir como se fosse uma coisa trivial. Mas não é, e ela não está sozinha.
Milhares de pessoas passam por isso, existe ajuda e ela pode vencer esse medo”,
assegura Simone Hazin, psicóloga especializada na questão.
A depender das instruções dadas pela psicóloga, o instrutor vai pedir – ou não – para o
aluno realizar determinadas tarefas. Ao mesmo tempo, a pessoa continua fazendo um
acompanhamento psicológico com a terapeuta.
“Eu passo informações de como está aquela pessoa, e falo para o instrutor como quero
que ele a conduza. Também sempre lembro aos clientes que se a ansiedade estiver
muito alta, não quero que ultrapasse esse nível, porque não quero que aquilo vire uma
angústia”, explica Simone.
“Quando trabalhamos com medo, é preciso expor a pessoa ao que é temido, mas isso
não pode ser feito de uma maneira qualquer”, explica ela. “O processo deve ser
gradativo”, continua.
Por isso, a psicóloga entende que, ainda que seja possível superar a dificuldade sozinho,
pode ser mais difícil, e trazer mais sofrimento. Portanto, recomenda que a pessoa
procure ajuda profissional.
Além disso, é importante entender que o medo de dirigir representa um risco para a
segurança, tanto do próprio indivíduo, quanto de terceiros, lembra Simone.
Como a pessoa está dominada pelo nervosismo, ficará propensa ao erro. Quando errar,
ficará ainda mais nervosa. Assim, terá cada vez menos condições de prestar atenção ao
seu entorno e se concentrar na tarefa de conduzir o veículo, explica. “O risco de bater ou
fazer alguma coisa mais séria é real”, resume a especialista.
Por fim, a psicóloga lembra que, apesar da dificuldade, o trabalho vale a pena.
“Enfrentar nossos próprios fantasmas e medos é uma das coisas mais difíceis que tem,
mas é muito gratificante quando conseguimos”, comenta.
Em seu consultório, Simone conta que são raros os casos em que a pessoa não é curada.
No geral, elas são as que deixam de dirigir uma vez que terminam a terapia. Caso
contrário, seus clientes têm sucesso na terapia.
“A pessoa tem tudo para vencer, só é preciso dar o primeiro passo”, conclui ela.