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Capítulo 3:

Uma viagem pelo mundo chamado dança

EDUCAÇÃO FÍSICA
CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

EDUCAÇÃO FÍSICA

Carmem Raquel Cahino de Sá


Escola Municipal David Trindade e Escola Analice Caldas
Brígida Batista Bezerra
Escola Municipal Severino Patrício
Gizely Araujo da Silva Bezerra
Escola Municipal Frutuoso Barbosa
Joseneide Correia Behar
Secretaria de Educação e Cultura do Município de João Pessoa
Laurecy Dias dos Santos
Formação Continuada dos Professores da Secretaria de
Educação e Cultura do Município de João Pessoa
Luciene Maria Martins de Carvalho Santiago
Escola Municipal Fenelon Câmara
Conceição Maria de Oliveira de Souza
Escola Municipal Apolônio Sales de Miranda
Márcia Kesller da Silva
Escola Municipal Antenor Navarro
Maria de Fátima Oliveira Cunha
Escola Municipal Dom Helder Câmara
Maria Iêda de França Bizerra
Escola Municipal Pedra do Reino
Noêmia Rodrigues do Oriente
Escola Municipal Ana Cirstina Rolim Machado
Rosalândia Nascimento Pessoa
Escola Municipal Santa Emília de Rodat
Sílvia Azevdo Sousa
Escola Municipal Euclides da Cunha
Valeria Simonethe de Melo Albuquerque
Escola Municipal Doutor José Novais
CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

EDUCAÇÃO FÍSICA

Você vai realizar uma longa viagem pelo


tempo através da dança, desde o surgimento dos
primeiros movimentos dançantes até a atualidade.
Isso fará com que você perceba a importância
deste estudo para compreender a dança, sua
origem e evolução (colocar figuras relacionadas
passado e presente).

Você sabia que a história da dança se


confunde com a própria evolução da humanidade?
Como podemos comprovar isso? Bem antes do
aparecimento da linguagem articulada, o homem
primitivo utilizava seu corpo para expressar
sentimentos, comunicar acontecimentos, agradecer
e exaltar seus deuses, os quais o faziam
compreender os acontecimentos do cotidiano.

Sendo a dança tão antiga quanto a própria humanidade, o homem


encontrou nela um meio de resguardar sua história, sua cultura e suas
características peculiares, transmitidas de geração à geração. A dança é,
portanto, parte de sua natureza e há grande necessidade que ele a compartilhe
no decorrer de sua vida. Dançando, o homem deu o grande passo que o
livraria gradativamente do pensamento mágico e o levaria ao pensamento
lógico (MENDES, 1985).

Mas será que na escola utilizamos a dança como meio de adquirirmos


conhecimentos? Onde dançamos? Para que dançamos? Como dançamos?
Por que dançamos? Esses são questionamentos que discutiremos no decorrer
da leitura deste livro. Assim, poderemos compreender o valor histórico, cultural
e educativo de desenvolver esta prática corporal na escola, bem como em
outros espaços sociais.

Desejamos que este estudo contribua para que você se torne uma
pessoa mais crítica e reflexiva e que possibilite uma melhor compreensão não
só da dança como também do mundo, estimulando sua livre expressão, sua
criatividade e sua ludicidade através do movimento, do ritmo e da música.

A dança faz parte da história da humanidade e, portanto, está contida no


seu passado e no seu presente. Por isso, é importante que façamos uma
relação entre a dança e esses dois momentos de sua história.

Selecionamos textos contendo conteúdos e questões importantes que


provocarão questionamentos e despertarão um olhar crítico diante das
situações abordadas.

Então, estão prontos para nossa viagem pela história da dança?


CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

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O ONTEM E O HOJE: ORIGEM DE TUDO E ESTILOS DE


DANÇA
A dança é uma das expressões mais antigas da existência humana.
Foi a primeira arte criada pelo homem. É um jogo de movimentos e gestos
de representação simbólica de sensações, emoções, sentimentos e
ideias que remetem à experiência vivida pelo homem. Ela está
carregada de um teor emocional que não pode ser desprezado.
Através da representação dançada, o ser humano aprende, domina e
resolve seus conflitos. O aumento do vocabulário expressivo não verbal
trará condições ao individuo de dar formas externas ao que ele traz
internamente, transformando suas ações, emoções e pensamentos
em símbolos, numa ordenação de formas e ritmos.

Contam os historiadores que a dança é uma das


formas mais primitivas de se comunicar; antes de falar o
homem já dançava. Os povos primitivos utilizavam-se de
movimentos combinados, e a maneira como esses
movimentos eram vivenciados permitia a eles se relacionar
com o meio em que viviam. Isso está gravado em cavernas dos
sítios históricos pelo mundo, e os registros apresentados,
escritos e pintados, apontam para essa comprovação.

Dançava-se a princípio para atrair uma caça, conquistar alguém,


expressar suas emoções. O desconhecido, a magia e a religião também eram
dançados. Alguns chegam até a afirmar que não só o homem dança, mas toda
a natureza dos seres vivos dança. No embalar das folhas, no voar de um
pássaro, ações rítmicas parecem tomar forma de um bailado da natureza. Os
povos primitivos dançavam expressando as mais profundas emoções.

CURIOSIDADE

É difícil determinar hoje em dia quando, como e por que o homem


dançou pela primeira vez. Há quem distinga nas figuras gravadas nas cavernas
de Lascaux, pelo homem pré-histórico, figuras dançando. E com o homem da
Idade da Pedra só gravava nas paredes de suas cavernas aquilo que era
importante, como caça, alimentação, a vida e a morte, é possível que essas
figuras dançantes fizessem parte de rituais de cunho religioso, básico para a
sociedade de então. (FARO, 1986, p.13)

Com o passar dos tempos a dança acompanhou a evolução


organizacional e social dos homens, e através dos tempos sofreu influências do
desenvolvimento socioeconômico e sociocultural dos povos. O encontro da
dança com a música mostrou--se sendo realizada nas manifestações religiosas
de louvação entre os deuses e a natureza, assim sendo serviu para explicar
fenômenos da natureza ou para agradecer pela colheita. Nesse sentido
ritualístico, a dança já tinha o propósito de trazer a paz, a saúde e a felicidade.
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VOCÊ SABIA?

Nas civilizações antigas a dança tinha


grande importância na formação do ser
humano. Para os gregos, ela foi primordial na
formação dos cidadãos, pois os mesmos
cultuavam a arte de guerrear e acreditavam que
a rítmica marcação dos pés batendo no chão
intimidaria os adversários na hora da batalha;
afirmavam que os melhores dançarinos se
tornavam os melhores guerreiros. Esses povos
incluíram a dança na educação, e Platão foi um
dos organizadores da implantação dessa
experiência com os jovens. Na Índia e na China,
quando o objetivo era a adoração de
divindades, as máscaras e os trajes coloridos
eram usados pelos dançarinos como poder de
representação e abstração.

ATIVIDADE - VAMOS AO DEBATE!


Formem grupos e discutam com seus colegas de classe quais são as
danças de hoje que se aproximam dessas referências gregas de corpo.

ATIVIDADE DE PESQUISA
Procure nos sites tipos de dança, como danças campesianas, danças
circulares, dança da corte, dança de salão e outras. A proposta é fazermos
uma apresentação das pesquisas realizadas na forma de cartazes, fotos,
recortes e atividades práticas.
Mãos à obra!
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DANÇAS POPULARES: COMPREENDENDO NOSSAS


RAÍZES

Para entendermos o que é dança popular, teremos primeiro que


entender o que é popular. Você sabe o que é popular? Como você descreveria
a dança popular?

Popular é tudo que vem do nosso povo,


segundo Luís da Câmara Cascudo (2002), é tudo
que é passado pelo povo através da
comunicação oral e coletiva. Assim
também ocorre com a dança. Conta-se
que as pessoas que viviam no campo,
trabalhando com as plantações e
colheitas, reuniam-se em algumas épocas
do ano para realizar comemorações
específicas das estações climáticas.
Como consequência, foram surgindo
certas formas de danças próprias da
cultura daquele povo. Com o tempo, essas
danças foram levadas para outros lugares,
sofrendo uma adaptação à cultura de onde estavam
sendo vivenciadas de acordo com as pessoas que as
recebiam e, assim, foram se popularizando.
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Aqui no Brasil você sabe dizer exemplos dessas danças?

Vamos ajudar: a quadrilha, o


pastoril, o galante, entre outras danças e
folguedos. As danças e folguedos,
principalmente do ciclo junino e natalino,
trazidos pelos europeus para o Brasil
são as que mais sofreram alterações, se
popularizando e ao mesmo tempo
fazendo parte da cultura folclórica do
país.

Além da dança, vieram também


os folguedos populares. Você sabe falar
sobre os folguedos populares? Vamos então verificar o que vem a ser
Folguedo. De acordo com Cascudo (2002), folguedo compreende-se como
uma

[...] manifestação folclórica que reúne as seguintes características: 1)


letra (quadra, sextilhas, oitavas ou outro tipo de versos); 2) música
(melodia e instrumentos musicais que sustentam um ritmo); 3)
Coreografia movimentação dos participantes [...]o pesquisador José
Tenório Rocha assim classificou os folguedos: Folguedos Natalinos:
Reisado, Guerreiro, Bumba-meu-boi, Chegança, Fandango, Marujada,
Presépio, Pastoril, Pastoril Profano.[...] Folguedos Carnavalescos:
Cambindas, Negras da Costa, Samba de Matuto, Caboclinhos [...]
Folguedos de Festas Religiosas: Mane do Rosário, Bando. (p. 241)

O Brasil é um país muito extenso e tem uma diversidade cultural muito


rica, de diversas origens étnicas. Para dar exemplos disso, escolhemos
algumas danças e folguedos de nossa região nordeste.
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A região nordeste é composta de nove estados: Rio Grande do Norte,


Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Ceará, Sergipe, Maranhão e Piauí. É
uma região muito rica em danças e folguedos populares, como, por exemplo,
as danças de Araruna, Ciranda, Coco de Roda, Camaleão, Xaxado, Frevo,
entre outras, e os folguedos de Bumba Meu Boi, Cavalo Marinho, Chegança,
Guerreiros, Maracatu, Pastoril, Reisado, entre outros.

De acordo com o local, a dança é a mesma que conhecemos, porém


com nomes diferentes.

ATIVIDADE DE PESQUISA

1- Reúnam-se em pequenos grupos e, de acordo com o texto acima,


pesquise três dessas danças ou folguedos. Descubra as formas
como são apresentados e qual época do ano são
vivenciados pelos povos.

2- Junto com seu professor ou professora


escolha e vivencie algumas dessas
formas de danças apresentadas
acima.
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O BALÉ

Na Itália do século XVI, surge uma dança com uma métrica bem
marcada para sua execução, o balltet, cuja palavra vem do latim ballator. em
1585, definida por Bastiano Di Rossi. Essa dança foi difundida e praticada com
mais intensidade na França, a contar da data do ano de 1555.

No século XVII, a França era o centro da expansão do balé. O apoio


vindo do rei Luís XIV fez com que houvesse grandes mudanças nessa dança.
Ele próprio participou como primeiro bailarino de 26 ballet. Nessa época dois
nomes foram fundamentais para o surgimento do ballet clássico: Lully e
Beachamps. Este último fixou as cinco posições de pés do ballet.

Em 1832, surge o primeiro quadro romântico no balé francês. Nessa


época, a sensibilidade é maior do que a razão, que segundo Bourcier (2001)
surge bem mais tarde do que nas outras artes. A aparição do balé romântico
nos traz mais leveza nos movimentos, e “uma grande novidade caracteriza a
técnica romântica: as pontas” (BOUCIER, 2001, p.201). Foi a partir daí que as
bailarinas começaram a equilibrar-se nas pontas dos pés, nos dando
impressão de flutuarem durante os movimentos.
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CURIOSIDADES

A princípio o ballet era dançado apenas por homens. Somente a partir


de 1681 as mulheres da corte de Luís XIV começaram a tomar parte nessa
dança. Até então, os papéis femininos eram realizados por homens que
usavam máscaras e se travestiam de mulheres.

L'Aprés-Midi d'un Faune por Vaslav Nijinski (1890-1950)

ATIVIDADE DE PESQUISA
Converse com seu professor de história ou de artes sobre o período do
romantismo na arte e traga o relato para aula de Educação Física.
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DANÇA MODERNA

Mas as inovações não param. No final do


século XIX e início do século XX surge a Dança
Moderna, tendo como precursora Isadora
Duncan (1877-1927), uma bailarina que rompeu
com as rígidas técnicas do ballet clássico
utilizando os movimentos naturais. Dançava
com roupas simples e pés descalços, indo de
encontro à rigidez da dança do seu tempo.
Isadora conseguiu transmitir com o seu modo de
dançar a beleza dos movimentos livres do corpo
onde tudo poderia ser dançado.

Acreditando na ideia de Isadora, outros


estudiosos deram sua contribuição para a dança
moderna. François Delsarte (1811-1871) criou
uma linguagem corporal composta por
Isadora Duncan (1877-1927) contração e relaxamento, sendo o tronco o
centro vital que origina os movimentos e sentimentos. Rudolf Laban (1879-
1958) compreendia a dança como uma passagem de uma posição para outra
através de impulsos iniciados na parte central do corpo, sendo que tais
impulsos tinham como características força, tempo, espaço e fluência. A
bailarina e coreógrafa Martha Graham (1894-1991) criou uma técnica baseada
nas leis naturais do movimento, tornando-se tão importante para o dançarino
moderno quanto a técnica clássica é para o dançarino tradicional, pois é a mais
aplicada em todo mundo.

Martha Graham (1894-1991)


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ATIVIDADE

1- É hora de praticar!
Com base nas características da dança moderna, vamos realizar uma aula com
o que aprendemos.

2- Que tal conversarmos sobre as características do ballet clássico e da


dança moderna?
Vamos realizar um júri simulado (você decide) entre o ballet clássico e a dança
moderna? Apresente a sua defesa e mãos à obra!

As mudanças continuaram e deram origem à dança contemporânea,


sendo mais uma forma de quebrar as formas organizadas que a dança
ainda carregava consigo.

DANÇA CONTEMPORÂNEA
Essa forma de dança parte dos protestos e movimentos de rompimento
com a forma clássica que circundava a dança. Tudo isso ocorreu durante a
década de 60 do século XX, mas só a partir da década de 80 essa forma de
dança se definiu tendo sua própria linguagem. Tomazzoni (2006),
apresentando as ideias de Jean George Noverre (1760) sobre o balé e suas
rígidas regras, afirma que:
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Será preciso transgredi-las e delas se afastar constantemente, opondo-


se sempre que deixarem de seguir exatamente os movimentos da
alma, que não se limitam necessariamente a um número determinado
de gestos. (p. 01)

Afirma ainda que a dança como apenas uma repetição mecânica de


passos bem executados não traduz a complexidade das conquistas e
descobertas sobre nós seres humanos.

Atualmente no Brasil temos bons grupos de dança contemporânea, que


trabalham construindo suas coreografias a partir de temas próximos a nossa
realidade social, ética e artística. Para nós, a condição socioeconômica e
cultural de uma sociedade será refletida nas formas e possibilidades de dança
que ela venha praticar.

ATIVIDADE DE PESQUISA

1- Que tal utilizar a internet para conhecer esses grupos?


Acesse www.youtube.com.br e procure sites de grupos de dança
contemporânea.

2- Vivência
a) Agora chegou a vez de você organizar uma lista de palavras que na
sua ideia faz parte da realidade brasileira;
b) Partindo dessa ideia construa com seus colegas a forma como esse
tema pode ser representado com o corpo;
c) E agora demonstre a construção de seu grupo.
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DANÇA DE RUA/DANÇAS URBANAS

Em todos os tempos, a dança sempre possibilitou ao ser humano


retratar seus anseios em busca da felicidade, do autoconhecimento, do
aperfeiçoamento de cada gesto expressado, e de suas críticas à sociedade.

Dança de Rua ou ‘Street Dance’, em seu original em inglês, é um termo


geralmente usado para classificar estilos de dança que nasceram nas ruas dos
bairros periféricos dos EUA nos fins dos anos 60, principalmente os estilos
Locking e Popping (estilos de Dança de Rua de Los Angeles e Fresno no
Estado da Califórnia, chamados pelos seus praticantes como ‘Funky Styles’) e
Breaking (ou ‘B-boying/B-girling’ criado por latinos e negros no Bronx e
Brooklyn na cidade de New York na primeira metade dos anos 70). Também
teve a participação de imigrantes asiáticos e descendentes de outras etnias e
países. Nos anos 80 estes estilos foram reunidos e divulgados naquilo que foi
batizado pela mídia como ‘Breakdance’, tornando-se uma febre durante a
primeira metade dos anos 80 espalhando-se pelo mundo e ressurgindo dentro
da cultura que ficou conhecida como Hip-Hop (que abrangia também
discotecagem ou Djing/Turntablism, canto falado e rimado ou Rap/Mcing e a
arte dos sprays ou Graffiti/Writing) ainda no início desta década.

Também se usa o termo “Danças Urbanas” para caracterizar um grande


número de estilos que antes tinham apenas as ruas e as festas de bloco como
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cenários e espaços de expressão e hoje abrange clubes, centros de dança,


academias, eventos, teatros, etc.

Pode-se, portanto definir dança de rua como um conjunto de estilos de


dança que exploram ao extremo a criatividade, o ilusionismo, as acrobacias e
movimentos impressionantes, giros extraordinários, a reiteração e fusão de
diversas linguagens e de várias proveniências e influências como a ginástica
artística, circo, artes marciais, mímica, efeitos cinematográficos, danças
urbanas norte-americanas, danças latinas e africanas, danças étnicas,
desenhos animados, etc.

A dança de rua é um fenômeno mundial e aqui no Brasil já faz parte de


uma das mais importantes expressões da juventude nos bairros periféricos de
todo o país. Inclusive sendo uma importante ferramenta de inclusão e
transformação social ou como elemento preponderante na formação de
identidades juvenis.

CURIOSIDADES

Se observarmos na dança de rua, tanto em suas músicas como em suas


danças estão presentes momentos de desafios que se assemelham com o
repente* e embolada** no Nordeste e com o desafio de viola no Sudeste e
Centro-Oeste do país.

Na dança, podemos fazer uma relação com a “Catira” ou “Cateretê” (no


Sudeste e Centro-Oeste). Esta dança é organizada em duas fileiras que se
desafiam, através de passos cada vez mais difíceis de executar.

Encontramos também nas danças utilizadas no Hip Hop, principalmente


na modalidade Breaking, representações que têm semelhanças e relação com
a Capoeira, isso se deve por ter sido também a Capoeira uma de suas
influencias.

ATIVIDADE DE PESQUISA

1- Vamos agora pesquisar na nossa comunidade a realidade sobre as


vivências, apresentadas no quadro anterior e, assim, conhecermos de
que forma o ontem e o hoje se relacionam culturalmente.

2- Vamos nos organizar em grupos e juntos criarmos e vivenciarmos as


possibilidades pesquisadas e, por fim, apresentá-las.
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QUEM PODE DANÇAR? MENINOS OU MENINAS:


QUESTÕES DE GÊNERO

Inicialmente, comunicamos a todos que


a dança é uma expressão inerente ao ser
humano e que todos dançam. Homens e
mulheres, num continuo vai e vem de ritmos e
formas, dançam sob varias formas, de acordo
com o sentido e significado que se vá buscar.

Antes de darmos início a nosso estudo,


vamos expor nossas idéias sobre o assunto.
Responda às seguintes perguntas: Afinal,
dança é para meninos ou meninas? Que
dança conhecemos hoje? O que se dança no
dia a dia do povo nordestino?

Apesar da constante luta pela igualdade


de papéis na sociedade, percebemos que
existe uma divisão de papéis para
determinados tipos de atividades físicas. No
caso da dança, essa divisão é ainda mais reforçada em nossa sociedade por
causa da pouca informação ou da falta de conhecimento de que a prática da
dança nos dá a oportunidade de desenvolver valores independentemente da
sexualidade.

Em se tratando da dança, não é raro as pessoas estranharem ou até


mesmo não compreenderem como alguém do sexo masculino pode fazer a
opção por essa prática como atividade física. Ao invés de criticar, deveriam
incentivar, para que outros pudessem vivenciar a dança e através dela
perceber que, além do prazer e dos benefícios, pode existir a vocação nata
para dançar. Infelizmente, apesar da evolução da nossa espécie, ainda temos
que evoluir significativamente sobre esse tema através do autoconhecimento e
do conhecimento do outro.

VOCÊ SABIA?

Você sabia que, com relação às características dos movimentos/signos


da dança entre os sexos, no balé clássico temos para o masculino a força e a
agilidade (saltos e piruetas), enquanto o corpo feminino se presta aos efeitos
de flexibilidade e equilíbrio (arabesques e pequenos saltos). É isso que garante
a verticalidade, característica que permanece no balé até os dias atuais
(BOURCIER, 2001)
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ATIVIDADE

1- Para compreendermos melhor essa discussão sobre dança, sugerimos


assistir ao filme Billy Elliot, de Stephen Daldry (2000), que conta a
história de um garoto de 11 anos que descobriu sua vocação com a
dança.
Depois de ter visto ao filme responda:
a) De que trata o filme?
b) Que estilo de dança era praticado pelo menino?
c) Foi fácil para ele chegar a ser um grande bailarino? Por quê?
d) Qual a importância da professora de dança na vida de Billy?
e) Como é finalizado o filme?
f) O que você aprendeu com a mensagem do filme?

2- Formem grupos com meninos e meninas, escolham um estilo de dança


e juntos vamos construir uma coreografia para apresentar.
Mãos à obra!

Desde os primórdios todas as pessoas dançam. Existem danças


criadas para homens e danças para mulheres, pois as danças são
criações da sociedade. Em algumas manifestações culturais há
funções para os homens e funções para as mulheres. Da mesma maneira,
algumas formas de dança nascem distinguindo as pessoas por suas classes
sociais.
Aqui estabelecemos que a dança em si é dança independentemente de
gênero.

ATIVIDADE
Assista ao filme “Vem Dançar” (2006).
A partir da leitura desse filme, vamos fazer uma reflexão sobre a realidade dos
alunos mostrada no filme, e vamos ao debate!

A seguir, você conhecerá as varias funções da dança que ao longo da


história foram organizadas pelos estudiosos e que hoje são vivenciadas
também direcionadas a uma necessidade que pode estar relacionada ao que
tínhamos desde os tempos dos nossos antepassados, ao que temos hoje na
contemporaneidade.
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FUNÇÕES DA DANÇA

Hoje a dança é praticada por todos, em grupos ou individualmente. Na


nossa vida ela pode estar presente sob vários aspectos, enquanto forma
inclusiva, terapêutica, litúrgica, competitiva, de lazer, entre outras.

Vamos conhecer quais os benefícios que a dança proporciona às


pessoas que dançam!

Inclusiva: É a partir do conhecimento Você não pode levá-la para casa,


do seu próprio corpo que o homem numa caixa, se ela o agradar. No
passará a conhecer, respeitar e momento em que o bailarino pára, a
interagir com o corpo do outro, o que dança deixa de existir.
nos faz lembrar que dança simboliza
união e encontro entre seres Competitiva: Sendo o corpo o
humanos. Esse aspecto é de instrumento expressivo da dança, é
relevante importância para a necessário, antes de tudo, conhecê-lo
educação, visto que a dança favorece e enriquecer suas possibilidades de
o processo de socialização do ser movimento, o que passa por um
humano. trabalho técnico, mas também
sensível. Nas práticas de dança de
Terapêutica: Esta função aparece salão, por exemplo, existem vários
gradativamente com a prática da campeonatos em que os casais
dança. Com o passar do tempo de apresentam as mais variadas danças
prática, temos a melhora da desse contexto.
autoestima, socialização/integração,
cooperação, coeducação, Lazer: Não importa a forma da qual
relaxamento, entre outros. (CAMPOS se pratica nem onde se pratica a
& SANTOS, 2005) dança. No lazer, a dança apresenta
vários objetivos, como a exploração
Litúrgica: Esta função aqui do ser humano e das próprias
apresentada aparece a partir de uma descobertas.
necessidade religiosa de aproximar o
povo da igreja. A vivência da dança Dança Educação: As mais antigas
nas louvações e cultos fez com que civilizações têm a dança como
até a Igreja Católica mudasse sua elemento importante na educação dos
forma de organização litúrgica das povos. De acordo com Marques
missas. Outras religiões concebem a (2002), a dança colabora com a
dança como celebração, como, por formação do ser humano, tornando-o
exemplo, o hinduísmo na Índia, que mais sensível e, por isso, temos a
assim descreve o relacionamento responsabilidade de vivenciá-la na
entre Deus e sua criação: Deus escola de forma que se possa
“dança” a sua criação. Ele é o contribuir com a contextualização
bailarino e a criação é a dança. A dessa formação de homem/mulher na
dança é diferente do bailarino e, no sociedade atual.
entanto, não pode existir sem ele.
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ATIVIDADE DE PESQUISA

1- Na sua comunidade descubra espaços que desenvolva a dança voltada


para algumas dessas funções.

2- Agora apresente a atividade para que todos conheçam a sua pesquisa,


com depoimentos de pessoas que são beneficiadas por esses trabalhos.

DANÇA DA MODA - MODA DA DANÇA

Agora, em nossa longa viagem, estacione em uma reflexão e, nessa


breve pausa, vamos listar as danças que estão sendo apresentadas pelos
grupos de música que temos por aqui no Brasil. Vamos também trazer figuras
que representem as formas de dança apresentadas por esses grupos.

Nos últimos anos temos tido o surgimento de várias formas de dança.


Muitas delas apareceram a partir de uma música e de determinados grupos
musicais. Algumas coreografias existem a partir de um movimento próprio de
representação do que diz a letra da música. Essas formas coreográficas são
construídas com o intuito apenas de alegrar a população.

IMPORTANTE!
Você poderá ampliar seus conhecimentos refletindo acerca das
questões a seguir:

1- Qual a influência da mídia sobre as danças?


2- Onde fica o realismo da dança?

Os esportes, as artes marciais, a ginástica e a dança tornaram-se


produtos de consumo, objetos de conhecimento e informações divulgadas para
o público sem posicionamento crítico (MAURO BETTI, 1998).

As danças ditas da “moda” são responsáveis pela grande audiência das


emissoras de televisão e acabam por influenciar diretamente o comportamento
do grande público espectador, tornando-os reprodutores de modelos
padronizados pela mídia e moldados em função do interesse comercial.

Diante disso, podemos fazer uma análise reflexiva e questionar se as


chamadas “danças da moda” contribuem para a construção de práticas
corporais de movimento que legitimem a real essência da dança ou se são
simplesmente reprodutoras de modelos e padrões implicitamente determinados
pela mídia para o consumo em massa.
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ATIVIDADE DE PESQUISA
Agora reflita e tente responder a estas questões:

1- Qual é a influência dessas músicas para a sua formação?


2- De que maneira a letra dessas músicas pode influenciar o seu
comportamento?
3- Quais são as contribuições do conteúdo das mensagens contidas nas
letras dessas músicas para a sua formação moral e intelectual?

CURIOSIDADE

Quando não são bem orientadas, as crianças vão deixando de serem


crianças para assumirem papéis de “adultos” precocemente, pois não estão
com a devida maturidade para tal, atropelando a fase de desenvolvimento
natural, característico e próprio de cada fase da vida infantil. E a mídia favorece
uma exposição inadequada da sexualidade na TV, principalmente através das
novelas que são veiculadas diariamente, influenciando e modificando
comportamentos (MACIEL, 2008) “(...) que o consumo infantil, geralmente
acrítico e passivo sem dúvida terá decisiva interferência na representação que
a criança formará da realidade” (REZENDE, 1998, p. 4).

ESPERANDO NOVAS VIAGENS

Aproximando-nos do fim deste nosso maravilhoso contato, temos


certeza de que você agora conhece um pouco mais sobre a dança. Trocamos
experiências que nos faz confirmar o seu ticket para essa maravilhosa viagem
pelo universo envolvente da dança.

Agora você pode afirmar que a dança nem sempre foi como
conhecemos hoje. Ela passou por diversas transformações, sofreu influências
do desenvolvimento socioeconômico e sociocultural dos povos, sobreviveu a
diversas mudanças que aconteceram no campo das artes, da cultura, da
política e da religião como forma de organização social de cada época e, por
fim, tornou-se diferenciada entre as classes sociais.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BETTI, M. Educação física: novos olhares, outras práticas. São Paulo:


Hucitec, 2003.

BOUCIER, P. História da Dança no Ocidente. Trad. Marina Appenzeller. 2


Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

CAMPOS, Flavio; SANTOS, Laurecy Dias dos. O Homem e A Dança (2005).


ANAIS DO IV CONPECE. Recife, 2005.

CAMPOS, Flavio; SANTOS, Laurecy Dias dos. Reinserção Social De Idosos


Através Da Dança De Salão. ANAIS DO IV CONPECE, Recife, 2005.

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