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Embora não nos tenham restado textos e escrituras, os motivos das meditações
em Shiva, Shakti e Vishinu permaneceram nas escrituras e técnicas de períodos
posteriores.
A grande invasão das cidades das civilizações do Indo pelos Arianos começa no
próximo período. A ariana era a cultura cuja língua era o Sânscrito, que procediam das
regiões das estepes da Rússia Central. Eles eram nômades e guerreiros indo-
europeus. Eles eram arrogantes, agressivos e guerreiros. Acreditavam em sua própria
superioridade. Desenvolveram uma grande tradição de auto-desenvolvimento e de
yoga. Viviam em bandos e tinham uma grande variedades de armas. Eles eram de pele
clara, louros e de olhos azuis. Marca profunda de sua cultura, eles acreditavam na auto-
disciplina e na transcendência do ego.
Eles eventualmente se espalharam pelas áreas centrais da Índia e depois se
estabeleceram na área onde hoje é o Punjab. Esta expansão não foi pacífica. Ela
aconteceu através de batalhas, cercos e grandes conflitos. Como ganharam força e
poder, brigaram também entre seus próprios clãs.
A mais longa guerra nos registros históricos é transformada em crônica em
Mahabharata. O poema consiste em mais de 100.000 estrofes. Um teatrólogo,
recentemente criou uma versão do poema, encenado em Nova York. A encenação
durou 3 dias. É um registro de batalhas entre clãs adversárias: os Pandavas e os
Kauravas. O verso original foi escrito entre 800 -1000 A.C. Ele é a fonte de
informações dos mitos, simbologia, história, filosofia, conhecimentos, credos, religião,
costumes e experiência mística. É uma fonte de muito saber sobre yoga neste período.
Através dos anos, ele se tornou o épico principal da Índia. Ele teve muitas partes
adicionadas a ele, como o Bhagavad-Gita e ao longo dos anos cresceu o seu papel de
acervo do conhecimento e inspiração cultural.
Se você é um estudante sério e quer um entendimento profundo das raízes dos
primórdios do yoga, então é preciso buscar muita leitura. As primeiras versões foram
transmitidas oralmente. As versões primordiais descrevem disciplinas e sadhanas, as
versões posteriores registram samkya e filosofias ióguicas. Umas das mais fortes
mensagens deste épico é que, além de todo o drama, luta e guerra, existe o estado
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A classe dos sacerdotes era chamada Brâmane. Eles registraram uma grande
quantidade de literaturas sobre os ritos próprios, rituais e comportamentos. Eles
formaram uma classe de sacrifício e ritualística. O culto e a virtude eram externos. Ao
mesmo tempo em que aceitavam o desafio do desenvolvimento interno, cultivado pelo
período védico anterior, eles estabilizaram sua posição social por elaborados ritos
materiais. Os traços do passado passaram por ele, mas o pensamento literal dos
fundamentalistas estavam ocupados com trabalho.
A literatura Brahmanas e nos Aranyakas, um livro de mão para os ascéticos
habitantes da floresta, não promove o yoga ou os preceitos místicos que autorizam o
individual.
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conceitos como Amor, Dever e Honestidade tem algum significado.Os escritos não
excluem, sistematicamente, a prática do yoga e de meditações. Eles transmitem o
espírito e o ponto de vista de que as práticas devem vir acompanhadas.
Isto transformou a principal escritura para o Vaishnavites durante os anos 400 -
200 D.C.. Este grupo cultua Vishnu. A mensagem das escrituras é, no entanto,
universal. Vishnu era venerado como o Um em tudo e o UM além de tudo. Consciência
estava em 2 principais estágios: a libertação do apego e da segurança do tempo e do
espaço (Brahma nirvana) e a absorção, além da mente, dentro do Ser absoluto e do
amor.
Os puranas foram compostos durante este período. Eles são uma vasta coleção
de mitologia, filosofia e história. O grande professor Shankara escreveu sobre a
filosofia Vedanta da não dualidade. Seus escritos impeliram muitos santos para o uso
da tecnologia psico-espiritual do yoga. Durante o mesmo tempo, a ênfase no
Tantrismo e o uso do conhecimento esotérico dos chakras, das glândulas e da aura
são expandidos. A disciplina da shadana para alcançar a elevação da consciência e
como uma ajuda para a proposta dos primeiros textos torna-se muito difundido.
Em particular, isto torna possível produzir um modo de ser espiritual e físico, sem
rejeitar as sensações e sem ser uma asceta. A ênfase encaminha par uma consciência
da filosofia de Shakti, o princípio cósmico feminino da energia. Kundalini é uma
energia shakti que manifesta o divino nos finitos corpo e mente. Esta explosão de
experiência e práticas preparam o caminho, para a grande síntese do próximo período.
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I) DADOS HISTÓRICOS:
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ocorreu em ondas sucessivas e levou milhares de anos. Alguns ficaram pelo caminho e
foram os ancestrais dos druidas. Estabeleceram-se às margens do lago Gobi (hoje o
deserto). Segundos essas informações, por volta do ano 9.000 a.C., desceram para o
local onde hoje é a Índia. Foi assim, nas margens do lago Gobi, que nasceu a quinta
raça raiz, a ariana, da qual os “indianos arianos” são a primeira sub-raça.
Esse povo que, de certa forma, invadiu essa região da atual Índia, trazia
consigo uma bagagem enorme de conhecimentos, todo um conteúdo cultural, cheio de
religiosidade e filosofia, apesar de ser um povo considerado “guerreiro”. Segundo
muitos autores, quando os arianos chegaram à Índia, já traziam consigo, compilados
por Vyasa Deva, os 04 vedas, Rig, Yajur, Sama e Atharva Veda. Ao chegarem,
encontraram alguns povos amarelos descendentes dos atlantes e lemurianos de pele
escura, os dravidianos.
Há indícios de que Shiva era cultuado pelos pré-arianos, e com a chegada
dos arianos for absorvido e colocado como a terceira pessoa da Trimurti. Os arianos,
temendo a miscigenação, que colocava em risco a conservação de sua raça e tradição
teriam tomado essa atitude, além de fortalecer o regime de castas, colocando os
nativos lemurianos como os parias, os sudras; depois os mercadores e agricultores de
pele trigueira e amarelada, os vaisias; depois vinham os kshatryas, guerreiros e
administradores, de sangue levemente misturado, e finalmente os brahmanes de puro
sangue ariano, os sacerdotes e educadores.
Um fato interessante é que o termo “hindu” não existe em sânscrito, portanto
esse povo não se autodenominou hindu, mas foi chamado assim pelos muçulmanos. A
origem desse termo vem da palavra sânscrita “sindhu”, que referia-se ao rio. Os
muçulmanos, devido a dificuldade de pronúncia de sindhu, acabaram por criar a
expressão Indu, que por extensão passou a designar aquela sociedade que principiou
as margens do rio Sindhu ou Indus. Daí a origem do termo Hinduísmo, para designar
toda uma cultura que ali floresceu.
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a) Vedas são quatro: Rig Veda, Yajur Veda, Sama Veda e Atharva Veda.
Os Vedas se compõe de:
A) Hinos ou mantras;
B) Aranyakas (dedicado àqueles que se retiravam para as florestas);
C) Brahmanas (referem-se aos cultos e rituais).
D) Upanishads (abordam as questões místico/filosóficas).
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c) Prakriti – Pra (movimento), Kriti (“aquilo que faz”). Portanto, Prakriti é aquilo que
está em movimento. É a matéria universal manifestada.
Diz-se que o material de que é feito o Universo, em qualquer dos seus níveis de
condensação, resulta da combinação de 3 “qualidades” da energia cósmica, que
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são: Sattwa (ritmo), Rajas (movimento) e Tamas (inércia). Nada existe no Universo
que não se constitua desses 3 atributos, preponderando conforme o caso, uma
sobre as outras. Essas “qualidades” da Prakriti são chamados “gunas”. Prakriti é,
portanto, a manifestação universal; a matéria que forma esse universo manifestado,
desde o nível mais condensado, físico, ate o mais sutil dos planos da matéria
universal.
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f) Maya – existem mais de uma conotação para esse termo, dependendo da Escola
filosófica. Poderíamos ver aqui Maya num sentido objetivo e num sentido subjetivo,
psicológico.
Em primeiro lugar “Maya” não significa dizer que o mundo é ilusão, que não
não existe. Tanta a dimensão subjetiva como o mundo objetivo, factual, existem; porém,
não são absolutos, têm uma existência relativa em relação ao mundo do Absoluto. Um
exemplo: dentro de uma peça teatral tudo é real, a trama, a situação, os personagens;
são reais dentro do contexto da peça. Porém, se compararmos essa realidade com a
dimensão de realidade do autor da peça, encontraremos um outro nível de realidade.
Maya para os hindus é o poder misterioso pelo qual Brahman (enquanto Ele próprio
permanece imutável), dá seguimento, andamento ao mundo fenomenal. Maya não é
ilusão portanto, para aquele que vê o Absoluto no fundo de cada aparecimento.
Maya também pode ser simplesmente avidya, ignorância. No aspecto subjetivo
observamos a separação pensador-pensamentos e daí o surgimento de um núcleo, um
eu, a parte do qual o mundo será visto e avaliado. A avaliação no entanto é
condicionada. Assim, a realidade, o fato, será visto sob o prisma do passado. Projeta-se
uma imagem oriunda do passado sobre aquele fato, de tal modo que o que se vê é na
verdade a imagem que foi projetada e não o fato em si. Vive-se então num mundo de
imagens projetadas sobre os fatos e as relações acontecem muito mais com as
próprias imagens do que com os fatos. Vive-se assim num mundo de ilusão (e aqui
Maya tem o sentido mesmo de ilusão) criado pela mente, pelos arquivos do passado. O
silencio desse conteúdo mental arquivado exige a auto compreensão direta e a
meditação que ocasionam a dissolução do eu temporal. O silencio na mente propicia a
percepção direta sem a interferência do ontem, e os fatos são percebidos como eles
são.
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i) Dharma – vem da raiz “DHR”, significando “maneira de ser”. “Dharma é aquilo que
mantém unido o universo”. Essa e outras afirmações são encontradas nos textos,
sobre o Dharma. O que se pode perceber, é que essa palavra, pelos vários
momentos em que é utilizada, está intimamente ligada à ação. Uma ação
adequada, integral, mantenedora da harmonia cósmica. Dharma não é uma
obrigação moral, é uma ação espontânea nascida das profundezas da
compreensão completa de cada momento. O Dharma real não é fixo, porque a vida
é flexível, fluente, a acão que se harmoniza com seu movimento é também fluente e
nova a cada momento. Adharma é a ação desarmônica. Dharma quando visto
como uma norma de ação torna-se uma tentativa de ajustamento a um padrão pré-
concebido e deixa de ser natural e espontânea.
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A ATUALIDADE DO YOGA
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ser como ele é; que não seguir o modelo aprovado pela mesmisse coletiva o tornaria
um estranho no mundo....e assim por diante.
A escolha de uma profissão, o estilo de vida, os valores, são todos determinados
de fora para dentro. Mesmo a subjetividade é constituída de condicionamentos e
padrões culturais.A tendência é se formar um humano completamente de segunda
mão; que vendeu sua alma. Nunca atendeu ao que seu próprio ser lhe tenha dito,
porque sempre esteve surdo para si mesmo. O resultado disso é desastroso. Uma
comunidade de entes atormentados, em busca de pequenas alegrias, mendigando da
existência mesmo que seus cofres estejam cheios.
Ausência de valores humanos fundamentais, capazes de gerar respeito a todos
os seres do planeta; violência, corrupção, drogas, estresse, depressão e outras
disfunções de saúde; desequilíbrio social, desastres ecológicos, enfim, problemas que
sempre existiram em alguma escala, nessas condições doentias se agravam e ganham
proporções quase alarmantes. E a mentalidade geradora dessa situação, que como já
foi dito existe há muito, não é capaz de responder adequadamente a isso. Nunca foi. E
o é muito menos agora. É preciso um salto quântico de consciência. Uma revolução da
percepção. Um novo modo de ver o mundo. E isso implica um outro modo de ser. Não
há respostas satisfatórias no discurso vigente. E esta ausência de respostas
satisfatórias causa uma grande inquietação.
É preciso perguntar então de que modo o Yoga se insere nesse contexto
histórico? O Yoga faz algum sentido hoje? Ou é puro modismo. Ou se transformou em
mais um das dezenas de sistemas para alinhamento corporal. E existencialmente
”continuaremos os mesmos bestas de sempre”!
O ente humano, em geral se acha identificado com os papéis, profissional,
familiar, social e religioso. A noção de si mesmo se estrutura nos conteúdos temporais
oriundos desses papéis. Quando, por alguma razão, acontece um olhar que percebe
fora desses papéis, se revela o vazio existencial seguido muitas vezes de crise. Esse
olhar não vislumbra, em um primeiro momento, o ser que ele essencialmente é. Vê
apenas a falta de sentido dos papéis que ocupa nas relações, e se depara com a
ausência de sentido do seu próprio mundo.
Essa situação cria um assombro que inquieta, e muitas vezes assusta. Esse
susto quando afeta patológicamente pode gerar enfermidades como ansiedade,
depressão, pânico, diversos tipos de neurose e suas compensações. Pode também
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Esse “abrir os olhos”, por sua vez, quando de fato acontece pode ser de dois
modos: um é quando pelo próprio discurso instaurador de um novo sentido, o Yoga
confronta as idéias vigentes e responde as questões para as quais a mentalidade
dominante não fornece respostas satisfatórias. E a outra maneira é quando pelas
alterações de percepção que as práticas yogis provocam ocorre uma mudança de
perspectiva que descortina novos horizontes, e com isso novos questionamentos e
descobertas.
As práticas do Yoga trabalham a partir e sobre a estrutura energética, corporal e
psíquica estabelecida em cada ente humano. Essa estrutura humana carrega em si, o
traço do discurso vigente, em forma de valores, crenças, padrões de reação emocional
e mental, condição do fluxo energético nos meridianos e chakras, padrões respiratórios,
hábitos posturais e condição da estrutura de tensões musculares e emocionais
crônicas, que sustentam e são sustentadas pelo falso ego, o eu temporal
O Yoga promove uma intervenção deliberada e precisa sobre essas estruturas, e
provoca com isso significativas mudanças que repercutem na visão de mundo e de si
mesmo que até então vigorava. Com isso se torna possível um olhar para além do já
pensado, e se pode vislumbrar a falência do conhecido na tarefa de dizer o que as
coisas são.
Esta ação do Yoga, desestabilizando a estrutura da mentalidade vigente,
manifesta sua face Shivaista de destruição do mundo já feito, liberando a possibilidade
de recriação de sentido. Essa recriação de sentido ocorre pelo acesso à unidade, a
origem instauradora do real, e manifesta a função Brahmanica de criação do mundo.
Assim o Yoga aparece em duas forças essenciais: destruição e criação! Morte e
renascimento!
Uma vez instaurada a criação, age a força de preservação, Vishnu! Brahma,
Vishnu e Shiva precisam atuar em sincronia perfeita para que a vigência do mundo seja
sempre com sentido. A constante criação, preservação e destruição ocorrendo no seu
momento apropriado resultam em uma articulação sempre viva do real.
É necessário estar alerta para uma tendência humana de auto asseguramento
que pode se tornar desmedida e confundir preservação com conservadorismo e
cristalização. Pois com isso se perde o contato com a necessária desconstrução e
recriação de sentido desde a origem, e surge o esquecimento do princípio instaurador
que fundamenta a realidade.
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O Yoga pode, portanto, abrir ao olhar humano o espaço onde o ser habita e é.
Nessa apreensão do ser, o ente humano acessa a dimensão originária de si mesmo, e
se torna a própria totalidade da vida. Vive a partir do que é. É autônomo e livre.
Realizou, e sempre de novo se põe a caminho da plenificação de si mesmo.
O Yoga se torna reacionário quando, em sua transmissão, usa-se o discurso
estereotipado, “já sabido”, e que não dá conta de responder as questões que o
movimento da vida nos apresenta. Ou ainda, quando a prática dos exercícios obedece
a critérios equivocados, não concorrendo para a desestabilização dos
condicionamentos e padrões que sustentam a mentalidade vigente e o falso ego.
A justificação das práticas yogis com argumentos que se baseiam unicamente
nas comprovações científicas dos seus efeitos, não faz o percurso de principio, de
apropriação de sentido, e por isso leva pessoas a práticas terapeuticamente eficazes,
mas carentes de fundamento. Não atingem o essencial na crise humana hoje, que é a
ausência de significado e de conexão com o Si mesmo.
As práticas de Yoga nesse caso mascaram os sintomas negativos de uma
mentalidade vazia e em crise. O que se encontra então nas práticas não é a luz que
dissolveria a crise e desvelaria o ser e o sentido de si mesmo, mas um subterfúgio a
mais para diminuir o desconforto. Isso apenas fornece resistência para que se continue,
por mais tempo ainda, na estrutura doentia sem sentir tanto os efeitos nocivos dessa
condição.
O Yoga é o que fazemos dele. Em si mesmo absolutamente é transcendental.
Inacessível a tudo o que se possa pensar ou fazer. Ao ser pensado, e dito desde esse
pensar, já não é o Yoga mesmo.
Ele aparece na articulação decorrente da sua apreensão. O Yoga aparece na
linguagem, desde uma apreensão que ocorre naturalmente pela aproximação e acesso
de quem o articula e diz. Como ocorre esse acesso e apreensão vai determinar a forma
que o Yoga tomará e a sua legitimidade ou não.
Se a apreensão ocorre no vazio luminoso da ausência de tempo e de ego, ele
aparece vivo, sendo ele mesmo. Isto só acontece no silêncio que nenhum pensamento
pode produzir. Só ocorre na escuta atenta que caracteriza a Meditação. Por isso Shri
Patanjali diz ”Yoga é a parada das ondas mentais”. E pode-se acrescentar, é a
ausência do si mesmo baseado no tempo.
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I. O QUE É YOGA
Yoga é um estado de ser além da mente que surge quando a mente se aquieta e
desaparece a idéia de si mesmo baseada no tempo. É o acesso ao Ser Uno, de onde
emergem as múltiplas coisas existentes. Yoga é ser o Um!
Se o indivíduo aborda a vida muito mais pelo seu aspecto prático, impulsionado
naturalmente à realização, ao trabalho, então vemos um movimento pelo caminho da
ação, e nesse caminho importa muito questionar as motivações, de onde nasce a ação,
o que a impulsiona? De onde ela vêm? O mergulho profundo nessas questões
juntamente com a Meditação constitui o Caminho da ação completa, livre do passado e
do futuro. O Karma Yoga!
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- So Ham – Eu sou Ele. A cada respiração mesmo sem consciência dizemos: “Eu
sou o Absoluto”.
1. Apegos e aversões.
2. dispersão mental.
3. sono.
4. satisfação por um estado passageiro de realização.
Todos serão dissolvidos por um sadhana bem orientado e praticado com interesse
e regularidade. A presença de alguém que realizou o Yoga plenamente é importante
para mostrar ao praticante o estágio em que ele se encontra e lhe indicar quando está
preso nos condicionamentos, ou na própria auto congratulação proveniente do bem
estar gerado pelo progresso já realizado.
O que caracteriza o Bhakti Yoga é o anseio por “participar” do Ser Divino. Fazer
parte Dele. E finalmente Ser Ele, quando então dissolve-se a dualidade entre o amante ao
Amado. O adorador e o Adorado: “Eu e o Pai somos Um”!
Por se tratar de Amor, devoção, o Bhakti Yoga não depende para ser realmente
vivenciado, de uma decisão intelectual ou da vontade. É de certa forma a graça Divina que
acende no coração do devoto a chama do Amor.
O verdadeiro bhakta (praticante de Bhakti Yoga) age sempre para fazer aquilo que o
Divino faria para si mesmo. Isto é servir ao Divino. Agir como uma parte integrante Dele,
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para Ele. A devoção dissipa o ego e desvela o Divino como o Único Eu. Então a Unidade
aparece. A mesma realização do Jnana ocorre através do Bhakti Yoga por processos
diferentes. Quando o coração se abre completamente, a mente se aquieta. Quando a mente
se aquieta, o coração se abre. A Sabedoria e o Amor são aspectos de uma mesma
Consciência. O coração aqui se refere ao estado de afetividade incondicionada, muito além
de emoções e sentimentos provocados pelas impressões sensoriais.
A prática do Bhakti Yoga, no dizer de Swami Sivananda, pode ser Apara Bhakti ou Para
Bhakti.
1. APARA BHAKTI.
No Apara Bhakti, também chamado por alguns como Gauni Bhakti, a devoção se
expressa em rituais de adoração onde além de outros procedimentos, se oferece flores,
aromas, alimentos à uma personificação do Divino. Há dualidade entre o adorador e o
adorado. E tudo o que se possa fazer para expressar a devoção aumenta a chama do Amor
e a proximidade com o Amado.
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2. PARA BHAKTI
No Para Bhakti a dimensão Divina é percebida em tudo e em todas as coisas, e
não apenas naquela forma que era objeto de devoção. O Divino está em tudo e além de
tudo. Nada, nem ninguém consegue ocultar o Divino dos olhos e coração do verdadeiro
bhakta. Nem uma formiga, um inseto, um amigo ou um inimigo. Todos são Ele. E Ele é
o Eu no próprio devoto. Então desaparece a dualidade e o Amor Divino, Prem é o
estado de Amor Divino, de completa Unidade. Este é o Yoga do Amor que transcende a
própria devoção.
Pode parecer que o Bhakti Yoga se confunde com religião. No entanto não é
assim. Na religião, e a própria palavra diz isso, há um sentido de dualidade. Existem
dois que precisam se religar. No Yoga, não existem dois. É a dissolução do eu
temporal, o ego, que cria as condições para o Ser atemporal vigorar como a Identidade
real do humano. A dualidade é uma ilusão que se dissipa na realização do Yoga.
Karma significa ação. Karma Yoga é a ação que surge do estado atemporal de
consciência. É uma ação total, que não deixa vestígios em “quem” a pratica, pois não
há nenhum eu que a pratique. È uma ação Imotivada, pois não parte de um centro que
com ela receberia algum resultado desejado.
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V. RAJA YOGA.
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a- Ahimsa (não violência) – Respeito sincero por todas as manifestações de vida. Não
violar. O tabalho envolve se dar conta das manifestações de violência, sem julgamento,
sem comparar com o que deveria ser de acordo com qualquer tipo de preceito moral,
inclusive este Yama mesmo. A observação adequada das raízes e processo da
violência pode evidenciar o que de inadequado nessa reação e possibilitar então a
dissolução das acusas da violência. Então ela pode desaparecer e a não violência
surge naturalmente, sem ser cultuada. Cultuar a não violência é uma forma sutil de
manter as raízes da violência.
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b- Satya – Veracidade. Agir, pensar e falar plenamente de acordo com o que considera
verdadeiro. Verdade não é um conceito ou idéia. Nem a descrição detalhada dos fatos.
È um estado de ser onde tudo é percebido tal como é em si mesmo. Falar a verdade é
dizer aquilo que ao ser escutado, aproxima ou desperta em quem escuta, o estado
onde tudo é visto tal como é. Dizer o que não sabe é mentir. Ser verdadeiro com que é
agora é a base ´para o crescimento em direção ao estado de ser a própria verdade.
c- Asteya - Não roubar objetos, nem idéias. Usar idéias sem ter realizado em si mesmo
o percurso de entendimento é roubar. È viver no mundo dos outros.
d-Brahmacharya - Agir como o Divino. Estado onde a relação com os objetos dos
sentidos não visa o preenchimento psicológico. Aplicado ao aspecto sexual é não fazer
da relação uma forma de preencher o vazio existencial. Pode significar o não
desperdício da energia sexual. Em contexto monástico é o celibato.
Existem níveis diferentes de samadhi que não vamos comentar aqui. Alguns
apenas suspendem o ego temporariamente, mas este retorna uma vez passada a
experiência. Este é Sabija, com semente. Com o sadhana apropriado, porém, ocorre a
dissolução de todas as tendências condicionadas do subconsciente, as identificações
com as memórias, e o samadhi acontece definitivamente.Então não há mais ninguém
para retornar. Este é o Nirbija, sem semente. O que surge então é Purusha, o Ser
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Os oito angas do Raja Yoga acontecem com e no ente humano e por isso têm
uma relação dinâmica entre si, pois interagem sobre um mesmo centro modificando-o.
Cada anga, quando atua sobre esse centro, o ente humano, encontra-o modificado
pelo impacto de um outro anga que o antecedeu, e modifica-o para a ação dos outros a
seguir. É um processo onde todos interagem harmoniosamente para o acesso à
totalidade do Ser.
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Podemos dizer então que Yoga é o que em verdade somos em nosso mais
profundo núcleo de Ser. Nós somos o Yoga ! O Yoga e nós somos Um. Esse é o
significado da palavra Yoga: União! A consciência da Unidade.
Mas a palavra Yoga é usada não apenas para se referir ao estado de
consciência, como também para se referir às Práticas e Ensinamentos capazes de
facilitar a parada das ondas mentais e instituir o Estado de Ser que é Yoga.
No que diz respeito à expressão tantrico é a qualidade daquilo que é próprio do
Tantra. Tan significa estender, expandir, tra é instrumentalidade e também aquilo que
libera. Portanto Tantra é um instrumento que ao atuar, libera. E essa liberação é no
sentido de uma expansão que se mostra Infinita porque se refere às possibilidades
máximas da consciência humana. Tantra é um instrumento de expansão e liberação da
consciência para a sua própria Infinitude. E nesse sentido se confunde com o sentido
do que é Yoga: a dimensão infinita da consciência que se manifesta quando a mente se
aquieta.
Mas no Tantra a palavra expansão e estender, se referem não apenas a uma
possibilidade inerente à consciência, mas a uma característica da constituição do
próprio universo em suas múltiplas dimensões e estados de matéria. O modo de ver e
sentir a vida que é próprio do Tantra concebe esse universo manifestado como um
grande palco onde tudo se liga com tudo. Tudo se interconecta e influencia
mutuamente. E essa teia cósmica se estende infinitamente formando tudo o que existe
como energia, matéria e consciência.
Essa concepção se aplica também ao Ser humano, o micro universo. Nessa
perspectiva o Ser humano é um Todo interconectado: corpo, energia, emoção, mente,
intelecto, consciência espiritual e Divina. Tudo essencialmente é Um só. Um Todo
integrado. Sendo assim o Tantra ao propor o despertar do potencial humano de Ser
rumo às dimensões espiritual e Divina, incluirá um trabalho com todas as dimensões da
energia. Desde a dimensão física até a mental e intelectual, criando condições para a
conexão com o espiritual e Divino.
As práticas e Ensinamentos visando o desenvolvimento da consciência e que
mobilizam as energias humanas em todos os níveis e funções, constituem um Yoga
Tântrico. É importante a expressão aqui “um” Yoga tântrico e não “o” Yoga Tântrico.
Isso está dizendo que não existe um sistema único. Cada Mestre ou escola poderá
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formular um modo de atuar relacionado com o lugar, as pessoas e o momento para que
assim o impacto dos ensinamentos possa de fato gerar as transformações pretendidas.
O Tantra percebe o ente humano como um complexo energético no qual tanto as
funções físicas como psicológicas são nutridas e movidas pela energia da vida, o prana.
A intensificação e a harmonização resultantes de uma intervenção adequada sobre a
energia prânica e suas manifestações, é um poderoso instrumento facilitador à criação
do contexto propício ao despertar do estado de Yoga.
O trabalho sobre o campo energético inclui o reequilíbrio e ativação adequada
dos chakras, limpeza das nadís (canais por onde circula o prana), harmonia no fluxo
dos prana vayus, dos tatwas, e dos doshas, e a abertura do sushuma, canal ao longo
da coluna por onde prana e apana fluem unidos, e por onde flui também o poder da
Alma, shakti Kundalini.
Este termo, Yoga Tântrico, pode ser usado para se referir aos caminhos do
Yoga que se fundamentam em uma visão de mundo própria do Tantra. Vamos ver de
modo geral o que é isto.
Os Sakta Agamas ou Tantras glorificam Deus como a Mãe do mundo sob vários
nomes. Falam à respeito de Shakti, o poder Divino em ação e prescrevem várias
práticas devocionais à Divina Mãe.
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Prana é a força vital que anima todas as formas de vida. Prana é a própria
presença da vida manifestando-se em tudo e em todas as coisas. O Prana ao ser
absorvido pelo ente humano ocupa diferentes funções e recebe nomes diferentes.
Prana, apana, udana, samana, vyana. Desses prana e apana são especialmente
importantes, pois é com a união dos dois que se criam as condições para o fluir de
Kundalini. Apana circula no baixo ventre e tem a polaridade lunar. Prana circula no
tórax e tem polaridade masculina.
b. Kundalini
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Para que se saiba o que é Kundalini realmente desde dentro do que ela é, é
necessário dissolver-se como identidade temporal(ahankar) e tornar-se a
experiência da própria Infinitude. Essa vivência revela e é revelada pela
manifestação plena do que é Kundalini. Ela é o poder, a energia da consciência
espiritual e divina( Shiva). É a presença da Devi, aspecto dinâmico de Shiva em
cada ser.
Os Yoguis ao perceberem Shakti com a visão sutil constataram que esse poder
tem a forma espiralada. É uma energia enrolada sobre si mesma, três voltas e meia,
e por isso a chamaram de Kundalini: a enrolada!
Shakti Kundalini é, portanto, o poder divino que manifestou todo esse universo
e que se aloja no ser humano, constituindo a energia divina da consciência em cada
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c.Nadis.
A nadi que procede do lado direito do escroto (ou ovário), segue seu curso até a
narina esquerda, e vice e versa. Ida é a chandra(lua) nadi, é frio e de polaridade
feminina. Pingala é surya(sol) nadi, é quente e tem a polaridade masculina.
d.Chakras
São centros que recebem, armazenam e distribuem energia vital para as diversas
funções humanas. Existem 07 chakras fundamentais pois
distribuem energia para aspectos essenciais da vida. Vamos
a seguir apenas citar cada um deles e fazer um breve
comentário. Mais adiante neste texto aprofundaremos este
assunto.
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2 - Swadhisthana - Situado na raiz dos órgãos genitais. Este chakra possui seis
pétalas, seu elemento é a água e seu bija é vam, o qual é o bija de Karuna; habitado
por Rakini. O elemento é a água e sua deidade reitora é Vishnu. Nutre o sentido de
fluidez e flexibilidade. Regula a função sexual e a experiência de não-separatividade e
comunhão.
a) HATHA YOGA
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O Hatha Yoga Pradipika - escrito pelo sábio Swatmarama, por volta do século
XV, o Gherandha Samhita (diálogos do sábio Gheranda com seu discípulo Chanda
Kapali) e o Shiva Samhita, são textos fundamentais a serem usadas pelos Mestres na
transmissão do Hatha Yoga. No entanto os Mestres tem a missão de atualizar e
modificar o ensino para adequar às pessoas, ao lugar e ao momento, e assim manter
viva a Tradição do Yoga com o seu poder transformador, tendo em vista sempre a
Meditação e o Samadhi.
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e- Mudras – São gestos realizados com a mão ou com o corpo todo trazendo
profundos efeitos energéticos e psíquicos. Agrupam e mobilizam energias vitais e
psíquicas podendo assim ampliar a percepção e direcionar o fluxo interno do prana
para diversos fins.
b) TANTRA YOGA
Basicamente podemos dizer que existem dois tipos de Tantra Yoga. Um deles
utiliza em suas práticas a mobilização direta da energia sexual visando, obviamente, o
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samadhi. E o outro, mesmo trabalhando com todas as energias, inclusive a sexual, não
mobiliza diretamente essa energia.
No Tantra Yoga que não mobiliza diretamente a energia sexual existem também
escolas diferentes. O caminho conhecido como Dakshinacharya (direita), por exemplo,
utiliza a cerimônia do pancha tattva, mas não inclui o maithuna, e os ingredientes
servidos no ritual não são os mesmos utilizados no Vamacharya.
O Tantra Yoga Branco é outra escola que não mobiliza diretamente a energia
sexual. Utiliza poderosas técnicas de Meditação, praticadas em duplas, que visam
movimentar a energia Kundalini e promover uma completa limpeza do subconsciente
negativo, abrindo espaço para a consciência espiritual. È praticado apenas com a
orientação direta de um Mahan Tântrico, Mestre responsável em cada época pela
transmissão desse tipo de Tantra Yoga. Ou com a presença de alguém especialmente
indicado por ele.
a) Bhuta Suddhi - é uma cerimônia que significa a purificação dos cinco elementos dos
quais o corpo é composto. O praticante dissolve o corpo na perspectiva egóica e cria
um novo corpo que é sentido como divino. Ele inocula dentro do seu corpo a vida de
Devi. O Maha Nirvana Tantra assim descreve este rito: “O elemento terra se dissolve
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b) Nyasa – Constitui um ritual tântrico dos mais poderosos. Ele acontece pelo toque
com as pontas dos dedos da mão de direita em diversas partes do corpo,
acompanhados por um Mantra.
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Upachara. Eles são em número de dezesseis, e muitos deles coincidem com aqueles
procedimentos devocionais executados no Bhakti Yoga.
f. O Pancha Tattva
O Pancha Tattva é essencial para o culto à Shakti. O Pancha Tattva é
composto de:
- Vinho, (Madya), carne (Mamsa), peixe (Matsya), cereal tostado (Mudra) e a união
sexual (Maithuna). Como todos eles começam com a letra “M”, eles são comumente
chamados de Pancha-ma-kara, ou os cinco “M”. O Pancha Tattva significam bebida,
comida e propagação. O Pancha Tattva, os cinco elementos de adoração destroem os
grandes pecados, Maha-pataka-nasanam.
Madya - Elemento fogo. Pode ser vinho, ou pode ser água de coco, ou ainda
significar embriaguez divina, ou consciência de Shiva, o Absoluto. O vinho é um
símbolo para significar o Supremo e a eterna bem-aventurança da sabedoria do Yoga,
ou o conhecimento do Atman (Atma-jñana).
Maithuna - Elemento éter, o mais sutil de todos os tattvas. Pode ser a união de
Shiva e Shakti no centro superior do cérebro, conhecido como Sahasrara, ou lótus de
mil pétalas.
Mamsa (carne) - carne é o ar. Pode ser o ato pelo qual o aspirante consagra ao
Senhor todas as suas ações.
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Uma afirmação Yogui diz: ”o Nada (som) atrai a mente e ela mergulha no Laya
(dissolução) através do doce Nada. A mente pode ser disciplinada para propiciar a
libertação pela prática do Nada Yoga. O Yoga do Som”.
No Nada Yoga a mente se fixa no som entoado ou capta os sons Anahat, o som
não tocado. Ao dissolver-se no som ocorre o Laya, a dissolução da mente e do ego, e
com isso o samadhi. Por isso Nada é também Laya Yoga.
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O som anahat ao ser escutado abre a percepção direta do real, do Uno que se
esconde e se mostra em todas as coisas e seres.
A prática do Nada Yoga para escutar o anahat é sentar-se em sidhasana.
Tampar os ouvidos com os polegares(Shanmukhi Mudrá) e concentrar-se no som que
está além das palavras. Ou então, entoar Japa com o mantra So Ham ou outro mantra,
sincronizando sempre com a respiração e a correta nota musical. A prática regular de
asanas e pranayamas promove a completa limpeza das nadís e dessa maneira
também o anahat pode ser escutado.
O Nada Yoga propõe o Mano Laya como um processo mais eficiente para a
dissolução do eu temporal, embora possa incluir também o pranayama. Baseia-se no
uso do poder do Som para atrair e absorver a mente no Shabda Brahmam, o Som
divino.
A ciência do Nada tal como é ensinada pela Tradição de Guru Nanak, trabalha
através do movimento da língua tocando o palato e com isso criando efeitos bio
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O Tantra é, como vimos até aqui, uma perspectiva através da qual o mundo é
percebido como a urdidura de um tear onde os fios se estendem infinitamente
envolvendo todos os planos e níveis de manifestação da energia no universo. Nesta
visão tudo se encontra em constante movimento, expansão e transformação. O Tantra
constitui uma cosmo-visão, e ao mesmo tempo uma visão do que é o ser humano.
Uma das características da concepção tântrica é atribuir ao Ser humano a
possibilidade de desenvolvimento da consciência. Isto inclui a manifestação de
potencialidades de percepção mais profundas do que o comum. E a partir daí, uma
maior clareza sobre a questão da Identidade, sua origem e destinação.
O Tantra entende que esse possível desenvolvimento se realiza com o auxílio de
determinados procedimentos capazes de intervir sobre o sistema físico, energético e
psíquico do indivíduo, potencializando sua percepção e capacidade de compreender a
si mesmo.
Os procedimentos constituem um sistema prático de Técnicas e Ensinamentos
conhecidos como Yoga. E nesse caso, como já dissemos anteriormente, por se
encontrar no contexto filosófico tântrico, chama-se genericamente Yoga Tãntrico.
Uma das características desse contexto Tântrico é a noção de que todas as
formas de manifestação da energia da vida que se apresentam no ser humano, podem
e devem ser movimentadas e trabalhadas, de modo a facilitar o desenvolvimento da
consciência. Isto inclui o corpo físico tanto quanto o emocional e o mental-intelectual.
Afirmar isto hoje pode parecer um lugar comum, pois a chamada visão holística
demonstra a importância de uma perspectiva integrada do ser humano e da vida. No
entanto, durante muitos séculos e até mesmo ainda hoje, há quem considere que o
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d) KUNDALINI YOGA
É necessário dizer antes de mais nada que a expressão Kundalini Yoga é um
termo genérico, podendo ser aplicado á todo sistema de Yoga que utilize técnicas para
mobilizar o prana e os ares vitais( vayus) visando unir prana e apana.Ou ainda toda
escola que, através de diversas estratégias vise em última instância despertar Shakti
Kundalini, para juntamente com a Concentração e a Meditação facilitar a
transcendência da mente e do ego. Esta é a maneira de trabalhar do Hatha Yoga e do
Tantra Yoga. Podemos dizer então que estas Vias são um tipo de Kundalini Yoga.
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Tipos de atenção:
- a de sentido único = que só leva em conta aquilo que é observado. Não permite uma
visão integrada do conjunto do que somos. Traz uma visão elementar. Restrita. Não é
útil na auto-observação. Ora inclui o observador, ora apenas o objeto.
- a de múltipla direção ou sentido = enquanto acontece leva em conta tudo o que
somos, gerando uma atitude diferente da habitual. É rara. Pode desenvolvê-la por
exercícios especiais. Ela inclui os outros 2 fatores: observador e observado.
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centro motor. Uma ferramenta que o centro motor põe a serviço dos outros para que se
expressem, mas isso torna-se um hábito. Falamos por falar e não para se expressar. E
não nos damos conta. O que se levanta em nós para utilizar a linguagem. O que em
nós quer falar?
EMOTIVIDADE
É a mais difícil. Ao olharmos para ela vemos que não a controlamos. Não as
mudamos. Estão sempre presentes e quando ultrapassam a medida habitual às vemos
e chamamos de sentimento. Mas não são. São reações afetivas automáticas, emoções.
Assim, a cada circunstância algo nos agrada ou desagrada, atrai ou repele.
Não sabemos como elas se criam, não as vemos. Elas vêm automaticamente. Se por
lampejo um homem vê, pode ficar surpreso desagradavelmente. Não sente vontade
espontânea de continuar vendo. Damos um valor muito grande a essas reações
mecânicas. Pode ser perigoso vê-las se as hipervalorizamos. É preciso despertar antes
um “sentir” de outra ordem.
Há no entanto um trabalho possível, sem riscos, com os hábitos emocionais: é a
não-expressão das emoções desagradáveis.
Quando se observa o homem, vê que não observa nada com imparcialidade.
Sempre algo o agrada, ou desagrada ou lhe é indiferente.
Pode não mostrar a aprovação, ou a indiferença, mas é muito difícil não manifestar a
desaprovação. Isso se torna um hábito. É confundido com sinceridade. Se expressa
como oposição, violência, depressão: cólera, inveja, crítica, desconfiança,
aborrecimento, medo, pena de si, etc...essas impressões negativas pessoais ocupam o
lugar da simples constatação de fatos. Expõe a tendência do homem a fazer recair
sobre os demais ao seus agravos pessoais, afim de não se sentir só e tentar se livrar
deles.
Isso indica a própria fraqueza, a marca da incapacidade de compreender a si
mesmo como é. Esbanja e perde energia e alimenta a própria negatividade. Isso pode
ser trabalhado sem prejuízo nenhum para o equilíbrio interno. Apenas poupa energia.
Não faz falta. É a eliminação de algo inútil. Mais energia sobra para trabalho útil.
Quem assim trabalha descobre o processo emocional em que vive.
A “luta” com os hábitos mecânicos em cada um dos centros serve de base, de apoio á
observação inicial de si mesmo. Mais o trabalho com os 2 aspectos do ser servirá de
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base ao surgimento de uma “presença”. Mais tarde ainda a “luta” do sim e do não (das
2 naturezas do homem).
No trabalho de auto observação surge a questão: Quem Observa? O que é
observado? A partir daí eu me pergunto o que eu mesmo sou realmente, o que é
“sincero” e o que não é. Esse questionamento sincero, incessante, à luz de uma
consciência de si que se amplia é a base de possíveis mudanças. Pequenas
mudanças, forçadas não servem. As mudanças são espontâneas. A real transformação
é ir além dos processos comuns, desenvolver um novo ser em si mesmo.
Não basta mais apenas ver-se agora. Com um certo nível de autoconhecimento,
o trabalho não é apenas lembrar-se de si, mas criar a real presença de si. A observação
de si por si mesmo, não mais a distante observação.
Percebe-se aí que a persona é a real barreira para sermos nós mesmos. As
funções estão a serviço da personalidade e não do ser interior. O homem vê que a
transformação é necessária. O ser interior precisa assumir o comando das funções e
colocar os personagens a seu serviço. Essa é a primeira etapa da revolução possível.
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