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Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE

Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais


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LIÇÃO 07 - NÃO RETRIBUA PELOS PADRÕES HUMANOS - 2º TRIMESTRE 2022


(Mt 5.38-48)
INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos as definições das palavras “retribuir” e “retaliar”; pontuaremos o que a Bíblia diz sobre o sentimento de
vingança; abordaremos a postura do autêntico cristão em relação aos seus ofensores; estudaremos sobre como vencer o mal recebido
através do perdão; e por fim, trataremos como superar o mal recebido através do amor.

I - O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE O SENTIMENTO DE VINGANÇA


Segundo o dicionário Houaiss (2001, p. 2448) retribuir é: “pagar o feito; responder de maneira similar; corresponder; dar
em troca; ato ou efeito de devolver, contraprestação; dar como retorno”. Já a definição do termo retaliar é: “aplicação da pena de
Talião; infligir castigo análogo ao recebido; desagravo; desforra; revide com dano igual ao sofrido; represália; vingança; retalhar”
(Idem, 2001, p. 2444).

1.1 A Bíblia proíbe terminantemente a vingança pessoal (Lv 19.18; Pv 20.22; 24.29). Todos nós possuímos um senso particular de
justiça, e tal juízo costuma requerer, de imediato, a reparação de uma ofensa feita contra nós e “pagar na mesma moeda”, pois esta é a
reação natural do ser humano. Costumamos revidar com o mal quando somos injuriados, caluniados ou de alguma forma prejudicados
por alguém o famoso ditado “pagar o mal com o mal”. Não há na Bíblia qualquer incentivo à vingança pessoal.

1.2 A Bíblia nos diz que a vingança pertence a Deus (Rm 12.19). De maneira natural quando o homem é ofendido, a sua primeira
reação é desejar a vingança (Pv 24.29). A declaração “amai os vossos inimigos” significa que os seguidores de Cristo devem
demonstrar amor mesmo para com aqueles de quem não recebem nenhum afeto; ou melhor, aqueles que são declaradamente seus
opositores (Mt 5.38-48; 7.1,2,12; Lc 6.27;38; Rm 12.20). Jesus ensina a que o cristão não revida o mal de acordo com a lei de Talião
“olho por olho, dente por dente”, pois ele não se deixa dominar pela vingança (Mt 5.38). Assim compreendemos que a vingança
pertence ao Senhor, não a nós (Dt 32.35,36; Rm 12.19; Hb 10.30).

II - A POSTURA DO AUTÊNTICO CRISTÃO EM RELAÇÃO AOS SEUS OFENSORES


Algumas passagens do AT já traziam ensinamento sobre “amar aos inimigos” (Êx 23.4-5; Lv 19.17-18; Pv 25.21-22; Jr
15.15). Também no NT esta orientação permanece (Mt 5.44; Lc 6.27,35). Vejamos:

2.1 Aborrecer o mal e apegar-se ao bem: “Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem” (Rm 12.9). Aborrecer o mal é negar tudo que
possa prejudicar a outrem mesmo esse “outro” sendo nosso inimigo e querendo nos prejudicar: “amai os vossos inimigos” (Mt 5.44).
Precisamos servir ao Senhor Jesus tendo uma atitude de perdão aos inimigos pela retribuição do mal com o bem: “A ninguém torneis
mal por mal...” (Rm 12.17), e por viver em paz com todos (Hb 12.14).

2.2 Abençoar os que vos perseguem: “Abençoai os que vos perseguem” (Rm 12.14). Paulo no presente versículo orienta os servos do
Senhor a abençoar aqueles que lhe fizeram agravo. Todavia, a orientação é abençoar até mesmo aqueles que nos querem o mal:
“Bendizei o que vos maldizem” (Mt 5.44b). Jesus nos ensinou a: “Orai pelos que vos maltratam” (Mt 5.44d)

2.3 Retribuir o bem pelo mal: “A ninguém torneis o mal com o mal” (Rm 12.17). A Bíblia ensina que devemos sofrer o dano sem
retribuir o agravo (1Ts 5.15; 1Co 6.7; 1Pd 3.9) e também “dar a outra face” (Mt 5.39; Lc 6.29), ou seja, não retribuirmos as afrontas
ou os males que sofremos (Jr 18.20; Mt 5.39). Pagar o mal com o mal, devolver a agressão na mesma moeda, não expressam a graça de
Deus (Mt 5.46,47). “Pagar o bem com o mal é demoníaco. Pagar o mal com o mal é retribuição humana. Pagar o mal com o bem é
graça divina” (Pv 20.22; 17.13; Is 50.6; Lm 3.30).

2.4 Ter paz se possível com todos: “Se for possível, quando estiver em vós, tendes paz com todos os homens” (Rm 12.18). Neste
presente versículo vemos que a paz é imperativa, ou seja, a Escritura ordena que no que depender de nós devemos ter paz com todos.
Fomos conclamados a seguir a paz e, na medida do possível, ter paz com todos os homens (Sl 34.14; Mt 5.9; Rm 12.18; 1Co 7.15; Hb
12.14; 1Pe 3.11). Jesus nos ensinou que devemos fazer o bem àqueles que nos ofendem.

2.5 Deixar a vingança com Deus: “Não vos vingueis a vós mesmos amados, mas dai lugar à ira” (Rm 12.19). A vingança pertence a
Deus, por isso, devemos deixar com Deus a vingança para com aqueles que nos maltratam: “Não procurem vingança, nem guardem
rancor contra alguém do seu povo, mas ame cada um o seu próximo como a si mesmo. Eu sou o Senhor” (Lv 19.18). Somos frágeis
e incapazes de fazer vingança com justiça. A expressão “daí lugar à ira” não deve ser entendida como o dar razão à manifestação da ira,
mas sim com o sentido de dar tempo à ira para que ela se extinga, isto é, deixá-la passar. Também tem o sentido de “dar lugar à ira de
Deus”, à vingança divina, uma vez que a ‘vingança pertence a Deus.
2.6 Fazer o bem aos que nos odeiam: “Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber” (Rm 12.20).
Devemos amar os nossos inimigos e orar pelos nossos perseguidores (Pv 25.21), ele não estava nos pedindo algo impossível de ser
feito: “Fazei bem aos que vos odeiam” (Mt 5.44c). O próprio Senhor Jesus é o nosso maior exemplo de amor aos inimigos. Ele nos
amou primeiro, antes que nós pudéssemos amá-lo de volta (1Jo 4.19). Ele morreu por nós quando ainda éramos pecadores, quando
ainda éramos inimigos de Deus (Rm 5.8-10; Ef 2.1-8). Sigamos o exemplo de Jesus, que é o príncipe da paz (Is 9.6). Mesmo na noite
em que foi preso injustamente, Jesus mostrou amor por seus inimigos (1Pd 2.21,23).

2.7 Vencer o mal com o bem: “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12.21). Paulo se referi ao mal
quatorze vezes. Em Atos 16.28 Paulo fala desse mal como um dano irreparável que uma pessoa pode causar a si mesma. Aqui esse mal
aparece como uma força oposta ao bem, que procura impedir o viver cristão vitorioso. A recomendação bíblica é vencer o mal com o
bem (Mt 5.45,46).

III - VENCENDO O MAL RECEBIDO ATRAVÉS DO PERDÃO


O verbo “perdoar” significa: “renunciar a punir; desculpar; poupar; ver com bons olhos” (HOUAISS, 2001 p. 2185).

3.1 Vencendo a mágoa através do perdão sem limites (Mt 18.21,22). A resposta de Jesus a pergunta de Pedro quantas vezes se devia
perdoar o irmão ofensor com a sugestão de “até sete” (Mt 18.21-c), teve como resposta do Mestre “até setenta vezes sete” (Mt 18.22),
o que significa dizer: de forma ilimitada. Assim como Deus amou o mundo de maneira ilimitada (Jo 3.16), devemos reproduzir este
amor nos nossos relacionamentos (1Jo 3.16).
3.2 Vencendo a mágoa através do perdão concedido (Mt 6.12). Jesus ensinou que não podemos negar o perdão aquele que
arrependido nos rogar, tendo como base o caráter generoso do próprio Deus, que sempre nos perdoa quando sinceramente lhe pedimos.
A Bíblia diz que Deus “está pronto a perdoar” (Sl 86.5); e, que é “grandioso em perdoar” (Is 55.7). Portanto, quando perdoamos nos
assemelhamos a Deus (Lc 6.36; Ef 4.32 Cl 2.13; 1Jo 1.9; 2.12).
3.3 Vencendo a mágoa através do perdão verdadeiro (Mt 18.35). Perdoar é mais que palavras (1Jo 3.18). Jesus ensinou que é
preciso que o perdão brote do coração do íntimo do nosso ser (Mt 18.35-b). Não podemos guardar ira no coração (Ef 4.26; Tg 3.14),
nem permitir que brote raiz de amargura (Ef 4.31; Hb 12.15). O perdão é: (a) uma condição da comunhão Deus (Mt 6.12,14-15); (b) ele
revela se somos autênticos cristãos (Mt 3.8; 7.20); e, (c) ele é condição para Deus receber a nossa oferta (Mt 5.23,24).

IV - VENCENDOO MAL RECEBIDO ATRAVÉS DO AMOR


Quando estamos em Cristo, a paz supera qualquer ressentimento e rancor, e não se enfraquece quando não é correspondida e
busca sempre suprir as deficiências humanas nos relacionamentos (Mc 9.50; Rm 12.9-21; 1Ts 5.12,13).

4.1 Vencendo a mágoa através do amor sincero: “o amor não seja fingido” (Rm 12.9). O amor como fruto do Espírito tem como
marca a sinceridade “sem fingimento ou hipocrisia” (2Co 6.6); não deve possuir máscara, o amor não deve ser teatral, antes deve ser
autêntico, genuíno: “Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade” (1Jo 3.18). O crente deve
ser sincero, e não um ator na vida. Seu amor precisa ser autêntico, genuíno, sem fraude.

4.2 Vencendo a mágoa através do amor fraternal: “Amai-vos cordialmente... com amor fraternal” (Rm 12.10). Paulo usa neste
versículo duas palavras gregas para amor respectivamente: “philadelphia” e “philostorgos” a primeira descreve o amor fraternal, ou
seja, o amor de irmãos; a segunda descreve a afeição natural pelos nossos familiares.

4.3 Vencendo a mágoa através do amor benigno: “O amor é... benigno” (1Co 13.4). A palavra “benigno” dá a ideia de reagir com
bondade aos que nos maltratam e ser doce para com todos. Ser benigno do grego “chrestotes” é ter um tipo de bondade e de cortesia
que vem do coração e que representa a contrapartida ativa da paciência. (BEACON, 2006, p. 345).

4.4 Vencendo a mágoa através do amor paciente: “O amor... tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporte” (1Co 13.7). A palavra
grega “makrothumia” é paciência esticada ao máximo. O amor tem a capacidade de andar a segunda milha; quando alguém o fere, ele
dá a outra face; ele não paga ultraje com ultraje (Mt 5.40-43; Ef 4.2; 1Pd 2.23).

CONCLUSÃO
Quando se recebe uma ofensa, a reação natural é devolvê-la com outra. Entretanto, o Senhor Jesus nos convida a agir de uma
maneira mais elevada, pondo em prática a instrução divina de acordo com o Sermão do Monte. Nesse sentido, retribuir o mal com o
bem é uma ação que vem do Céu.

REFERÊNCIAS
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
• COUTO, G. do. Lições Bíblicas Jovens e Adultos CPAD, 2º Trimestre de 2001, Sermão do Monte: A transparência da vida cristã.
• GOMES, Osiel. Os valores do reino de Deus: A relevância do Sermão do Monte para a igreja de Cristo. CPAD.

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