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As dificuldades de est udo do pensament o dos Vedas. MART INS, Robert o de Andrade
Robert o de Andrade Mart ins
Maria Lucia Abaurre Gnerre A VIDA SAGRADA: OS QUATRO ESTÁGIOS (ÃSRAMAS) DA
VIDA DOS BRÃHMA~AS
Fabricio Possebon
(Org.) Roberto de A. Martins
roberto.andrade.martins@gmail.com
INTRODUÇÃO
Editora Universitária da UFPB 18 As quatro castas iuarna, em sânscrito, significando literalmente "cor" ou
João Pessoa' PB "aparência" ou "classe") indianas tradicionais eram: brãhmana (a classe
2012 religiosa), k$atriya (a classe militar e governante), vaisya (classe dos
agricultores e comerciantes) e sudra (a classe dos serviçais). De acordo
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exibir sua idéia sobre a dignidade dos
representava o segmento da sociedade que era responsável
sacerdotes sem: ter a intenção de realizá-Ia. Uma
pela prática e instrução religiosa. Seria, por assim dizer, a coisa, no entanto, é certa: como o Brahmana
classe sacerdotal, embora seja melhor evitar esse nome, para não reconhecia qualquer superior na Terra, ele
não trazer à mente associações errôneas. tinha pouco temor de que suas delinquências
fossem punidas severamente. Ele não podia ser
Vamos descrever aqui apenas a estrutura de vida que
chamado para prestar contas por se afastar de
era prevista nos textos antigos, sem questionar se todos os suas regras, porque ninguém tinha a liberdade
brãhmanas seguiam ou não esse esquema teórico. Portanto, de julgá-Ia. Uma regra austera de vida poderia,
não haverá aqui a preocupação de descrever uma história portanto, não ser uma restrição sobre suas
inclinações maior do que aquilo que ele
social vivida, e sim de descrever uma teoria de vida, que pode escolhesse fazer. (BANERJEA, 1851, p. 53)
ter correspondido à prática ou ter sido muito diferente dela,
em cada período histórico. Outro aspecto, inerente à própria tradição indiana, que
limita o presente estudo, é que vamos nos referir quase
Eram esperadas grandes obrigações por parte exclusivamente à vida dos homens, pois a tradição religiosa
dos Brahmanas. Aqueles que se arrogam
antiga indiana era antropocêntrica. Há um número enorme de
grandes honras, devem pelo menos alegar ser
guiados por um padrão de dever mais elevado textos descrevendo as obrigações dos homens, mas poucas
do que seus vizinhos. Um homem que se indicações sobre a vida das mulheres.
orgulha da grandeza de sua origem deve admitir Uma última simplificação será a delimitação do período
que lhe cabe observar princípios mais altos de
moralidade, do que aqueles sobre os quais ele a ser descrito. A índia, como qualquer outra nação ou região,
supõe superioridade. Os Brahmanas, de acordo sofreu muitas mudanças ao longo de sua história. O texto
com isso, estabeleceram regras severas para o fundamental utilizado para a preparação deste trabalho foi o
governo de sua ordem. Não é fácil determinar
Código de Manu (Mãnava Dharma Sãsira, também chamado
se os autores dos Shastras tinham a intenção de
que suas regras austeras fossem seguidas na de Manu Smriii. Sua composição costuma ser situada nos
prática, ou se eles meramente propuseram primeiros séculos antes ou depois da era cristã - entre 200
a.c. e 200 d.c.,19 embora existam muitas dúvidas sobre tal
com o Código de Manu, a divindade atribuiu obrigações diferentes a essas
quatro castas: "Para proteger este universo, Ele, o mais luminoso, atribuiu
atividades separadas para aqueles que brotaram de sua boca, braços, 19 É difícil datar esta e outras obras indianas antigas. A oprruao mais
coxas e pés. Aos brãhmana ele atribuiu o ensino e estudo [dos Vedas], comum é a de que.o Código de Manu foi escrito um ou dois séculos antes
realizar rituais para si e para outros, fazer e aceitar doações. Ao k$atriya ou depois do início da era cristã: "[...] O Manu Smrti é o mais antigo e mais
ele ordenou proteger o povo, fazer doações, oferecer sacrifícios, estudar importante texto deste gênero, composto entre o segundo século antes da
[os Vedas], abstendo-se de se prender aos prazeres sensuais. Ao vaisya, era cristã e o terceiro século da era cristã [...]" (FLOOD, 1996, p. 56);
criar gado, fazer doações, oferecer sacrifícios, estudar [os Vedas], "poderia ter sido composto em qualquer época entre 200 a.c. e 200 d.C."
comerciar, emprestar dinheiro e cultivar a terra. O Senhor prescreveu (AVARI,2007, p. 142); ou foi "completado em alguma época entre 200 a.c.
apenas uma ocupação para o südra: servir essas três castas" (Manava e 100 d.C." (HOPKINS, 1971, p. 74). Há, no entanto, opiniões
Dharma Sãsira 1.87-91). completamente diferentes. Charles Naegele (2008), por exemplo, coletou
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datação. Independentemente de nossa ignorância sobre o O Código de Manu se assemelha principalmente aos
período no qual foi escrito, devemos ter em mente que as Dharma Sütras, pois a maior parte de seu conteúdo é
normas ali descritas refletem a cultura religiosa, filosófica e referente às normas ou obrigações (dharma), tanto de
social de certa época e que antes e depois dela as idéias natureza social quanto religiosa. No entanto, distingue-se
apresentadas no Código de Manu poderiam não ser aplicáveis. deles em vários aspectos. Sob o ponto de vista estilístico, os
Sütras são escritos em prosa, sob a forma de frases muito
FONTES DE INFORMAÇÃO sucintas, como aforismas; o Código de Manu é escrito em
versos. Os Sütras são atribuídos a autores humanos - grandes
o Código de Manu, como já foi indicado acima, será a sábios, como Saflkhãyana ou Asvalãyana - enquanto o Código
principal fonte de informação utilizada. Além dele, serão de Manu é atribuído a um personagem sobrenatural, Manu,
citadas outras obras que provavelmente são do mesmo que teria recebido ensinamentos diretamente de Brahmã.
período, pertencentes ao grupo dos Kalpa Súiras (textos Cada um dos Sütras está associado a uma das várias escolas
ritualísticos) da ortodoxia vêdica ". Os Vedas, propriamente vêdicas (sãkhã, literalmente "ramo"), enquanto o Código de
ditos, são compilações de hinos e de fórmulas utilizadas em Manu não tem esse tipo de relação, pretendendo ser um
rituais. Há quatro troncos dos Vedas: JJ.gvefla, Sãmaoeda, ensinamento geral, válido para todos os seguidores dos Vedas,
Yajurveda, Atharvaveda. Essas compilações de hinos e independentemente de sua escola ou ramo.
fórmulas são complementadas por outros tipos de obras, que Alguns dos elementos contidos no Código de Manu
apresentam diferentes aspectos da tradição vêdica (GONDA, podem ser encontrados em fontes mais antigas, como certas
1975, pp. 465-470). Os Srauia Süiras descrevem os rituais upanisads, nos brãhmanas, nas compilações (sarizhitãs) dos
solenes (que utilizam três fogos); os Grhua Sütras tratam dos Vedas. Em alguns pontos, utilizaremos por isso algum material
rituais domésticos, realizados pelo chefe de família; os mais antigo, mas apenas com o fim de elucidar as idéias gerais
Dharma Sütras apresentam as normas religiosas e sociais". contidas no Manaoa Dharma Sãsira. Aquilo que for contrário
Grande parte do que é descrito no Código de Manu aparece, ao Código de Manu, em outras obras, não será discutido aqui.
também, nos Grhya Sütras e Dharma Siüras, sendo por isso O Código de Manu foi uma das primeiras obras sânscritas a ser
útil compará-Ias entre si. traduzida para um idioma ocidental, no final do século XVIII
(JONES, 1794), e continua a receber novas traduções e
estudos, por sua grande irnportância'". Os Grhva Sütras e
grande número de evidências e argumentos para defender a idéia de que o
código de Manu foi composto pelo menos 1.900 anos antes da era cristã,
antes do declínio da civilização de Harappa - atualmente atribuído a 22 A primeira tradução, publicada por William Jones, foi realizada na índia,
fenômenos geológicos que desviaram o Rio Sarasvatí de seu curso. com ajuda de pandiias, sendo bastante boa, apesar de tão antiga. Teve
20 Optamos aqui pela grafia "vêdico" e não "védico", pois em sânscrito a duas reedições. Foi seguida pela tradução francesa de Auguste Loiseleur
palavra Veda é pronunciada com a letra "e" grave e não aguda. Deslongchamps, que também teve outras edições (DESLONGCHAMPS,
21 A separação não é tão nítida assim, pois uma classe de obras pode 1833). No final do século XIX surgiram duas novas traduções para o inglês,
conter muitas informações mais típicas das outras duas. uma por Arthur Coke Burnell e Edward W. Hopkins e a outra por Georg
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Dharma Süiras não receberam a mesma atenção; até hoje, as vem do verbo sram, que significa realizar um esforço, cansar-
suas principais traduções são as que foram realizadas no se, desgastar-se, trabalhar intensamente, vencer uma barreira
século XIX.23 (MONIER-WILLlAMS, 1979, p. 1096). Assim, cada uma dessas
As diferentes fases de vida que serão descritas aqui etapas é vista como uma barreira a ser vencida através de um
constituem quase metade do conteúdo do Código de Manu grande esforço. Posteriormente, a palavra ãerama adquiriu
(capítulos 2 a 6). Evidentemente, não será possível apresentar outro significado: um lugar onde os heremitas ou renunciantes
todos os detalhes lá contidos, e sim uma visão geral das se reúnem, na floresta (ibid., p. 158).
quatro etapas, com aprofundamento de alguns pontos mais De acordo com a tradição indiana, uma criança
significativos. brãhmana, desde o nascimento até atingir uma idade de cerca
de 7 anos, não pertencia ainda a qualquer das etapas de vida.
AS QUATRO ETAPAS As escrituras indicam que ela deve ser submetida a uma série
de rituais de consagração (salflskaras)24 à medida que passa
Primeiramente será apresentada uma visão geral dos por vários marcos de desenvolvimento: desde a concepção até
quatro estágios (OLlVELLE, 2010), e depois serão discutidos o funeral, todos os momentos importantes da vida da criança
alguns detalhes de cada um deles. Cada uma dessas etapas é exigem certos rituais que Ihes dão um significado religioso e
denominada, em sânscrito, de üérama, um substantivo que filosófico.
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Se conseguir ultrapassar a fase de eremita da floresta, Código de Manu, "todo ato do pensamento, da palavra ou do
o brãhmana, que agora será uma pessoa com uma consciência corpo, traz um fruto bom ou mau; das ações dos homens
diferente da anterior, poderá retornar ao meio dos homens. resultam suas diferentes condições" (Manava Dharma Sãsira
Mas isso não é uma volta à vida anterior. Ele agora será um XI1.3).De acordo com as suas ações boas ou más, a pessoa, ao
sammiãsi, um renunciante, uma pessoa que abandonou tudo, morrer, passaria por sofrimentos intensos ou grandes prazeres
e que vagueará pelas estradas e povoados, parando pouco (idem, XII.16-21). Após esgotar aquilo que acumulou, a pessoa
tempo em cada lugar, vivendo como mendigo, até sua morte. renasce (idem, XI1.22-23) e seu renascimento depende de sua
Essa é a quarta e última etapa, em que todo o tempo é disposição na vida anterior (idem, XI1.39-50; 53-80). A pessoa
dedicado ao contato direto com o Absoluto. pode renascer como um homem, mas pode também retornar
As quatro etapas são importantes e devem ser como um animal, ou mesmo como um deva - um ser divino.
cumpridas adequadamente. Em todas elas deve ser realizado As boas ações produzem bons resultados, e as más
um esforço intenso, da mesma natureza do ascetismo. Como ações, resultados desagradáveis; mas todas elas acarretam
afirma a Maitrl Upanisad (IV.3), sucessivos renascimentos da pessoa. No pensamento indiano,
a teoria do karma não leva simplesmente a um moralismo do
Este, realmente, é o antídoto contra o eu tipo: "seja bom e terá sua recompensa". Não. Uma seqüência
grosseiro: adquirir o conhecimento do Veda e infinita de renascimentos, por melhores que sejam eles, não
realizar adequadamente seu dever (svadharma).
constitui uma visão reconfortante, para o espírito indiano. É
Dedicar-se aos deveres do seu estágio de vida
(svãSrama), este é o voto para cumprir seu bom praticar boas ações e desfrutar de seus efeitos; mas
dever. As outras [obrigações] são como os melhor ainda é escapar à roda de renascimentos e atingir
ramos de um tronco. Através desse caminho se Aquilo de onde não se retorna mais. O objetivo mais elevado é
vai para cima, de outra forma para baixo. Este é
fundir-se com Brahman, o Absoluto. E o caminho para isso é o
o seu dever regular que é prescrito pelos Vedas.
[...] Se não se praticar austeridade (tapas) não da sabedoria, e não o da ação:
haverá sucesso no conhecimento do Eu (atman)
ou na perfeição das obras. Pois assim foi dito: Eu vos revelei tudo sobre a retribuição devida
Pela austeridade se obtém a luz (sattva), pela às ações; conhecei agora os atos de um
luz se obtém a compreensão, pela compreensão brãhmana que podem levar à libertação
se obtém o Eu (atman), e para quem obtém o (nihSreyasa). Estudar e compreender os Vedas,
Eu não há volta. (RADHAKRISH NAN, 2009, praticar austeridades, adquirir sabedoria,
p.81O) dominar os órgãos dos sentidos, não fazer mal e
honrar o seu mestre espiritual, são os principais
atos que conduzem à libertação. [...] De todos
o KARMA E AS ETAPAS DE VIDA esses deveres, o principal é adquirir o
conhecimento do ãiman supremo. Essa é a
A estrutura dos ãsramas pode ser compreendida, em primeira de todas as sabedorias, por ela se
primeiro lugar, a partir da doutrina do karma. Segundo o
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adquire a imortalidade. (Mãnava Dharma para com os devas. Por isso, quando ele
Sãstra XII.82-85) sacrifica, quando faz oferecimentos, ele faz isso
para eles. Além disso, ele está obrigado ao
estudo, por esta razão: ele nasceu com uma
Embora a sabedoria seja o caminho principal, isso não dívida para com os reis. Portanto, é para eles
impede a realização de ações, desde que elas sejam realizadas que ele estuda; pois aquele que estudou é
numa atitude especial: chamado de "guardião dos tesouros dos rsis".
Além disso, ele está obrigado a desejar
descendentes, por esta razão: ele nasceu com
A ação prescrita pelos textos sagrados é de dois
uma dívida para com os pitrs. Portanto, quando
tipos: um, ligado a este mundo, e que traz
existe uma linhagem contínua, ininterrupta, é
prazeres; outro, desligado, e que conduz à
felicidade suprema. Um ato prescrito pela lei, para eles que ele faz isso. Além disso, ele está
proveniente da esperança de obter uma obrigado a praticar hospitalidade, por esta
vantagem neste mundo, ou na outra vida, é razão: ele nasceu com uma dívida para com os
considerado ligado [ao mundo]; mas aquele que homens. Portanto, quando ele homenageia e
é desinteressado e dirigido pela sabedoria é oferece alimentos, é para eles que ele faz isso.
Quem faz todas essas coisas, livrou-se de seus
considerado desligado. O homem que realiza os
deveres; tudo é obtido e conquistado por ele.
atos prescritos pela lei, atinge o nível dos devas;
(Satapatha Brãhmana 1.7.2.1-5; EGGELING,
mas aquele que realiza com freqüência os atos
1988, vol. 1, pp. 190-191)
desinteressadamente, desprende-se para sempre
dos cinco elementos. (Mãnava Dharma Sãsira
XII.88-90) o Código de Manu tem uma descrição semelhante,
mas omite a dívida para com os homens e refere-se apenas às
Conhecendo essa doutrina, o brãhmana poderia ser outras três (Mãnava Dharma Sãstra IV.257). A idéia básica é a
tentado a desligar-se da ação e dedicar-se apenas à busca da mesma: o indivíduo deve sua vida aos antepassados, deve o
sabedoria, para atingir o mais depressa possível sua libertação universo aos devas, e deve a sabedoria aos videntes que a
espiritual. Se isso acontecesse, no entanto, toda a estrutura revelaram. Ele deve retribuir por isso, deve pagar suas dívidas,
social seria rompida, e não é o que o Código de Manu antes de se libertar do ciclo de renascimentos:
aconselha. Para refrear o individualismo da busca pela
libertação, o Código expõe a doutrina das dívidas do homem, Após haver pago as três dívidas, que ele dirija
que também pode ser encontrada em textos mais antigos, seu espírito para a libertação (mok$a). Mas
aquele que, antes de haver pago essas dívidas,
como o Saiapaiha Brãhmana: deseja a libertação, ele se precipita nos abismos
infernais. Após haver estudado os Vedas da
Realmente, ao nascer, todos principiam com forma prescrita pela lei, após haver gerado
uma dívida para com os seres divinos (devas), filhos de acordo com a lei, e oferecido tantos
os videntes (r$is), os antepassados (pitrs) e os sacrificios quanto lhe foi possível, ele pode
homens. Por isto estão obrigados ao sacrificio, então pensar apenas na libertação final. Mas o
por esta razão: eles nasceram com uma dívida brãhmana que, sem haver estudado os Vedas,
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sem haver gerado filhos e realizado sacrificios, sabedoria e cumprir corretamente seu dever de se entregar à
deseja a libertação, vai para os abismos
natureza que o envolve; e aquele que renunciou a tudo pode
infernais. (Mãnaoa Dharma Sãsira VI.35-37)
atingir a libertação, se adquirir sabedoria e mover-se
constantemente, sem" prender-se a coisa alguma. Qualquer
o pagamento das dívidas exige o estágio de chefe de
um dos estágios é suficiente para a libertação, pois cada um
família (grhastha), pois é neste estágio que se realizam
deles e estruturado de tal forma a centralizar a atenção do
sacrifícios, gera-se e educa-se filhos, e completa-se o estudo
dos Vedas. Sob o ponto de vista social, é o chefe de família
brãhmana de diferentes modos, em um profundo
envolvimento com o Absoluto. Mas, para compreender isso, é
quem mantém a estrutura das quatro etapas, pois é ele quem
necessário estudar mais detalhadamente cada um dos
sustenta as pessoas que estão nos outros três estágios. Por
ãsramas.
isso, Manu enfatiza o valor desse estágio:
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do mestre. A norma, no entanto, era de que após um O casamento é uma longa cerimônia (PANDEY, 1987,
aprendizado suficientemente profundo da sabedoria dos pp. 153-233), que exige um extenso ritual preparatório, e
Vedas e da tradição, ele deveria deixar o seu mestre. Nesse mesmo depois do casamento propriamente dito há ainda
momento, o brãhmana passa por um banho ritual muitos outros rituais - desde a viagem para a casa do marido,
(samãvartana) que representa o fim do estágio de até as normas exigidas nas primeiras noites, tudo é previsto
brahmacãrua (Mãnava Dharma Sãsira 11.245; ver PANDEY, pelos textos (Sankhãyana Grhya Süira 1.5-19; Asvalãyana
1987, pp. 146-152). Após esse banho ritual ele raspa todo o Grhya Süira 1.5-7; Gobhila Grhya Sütra 11.1-5).A estrutura
seu corpo, passa óleo perfumado, veste-se com roupas novas, dessa cerimônia, de grande beleza, é talvez a maior evidência
enfeita-se com flores, calça sandálias ou sapatos, coloca jóias, do valor que o casamento possuía na tradição dos Vedas.
brincos, unta os olhos, troca seu bastão anterior por um de Apenas para dar um exemplo de um trecho (Sankhãyana
bambu, coloca um turbante e toma um guarda-sol. Assim, Grhya Süira 1.13), quando a noiva está assentada, voltada
externamente, ele faz tudo o que um brahmacãri não pode para leste, o noivo de pé, à sua frente, toma sua mão direita e
fazer (Sankhãyana Grhya Süira 111.1; Asvalãyana Grhya Sütra diz:
111.8).Ele presenteia o mestre com uma vaca ou outro
presente, e retorna à casa da família. Eu tomo tua mão para que sejamos felizes, e
para que tu envelheças comigo, teu esposo.
Durante o período entre o banho ritual e seu
Bhaga, Savitar, Aryaman e a Abundância te
casamento, o jovem é chamado snãiaka ("aquele que se entregaram a mim, para que dirijas nosso lar.
banhou"). Como as crianças antes da iniciação, ele não (~g Veda X.85.36; GRIFFITH, 1986, p. 595)
pertence a nenhum ãsrama. Mas logo que seja possível, ele
deve se casar com uma esposa que será, preferivelmente, de E, mais adiante:
sua própria casta (Mãnava Dharma Sãsira 11.4,12). Há uma
Aquilo que tu és, eu sou. Aquilo que eu sou, tu
série de regras para a escolha de uma noiva (idem, 111.5-11),
és. Eu sou o Céu, tu és a Terra; eu sou o hino
devendo-se evitar, por exemplo, mulheres ruivas, ou com os (rk), tu és o cântico (saman). Sê-me fiel.
olhos vermelhos, ou que falam demais (idem, 111.8).Os sinais Casemo-nos aqui! Tenhamos descendentes!
positivos são estes: Que possamos viver cem outonos, amando,
luminosos, com a mente feliz! (Sankhtlyana
Que ele tome uma mulher bem constituída, cujo Grhya Sütra 1.7.6)
nome seja agradável, que tenha o caminhar
gracioso de um cisne ou de um pequeno Enquanto era um brahmacãrt, o jovem realizava os
elefante, cujo corpo seja revestido por uma rituais no fogo do seu mestre. No dia do casamento, o marido
ligeira pelagem, cujos cabelos sejam finos, os
dentes pequenos, e os membros de uma doçura deve instalar, pela primeira vez, o seu próprio fogo sagrado,
encantadora. (Manava Oharma Sãstra III.l O) que deverá ser mantido aceso constantemente, até a morte
de um dos cônjuges. Somente a partir de seu casamento o
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brãhmana se torna efetivamente um sacerdote e pode realizar cumprimento do dever de hospitalidade. E o sacrifício aos
o: rituais que aprendeu em seu período de brahmacãrua. Além antepassados é a libação de água (idem, 111.70-74; 80-81). De
dISSO, o mesmo fogo servirá também para cozinhar os certa forma, pode-se dizer que o chefe de família é
alimentos (Mãnava Dharma Sasira 111.67). responsável por todos os seres do universo, e ele deve
Diariamente, o brãhmana casado deve despertar no cumprir essas obrigações logo pela manhã.
horário consagrado a Brãhmi, ou seja, nas três horas antes do
nascer do Sol: Que o grhastha seja sempre correto ao ler os
sasiras e ao fazer a oferenda aos devas; pois se
Que o grhastha desperte no tempo consagrado a ele realiza essa oferenda de forma correta, ele
sustenta este mundo, com todos os seres móveis
Brãhmt; que ele reflita sobre a virtude e sobre
e imóveis que ele contém. [...] Assim como
as vantagens honestas, sobre os sacrificios que
todos os seres animados não vivem sem o
a correção exige, e sobre a essência e o
auxílio do ar, da mesma forma as outras ordens
significado dos Vedas. Após se levantar, tendo
não vivem sem o auxílio do chefe de família.
satisfeito as necessidades corporais , e após se.
purificar, ele deve concentrar sua atenção e
(Mãnava Dharma Sõstra IlI.74, 76)
manter-se de pé um longo tempo, durante o
crepúsculo matinal [recitando o sãvitr] Já tendo realizado seus estudos diários, o brãhmana
(Mãnava Dharma Sãstra IV.92-93; cf. idem, cozinha arroz e outros grãos, e oferece a todos os devas
IV.l47)
(Sankhãyana Grhya Sutra 1.3.8-17; 11.14.1-17; Mãnaoa
Dharma Sãeira 111.84-90). Depois, ele derramará alimentos, na
o grhasiha deve recitar certas orações (Sankhãyana
direção Sul, para os antepassados, e dará comida às pessoas
Grhya Sütra 1.4; Mãnava Dharma Sãstra IV.152) e depois
que deve alimentar: um brãhmana, seus estudantes religiosos,
estudar o~ Vedas ou seus apêndices - os Vedangas (Mãnava
renunciantes, hóspedes, familiares, servidores, e por fim ele e
Dharma Sãsira IV.19; IV.125; IV.98), a não ser em certas
sua esposa podem se alimentar (Sankhãyana Grhya Sütra
épocas ou ocasiões em que a leitura e o estudo dos Vedas são
11.14.18-26; Mãnava Dharma Sãsira 111.91,94, 106, 114-118).
proibidos (idem, IV.97, 101-124, 126-127).
Ele deve também atirar alimentos ao chão para os cachorros,
Após o estudo, o brãhmana "deve fazer todo o possível
pássaros, outros animais, e para homens degradados (Mãnava
para não omitir os cinco grandes sacrifícios, dedicados aos
Dharma Sãsira 111.92). Deve repetir à noite essas oferendas
videntes (r$is), aos seres divinos (devas), aos seres vivos, aos
(idem, 111.121). Além de rituais diários, como estes, há outros
homens e aos antepassados" (idem, IV.21; 111.68-69).,
rituais periódicos que o chefe de família deve realizar sempre.
O sacrifício aos rsis é o estudo e o ensino dos Vedas. O
Durante o dia, o grhasthu poderá ter várias atividades.
sacrifício aos devas é o oferecimento de manteiga clarificada
Segundo o Código de Manu, o brõhmana mais meritório é
(ghI) e de alimentos no fogo sagrado (Agni). O sacrifício aos
aquele cuja única ocupação é o ensino dos livros sagrados
seres viventes é a oferenda de arroz e outros alimentos às
(idem, IV.8-9); nesse caso, sua subsistência será
pessoas, animais e plantas. O sacrifício aos homens é o
proporcionada pelos discípulos, que mendigam o alimento, e
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por presentes recebidos das famílias dos discípulos; ele pode, partir para a floresta e tornar-se um eremita ou vãnaprastha;
além de ensinar, realizar rituais (yajna) para outras pessoas, e ou pode passar diretamente ao estágio daquele que
delas receber presentes; pode, além dessas duas atividades, renunciou a tudo, o eamnuõst (idem, VI.35-41).
mendigar sua própria comida; e, por fim, no caso de um chefe Em todos esses casos, a saída do estágio de grhastha só
de família do qual dependam muitas pessoas, pode dedicar-se pode ser realizada depois que o brãhmana pagou três de suas
à agricultura, ao comércio e outras atividades típicas das dívidas: para com os rEjis (estudando os Vedas); para com os
outras classes sociais (idem, IV.2-9), desde que não se torne devas (realizando rituais); e para com os antepassados (pitr s),
um empregado ou servidor de outra pessoa, e desde que seu gerando e cuidado de seus filhos, até que eles se casem
meio de vida não prejudique outros seres vivos nem viole a lei (Mãnava Dharma Sãsira IV.257; VI.35-37).
moral. Apesar dessa possibilidade, vários textos enfatizam que De acordo com os textos, a atitude mais recomendada era a
o papel fundamental do brãhmana, para o qual ele nasceu, é passagem do estágio de grnastha para o de eremita da floresta
"o estudo e o ensino, a realização de rituais, a direção de (vãnaprastha). Segundo o Código de Manu,
rituais oferecidos por outros, o direito de dar e receber"
(Mãnava Dharma Sastra 1.88). É em torno dessas atividades o dvija que terminou seu estudo, e que
que o grhasiha deve organizar a sua vida. permaneceu no estágio dos chefes de família,
de acordo com a Lei, deve em seguida viver na
Em uma sociedade que seguisse o Código de Manu, os floresta, munido de uma firme resolução, e
brãhmanas não passariam dificuldades materiais, pelo grande perfeitamente mestre de seus órgãos. Quando
número de ocasiões em que eles deviam ser requisitados um chefe de família vê sua pele se enrugar e
seus cabelos se tornarem brancos, e quando ele
pelas pessoas das outras classes, para participar ou dirigir
viu o filho de seu filho, que ele então se retire
muitos tipos de cerimônias. Nessas ocasiões, embora não para uma floresta. Renunciando aos alimento.s
pudessem cobrar pelos seus serviços sagrados, eles recebiam que se comem nas vilas, e a tudo o que pOSSUl,
alimentos e presentes, e poderiam provavelmente ter uma entregando sua esposa ao cuidado de seus
filhos, que ele parta sozinho, ou então que ele
vida digna, sem precisar recorrer a outros modos de
leve consigo sua esposa. (Manava Dharma
subsistência. Sãstra VI.l-3)
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r~alizar os sacrifícios dentro de si mesmo (Mãnava Dharma
Sãsira IV.22-23). Quando se sente capaz de abandonar os o RENUNCIANTE - SAMNY ÃSI
sacrifícios externos aos devas, o oünaprastha já não precisa
mais manter o fogo sagrado, que o acompanhava até aqui. A pessoa que conseguiu atravessar a etapa de
vãnaprastha pode, em seguida, entrar na última fase de vida:
Então, tendo depositado os fogos sagrados em
si próprio, segundo as regras [engolindo as Após passar o terceiro período de sua existência
cinzas], que ele já não tenha mais fogos na floresta, como eremita, que ele vagueie pelo
domésticos, nem residência, guardando o mundo durante o quarto período, renunciando
silêncio mais absoluto, vivendo de raízes e de completamente a todo tipo de ligações.
frutos. Isento de toda tendência ao prazer dos (Manava Dharma Sãstra V1.33)
sentidos, casto como um estudante religioso,
tendo por leito a terra, não consultando sua
preferência por uma habitação, que ele se A pessoa que adota este quarto modo de vida pode ser
abrigue ao pé das grandes árvores. (Manava chamada de samnuãsi (aquele que renunciou), ou de yati
Dharma Sãsira VI.25-26) (aquele que se dominou), ou pariorãiaka (aquele que vagueia),
ou bhiksu (aquele que mendiga). Esses diversos nomes
É evidente que muitas das pessoas mais idosas que
representam aspectos diferentes, mas complementares
tentavam seguir essa vida deviam adoecer. Nesse caso, o
daquilo que constitui a vida de um eamnuõsi.
Código de Manu recomenda:
A pessoa que é capaz de entrar no estágio de samnuãsa
é aquela que captou a essência das upanisads, a quem
Que ele se dirija para a direção invencível
[nordeste] e caminhe com um passo seguro, até nenhum ser vivo teme (Mãnava Dharma Sãstra VI.39-40) e
a dissolução de seu corpo, aspirando à união que está livre de sua substância mortal (idem, VI.41). Ele não
com o Absoluto, e vivendo apenas de água e de teme nada - seja a morte, sejam sofrimentos - pois desligou-
ar. (Manaoa Dharma Sãstra V1.31)
se do seu corpo e de sua individualidade. Ele abandona os
símbolos básicos do dvija, deixando de usar o cordão do
Talvez esse nível de esforço e de austeridade possa ser
sacrifício e cortando seu cabelo, porque já não tem mais
considerado como impossível por muitas pessoas que lerem
conexão com o indivíduo que era antes. Ele parte da floresta,
essa descrição, como se fossem apenas o fruto da imaginação
levando apenas alguns poucos objetos, como seu bastão, uma
dos autores dos antigos livros indianos. No entanto, os
tigela para comida e um cantil (idem, V1.41, 52-54).
europeus que invadiram a índia, a partir do século XV,
descrevem exercícios ascéticos iguais ou muito mais violentos
Ele deve viver sem um fogo, sem casa, sem
do que esses, que eram praticados pelos indianos. Não há prazeres, sem proteção. Permanecendo em
dúvidas de que existiram, e ainda existem, na índia, eremitas silêncio e falando apenas durante a recitação
diária dos Vedas, mendigando na aldeia apenas
da floresta que seguem as regras do Código de Manu.
a quantidade de alimento que sustente sua vida,
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ele deve vaguear, sem se importar com este o
estágio do samnuãst é o mais difícil de ser descrito,
mundo ou com o outro. Ordena-se que ele use
roupas jogadas fora; alguns declaram que deve
e
pois o essencial dessa etapa não aquilo que pode ser visto
caminhar nu. Abandonando verdade e externamente, mas o estado interno, a atitude e o grau de
falsidade, prazer e dor, os Vedas, este mundo e consciência que a pessoa atingiu. A essência do samnuãst
o outro, ele deve buscar o ãtman. (Apastamba pode ser vislumbrada, no entanto, através de muitos textos
Dharma Sütra II.9.21.10-13)
indianos. Quero por isso terminar com um cântico de
Sankarãcarua iKauptna Paiicakamv", sobre o samnuasi,
Ele já não é atraído ou repelido pelo que vê - tudo lhe
descrito como "aquele vestido de tanga":
é indiferente. Ele caminha em silêncio, só, sem qualquer
companhia (idem, VI.41-42), olhando para o chão, a fim de
Deliciando-se sempre com as palavras do Vedãnta,
não ferir qualquer ser vivo (idem, VI.46, 52, 68). Vai passando satisfeito com o alimento mendigado,
pelas cidades e aldeias e continua, sem ter lugar algum onde vagueando livre de todo sofrimento,
chegar. Ele mendiga seu alimento (idem, V1.43), uma única vez aquele vestido de tanga é realmente glorioso. (1)
Abrigando-se em baixo das árvores,
por dia (idem, V1.55), não podendo ganhar seu sustento pela
usando suas mãos para receber os alimentos,
magia, astrologia, nem mesmo pelo ensino religioso (idem, considerando a riqueza como se fossem trapos,
VI.50). Alimentar-se é indiferente, como tudo o mais que se aquele vestido de tanga é realmente glorioso. (2)
refere a este mundo (idem, VI.57-60). Plenamente satisfeito com a completude interna,
tendo acalmado todos os seus sentidos,
desfrutando do Brahman dia e noite,
Que ele não deseje a morte, que ele não deseje
aquele vestido de tanga é realmente glorioso. (3)
a vida; que ele aguarde o momento que lhe é
Observando o corpo e a mente como externos,
destinado, como o serviçal aguarda o seu
contemplando apenas o seu próprio Atman,
pagamento. (Mãnava Dharma Sãsira VIAS)
ignorando o dentro, o fora e o meio,
aquele vestido de tanga é realmente glorioso. (4)
o Código de Manu enfatiza a necessidade contínua, Repetindo constantemente o mantra de cinco sílabas 30,
nessa fase, de meditação sobre as transmigrações, a morte, o vendo no seu coração o Senhor dos seres aprisionados,
vivendo de esmolas ele vagueia livremente,
karma, a velhice, a doença, o sofrimento; e também sobre o
aquele vestido de tanga é realmente glorioso. (5)
Eu supremo (paramiitman) (idem, V1.61-65, 73, 76-78, 82).
Sem o conhecimento do Eu supremo, nada é obtido (idem,
VI.82).
Pela prática correta da vida nesse estágio, pela não- 29 Este hino, cujo nome significa "as cinco estrofes sobre a tanga", pode ser
encontrado em diversas traduções (SANKARÃCÃRYA, 1977, p. 23;
violência, pelo autocontrole, pela reflexão e meditação, o
idem, 1946, p. 207; Stotra mãiã, 2007, pp. 176-178). A última estrofe tem
samnuãs; termina por identificar-se e unir-se ao Absoluto, duas versões, uma de tendência Saioa (de louvor a Siva) e outra que fala
ainda em vida (idem, VI.75, 79-81). apenas sobre o Absoluto (Brahman). Utilizamos aqui a versão Saioa.
30 Segundo os comentadores, trata-se do mantra "Om naman Sivaya" que
homenageia Sioa.
96 97
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As quatro etapas de vida do brãhmana tinham como DONIGER, Wendy; SMITH, Brian K. The Laws of Manu. New
finalidade a transformação da pessoa, dirigindo York: Penguin, 1991.
constantemente sua atenção para o que é correto (sob o DUTT, Manmatha Nath. Manu Samhita. Calcutta: H. C. Das,
ponto de vista da tradição vêdica), obrigando-a a um esforço Elysium Press, 1909.
imenso, colocando-o em contato com o mundo divino através EGGELlNG, Julius. The Saiapaiha Brãhmana. Delhi: Motilal
de rituais e preces constantes e preparando sua caminhada Banarsidass, 1988. 5 vols.
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Brahman (o Absoluto). Não há paralelos a essa visão de uma Cambridge University Press, 1996.
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31 Este artigo foi publicado de forma anomma, mas o exemplar da
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apresenta uma anotação manuscrita que identifica o autor como sendo o NAEGELE, Charles J. History and influence of Law Code of
reverendo K. M. Banerjea. O artigo foi também reeditado no mesmo ano, Manu. Tese de doutorado em Direito. San Francisco:
sob a forma de um livreto de 40 páginas, com o nome do autor, em Golden Gate University School of Law, 2008.
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