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O orgulho é uma palavra de muitos sentidos. Aqui vamos vê-la na perspectiva do reino dos
deuses, isto é, como uma satisfação permanente e completa de tudo o que é favorável.
Poderíamos pensar, nesse caso, que esse orgulho se distancia bastante do orgulho de quando
nos gabamos de algo, querendo que o outro nos reconheçam. Este segundo seria o orgulho
dos semideuses, também chamados de asuras na psicologia budista. O orgulho dos deuses é
muito natural. É uma vaidade sem artificialidades, eles apenas têm tudo de bom e do melhor,
só. São irresistivelmente belos. Acredito que os deuses são quando ganhamos um presente
novo quando somos crianças, um presente que queríamos muito. Ficamos deslumbrados com
aquilo, olhando e olhando, nos sentindo completamente abençoados. Isso acontece muitas
vezes quando conquistamos algo que queríamos muito, sempre surge uma sensação de “que
máximo, eu consegui.” Algumas pessoas como artistas ou pessoas da grande mídia vivenciam
experiências assim, portas se abrem, sempre, para quando eles passam. Às vezes temos
alguém nas nossas vidas que sempre nos olhar com um olhar bem especial, nos levando para
essa paisagem do reino dos deuses. Às vezes ficamos bem felizes porque conseguimos fazer
algo de maneira muito especial também e não queremos sair dali nunca. Ou pode acontecer
também de acharmos o máximo o nosso corpo quando somos jovens e ficamos ali, olhando
para ele. É como se a nossa música estivesse tocando na hora certa com a pessoa que
queríamos (e na mesa, nossa comida preferida e nas nossas contas, todo o dinheiro do mundo)
já pensou? Embora essa experiência seja realmente maravilhosa, a notícia ruim é que ela passa
e quando não estamos preparados para o fim dela nós vemos em uma paisagem interna
[forma de ver o mundo] bem difícil com carência, raiva, inveja ou medo. Enquanto estamos ali
dentro de tanto prazer não vemos que o tempo está passando. Não vemos que podemos
ajudar realmente alguém de maneira definitiva [ajuda-la a entender a sua própria plenitude].
Podemos eventualmente ser generosos, conceder ajudas, mas nada muito profundo, fazemos
isso porque nos sentimos naturalmente maravilhosos. Então, o ponto aqui é entender que
quanto mais ficamos deslumbrados com o que temos e o que somos, com nossas habilidades e
capacidades sem realmente fazer algo de realmente útil para nós e para os outros, mas o
tempo passa. O que temos diminui ou dispersa, o que somos envelhece, nossas habilidades e
capacidades minguam e não temos mais o que fazer. Quantas vezes você se lembra de, depois
de ter sentido um grande momento de euforia ter tido, logo depois uma grande raiva?
Corpo: Quando estamos no deslumbramento, nosso corpo é belo, nossas qualidades estão
exaltadas. Se somos velhos, somos elogiados, se somos novos, também. Nos sentimos
naturalmente perfeitos. Somos atraentes e bem-quistos. Quando estamos apaixonados, não
raro, transferimos o outro para o reino dos deuses e sentimos que o corpo do outro é todo
perfeito [é engraçado olhar os defeitos depois que a paixão passa]. Podemos também
transferir objetos para o reino dos deuses ou mesmo momentos da nossa vida. Não importa, a
corporalidade daquele momento é extraordinária para quem está vivenciando.
Energia: A energia do orgulho é um deslumbramento contínuo, espalhado. Quando estamos
presos no deslumbramento, sempre achamos que tudo vai dar certo, afinal temos todas as
condições. Os deuses realmente pensam “positivo”, mas não conseguem parar para meditar.
Pensam positivo demais. Percebam que não há esforço algum aqui, simplesmente nos
sentimos como se todos pudessem nos servir. Como diz o Lama: Os deuses não precisam fazer
esforço para serem amados, são sustentados pela energia operativa dos seres de outros reinos
e se tornam inconscientemente vaidosos de suas qualidades (A Roda da Vida, p.28).
Paisagem: Lembre-se de um shopping center. Todas as lojas cheias, pessoas rindo, bonitas,
comprando. As vitrines espelham sempre os melhores produtos do universo e as propagandas
ressaltam as qualidades de quem possui aqueles produtos. Sem falar nas comidas, que sempre
parecem ser atrativas e deliciosas. É assim que os deuses [nós quando estamos presos no
deslumbramento] veem o mundo. Tudo é magnifico, eu sou maravilhoso.
DUKKA
Lembre-se:
2. O ar que você inspira já é o ar da deslumbramento, ele expande no seu corpo e na sua vida.
(ar)
3. Esse ar ao entrar no seu sangue e oxigenar seu corpo, oxigena o corpo do deslumbramento
(fogo) produzindo uma sensação de vivacidade do deslumbramento.
Evite compartilhar esse texto sem a respectiva instrução de como liberar as pessoas dessa
emoção. Conhecer a emoção é muito importante para gerar honestidade mental, mas saber
como se libertar dela – através da prática da motivação ou das várias outras indicadas no CEBB
– é mais importante ainda porque isso é o que nos faz ajudar mesmo a nós mesmos e aos
outros.