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COMENTÁRIOS SOBRE OS INTERESSES


LITERÁRIOS DO JOVEM FREUD

JOSÉ OTTONI OUTEIRAL

Há nomes que são destinos.


Spinoza. Tratado de gramática hebraica

É difícil escrever sobre aspectos autobiográficos de Freud. Os trabalhos disponíveis,


especialmente os de Ernest Jones e de Max Schur, foram elaborados por indivíduos
estreitamente ligados a Freud e é o próprio Freud que em seu trabalho sobre Leonardo da Vinci
(1910) escreve: “Os biógrafos fixam-se em seus heróis de um modo muito particular”. Para ele
o grande afeto que o biógrafo sente pelo biografado torna o seu trabalho “um exercício de
idealização”. Ao final de sua vida, ele escreveu a Arnold Zweig (Gay 1989):
Quem quer que se torne biógrafo entrega-se a mentiras, a ocultamentos, à hipocrisia, a
embelezamento e mesmo à dissimulação de sua própria falta de compreensão, pois não se
alcança a verdade biográfica e, mesmo que alguém a alcançasse, não poderia usá-la.
Peter Gay comenta que, ao menos em duas ocasiões, Freud lançou fora material biográfico.
Em abril de 1885, ele anunciou em carta à Martha Bernays, sua noiva na época:
Destruí todas as minhas anotações dos últimos quatorze anos e ainda: ... que os biógrafos
pensem e labutem, não vamos facilitar demais para eles.
Cornélius Hein (1990), nas Notes Preliminares das Lettres de Jeunesse de Sigmund Freud
escritas par Emil Fluss e Eduard Silberstein, amigos de Freud na sua adolescência, relata que
as respostas destes às cartas de Freud devem ter sido destruídas por ele junto com outros
textos dessa época, dentro do grande “auto-da-fé” de 1885.
Na primavera de 1938, ao se preparar para deixar a Áustria e seguir para a Inglaterra, Freud
repetiu tal gesto, desfazendo-se de matérias “que uma vigilante Anna Freud, instigada por
Marie Bonaparte, resgatou do cesto de lixo”. (Gay, 1989)

Meu Sigi Dourado

Amalie Freud (Cukier, 1990)


Freud nasceu a seis de maio de 1986, em Freiberg (na Moravia, posteriormente
Tchecoslováquia e que na época pertencia ao Império Austro-Húngaro). Foi primeiro filho da
segunda esposa de Jacob Freud.
Jacob Freud foi um comerciante de “lã, sebo, mel, anis, peles e sal” que, com dois filhos
adultos e netos, casou-se aos quarenta anos como Amalie, filha de Jakob Nathanson. Sigmund
Freud foi o primeiro dos oitos filhos do casal e o preferido de sua mãe, que o chamava de “Meu
Sigi Dourado”. Ele escreveu: “Um homem que tenha sido o favorito indisputável de sua mãe
guarda, pelo resto da vida, o sentimento de um conquistador que confia plenamente no
sucesso, o que muitas vezes induz ao sucesso real”. (Outeiral, 1989)
É interessante registrar dois fatos (Gay, 1989):
 Freud nasceu dois meses e meio depois da morte de seu avô paterno e recebeu do
pai, além no nome alemão, um nome judeu em honra do avô: Salomão (Scholomó, de
Shalon: paz); e
 ele não havia completado um ano quando nasceu um irmão que morreu aos oito
meses de idade.
Para situar historicamente nosso biografado vamos seguir com alguns dados (Gay, 1989):
 vinte e quatro anos antes do nascimento de Freud, distante 20km de sua terra natal,
nascia Gregório Mendel (1822-1884), criador da genética moderna;
 três anos após o seu nascimento, foi lançada a teoria sobre a Origem das espécies, de
Charles Darwin; e
 onze anos após, foi publicada outra obra importante, O capital, de Karl Marx.
K. Eissler (Eissler, 1977) escreveu em seu esboço biográfico de Freud:
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O império austríaco, com uma população de 35 milhões de habitantes e uma extensão de


620.000 km² se estendia até a Itália. Sob a condução do jovem imperador Francisco José
parecia ser, oito anos depois de sufocada uma revolução, uma nação consolidada. Porém, um
decêndio após começaria sua decadência com a perda das províncias italianas. A Áustria
recém havia iniciado sua industrialização. Aproximadamente um decêndio antes do nascimento
de Freud havia sido inaugurada a primeira linha telegráfica. Passaram-se muitos anos que
Viena acendesse, com grandes cerimoniais, a primeira luz elétrica. Não havia telefone, nem
automóveis. Apenas em 1848 os judeus lograram emancipar-se.

Bem, e a Adolescência de Freud?

A adolescência de Freud passou-se entre os anos 1866 e 1876, entre seus dez e seus vinte
anos, aproximadamente.
Ernest Jones, o biógrafo oficial de Freud, mostra-nos a imagem de um Freud adolescente
sereno, estudioso, e melhor aluno, orgulhosos, idealista, desportista, e assim relata: “Passear e
caminhar constituíam seu principal prazer em seus anos de estudante. Também gostava de
patinar e era bom nadador”. (Dubcovsky, 1986)
Em 1860, a família Freud mudou-se definitivamente para Viena, conhecida pela sua
espirituosidade, pelas artes e pela ciência, pela volúpia, pelas valsas, pelo Danúbio Azul e
também pelo seu lado sombrio: uma profunda crise econômica.
Os heróis da infância de Freud mostram sua profunda aversão à Viena Imperial: o anti-
monarquista inglês Oliver Cromwell e o General cartaginês Aníbal, que era uma monarquia
impregnada de anti-semitismo e romana, isto é, católica.

O Interesse pela Pesquisa: o Impulso Epistemofílico

Peter Gay escreve: “... ambicioso, aparentemente seguro de si, brilhante na escola e voraz
em suas leituras o adolescente Freud tinha todas as razões para crer que a sua frente havia
uma carreira ilustre”. (Gay, 1989)
Paradoxalmente, em outro momento, ao construir a Academia Espanhola, como veremos
adiante, ele se identificou com Cipião, general romano que derrotou Aníbal (Guerras Púnicas).
Mas não são exatamente assim que os adolescentes em suas buscas de modelos
identificatórios?
Jakob Freud, seu pai, o “Homem da bíblia”, não tinha nenhum respeito por outros livros que
não fosse o das Escrituras. Conforme nos relata no sonho da Monografia Botânica (A
interpretação dos sonhos), Freud o revê entregando para si e para sua irmãzinha um livro para
rasgarem, lembrança que aliás estranhamente Freud liga à sua paixão por literatura. Essa
paixão ”quixotesca que encontra aprovação junto a seu pai e chegamos a percebê-la, entre pai
e filho durante a adolescência de Freud, como fonte constante de atrito. (“Aos 17 anos eu tinha
uma enorme conta na livraria e nenhum meio para pagá-la. Meu pai não considerava como
desculpa o fato de não terem tido minhas paixões um objeto pior...”) (Robert, 1974)”.
O próprio Freud escreveu: “No liceu fui o primeiro da classe durante sete anos; mantive uma
posição privilegiada e quase nunca passei por exames” (Gay, 1989). Em Um estudo
autobiográfico (1925-4), ele relata: “Não sentia nenhuma predileção especial pela posição e
atividade de um médico naqueles primeiros anos de universo e, aliás, nem depois. Pelo
contrário, eu era movido por uma espécie de ânsia pelo conhecimento”.
Na verdade antes de decidir-se pela Medicina, Freud havia pensando em cursar Direito.
Freud matriculou-se em 1873 na Faculdade de Medicina da Universidade de Viena, porém
só graduou-se em 1881. Ao final de cinco anos habituais, não se apresentou para os exames
finais de graduação e se passaram outros três anos antes que ele se dispusesse a realizá-los.
Escreveu em uma carta (1888): “... além disto, meu hábito de investigador me causou muitos
transtornos durante os estudos”. Erna Lesky diz que “naquela época Freud era mais
investigador que estudante”. (Outeiral, 1990)
Em 1875 e no ano seguinte, Freud desenvolveu pesquisas importantes sobre a sexualidade
das enguias em Trieste. Seria uma mostra de seu interesse posterior pela sexualidade
humana?
Escrevendo para Emil Fluss, aos 16 anos, Freud comenta:
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... bem, vejamos, eu decidi ser um cientista em Ciências Naturais em deste modo, te libero
da promessa de me deixar conduzir todas as tuas causas jurídicas. Não é necessário. Vou
adquirir penetração nos envelhecidos dossiês da Natureza, talvez, bisbilhotando seus
processos eternos e dividirei meus achados com quem quiser aprendê-los. Como podes ver o
segredo não é tão horrível. (Outeiral, 1990)

A Relação com os Pais: Édipo em Viena e a Ictiosaura

Não são muitos os dados deste período sobre as relações com Freud e seus pais.
Podemos, entretanto, considerar a importância da diferença de idade entre seu pai e sua mãe,
vinte anos mais moça, e – superpondo-se a isto – que ele era o preferido de Amalie Freud.
Para Martin Freud, filho de Freud, seu pai recebia uma atenção especial de ambos, Jacob e
Amalie, o que se baseava, simplesmente, na firma crença de que “seu Sigmund” tinha dotes
extraordinários e que estava destinado a ser famoso. Por isso, nenhum sacrifício era
demasiado por ele. Poderiam tê-lo feito um “mimado” e, em conseqüência, prejudicá-lo e aos
demais, mas não o foi. (Freud, 1966)
Ernest Jones, em Vida e obra de Sigmund Freud, relata:
A complexidade das relações familiares deve haver representado um poderoso incentivo
para sua nascente inteligência... Desde muito novo se viu obrigado a resolver desconcertantes
problemas... (Cukier,1990).
Os sentimentos de Freud a respeito de seu pai era muito ambivalentes que em relação à
sua mãe, porque, diferentemente de Hermann Kafka, o pai de Freud era figura débil, e a força e
a segurança do lar repousavam em Amalie. Uma de suas experiências decisivas, sendo um
menino de onze anos, esteve relacionada com o ódio aos judeus e a ambivalência a respeito
de seu pai. Nessa época seu pai lhe narrou: “Eu era jovem e num sábado saí a caminhar por
uma rua do lugar onde nascestes. Ia elegantemente vestido, com um gorro de pele novo (um
Streiml, usado pelos rabis e judeus em dias de festa). No caminho apareceu um cristão, que
num golpe derrubou o gorro, caindo este no barro, e me gritou: – “judeu, fora do meu caminho”.
Interessado, Freud perguntou a seu pai: “e tu, o que fizestes?“ Jakob respondeu
tranqüilamente: “Baixei até a rua e recolhi o gorro”. Freud, mais tarde, em Psicopatologia da
vida cotidiana (1901), declara que “nunca pude perdoar a meu pai sua covardia ante os
inimigos de nosso povo”. (Liberman, 1990)
Lydia Flem (1986) coloca que o menino Scholomo – Sigismund- não pode perdoar essa
resignação ofensiva ao poder que ele dá ao pai e ao seu próprio narcisismo. Quer opor a essa
obediência resignada uma visível revanche. A humilhação paterna e o desejo de vingança que
ela faz nascer vão organizar sua vida interior e sua realidade biográfica. Como aconteceu com
outros estudiosos de sua geração, ele tentará pertencer à cultura do Ocidente e à sua história,
inscrevendo seu nome na frente de um capítulo novo, revolucionário, no campo das idéias.
Mas, entre o filho de um judeu humilhado e o pai de uma obra ocidental, nenhuma paz
verdadeira é possível. Sua relação com a modernidade não-judia e sua ligação com a herança
judia sempre estarão entrelaçados, sem que ele possa, nem procure, resolvê-las. Ele não tenta
solucionar os conflitos e as tensões que esse encontro cria, mas sublima seu sofrimento e o
transforma numa obra. Obra que se propõem a curar a dor psíquica, mas que convida, por
amor à verdade interior, a suportar uma certa parte da dor. Freud não teme viver no seio
mesmo das contradições, porque elas lhe são fecundas, delas retirando uma força e uma
sensibilidade sempre criadora. (Flem, 1986)
Lydua Flem, relata também que em duas cartas que Freud enviou para seu jovem discípulo
Karl Abraham, ele exprimiu este pensamento: “sua condição de Judeu, ao lhe criar mais
dificuldades, terá, como para todos nós o efeito de fazer com que suas capacidades aflorem
como toda força”. E: “Quero apenas dizer que, enquanto judeus, devemos, se quisermos, ou
seja lá o que for, participar de alguma coisa, ter um pouco de masoquismo e estar dispostos a
sofrer algumas arbitrariedades”. Na opinião da autora, é este o salário da fidelidade e da
verdade nua e crua: o que seria o fundamento da Psicanálise (Flem, 1986). Porém, quando seu
pão faleceu, em 1906, ele escreveu a seu amigo. Dr. Fliess: “Através de um dos obscuros
caminhos que existem atrás da consciência, a morte de seu pai tem me afetado
profundamente. Eu o apreciava muito e o compreendia muito também. Com sua peculiar
mescla de profunda sabedoria e fantástico iluminismo, significava muito em minha vida...”
(Freud, 1966)
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É interessante retornar um momento da adolescência de Freud. Aos dezesseis anos, ele


retorna a Freiberg para uma visita. Um dos seus companheiros de viagem era Eduard
Silberstein, um amigo de adolescência. Mais tarde, em suas cartas a esse amigo (1982), ele
confessa seu interesse por Gisela Fluss, um ano mais nova que ele, irmã de seu outro amigo,
Emil Fluss. Dizia estar muito cativado por “esta moça ingênua, meio cultivada”, guardando,
entretanto, seus sentimentos para si mesmo, culpando seu “hamletismo absurdo” e sua timidez
por não conseguir se dar o prazer de uma conversa com ela. Ele diz que seu “primeiro enlevo”
nunca foi muito além de tímidas alusões e unas poucos encontros comoventes. (Gay, 1989)
Peter Gay diz ainda que, na verdade, a confissão de Freud ao amigo sugere com clareza
que toda a experiência foi essencialmente uma paixão edipiana:
Ele se estendia longamente e enumerava com deleite os encontros com a mãe de Gisela,
uma rica matrona de Freiberg – sua inteligência, sua cultura, sua versatilidade, inalterável
jovialidade, seu jeito suave com os filhos e sua cordial demonstração de hospitalidade, o que
não deixava de ser muito importante para ele. Frau Fluss, assim muito mais que Gisela, era
verdadeiro alvo de sua efêmera e taciturna paixão da adolescência: “Parece”, reconheceu ele,
intuitivamente prevendo o tipo de preocupação a que viria a se dedicar na vida, “que eu
transferi o respeito pela mãe e a amizade pela filha”.
Quando recebe a notícia do casamento de Gisele, a 2 de outubro de 1875, Freud escreve a
Silberstein uma carta em que inclui versos que chama de Ode Epitalâmica, poema burlesco em
que um Freud ressentido considera “antidiluviana” a vida dos recém-casados e dirige ataques à
noiva, deixando em evidência sua inveja na descrição apreciada que faz de Gisele e das
“delícias” que oferecerá ao noivo. Gisele é chamada de Ictiosaura. Segundo K. Eissler
(Dubcovsky, 1986), o apelido deriva-se de um poema de J.V. Scheiffel (1826-1886) – autor
muito lido na época na Alemanha –, O último octiosauro, no qual um velho ictiosauro beijou
uma ictiosaura em plena luz do dia. O sobrenome de Gisela, Fluss, que em alemão significa rio,
também pode haver orientado a escolha do apelido do Ictiosaura (réptil aquático). Gedo e Wolf,
citados por Santiago Dubcovsky (1986), assinalam a coincidência entre a abreviatura ICH
referida a ICHTYOSAURA e a palavra utilizada para representar a instância psíquica do ego
em suas teorias posteriores.

As cartas para Emil Fluss: o Amor Idealizado

Durante três anos após sua visita a Freiberg (com dezesseis anos) Freud trocou intensa
correspondência com Emil Fluss, irmão de Gisela (1872-1874). Essas cartas foram adquiridas
em 1930 por Doroty Burlingham, que as ofereceu a Anna Freud. Marie Bonaparte salvou-as
dos nazistas, levando-as para Londres. Ficaram esquecidas até 1969, quando o príncipe M.
Masud Khan, arquivista e bibliotecário da Sociedade Britânica de Psicanálise, redescobriu-as e
foram, então, publicadas, em 1969, no Internacional Journal of Psycho-analysis.
Tais cartas nos dão a idéia de um adolescente que vive um amor idealizado, num
verdadeiro enamoramento, como Freud tão bem descreveu em Psicologia de grupo e análise
do ego (1921) (Meneguini, 1972).
Freud escreveu a Fluss que no retorno a Viena deparou-se num trem com uma jovem cujo
rosto estava coberto e desfigurado por furúnculos: “... a repulsa sobrepujou a compaixão que
eu devia a um ser humano sofredor.” Ele então saiu rápido da cabine em busca de outro lugar.
... mas sendo meu dia de azar, terminei em companhia de um mui venerável judeu velho,
com sua correspondente velha esposa, sua lânguida e melancólica filha querida e seu insolente
e promissor filhinho. Essa companhia foi ainda mais indigesta (...) ora, esse judeu falava de um
mesmo modo que eu já tinha ouvido milhares de vezes antes, mesmo em Freiberg. Seu próprio
rosto parecia familiar – era típico. Assim também era o rapaz com quem ele discutia religião;
este era feio do mesmo estofo com que o destino forma os trapaceiros quando os tempos são
propícios. Ardiloso, embusteiro, mantido por seus pais – que o adoram – uma crença de que é
um grande talento, mas inescrupuloso e sem caráter. Um cozinheiro da Boêmia, com uma cara
de cãozinho de estimação. Estou saturado deste tipo de gente. Ouvi que Madame judia e a
família provinham de Messeritsch: o adequado conjunto de ingredientes para esta espécie de
ervas daninhas.
Mais adiantes, no vagão refeitório:
... Duas belas estrelas luziam para mim (...) as estrelas eram dois olhos encantadores (...)
nenhum pensamento sobre a transitoriedade da vida passou por minha mente porque, junto a
uma mulher nervosa, sentavam-se sua filha de doze anos, com um belo rosto de anjo e
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maneiras tão neutras que poderia se haver transformado numa bela gravura. A menina comia
mais serenamente que a mãe e, cada garfada, deixava que seus olhos castanhos e arredios
deslizassem sobre seus companheiros de refeição...
Freud não terminara o almoço e a mãe arrasta a menina para outro vagão. Embravecido,
ele segue as duas e teve que suportar, para conservar sua visão, sentar-se em meio a um
grupo de soldados que (seria apenas uma causalidade ou mostra de interesse que se
explicaria no futuro) levavam um colega louco para tratamento em Viena.
Em outra carta, datada de 17 de março de 1873, Freud escreve:
... mas deixando de uma vez por todas este tom ocular, quero te dizer que tivemos uma
pequena representação teatral em nossa casa por ocasião do Purin (o qual, além do mais, caiu
no 13 de março, tão sagrado para nós todos, o dia também em que César foi assassinado).
Uma senhora da vizinhança – dessas que não sabe como ocupar seu tempo – treinou minhas
irmãs, meu irmãozinho e outras crianças como atores, forçando-nos assim a ganhar nosso
jantar de Purin (bem conhecido como não dos piores) de forma dura, em troca de um estranho
regalo artístico (...) Que nunca te vejas no dilema de ser irmão de atrizes tão ambiciosas (...)
Tenho uma boa quantidade de leitura por fazer dos clássicos gregos e latinos, entre eles o
Oedipux Rex de Sófocles...
L.C. Meneghini, em seu trabalho sobre o adolescente Freud, observa que nestas cartas
ocorre uma divisão intrapsíquica dos objetos amorosos (a mulher repelente, coberta de
furúnculos, em oposição à jovem perfeita, idealizada) tal como ele descreverá posteriormente,
em 1912, em seu trabalho Sobre a tendência universal à degradação na esfera do amor. As
referências edípicas são também evidentes, incluindo o denegrir e a inveja, entre outros
sentimentos, como referências específicas ao tema de Édipo Rei e da morte de César, modelo
universal da fantasia parricídio. O Édipo Rei, de Sófocles, é o texto do qual Freud configurou o
tema da trama edípica no desenvolvimento infantil, e Júlio César, de Shakespeare, apresenta a
morte do imperador assassinado por seu filho Brutus. O amor idealizado também está
presente. A festa do Purin também contém elementos interessantes: é uma festa tradicional
judaica quando se rememora um acontecimento bíblico. Assuero, rei dos Persas, é persuadido
por Haman a eliminar os judeus a pretexto de uma conspiração contra o rei. Mordecai. líder dos
judeus, avisado por Ester, mulher do rei e judia, descobre a trama, e Haman é desmascarado.
Triunfa o lado de Mordecai de Freud, amigos dos pais, amoroso, contra a parte de Haman,
agressiva e infantil. O lado de Haman, o aspecto agressivo do jovem Freud, está evidente da
descrição mordaz e feroz que faz do casal judeu no trem, representante dos pais e dele
próprio. Por fim prevalece o aspecto Mordecai, com os impulsos amorosos e reparadores.

As Cartas para Eduard Silberstein: o Interesse Literário e Psicológico

A recente descoberta de uma correspondência de Freud para seu amigo Eduard Silberstein
(1871-1881), publicada em 1990, constitui uma nova fonte de dados sobre esse período de sua
vida e proporciona elementos sobre sua capacidade criativa e, principalmente, revela a
precocidade de seu interesse psicológico.
Em seu 70 aniversário, como cita Trilling (1950), Freud disse: “Os poetas e filósofos
descobriram antes de mim o inconsciente; o que eu descobri foi o método científico pelo qual o
inconsciente pode ser estudado”. Ele admirava os insights dos grandes escritores e usava-os
como fonte de criatividade. (Outeiral, 1991).
Freud, desde a adolescência, esteve intimamente envolvido com a literatura, incluindo os
clássicos e os gregos; entre os principais autores lidos por ele nesse período estão Horácio,
Goethe, Shakespeare, Heine, Schiller, Sófocles e Cervantes. Os dados documentaram que o
jovem Freud foi realmente “uma pessoa literária”.

A Influência de Cervantes

Gedo e Wolf sustentam a impressão de que Cervantes foi um guia pêra o nascimento de
uma tradição humanista em Freud e chamam a atenção para as muitas vezes que ele o cita em
sua obra. Freud leu Dom Quixote antes de 16 anos e logo estudou espanhol para poder lê-lo
em seu idioma original (talvez, como interpreta Gedo, para adquirir os elementos em sua
pureza originária). (Dubcovsky,1986)
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Numa carta de 7 de fevereiro de 1884 à Martha, sua noiva e futura esposa, ele evocou sua
adolescência e sua amizade com Eduard Silberstein nestes termos:
“Nós não nos largávamos... Juntos aprendemos espanhol. Tínhamos nossa mitologia
própria e nossos nomes secretos, retirados de um diálogo do grande Cervantes”.
Em 1871, a correspondência entre Eduard e Sigmund já existia. Uma Academia Castelhana
havia sido criada por ambos, e o estudo comum da língua espanhola já havia iniciado. Este
estudo se fez sem professor, sem gramática, sem dicionário e se baseou unicamente na leitura
de textos em espanhol. Os dois amigos fundaram esta academia, secreta e exclusiva, sem
nenhum outro membro, com Silberstein assumindo o nome de Berganza e Freud o de Cipião
(nomes estes retirados dos cães de um diálogo, do qual falaremos logo a seguir). Eles
trocavam cartas confidenciais em espanhol, além de manter sua correspondência, mas
expansiva, em alemão.
A Academia Castelhana no início era chamada de um nome que se abreviava SSS
(Spanische sprach-schule: escola de língua espanhola). Primeiramente, as cartas eram escritas
com um vocabulário pobre, mas logo elas foram se enriquecendo de expressões novas, o que
lhes possibilitava expressarem-se melhor. Mais tarde, devido à prática que Freud adquiriu em
escrever em espanhol, ele teve que se acostumar, novamente, a escrever em alemão assuntos
que não faziam parte da academia.
Durante dez anos, Cipião/Freud derramou uma torrente de conselhos, aforismos agudos,
exaltações e milagrosos insights a seu amigo Berganza/Silberstein, no melhor estilo das
Novelas exemplares, de Cervantes.
Para Gedo e Wolf, é significativa a criação da Academia Espanhola, que eles denominam
“avenida de insight na profundidade da mente de Freud”. Dubcovsky (1968 também concorda
com eles, ou seja, que esta aliança secreta põe em relevo uma modalidade de rebeldia típica
de adolescentes, rebeldes frente ao mundo adulto e suas misérias, aliança que os reúne e
permite compartilhar seus pensamentos só entre eles; semelhantes aos cães do diálogo que
descobrem que podem falar e ao mesmo tempo burlarem-se secretamente do que lhes rodeia.
Em um comunicado emocional, Freud confessava “um sentimento melancólico e agradável”
pela ausência de seu amigo e seu “anseio” por uma conversa “sincera”. Outra de suas
mensagens confidenciais ao seu “Queridíssimo Berganza” traz a advertência: “Que nenhuma
outra mão toque esta carta”. Era a carta em que Freud expressava seus sentimentos amorosos
mais profundos ao amigo. (Gay, 1989)
Mesmo jovem, Freud já considerava altamente suspeitas as comunicações muito
superficiais. “Notei”, escreveu queixando-se de seu amigo em 1872, “que você permitiu
conhecer apenas uma seleção de suas experiências, mas reservou seus pensamentos mais
íntimos totalmente para si”. Ele já estava à procura de revelações mais profundas. (Gay, 1989)
No diálogo dos cães, de Cervantes, o qual vem descrito logo a seguir, algumas questões da
Psicanálise são colocadas, como por exemplo esta: haverá diferença entre o que se passa em
nossa imaginação e o que efetivamente acontece na realidade? Encontramos também
assuntos que fazem referência à linguagem, à agressão e à idealização (Outeiral, 1991).

O Diálogo dos Cães

A história inicia quando um certo indivíduo chamado Campuzano conta para outra pessoa
que,enquanto ele se recuperava em um quarto de hospital, ouviu durante a noite o diálogo
entre dois cães, chamados Cipião e Berganza, que ficavam embaixo de sua cama e pensavam
que ele dormia. O problema central deste trabalho de Cervantes (e que é também o interesse
central para o adolescente Freud) é saber discriminar entre o que é fantasia e o que é
realidade. Isto é que dá particular convicção à idéia de que, nas palavras de Grimberg,
Cervantes é um dos antecessores culturais de Freud. Mas esta história possui algo mais
sugestivo para a história da Psicanálise. Ela possui uma estrutura muito particular e peculiar,
na qual Berganza narra a história de sua vida para Cipião no silêncio da noite. Nesta situação
livre de interferências externas, Berganza começa a contar sua vida:
Desde que eu cresci o bastante para roer um osso, tenho tido vontade de falar e dizer as
coisas enterradas em minha memória, esquecidas ou enferrujadas pelo tempo. Agora que
descubro em mim, inesperadamente, esse Dom da fala, quero aproveitá-lo para dizer aquilo
que consigo me lembrar...
Cipião então lhe responde:
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Fale até de manhã (...) escutarei com prazer, sem interrompê-lo, a menos que isso seja
necessário (...) antes de continuar, seria bom que pudesse dar vida ao que a feiticeira lhe disse
e descobrir, assim, se a grande mentira em que você acredita é verdade.
Berganza tenta então recordar-se do trauma que sofreu e, ajudado por Cipião, começa a
interrogar suas origens, seu nascimento, a história de sua vida... O diálogo Freud/Silberstein
(Cipião/Berganza) como observaram com muita clareza Leon Grimberg e colaborados, foi o
ponto inicial de uma outra série de diálogos (Freud/Martha, Freud/ Breuer, Freud/Fliess, etc.),
que levariam à auto-análise de Freud, e representa, sem dúvida, o modelo desenvolvido,
posteriormente, no tratamento psicanalítico.
Na realidade, a atitude de Cipião é semelhante do que o “pré-analista” Freud adotava em
seus estudos sobre histeria com seus pacientes: desta posição – ético-pedagógica – ele
encorajava seus pacientes a falarem de seus traumas, abandonos e abusos, o que se constitui
a chamada catarse. Anos mais tarde, Freud descreveria a situação analítica como aquela em
que os dois, médico e paciente “estavam apenas tendo um diálogo”. Então, a academia
Castelhana nos permite uma conclusão: a Psicanálise existia em Freud antes do aparecimento
de Breuer e do caso Ana; e já nos seus anos de adolescência. Isto difere das contribuições de
Bernfeld (Grimberg, 1984) sobre a história de Freud e da sua adolescência, tanto quanto nos é
conhecido, não revelam qualquer coisa sobre Freud como um futuro criador da Psicanálise.
(Bernfeld, 1949)
O papel de Cipião, de ouvinte da história de vida de Berganza e fazendo comentários
ocasionais para facilitar o fluxo do material, é parte da atividade psicanalítica.
Conforme comenta L. C. Meneghini, “milhares de adolescentes, ao redor dos 16 anos, terão
tido a aspiração de devassar os mistérios da natureza humana mas poucos terão conseguido,
como Freud, realizá-la de maneira tão global, colocando ao nosso alcance e entendimento
aspectos profundos do ser humano, na relação do homem consigo mesmo, e compartilhando,
como era seu desejo, estes novos conhecimentos com muitos discípulos que mais tarde os
ampliaram em tantos ramos das ciências do homem”.
Para Gedo e Wolf, diante do fato de que as obras de Cervantes têm sido consideradas
autobiográficas e reveladoras de aspectos do próprio autor, pode ter acontecido que
significados inconscientes em Cervantes tenham refletido como espelho os conflitos internos do
jovem Freud, que tanto o admirou e se identificou com ele explicitamente, Tal fato pode sugerir
os primórdios e as raízes do conhecimento da Psicanálise.
Assim nos é permitido entender que “este adolescente Freud, que assumiu para si o papel
de Cipião, está expressando seu sonho quixotesco de ser um grande homem e conquistar o
mundo... pela criação da psicanálise”. (Outeiral, 1991).

Notas

1. A mãe de Freud, Amalie, o chamava de Mein Goldener Sigi. (Cukier, 1990)

2. Em relação ao nome Sigismund: ele representa o nome de nobres polacos protetores dos judeus e, por
sonoridade, talvez ligado ao nome do bisavô materno, Sisskind Hoffman. Em relação aos fonemas “si”
correspondem à imagem em espelho de “is”, inicial de Israel (equivalente bíblico de Jacob) e que aparece
duas vezes no nome “Sigis”. Sieg é também um vocábulo alemão para Victória. O vocábulo “is” parece ter
sido um vocábulo difícil para Sigismun/Scholomo, seu portador, e se observa uma compulsão repetitiva
para eliminá-lo de forma direta ou como ato falho de seu nome e de outros. As três tentativas importantes:
1) a troca da grafia do nome, feita por Freud, de Sigismund a Sigmund, feita aos 10 anos (pela primeira
vez em carta a Silberstein, 28 de junho de 1875); 2) o esquecimento do nome Signorelli aos 41 anos; e 3)
a passagem de Narzissismus, aos 55 anos. (Marcer, 1990) Um trabalho de José Cukier intitulado Sigi
também comenta a passagem de “Sigi” a “Sigmund”. (Cukier, 1990)

3. Freud teve sete irmãos. Além do que morreu, ele teve cinco irmãs e um irmão, Alexandre, que nasceu
quando ele tinha dez anos. (Freud, 1969)

4. Eissler, segundo Dubcovsky (1986), relacionava o episódio do primeiro amor com Gisela como
determinante para que Freud abandonasse sua vocação literária e escolhesse o estuda da Medicina.
Eissler considera a explicação de Freud, que atribui sua escolha à impressão que lhe causou o trabalho
de Goethe sobre a natureza, incorreta. (Dubcovsky, 1986)

5. Seu amigo Emil Fluss mais “pragmático” que Freud mantinha um namoro com Otília. Freud em uma
carta que lhe enviou, em 17 de março de 1873, confessou sua inveja: (...) “Se, como dissestes tão
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triunfalmente, eu estava com inveja, não há mais motivo para isso. Ou Otília voltou à Freiberg nesse
ínterim?” (Gay, 1989)

6. É interessante citar alguns versos da Ode Epitalâmica (Dubvosky, 1986):


¡Canta para mi, oh Musa! La fama de los ictiosauros comunes que ensaño preferían el liásico entre
otras formaciones y han sido faro y arquetipo para la academia, que estableció un premio para sus
apariciones.
Permanecen pero oprimidos por la creta que en pos de ellos vino hasta que la creta se disgregue, pues
nada es eterno sobre la tierra.
¡Pero oh Musa! Lamenta el continuo borronear de cuartillas y el apurado correo que no admite atrasos
no dejando pintar el brillo de los ojuelos y el color interior Qui, si gris, si verde, ningún juicio monto lo
discierne, ni la forma de la nariz o de la mejilla ni el trazo de la oreja, y ordenan con fugaz mirada echar
para ti algunas luces sobre la virgen reluciente que ahora se une lavaron para ser ama de casa.

7. Para o seu exame de curso secundário, sua “Matura”, ele necessitou traduzir um trecho de Virgílio que,
“por acaso, eu havia lido como distração algum tempo atrás”, e trinta e três versos de “Édipo Rei”. Eu
conhecia essa passagem e não tive dificuldades” (Flem, 1986)

8. Em uma carta a Emil Fluss datada em 17/03/1873, o adolescente Freud escreveu:


O Rei Édipo, que matou seu pai Layo e tomou por esposa sua própria mãe, Jocasta, somente
manifesta a satisfação dos nossos desejos infantis. Dever ler algo do clássicos gregos e latinos, entre
outras coisas Édipo Rei, de Sófocles. Perdes muita beleza se não puderes ler tudo isto, mas, por outro
lado, conservará esta jovialidade que transborda em suas cartas e me faz tanto bem... (Freud, 1979)

9. A correspondência conhecida mantida por Freud durante sua adolescência corresponde às cartas
dirigidas a Eduard Silberstein, entre 1817 e 1881, e publicadas recentemente (JUGENDBRIEFE NA
EDUARD SILBERSTEIN, 1871 – 1881, FRANK-FORT, ED. FISHER, 1989) e a Emil Fluss, durante o
período compreendido entre 1872 e 1874.

10. Freud foi homenageado em 1930, pela cidade de Frankfurt, com o prêmio Goethe de Literatura. (Wolf,
1971)

11. Carta à Martha Bernays de 7 de fevereiro de 1884:


Nós fomos amigos numa época em que não se via na amizade um “desporte” ou uma conveniência,
quando se necessitava de um amigo para compartilhar com ele. Na verdade, compartilhávamos juntos
todas as horas do dia, as que não passávamos sentados em nossos bancos escolares. Aprendemos
juntos espanhol, tínhamos nossa mitologia própria e nomes secretos que havíamos extraído de um dos
diálogos do grande Cervantes. (...) Fundamos uma peculiar associação erudita, a “Academia Castelhana
(AC)”, escrevemos juntos uma nutrida literatura burlesca que sem dúvida alguma se encontra entre os
meus velhos papéis, compartilhamos momentos agradáveis e nenhum de nós jamais se aborreceu com a
companhia do outro. (Freud, 1979)

12. Lydia Flem nos coloca este questionamento:


Mas será que Freud adolescente esqueceu, ao escolher o nome do cachorro que escuta mais do que
conta suas aventuras, que Cipião é também um ilustre romano que se distinguiu na Espanha durante a
Segunda Guerra púnica e que foi em Zama o vencedor de sue querido Aníbal? Ele não pode ignorar isto,
pois estudou com atenção as guerras púnicas no Liceu. (Flem, 1986)

13. León Grinberg e Juan Rodrigues apresentam um painel sobre A influencia de Cervantes no futuro
criador da psicanálise no 33º Congresso Internacional Psicanalítico, realizado em julho de 1983, em
Madrid. (Grimberg, 1984)

14. A Talking cure (cura pela palavra) teve início, na realidade, no que poderíamos chamar de “cura pela
escrita”, através da vasta epistolografia de Freud, desde sua adolescência até o final de sua vida. A
correspondência Freud/Silberstein é uma precursora desses elementos.

15. Os autores consideram também que o episódio amoroso de Fred com Gisela Fluss é uma reprodução
idealizada do romance de Quixote e Dulcinea. Sustentam que “se Freud não lhe confessou seu amor, não
por timidez; um cavalheiro andante não deseja conversar com seu amo, necessita tão somente que
corporize seu ideal”. (Dubcovsky, 1986)
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CUKIER, J. “Sigi”. Revista Psicanalítica DA Apa. Buenos Aires, Tomo XLVII, 5/6, Nov-dec de 1990.
DUBCOVSKY, S. La triple vida sexual de Sigmund Freud. Ed. Muchnik. Barcelona. 1986.
FLEM, L. A vida cotidiana de Freud e seus pacientes. Ed. Hachette, Rio de Janeiro, 1986.
FREUD, M. Sigmund Freud: mi padre. Ed. Stilcograf. Buenos Aires, 1966.
FREUD, S. Lettres de jeunesse (Connaissande de le inconsciente). Gallimard, Paris, 1990.
________. Sigmund Freud: autobiografia. Alianza editorial. Madrid, 1969.
________. Su vida en imágenes y textos. Paidós. Buenos Aires, 1979.
GAY, P. Freud: uma vida para nosso tempo. Ed. Schwartz. São Paulo, 1989.
GRIMBERG, L. & Rodriguez, J. The influence of Cervantes on the future creator of psychoanalysis. Int.
J. Psycho-Anal, v. 65, 1984, p. 155.
LIBERMAN, A. Freud. El judío que regreso de Egipto. Milá. Buenos Aires, 1990.
MANNONI, M. Da paixão do ser à loucura do saber. Jorge Zahar. Rio de Janeiro, 1989.
MARCER, R. & Kicillof, D. Introducción al psicoanálisis de la elección de los nombres propios. El caso
Sigismund Scholomo Freud. Ver. Arg. De Psicoanálisis APA, Tomo XLVII, enero-febrero de 1990.
MENEGHINI, L. Freud e a literatura. Ed. da UFRGS, Porto Alegre, 1972.
OUTEIRAL, J. & Fontoura, V. O diálogo dos cães de Cervantes: o interesse psicológico do jovem Freud.
Trabalho apresentado no Encuentro Internacional de Psiquiatria de La Adolescência, Buenos
Aires, 1991.
ROBERT, M. De Édipo a Moisés: Freud e a consciência judaica. Clamann-Lévi. Buenos Aires, 1974.
WOLF, E. Sigmund Freud: some adolescent transformations of a future genius. Adolesc. Psych., IUP
Chicago, 1971.

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