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A história emocionante de um menino que deseja ser bailarino levou para as telas o
drama da classe operária inglesa no período thatcherista
Caça ao sindicalismo
Voltando ao filme, o pai viúvo de Billy (o ator Gary Lewis) é um homem durão,
que quer ver o filho praticando boxe. Mas o rapaz acaba se encantando pelo balé e,
em pouco tempo, passa a se dedicar inteiramente à dança. Seu talento nato chama a
atenção da professora, Ms.Wilkinson (Julie Walters), que perde um pouco de seu
ceticismo e amargor diante do potencial de Billy.
Em pouco tempo, Billy assume ares de seu pupilo, sigilosamente. Nesse ponto,
o filme mostra que mesmo em países desenvolvidos o balé é estigmatizado pelo
sistema machista. Para piorar, tanto pai de Billy como o seu irmão (Jamie Draven) são
ativistas sindicais nas minas de carvão e lutam pela vitória da greve. A partir daí, o
filme consegue mesclar, magistralmente, Karl Marx com Oscar Wilde, luta de classes
com Lago dos Cisnes, cacetetes com spaccatto, Debussy com Sex Pistols, Edward
Thompson com Vaslav Nijinsky, realidade e sonho.
Billy Elliot é uma lição para jovens e adultos, para pais e filhos. Mostra que as
preocupações dos mais velhos são legítimas desde que respeitem os anseios de seus
filhos. Como diria Khalil Gibran, “os pais são o arco onde seus filhos, como flechas
vivas, são impulsionados para adiante; deixem que a mão do Arqueiro (Deus) tra-
balhe, porque assim como Ele ama a flecha que voa, também ama o arco que
permanece estável”.