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púlpitos das igrejas e megaigrejas evangélicas.

Em alguns casos, o púlpito


desapareceu completamente, pois foi substituído por um palco e uma tela. As
pessoas-chave entre os funcionários da igreja são aquelas cuja tarefa principal
é dirigir o grupo de teatro ou a equipe de cinema. Declarar a verdade por
meio de proposições está fora de moda. A onda do momento é contar — ou
apresentar — histórias de uma maneira que encoraja as pessoas a se identificar
com a narrativa. Supostamente, histórias são mais acolhedoras, mais ricas em
conteúdo e significado e mais gentis do que os fatos brutos ou as pretensões
inequívocas de verdade.
Essa visão da pregação tem conquistado adeptos, continuamente, há três
ou quatro décadas, juntamente com outras estratégias pragmáticas que visam
ao crescimento da igreja (uma tendência que já critiquei em outro lugar3).
Segue um exemplo de como uma editora religiosa anuncia um livro
importante sobre a revolução do final do século XX na filosofia de pregação e
ministério: “A pregação está em crise. Por quê? Porque a abordagem
tradicional, conceitual já não funciona mais. [...] Ela não consegue mais
cativar a atenção dos ouvintes.”4 O próprio livro diz: “A antiga abordagem
temática/conceitual à pregação está em estado grave, talvez até crítico.”5
Inúmeros livros recentes sobre o tema da pregação têm repetido essa
avaliação ou algo parecido. O remédio? Ouvimos incessantemente que os
pregadores precisam se ver como contadores de histórias, não como
professores de doutrina. Um exemplo típico:
Ao contrário daquilo que muitos tentam nos convencer, o ingrediente principal da Bíblia é
história, não doutrina. Não temos uma doutrina da Criação; temos histórias da Criação. Não
temos um conceito da ressurreição, temos maravilhosas narrativas de Páscoa. Há pouco no
Antigo e no Novo Testamento que não se apoie em uma narrativa ou uma história de algum
tipo.6

Afirmações como essas são perigosamente enganadoras. É pura loucura


contrapor história à doutrina, como se uma fosse inimiga da outra, ou (pior
ainda) lançar a narrativa como argumento contra a proposição, como se
ambas excluíssem uma à outra.* A ideia de que “uma doutrina da Criação” ou
“um conceito da ressurreição” não podem ser transmitidos por meio de uma
narrativa é simples e obviamente falsa. É igualmente falso alegar que as
Escrituras “não ensinam um conceito da ressurreição” além dos relatos

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