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Woz deixou claro que, enquanto Jobs não partilhou as ações da Apple com os primeiros
empregados que ajudaram a criá-la, como Dan Kottke e Bill Fernandez, ele próprio
dividiu sua parte com eles e mais 80 pessoas. Ter sido retratado como o nerd bonzinho
que só quer ajudar também não o agradou, o levando a não recomendar o filme a
ninguém.
Jobs era dito como alguém difícil de lidar e com uma personalidade magnética, mas o
filme extrapola as escalas. Cada discurso dele é ouvido com uma atenção e reverência
como se fosse o Sermão da Montanha principalmente em momentos tensos da trama,
dando a ele uma cara de filme de auto-ajuda para profissionais. Além disso, o filme faz
questão de vilanizar todos que ficaram contra Jobs em determinado momento do filme,
como o investidor Arthur Rock e os ex-CEOs John Sculley e Mike Markulla, sem
considerar que boa parte da culpa de Jobs ter sido expelido da Apple foi dele próprio.
Como se não bastasse o filme é desconexo e impreciso. Na cena em que Jobs descobre o
Windows ele liga para Bill Gates e chilica com ele ferozmente, dando a impressão de que
eles nunca se viram na vida. Na verdade Gates vendeu o direito de licença de seu BASIC
para a Apple utilizar no Apple II (porque Woz, que queria desenvolver jogos não
implementou a capacidade de ponto flutuante por considerá-la desnecessária) e
desenvolveu programas para o primeiro Macintosh.
A tal cena com o Windows
Entretanto a confusão maior é quando ele aborda o lado pessoal de Jobs, principalmente
o sub-plot envolvendo sua primeira filha Lisa: numa cena ele rejeita Chrisann dizendo
que o filho não é dele, depois ele cria um computador com nome dela sem mais nem
menos, depois ele aparece considerando abrir mão de seus direitos como pai, e mais
adiante Lisa aparece dormindo no sofá da casa dele. Dá a impressão de que Jobs era
bipolar, mas a culpa é do roteiro escrito pelo novato Matt Whiteley. A direção de Joshua
Michael Stern, que tem em jOBS seu terceiro trabalho, também não ajuda.
Considerações finais
A conclusão que se chega é de que o filme é uma visão pessoal que o diretor e Kutcher
(que entrou tanto no personagem que o ator chegou a criticar Woz, dizendo que ele foi pago
para falar mal do filme) possuem de Steve Jobs, e o filme o ilustra quase como uma
criatura extra-humana, que sempre teria sido genial e destinado a mudar o mundo, e
desconsidera o crescimento gradual que ele teve. Além disso partes interessantes como
seu envolvimento com a Pixar e a NeXT Computer foram ignorados.
Woz, Jobs e Rod Holt, que desenvolveu a fonte do Apple II. Ao fundo
Chris Espinosa, que trabalha na Apple até hoje
Ainda assim o filme pode empolgar fãs da Apple, mas dificilmente será levado a sério.
Resta esperar se a película da Sony baseada na biografia escrita por Walter Isaacson e
dirigida por Aaron Sorkin (A Rede Social) será mais bem sucedida, aliado ao fato de que
Woz está prestando consultoria para ele.