Veja, por exemplo, 1Coríntios 15 — um capítulo longo, todo
dedicado a uma defesa sistemática, pedagógica e firme da doutrina da Ressurreição física, repleta de exortações, argumentos, silogismos e uma abundância de afirmações proposicionais. Além do mais, existe uma diferença clara e significativa entre parábola (uma história criada por Jesus para ilustrar um preceito, uma proposição ou um princípio) e história (uma crônica de eventos que de fato aconteceram). A parábola ajuda a explicar uma verdade; a história nos fornece um relato factual daquilo que aconteceu. Apesar de a história ser contada em forma narrativa, ela não é ficção ilustrativa, mas realidade. Uma das formas principais em que as proposições essenciais da verdade cristã foram preservadas e transmitidas a nós foi por meio de sua inclusão no registro infalível da história bíblica. É justamente esse o princípio sobre o qual Paulo construiu seu argumento sobre a verdade da Ressurreição física em 1Coríntios 15. Sua defesa dessa doutrina começa com um relato de fatos históricos, amplamente confirmados por numerosas testemunhas oculares. Na verdade, as doutrinas consideradas de suma importância eram todas centrais na história daquele último fim de semana de Páscoa: “[...]Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (vv. 3-4). A noção de que histórias são sempre melhores e mais úteis do que pretensões de verdade diretas é um boato pós-moderno desgastado. Fazer uma distinção tão clara entre histórias e proposições e contrapor umas às outras (como se fosse possível contar histórias sem afirmações proposicionais) é simplesmente um contrassenso, um truque retórico. Esse tipo de disparate intelectual é uma ferramenta típica da desconstrução linguística. A intenção verdadeira desse tipo de exercício é confundir o sentido, eliminar a certeza e abolir o dogma.** Mas o maltrato descarado conferido às parábolas de Jesus pelos comentaristas modernos pode até ser pior do que isso. Uma visão ainda mais radical, que está conquistando popularidade rapidamente nesses tempos pós- modernos, é a noção de que as histórias, devido à sua própria natureza, não possuem um sentido fixo ou objetivo. Elas estariam inteiramente sujeitas à interpretação do ouvinte. Segundo esse pensamento, o uso de parábolas por Jesus representava uma recusa deliberada de proposições e dogmas em prol do