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Sumário
1. Conceitos............................................................................................................................. 2
1.1. Processos mecânicos ................................................................................................... 3
1.2. Processos metalúrgicos ................................................................................................ 3
2. Processos metalúrgicos....................................................................................................... 4
2.1. Fundição ....................................................................................................................... 4
2.1.1. Etapas do processo de fundição .................................................................. 5
2.1.2. Processos de fundição ............................................................................... 11
2.1.3. Principais ligas para fundição..................................................................... 24
2.1.4. Fundição – metalurgia ................................................................................ 26
2.1.5. Defeitos de fundição................................................................................... 28
2.1.6. Inspeção de peças e componentes fundidos ............................................. 33
2.1.7. Reparos e retrabalho.................................................................................. 35
2.2. Metalurgia do pó ......................................................................................................... 36
3. Processos mecânicos........................................................................................................ 38
3.1. Conformação plástica (conformação mecânica) ......................................................... 38
3.1.1. Conceitos ................................................................................................... 38
3.1.2. Classificação .............................................................................................. 40
3.1.3. Laminação.................................................................................................. 41
3.1.4. Forjamento ................................................................................................. 54
3.1.5. Trefilação e estiramento............................................................................. 62
3.1.6. Extrusão ..................................................................................................... 66
3.1.7. Estampagem .............................................................................................. 71
3.1.8. Inspeção de semi-acabados conformados mecanicamente....................... 74
4. Comparação entre processos............................................................................................ 78
4.1. Acabamento superficial............................................................................................... 78
4.2. Características microestruturais e mecânicas............................................................. 78
5. Bibliografia......................................................................................................................... 80
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1. Conceitos
Os processos de fabricação envolvendo materiais metálicos visam à produção de
componentes que tenham as propriedades necessárias à finalidade a que se destinam.
Essas se constituem em propriedades externas ou de superfície – geometria, qualidade
superficial – e propriedades intrínsecas – resistência mecânica, tenacidade, dureza,
resistência à corrosão, resistência à abrasão, isotropia, ductilidade, entre outras. Isso é
válido, quer para produtos na sua condição de uso final, quer para semi-acabados.
A conformação dos metais é uma denominação genérica que abrange os processos
utilizados para obterem-se algumas das propriedades desejáveis para um determinado
produto metálico, dentro das limitações impostas pela liga em si (composição química).
Esses processos visam, basicamente, dar forma aos metais (geometria e qualidade
superficial) embora também tenham uma forte contribuição para a obtenção de algumas
propriedades intrínsecas dos mesmos.
Podem-se dividir os processos de conformação por dois critérios básicos:
Processos mecânicos, que conformam os metais pela aplicação de tensões.
Processos metalúrgicos, que conformam os metais pela aplicação de
temperaturas.
No caso do lingotamento contínuo (em inglês, continuous ingot casting) do aço (Fig. 1), em
usinas siderúrgicas, ambos os tipos de processos ocorrem; há a solidificação do aço quase
ao mesmo tempo em que este está sendo laminado.
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Fig. 2 – fluxograma geral dos processos de conformação metálica (M. Prates, Solidificação e
Fundição de Metais e Ligas)
2. Processos metalúrgicos
2.1. Fundição
A fundição é um dos processos de conformação mais antigos da história do homem; faz
parte das atividades humanas há mais de 4.000 anos. Foi e é considerada arte, artesanato,
técnica, ciência e tecnologia / engenharia. Ainda é um pouco de tudo isso; os processos hoje
utilizados foram desenvolvidos de forma empírica e ainda nos nossos dias a fundição tem
um forte componente prático e tradicional baseado na experiência dos mestres de fundição.
Mas a tecnologia também está presente e muitos processos de fundição foram
desenvolvidos a partir de concepções de engenharia e com o uso de metodologia científica.
O processo consiste no preenchimento de um molde (em inglês, molde, die ou matrix) cujo
vazio interno possui o formato da peça que se quer obter, com metal fundido (em inglês, cast
metal). O metal líquido irá ocupar esse vazio, denominado de "cavidade do molde" (em
inglês, mold cavity) e se solidificará no formato da peça. Após o resfriamento, o molde é
aberto para a desmoldagem (em inglês, shakeout) (vide 2.1.1.5) e a peça assim obtida é
denominada "como fundida" (em inglês, as cast) ou no estado "bruto de fusão" (em inglês,
rough-cast).
Além da cavidade do molde, são necessários outros vazios, para encaminhar o metal líquido
até a(s) cavidade(s) do molde, denominados "canais" (em inglês, gate) e para alimentação
da peça durante a solidificação, denominados "massalotes", "montantes" ou "alimentadores"
(vide 2.1.1.4).
A fundição permite a obtenção de peças de geometria complexa. Presta-se à produção de
componentes dos mais variados tamanhos e massas. Por outro lado, tem restrições para se
conseguir tolerâncias dimensionais estreitas e acabamento superficial de baixa rugosidade.
As propriedades mecânicas e a tenacidade de um metal ou liga fundido são sempre piores
em relação às propriedades correspondentes obtidas por conformação mecânica, para o
mesmo metal ou liga. Outra restrição são peças com paredes muito finas ou de geometria
muito intrincada aliada a tolerâncias dimensionais mais estreitas que não podem ser obtidas
por usinagem posterior. Algumas peças obtidas por esse processo podem ser vistas na Fig.
3.
Os metais mais utilizados são: ferros fundidos, pela facilidade de obtenção e baixo custo que
representam; aços; alumínio e suas ligas; ligas de cobre (latão, bronze); de chumbo; de
estanho; de zinco (zamak); de níquel e de magnésio.
As áreas atendidas pela fundição também são muito variadas. Desde vasos de pressão,
bombas, válvulas, tubulação, componentes de máquinas, carcaças e autopeças até tampos
de bueiros, passando por objetos de decoração e arte (esculturas), móveis, próteses e
órteses para aplicação médica e odontológica e ourivesaria.
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2.1.1.1. Fusão
A etapa de fusão (em inglês, fusion ou melting) é realizada a partir de fornos, onde a carga
pode ser composta de sucata (em inglês, scrap ou junk) lingotes (em inglês, ingot) de
primeira fusão, ligas-mãe (em inglês, master alloy), inoculantes (em inglês, inoculant) e
escória (em inglês, slag). Os mais comuns são os fornos a combustível (em inglês, fuel fired
furnace) (Fig. 4) e os elétricos (em inglês, electric furnace) (Fig. 5).
Nessa etapa pode ser feito, se necessário, o refino da liga, por oxidação de impurezas, pelo
uso controlado de escória ou por borbulhamento de gases. A composição do banho é
verificada durante o processo e imediatamente antes do vazamento (em inglês, pouring) da
corrida, para os devidos acertos dos teores de elementos de liga, utilizando-se ligas-mãe ou
metal base, com lingotes de primeira fusão.
É comum que o metal líquido seja vazado em um recipiente intermediário para transportá-lo
entre o forno e o(s) molde(s); este recipiente leva o nome de "panela de vazamento" [em
inglês, pouring (basket ou box)] (Fig. 6).
Alguns tratamentos, denominados de inoculação (em inglês, inoculation), são realizados
momentos antes do vazamento ou na própria panela de vazamento. Visam uniformizar a
estrutura de solidificação (vide 2.1.4.1 e Fig. 36) e, no caso de ferros fundidos, a obtenção
de ferro fundido nodular.
O vazamento da corrida na panela é realizado a uma temperatura maior do que aquela
especificada para de enchimento do molde. A temperatura de transferência do metal líquido
para a panela é denominada de "temperatura da corrida"; a temperatura de vazamento da
panela no molde (Fig. 7) é denominada "temperatura de vazamento" (em inglês, pouring
temperature) e deve ser um pouco superior à temperatura de fusão, para ser possível o
metal líquido ocupar os vazios do molde antes de iniciar a solidificação. A diferença entre a
temperatura de vazamento e a temperatura de fusão (em inglês, melting time) é denominada
"superaquecimento" (em inglês, superheating). Essa diferença não pode ser muito pequena,
para que o líquido não inicie a solidificação antes de ocupar a cavidade do molde e não pode
ser muito grande, para evitar reações com o material do molde e para reduzir os custos de
energia na etapa de fusão.
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Fig. 8 – modelo de fundição (positivo), em duas partes, para formar o vazio no molde
(negativo)
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Nem todos os projetos de molde têm todos esses elementos; por exemplo, um molde com
uma única cavidade pode ter apenas a bacia de vazamento, canal de descida, canal de
ataque e massalote.
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Fig. 12 – moldagem de uma das caixas de fundição em areia verde; montagem de modelo,
resfriadores, massalotes, respiros e canais de vazamento
2.1.1.5. Desmoldagem
O processo de abertura do molde para se ter acesso à peça fundida denomina-se
desmoldagem. São cortados os canais de alimentação e os massalotes. Em seguida, a peça
é limpa dos resíduos do molde (areia, restos de machos) e sofre uma usinagem grosseira
denominada rebarbação (em inglês, deburring).. Em seguida, a peça como fundida pode ser
tratada termicamente (ou termoquimicamente) ter algumas regiões usinadas e/ou passar por
processo de revestimento metálico, jateamento, pintura ou uma combinação destes.
Moldes de machos também são confeccionados com sílica, mas com adições de óleo
vegetal e amido, para aumentar a consistência. As caixas de macho são de madeira ou
metal e revestidas com talco ou outro material que facilite a desmoldagem.
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Fig. 16 – comparação esquemática entre o processo de areia verde, shell molding e cera
perdida
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(1) (2)
Fig. 18 – casca típica do processo shell molding (1) e vazamento do metal líquido em moldes
do tipo casca (2)
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Fig. 27 – esquema de uma máquina de injeção para fundição sob pressão; câmara quente
Fig. 28 – esquema de uma máquina de injeção para fundição sob pressão; câmara fria
Tabela 1 – famílias de ligas mais utilizadas em fundição sob pressão; faixas usuais
de temperaturas e de pressões de injeção
Famílias Faixa de temperaturas (ºC) Faixa de pressões de injeção (bar)
Ligas de alumínio 650 a 790 (845) 800 a 1.200
Ligas de zinco 180 a 250 100 a 300
Ligas de magnésio 705 a 790 700 a 1.000
Ligas de cobre 980 a 1.250 800 a 1.200
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(1) (2)
Fig. 35 – micrografias típicas de ferro fundido cinzento (1) e nodular (2)
As principais denominações normativas são:
Ferros fundidos cinzentos: a norma ASTM1 A 48 prevê 9 classes; a primeira é a classe 20 e
a última é a 60; as classes intermediárias correspondem a múltiplos de 5, a partir da classe
20. Esses números correspondem ao limite de resistência mínimo da classe, em [ksi].
A norma DIN2 1691 prevê os seguintes tipos: GG-10; GG15; GG-30; GG-35 e GG-40. Os
números que seguem as letras "GG" correspondem ao limite de resistência mínimo, em
[kgf/mm2], determinado em corpos de prova de diâmetro 30 mm, bruto de fusão, para cada
tipo.
Ferros fundidos nodulares: a norma ASTM A 536 padroniza os seguintes graus ("grade"):
60-40-18; 65-45-12; 80-55-06; 100-70-03 e 120-90-02. Para aplicações especiais, ainda são
definidos os graus 60-42-10; 70-50-05 e 80-60-03. Esses números representam o limite de
resistência e de escoamento mínimos, em [psi], divididos por 1.000 e o alongamento, em %
sobre 2", respectivamente. Por exemplo, um ferro fundido nodular conforme ASTM A 536,
grau 100-70-03, deve ter, no mínimo, as seguintes propriedades:
Limite de resistência: 100.000 psi (689 MPa).
Limite de escoamento: 70.000 psi (483 MPa).
Alongamento sobre duas polegadas (ou 50 mm): 3%.
A norma DIN1693 estabelece cinco classes, a partir da classe GGG-40; as seguintes são
formadas por acréscimo de 10 na numeração, até a classe GGG-80. A numeração
representa o valor do limite de resistência mínimo, em [N/mm2], dividido por 10. São
definidos também o limite de escoamento mínimo, o alongamento mínimo em % sobre 5
diâmetros e a matriz predominante (microestrutura). Não define composição química.
Ferros fundidos brancos ligados: a norma ASTM A 532 especifica alguns tipos de ferros
fundidos brancos, todos com Ni, Cr e Mo e alguns com adição de cobre. Ao todo, são oito
tipos, distribuídos por três classes.
2.1.3.7. Aços
É muito extensa a lista de aços fundidos.
1
ASTM: American Society for Testing and Materials
2
DIN – Deutsches Institut für Normung
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De uma maneira geral, podem ser divididos em aços carbono e de baixa liga (até 0,2% de
carbono e percentagem total de elementos de liga menores do que 5%) utilizados em
indústria de base, transporte e aplicações gerais.
Os aços de alta liga são para aplicações mais específicas, como britadores (aço austenítico
ao manganês) aplicações em alta temperatura e ambiente agressivo (aços inoxidáveis
martensíticos) instalações de processo (aços inoxidáveis) e ferramentas (aços-ferramenta).
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2.1.4.3. Segregação
O metal líquido a ser vazado em um molde ou matriz é, normalmente, uma liga; isto é,
existem outros metais e não metais dissolvidos no banho, além do elemento principal.
Mesmo metais considerados "comercialmente puros", como o alumínio da serie 1XXX,
apresentam outros elementos dissolvidos em pequenas quantidades, quer por se tratarem
de impurezas ou residuais advindos do processo de fabricação, quer por adição proposital.
(2)
(1)
(3)
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(4) (5)
Fig. 38 – Dendritas; tridimensionais (1) e (3); micrografias (2), (4) e (5)
A solidificação de uma liga se dá em um intervalo de temperaturas, ao contrário do que
ocorre em uma substância pura, como um metal, que se solidifica a uma temperatura
constante. Contudo, a composição da liga que está se solidificando não é a mesma em todo
o intervalo de temperaturas de solidificação; isto é, a percentagem de elemento de liga
(soluto) nos primeiros cristais que se formam é diferente em relação aos últimos cristais que
se solidificam. A esse fenômeno dá-se o nome de "segregação" (em inglês, segregation ou
liquidation). É menos intenso quanto mais puro for o metal.
Devido à segregação e à textura de solidificação, componentes como fundidos não
apresentam uma homogeneidade de propriedades, principalmente em paredes espessas; ou
seja, são muito anisotrópicos. Como conseqüência, diversas propriedades são prejudicadas
e são dependentes da direção dos esforços (estado de tensões) como a resistência
mecânica e a tenacidade. Essa característica pode ser minimizada por tratamento térmico,
denominado genericamente de "tratamento térmico de homogeneização" (em inglês,
homogenizing treatment). Consiste em deixar a peça fundida em altas temperaturas por
tempos relativamente grandes, para propiciar a redistribuição do(s) soluto(s) no estado
sólido.
Existem as micro-segregações, que são interdendríticas (Fig. 39) e as macro-segregações,
que se concentram nas últimas porções de líquido que se solidificam (normalmente próximo
ao centro do sólido que está se solidificando).
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2.1.5.2. Cavidades
É o oposto ao defeito descrito anteriormente. É o preenchimento incompleto da cavidade do
molde, em relação ao previsto. Pode ser interna, não observável a olho nu ou externa. A
classificação da FTA prevê 12 imperfeições nessa categoria. Enquadra-se aqui o defeito
conhecido como "chupagem", "rechupe" ou "vazio de solidificação", como na Fig. 42,
causado pela contração do metal líquido; esta diferença de volume pode resultar neste tipo
de vazio interno ou cavidade.
Fig. 40 – veios
3
FTA: Foundry Technical Associations (Associação Técnica das Fundições).
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Fig. 41 – exemplo de duas imperfeições pela classificação da FTA (ASM Metals HandBook,
volume 15 – Casting)
Fig. 42 – chupagem em peça de bronze alumínio fundida em areia (M. Prates, Solidificação
e Fundição de Metais e Ligas)
2.1.5.3. Descontinuidades
São assim denominadas as falhas e trincas observadas no fundido. A FTA prevê 10
imperfeições nessa categoria. Uma das mais conhecidas é a trinca de contração, como a da
Fig. 43.
2.1.5.4. Defeitos
São defeitos superficiais típicos do processamento metalúrgico. A FTA prevê 24
imperfeições nessa categoria. Irregularidades superficiais no fundido causadas por
desprendimento ou má preparação da areia; aderência de areia na superfície metálica ou
em cantos e frestas do fundido; marcas na superfície do fundido; descascamento após
tratamento térmico de recozimento, são típicos dessa classe de defeitos como na Fig. 44.
Fig. 45 – falta de alimentação em peça de latão fundida sob pressão (M. Prates,
Solidificação e Fundição de Metais e Ligas)
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Fig. 46 – "junção cruzada" em uma válvula de ferro fundido cinzento (M. Prates, Solidificação
e Fundição de Metais e Ligas)
Fig. 47 – inclusões em ferro fundido nodular. A superfície foi usinada para melhor revelar a
imperfeição (M. Prates, Solidificação e Fundição de Metais e Ligas)
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Fig. 48 – gotas frias em peça de aço-liga (M. Prates, Solidificação e Fundição de Metais e
Ligas)
2.1.5.9. Dureza
Esse defeito refere-se a uma dureza acima da esperada para o material e processo
escolhidos.
2.1.6.1. Produto
Normalmente, o produto é uma peça fundida, conforme desenho. Mas a norma pode ser
aplicável apenas a alguns tipos de componentes ou aplicações; por exemplo, tubos
fundidos. Por isso é importante verificar que tipo de produtos a norma está cobrindo.
2.1.6.2. Visual
É importante a verificação de defeitos de fundição; o inspetor deve estar familiarizado com
os defeitos típicos de fundição. Defeitos em superfícies que serão removidas por usinagem
ou localizados em regiões que serão descartadas podem ser tolerados. O inspetor não deve
reprovar; é mais sensato emitir um RNC, para o cliente analisar o caso e fazer a disposição
que considerar mais adequada.
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2.1.6.6. Dimensional
Conforme norma aplicável ou desenho (projeto). Se não houver desenho da peça como
fundida, o inspetor deve ser cuidadoso em identificar as cotas que têm sobremetal e o valor
deste sobremetal. Pode ser requerido que o dimensional seja realizado apenas na condição
final (peça ou componente pronto e liberado para inspeção).
Observe-se que as tolerâncias dimensionais de componentes fundidos são mais abertas do
que outros processos, a menos de processos de fundição de precisão.
ensaio de tração e podem determinar que seja vazado concomitantemente com a peça
fundida.
Esses ensaios devem ser executados em laboratório credenciado.
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2.2. Metalurgia do pó
Conforme já explanado, na metalurgia do pó não há fusão.
Utilizam-se pós metálicos (ou de ligas) e pós de compostos
metálicos, como carbetos. O processo é, conceitualmente, o
mesmo utilizado para a produção de cerâmicas avançadas. A
Fig. 50 mostra algumas peças produzidas por esse processo
A produção do pó é, na maioria dos casos, por atomização.
Nesse processo, o metal líquido é pressionado por um orifício
pequeno e é expulso. Ao mesmo tempo ele se solidifica e sai
na forma de pó metálico.
Após a atomização, o pó é compactado no formato
desejado (semi-acabado) e é submetido ao processo de
sinterização, que é um tratamento que alia altas temperaturas
com a aplicação simultânea de pressão isostática. Durante a
sinterização, as partículas de pó se agregam, conforme o
esquema proposto na Fig. 51.
Finalmente, o semi-acabado é conformado mecanicamente
por laminação ou forjamento a quente, produzindo o
componente final ou um produto semi-acabado. Fig. 50 – algumas peças
produzidas por metalurgia do
pó
Fig. 51 – mecanismos propostos para a união das partículas metálicas durante a sinterização
Uma microestrutura típica de componente produzido por metalurgia do pó é mostrada na
Fig. 54.
Uma das mais importantes aplicações da metalurgia do pó é a obtenção de ferramentas de
corte (Fig. 53), por sinterização de pó de carbetos metálicos, como o carbeto de tungstênio.
Também é um processo utilizado para a obtenção de fieiras para trefilação (vide 3.1.5.1).
A Fig. 52 mostra, esquematicamente, o processo de obtenção de peças pela metalurgia do
pó.
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3. Processos mecânicos
3.1. Conformação plástica (conformação mecânica)
3.1.1. Conceitos
Como já explanado, os processo de conformação mecânica utilizam tensões abaixo da
tensão de ruptura para dar forma aos metais. Isso é possível por uma característica típica
dos metais, que é a ductilidade. A mudança de forma dos metais sem que haja ruptura das
ligações metálicas é realizada por um mecanismo de escorregamento entre planos da
estrutura cristalina, facilitado pela existência de defeitos cristalinos lineares, denominados de
"discordâncias" ou "deslocamentos" (em inglês, dislocations).
A deformação produzida pelos processos de conformação mecânica tem a denominação de
"deformação plástica" (em inglês, plastic deformation), pois não há uma recuperação total
de forma, do componente metálico, quando a tensão é retirada; ao contrário da
"deformação elástica" (em inglês, elastic strain), onde a forma anterior à aplicação da
tensão é recuperada, quando a tensão é retirada.
A deformação plástica controlada é o meio pelo qual os processos de conformação plástica
obtém os formatos desejados dos metais, além de outras propriedades; a deformação
elástica é importante para o cálculo estrutural pois, ao contrário da conformação plástica,
não pode haver alterações de forma não recuperáveis em estruturas metálicas. Ou seja, a
estrutura carregada não pode se deformar plasticamente; a ocorrência deste fenômeno é
conhecida como "escoamento" (em inglês, flow).
Deformações plásticas a frio (temperaturas menores do que metade da temperatura de
fusão do metal ou liga, em graus Kelvin) sucessivas aumentam a quantidade de
discordâncias na estrutura metálica. Essas discordâncias, que inicialmente facilitam a
deformação plástica, acabam limitando-a, quando em excesso. A esse aumento na
quantidade de discordâncias, denominado "aumento na densidade de discordâncias" dá-
se o nome de "encruamento metálico" (em inglês, mechanical hardening, tough-hardening,
cold hardening ou cold working). Quanto maior o encruamento, maior a tensão necessária
para se continuar a deformação plástica, até que o material não suporte mais o aumento de
tensão e se rompa. O encruamento é um dos processos de aumento de dureza e resistência
mecânica dos metais e ligas. Em contrapartida, diminui a ductilidade, medida por meio do
alongamento percentual e, em muitos casos, aumenta a anisotropia.
A densidade de discordâncias de um metal pode ser diminuída por meio de tratamentos
térmicos. Nesses casos, podem ocorrer dois fenômenos: a "recuperação" (em inglês,
recuperation ou regeneration) em temperaturas mais baixas, da ordem de metade da
temperatura de fusão do metal em graus Kelvin, onde há uma diminuição da densidade de
discordâncias e a "recristalização" (em inglês, recrystallization) em temperaturas da ordem
de 0,7 da temperatura de fusão, em graus Kelvin. Na recristalização, toda a microestrutura
se refaz, ou seja, há um reordenamento cristalino, que "limpa" o excesso de discordâncias.
Nesse caso, o metal ou liga volta a ter a maior ductilidade possível. O fenômeno de
recuperação ocorre em tratamento térmico [em inglês, heat (treatment ou treating)]
denominado "alívio de tensões" (em inglês, stress relief) e a recristalização ocorre em
tratamento térmico denominado "recozimento" (em inglês, annealing).
De uma maneira geral, os processos de conformação mecânica implicam em alterações
dimensionais; em muitos casos, há redução na área da seção transversal do componente
que está sendo conformado. A menos de menção contrária, o termo "redução de área" tem
esse significado, muitas vezes associado a um valor porcentual, que indica o quanto a área
foi reduzida. Por exemplo, uma chapa de 600 x 4 mm (600 mm de largura e 4 mm de
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espessura) que é laminada para dimensões transversais de 600 x 3 mm, sofre redução de
área de 25%.
Todas as transformações por conformação mecânica se baseiam na conservação do
volume; por exemplo, no exemplo anterior, a redução de área foi compensada pelo aumento
no comprimento da chapa, de tal forma que o volume da chapa é o mesmo, antes e depois
dessa laminação.
A conformação mecânica também tem um efeito fundamental na microestrutura metálica e,
por conseguinte, nas suas propriedades. A estrutura dendrítica do lingote, seja convencional,
seja por lingotamento contínuo, é quebrada; as sucessivas recristalizações dos processos
mecânicos a quente homogeneízam o material, tornando-o mais isotrópico, incluindo a
redistribuição de residuais e impurezas. O metal passa a ter uma estrutura de grãos
recristalizados uniformes, embora o processo de conformação possa influir na orientação e
forma preferencial dos grãos; conseqüentemente, introduzindo alguma isotropia, bem menos
intensa do que aquela presente na estrutura bruta de fusão. As propriedades mecânicas e
de tenacidade são melhoradas, em relação ao fundido, para o mesmo material; há uma
melhor distribuição das fibras, que é uma textura microestrutural importante para a melhora
de propriedades mecânicas e de tenacidade, como ilustram as Fig. 56 e Fig. 70. A Fig. 55
ilustra, de forma esquemática, as mudanças microestruturais que ocorrem na conformação
mecânica; no caso, um processo de laminação.
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3.1.2. Classificação
Os processos de conformação mecânica podem ser classificados por diversos critérios. Os
mais importantes são: quanto ao tipo de esforço predominante e quanto à temperatura de
trabalho.
Outros critérios são: quanto á forma, ao tamanho da região deformada e o fluxo de
deformação do metal. Também podem ser classificados quanto ao tipo de produto: produto
semi-acabado ou produto final.
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3.1.3. Laminação
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(2)
(1)
Fig. 59 – uso de cilindro liso (1) para produtos planos e de cilindro com canais (2) para
produtos não planos (Böhler Edelstahl Gmbh – catálogo)
Os cilindros de laminação (em inglês, rolling mill roll) que têm contato com o metal que está
sendo laminado são denominados "cilindros de trabalho" (em inglês, work roll). Em muitos
casos, existem cilindros que giram solidários aos cilindros de trabalho e que suportam parte
dos carregamentos elásticos do processo, denominados "cilindros de encosto" (em inglês,
back rol, back-up roll ou backing-up roll) ou "cilindros de apoio". As "gaiolas de laminação"
(em inglês, housing ou roll stand) que são as estruturas que suportam os cilindros (Fig. 67),
podem ter diversos tipos de montagens; uma delas é o laminador quádruo (em inglês, four-
high mill), com dois cilindros de trabalho e dois de encosto (Fig. 65). Quanto maior forem as
forças de laminação, maior será a necessidade de se compor cilindros de encosto, como no
laminador tipo "Sendzimir" (Fig. 66).
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Os cilindros planos são controladamente abaulados; isto é, têm um diâmetro maior no centro
e menor nas extremidades. O motivo dessa geometria é que há uma deformação elástica
maior no centro, pois os esforços de laminação são maiores nesta região (Fig. 62). Esse
desenho de cilindro faz com que o produto plano tenha uma deformação mais uniforme e,
portanto, uma espessura razoavelmente constante ao longo da largura da chapa. Cilindros
que perdem essa geometria ou que não são corretamente projetados e fabricados geram
defeitos nos produtos laminados (vide 3.1.3.5).
A laminação de desbaste (em inglês, primary rolling) termina em produtos intermediários,
que podem ser destinados para obtenção de vários tipos de semi-acabados.
No caso de produtos planos, o semi-acabado
denomina-se placa (em inglês, slab); a partir
desta, obtém-se chapas grossas (para indústria
naval, principalmente) chapas finas laminadas a
quente ("chapas finas a quente") chapas finas
laminadas a frio ("chapas finas a frio") (Fig. 68);
estas últimas podem ser produzidas e embaladas
em bobinas; e tiras (em inglês, strip) normalmente
em bobinas. A Fig. 61 ilustra alguns desses
produtos, com as respectivas denominações em
inglês. A partir das tiras, pode-se obter tubos com
costura (em inglês, weld pipe) (Fig. 60) (vide
3.1.3.3).
No caso de produtos não planos, denomina-se
palanquilha (em inglês, billet) (Fig. 63); a partir
deste, produzem-se barras (em inglês, bar) em
diversas geometrias de seção transversal
(redondas, quadradas, retangulares e outros
perfis) perfis leves e estruturais (vigas I, U, H, T,
cantoneiras etc. - Fig. 73) e fio-máquina (em
inglês, wire rods) (Fig. 64) que é um produto semi-
acabado para produção de fios e fornecido em
bobinas.
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Fig. 76 – seqüência esquemática de dobramento de tira para obtenção de tubo com costura
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Para tubos de diâmetros maiores usam-se chapas que são calandradas. Calandras são
máquinas (Fig. 78) que dobram e encurvam a chapa, até que as bordas fiquem justapostas,
no mesmo plano, para receberem o cordão de solda longitudinal.
Fig. 77 – mandril atuando para formar o tubo sem costura, pelo processo Mannesmann
(Mannesmann S. A. – catálogo)
Fig. 78 – calandra para conformação de tubos desde 14" até 80" (Tequisa – catálogo)
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(1)
(2)
(3) (4)
Fig. 80 – alguns metais e ligas laminados – alumínio (1); titânio (2); zinco (3) e latão (4)
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3.1.4. Forjamento
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(1)
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(2)
Fig. 99 – girabrequim forjado em matriz fechada (1) e outros componentes para a indústria
automobilística(2)
(2)
(1)
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(3) (4)
Fig. 102 – produtos diversos obtidos por forjamento em matriz fechada: engrenagens (1);
divisória em titânio de avião militar (2); projéteis (3); cubos e biela (4)
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3.1.5.1. Trefilação
Processo pelo qual uma barra (ou fio) é tracionada a partir de uma ponta cujo diâmetro foi
diminuído por usinagem ou esmeril e é forçada a passar através de uma abertura de área
menor, contida em uma ferramenta. A ferramenta que proporciona essa conformação
mecânica é denominada "fieira" (em inglês, wire gage, wire drawplate, wire-drawing die ou
drawing frame). A trefilação de barras emprega normalmente um equipamento mecânico que
funciona por meio do tracionamento de uma corrente, vinculada a um mordente que segura
a ponta da barra (denominado "cão") (Fig. 114). A Fig. 112 mostra uma bancada de
trefilação. No caso de fios, normalmente são passados por várias fieiras, em seqüência e
tracionados por uma bobinadeira na extremidade. Antes de entrar na fieira, a barra ou fio é
lubrificada. No caso de barras, é comum o uso de lubrificantes à base de sabão. Um
esquema simplificado do processo pode ser visto na Fig. 113.
Por ser um processo a frio, introduz encruamento; dependendo do número de passes de
trefila e do metal ou liga, podem ser necessários tratamentos térmicos intermediários de
recozimento, para diminuir a dureza e aumentar a ductilidade, permitindo novos passes de
trefilação. A condição final pode ser "recozida" ou "encruada". Se for encruada, é comum a
utilização da terminologia "duro", "½ duro" e "¼ duro", para representar o nível de
encruamento que o produto final deve atender, principalmente em fios.
A trefilação de fios pode incorporar, na linha, fornos contínuos para tratamento térmico de
recozimento intermediário, patenteamento, desengraxe / limpeza e decapagem. Dessa
maneira o fio, no final do processo, estará na sua condição final recozida ou encruada, se for
o caso.
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Fig. 115 – aço 1080, com microestrutura Fig. 116 – bloco que contém a fieira;
totalmente perlítica observa-se o ângulo de entrada, ao fundo
Praticamente todos os produtos trefilados são semi-acabados; isto é, são matéria-prima para
fabricação de itens e componentes.
A trefilação tem dois objetivos principais:
Melhoria do acabamento superficial, com a diminuição da rugosidade.
Melhoria na classe de tolerância, em relação ao laminado de origem.
Normalmente, pode-se obter uma classe de tolerância h7 para componentes
trefilados.
Embora a maior parte da produção de trefilados seja de barras e arames (fios) redondos,
existe também a produção de tubos e de outros perfis, como quadrados, retangulares,
triangulares, ovalados e outras geometrias mais complexas (Fig. 111). A pré-forma a ser
trefilada sempre tem que ter uma geometria próxima da geometria final; é muito difícil mudar
totalmente de geometria, por esse processo. Por exemplo, não é viável transformar uma
barra redonda em uma quadrada.
Tubos são trefilados com o auxílio de um mandril, colocado entre a pré-forma (outro tubo) e
a fieira ou podem ser trefilados sem o mandril (em inglês, mandrel, chuck, reamer, broach,
drift ou arbor) (Fig. 117). Obtêm-se tubos trefilados com melhores tolerâncias dimensionais,
lineares e de forma, além da melhoria no acabamento, em relação à pré-forma. É mais fácil
alterar diâmetros (interno e externo) por trefilação, do que alterar espessuras de parede.
Defeitos de trefilação
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3.1.5.2. Estiramento
O estiramento (em inglês, drawing, stretching ou pulling) é uma conformação por tração,
normalmente empregada em chapas e tiras, que consiste em se fixar uma parte do material
em um apoio com eixo giratório e aplicar um punção contra a chapa; outras ferramentas
atual com o objetivo de se obter a conformação plástica desejada.
No estiramento tangencial, a chapa é pré-tensionada até o seu limite elástico; após esta
operação, é colocada na ferramenta de estiramento, tangencialmente.
É um processo de operação simples, de baixo custo e pouco retorno elástico, devido às
altas tensões de tração.
A Fig. 121 mostra o esquema do processo e a Fig. 122 uma máquina para estiramento de
chapas.
3.1.6. Extrusão
Extrusão (em inglês, extrusion) é um processo de conformação, normalmente a quente, que
consiste na compressão de um tarugo fundido ou conformado mecanicamente (laminado)
contido em uma matriz, que possui um orifício de menor área de seção transversal. O metal
é obrigado a escoar pelo orifício pela ação do êmbolo que empurra a massa metálica e sua
seção transversal adquire o formato desse furo; pelo princípio da conservação de massa, o
produto resultante tem um comprimento maior do que o tarugo inicial. Esquemas desse
princípio de conformação são mostrados nas Fig. 127 e Fig. 128.
A extrusão pode ser direta [em inglês, (direct ou forward) extrusion] quando o movimento do
êmbolo tem a mesmo sentido do fluxo metálico ou indireta (em inglês, indirect extrusion)
quando o movimento do êmbolo tem sentido contrário ao fluxo metálico, como pode ser visto
no esquema da Fig. 129. O processo de extrusão indireta é semelhante ao forjamento
indireto (Fig. 106).
Por esse processo, obtêm-se acabamentos superficiais muito bons e uma melhoria nas
propriedades mecânicas, pela recristalização que ocorre durante o processo. O emprego em
aços é limitado pelo alto custo operacional e de investimento e é aplicado basicamente para
fabricação de tubos de aço inoxidável sem costura (Fig. 124). É muito utilizado em alumínio,
cobre e ligas destes metais, para a fabricação de barras com perfis de geometria simples e
complexas (Fig. 125). A liga de Al mais utilizada é a 6063.
Ligas de alumínio cujas têmperas exijam encruamento, envelhecimento artificial ou alívio de
tensões na sua condição final, devem ser processadas posteriormente. O mais comum é
que esses produtos sejam trefilados após a extrusão, para obterem encruamento e sejam
submetidos a tratamentos térmicos para envelhecimento e/ou alívio de tensões.
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Fig. 123 – perfis complexos produzidos por outros processos (esquerda) e por extrusão, em
uma única etapa (direita) – obs.: remachado = rebitado
A extrusão é um processo que permite a produção de perfis, particularmente de alumínio, de
geometrias bastante complexas, muito utilizados em construção civil de acabamento, móveis
e utilidades, suportes e acabamentos de bens de consumo e componentes mecânicos para
a indústria eletro-eletrônica.
A obtenção de perfis ocos é possível pela utilização de um mandril (Fig. 130). A
Fig. 123 mostra outros possíveis processos de obtenção de alguns perfis (esquerda); os
mesmos perfis, à direita, podem ser obtidos por extrusão, em uma única etapa.
A máquina de extrusão é uma prensa hidráulica, normalmente horizontal, de 1.000 a 8.000
tf, que utiliza acionamento hidropneumático ou óleodinâmico. Um exemplo pode ser visto na
Fig. 126.
A Fig. 131 mostra o esquema geral do fluxo do processo.
(1)
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Fig. 126 – prensa extrusora para alumínio e suas Fig. 127 – detalhe do fluxo metálico na
ligas extrusão e alguns perfis típicos
(fixo)
(flutuante)
(perfurante)
Fig. 129 – esquemas comparativos dos Fig. 130 – uso de mandril para obtenção de
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Ajustagem
dos cilindros
Aquecimento
das matrizes
Fig. 131 – fluxograma geral do processo de extrusão
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3.1.7. Estampagem
A estampagem de chapas e tiras envolve quatro tipos de operações que deformam
plasticamente estas pré-formas com o objetivo de obterem-se formatos pré-estabelecidas.
Essas operações são:
corte.
furação.
dobramento.
repuxo ou embutimento.
A Fig. 132 mostra diversos componentes obtidos por essas operações.
Fig. 133 – tensão de cizalhamento (τ) que atua na operação de corte (F = força)
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Fig. 135 – peças obtidas por corte e furação (rotor e estator de motor elétrico)
3.1.7.2. Dobramento
Dobramento (em inglês, bending) consiste em uma deformação plástica por flexão em
chapas e tiras. A forma desejada é obtida por meio de punção, matriz e prensa como no
processo de corte e furação, onde a punção faz a mesma função do macho. O conjunto
punção e matriz é que obtêm a forma desejada. Um exemplo pode ser visto na Fig. 137.
Os parâmetros envolvidos na operação de dobramento podem ser visualizados na Fig.
136.
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projeto indique uma outra revisão. No caso das normas ASTM, a última revisão é indicada
após o número da norma, pelo ano da última emissão. Os ensaios devem ser feitos
conforme normas ou procedimentos escritos, previstos no Plano de Inspeção e Teste (PIT).
As verificações e ações possíveis de serem solicitadas pelas normas são comentadas a
seguir.
espectrômetro de emissão óptica, cuja marca mais utilizada é a LECO™ (Fig. 141); os
demais elementos químicos são normalmente analisados em um equipamento de
espectrometria de absorção atômica.
O ensaio de análise de composição química deve ser executado em laboratório credenciado.
Fig. 141 – equipamento típico para análise de carbono e enxofre em produtos siderúrgicos
3.1.8.7. Visual
A inspeção visual depende do processo que será empregado no processamento do semi-
acabado. Superfícies que serão usinadas ou pedaços que serão descartados poderão
apresentar defeitos superficiais que serão removidos no processo ou serem descartadas e,
portanto, não devem ser rejeitados; o inspetor deve abrir um RNC com todas as informações
sobre a natureza, tamanho, localização, profundidade do defeito e anexar fotos, para que o
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5. Bibliografia
ASM Metals HandBook Volume 15 – Casting, 1992.
Bresciani Filho, Ettore. Conformação plástica dos metais – Editora da UNICAMP,
1991.
Campos Filho, Maurício Prates. Solidificação e fundição de metais e ligas – Livros
Técnicos e Científicos Editora Ltda. e Editora da Universidade de São Paulo, 1978.
Chiaverini, Vicente. Tecnologia mecânica. Vol III, Processos de Fabricação e
Tratamento, 2ª edição – Pearson Education do Brasil, 1986.
Kondic, Voya. Princípios metalúrgicos de fundição – Editora Polígono e Editora da
Universidade de São Paulo, 1973.
Pereira, Rubens Lima. Curso de metalurgia – Seção de publicações da Escola de
Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, 1985.
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