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André Bueno
Textos de História da Índia Antiga
Rio de Janeiro: Ebook, 2016.
Disponível em: www.orientalismo.blogspot.com.br
ISBN 978-85-65996-40-2
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André Bueno
TEXTOS DE HISTÓRIA
DA ÍNDIA ANTIGA
Rio de Janeiro
2016
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Índice
Introdução, p.7
Antologia, p.15
1. Surgimento do mundo pelo sacrifício de Purusha – Rig Veda
2. Quem criou o Mundo? – Rig Veda
3. O Ovo Cósmico – Shataphata Brahamana
4. O Dilúvio Indiano – Shatapatha Brahmana
5. A história do Universo – Manavadharmashastra
6. Há Deuses? – Mojjhima Nikaya
7. Evolução dos Mundos – Dhiga Nikaya
8. A Alma imortal – Bhagavad Gita
9. A ilusão – Bhagavad Gita
10. Purusartha, os quatro pilares da vida indiana – Kama Sutra
11. As Castas – Mojjhima Nikaya
12. Casta dos Brâmanes – Manavadharmashastra
13. Casta dos Xátrias – Manavadharmashastra
14. Casta dos Vacias – Manavadharmashastra
15. Casta dos Sudras - Manavadharmashastra
16. As Castas na visão dos gregos – Anabasis
17. As regras da Vida - Dharma Sutras
18. Os piores pecados do Dharma - Dharma Sutra
19. A Condição Feminina - Manavadharmashastra
20. A predominância da Misoginia - Manavadharmashastra
21. O Casamento - Grihya Sutra
22. Ritos Matrimoniais - Dharma Sutras
23. Direitos Femininos - Arthashastra
24. A Morte do Amor - Kumarashambava
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25. O Sábio dos Vedas – Rig Veda
26. O Sábio - Khata Upanishad
27. Os Sábios Jainas – Sutra Kritanga
28. Os Sábios Budistas – Dhamapada
29. Diálogo de Sábios e Reis – Milinda Panha
30. O Rei ideal – Manavadharmashastra
31. O Soberano - Arthashastra
32. O Soberano Ecumênico – Éditos de Ashoka
33. Questões econômicas – Manavadharmashastra
34. Questões econômicas – Arthashastra
35. Práticas Políticas – Manavadharmashastra
36. Práticas Políticas - Arthashastra
37. A importância do Conselho - Arthashastra
38. Políticas internacionais – Éditos de Ashoka
39. Os indianos na visão dos gregos – Anabasis
40. A prática das Leis - Manavadharmashastra
41. Invocação divina da Guerra - Rig Veda
42. Prece para derrota de inimigos - Atharva Veda
43. A guerra como exercício do Dharma - Bhagavad Gita
44. A guerra dos indianos - Anabasis
45. Teoria sobre a Guerra - Arthashastra
46. Formação de batalha - Arthashastra
47. Os Nomes de Indra, o Rei dos Deuses – Sama Veda
48. A Cerimônia do Suco do Soma - Sama Veda
49. Iniciação ao Estudo Sagrado - Dharma Sutra
50. Regras para o Asceta - Dharma Sutras
51. Hino à Palavra - Atharva Veda
52. Hino para ser entoado em um funeral - Atharva Veda
53. Libações nas cerimônias fúnebres - Manavadharmashastra
Referências, p.95
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Introdução
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semelhante aos gregos antigos: suas histórias deveriam trazer
exemplos morais e espirituais, sem uma preocupação exata com
questões cronológicas ou factuais. Assim, o material de que
dispomos se aproxima muito mais de Homero ou Hesíodo do
que, propriamente, de Heródoto ou Tucídides. Os indianos
conseguiram um feito notável: transferiram o problema de
preservar a narrativa histórica para o de manter as práticas
religiosas. Assim, os indianos não deram atenção substancial ao
tempo, mas sim, a como dar continuidade as suas crenças
espirituais. Com isso, fizeram com o que a história da Índia se
confundisse com a história do próprio hinduísmo [e, de forma
contígua, do Jainismo e do Budismo]. Textos antiquíssimos
foram preservados, por meio de uma zelosa tradição, permitindo-
nos ter acesso ao pensamento de períodos remotos do segundo
milênio AEC. A preservação da cultura indiana tradicional
dispensou, por séculos, a necessidade de ser historiografada.
Por isso, é da arqueologia moderna que proveio um exame
mais nítido das civilizações indianas antigas. Tal como a China, a
Índia parece ter um passado neolítico autóctone. Em torno do
terceiro milênio AEC, civilizações profundamente desenvolvidas,
em termos técnicos e culturais, habitavam cidades ao longo do
vale do Indo, das quais se destacaram Mohenjo Daro e Harappa.
Sabe-se hoje que essas cidades, planejadas e extremamente bem
organizadas, possuíam contatos comerciais diretos com a Suméria,
e provavelmente, com o Egito. Podem, assim, ser tranquilamente
classificadas entre as culturas urbanas mais antigas do mundo.
Todavia, o processo de alteração dos cursos de água forçou uma
gradual mudança dessas sociedades de seu espaço original. Não
conhecemos de modo exato a língua e a escrita utilizada nessa
época, que ainda se encontra em processo de tradução.
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O segundo milênio acompanharia a chegada gradual de
povos vindos da Ásia central, que denominavam a si mesmos de
‘senhores’ [arianos]. Nômades, pastores e guerreiros, com uma
cultura politeísta, eles se infiltrariam ao longo de séculos no
subcontinente indiano, mesclando-se com as populações
autóctones. Dessa rica fusão, nasceria a cultura védica, que
estruturaria os pilares da civilização indiana clássica. Foi o período
em que surgiu a literatura indiana, redigida em sânscrito, sua
língua sagrada, que trouxe a luz os Vedas [revelações] e depois, os
Upanishads, as especulações filosóficas e religiosas sobre o
pensamento indiano.
Pode-se dizer que o período védico termina quando,
justamente, a sociedade começa a repensar suas formas de crença.
Em torno do século -10, um extenso movimento político, social e
intelectual renova a cultura indiana. Isso se reflete no paulatino
crescimento de certos Estados, cuja autoridade real se reforça e se
consolida. Em torno do século -6, esses grandes reinos formam o
período chamado de Mahajanapadas [grandes reinos],
delicadamente equilibrados em frágeis redes de poder. Nessa
mesma época, a insatisfação com esse mundo de conflitos, regido
por um opressivo regime de castas, faz surgir o Jainismo e o
Budismo.
Os indianos sofreriam com as invasões estrangeiras: no
século -5, os persas; depois, no século -4, os gregos. Com eles,
aprenderam a experiência da unificação política, importante como
fator de resistência cultural e política. Em breve construiriam seu
próprio império, a dinastia Maurya, que tomaria quase toda a
Índia sob seu controle, constituindo-se de um dos maiores
impérios da antiguidade. Embora não tenha durado além do
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século -2, revelaram-se ao mundo indiano as vantagens e
desvantagens da unidade cultural e política.
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Dharma Sutras – conjunto de textos elaborado ao longo dos
séculos -5 a -3, tratando sobre questões rituais, práticas
devocionais e discussões sobre aspectos do hinduísmo. Parecer ser
posterior ao Manavadharmashastra, pois algumas de suas seções
são compilações deste texto.
Dhiga Nikaya – um dos textos do cânone budista, provavelmente
produzido a partir de anotações entre os século -5 ou -4.
Éditos de Ashoka – Esse conjunto de epígrafes foi produzido pelo
imperador indiano Ashoka, da dinastia Maurya, ao longo do
século -3. Seu objetivo era difundir uma mensagem política e
religiosa universalista e ecumênica, sendo vertido em vários
idiomas diferentes, como grego e aramaico.
Grihya Sutra – conjunto de textos, provavelmente elaborado no
final do século -3 ou -2 [mas não temos qualquer segurança
quanto a esta afirmação], que junto com os Dharma sutras,
estabelece os mais diversos rituais e procedimentos religiosos de
cunho doméstico.
Kama Sutra – Texto que trata do terceiro pilar da vida indiana,
junto com Dharma [lei religiosa] e Artha [lei social]. O livro do
Desejo [kama] é tardio em relação ao período aqui abordado, mas
foi composto por textos diversos bem anteriores a sua redação.
Trata-se de uma compilação de regras sociais e sexuais, abordadas
por um cunho filosófico e sociológico.
Khata Upanishad – Um dos sete Upanishads fundamentais. Os
Upanishads são textos que completavam a tradição védica,
especulando sobre suas crenças religiosas por um viés metafísico
bem definido. São os textos que definem a crença na
reencarnação, e seu papel dentro do hinduísmo.
Kumarashambava – Peça de teatro do escritor Kalidasa,
dramaturgo do século +4. Embora posterior ao período que
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abordamos, Kalidasa abordava mitos tradicionais do hinduísmo,
das quais trazemos um fragmento nessa coleção.
Manavadharmashastra – As Leis de Manu teriam sido formuladas
por Manu, o sobrevivente indiano do dilúvio universal. De fato, o
livro chama-se ‘O Dharma de Manava’, ou seja, apresenta o
conjunto das leis e prescrições religiosas da sociedade indiana
antiga. É provável que tenha sido redigido em reação as
especulações aparecidas com os Upanishads, tentando reforçar
uma ideia de tradição. É dificílimo datá-lo: com muito cuidado e
reticências, propomos que ele tenha sido redigido em algum
momento do século -7 ou -6.
Milinda Panha – Fabuloso texto budista, escrito em torno do
século -2 ou -1, que trata do encontro de um sábio budista
indiano, Nagasena, com um rei grego, Menandro [Milinda]. Um
dos primeiros encontros interculturais narrados da antiguidade. A
discussão filosófica encaminha temas budistas, que teriam
culminado com a conversão desse soberano a doutrina.
Mojjhima Nikaya – outro dos textos do cânone budista,
construído a partir de memórias recorrentes do Budismo
primitivo.
Rig Veda – Primeiro e fundamental texto do período védico,
trata-se de uma coleção ampla de hinos que nos revelam as
crenças e práticas culturais da Índia Antiga em torno do segundo
ao primeiro milênio AEC.
Sama Veda – Junto com o Sama e o Yajur, é considerado um dos
Vedas [revelações] fundamentais do pensamento védico, contendo
fórmulas rituais e cantos diversos.
Shatapatha Brahmana – Depois dos Vedas, um conjunto de
lendas, tradições e discursos foi recolhido pela classe bramânica,
constituindo esse texto antiquíssimo. Ele nos traz alguns dos
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primeiros mitos da história indiana, contribuindo para a
compreensão de suas origens e transformações.
Sutra Kritanga – um dos textos da escola Jaina, produzido em
torno do século -6 ou -5.
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ANTOLOGIA
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1.Surgimento do mundo pelo sacrifício de Purusha
Rig Veda
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Daquele grande Sacrifício geral os Hinos Rig e os Hinos Sama
nasceram;
Daí foram produzidos encantamentos e sortilégios; os hinos Yajur
surgiram disso.
Dele nasceram os cavalos e todo o gado com duas fileiras de
dentes;
Dele se reuniu o gado vacum, dele nasceram cabras e ovelhas.
Quando dividiram Purusha, quantos pedaços fizeram?
A que chamam sua boca, seus braços? A que chamam suas coxas e
pés?
O Brâmane foi sua boca, de ambos os seus braços foi feito o
Rajanya (xátria).
Suas coxas tornaram-se o vaixa, de seus pés o sudra foi produzido.
A Lua foi engendrada de sua mente, e de seu olho o Sol nasceu;
Indra e Agni nasceram de sua boca, e Vayu de seu alento.
De seu umbigo veio a atmosfera; o céu foi modelado de sua
cabeça;
A terra de seus pés, e de suas orelhas as regiões. Assim eles
formaram os mundos.
Sete bastões de luta tinha ele, três vezes sete camadas de
combustível foram preparadas,
Quando os deuses, oferecendo o sacrifício, manietaram sua
vítima, Purusha.
Os deuses, sacrificando, sacrificaram a vítima; estes foram os
primeiros sacramentos.
Os poderosos chegaram às alturas do céu, lá onde os Sadhjas,
deuses antigos, estão morando.
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2. Quem criou o Mundo? – Rig Veda
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3. O Ovo Cósmico – Shataphata Brahamana
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Estabeleceu o poder de reprodução em seu próprio eu. Pelo alento
de sua boca criou os Devas - os deuses foram criados ao entrar no
céu; e esta é a divindade dos deuses, a que tenham sido criados ao
entrar no céu. Tendo-os criado houve, por assim dizer, dia para
ele e esta é também a divindade dos deuses, a que, depois de criá-
los, houve, por assim dizer, dia para ele.
E pelo alento ou respiração para baixo, ele criou os Asuras - que
foram criados entrando nesta terra. Tendo-os criado houve, por
assim dizer, treva para ele.
Agora que a luz do dia, por assim dizer, existia para ele, ao criar os
deuses, isso ele fez o dia; e a treva, por assim dizer, que havia para
ele, ao criar os Asuras, disso ele fez a noite - eles são esses dois, o
dia e a noite.
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4. O Dilúvio Indiano – Shatapatha Brahmana
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5. A história do Universo – Manavadharmashastra
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6. Há Deuses? – Mojjhima Nikaya
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7. Evolução dos Mundos – Dhiga Nikaya
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8. A Alma imortal – Bhagavad Gita
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Este (o Eu) não nasce, nem morre, nem depois de ter- sido
descamba no não-ser. Este (o Eu) não nasce, é eterno, imutável,
antigo. Jamais é destruído, nem mesmo quando o corpo o é.
Ó filho de Pritha, como pode matar, ou causar a matança de
outrem, aquele que sabe que este (o Eu) é indescritível, eterno,
inascido e imutável?
Assim como o homem despe as roupas velhas e veste outras novas,
assim também a alma, despindo os corpos gastos, entra em outros
que são novos.
Espada não pode perfurá-lo (o Eu), fogo não pode queimá-lo,
água não pode molhá-lo e o ar não pode secá-lo.
Ele não pode ser perfurado, nem queimado, nem molhado, nem
enxugado. Ele é eterno, onipresente, imutável, permanente,
perpétuo.
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9. A ilusão – Bhagavad Gita
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Se o corporificado encontra a morte quando Sattwa predomina,
então ele alcança as regiões imaculadas dos que conhecem o
Supremo.
Encontrando-se com a morte em Rajas, nasce-se entre os que
gostam de ação; e morrendo em Tamas, nasce-se nos ventres de
seres insensíveis.
O fruto das boas ações é declarado Sattwika e puro; o fruto de
Rajas (feitos apaixonados) é dor; e ignorância é o fruto de Tamas.
Sabedoria nasce de Sattwa; ambição de Rajas; falsa percepção,
engano e ignorância surgem de Tamas.
Os habitantes de Sattwa elevam-se; os Rajasic (de naturezas
apaixonadas) ficam no meio; e os Tamasic, vivendo nas funções
da mais baixa Guna, inferiorizam-se.
Quando o Vidente não avista outro agente senão os Gunas, e
conhece também Aquilo que é superior às Gunas, então ele atinge
Meu Ser.
O corporificado, tendo ultrapassado essas três Gunas, fora das
quais o corpo desdobra-se, fica livre do nascimento, morte,
declínio e dor, e atinge a imortalidade.
Arjuna disse:
Ó Senhor, quais são os signos daquele que ultrapassou as três
Gunas? Quais são suas características e como ultrapassa essas três
Gunas?
O Bem-aventurado Senhor disse:
Ó Pandava, aquele que nem odeia a presença da iluminação
(Sattwa), atividade (Rajas) ou ilusão (Tamas) nem anseia por elas
quando ausentes;
Aquele que está sentado desinteressado (como um espectador) e a
quem as Gunas não fazem agir, que está parado e sem comover-
se, sabendo que somente as Gunas trabalham;
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Aquele que é o mesmo no prazer e na dor; controlado;
considerando do mesmo modo um monte de terra, uma pedra e o
ouro; que é o mesmo no prazer e no aborrecimento, no elogio e
na censura, e firme;
Aquele que é igual na honra e na desonra, o mesmo para amigo e
o inimigo, abandonando todos os empreendimentos egoístas, esse
diz-se passou além de todas as Gunas.
E aquele que, passando por cima das Gunas, serve-me com
devoção inabalável, torna-se apto a atingir a unidade com o
Brahman.
Pois eu sou a morada de Brahman, o imutável, o imortal, o
dharma eterno e a bem aventurança absoluta.
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10. Purusartha, os quatro pilares da vida indiana
Kama Sutra
A existência do homem dura cem anos. Por esse motivo, ele deve
praticar o Dharma, o Artha e Kama, em épocas diferentes, de
modo que possam harmonizar-se sem o menor desacordo. Ele
deve adquirir instrução, quando menino. Chegando à juventude e
à idade madura, vai ocupar-se de Artha e de Kama. Na velhice,
voltará a dedicar-se ao Dharma, a fim de alcançar Moksha (a
libertação) e assim estará isento de mais outra transmigração.
Sendo incerto o curso da existência, ele poderá praticá-los nas
épocas indicadas. Mas note-se que o homem deve ter uma vida de
estudante religioso, até findar a sua educação.
Dharma é obediência ao mandamento dos Shastra - a escritura
sagrada dos hindus -, para que se executem certos atos tais como
os sacrifícios, os quais, geralmente; não se celebra porque,
pertencendo a outro mundo, não produzem efeito visível.
Também os Shastra mandam que não se faça outras coisas, como
alimentar-se de carne, o que se faz frequentemente, pois isso é
deste mundo e tem efeitos visíveis.
Dharma é ensinado pela Shruti (Escritura sagrada) e por aqueles
que a explicam.
Artha é a aprendizagem das artes, a aquisição de terra, ouro, gado,
muitas posses, carruagens, amigos. É a proteção de tudo quanto se
adquiriu e o aumento do que está protegido.
Artha é ensinado pelos oficiais do rei e pelos negociantes que têm
experiência das práticas do comércio.
Kama é o gozo dos objetos acessíveis a cada um dos cinco sentidos
- ouvido, tato, vista, paladar, olfato -, dirigidos pelo intelecto,
inseparavelmente unido ao Ego (alma). O objetivo de Kama é o
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prazer. Mas o significado especial da palavra kama está denotado
pelo forte desejo, nos homens e mulheres, de um contato especial,
que produz o máximo prazer, seguido de outros prazeres menores,
que são como as sombras do prazer maior.
Kama é ensinado nos Kama Sutra (Aforismos sobre o amor) nas
recepções e reuniões de cavalheiros experientes na arte de amar.
Quando se praticam os três, Dharma, Artha e Kama, o anterior é
melhor do que o posterior, ou seja, Dharma é melhor do que
Artha e Artha melhor do que Kama, Por exemplo; a satisfação do
desejo erótico está subordinada à aquisição de riqueza. Esta, por
sua vez, subordina-se ao mérito religioso, o mais importante entre
os demais objetivos da existência.
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11. As Castas – Mojjhima Nikaya
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12. Casta dos Brâmanes – Manavadharmashastra
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13. Casta dos Xátrias – Manavadharmashastra
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14. Casta dos Vacias – Manavadharmashastra
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15. Casta dos Sudras – Manavadharmashastra
Um Sudra, ainda que liberto por seu senhor, não é livre do estado
de servidão; porque este estado, lhe sendo natural, quem poderia
dele isentá-lo?
Há sete espécies de servidores, que são: o cativo feito sob uma
bandeira ou em uma batalha; o doméstico, que se põe ao serviço
de uma pessoa para que o mantenha; o servo, nascido de uma
escrava, na casa do senhor; o que foi comprado ou doado; o que
passou do pai ao filho; o que é escrava por castigo, não podendo
pagar uma multa.
Uma esposa, um filho e um escravo são declarados pela lei nada
possuírem por si mesmos; tudo que eles podem adquirir é a
propriedade daquele de quem dependem.
Um Brâmane, se ele está em necessidade, pode em toda segurança
de consciência apropriar-se do bem de um Sudra, seu escravo, sem
que o rei deva puni-lo; porque um escravo nada tem que lhe
pertença como próprio e nada possui que seu senhor não possa
tomar.
Que o rei ponha todos seus cuidados em obrigar os Vacias e os
Sudras a cumprirem seus deveres; porque se esses homens se
afastassem de seus deveres, seriam capazes de transformar o
mundo.
Os eunucos, os degradados, os cegos e surdos de nascimento, os
loucos, idiotas, mudos e estropiados não são admitidos a
herdar.[...]
Uma obediência cega às ordens dos Brâmanes versados no
conhecimento dos Livros Santos, donos de casa e afamados pela
sua virtude, é o principal dever de um Sudra e ele dá felicidade
depois da morte.
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Um Sudra, puro de espírito e de corpo, submetido às vontades
das classes superiores, doce em sua linguagem, isento de
arrogância e se ligando principalmente aos Brâmanes, obtém um
nascimento mais elevado.
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16. As Castas na visão dos gregos – Anabasis
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alimentam de frutos das estações e do interior da casca dessas
árvores, que é ao mesmo tempo agradável e nutritiva.
Após esses, a segunda casta são os agricultores, que são a classe
mais numerosa dos indianos. Estes não têm armas, nem se
importam com atos de guerra, mas apenas com a terra. Eles
pagam taxas aos reis ou para as cidades que são independentes. Se
qualquer guerra acontece entre os indianos, não é lícito para eles
tocar nos lavradores do solo, ou a devastar o país em si,
destruindo as colheitas. Enquanto estão travando uma guerra uns
contra os outros, e matando uns aos outros como eles acham que
devem fazer, os campônios estão arando em paz e sossego perto
deles, ou estão se reunindo nas vilas, ou estão podando as suas
vinhas, ou estão colhendo suas colheitas.
A terceira casta dos indianos são os pastores, que não habitam
nem nas cidades nem nas aldeias; mas são nômades e vivem em
torno das montanhas. Eles pagam um imposto de seus rebanhos e
manadas. Esses homens também pegar aves e caçar animais
selvagens em toda a terra.
A quarta casta é a dos artesãos e comerciantes de varejo. Estes
homens desempenham funções públicas, a expensas próprias, e
pagam um imposto sobre o trabalho, exceto aqueles que fazem
armas de guerra. Estes recebem remuneração da comunidade.
Nesta casta são os construtores navais e marinheiros que navegam
para cima e para baixo dos rios.
A quinta casta dos indianos consiste dos guerreiros, que vêm em
número próximo aos lavradores e desfrutam de grande liberdade e
bom ânimo. Estes homens nada praticam além dos exercícios
bélicos. Outros fazem as armas para eles, outros fornecem seus
cavalos; outros os servem no acampamento, cuidam dos cavalos
para eles, mantém suas armas brilhante, arrumam os elefantes,
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mantém os carros em ordem, e conduzem os cavalos. Eles estão
sempre prontos a lutar; mas quando há paz, eles vivem com bom
ânimo. Recebem um pagamento elevado do Estado, para não
mudarem de lado.
A sexta casta dos indianos consiste em homens que são chamados
superintendentes. Estes supervisionam o que é feito em todo o
país e nas cidades, e fazem relatórios para o rei, onde os indianos
são governados por um rei, ou aos magistrados, onde as pessoas
têm um governo democrático. É ilegal para esses homens fazer
relatórios falsos; mas nenhum indiano tem incorrido na acusação
de falsidade.
A sétima casta consiste daqueles que ajudam o rei em deliberar
sobre assuntos públicos, ou prestam assistência aos funcionários
nas cidades que gozam de um governo democrático. Esta classe é
pequena em número, mas em sabedoria e justiça supera todos os
outros. A partir deles são escolhidos os seus governantes,
governadores das províncias, deputados, tesoureiros, generais,
almirantes, controladores de despesas, e superintendentes da
agricultura.
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17. As regras da Vida - Dharma Sutras
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18. Os piores pecados do Dharma - Dharma Sutra
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19. A Condição Feminina - Manavadharmashastra
Uma mulher está sob a guarda do seu pai durante a infância, sob
a guarda do marido durante a juventude, sob a guarda de seus
filhos em sua velhice; ela não deve jamais conduzir-se à sua
vontade.
Dia e noite, as mulheres devem ser mantidas num estado de
dependência por seus protetores; e mesmo quando elas têm
demasiada inclinação por prazeres inocentes e legítimos, devem
ser submetidas por aqueles de quem dependem à sua autoridade.
Deve-se sobretudo cuidar e garantir as mulheres das más
inclinações, mesmo as mais fracas; se as mulheres não fossem
vigiadas, elas fariam a desgraça de suas famílias.
Que o marido designe para função à sua mulher a receita das
rendas e despesa, a purificação dos objetos e do corpo, o
cumprimento de seu dever, a preparação do alimento e a
conservação dos utensílios do lar.
Quando não se tem filhos, a progenitura que se deseja pode ser
obtida pela união da esposa, convenientemente autorizada, com
um irmão ou com um outro parente.
Que uma fidelidade mútua se mantenha até a morte, tal é, em
suma, o principal dever da mulher e do marido.
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20. A predominância da Misoginia - Manavadharmashastra
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21. O Casamento - Grihya Sutra
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22. Ritos Matrimoniais - Dharma Sutras
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23. Direitos Femininos - Arthashastra
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liberdade de fazer uso gratuito de sua própria propriedade
(strídhana); essa propriedade, os seus filhos devem receber.
Se uma mulher tenta tomar posse de sua própria propriedade sob
o argumento de manter seus filhos, ela deve colocar os bens em
seu nome. Se uma mulher tem muitos filhos homens, então ela
deve conservar a sua própria propriedade na mesma condição que
ela tinha recebido de seu marido. Mesmo que a propriedade que
tenha sido dado a ela com plenos poderes de fruição e disposição,
ela deve dotar em nome de seus filhos.
Uma viúva estéril, que é fiel à cama de seu marido morto pode,
sob a proteção de seu professor, desfrutar de sua propriedade,
desde que ela viva, pois é para afastar as calamidades que as
mulheres são dotadas de propriedades. Em sua morte, sua
propriedade deve passar para as mãos de seus parentes (Dayada).
Se o marido está vivo e a mulher está morta, então seus filhos e
filhas devem dividir sua propriedade entre si. Se não houver
filhos, suas filhas a têm. Na sua ausência, o marido deve tomar
essa quantidade de dinheiro (Sulka) que ele lhe dera, e seus
parentes devem retomar o que quer na forma de doação ou dote
que tinham apresentado a ela. Assim, a determinação da
propriedade de uma mulher é tratada.
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24. A Morte do Amor - Kumarashambava
Mas Kama, vendo oportunidade para atirar sua seta, como uma
mariposa que queria entrar no fogo, na própria presença de Uma
(a) fazendo sua mira em Hara (b), disparou repetidamente suas
setas.
Foi quando Gauri (b) presenteou o deus asceta residente na
montanha e com mão clara como cobre, dando-lhe um rosário de
sementes de lótus do Ganges, secadas pelos raios do sol. E o deus
de três olhos (b) fez menção de recebê-lo, por bondade para com
seu adorador; e o arqueiro-flor (e) pôs em seu arco a flecha
certeira chamada "Fascínio".
Mas Hara (b) com sua firmeza um tanto perturbada, como o
oceano quando a luz começa a ascender, manteve o olhar fixo na
face de Uma, com lábios como a fruta bimba.(f)
E a filha da montanha (a), traindo sua emoção pelos membros
como brotos trêmulos de kadamba, permaneceu de cabeça
inclinada e rosto ainda mais encantador com seu olhar voltado
para outro lado. Foi quando o deus de três olhos, reconquistando
o comando de seus sentidos perturbados, pelo seu poder de
autocontrole, lançou os olhos em todas as direções, desejando ver
a causa da perturbação de sua mente.
Viu o deus nascido da mente (b), seu punho cerrado erguido ao
canto exterior de seu olho direito, seu ombro encolhido, sua
perna esquerda encolhida, seu arco delicado dobrado em círculo,
pronto a desferir a flecha.
Sua ira aumentada pelo ataque à sua austeridade, seu rosto terrível
de contemplar com suas sobrancelhas arqueadas, de seu terceiro
olho surgiu repentinamente uma chama brilhante. Enquanto as
vozes dos deuses do vento atravessavam o céu - "Contém tua ira,
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Senhor!”, o fogo nascido do olho de Bhava (b) reduziu o deus do
amor a um monte de cinzas.
O desmaio causado pelo choque violento, impedindo o
funcionamento dos sentidos, quase executou para Rati (g) um
serviço bondoso e por algum tempo ela não soube do desastre
ocorrido com seu marido. Tendo esmagado rapidamente o
obstáculo ao seu ascetismo, como o relâmpago destrói a árvore de
uma floresta, ele, o asceta, o Senhor das Criaturas(b), desejando
fugir à proximidade de mulheres, desapareceu juntamente com
suas criaturas. E a filha da montanha (a), pensando que o desejo
de seu pai poderoso e sua própria forma encantadora eram
inúteis, sua vergonha aumentada pelo pensamento de que seus
dois amigos tinham estado presentes, desolada marchou com
dificuldade para sua morada. E enquanto seus olhos estavam
fechados de medo à violência de Rudra (b), a Montanha tomou
sua filha lastimosa em seus braços e como o elefante do céu
trazendo um lótus preso aos colmilhos, partiu para diante, com
membros grandes devido à pressa.
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25. O Sábio dos Vedas – Rig Veda
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26. O Sábio - Khata Upanishad
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27. Os Sábios Jainas – Sutra Kritanga
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28. Os Sábios Budistas – Dhamapada
Se você vir um homem que lhe mostra o que deve ser evitado, que
administra repreensões e é inteligente, siga esse homem sábio
como seguiria aquele que lhe falasse de tesouros escondidos; será
melhor, não pior, para aquele que o segue.
Deixá-lo admoestar, deixá-lo ensinar, deixá-lo proibir o que é
impróprio! - ele será amado pelos bons e será odiado pelos maus.
Não tenha por amigos os que praticam ações más, não faça
amigos entre as pessoas de sentimentos baixos: faça amigos entre
os virtuosos, tenha amigos entre os melhores homens.
Aquele que vai à fonte da lei vive feliz com o espírito tranquilo: o
sábio alegra-se sempre na lei, tal como foi pregada pelo eleito.
Os que distribuem água levam a água para onde quer que
queiram; os que fazem arcos e flechas curvam o arco a seu gosto;
os carpinteiros trabalham num tronco de lenha; os sábios
moldam-se a si mesmos.
Assim como uma rocha sólida não é sacudida pelo vento, as
pessoas sábias não vacilam entre a censura e a lisonja.
Os sábios, após terem ouvido as leis, tornam-se serenos, tais como
um lago profundo, parado e calmo.
OS homens bons, na verdade, agem prudentemente sob todas as
circunstâncias; os bons não exprimem um desejo de recompensa
sensual; sejam tocados pela felicidade ou pelos pesares, os
prudentes jamais parecem ensoberbecidos nem deprimidos.
Se, seja por amor a si mesmo, ou por amor aos outros, um
homem não deseja nem um filho, nem riqueza, nem poderes, e se
ele não deseja seu próprio sucesso por meios injustos, então ele é
bom, prudente e virtuoso.
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São poucos entre os homens os que chegam à outra margem
(tornam-se Arhats); os demais correm praia abaixo, praia acima.
Mas aqueles que, quando a lei lhes foi bem pregada, a seguem,
passarão por cima dos poderes da morte, embora difíceis de
atravessar.
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29. Diálogo de Sábios e Reis – Milinda Panha
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30. O Rei ideal – Manavadharmashastra
Um rei que pune os inocentes, que não inflige castigo aos que
merecem ser punidos, se cobre de ignomínia e vai para o inferno
depois de sua morte. [...]
Tomando o que lhe é devido, prevenindo a mistura das classes e
protegendo o fraco, o rei adquire força e prospera no outro
mundo e neste.
É porque o rei, do mesmo modo que Yama, renunciando a tudo
que lhe pode agradar ou desagradar, deve seguir a regra de
conduta desse juiz supremo dos homens, reprimindo sua cólera e
impondo um freio a seus órgãos.
Mas, o monarca de coração perverso, que em seu desvio
pronuncia sentenças injustas, é logo reduzido à dependência de
seus inimigos.
Ao contrário, quando um rei, reprimindo o amor das volúpias, e a
cólera, examina as causas com equidade, os povos correm para ele,
como os rios se precipitam para o oceano. [...]
Protegendo todas as criaturas com equidade e punindo os
culpados, um rei cumpre cada dia um sacrifício, acompanhado de
cem mil presentes.
O rei, que não protege os povos e que, entretanto, percebe as
rendas, os impostos, os direitos sobre as mercadorias, os presentes
cotidianos [...] e as multas, vai logo para o inferno depois da
morte.
Que se saiba, um soberano que não tem consideração aos
preceitos dos Livros Sagrados, que nega o outro mundo, que
procura riqueza por meios iníquos, que não protege seus súditos e
devora os bens deles, é destinado às regiões infernais.
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31. O Soberano – Arthashastra
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32. O Soberano Ecumênico – Éditos de Ashoka
Aquele que é Amado pelos Deuses, Rei Piyadasi assim diz: doze
anos após a minha coroação isto foi ordenado – Em todo lugar
em meu domínio os [oficiais] Yuktas, Rajjukas e os Pradesikas
devem ser seguir em viagens de inspeção, a cada cinco anos, para
o propósito da instrução do Dhamma e para a feitura de suas
obrigações oficiais. Respeito ao pai e a mãe, generosidade aos
amigos, pessoas próximas, parentes, Brâmanes e ascetas é algo
bom, não matar seres vivos é algo bom, moderação no gasto e na
poupança é algo bom. O Conselho deve notificar aos [oficiais]
Yuktas tais instruções, nestas mesmas palavras.
[...]
Aquele que é Amado pelos Deuses, Rei Piyadasi, assim diz: No
passado, os assuntos do estado não eram transacionados nem
relatórios eram enviados ao rei a todas as horas. Mas agora eu dei
esta ordem, de que a qualquer momento, esteja eu comendo, nos
aposentos das minhas consortes, no meu dormitório, na minha
carruagem, no meu palanque, no parque ou em qualquer lugar,
aqueles apontados com instruções devem me reportar os assuntos
do povo para que eu possa atendê-los onde quer que eu esteja. E
qualquer ordem minha em relação à doações e proclamações, ou
quando um assunto urgente é enfrentado pelos Mahamatras, se o
desentendimento ou debate surge no Conselho, então isto deve
ser reportado à mim imediatamente. Isto é o que ordenei. Nunca
me dou por satisfeito quando me dedico ou resolvo aos assuntos
[do povo]. Verdadeiramente, considero o bem-estar de todos ser
meu dever, e a raiz disto é o meu esforço e o pronto atendimento
dos assuntos [do povo]. Não há trabalho melhor que promover o
bem-estar de todas as pessoas e quaisquer esforços que eu esteja
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fazendo é o pagamento da dívida que tenho com todos os seres de
garantir a sua felicidade nesta vida, e o alcançar do paraíso na
próxima.
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33. Questões econômicas – Manavadharmashastra
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direito em razão do valor; as que só têm caixas vazias, pouca coisa,
do mesmo modo que homens mal vestidos.
Para um longo trajeto, que o preço de transporte sobre um batel
seja proporcional aos lugares e às épocas; mas isto se deve
entender do trajeto sobre um rio; pelo mar, não há frete marcado.
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34. Questões econômicas – Arthashastra
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35. Práticas Políticas – Manavadharmashastra
O rei, seu conselho, sua capital, seu território, seu tesouro, seu
exército e seus aliados, são as sete partes de que se compõe o reino
que, por isso, se diz formado de sete membros.
Entre os sete membros de um reino, assim enumerados por
ordem, deve se considerar a ruína do primeiro como uma maior
calamidade que a daquele vem depois na enumeração e assim por
diante.
Entre os sete poderes cuja reunião forma no mundo um reino, e
que se sustentam reciprocamente como os três bastões de um
devoto ascético que são ligados e de que nenhum ultrapassa o
outro, não há superioridade nascida da preeminência das
qualidades.
Entretanto, certos poderes são mais estimados por certos atos e o
poder pelo qual um negócio é posto em execução é preferível
nesse negócio particular.
Servindo-se de emissários, desenvolvendo seu poder, ocupando-se
dos negócios públicos, que o rei procure sempre reconhecer sua
força e a de seu inimigo.
Depois de haver maduramente considerado as calamidades e as
desordens que afligem seus Estados e os do estrangeiro e sua
maior ou menor importância, que ele ponha em execução o que
ele resolveu. Que ele recomece suas operações muitas vezes, por
mais fatigado que possa estar, porque a fortuna se liga sempre ao
homem empreendedor e dotado de perseverança.
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36. Práticas Políticas - Arthashastra
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Como as obras não acontecem de modo simultâneo, são diversas
na forma, e referem-se a localidades distantes e diferentes, o rei,
tendo em vista tempo e o lugar, designa seus ministros para
realizá-los. Essa é a obra de ministros.
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37. A importância do Conselho - Arthashastra
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dúvidas quanto ao que é suscetível de dois pareceres, e a inferência
do todo quando apenas uma parte é visto - tudo isso é possível
somente na decisão tomada por ministros. Por isso, ele deve
sentar-se para deliberação com pessoas de grande intelecto”.
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38. Políticas internacionais – Éditos de Ashoka
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Este édito do Dhamma foi escrito em pedra para que possa durar
por muito tempo e para que meus descendentes possam agir em
conformidade com este.
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39. Os indianos na visão dos gregos – Anabasis
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os indianos ainda avançavam para a batalha com o som de
címbalos e tambores.
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40. A prática das Leis - Manavadharmashastra
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41. Invocação divina da Guerra - Rig Veda
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42. Prece para derrota de inimigos - Atharva Veda
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43. A guerra como exercício do Dharma - Bhagavad Gita
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44. A guerra dos indianos - Anabasis
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45. Teoria sobre a Guerra - Arthashastra
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Não, diz Kautilya, a habilidade para a intriga é melhor; aquele
que tem o olho do conhecimento e está familiarizado com a
ciência da política pode, com pouco esforço, fazer uso de sua
habilidade para a intriga e pode ter sucesso por meio de
conciliação e de outros meios estratégicos. Por espiões e
substâncias sutis, pode deter, mesmo a distância, os reis que são
dotados de entusiasmo e energia. Assim, das três aquisições -
Entusiasmo, energia e habilidade para a intriga - quem possuir
mais das últimas superará quem possuir mais das primeiras.
O País (espaço) significa a terra; na qual os mil yojanas da porção
norte do país, que se estende entre o Himalaia e do oceano
formam o domínio de um imperador nada insignificante; no qual
existem variedades de terra, como florestas, aldeias, cachoeiras,
planícies, e terrenos irregulares. Nessas terras, ele deve realizar
obras que ele considera serem propícias ao seu poder e
prosperidade. Essa parte do país, na qual seu exército encontra
um lugar conveniente para a sua manobra e que se prova
desfavorável ao seu inimigo, é o melhor; as partes do país que são
de natureza inversa, são as piores; e aquela terra que tem ambas as
características, é um país de qualidade medíocre.
O Tempo consiste em períodos frios, quentes e chuvosos. As
divisões do tempo são: a noite, o dia, a quinzena, o mês, a estação,
solstícios, o ano, e o Yuga (ciclo de cinco anos). Nestas divisões
do tempo, devem-se realizar as obras que são propícias para o
crescimento de seu poder e prosperidade. O tempo é essencial
para a manobra de seu Exército, e a falta de tempo é o pior para o
inimigo. O contrário é ruim para o rei, e melhor para o
inimigo.Ambas as coisas são o pior.
Meu professor diz que de força, lugar e tempo, a força é a melhor;
para um homem que é possuidor de força, ele pode superar as
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dificuldades tanto do terreno ou dos períodos frios, quentes ou
chuvosos de tempo. Alguns dizem que é o melhor lugar é aquele
em que um cão pode arrastar um crocodilo, e que o pior é aquele
onde um crocodilo pode arrastar um cão.
Outros dizem que o tempo é o melhor, por que durante o dia o
corvo mata a coruja, e durante a noite a coruja mata o corvo.
Não, diz Kautilya, a força, lugar e tempo, cada um é útil para o
outro; quem é possuidor destas três coisas deve, depois de ter
colocado um terço ou um quarto do seu exército para proteger
sua base de operações contra a sua retaguarda - inimigos e tribos
selvagens em sua vizinhança - tomar com ele tanto exército e
tesouro suficientes para realizar seu empreendimento. Marchar
durante o mês de Margasirsha (dezembro) contra o seu inimigo,
cuja colheita de alimento ainda é insípida, não há comida fácil e
as fortificações não foram reparadas. A fim de destruir o inimigo
nos períodos outonais (Mushti), ele deve marchar durante o mês
de Chaitra (Março), para destruir as culturas outonais do inimigo.
Ele deve marchar durante o mês de Jyestha (maio-junho) contra
aquele cujo armazenamento de forragem, lenha e água tenha
diminuído, e que não tenha reparado suas fortificações, e destruir
colheitas na estação chuvosa vernal do inimigo. Ou ele pode
marchar durante a estação úmida contra um país que é de clima
quente, e no qual as forragens e água são obtidas em pequenas
quantidades. Ou ele pode marchar durante o verão de encontro a
um país em que o sol está envolto pela névoa e que está cheio de
vales profundos e matas de árvores e grama; ou ele pode marchar
durante as chuvas contra um país que seja adequado para a
manobra de seu próprio exército, e que é da natureza inversa para
o exército de seu inimigo. Ele tem que empreender uma longa
marcha entre os meses de Margasirsha (dezembro) e Taisha
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(janeiro), uma marcha de comprimento médio entre março e
abril, e uma curta marcha entre maio e junho; e quando afligido
com problemas, deve manter-se quieto.
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46. Formação de batalha - Arthashastra
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As mesmas quatro variedades são chamados de "arco", "o centro
de um arco", "um porão", e "uma fortaleza", quando eles estão
dispostos em uma forma inversa.
Isso é que as alas são vestidas como um arco, é chamado Sanjaya
(vitória).
O mesmo com a parte dianteira projetada é chamado vijaya
(conquistador); que tem seus flancos e alas formadas como uma
unidade é chamado sthúlakarna (orelha grande); o mesmo com a
sua frente duas vezes mais forte, sendo conquistadora, é chamada
visálavijaya (grande vitória); que tem suas alas esticadas para a
frente é chamada chamúmukha (face do exército); e a mesma é
chamada ghashásya (face do peixe) quando é arranjada sob a
forma inversa.
A formação pessoal, que é feita para que um grupo do exército
fique atrás do outro é chamado de formação de ponta.
Quando esta formação é composta de duas destas linhas, é
chamado um agregado (Valaya); e quando de quatro linhas, ele é
chamado um conjunto invencível - estas são as variedades da
formação em unidade.
A formação de cobra em que as alas, flancos e frente são de
profundidade desigual é chamado sarpasári (movimento de
serpente), ou gomútrika (rastro de urina de vaca). [...]
A formação em que carros vão a frente, as alas elefantes e cavalos
de retaguarda, é chamado Arishta (auspicioso).
A formação em que infantaria, cavalaria, carros e elefantes ficam
um atrás do outro é chamado achala (imóvel).
A formação em que os elefantes, cavalos, carruagens e infantaria
estão em ordem, uma atrás da outra é chamado apratihata
(invencível).
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47. Os Nomes de Indra, o Rei dos Deuses - Sama Veda
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48. A Cerimônia do Suco do Soma - Sama Veda
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49. Iniciação ao Estudo Sagrado - Dharma Sutra
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primeiro ano, uma pessoa desejosa de gado em seu décimo-
segundo ano.
Não ha abandono do dever se a iniciação tiver lugar, no caso do
brâmane, antes de completar dezesseis anos, no caso do xátria
antes de completar vinte e dois anos, no caso do vacia antes de
completar vinte e quatro anos. Que ele seja iniciado em idade tal
em que possa cumprir seus deveres, declarados em seguida.
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50. Regras para o Asceta - Dharma Sutras
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51. Hino à Palavra - Atharva Veda
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Receberam a palavra por engano aqueles que não caminham, nem
para a direita, nem para a esquerda, não são brâmanes, nem
servos. Incapazes de criarem, tecem um pano com farrapos.
Quando um amigo regressa, glorioso, vencedor em um torneio
oratório, alegram-se todos os seus amigos. Preparado, disposto à
prova, ele liberta-os do pecado, ganha alimento para os amigos.
Um aplica-se à escrupulosa composição dos versos sagrados, outro
canta a melodia das estâncias. Um, o brâmane, ensina a ciência
que ele conhece; outro cuida das formas do sacrifício.
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52. Hino para ser entoado em um funeral - Atharva Veda
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53. Libações nas cerimônias fúnebres - Manavadharmashastra
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Referências
Traduções próprias: Anabasis, Arthashastra,
Manavadharmashastra.
Ananda Coomaraswamy, O Pensamento vivo de Buda.
São Paulo: Martins, 1968: Mojjhima Nikaya, Dhiga
Nikaya.
Artashastra. Brasília: UNB, 1999 [trad. de Sérgio Bath],
frag. 34. Disponível em:
http://www.senado.gov.br/senado/campanhas/conselhos/
downloads/kautilya.pdf
Éditos de Ashoka. [Trad. de S. Dhammika] Disponível
em:
http://dhammarakkhita.blogspot.com.br/2009/06/editos-
de-ashoka.html
Joseph Gaer, Sabedoria das antigas religiões. São Paulo:
Cultrix, 1966: Sutra Krit Anga.
Lin Yutang, Sabedoria de Índia e China. Rio de Janeiro:
Ponguetti, 1958: Bhagavad Gita [trad. de Swami
Paramananda]
Louis Renou. O Hinduísmo. Rio de Janeiro: Zahar,
1969: Rig Veda, Shataphata Brahamana, Grihya Sutra,
Dharma Sutra, Kumarashambava.
Manavadharmashastra. [Trad. Anônima], cap. 8 e 9.
Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/manu.htm
Raul Xavier. Milinda Panha. Rio de Janeiro: Livros do
Mundo Inteiro, 1972.
95
Raul Xavier. Os Kama Sutras. Rio de Janeiro: Livros do
Mundo Inteiro, 1969.
Raul Xavier. Os Upanichadas. Rio de Janeiro: Livros do
Mundo Inteiro, 1972.
Raul Xavier. Os Vedas. Rio de Janeiro: Livros do Mundo
Inteiro, 1972: Rig Veda, Sama Veda, Atharva Veda.
Veja também:
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