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Jesus a falar em parábolas.

Com isso, não quero sugerir que as parábolas eram apenas um reflexo da
severidade com que Deus condena a descrença; pois eram também uma
expressão de sua misericórdia. Observe como Jesus (citando a profecia de
Isaías) descreveu os incrédulos que andavam entre aqueles que o seguiam.
Eles haviam entupido seus ouvidos e fechado seus olhos firmemente, caso
contrário poderiam “entender com o coração e converter-se, e eu os curaria”
(v. 15). Sua descrença era teimosa, deliberada e, por escolha própria,
irrevogável. Quanto mais ouviam as palavras de Cristo, mais responsáveis se
tornavam em relação à verdade. Quanto mais endureciam seus corações
contra a verdade, mais severo seria seu julgamento, pois “a quem muito foi
dado, muito será exigido” (Lucas 12:48). Assim, ao esconder lições espirituais
em histórias e símbolos do dia a dia, Jesus estava protegendo-os de amontoar
culpa sobre culpa.
E certamente havia outros benefícios misericordiosos que resultaram de
seu estilo de instrução. As parábolas (como qualquer outra boa ilustração)
naturalmente despertavam o interesse e aumentavam a atenção na mente das
pessoas que não haviam se endurecido contra a verdade, mas que
simplesmente não dispunham de certa medida de aptidão ou que não
entendiam uma doutrina exposta em linguagem objetiva e dogmática. Sem
dúvida alguma, as parábolas tinham o efeito de despertar a mente de muitas
pessoas que ficavam maravilhadas com a simplicidade das parábolas de Jesus
e, assim, desejavam descobrir seu sentido subjacente.
Em outros (incluindo, certamente, alguns cuja primeira exposição à
verdade pode ter provocado ceticismo, indiferença ou até mesmo rejeição), o
imaginário gráfico das parábolas pode ter ajudado a manter a verdade
arraigada na memória até ela brotar em fé e compreensão.
Richard Trench, um bispo anglicano do século XIX, escreveu uma das
obras mais lidas sobre as parábolas de Jesus. Ele destaca o valor mnemônico
dessas histórias:
Se o nosso Senhor tivesse falado a verdade espiritual nua e crua, muitas de suas palavras, em
parte devido à falta de interesse por parte dos seus ouvintes, em parte devido à falta de
compreensão, teriam desaparecido de seus corações e de suas memórias, sem deixar qualquer
traço. Mas por ter sido compartilhada com eles na forma de alguma imagem vívida, de alguma
sentença sucinta e aparentemente paradoxal ou de alguma narrativa breve, mas interessante, ela
chamou atenção, incentivou curiosidade e encontrou, mesmo que a verdade não fosse entendida
de imediato, com a ajuda da ilustração usada, uma entrada para a mente, e as palavras assim se

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