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A Ciência Física, o¾u simplesmente Física, é um tópi- tem em um objeto, ou quantos átomos, ou para ser

co excitante e muito interessante. Para as pessoas que mais específico, quantos prótons, nêutrons e elétrons
gostam de assuntos técnicos e que gostam de “colocar existem no objeto. A massa de um objeto não muda,
a mão na massa” é física é uma ferramenta valiosa. independente de onde ela esteja no universo, e tam-
Ela nos permite explicar como os motores funcionam, bém não muda com uma mudança de estado. A única
tanto os motores de pistão como os de turbina a gás, forma de mudar a massa de um objeto é adicionan-
como os helicópteros voam e diversas outras ques- do ou removendo átomos. Matematicamente a massa
tões relacionadas as áreas da aviação e aeroespacial. pode ser expressa da seguinte forma:
Além disso, a física também nos auxilia a quantificar
coisas. Por exemplo, através da física podemos ex- Massa = Peso ÷ aceleração da gravidade
plicar o que o conceito de empuxo significa para um
motor a jato, e depois acompanhar matematicamente A aceleração da gravidade aqui na terra é de 32,2 pés
o cálculo de quantas libras de empuxo são criadas. por segundo por segundo (32,2 fps/s). Um objeto pe-
sando 32,2 libras aqui na terra diz-se ter massa de uma
A física é a área do conhecimento que estuda a natu- unidade de massa (1 slug). Uma unidade de massa é a
reza básica e essencial da matéria e energia. Ela não quantidade de massa que irá acelerar a taxa de 1 ft/s2
tenta explicar por que matéria e energia se comportam quando a força de 1 libra for aplicada. Em outras pa-
de determinada forma com relação aos fenômenos fí- lavras, sob condições atmosféricas padrão (gravidade
sicos, mas sim como se comportam. Os profissionais igual a 32,2) a massa de uma unidade de massa é igual
que fazem a manutenção de aeronaves devem ter o a 32,2 libras.
conhecimento básico de física, que também é chama-
da de ciência da matéria e energia. Peso é a medida da força da gravidade agindo sobre
a massa de um objeto. Quanto mais massa um obje-
A Matéria to tiver, mais ele vai pesar sob a força da gravidade
da terra. Uma vez que não é possível que a massa de
A matéria é o fundamento, os blocos construtores, para um objeto desapareça, a única forma para um objeto
qualquer discussão sobre física. De acordo com uma ficar sem peso é que a gravidade desapareça. Quan-
definição de dicionário a matéria aquilo que compõe do vemos astronautas em naves espaciais parece que
todas as coisas, tem massa e é percebida, de alguma eles não têm peso. Mesmo que a nave esteja a poucas
forma, pelos sentidos. De acordo com a Leia da Con- milhas acima da superfície da terra, a força da gravi-
servação matéria não pode ser criada ou destruída, mas dade não desapareceu, e os astronautas não estão sem
é possível que seu estado físico seja alterado. Quando peso. Em uma espaçonave os astronautas estão em um
a gasolina líquida vaporiza, se mistura com o ar e quei- estado de queda livre, então, em relação a nave, os as-
ma, pode até parecer que ela tenha desaparecido e não tronautas parecem estar sem peso. Matematicamente
mais exista. Embora ela não exista no estado de gaso- o peso pode ser demonstrado da seguinte forma:
lina líquida a matéria ainda existe na forma dos gases
emitidos pela queima do combustível. Peso = Massa x Gravidade

Características da Matéria Atração


Peso e Massa A atração é a força agindo entre as partículas da ma-
A massa é a medida da quantidade de matéria em um téria, tentando mantê-las unidas. Sir Isaac Newton a
objeto. Em outras palavras, quantas moléculas exis- chamou de “Lei da Gravitação Universal”. Ele mos-

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trou como cada partícula de matéria atrai outras partí- atmosférica média ao nível do mar). A densidade para
culas, como as pessoas estão ligadas a Terra, e como todos os gases é baseada nestas condições.
os planetas se atraem no sistema solar.
Porosidade Gravidade Específica
Porosidade significa ter poros ou espaços onde peque- As vezes é necessário comparar a densidade de uma
nas partículas podem se encaixar quando uma mistura substância com a de outra. Para isto é necessário ter
acontece. As vezes é chamada de granular – composto um padrão. A água é o padrão que os físicos escolhe-
ou parecendo composto por pequenos grãos ou grânulos. ram para usar quando comparam densidades de todos
os líquidos e sólidos. Para comparar gases o mais usa-
Impenetrabilidade do é o ar, mas algumas vezes o hidrogênio também é
Impenetrabilidade significa que dois corpos não po- usado. Em física a palavra “específico” implica em
dem ocupar o mesmo lugar no espaço, ao mesmo tem- uma relação. Assim, a gravidade específica é calcu-
po. Desta forma, duas porções de matéria não podem, lada comparando-se o peso de um volume definido,
ao mesmo tempo, ocupar o mesmo lugar no espaço. de uma determinada substância, com o peso de uma
volume igual de água. O termo “peso específico” ou
Densidade “densidade específica” são usados, as vezes, para ex-
A densidade de uma substância é o seu peso por uni- pressar esta relação.
dade de volume. A unidade de volume usada no siste-
ma inglês de medidas é o pé cúbico (ft3). No sistema As fórmulas a seguir são usadas para se descobrir a
métrico é o centímetro cúbico (cm3). Assim, a densi- densidade específica de líquidos e sólidos.
dade é expressa em libras por pés cúbicos (lb⁄ft3) ou em
gramas por centímetro cúbico (g/cm3 ). Gravidade Específica = Peso de uma substância
Peso de um igual volume de água
Para encontrar a densidade de uma substância devemos
conhecer seu peso e volume. O peso então é dividido Ou
pelo volume para encontrar o peso por unidade de vo-
lume. Por exemplo, o liquido que enche determinado Gravidade Específica = Densidade de uma substância
recipiente pesa 1.497,6 libras. O recipiente tem 4 pés Densidade da água
de altura, 3 pés de largura e 2 pés de profundidade. Seu
volume é de 24 ft3 (4 pés x 3 pés x 2 pés). Se 24 ft3
de líquido pesam 1.497,6 libras, então 1 ft3 pesa 1.497,6 As mesmas fórmulas são usadas para encontrar a den-
÷ 24, ou 62,4 libras. Assim, a densidade do líquido é de sidade dos gases substituindo-se ar por hidrogênio ou
62,4 lb/ft3. Essa é a densidade da água a 4ºC e é normal- água.
mente usada como padrão para comparar densidades
de outras substâncias. No sistema métrico a densidade A gravidade específica não é expressa em unidades,
de água é de 1g/cm3. A temperatura padrão de 4ºC é mas em números puros. Por exemplo, se um determi-
usada quando mede-se a densidade de líquidos e sóli- nado fluido hidráulico tem gravidade específica de 0,8
dos. Mudanças da temperatura não mudarão o peso da então 1 ft3 do líquido pesa 0,8 vezes tanto quanto 1 ft3
substância, mas irão alterar o volume da substância por de água: 62,4 x 0,8, ou 49,92 libras.
expansão ou contração, desta forma alterando seu peso
por unidade de volume. Densidade e gravidade específicas são independentes do
tamanho de uma amostra, dependendo unicamente da
O procedimento para se encontrar a densidade aplica- substância da qual é feita. Veja a Figura 3-1 para valores
se a todas as substâncias; contudo, é necessário consi- típicos de gravidade especifica de varias substancias.
derar que a pressão quando encontrarmos a densidade Um instrumento chamado hidrômetro é usado para
dos gases. A pressão é mais crítica quando medimos a medir a gravidade específica de líquidos. O instru-
densidade dos gases do que quando medimos a de ou- mento consiste de um tubo flutuante de vidro dentro
tras substâncias. A densidade de um gás aumenta em de um tubo de vidro maior. [Figura 3-2]. O tubo maior
proporção direta com a pressão nele exercida. Con- de vidro é o recipiente para o líquido. Um bulbo de
dições padrão para a medida da densidade dos gases sucção de borracha puxa o líquido para dentro do re-
foram estabelecidas em 0ºC de temperatura e pressão cipiente. Deve haver líquido o suficiente para levantar
de 76 centímetros de mercúrio (Hg). (Esta é a pressão o tubo flutuante e evitar que ele toque o fundo. O flu-

3- 2

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Liquid Gravity Solid Gravity Gas Gravity

11 00
Gasoline 0.72 Ice 0.917 Hydrogen 0.0695
1150
Jet Fuel Discharged
0.785 Aluminum 2.7 Helium 0.138

11 50
Jp-4
Ethyl 1275
0.789 Titanium 4.4 Acetylene 0.898
Alcohol Charged

12 00
Jet Fuel
0.82 Zinc 7.1 Nitrogen 0.967
Jp-5

11 00
Kerosene 0.82 Iron 7.9 Air 1.000

12 50

111 50
Lube Oil 0.89 Brass 8.4 Oxygen 1.105

13 00
Synthetic Carbon
0.928 Copper 8.9 1.528
Oil Dioxide

12 00
Water 1.000 Lead 11.4

11 00

12 50
Sulfuric
1.84 Gold 19.3
Acid

11 50
Mercury 13.6 Platinum 21.5

12 00

13 00
Figura 3-1. Gravidade específica de várias substâncias

12 50
13 00
tuador é pesado e tem uma escala graduada vertical.
Para determinar a gravidade específica observa-se a
escala na superfície do líquido no qual o flutuador
está imerso. Uma indicação de 1000 é lida quando o
flutuador está imerso em água pura. Quando imerso
em um líquido de maior densidade, o flutuador sobre,
indicando uma maior gravidade específica. Para líqui-
dos de menor densidade o flutuador afunda, indicando
uma gravidade específica menor.
Figura 3-2. Hidrometro para verirficar a gravidade específica
Um exemplo de uso do hidrômetro é para determinar a de uma bateria.
gravidade específica de um eletrólito (bateria líquida)
em uma bateria de aeronave. Quando a bateria está des- da são exemplos do segundo grupo; a energia de gaso-
carregada um flutuador calibrado imerso no eletrólito lina de aviação, alimentos, e de baterias são exemplos
indicará aproximadamente 1150. A indicação de uma do terceiro grupo.
bateria carregada é entre 1275 e 1310. Os valores 1150, Para calcular a energia potencial de um objeto, devido
1275 e 1310 representam 1.150, 1.275 e 1.310. O ele- a sua posição, ou altura, usa-se a seguinte fórmula.
trólito em uma bateria descarregada é 1,15 vezes mais Energia Potencial = Peso x Altura
denso que a água, e em uma bateria carregada é entre Um cálculo baseado nesta fórmula produzirá uma res-
1,275 e 1,31 vezes mais denso que a água. posta que terá unidades em pés e libras (ft-lb) ou em
polegadas e libras (in-lb), que são as mesmas unida-
Energia des aplicadas ao trabalho. Trabalho, do qual falare-
mos mais adiante neste capítulo, é descrito como a
Energia potencial é definida como energia em repou- força sendo aplicada em um corpo por uma determi-
so, ou energia armazenada. A energia potencial pode nada distância, sendo a força medida em libras e a
ser classificada em três grupos: (1) devido a posição, distância em pés ou polegadas. Pode-se observar que
(2) devido a distorção de um corpo elástico e (3) a energia potencial e trabalho têm muito em comum.
produzida através de ação química. Água em um re- Exemplo: um Boeing 747, pesando 450.000 libras
servatório elevado, e um avião elevado acima do solo precisar ser elevado a 4 pés para que a manutenção
por macacos são exemplos do primeiro grupo; uma do trem de pouso seja feita. Quanta energia potencial
corda de bungee jump esticada ou uma mola encolhi- tem o avião em função da sua posição elevada?

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Energia Potencial = Peso x Altura Energia Cinética = ½ Massa x Velocidade2
Energia Cinética = ½ x 600.000 ÷32.2 ×200
Um cálculo baseado nesta fórmula produzirá uma res- EC = 372.670.000 ft-lb
posta que terá unidades em pés e libras (ft-lb) ou em
polegadas e libras (in-lb), que são as mesmas unida- Força, Trabalho, Potência e Torque
des aplicadas ao trabalho. Trabalho, do qual falare- Força
mos mais adiante neste capítulo, é descrito como a Antes que os conceitos de trabalho, potência e torque
força sendo aplicada em um corpo por uma determi- sejam discutidos devemos entender o que significa
nada distância, sendo a força medida em libras e a força. De acordo com a definição dos dicionários for-
distância em pés ou polegadas. Pode-se observar que ça é a intensidade de um impulso, ou a intensidade de
energia potencial e trabalho têm muito em comum. uma entrada. Por exemplo, se aplicarmos força em um
Exemplo: um Boeing 747, pesando 450.000 libras objeto a tendência será que o objeto se mova. Outra
precisar ser elevado a 4 pés para que a manutenção do forma de olhar para isso é que para trabalho, potencia
trem de pouso seja feita. Quanta energia potencial tem e torque possam existir é necessário que exista uma
o avião em função da sua posição elevada? força que inicie o processo.
A unidade de força no sistema Inglês de medidas é a
Energia Potencial = Peso x Altura libra, e no sistema métrico são newtons. Uma libra
EP = 450.000 lb x 4 ft de força é igual a 4,448 newtons. Quando calculamos
EP = 1.800.000 ft-lb o empuxo de um motor de turbina usamos a fórmula
“Força = Massa x Aceleração”, e o empuxo do motor
Conforme dito anteriormente gasolina de aviação tem é expresso em libras. O motor turbo hélice GE90-115
energia potencial por causa da sua natureza química. (do Boeing 777-300), tem 115.000 libras de empuxo.
Gasolina tem o potencial de liberar energia térmica,
baseada nas unidades térmicas britânicas (BTU). Uma Trabalho
libra de gasolina de aviação contém 18.900 BTUs de O estudo das máquinas, tanto simples como comple-
energia térmica, e cada BTU é capaz de 778ft-lb de xas, é, de alguma forma, o estudo da energia do traba-
trabalho. Então, se multiplicarmos 778 por 18.900 lho mecânico. Todas máquinas transferem energia de
encontramos que uma libra de gasolina de aviação é entrada, ou o trabalho feito na máquina, para energia
capaz de 14.704.200 fl-lb de trabalho. Imagine o po- de saída, ou o resultado do trabalho feito pela máquina.
tencial de energia dos tanques completamente abaste- Trabalho, no sentido mecânico do termo, é feito quan-
cidos de uma aeronave. do a resistência é superada por uma força que age
através de uma distância mensurável. Dois fatores es-
Energia Cinética tão envolvidos: (1) força, e (2) movimento através da
Energia cinética é definida como energia em movi-
mento. Um avião indo pela pista de decolagem ou
uma volante rotativa de um motor são exemplos de
energia cinética. A energia cinética usa as mesmas
unidades que a energia potencial, isto é, pés-libras ou
polegadas-libras. Para calcular a energia cinética de
algo em movimento usa-se a seguinte formula.

Energia Cinética = ½ Massa x Velocidade2

Para usar a fórmula mostraremos a massa como peso


+ gravidade e a velocidade do objeto em pés por se-
gundo. É necessário no final colocar as unidades em
pés-libras.
Figura 3-3. Energia Cinética (Boeing 777 decolando)

Exemplo: Um Boeing 777, pesando 600.000 libras


está indo pela pista preparando-se para a decolagem
com uma velocidade de 200fps. Quantos pés-libras de
energia cinética o avião possui? [Figura 3-3]

3- 4

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Figura 3-4. Airbus A-320 nos macacos

distância. Para exemplificar suponha que um pequeno


avião esteja preso na neve. Dois homens o empurram Trabalho = Força x Distância
durante algum tempo, mas o avião não se move. De = 5.000 lb x 80 ft
acordo com a definição técnica nenhum trabalho foi = 400.000 ft-lb
feito ao se empurrar a aeronave. Por definição, traba-
lho é realizado apenas quando um objeto é deslocado, Neste último exemplo repare que a força não equivale
contra alguma força que apresente resistência, por al- ao peso do avião. Isto porque o avião está sendo mo-
guma distância. Para se calcular o trabalho usa-se a vido horizontalmente e não elevado verticalmente. Em
seguinte fórmula: quase todos os casos é necessário menos trabalho para
movimentar alguma coisa horizontalmente do que verti-
Trabalho = Força (F) x distãncia (d) calmente. Muitas pessoas podem empurrar seus carros,
por uma pequena distância, se ficar sem gasolina, mas
No sistema inglês a força será identificada em libras e não são capazes de entrar embaixo do carro e levantá-lo.
a distância em pés ou polegadas, desta forma as uni- Atrito Estático
dades serão pés-libras ou polegadas-libras. Repare Quando se tenta deslizar um objeto pesado por uma
que estas são as mesmas unidades usadas para energia superfície primeiro é necessário, primeiramente, que-
potencial e cinética. brar a inércia. Depois que está em movimento, o obje-
to movimenta-se mais facilmente. A força que rompe
No sistema métrico a força é identificada em newtons
(N) e a distância em metros, e as unidades resultantes
são os joules. Uma libra de força é igual a 4,448 N e um
Work = force × distance
metro é igual a 3,28 pés. Um joule é igual a 1,36 fl-lb.
= 90 lb × 200 ft
Exemplo: quanto trabalho é realizado colocando-se Force = 18,000 ft-lb
nos macacos um Airbus A-320 de 150.000 libras a Gravity
90 lb
uma altura de 3 pés? [Figura 3-4]

Trabalho =Força x Distância


200 ft
=150.000 lb x 4 ft
= 600.000 fl-lb
Exemplo: quanto trabalho é realizado quando um tra-
tor reboque está ligado a uma barra de reboque e um
Boeing 737-800 pesando 130.000 libras é rebocado Resistance
por 80 pés para dentro do hangar? A força na barra
de reboque é de 5.000 libras. Figura 3-5. O efeito da atrito no trabalho.

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a inércia é proporcional ao peso do corpo. A força ne- resistência pode ser obtida através da seguinte fórmula:
cessária para começar a movimentar lentamente um
corpo é chamada de “F”, e “F’” é a força normal que F = mN
pressiona o corpo contra a superfície (normalmente
seu peso). Uma vez que a natureza das superfícies que Na fórmula acima “F” é a força de resistência devido ao
atritam entre si é importante, elas devem ser conside- atrito e expressa em livras; “N” é a força exercida sobre
radas. A natureza das superfícies é indicada pelo co- ou pelo objeto perpendicular (normal) à superfície pela
eficiente de atrito estático, que é designado pela letra qual ele desliza; e “m” (mu) é o coeficiente do atrito de
“k” Este coeficiente pode ser estabelecido para vários deslizamento. Em uma superfície horizontal N é igual
materiais e é normalmente publicado na forma de ta- ao peso do objeto em libras. A área do objeto que des-
belas. Assim, quando a carga (peso do objeto) é co- liza, exposta a superfície onde deslizará, não tem efeito
nhecido, o atrito estático pode ser calculado usando- sobre os resultados. Por exemplo, um bloco de madeira
se a seguinte fórmula: não deslizará com mais facilidade sobre o seu lado mais
largo do que sobre seu lado mais estreito, levando em
F =kF' consideração que todos os lados sejam igualmente lisos.
Assim, a área não entra na equação acima.
Por exemplo, se o coeficiente de atrito de deslizamen-
to de um bloco liso de ferro, em uma superfície lisa Atrito de Rolamento
e horizontal, é 0,3, a força necessária para quebrar a A resistência ao movimento é bastante reduzida se um
inércia de um bloco de 10 libras seria de 3 libras; de objeto é colocado sobre rodas ou roletes. A força de
um bloco de 40 libras seria 12 libras. atrito para objetos sobre rodas é chamada de atrito de
rolamento. Esta força pode ser calculada pela mesma
O atrito de partida de objetos equipados com rodas e equação usada para o atrito de deslizamento, mas os
rolamentos é muito menor do que aquele dos objetos valores de “m” serão muito menores. Por exemplo, o
que deslizam. Contudo, uma locomotiva terá dificul- valor de “m” para pneus de borracha sobre concre-
dade de colocar uma longa composição em movi- to ou asfalto é de aproximadamente 0,02. O valor de
mento, de uma vez só. Assim, os acoplamentos entre “m” para rolamento de esferas e muito pequeno, nor-
carros têm, propositadamente, algumas polegadas de malmente variando entre 0,001 e 0,003 e, frequente-
folga. Quando o maquinista está pronto para dar a par- mente desconsiderado.
tida ele recua com a locomotiva até que todos os car-
ros sejam empurrados juntos. Então, com um impulso Exemplo: uma aeronave com peso bruto de 79.600
rápido para frente, o primeiro vagão é colocado em libras é rebocada sobre uma rampa de concreto. Qual
movimento. Esta técnica é empregada para superar o força deve ser feita para pelo reboque para manter a
atrito estático de cada roda (assim como a inércia de aeronave em movimento após a partida?
cada carro). Seria impossível para a locomotiva colo-
car todos os vagões em movimento ao mesmo tempo, F = mN
uma vez que o atrito estático, que é a resistência de = 0,02 mu x 79.600 lb
ser posto em movimento, seria maior que a força pro- = 1.592 lb
duzida pelo motor. Uma vez que os vagões estejam
em movimento o atrito estático é bastante reduzido e Potência
uma força menor do que aquela exigida na partida é O conceito de potência envolve o tópico sobre traba-
necessária para mantê-lo em movimento. lho (discutido anteriormente), que é a força aplicada
sobre um corpo por uma determinada distância, mas
Atrito de Deslizamento levando em conta mais um item, o tempo. Em outras
Atrito de deslizamento é a resistência ao movimento palavras, quanto tempo é necessário para realizar o
oferecida pelos objetos deslizando sobre uma super- trabalho. Se alguém perguntasse a uma pessoa co-
fície. Ele refere-se ao atrito produzido após o objeto mum se ela poderia levantar um milhão de toneladas a
ter sido colocado em movimento e é sempre menor que uma altura de 5 pés do chão, a resposta mais frequente
o atrito estático. A quantidade de resistência ao desli- seria não. Esta pessoa provavelmente imaginaria que
zamento depende da natureza da superfície do objeto, deveria levantar todo o peso de uma vez. Mas se ela
da natureza da superfície sobre a qual ele desliza, e da tivesse 365 dias para levantar este peso, e pudesse
força normal entre o objeto e a superfície. Essa força de levantar pouco peso de cada vez? O trabalho seria o

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mesmo, desconsiderando quanto tempo seria necessá- Torque
rio para levantar o peso, mas a potência seria diferen- O torque é um conceito muito interessante e deve ser
te. Se o peso deve ser levantado em um curto período discutido juntamente com trabalho e potência. En-
de tempo é necessário mais potência. A fórmula para quanto o trabalho é descrito como sendo a força agin-
o calculo da potência é a seguinte: do através de uma distância, o torque é a força agindo
ao longo da distância. O torque é algo que cria torção
Potência = Força x distância ÷tempo e tenta fazer algo girar.

As unidades de potência serão pés-libras por minuto, Se empurrarmos um objeto com uma força de 10 libras e
pés-libras por segundo, polegadas-libras por minuto o movermos por 10 polegadas em linha reta, teremos fei-
ou segundo, e possivelmente milhas-libras por hora. to 100 in-lb de trabalho. Comparativamente, se tivermos
As unidades dependem de como a distância e o tempo uma chave inglesa de 10 polegadas, em um parafuso, e o
são medidos. empurrarmos com a chave com uma força de 10 lb, um
torque de 100 lb-in é aplicado no parafuso. Se esse para-
Há muitos anos atrás havia o desejo de se comparar a fuso já estivesse apertado e não se movesse enquanto o
potência do recém desenvolvido motor a vapor com a empurrássemos com a chave, o torque de 100 lb-in ainda
potência dos cavalos. As pessoas queriam saber qual a existiria. A formula do torque é a seguinte:
equivalência, em cavalos, do motor a vapor. Em função
disso foi desenvolvido o valor que atualmente usamos, Torque = Força x distância
o cavalo de força (hp), e equivale a 550 pés-libras por
segundo (ft-lb/s). Descobriu-se que o cavalo comum Mesmo que a fórmula pareça a mesma usada para calcular
pode levantar o peso de 550 libras, a um pé do chão, em o trabalho, repare que o valor da distância nesta fórmula
um segundo. Os valores usados hoje, para a conversão não é o da distância linear em que o objeto se move, mas
de potência em cavalos de força, são os seguintes: sim a distancia ao longo da qual a força é aplicada.

1 hp = 550 ft-lb/s Note que o torque com nada tinha que mover, porque
1 hp = 33.000 ft-lb/min a força é aplicada ao longo de uma distância e não
1 hp = 375 milhas libras por hora (mi-lb/hr) através de uma certa distância. Repare também que
1 hp = 746 watts (conversão de eletricidade) embora as unidades de trabalho e torque pareçam ser
as mesmas, elas não são. As unidades de trabalho são
Para se converter potência em cavalos de força divi- polegadas-libras e as unidades de torque são libras-
da a potência pela conversão apropriada, baseada nas polegadas, e isso é o que diferencia os dois.
unidades usadas.
O torque é muito importante quando pensamos sobre
Exemplo: qual potência será necessária, e quantos como os motores funcionam, tanto os motores de pis-
cavalos de força, para erguer um motor turbo hélice tão como os motores de turbina a gás. Os dois tipos
GE-90 em posição para instalá-lo em um Boeing 777- de motores criam torque antes de serem capaz de criar
300? O motor pesa 19.000 libras e deve ser levantado trabalho ou potência. Com o mecanismo de êmbolo,
a uma altura de 4 pés em 2 minutos. a força em libras empurra para baixo sobre a parte
superior do pistão e tenta fazê-lo mover. O pistão está
Potência = Força x distãncia ÷ tempo ligado à barra de ligação, que está ligado ao eixo de
= 19.000 lb x 4 ft ÷ 2 min manivela de um deslocamento. Este deslocamento se-
= 38.000 ft-lb/min ria igual ao comprimento da chave inglesa menciona-
Hp = 38.000 ft-lb/min ÷ 33.000 ft-lb/min da anteriormente, e a força atuando ao longo do seu
Hp = 1,15 comprimento é o que cria o torque. [Figura 3-6]
Para o cilindro da Figura 3-6 há uma força de 500
O guindaste que será usado para erguer o motor ne- libras empurrando a parte superior do pistão para
cessita ser movido por um motor elétrico, porque uma baixo. A haste de ligação se liga ao eixo de manivela
pessoa comum não é capaz de gerar 1,15hp em seus a uma distância de deslocamento de 4 polegadas. O
braços por 2 minutos. produto da força e da distância de deslocamento é o
torque, neste caso de 2,000 lb-in.
Em um motor de turbina, as pás da turbina, na parte de

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trás do mecanismo, extraem energia a partir da alta ve- 1. Máquinas são usadas para transformar energia,
locidade dos gases de escape. A energia extraída torna-se como no caso de um gerador que transforma
força, em libras, empurrando as pás de turbina, que estão energia mecânica em energia elétrica.
a alguns centímetros a partir do centro do eixo que estão
tentando fazer rodar. O número de polegadas entre as pás 2. Máquinas são usadas para transferir energia de
da turbina e o centro do eixo é o mesmo que o compri- uma lugar para outro, como por exemplo as
mento da chave inglesa mencionada anteriormente. bielas, virabrequim e engrenagens de redução
de transferência de energia do motor de uma
Matematicamente há uma relação entre os cavalos de aeronave para sua hélice.
força de um motor e o torque do mesmo. A formula
que mostra esta relação é a seguinte: 3. Máquinas são usadas para multiplicar força. Por
exemplo, o sistema de roldanas pode ser usada
Torque = Cavalos de Força x 5.252 ÷ rpm para levantar uma carga pesada. O sistema de
roldanas permite eu a carga seja erguida exer-
Exemplo: um Cesna 172R tem um motor Lycoming cendo-se uma força menor que o peso da carga.
IO-360 que produz 180 cavalos de força a 2.700 rpm.
Quantos libra-pés de torque o motor está produzindo? 4. Máquinas podem ser usadas para multiplicar a
velocidade. Um bom exemplo é a bicicleta, na
Máquinas Simples qual velocidade pode ser ganha pela força.

Uma máquina é qualquer instrumento com o qual o 5. Máquinas podem ser usadas para mudar a di-
trabalho pode ser realizado. Em termos de aplicação, reção da força. Um exemplo deste uso é o iça-
máquinas podem ser usadas por quaisquer dos seguin- mento de uma bandeira. Uma força para bai-
tes propósitos, ou uma combinação destes propósitos. xo de um lado da corda exerce uma força para
cima no outro lado, erguendo a bandeira em
direção ao topo do poste.

Existem apenas seis máquinas simples. Elas são a ala-


Torque = F × d
Torque = 500 × 4
vanca, a polia, o eixo da roda e, o plano inclinado, o
Torque = 2,000 lb-in Force of parafuso e a engrenagem. Os físicos reconhecem ape-
Torque = 166.7 lb-ft 500 lb nas dois princípios básicos nas máquinas: a alavanca
e o plano inclinado. O sistema de polias, a roda e o
Piston eixo e as engrenagens funcionam com o sistema de
alavanca. A cunha e o parafuso usam o princípio do
plano inclinado.
Connecting rod

Um entendimento dos princípios das máquinas sim-


ples dá a conhecimento básico necessário para o estu-
do das máquinas complexas, que são a combinação de
duas ou mais máquinas simples.
Crankshaft
Vantagem Mecânica das Máquinas
Conforme dito nos tópicos 2 e 3 sobre máquinas sim-
ples, uma máquina pode ser usado para multiplicar a
força ou a velocidade. Contudo, elas não podem mul-
tiplicar a força e a velocidade ao mesmo tempo. Para
se ganhar um, e necessário perder o outro. Para fazer
o contrário significaria que a máquina tem mais po-
tencia saindo do que entrando, o que não é possível.
4"
A vantagem mecânica das máquinas é a comparação
entre a força de saída e a de entrada, distancia inicial
Figura 3-6. Motor de pistão e torque e distância final. Se existe alguma vantagem mecâni-

3- 8

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ca em termos de força, existe uma desvantagem fra- Resistance “R” E rt “E”
cional em termos de distância. As fórmulas a seguir
podem ser usadas para calcular a vantagem mecânica. “I” “L”

Vantagem Mecânica = Força de Saida ÷ Força de Entrada


Fulcrum “F”

ou Figura 3-7. Alavanca de primeira classe.

Vantagem Mecânica = Distancia Final ÷ Distancia Inicial


Esforço(E)x Braço de Esforço(L)= Resistência(R) x Braço de Resistência(I)
A Alavanca
O que esta fórmula realmente mostra é que o torque de
A máquina mais simples, e talvez a mais familiar, é a entrada (esforço x braço de esforço) é igual ao torque
alavanca. Uma gangorra é um bom exemplo de alavan- de saída (resistência x braço de resistência). Esta fór-
ca, um brinquedo comum onde cada pessoa senta em mula e conceito são aplicados a todas as três classes de
uma ponta da prancha e existe um ponto de articulação alavancas, e para todas as máquinas simples em geral.
no meio. A alavanca tem três partes básicas. São elas: o
fulcro “F”, a força ou esforço “E” e a resistência “R”. A Exemplo: Uma alavanca de primeira classe deve ser
Figura 3-7 mostra o ponto de articulação “F” (fulcro), usada para levantar um peso de 500 libras. A distân-
o esforço “E” que é aplicando a uma distância “L” do cia do peso até o fulcro é de 12 polegadas e do fulcro
fulcro, e a resistência “R”, eu age a uma distância “I” do até onde o esforço deve ser aplicado é de 60 polega-
fulcro. As distâncias “L” e “I” são os braços da alavanca. das. Quanta força é necessária para levantar o peso?

O conceito de torque, discutido anteriormente neste Esforço(F) x Braço de Esforço(L)= Resistência(R) x Braço de Resistência(I)
capítulo, está muito envolvido na operação de uma E x 60 in =5 00 lb x 12in
alavanca. Quando uma pessoa senta em uma ponta da E = 500 lb x 12 in ÷60 in
gangorra ela aplica uma força para baixo, em libras, E= 100lb
que age ao longo da distância até o centro da gangor-
ra. Esta combinação de força e distância cria o torque, A vantagem mecânica da alavanca, neste exemplo, seria:
que tenta causar rotação.
Vantagem Mecânica = Força de Saída ÷Força de Entrada
Alavanca de Primeira Classe = 500 lb ÷100 lb
Em uma alavanca de primeira classe o fulcro está loca- = 5,ou 5 para 1
lizado entre o esforço e a resistência. Conforme men-
cionado anteriormente, a gangorra é um bom exemplo Um ponto interessante neste exemplo de alavanca é
de alavanca, e é uma alavanca de primeira classe. A que se o esforço aplicado se movesse 10 polegadas
quantidade de peso e a distância do fulcro podem va- para baixo, o peso do outro lado se moveria apenas 2
riar de acordo com a necessidade. Aumentando-se a polegadas para cima. O peso sendo levantado se mo-
distância do esforço aplicado até o fulcro, comparado veria apenas 1⁄(5.) A razão para isto está no conceito
com a distância do fulcro até o peso que está sendo de trabalho. Em função de que uma alavanca não po-
movimentado, aumenta-se a vantagem oferecida pela der ter trabalho de saída do que de entrada, se ela te
alavanca. Pés de cabra, tesouras e alicates são exem- permitir levantar 5 vezes mais peso, você só irá movê-
plos comuns de alavancas de primeira classe. O equi- lo 1/5 do que mover o esforço.
libro adequado de uma aeronave também é um bom Alavanca de Segunda Classe
exemplo, com o centro de sustentação da asa sendo A alavanca de segunda classe tem o fulcro em uma pon-
o ponto de articulação (fulcro) e os pesos dianteiro e ta e o esforço é aplicado na outra. A resistência está em
traseiro sendo os pontos de esforço e resistência. algum lugar entre estes pontos. Um carrinho de mão é
um bom exemplo de alavanca de segunda classe, com
Quando calcular quanto esforço é necessário para a roda em uma extremidade sendo o fulcro, e as alças
levantar determinado peso, ou quanto peso pode ser na extremidade oposta, e a caixa, no meio, sendo onde
levantar por um determinado esforço, pode-se usar a a resistência se encontra [Figura 3-8].
seguinte fórmula:

39

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ort “E” ort “E”

“L”
“I” “L”

“I”
Fulcrum “F” Fulcrum “F”
Resistance “R” Resistance “R”

Figura 3-8. Alavanca de segunda classe. Figura 3-9. Alavanca de terceira classe.

Tanto as alavancas de primeira e segunda classe são co- vancas de terceira classe são facilmente reconhe-
mumente usadas para ajudar a superar grandes resistên- cidas porque o esforço é aplicado em algum ponto
cias com um esforço relativamente baixo. A alavanca de entre o fulcro e a resistência. O trem de pouso retrá-
primeira classe, contudo, é mais versátil. Dependendo que til principal de uma aeronave são um bom exemplo
quão longe ou perto o peso esteja do fulcro, a alavanca de de alavanca de terceira classe. A parte superior do
primeira classe pode ser feita para ganhar força ou resis- trem de pouso, que fica ligada ao avião, é o ponto
tência, mas não ambos os mesmo tempo. A alavanca de de articulação. O conjunto da roda e freio, na ou-
segunda classe só pode ser feita para ganhar força. tra extremidade do trem de pouso, é a resistência.
O atuador hidráulico, que faz com que o trem de
Exemplo:A distância entre o centro de uma roda até as al- pouso retraia está preso em algum ponto no meio, e
ças de um carrinho de mão é de 60 polegadas. O peso no este é o esforço aplicado.
corpo do carrinho está a 18 polegadas do centro da roda.
Se 300 libras são colocadas no corpo, quanta força deve A Polia
ser aplicada nas alças para erguer o carrinho de mão? Polias são máquinas simples na forma de uma roda
montada em um eixo fixo e apoiada por uma estru-
Esforço(E)x Braço de Esforço(L)= Resistência(R) x tura. A roda, ou disco, normalmente tem um sulco
Braço de Resistência(I) para acomodar uma corda. A roda algumas vezes é
chamada de roldana. A estrutura que suporta a roda é
E x 60 polegadas=300 libras x 18 polegadas chamada de bloco. Um bloco e os eixos são conheci-
dos como um par de blocos. Cada bloco contém uma
E=300 lb x 18in ÷ 60in ou mais polias e uma corda conectando as polia, ou
polias, a cada bloco.
E= 90 lb
Polia Fixa Simples
A vantagem mecânica da alavanca, neste exemplo, Uma polia fixa simples é, na verdade, uma alavanca
seria de: de primeira classe com braços iguais. Na figura 3-10,
o braço do ponto “R” até o ponto “F” é igual ao braço
Vantagem Mecânica=Força de Saida ÷Força de Entrada do ponto “F” até o ponto “E” (ambos a mesma distân-
cia do raio da roldana). Quando uma alavanca de pri-
=300 lb ÷90lb meira classe tem braços iguais, a vantagem mecânica
é 1. Assim, a força para puxar a corda deve ser igual
=3,33,ou 3,33 para 1 ao peso do objeto que está sendo levantado. A única
vantagem de polia fixa simples é mudar a direção da
Alavanca de Terceira Classe força, ao se puxar a corda.
Existem ocasiões onde é desejável acelerar a veloci-
dade do movimento de resistência, mesmo que uma Polia Móvel Simples
grande quantidade de esforço deva ser usada. As Uma polia simples pode ser usada para ampliar a força
alavancas adequadas para isso são as de terceira exercida. Na Figura 3-11, a polia é móvel, onde ambas
classe. Conforme mostrado na Figura 3-9, fulcro as cordas estendendo-se a partir da polia e compartilham
está em uma ponta da alavanca e o peso e a resis- a sustentação do peso. Esta polia móvel simples age
tência e serem vencidos estão na outra ponta, com como uma alavanca de segunda classe, com uma braço
o esforço aplicado em algum ponto entre eles. Ala- de esforço (EF) sendo o diâmetro da polia e o braço de

3- 10

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ort

R F E

R
F

Weight

ort “E”

Figura 3-10. Polia fixa simples.

resistência (FR) sendo o raio da polia. Este tipo de polia


teria uma vantagem mecânica de 2 porque o diâmetro da
polia é o dobro do raio da polia. No uso, se alguém pu-
xar 4 pés da corda de esforço, o peso só levantará 2 pés
Weight
do chão. Se o peso for de 100 libras, o esforço aplicado
precisará ser de apenas 50 libras. Com este tipo de polia
o esforço sempre será a metade do peso a ser levantado.
Figura 3-11. Polia móvel simples
Bloco e Guincho
O bloco e guincho é composto de múltiplas polias, al- A Engrenagem
gumas fixas e outras móveis. A Figura 3-12 mostra um Duas engrenagens com dentes em seus bordos exter-
sistema de bloco e guincho composto por quatro polias, nos, conforme mostrado na Figura 3-13, comportam-
as duas superiores são fixas e as duas inferiores móveis. se como uma alavanca de primeira classe, quando uma
Olhando a figura da direita para a esquerda repare que engrenagem movimenta a outra. A engrenagem com a
existem quatro cordas suportando o peso e uma quinta força de entrada é chamada de engrenagem motora, e
corda onde a força é aplicada. O número de cordas su- a outra é chamada de engrenagem movida. O braço de
portando o peso determina a vantagem mecânica de um esforço é o diâmetro da engrenagem movida, e o braço
sistema de bloco e guincho, então, neste caso, a van- de resistência é o diâmetro da engrenagem motora.
tagem mecânica é 4. Se o peso for de 200 libras, será Repare que as duas engrenagens movimentam-se me
necessário 50 libras de esforço para levantá-lo. direções opostas (a inferior no sentido horário e a su-
perior no sentido anti-horário). A engrenagem supe-
rior (amarelo) tem um diâmetro de 9 polegadas e 45

3 11

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ort

Support
Ropes

Weight

Figura 3-13

da, assim como caixa de redução da hélice, significa que


Figura 3-12. Bloco e guincho
existem mais rpms entrando do que saindo. O resultado
dentes, e a engrenagem inferior (azul) tem um diâme- final é um aumento de força, e consequentemente torque.
tro de 12 polegadas e 60 dentes. As engrenagens cônicas são utilidades para mudar o
plano de rotação, de forma que um eixo girando ho-
Imagine que a engrenagem azul está movimentando rizontalmente possa fazer com que um eixo vertical
a engrenagem amarela (a azul é a motora e amarela é gire. O tamanho das engrenagens e o número de den-
a movida). A vantagem mecânica em termos de força tes determinam a vantagem mecânica, ou se a força
seria o braço de esforço dividido pelo braço de resis- em rpms está sendo aumentada ou diminuída. Se cada
tência, ou 9 ÷ 12, que é 0,75. Este, na verdade, seria engrenagem tiver o mesmo número de dentes não ha-
chamado de desvantagem fracional, porque haveria verá mudança em força ou rpms. [Figura 3-14]
menos força para fora do que para dentro.
A vantagem mecânica em termos de distância (rpm A rosca infinita tem uma vantagem mecânica muito
neste caso) seria de 12 ÷ 9, ou 1,33. grande. A força de entrada vai para a rosa infinita que
Esta análise nos mostra que quem a engrenagem maior movimenta a rosca dentada. Uma volta completa da
movimenta a engrenagem menor, a menor gira mais rosca infinita faz apenas com que a roda dentada vire o
rápido e tem menos força disponível. Para se ter uma equivalente a um dente. A vantagem mecânica é igual
máquina que ganhe força (ou máquina de multiplicação ao número de dentes da roda dentada, que neste caso é
de força) a engrenagem pequena precisa movimentar a 25. Está é uma máquina de ganho de força, no valor de
grande. Quando a terminologia caixa de redução é usa- mais de 25 vezes a força de saída. [Figura 3-15]

3- 12

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Sun Gear

Ring Gear Planetary


Gears

Figura 3-14 Figura 3-15

a elevação e o abaixamento de objetos pesados pela


aplicação de uma pequena força sobre uma distância
relativamente longa. Alguns exemplos familiares de
planos inclinados são as rodovias nas montanhas e a
rampa de carregamento na parte de trás de um cami-
nhão de mudanças. Ao se pesar um pequeno avião,
como um Cessna 172, uma rampa (plano inclinado)
pode ser usada para fazer com que o avião seja co-
locado na balança, empurrando-o, ao invés de usar
macacos. Uma rampa pode ser vista na Figura 3-17,
onde o trem de pouso direito de um Cessna 172 está
Figura 3-16

O conjunto de engrenagens planetárias é típico do que


será encontrado em uma caixa de redução da hélice.
O eixo de saída de potência movimentaria o meio da
engrenagem solar, que gira as engrenagens planetá-
rias e, finalmente, a coroa planetária. Neste exemplo
a engrenagem solar tem 28 dentes, cada engrenagem
planetária tem 22 dentes, e a coroa planetária tem 82
dentes. Para calcular quanta redução de engrenagem
está ocorrendo, o número de dentes da engrenagem
planetária é dividido pelo número de dentes da engre-
nagem solar. Neste caso a redução de engrenagem é
de 2,93, significando que o motor tem um rpm 2,93
vezes maior que o propulsor/hélice. [Figura 3-16]

Plano Inclinado
O plano inclinado é uma máquina simples que facilita Figura 3-17

3 13

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Um cinzel é um bom exemplo de cunha. Um cinzel
deve ter 8 polegadas de comprimento e apenas ½
polegada de largura, com uma ponta largura e lados
inclinados. As 8 polegadas de comprimento são o bra-
ço de esforço e a ½ polegada de largura é o braço de
resistência. Este cinzel proporcionará uma vantagem
de força (vantagem mecânica) de 16.

Pressão
Sempre que uma máquina estiver em operação, seja
ela uma máquina simples como uma alavanca ou pa-
rafuso, ou uma máquina mais complexa como um
motor de pistão de aeronaves ou um trem de aterris-
Figura 3-18 sagem hidráulico, as partes e peças desta máquina
irão experimentar uma coisa chamada pressão. Sem-
pre que uma força externa é aplicada em um objeto,
em uma balança eletrônica. A aeronave foi empurrada como um peso sendo empurrado na extremidade de
para cima, por uma rampa, para chegar até a balança. uma alavanca, uma reação acontecerá dentro do obje-
to, que é conhecida como pressão. A pressão é medi-
Com um plano inclinado o comprimento da rampa é da em libras por pé quadrado, ou libras por polegada
o braço de esforço e a altura vertical da rampa é o quadrada (psi).
braço de resistência. Se o comprimento da rampa for
5 vezes maior que a altura haverá uma vantagem de Uma força externa agindo em um objeto causa pressão
força, ou vantagem mecânica, de 5. O Cessna 172 da que pode se manifestar em uma de suas cinco formas,
Figura3-17 pesou 1.600 libras no dia da pesagem. A ou uma combinação entre elas. As cinco formas são
rampa na qual está apoiado tem 6 polegadas de altura tensão, compressão, torção, flexão e cisalhamento.
(braço de resistência) e o comprimento da rampa é
de 24 polegadas (braço de esforço). Para se calcular Tensão
a força necessária para se empurrar a aeronave sobre A tensão é uma força que tenta romper um objeto. Em
as rampas use a mesma fórmula apresentada anterior- um sistema de bloco e guincho, discutido anteriormen-
mente, quando estávamos discutindo as alavancas, te neste capítulo, o bloco superior que o abrigava as
conforme abaixo: duas roldanas fixas foi fixado a uma viga suspensa. O
bloco móvel inferior e as suas duas polias foram pen-
Esforço(E)x Braço de Esforço(L)= Resistência(R) x durados por cabos, e o peso foi pendurado abaixo de
Braço de Resistência (I) toda a montagem. O peso sendo erguido poderia pro-
E x 24 in=16.000 lb x 6 in vocar tensão as cordas e blocos. O peso está tentando,
E=1.600 lb x 6 in ÷24 in literalmente, romper a corda, e finalmente faria com
E=400 lb que a corda se rompesse se o peso fosse muito grande.

Parafusos e cunhas também são exemplos de equipa- Compressão


mentos que operam com o princípio do plano inclina- Compressão é a força que tenta esmagar um objeto.
do. Um parafuso, por exemplo, possui uma rosca em Um ótimo exemplo de compressão é quando um avião
espiral que gira em torno de sua circunferência. Con- é montado com chapas metálicas fixas por um rebite.
forme a rosca envolve a circunferência ela se move a O rebite passa através de um buraco feito nas peças de
uma distância vertical igual ao espaço entre as roscas. alumínio, e então, em seguida, uma pistola de rebite
A circunferência do parafuso é o braço de esforço e de um lado e uma barra de traçamento do outro apli-
a distância entre as roscas é o Graco de resistência. cam a força. Esta força aplicada tenta esmagar o rebite
[Figura 3-18] Baseado nesta análise pode-se perceber e fazer com que ele expanda para preencher o buraco
que uma parafuso de rosca fina (mais roscas por po- e segurar as chapas de alumínio juntas. [Figura 3-19]
legada) tem uma vantagem mecânica muito maior que
um parafuso de rosca grossa.

3- 14

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Force from rivet gun Torque applied
to shaft

Shaft experiences Turbine blades


torsion applied force

Figura 3-21

Torção
Torção é a pressão que um objeto experimenta quando
é torcido, o que é o que acontece quando o torque é
Rivet head
aplicado a um eixo. A torção na verdade é composta
de duas outras pressões: tensão e compressão. Quan-
do um eixo é torcido, a tensão é experimentada na
diagonal do eixo e a compressão age a um ângulo de
90 graus de tensão. [Figura 3-20]

O eixo da turbina de um motor turbo hélice, que se


conecta a um compressor, a fim de conduzi-lo, está
Rivet shank
sobre pressão de torção. As pás da turbina extraem
energia da alta velocidade do ar como uma força em
libras. Esta força em libras atua ao longo do compri-
mento das lâminas para o centro do eixo, e cria torque
Bucking bar
que causa a rotação. [Figura 3-21]

Flexão
Uma aeronave, durante o voo, experimenta uma força

Wing top is
Figura 3-19 under Tension

Wing bottom is
under Compression
Tension stress
Figura 3-22

Clevis Bolt

Force

Rotation Compression

Figura 3-20 Figura 3-23

3 15

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de flexão nas asas, uma vez que a força aerodinâmica
tenta levantá-las. Esta força de elevação, na verdade,
faz com que a camada externa da parte superior da
asa se comprima e da parte inferior fique sob tensão.
Quando o avião está no chão, apoiado no seu trem de
pouco, a força da gravidade tenta flexionar a asa para
baixo, submetendo a parte inferior da asa à compres-
são e à parte superior da asa a tensão. [Figura 3-22].
Durante os testes que acontecem antes da certificação
FAA (Federal Aviation Administration), o fabrican-
te intencionalmente flexiona as asas para cima e para
baixo para certificar-se que elas podem suportar a
pressão sem falhar.

Cisalhamento
Quando uma pressão de cisalhamento é aplicada a um
objeto a força tenta cortar ou fatiar o objeto, assim
como uma faca corta manteiga. Um parafuso de en-
gate, o qual é muitas vezes utilizado para fixar um
cabo a uma parte da estrutura da aeronave, tem uma
pressão de cisalhamento agindo sobre ele. Conforme
mostrado na Figura 3-23, um encaixe de garfo é fixa-
do à extremidade do cabo, e o garfo ligado a um olho Figura 3-24
na estrutura com um parafuso de gancho. Quando o
cabo é colocado sob tensão, o garfo tenta deslizar para Movimento
fora do olho através do corte através do parafuso de
gancho. Este parafuso é projetado para suportar altas O estudo da relação entre o movimento dos corpos
cargas de cisalhamento. ou objetos e as forças agindo neles é frequentemen-
te chamado de estudo da “força e movimento”. De
Deformação um modo mais específico, a relação entre velocidade,
Se a pressão em um objeto for grande o suficiente, aceleração e distância é conhecida como cinemática.
é possível que o objeto muda de forma ou fique dis- Movimento Uniforme
torcido. Uma característica da matéria é que ela ten- O movimento pode ser definido como uma mudança
de a ser elástica, significando que pode ser forçada contínua de posição ou lugar, ou um processo no qual
a perder sua forma quando uma força é aplicada, e um corpo sofre deslocamento. Quando um objeto está
então retorne a sua forma original quando a força for em diferentes pontos no espaço, em diferentes tem-
retirada. Quando um objeto é distorcido por uma força pos, diz-se que o objeto está em movimento, e se a
aplicada diz-se que o objeto está deformado. distância percorrida pelo objeto permanece a mesma
Em células de ensaio de motores de turbina, o impul- durante um determinado período de tempo, o movi-
so do motor geralmente é medido por aquilo que são mento pode ser descrito como uniforme, assim, um
chamados extensômetros. Quando a força (impulso) do objeto em movimento uniforme sempre tem uma ve-
motor está puxando para fora, contra os medidores de locidade constante.
deformação, a quantidade de distorção é medida e em
seguida convertidos para a leitura de pressão apropriada. Aceleração e Velocidade
Um torque estilo de feixe de deflexão utiliza a tensão No uso diário, velocidade e aceleração são frequen-
na extremidade de acionamento da chave e a distorção temente usadas como se tivessem o mesmo signifi-
resultante do feixe para indicar a quantidade de torque cado. Em física, elas têm significado bem distinto.
em um parafuso ou porca.[Figura 3-24] Velocidade refere-se em quão rápido um objeto está
se movendo, ou quão longe um objeto irá viajar em
um determinado tempo. A velocidade de um objeto
não diz nada com relação a direção em que o obje-
to está se movimentando. Por exemplo, se temos

3- 16

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a informação que um avião deixa Nova Iorque e Vector B = Wind
viaja 8 horas, a uma velocidade de 150 mph, esta
informação não diz nada com relação a direção na
qual o avião está se movimentando. Ao final das 8
horas o avião pode chegar em Kansas City, ou se
tiver feito uma rota circular pode chegar de volta a
Nova Iorque.

Aceleração é quantidade, em física, que mostra tan-

Vector A = Velocity of airplane


to a velocidade de um objeto como a direção na qual
ele está se movendo. A aceleração pode ser definida
como a taxa de movimento em uma determinada di-
reção. A aceleração também é definida como sendo
um vetor de quantidade, um vetor sendo uma linha de

e
determinado comprimento, tendo uma seta em ambas

plan
as pontas. O comprimento da linha indica o valor do

f air
nt o
número e a seta indica a direção em que o número está

eme
a atuando.

Mov
C=
Dois vetores de aceleração, com um representando a

tor
aceleração do avião e um representando a aceleração

Vec
do vento, podem ser somados no que chamamos de
vetor de análise. A Figura 3-25 demonstra isto, os ve-
tores “A” e “B” representam a aceleração de um avião
e do vento, e o vetor “C” é o resultante. Sem vento,
a velocidade e a aceleração do avião seriam aquela
demonstrada pelo vetor “A”. Ao se contabilizar a di-
reção do vento e velocidade, o avião voa a velocidade
e direção mostrados pelo vetor “C”.

Imagine que um avião está voando em um padrão cir-


cular e a velocidade constante. Em função do padrão
circular e avião está, constantemente, mudando de di-
reção, o que significa que o avião está constantemente
trocando de aceleração. A razão disto é o fato que a Figura 3-25
aceleração inclui direção.

Para se calcular a velocidade de um objeto, a distância rado. Se o aumento de velocidade é de 10 mph em 5


que ele viaja é dividida pelo tempo decorrido. Se a segundos, a taxa de mudança de aceleração é de 10
distância for medida em milhas e o tempo em horas, mph em 5 segundos, ou 2mph por segundo. Se isto
as unidades de velocidade serão em milhas por hora for multiplicado por 1,467, ela também pode ser ex-
(mph). Se a distância for medida em pés e o tempo em pressa como uma aceleração de 2,93 pés por segundo
segundos, as unidades serão pés por segundo (fps). por segundo (fps/s). Comparativamente, a aceleração
Para se converter mph em fps, multiplique por 1,467. devido a gravidade é de 32,2 fps/s.
A aceleração é calculada da mesma forma, sendo a Para calcular a aceleração usa-se a seguinte fórmula:
única diferença que deve ser recalculada toda vez que
mudar de direção.

Aceleração
A aceleração é definida como a taxa de mudança de
velocidade. Se a velocidade de um objeto aumenta
de 20 mph para 30 mph, o objeto está sendo acele-

3 17

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Aceleração(A)= Aceleração Final (Af)- Aceleração Inicial (Ai) aceleração (F =MA). Anteriormente, neste capítulo,
Tempo (t) afirmou-se que a massa é igual ao peso dividido pela
gravidade, e que a aceleração é igual a velocidade fi-
Exemplo: um F-15 está viajando a 400 mph. O piloto nal menos a velocidade inicial dividido pelo tempo.
ajusta os reguladores de pressão para pós-combustão Colocando todos estes conceitos juntos a forma do
completa e acelera para 1.200 mph em 20 segundos. impulso é a seguinte:
Qual é a aceleração média em mph/s e fps/s?
Af-Ai Peso (Velocidade final-Velocidade inicial)
A= Força=
t Gravidade (tempo)
1.200-400
A= P (Vf-Vi)
20 Força=
Gt
mph fps
A=40 ou,multiplicando por 1,467=58,7
s s

Neste exemplo a aceleração foi de 58,7 fps/s. Como Exemplo: o motor de um turbojato está movimentan-
32,2 fps/s é igual a aceleração devido a gravidade, do 150 libras de ar por segundo através do motor. O
divida a aceleração do F-15 por 32,2 para descobrir ar entra a 100 fps e sai a 1.200 fps. Quanto impulso,
quantas forças G o piloto está experimentando. Neste em libras, que o motor está criando?
caso seria de 1,82 Gs.
P (Vf-Vi)
F=
As Leis do Movimento de Newton Gt
Primeira Lei 150 (1200-100)
F=
Quando um mágico puxa a toalha de uma mesa e 32,2 (1)
deixa pratos e copos intactos em seus lugares ele não
F=5.124 libras de impulso
está demonstrando nenhuma arte mística, mas sim
o princípio da inércia. A inércia é responsável pelo
desconforto sentido quando um avião dá uma parada Terceira Lei
repentina após aterrissagem e taxiar e os passageiros A terceira lei do movimento de Newton é frequen-
são arremessados para frente. A inércia é uma proprie- temente chamada de lei da ação e reação. Ela afirma
dade da matéria. Esta propriedade de matéria é des- que para cada ação há uma reação igual e oposta. Isto
crita como a primeira lei do movimento de Newton, significa que se uma força aplicada a um objeto, o ob-
que afirma: jeto irá produzir uma força de resistência exatamente
Objetos em descanso tendem a permanecer em des- igual, e na direção oposta, da força aplicada. É fácil
canso e objetos em movimento tendem a manter a ver como isso pode se aplica a objetos em repouso. Por
mesma velocidade e mesma direção, a não ser que exemplo,quando um homem está de pé, no chão, o piso
sofram alguma força externa. exerce uma força contra seus pés exatamente igual ao
seu peso. Mas esta lei é também aplicável quando uma
Segunda Lei força é aplicada a um objeto em movimento.
Os corpos em movimento tem uma propriedade cha-
mada impulso. Um corpo que tenha um grande im- A força sempre existe em pares. O termo “força ativa”
pulso tem uma forte tendência a permanecer em mo- significa a força que um corpo exerce sobre um se-
vimento e, assim, dificuldade em parar. Por exemplo, gundo corpo, e força de reação significa a força que o
um trem que esteja se movimentando, mesmo que em segundo corpo exerce no primeiro.
baixa velocidade, tem dificuldade de parar em função Quando uma hélice de avião empurra uma corrente
da sua grande massa. A segunda lei de Newton refere- de ar para trás, com uma força de 500 libras, o ar em-
se a esta propriedade. Ela afirma que: purra as lâminas para frente, com uma força de 500
Quando uma força age sobre um corpo o impulso libras Esta força para a frente faz com que a aeronave
daquele corpo é alterado. A taxa de impulso é pro- se mova para a frente. Um motor turbo hélice exerce
porcional a força aplicada. Baseado na segunda lei de uma força sobre o ar que entra no duto de entrada,
Newton a fórmula para se calcular o impulso é uma causando uma aceleração na saída do duto do venti-
derivada, afirmando que a força é igual a massa vezes lador e o tubo de escape. O ar acelerando para a parte

3- 18

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traseira é a ação, e a força dentro do motor é a reação, B
também chamado de impulso.

Movimento Circular
O movimento circular é o movimento de um objeto WT
ao longo de uma rota curta que tem um raio constante. “C”
Por exemplo, em uma ponta de um fio um objeto está

Centripetal Force
amarrado, e a outra ponta está segura pela mão, o ob- A
jeto pode girar em círculo. O objeto é constantemente
desviado de um caminho em linha reta em virtude da
atração exercida pela corda, conforme mostrado pela
rce
Figura 3-26. Quando o peso estiver no ponto A, devi- l Fo
u ga
do a inércia ele tende a continuar em movimento em if
ntr
Ce
linha reta e terminar no ponto B. Em função da força
exercida pelo fio o objeto é forçado a se movimentar
em uma rota circular e termina no ponto C.

O fio exerce uma força centrípeta no objeto, e o objeto


exerce uma força igual e oposta no fio, obedecendo a
terceira lei do movimento de Newton. A força que é
igual a força centrípeta, mas agindo na direção oposta,
é chamada de força centrífuga.
Figura 3-26
A força centrípeta é sempre diretamente proporcional
a massa do objeto em movimento circular. Então, se
a massa do objeto na Figura 3-26 é duplicada, o pu-
xão na corda deve ser dobrado para manter o objeto
em sua rota circular, desde que a velocidade do objeto Força Centrípeta = Massa (Velocidade2 ) ÷Raio
permaneça constante.
Força Centrípeta = 10 (5002 )÷32,2 (3)
A força centrípeta é inversamente proporcional ao
raio do círculo no qual está se deslocando. Se o fio da = 25.880 lb
Figura 3-26 for encurtado e a velocidade permanecer
constante, o puxão no fio deve ser aumentado, porque Nas condições identificadas no exemplo o objeto se
o raio foi diminuído, e o fio deve puxar o fio de sua comporta como se seu peso fosse 2.588 vezes maior
rota linear mais rapidamente. Usando o mesmo racio- do que é. Também pode se dizer que o objeto está ex-
cínio o puxão no fio deve ser aumentado se o objeto perimentando 2.588 Gs (força da gravidade). As pás
girar mais rapidamente na sua órbita. Assim, a força de uma hélice em um motor turbo hélice, quando o
centrípeta é diretamente proporcional ao quadrado da motor está operando em sua capacidade máxima de
velocidade do objeto. A fórmula da força centrípeta é rpms, está experimentando, pela mesma razão, muitos
a seguinte: milhares de Gs.

Força Centrípeta=Massa (Velocidade2 )÷Raio Calor


Para a fórmula acima a massa seria o peso divido pela O calor é uma forma de energia. É produzido pela
gravidade, a velocidade seria em pés por segundo, e o conversão de uma forma de energia em outras. O ca-
raio seria em pés. lor também pode ser definido como a energia cinética
total das moléculas de qualquer substância.
Exemplo: Qual seria a força centrípeta se um peso de Algumas formas de energia que podem ser converti-
10 quilos estivesse se movendo em uma rota circular das em energia térmica são as seguintes:
com raio de 3 pés a uma velocidade de 500 fps?

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• Energia Mecânica. Isto inclui todos os mé- desta forma energia cinética, trabalho tem que se feito
todos de produção do aumento de movimen- para deslizar um corpo sobre o outro. A energia me-
to das moléculas, tais como a fricção, im- cânica é aparentemente transformada, e o que conhe-
pacto dos corpos, ou compressão dos gases. cemos como calor é na verdade energia cinética das
pequenas subdivisões moleculares da matéria.
• Energia Elétrica. A energia elétrica é convertida
em energia térmica, quando uma corrente atra- Unidades de Energia Térmica
vessa qualquer forma de resistência como um Duas unidades diferentes são utilizadas para se expres-
ferro elétrico, luz elétrica ou cobertor elétrico. sar quantidades de energia térmica. Elas são as calorias
e os BTUs. Uma caloria é igual a quantidade de calor
• Energia Química. A maioria das reações quími- necessária para alterar a temperatura de 1 grama de água
cas converte energia potencial armazenada em 1 grau Centígrado (1ºC). Este termo caloria (grafado
calor. Alguns exemplos são os efeitos explosi- com “c” minúsculo) é 1/1.000 de uma Caloria (grafado
vos da pólvora, a queima do óleo ou da ma- com “C”maiúsculo) usada para medir a energia térmica
deira, e a combinação de oxigênio e gordura. dos alimentos. Um BTU é definido como a quantidade
de calor necessária para alterar a temperatura de 1 libra
• Energia Radiante. Ondas eletromagnéticas de água em 1 grau Fahrenheit (1ºF). A caloria e o grama
de determinadas frequências produzem calor dificilmente são usados para se discutir manutenção de
quando são absorvidas pelos corpos que elas aeronaves. O BTU, porém, e usado frequentemente em
atingem, como os raio-x, raios de luz, e raios discussões sobre eficiência de energia térmica e o con-
infravermelhos. teúdo de calor do combustível de aviação.

• Energia Nuclear. A energia armazena- Um equipamento conhecido como calorímetro é


da no núcleo dos átomos é liberada du- usado para medir quantidades de energia térmica.
rante o processo de fissão nuclear, em Por exemplo, ele pode ser usado para se determinar
um reator nuclear ou explosão atômica. a quantidade de energia térmica disponível em 1 li-
bra de gasolina de aviação. Um determinado peso de
• O Sol. Toda energia térmica pode ser direta ou combustível é queimado no calorímetro e a energia
indiretamente rastreadas pelas reações nuclea- térmica é absorvida por uma grande quantidade de
res que ocorrem no sol. água. Pelo peso da água e o aumento da sua tempera-
tura é possível calcular o rendimento térmico do com-
Quando um gás é comprimido trabalho é realizado e bustível. Existe uma real relação entre calor e energia
o gás fica morno ou quente.Da mesma forma, quando mecânica. Esta relação foi estabelecida e verificada
um gás que está sob alta pressão expande, ele começa a por diversos experimentos que mostram que:
arrefecer. No primeiro caso, trabalho converteu energia
em calor, e no segundo caso a energia térmica foi des- Um BTU de energia térmica = 778 ft-lb de trabalho
pendida. Se o calor é emitido ou absorvido deve haver Conforme discutido anteriormente neste capítulo, no
uma relação entre energia térmica e trabalho. Da mes- tópico sobre energia potencial, uma libra de gasolina
ma forma, quando duas superfícies são friccionadas de aviação contém 18.900 BTUs de energia térmica.
uma contra a outra, o atrito cria calor. Contudo, como Tendo em vista que cada BTU é capaz de 778 ft-lb
o trabalho é a causa do calor, e por experimentação foi de trabalho, 1 libra de gasolina de aviação é capaz de
mostrado que o trabalho necessário e a quantidade de 14.704.200 ft-lb de trabalho.
calor produzido são proporcionais. Assim, o calor pode
ser considerado como uma forma de energia. Energia Térmica e Eficiência Térmica
Eficiência térmica é a relação entre o potencial da for-
De acordo com essa teoria do calor ser uma forma de ça contida em uma fonte específica de calor e quanta
energia as moléculas, átomos e elétrons de todos os força útil é realmente criada quando a fonte de calor é
corpos estão em um contínuo estado de movimento. usada. A fórmula para se calcular a eficiência térmica é:
Em um corpo aquecido, estas pequenas partículas tem
uma quantidade relativamente grande de energia ciné- Eficiência Térmica =
tica, e os corpos mais frios tem menos. Uma vez que Cavalos de Força Produzidos ÷ Cavalos de Força Po-
as pequenas partículas são dotadas de movimento, e tenciais no Combustível

3- 20

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Por exemplo, considerando um motor de pistão usa- metais conduzem o calor muito melhor do que outros.
do em um avião pequeno de aviação geral, que tipi- Alumínio e cobre são usados em panelas e frigideiras
camente consome 0,5 libras de combustível por hora porque conduzem o calor muito rapidamente. Madei-
para cada cavalo de força que cria. Imagine que o mo- ra e plásticos são usados em alças porque eles condu-
tor está criando 200 hps. Se multiplicarmos 0,5 pelos zem calor muito lentamente.
200 cavalos de força descobrimos que o motor está
consumindo 100 libras de combustível por hora, ou A Figura 3-27 ilustra as diferentes taxas de condução
1,67 libras por minuto. Anteriormente, neste mesmo de diversos metais. Dos que estão listados, prata é o
capítulo, foi dito que um cavalo de força equivale a melhor condutor e chumbo é o pior. Conforme dito
33.000 ft-lb de trabalho por minuto. Os cavalos de anteriormente cobre e alumínio são usados em frigi-
força potenciais do combustível queimado neste mo- deiras e panelas porque são bons condutores. É inte-
tor do exemplo seria de: ressante reparar que prata, cobre e alumínio também
1,67 lb por minuto x 18.900 BTU por lb x 778 ft lb por BTU
são excelentes condutores de eletricidade.
H=
33.000 ft-lb/min
Líquidos não condutores de calor tão bons quanto os me-
Hp=744 tais. Reparem que o gelo no tubo de teste mostrado na
Figura 3-28 não está derretendo rapidamente mesmo que
O motor do exemplo está queimando combustível o a água que está em cima esteja fervendo. A água conduz
suficiente para se criar 744 cavalos de força poten- calor de forma tão deficiente que o calor não chega até o
ciais, mas está criando apenas 200. A eficiência térmi- gelo em quantidade suficiente para derretê-lo.
ca do motor seria:
Os gases são ainda piores para conduzir calor. É pos-
Eficiência Térmica = Hp Produzido÷Hp em Combustível sível ficar bastante perto de um fogão sem se quei-
=200 ÷ 744 mar porque o ar é um condutor de calor muito pobre.
=0,2688 ou 26,88% Desde que a condução é um processo onde o aumento
de energia molecular é passada adiante pelo contato,
Mais de 70 por cento da energia em combustível não gases são condutores pobres.
está sendo usada para criar cavalos de força utilizáveis. No ponto de aplicação da fonte de calor, as moléculas
A energia desperdiçada está na forma de atrito e calor. tornam-se violentamente agitadas. Estas moléculas
Uma grande quantidade de calor é lançada na atmosfe- atacam as moléculas adjacentes provocando agitação.
ra e não é utilizada dentro do motor para criar potência. Este processo continua até que a energia do calor seja
distribuída uniformemente por toda a substância. Em
Transferência Térmica função das moléculas estarem mais separadas nos ga-
Existem três métodos pelos quais o calor é transferido ses do que nos sólidos, os gases são condutores de
de um corpo para outro ou de uma substância para calor muito ruins.
outra. Estes três métodos são condução, convecção e Os materiais que são maus condutores de calor são
radiação. usados para prevenir a transferência térmica e cha-
mados de isolantes térmicos. Uma alça de panela de
Condução madeira ou em um ferro de soldar serve como isolan-
A transferência de calor sempre acontece de áreas de te térmico. Alguns materiais, como fibra de vidro ou
grande energia térmica para áreas de baixa energia amianto são maus condutores de calor. Estes materiais
térmica. A transferência térmica por condução exige são usados em muitos tipos de isolantes.
que exista contato físico entre o objeto que tem uma
grande quantidade de energia térmica e outro que tem Convecção
uma pequena quantidade de energia térmica. A convecção é o processo pelo qual o calor é transfe-
Todos sabem, por experiência, que a alça de metal de rido pelo movimento de um fluido aquecido (gás ou
uma panela aquecida pode queimar as mãos. As al- líquido). Por exemplo, uma lâmpada incandescente,
ças de plástico ou madeira permanecem relativamente quando aquecida, se tornará cada vez mais quente até
frescas mesmo se em contato direto com a panela. O que o ar ao redor dela comece a se mover. O ar se mo-
metal transfere o calor mais facilmente que a madeira vimenta para cima. Este movimento para cima do ar
porque é um melhor condutor de calor. Materiais di- aquecido leva o calor para longe da lâmpada, por con-
ferentes conduzem calor de formas diferentes. Alguns vecção. A transferência de calor por convecção pode

3 21

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1.10 Steam
1.00 1.00
.94 Boiling
.90 water

.80 Water

.70

.60 .57 Ice

SILVER
.50

COPPER
.40 .37 Metal ring to keep
ice from rising

ALUMINUM
.30
.22 MAGNESIUM
.20 .18
NICKEL

.10 .08
IRON
LEAD

Figura 3-27 depende da convecção do ar para resfriamento, mas


ao invés disso de convecção forçada a ar proveniente
ser acelerada pelo uso de um ventilador que mova o da hélice do motor. O calor gerado no interior do motor
ar que rodeia o objeto quente. A taxa de arrefecimen- chega as aletas de arrefecimento do cilindro por condu-
to de um componente eletrônico aquecido, como a ção, o que significa a transferência dentro do metal do
CPU de um computador, pode ser aumentada se for cilindro. Quando o calor chega até as aletas, o ar força-
guarnecido de barbatanas de cobre que conduzem o do a fluir em torno dos cilindros leva o calor embora.
calor para longe da superfície quente. As barbatanas
proporcionam grandes superfícies contra as quais o ar Radiação
frio pode ser soprado. Condução e radiação não respondem, totalmente, por
alguns dos fenômenos associados com a transferên-
Um processo de convecção pode acontecer em líqui- cia térmica. Por exemplo, o calor que alguém sente
dos ou gases. Um bom exemplo disso é uma panela quando senta na frente de uma fogueira não pode
de água em um fogão. O fundo da panela fica quente ser transferido por convecção porque as correntes de
porque conduz o calor da superfície na qual está em ar movem-se ao redor da fogueira. Ele não pode ser
contato. A água no fundo da panela também aquece transferido por condução porque a condutividade do
em virtude da condução. Como a água aquecida co- ar é muito pequena, e as correntes frias de ar, que se
meça a subir e a água mais fria se move para o lugar movem ao redor da fogueira mais do que ultrapassam
dela a convecção começa a acontecer. a transferência térmica para o exterior. Assim, deve
haver alguma forma do calor viajar pelo espaço além
Quando a circulação de gás ou líquido não é rápida o da condução e da convecção.
suficiente para retirar calor o suficiente, ventiladores
ou bombas são usados para acelerar o movimento e A existência de outro processo de transferência térmica
o arrefecimento do material. Em algumas instalações é ainda mais evidente quando o calor do sol é conside-
bombas são usadas para fazer circular água ou óleo rado. Uma vez que a condução e a convecção aconte-
para ajudar a refrescar equipamentos grandes. Em cem apenas através de algum meio, seja gasoso ou li-
instalações a bordo de aeronaves ventiladores e cir- quido, o calor do sol deve chegar até a terra por alguma
culadores de ar elétricos são usados para auxiliar a outra forma, porque o espaço é quase que totalmente
convecção. vácuo. Radiação é o nome dado para este terceiro mé-
todo de transferência térmica.
Uma aeronave com motor de pistão refrigerado a ar
é um bom exemplo de convecção sendo usado para O termo “radiação” refere-se a emissão contínua de
transferência térmica. O motor mostrado na Figura energia de uma superfície para todos os corpos. Esta
3-29 é um Continental IO-520, com seis cilindros energia é conhecida como energia radiante. Ela aconte-
repletos de aletas refrigerados a ar. Este motor não ce na forma de ondas eletromagnéticas, ondas de rádio,

3- 22

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Figura 3-29

ou raios-x, que são todos parecidos exceto pela dife- Calor Específico
rença de comprimento de onda. Estas ondas viajam na Uma forma importante na qual uma substância difere
velocidade da luz e são transmitidas pelo vácuo mais é na exigência de quantidades diferentes de calor para
facilmente do que pelo ar, porque o ar absorve algumas produzir alteração de temperatura de uma determinada
delas. A maioria das formas de energia pode ser rastrea- massa de substância. Cada substância exige uma de-
da para a energia da luz solar. A luz do sol é uma forma terminada de calor, sua capacidade específica de calor,
de energia térmica radiante que viaja pelo espaço para para aumentar a temperatura de uma unidade de sua
alcançar a terra. Estas ondas eletromagnéticas de calor massa em 1ºC. A calor específico de uma substância é
são absorvidas quando entram em contato com corpos a razão da sua capacidade de calor específica para a ca-
não transparentes. O resultado é que o movimento das pacidade de calor específica da água. O calor específico
moléculas em um corpo são aumentadas como indica- é expresso com um número que, por ser uma razão, não
do pelo aumento da temperatura corporal. tem unidades e se aplica tanto para o sistema Inglês e
o sistema métrico.
As diferenças entre condução, convecção e radiação
podem ser consideradas agora. Primeiro, embora a É sorte que a água tenha uma capacidade de calor es-
condução e a convecção sejam extremamente lentas, pecífica alta. Grandes corpos de água na terra mantém
a radiação acontece na velocidade da luz. Este fato é o ar e a matéria solida na superfície, ou perto dela, a
evidente em um eclipse solar quando o calor do sol uma temperatura relativamente constante. Uma grande
diminui ao mesmo tempo em que a luz solar diminui. quantidade de calor é necessária para mudar a tempera-
Segundo, o calor da radiação pode passar através de tura de um lago grande ou de um rio. Assim, quando a
um meio sem aquecê-lo. Por exemplo, o ar dentro de temperatura cai abaixo daquela dos grandes corpos de
uma estufa pode ser muito mais quente do que o vi- água, eles liberam grandes quantidades de calor. Este
dro que deixa os raios de sol passar. Terceiro, embora processo evita a temperatura atmosférica da superfície
a transferência térmica por condução ou convecção da terra mude rapidamente.
pode viajar por desvios, o calor de radiação sempre
viaja em linha reta. Por exemplo, a radiação pode ser Os valores de calor específico de alguns matériais co-
eliminada por uma tela colocada entre a fonte de calor muns estão listados na Figura 3-30.
e o corpo a ser protegido.

3 23

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Temperatura
A temperatura é um fator dominante que afeta as pro- nos 40º, ou 420º absolutos. Devemos salientar que a
priedades físicas dos fluidos. É de especial interesse escala Rakine não indica a temperatura absoluta nas
para o cálculo das mudanças de estado dos gases. leituras de acordo com a escala Kelvin, mas estas tem-
As quatro escalas de temperatura mais utilizadas são peraturas podem ser usadas para cálculos de mudan-
Centígrada, Fahrenheith, o absoluto ou Kelvin, e as es- ças dos estados dos gases.
calas Rankine. A escala Centígrada é construída pelo
uso dos pontos de congelamento e fervura da água, em As escalas Kelvin e Centígrada são usadas mais ampla-
condições padrão, como os pontos fixos de 0 e 100, mente em trabalhos científicos, assim, alguns manuais
respectivamente, com 100 divisões iguais entre estes técnicos podem usar estas escalas quando dão instru-
pontos. A escala Fahrenheit usa 32º como ponto de ções e orientações de operação. A escala Fahrenheit é
congelamento da água e 212º como ponto de fervura, normalmente usada nos Estados Unidos e a maioria
e tem 180 divisões iguais entre eles. A escala absoluta das pessoas esta familiarizada com ela. Assim, a escala
ou Kelvin foi construída estabelecendo-se que o ponto Fahrenheit é usada em grande parte deste livro.
zero era menos 273ºC, sendo 273º abaixo do ponto de
congelamento da água. As relações dos outros pontos Expansão e Contração Térmica
fixos das escalas são mostradas na Figura 3-31. A expansão térmica acontece com os sólidos, líqui-
dos e gases quando eles são aquecidos. Com poucas
Quando trabalhamos com temperaturas devemos nos exceções os sólidos se expandem quando aquecidos e
certificar, sempre, qual sistema de medidas está sendo contraem quando resfriados. Como as moléculas dos
usado e saber como converter de um para outro. As fór- sólidos estão muito mais próximas umas das outras
mulas de conversão são as seguintes: e são mais fortemente atraídas umas pelas outras, a
expansão dos sólidos, quando aquecidos, é muito sutil
Graus Fahrenheit=(1,8 x Graus Celsius)+ 32 se comparada com a expansão dos líquidos e gases. A
Graus Celsius=(Graus Fahrenheit-32) x 5⁄9 expansão dos fluidos é discutida no estudo sobre a lei
Graus Kelvin=Graus Celsius+273 de Boyle. A expansão térmica em sólidos deve ser ex-
Graus Rankine=GRaus Fahrenheit+460 plicada em alguns detalhes pela sua relação próxima
com os metais e materiais das aeronaves.
Para fins de cálculo a escala Rankine é normalmen-
te usada para se converter Fahrenheit absolutos. Para Como algumas substâncias se expandem mais do
leituras de Fahrenheit acima de zero, adiciona-se que outras, é necessário medir experimentalmente
460º. Assim, 72ºF é igual e 460º mais 72º, ou 532º a taxa exata de expansão de cada um. A quantidade
absolutos. Se a leitura em Fahrenheits for abaixo de de unidades de comprimento que cada substância se
zero, subtrai-se 460º. Assim, -40ºF é igual a 460º me- expande, pelo aumento de um grau de temperatura,

Material 100 373 212 672 Pure water boils

Lead 0.031

Mercury 0.033
0 273 32 492 Pure water freezes
Brass 0.094

Copper 0.095

Iron or Steel 0.113


−273 0 −460 0 Molecular motion
Glass 0.195 ceases at absolute
zero
Alcohol 0.547
Celsius Kelvin Fahrenheit Rankine
(Centigrade)
Aluminum 0.712

Water 1.000 Figura 3-31

Figura 3-30

3- 24

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é conhecido como coeficiente de expansão linear da Pressão
referida substância. O coeficiente de expansão linear Pressão é a quantidade de força que atua sobre uma
de diversos materiais é mostrado na Figura 1-32. determinada quantidade de área de superfície. A força
é medida em libras e a área de superfície em polega-
Para se estimar a expansão de qualquer objeto, tal das quadradas, sendo as unidades de pressão em libras
como o aço ferroviário, é necessário que três coisas so- por polegada quadrada ou psi. Se um peso de 100 li-
bre ele sejam conhecidas: seu comprimento, o aumento bras for colocado no topo de um bloco com uma área
de temperatura a que está sujeito, e o seu coeficiente de de superfície de 10in2, a distribuição média de peso
expansão. A relação é expressa pela equação: seria de 10 libras para cada polegada quadrada (100
÷ 10), ou 10 psi.
Expansão=(coeficiente)x(comprimento)x(aumento de
temperatura) Quando a pressão atmosférica é medida, além do psi,
outras formas de medida de pressão podem ser usadas.
Se uma haste de aço mede exatamente 9 pés a 21ºC, Estas incluem polegadas ou milímetros de mercúrio, e
qual é o comprimento a 55ºC? O coeficiente de ex- milibares. A pressão atmosférica padrão dia é igual a
pansão do aço é de 11 x10-6. 14,7 psi, 29,92 polegadas de mercúrio (“Hg), 760 mi-
límetros de mercúrio (mm Hg), ou 1013,2 milibares.
Expansão=(11 x 10-6 )x (9 pés)x 34˚ A relação entre estas unidades de medida é a seguinte:

Expansão=0,003366 pés 1 psi = 2,04 “Hg


1 psi = 51,7 mm Hg
Este valor, quando somado ao comprimento original 1 psi = 68,9 milibares
da haste, faz com que ele tenha 9,003366 pés de com-
primento. Seu comprimento foi aumentado em apenas O conceito por trás da medida de pressão em polega-
4
⁄100 de polegada. das de mercúrio envolve encher um tubo de teste com
mercúrio líquido e cobrir o topo. O tubo de teste é então
O aumento de comprimento da haste é relativamente virado de cabeça para baixo e colocado em um reci-
pequeno, mas se ela estivesse colocada em um lugar piente aberto de mercúrio, e então a parte de cima é
onde não pudesse se expandir, ocorreria uma tremen- destampada. A gravidade, agindo sobre o mercúrio no
da força sendo exercida em virtude da expansão tér- tubo de teste fará com que o mercúrio escorra para fora.
mica. Assim, a expansão térmica deve ser levada em A pressão atmosférica empurra o mercúrio para baixo,
consideração quando fuselagens, estações de força e no recipiente aberto, e tenta fazer com que o mercúrio
equipamentos correlatos são projetados. fique no tubo de ensaio. Em algum momento estas duas
forças (gravidade e pressão atmosférica) se equivale-
rão e o mercúrio irá se estabilizar a uma certa altura no
Substance
Per Degree Centigrade tubo de teste. Sob as condições de pressão atmosférica
Aluminum 25 × 10− 6 padrão dia, o ar, em uma coluna de 1-in2 a coluna de ar
Brass or Bronze 19 × 10− 6 pesaria 14,7 libras. Uma coluna de mercúrio de 1 in2,
Brick 9 × 10− 6
com 29,92 polegadas de altura, também pesaria 14,7
libras. É por isso que 14,7 psi é igual a 29,92 “Hg. A
Copper 17 × 10− 6
Figura 3-33 demonstra este ponto.
Glass (Plate) 9 × 10− 6
Glass (Pyrex) 3 × 10− 6
Pressão Manométrica
Ice 51 × 10− 6 Quando um instrumento, como um manômetro de
Iron or Steel 11 × 10− 6 pressão de óleo, manômetro de pressão de combus-
Lead 29 × 10− 6 tível, ou manômetro de pressão do sistema hidráulico
Quartz 0.4 × 10− 6 mostrar uma pressão que esteja além da ambiente, a
Silver 19 × 10− 6 leitura é chamada de pressão manométrica (psig). Ela
pode ser vista no manômetro de pressão de combus-
Figura 3-32 tível mostrado na Figura 3-34. Quando a bomba de
óleo, combustível, ou hidráulica não estiverem fun-
cionando a leitura no mostrador indicará zero.

3 25

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Vacuum

40 50 60
30 70
20 80
14.7 psi 760 mm
Atmospheric 29.92 in
pressure 10 90

0 100

Fuel Pressure
psi

Figura 3-34

Figura 3-33

35 30 28
26
Pressão Absoluta 30 29.5
24
O medidor que inclui a pressão atmosférica em seu psi 22
20
leitor está medindo o que é conhecido como pressão
25 18
absoluta, ou psia. A pressão absoluta é igual a medi-
Man. Fuel
da de pressão mais pressão atmosférica. Se alguém Press. Flow
14
ligar algum instrumento indicador psia a um sistema ("Hg) ( Gal⁄Hr )
de motor a óleo o medidor lerá a pressão atmosféri- 20
ca quando o motor não estiver funcionando. Como 10
isso não faz muito sentido para um operador típico, 4.0 psi
15 6
os medidores psia não são usados neste tipo de apli-
cação. Um medidor de pressão de admissão de um
10
motor de combustão pode indicar uma pressão me-
nor que a pressão atmosférica se o motor não estiver
sobrecarregado, e maior se estiver sobrecarregado. O
Figura 3-35
único medidor que tem essa possibilidade de mostrar
diversas leituras diferentes é o medidor de pressão
absoluta. A Figura 3-35 mostra o medidor de pressão
de admissão, com um mostrador que vai de 10 “Hg
até 35 “Hg. Lembre que 29,92 “Hg é a pressão atmos-
férica padrão.

Pressão Diferencial
Pressão diferencial, ou psid, é a diferença entre as
pressões lidas em dois locais diferentes no sistema.
Por exemplo, no sistema de uma turbina de motor a
óleo a pressão é lida enquanto entra no filtro de óleo,
e também quando sai. Estas duas leituras são enviadas
para um transmissor que liga uma lâmpada localizada
na cabine de comando. Qualquer resistência ao fluxo
provocará uma queda de pressão. Se o filtro de óleo Figura 3-36

3- 26

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entupir, a queda de pressão aumentará e fará com que da, o volume era reduzido a metade do valor anterior.
a luz do painel se acenda. Quando a pressão absoluta aplicada diminuía, o volu-
me resultante aumentava. A partir destas observações
A Figura 3-36 mostra o medidor de pressão diferencial ele concluiu que em temperatura constante o volume e
para o sistema de pressurização de um Boeing 737. Neste pressão absoluta de um gás contido em um recipiente,
caso, a diferença de pressão é entre a parte interna e exter- permaneciam constantes. A lei de Boyle afirma que:
na da aeronave. Se a diferença de pressão se torna grande “O volume de um gás seco, mantido dentro de um
demais pode haver uma sobrecarga na estrutura do avião. recipiente, varia de forma inversa a sua pressão abso-
luta, desde que a temperatura se mantenha constante”.
Leis dos Gases A fórmula a seguir é usada para os cálculos da lei de
A estrutura simples dos gases torna-os facilmente Boyle. Lembre-se que a pressão precisa ser absoluta.
adaptáveis a análise matemática, que evoluiu em uma
detalhada teoria sobre o comportamento dos gases. É Volume 1 x Pressão 1 = Volume 2 x Pressão 2
chamada de teoria cinética dos gases. A teoria afir- ou
ma que um corpo gasoso é composto por moléculas V1P1 = V2P2
idênticas que se comportam como minúsculas esferas
elásticas, relativamente espaçadas umas das outras e Exemplo: 10 ft3 de nitrogênios estão sob pressão de
em movimento constante. 500 psia. Se o volume for reduzido a 7 ft3 qual será a
pressão? [Figura 3-37]
O nível de movimento molecular depende da tempera-
tura do gás. Como as moléculas estão continuamente V1P1 = V2P2
colidindo umas com as outras, e contra as paredes do 10 (500)= 7 (P2)
recipiente em que estão, um aumento de temperatura, 10 (500)÷7=P2
como resultado de um aumento de movimento mole- P2=714,29 psia
cular causa um correspondente aumento do número
de colisões entre as moléculas. Um maior número de As aplicações úteis da lei da Boyle são comuns e variadas.
colisões provoca um aumento de pressão devido a um Algumas aplicações mais comuns na aviação são as seguin-
maior número de moléculas colidindo contra as paredes tes: (1) o dióxido de carbono (CO2) engarrafado usado para
do recipiente em um determinado período de tempo. inflar botes e coletes salva vidas; (2) o oxigênio comprimi-
do e os tanques de acetileno usados para soldagem; (3) os
Se o recipiente fosse aberto o gás poderia se expandir e freios a ar e amortecedores; e (4) o uso de tanques de oxi-
sair do recipiente. Contudo, se o recipiente for lacrado gênio para voos em grande altitude e uso em emergências.
e elástico (como um balão de borracha), o aumento de
pressão fará com que o recipiente se expanda. Por exem- Lei de Charles
plo, quando dirigimos por uma longa distância, em um O cientista francês Jacques Charles desenvolveu gran-
dia quente, a pressão dentro dos pneus do carro aumenta, de parte da fundação da moderna teoria cinética dos
e um pneu que parecia não estar macio, não tão cheio, gases. Ele descobriu que todos os gases se expandem
quando estava frio, na temperatura manhã, vai parecer e contraem em proporção direta com a mudança da
cheio com a temperatura mais quente do meio dia. temperatura absoluta, desde que a pressão se mante-
nha constante. A formula da sua lei é a seguinte:
Fenômenos como esses foram explicados e forma-
tados na forma de leis relacionadas aos gases e que Volume 1 x Temperatura Absoluta 2=Volume 2 x
apoiam a teoria cinética. Temperatura Absoluta 1
ou
Lei de Boyle V1T2 = V2T1
Conforme afirmado anteriormente a compressibilida-
de é uma característica marcante dos gases. O cientis- A lei de Charles também é valida se o volume for
ta inglês Robert Boyle foi um dos primeiros a estudar mantido constante mas a pressão e temperatura varia-
as características chamadas de “elasticidade do ar”. rem. Neste caso a formula usada é:
Através de medições diretas ele descobriu que quan-
do a temperatura de uma amostra combinada de gás P1T2=P2T1
era mantida constante e a pressão absoluta duplica-

3 27

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Pressão 1 (Volume 1) Pressão 2 (Volume 2)
=
Temperatura 1 Temperatura 1
3
ou

P1 (V1)(T2)= P2 (V2)(T1)

Quando usarmos a formula da lei geral dos gases a


temperatura e a pressão devem ser absolutas.

Catch Exemplo: 20 ft3 de gás argônio está comprimido


10 lbs. bucket em 15 ft3. O gás começa a uma temperatura de 60ºF e
a uma pressão de 1.000 psig. Após a compressão sua
0.11 cu'
temperatura passar para 90ºF. Qual será a sua nova
0.11 cu' pressão em psig?

60 graus Fahrenheit=520 graus Rankine


Over 90 graus Frahrenheit=550 graus Rankine
7
1.000 psig+14,7=1.014,7 psia
P1 (V1)(T2)= P2 (V2)(T1)
1.014,7 (20)(550)= P2 (15)(520)
P2=1.431 psia
P2=1.416,3 psig
Figura 3-37

Lei de Dalton
Se uma mistura de dois ou mais gases que não com-
Nesta segunda fórmula a pressão e a temperatura de- binam quimicamente é colocada em um recipiente,
vem ser absolutas. cada gás vai se expandir pelo espaço total e a pressão
absoluta de cada gás é reduzida a metade do seu va-
Exemplo: Um cilindro de oxigênio de 15 ft3 está a lor, chamado de pressão parcial. Esta redução está de
uma temperatura de 70ºF e a uma pressão de 750 acordo com a Lei de Boyle. A pressão dos gases mis-
psig. O cilindro é colocado ao sol e a temperatura turados é igual a soma das pressões parciais. Este fato
do oxigênio aumenta para 140ºF. Qual será a nova foi descoberto por Dalton, um físico inglês, e é des-
pressão em psig? crito pela Lei de Dalton: “A mistura de diversos gases
que não reagem quimicamente exerce uma pressão
70 graus Fahrenheit=530 graus Rankine igual a soma das pressões que os diversos gases iriam
140 graus Fahrenheit=600 graus Rankine exercer separadamente se eles pudessem ocupar todo
750 psig+14,7=764,7 psia o espaço sozinhos, a uma determinada temperatura.
50 psig+14,7=764,7 psia
P1T2=P2T1 Mecânica dos Fluidos
764,7 (600)= P2 (530)
P2=764,7 (600)÷530 Um fluido, por definição, é qualquer substância que seja
P2=865,7 psig capaz de fluir se não estiver de alguma forma, confinado
P2=851 psig ou restrito. Tantos os gases como os líquidos são classifica-
dos como fluidos, e agem, frequentemente, de forma muito
Lei Geral dos Gases parecida. Uma diferença significante aparece quando uma
Da combinação das leis de Boyle e Charles pode-se força é aplicada nestes fluidos. Os líquidos tendem a ser
derivar uma expressão que afirma todas as informa- incompressíveis, e os gases são altamente compressíveis.
ções contidas em ambas as leis. A fórmula usada para Muitos dos princípios nas quais a aviação está baseada tais
expressar a lei geral dos gases é a seguinte: como o princípio de sustentação da asa e a força gerada por
um sistema hidráulico, podem ser explicados e quantifica-
dos usando-se as leis da mecânica dos fluidos.

3- 28

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Flutuabilidade Arquimedes (287AC – 212AC) realizou uma expe-
Um corpo sólido, submerso em um gás ou líquido riência parecida. Como resultado ele descobriu que
pesa menos. Isso acontece porque existe uma força de a força de flutuabilidade que um fluido exerce sobre
baixo para cima, chamada de força de flutuabilidade, um corpo submerso é igual ao peso do fluido que o
que qualquer fluido exerce em um corpo que está sub- corpo desloca. Esta afirmação é chamada de Princípio
merso nele. Um objeto flutuará se esta força para cima de Arquimedes. Este princípio é aplicado a todos os
for maior que o peso do objeto. Objetos que sejam fluidos, gases ou líquidos. Assim como a água exer-
mais densos que o fluido, mesmo que afundem ime- ce uma força de flutuabilidade em objetos submersos,
diatamente, parecem perder parte de seu peso quando o ar exerce uma força de flutuabilidade nos objetos
submersos. Uma pessoa é capaz de levantar um peso imersos nele.
muito grande que está sob a água e que não seria ca-
paz de levantar se o mesmo peso estivesse fora dela. A quantidade de força de flutuabilidade disponível em
O experimento demonstrado na Figura 3-38 está rela- um objeto pode ser calculada usando-se a seguinte
cionado a flutuabilidade. Um recipiente de transferên- fórmula:
cia está cheio de água até o ladrão. Um cubo de metal
é pesado no ar e pesa 10 libras. Depois de submerso Força de Flutuabilidade=
totalmente ele é pesado novamente, e pesa 3 libras. A Volume do Objeto x Densidade do Fluido Deslocado
diferença entre os dois pesos é a força de flutuabilida-
de da água. Quando o cubo é colocado no recipiente Se a força de flutuabilidade for maior que o peso do
de transferência, a água que sai é recolhida por um objeto, ele flutuará. Se ela for menor que o peso do
balde. O volume da água que flui para este balde é objeto, ele irá afundar. Para os objetos que afundam,
igual ao volume do cubo. (O volume de objetos de o peso mensurável será menor que o peso do líquido
forma irregular pode ser medido por este método.) Se deslocado.
este experimento for realizado cuidadosamente o peso
da água deslocada pelo cubo de metal é exatamente Exemplo: Um objeto de 10 ft3 pesando 700 libras é
igual a força de flutuabilidade da água, que a balança colocado na água pura. O objeto irá flutuar? Se o
mostra como sendo de 7 libras. objeto afundar qual é o seu peso mensurável em con-
dições submersas? Se o objeto flutuar quantos pés cú-
Force pushing down on gas bicos de seu volume estarão abaixo da linha da água?

Força de Flutuabilidade=
Volume do Objeto x Densidade do Fluido Deslocado
=10 (62,4)
=624 libras

Como a força de flutuabilidade é menor que o peso


do objeto, ele afundará. A diferença entre a força de
flutuabilidade e o peso do objeto será seu peso men-
surável, ou 76 libras.

Dois bons exemplos de flutuabilidade são um dirigível


cheio de gás hélio e um hidroavião em um flutuador.
Um dirigível é capaz de flutuar na atmosfera e um hi-
droavião é capaz de flutuar na água. Isso significa que
Pressure Temperature ambos tem mais força de flutuabilidade do que peso.
increasing held constant A Figura 3-39 é um hidroavião DeHavilland Twin
Figura 3-38 Otter, com um peso de decolagem bruto de 12.500
libras. No mínimo os flutuadores deste avião devem
ser grandes o suficiente para deslocar o peso da água
igual ao peso do avião. De acordo com o Título 14 do
Código de Regulações Federais (14 CFR), parte 23,
os flutuadores devem ser 80 por cento maiores que

3 29

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o mínimo necessário para suportar o avião. Para este na metade do altura do recipiente, ela seria a metade
avião o tamanho dos flutuadores necessários pode ser de 8,34, ou 4,17 psi. Em outras palavras, a pressão é
calculado da seguinte forma: ajustável de acordo com a variação de altura da colu-
na. A pressão, baseada na altura da coluna do fluido, é
Divida o peso do avião pela densidade da água. conhecida como pressão estática. Com líquidos como
12.500 ÷ 62,4 = 200,3 ft3
Multiplique este volume por 80%
200,3 x 80% = 160,2 ft3
Some os dois volumes juntos e terá o volume total
dos flutuadores.
200,3 + 160,2 = 360,5 ft3

Olhando-se o Twin Otter na Figura 3-39 é obvio que


muito do volume dos flutuadores está fora da água.
Isto se consegue certificando-se que os flutuadores
tenham pelo menos 80% mais de volume do que o
mínimo necessário. Figura 3-39

Alguns dos grandes dirigíveis da Goodyear têm volu- Suspension


cables
me de 230.000 ft3. Como o fluido no qual estão imer- Nose cone Light sign Neoprene
support cover
sos é o ar, para se encontrar a força de flutuabilidade
Control surfaces
do dirigível deve-se multiplicar o volume do dirigível
pela densidade do ar (0,07651 lb⁄ft3). Para este dirigível
da Goodyear a força de flutuabilidade é de 17.597
libras. A Figura 3-40 mostra um visão interna de um
dirigível da Goodyear. Air valves
Forward
balloonet Aft balloonet
Os balonetes, itens 2 e 4 da figura, são câmaras de Passenger car Engines
ar dentro do dirigível. Pela tomada de ar, item 9, Air scoops
o ar pode ser bombeado dentro dos balonetes, ou
retirado, para controlar o peso do dirigível. O con- Figura 3-40
trole de peso do dirigível é responsável por quanta ed water to a height of 231 inches.
elevação positiva ou negativa ele tem. Embora o
dirigível seja classificado como a aeronave mais
leve que o ar, ele é, na verdade, um pouco mais
1 in2 100 in2 150 in2
pesado.

Pressão dos Fluidos


A pressão exercida por um líquido, no fundo de um
recipiente, é determinada pelo peso do líquido e não
pelo formato do container. Isto pode ser visto na Fi-
gura 3-41, onde três containers, de diferentes formas
e tamanhos, estão cheios de água colorida. Embora
tenham formas e volumes diferentes, todos tem a
mesma altura de 231 polegadas. Em função da altura
todos exercem a mesma pressão no fundo, de 8,34 psi.
O recipiente da esquerda, com uma superfície de área
de 1 in2, tem volume de 231 in3 (um galão). Um galão
de água pesa 8,34 libras, e por isso a pressão no fundo
é de 8,34 psi.
Each pressure gauge reads 8.34 psi

Ainda sobre a Figura 3-41, se a pressão fosse medida Figura 3-41

3- 30

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a gasolina ela é chamada, as vezes, de cabeça de pres- Pressão=Força ÷Área
são. Por exemplo, se um carburador necessita de 2 psi e
na entrada (cabeça de pressão), isso pode ser obtido Área=Força ÷Pressão
pelo posicionamento do tanque de combustível algu-
mas polegadas mais alto do que o carburador.
Uma forma fácil e simples de lembrar das fórmulas
Conforme foi identificado no parágrafo anterior, a da Lei de Pascal, e da relação entre as variáveis, é com
pressão devido a altura da coluna de um fluido é co- o triangulo mostrado na Figura 3-42. Se cobrirmos a
nhecida como pressão estática. Quando o fluido está variável que queremos descobrir, a posição das outras
em movimento, e sua velocidade é convertida em duas variáveis mostra a relação matemática adequada.
pressão, a pressão é conhecida como dinâmica. Quan- Por exemplo, se a (área) “A” está coberta, o que resta
do a pressão dinâmica é a pressão estática são soma- são as áreas “F” na parte superior e “P” na inferior,
das, o resultado é conhecido como pressão total. Na significando que a Força é divida pela Pressão.
entrada de um motor de turbina a gás, por exemplo, a
pressão total é medida com frequência para fornecer Um sistema hidráulico simples da Figura 3-43 tem
um sinal ao dispositivo de medição de combustível ou uma força de 5 lb agindo em um pistão com uma área
para um indicador na cabina de comando. de superfície de ½ in2. Baseado na Lei de Pascal a
pressão no sistema seria igual a força aplicada dividi-
Lei de Pascal da pela área do pistão, ou 10 psi. Conforme mostrado
As bases da hidráulica e pneumática moderna foram na Figura 3-43, a pressão de 10 psi está presente em
estabelecida em 1653 quando Pascal descobriu que qualquer lugar no fluido.
a pressão sobre um fluido age igualmente em todas
as direções. Esta pressão atua em ângulos retos nas O sistema hidráulico da Figura 3-44 é um pouco
superfícies dos recipientes. Quando a pressão no mais complexo que o da Figura 3-43. Na Figura 3-44,
fluido é causa unicamente pela altura de um fluido a força de entrada de 5 libras agindo em um pistão de
a pressão contra as paredes do recipiente é igual em ½ in2 e criando uma pressão de 10 psi. O cilindro de
qualquer nível, mas não é igual se a pressão no fundo entrada é pistão estão conectados a um segundo cilin-
for comparada com a pressão na metade da altura. O dro, eu contem um pistão de 5 in2. A pressão de 10 psi
conceito de pressão aplicada em um fluido, e como criada pelo pistão de entrada empurra o pistão do se-
ela se relacionada com a força agindo no fluido e na gundo cilindro criando um força de saída de 50 libras.
área de superfície em que age, é a lei de Pascal.
O propósito de um sistema hidráulico é gerar uma
Na Figura 3-41, se um pistão é colocado no topo do grande força de saída, com uma força de entrada
cilindro e uma força externa empurra o pistão para muito menor. Na Figura 3-44, a força de entrada de
baixo, será criada uma pressão adicional sobre o líqui- 5 libras e de saída é de 50 libras, 10 vezes maior. A
do. Se a pressão adicional for de 100 psi, esses 100 psi relação entre a força de saída e a de entrada, confor-
irão agir de forma igual e sem diminuição do topo do me discutido previamente neste capítulo, é conhecida
cilindro até o fundo. O medidor no fundo lerá 108,34 como vantagem mecânica. A vantagem mecânica na
psi, e se o medidor for posicionado na metade da al- Figura 3-44 seria 50 dividida por 5, ou seja, 10. As
tura do cilindro a leitura será de 104,17 psi (100 mais formulas a seguir podem ser usadas para calcular a
a metade de 8,34) vantagem mecânica.

A Lei de Pascal, quando relacionada as variáveis de Vantagem Mecânica =


força, pressão e área, ela é tratada pela seguinte fórmula Força de Saida ÷Força de Entrada

Força=Pressão x Area ou

Nesta formula, a força é em libras, a pressão em libras Vantagem Mecânica =


por polegada quadrada (psi) e a área em polegadas Distância de Saída ÷Distância de Entrada
quadradas. Transpondo a fórmula original temos duas
fórmulas adicionais:

3 31

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Distance moved = 1 in
Quando falamos sobre máquinas simples tais como
alavancas e engrenagens foi dito que nenhuma máqui-
Distance moved = 20 in
na permitem que se ganhe trabalho. A mesma afirma-
ção é verdadeira para um sistema hidráulico, que não
Output
obtemos mais trabalho em um sistema hidráulico do piston
que alimentamos. Como trabalho é igual a força vezes Input piston area = 1⁄4 in2 area =
15 in2
a distância, se ganharmos força com o sistema hidráu-
lico, devemos perder distância. Só obtemos o mesmo
Piston area (distance) = Piston area (distance)
trabalho se o sistema for 100% eficiente. 1
⁄4 in2 (20 in) = 5 in (distance)
5 ÷ 5 = Distance
Distance = 1 in

Figura 3-45

F
Para se pensar sobre a distância que o pistão de saí-
da movimenta, em resposta ao movimento do pistão
de entrada, devemos considerar o volume de fluido
deslocado. No estudo de geometria aprendemos que
o volume de um cilindro é igual a área de superfície
do cilindro multiplicado por sua altura. Então, quan-

A P do um pistão de 2 in2 desce em um cilindro, por uma


distancia de 10 in, ele desloca um volume de fluido
igual a 20 in3 (2 in2 x 10 in). Os 20 in3 deslocados
pelo primeiro pistão são o que move o segundo cilin-
dro e faz com que o pistão se mova. Em um sistema
hidráulico simples de dois pistões, a relação entre a
Figura 3-42
área do pistão e a distancia movimentada é mostrada
pela seguinte fórmula.
10 psi
Force = 5 lb 10 psi Área do Pistão de Entrada (Distância Movimentada)
=Area do Pistão de Saída (Distância Movimentada)

Piston area = 1⁄2 in2


Em síntese, essa fórmula mostra que o volume que
entra é igual ao que sai. Este conceito é mostrado na
Pressure = Force ÷ Area
Pressure = 5 ÷ 1⁄2
Figura 3-45, onde um pequeno pistão de entrada mo-
Pressure = 10 psi ve-se a uma distância de 20 polegadas, e um grande
pistão de saída move-se apenas 1 polegada.
Figura 3-43
Exemplo: Um sistema hidráulico de dois pistões,
Force = 50 lb como o mostrado na Figura 3-45, tem um pistão de
10 psi entrada com uma área de ¼ in2 e um pistão de saída
Force = 5 lb 50 lb com uma área de 15 in2.Uma força de entrada de 50
libras é aplicada, e o pistão de entrada move 30 po-
Piston area legadas. Qual é a pressão do sistema, quanta força é
1 2
= 5 in2 gerada pelo pistão de saída, qual a distância que o
Piston area = ⁄2 in
pistão de saída vai se movimentar, e qual é a vanta-
gem mecânica?
Force = Pressure × Area
Force = 10 psi × 5 in2
Force = 50 lb
10 psi

Figura 3-44

3- 32

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Pressão = Força ÷Área Velocity Pressure Velocity Pressure

= 500 ÷ ¼ = 200 psi Low High Low High Low High Low High

Força = Pressão x Área


= 200 x 15
= 3.000 libras
Vantagem Mecânica = Força de Saída ÷Força de Entrada “A” “B” “C”
= 3.000 ÷50
= 60
Área do Pistão de Entrada
Low High Low High
(Distancia Movimentada) = Área do Pistão de Saída
Velocity Pressure
(Distância Movimentada)

¼ (30) = 15 (Distancia Movimentada)
Figura 3-46

¼ (30)÷15 = Distancia Movimentada
Distância Movimentada= ½ in

Parte do entendimento da Lei de Pascal e de hidráuli- Na sessão mais larga do Venturi (pontos A e C da
ca envolve a utilização de fórmulas e o reconhecimen- Figura 3-46), o líquido se move em baixa velocida-
to da relação entre as variáveis individuais. Antes que de, produzindo alta pressão estática, conforme in-
os números sejam conectados as formulas é possível dicado pelo medidor de pressão. Conforme o tudo
analisar as variáveis no sistema e dar-se conta do que fica mais estreito, no centro, ele deve dar vazão ao
está acontecendo. Por exemplo, observe as variáveis mesmo volume de fluido que nos dois extremos.
da Figura 3-45 e repare que o pistão de saída é 20 Nesta parte mais estreita o liquido se move com
vezes maior que o de entrada (5 in2 comparado com ¼ uma maior velocidade, produzindo uma pressão
in2). A comparação nos diz que a força de saída será mais baixa do que nos pontos A e C, conforme in-
20 vezes maior do que a de entrada, e que o pistão dicado pela leitura alta do medidor de velocidade
de saída também se movimentará por 1/20 da distân- e pela leitura baixa do medidor de pressão. Uma
cia. Sem usar qualquer fórmula podemos concluir que boa aplicação para o princípio de Venturi é o car-
o sistema hidráulico em questão tem uma vantagem burador do tipo flutuador. Conforme o ar flui pelo
mecânica de 20. carburador em seu caminho para o motor, ele passa
pelo Venturi, onde a pressão estática é reduzida. O
Princípio de Bernoulli combustível no carburador, que está sob alta pres-
O princípio de Bernoulli originalmente tentou expli- são, flui para uma área do Venturi de pressão mais
car a ação de um líquido fluindo através de várias se- baixa e se mistura com o ar.
ções transversais de tubos. Na Figura 3-46 é mostrado
um tubo no qual uma área transversa diminui gradu- O princípio de Bernoulli é extremamente importante
almente até um diâmetro mínimo no centro da seção. para se entender como alguns dos sistemas usados na
Um tubo, com esse tipo de construção, é chamado de aviação funcionam, incluindo como a asa de um avião
“Venturi”, ou “tubo Venturi”. Onde a área transversal gera elevação e porque o duto de entrada de uma tur-
está diminuindo, a passagem chama-se duto conver- bina de motor em um avião subsônico é divergente
gente. Onde a passagem começa a se alargar, é cha- em forma. A asa de um avião que está se movendo
mado de duto divergente. lentamente tem uma superfície superior curvada, e
uma superfície inferior relativamente reta. A super-
Quando um líquido (fluido) passa pelo tubo Venturi fície superior curvada atua como metade do Venturi
os medidores nos pontos “A”, “B” e “C” são posicio- com formato convergente. Conforme o ar flui sobre a
nados para registrar a velocidade e a pressão estática parte superior da asa, ele acelera e a pressão estática
do líquido. O Venturi na Figura 3-46 pode ser usada diminui. A pressão estática na parte inferior da asa é
para ilustrar o princípio de Bernoulli, que afirma que: agora maior que a pressão na parte superior, e esta
a pressão estática de um fluido (líquido ou gasoso) diferença de pressão cria o levantamento da asa. O
diminui nos pontos onde a velocidade do fluido au- Princípio de Bernoulli é o conceito de voo da asa é
menta, desde que nenhuma energia seja adicionada ou coberto, em profundidade, no tópico “Teoria de Voo
retirada do fluido. A velocidade do ar é energia cinéti- das Aeronaves” neste capítulo.
ca e a pressão estática do ar é energia potencial.

3 33

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Som uma direção externa, a partir do dente, na forma de
O som tem sido definido como uma séria de perturba- uma onda de compressão.
ções da matéria que podem ser detectados pelo ouvi-
do humano. Esta definição também pode ser aplicada
aquelas que estão além do alcance do ouvido huma-
no. Existem três elementos que são necessários para
a transmissão e recepção do som. Esses são a fonte,
o meio para levar o som, e o detector. Qualquer coisa
que se mova para frente e para trás (vibre) e que per-
turbe o meio ao seu redor pode ser considerado uma
fonte de som.
Um exemplo da produção e transmissão do som é o
badalar de um sino. Quando se bate no sino e ele co-
meça a vibrar, as partículas do meio (ar) que estão
em contato com o sino também vibram. O distúrbio
vibracional é transmitido de uma partícula para ou- Pressure waves Round object dropped
tra, e as vibrações viajam em uma “onda” através do traveling outward into the water
meio até que cheguem ao ouvido. O tímpano, agindo Crest Crest
como um detector é colocado em movimento pelas vi-
brações das partículas de ar, e o cérebro interpreta as Trough
vibrações do tímpano com as características sonoras
de um sino. Figura 3-47

Movimento de Onda
Sendo que o som é um movimento de onda, ele pode Rarefaction
Tuning fork
ser entendido de uma melhor forma se primeiro con-
Compression
siderarmos as ondas de água. Quando um objeto é
jogado em uma piscina surge, em função deste distúr-
bio, uma série de ondas circulares. Na Figura 3-47 tais
ondas são vistas a partir de uma perspectiva superior,
com as ondas viajando do centro para fora. Em uma
perspectiva perpendicular na Figura 3-47, repare que
as ondas são uma sequencia de cristas e vales. O com-
primento de onda é a distancia entre a crista de uma
Amplitude
onda até a crista da próxima. Ondas de água são co-
nhecidas como ondas transversas porque o movimen-
to das moléculas de água é para cima e para baixo, ou
em ângulos retos na direção na qual as ondas estão
indo. Isto pode ser visto observando-se uma rolha na Wave
length
água, balançando para cima e para baixo quando as
ondas passam por ela.
Figura 3-48
O som viaja pela matéria na forma de movimento Quando o dente retorna e se move em uma direção
de ondas longitudinais. Estas ondas são chamadas para dentro, o ar na frente do dente está rarefeito e
de longitudinais porque as partículas do meio vibrar então sua pressão momentânea é reduzida em outros
para frente e para trás longitudinalmente, na direção pontos abaixo do meio circundante. Este distúrbio é
da propagação. [Figura 3-48] Quando o dente de transmitido na forma de uma onda de rarefação (ex-
um diapasão se move para fora o ar, imediatamente pansão) e segue a onda de compressão através do
em frente do dente é comprimido de modo que a sua meio. O progresso de qualquer onda envolve dois
pressão momentânea é mais elevado do que em outros movimentos distintos: (1) a onda propriamente dita
pontos do meio circundante. Pelo fato do ar ser elásti- se move para frente em velocidade constante e (2) si-
co, este distúrbio é transmitido progressivamente em multaneamente, as partículas do meio que transmite

3- 34

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a onda vibram harmonicamente. Exemplos do movi- Frequência do Som
mento harmônico são o movimento do pêndulo do re- O termo “pitch” é usado para descrever a frequên-
lógio de parede, da roda de balanço de um relógio de cia de um som. A diferença marcante e reconhecível
pulso e do pistão em um motor alternativo. entre duas teclas de um piano é a diferença em “pi-
tch”. O “pitch” de um tom é proporcional ao número
Velocidade do Som de compressões e rarefações recebidas por segundo,
Em um meio uniforme, sob determinadas condições que por sua vez é determinada pela frequência de
físicas, o som viaja em uma velocidade exata. Em al- vibração da fonte de som. Um bom exemplo de fre-
gumas substâncias, a velocidade do som é maior que quência é o ruído gerado pelo motor de um turbo
em outras. Mesmo no mesmo meio, mas sob diferen- hélice. A velocidade de ponta superior do ventilador
tes condições de temperatura, pressão, e assim por na parte dianteira do motor cria um som de alta fre-
diante, a velocidade do som varia. Densidade e elasti- quência, e os gases quentes de escape criam um som
cidade de um meio são duas propriedades básicas que de baixa frequência.
determinam a velocidade do som.
Intensidade do Som
No geral, a diferença de densidade entre duas subs- Quando um sino toca as ondas sonoras espalham-se
tancias é suficiente para indicar qual transmitirá mais em todas as direções, e o som é ouvido em todas as
rapidamente o som. Por exemplo, o som viaja mais direções. Quando ele é tocado levemente as vibrações
rápido pela água do que pelo ar na mesma tempera- têm uma pequena amplitude e o som é fraco. Uma
tura. Contudo, existem algumas exceções para essa batida forte produz vibrações de uma maior ampli-
regra. Um excelente exemplo entre as exceções en- tude no sino, e o som é mais alto. É evidente que a
volve a comparação da velocidade do som no chumbo amplitude das vibrações do ar são maiores quando a
e no alumínio, na mesma temperatura. O som viaja a amplitude das vibrações na fonte são aumentadas. Por
16.700 fps no alumínio a 20ºC, e apenas a 4.030 fps isso, a intensidade do som depende da amplitude das
no chumbo a 20ºC, apesar do chumbo ser muito mais vibrações das ondas sonoras. Aumentando a distância
denso que o alumínio. A razão para tais exceções é da fonte, a energia em cada onda se espalha e o som
encontrada no fato mencionado acima, de que a ve- se torna mais fraco.
locidade do som depende da elasticidade assim como
da densidade. Conforme as ondas sonoras avançam, variações em
pressão ocorrem em todos os pontos do meio de
Usando a densidade como um indicador aproximado transmissão. Quanto maior as variações de pressão,
da velocidade do som de uma determinada substân- mais intensas serão as ondas sonoras. A intensidade
cia, pode-se afirmar, de modo geral, que o som viaja é proporcional ao quadrado da variação de pressão,
mais rapidamente em materiais sólidos, mais lenta- não considerando a frequência. Assim, medindo as
mente nos líquidos e de forma mais lenta ainda nos mudanças na pressão, as intensidades de som, ten-
gases. A velocidade do som no ar a 0ºC (32º) é de do diferentes frequências, podem ser comparadas
1.087 fps e aumenta em 2fps para cada grau centí- diretamente.
grado a mais de temperatura (1,1 fps para cada grau
Fahrenheit) Medida de Intensidade do Som
A intensidade do som é medida em decibéis, sendo
Número de Mach um decibel uma relação de um som com outro. Um
No estudo de uma aeronave que voa a velocidades decibel (dB) é a menor alteração de intensidade do
supersônicas é comum discutir-se a velocidade da ae- som que o ouvido humano pode detectar. Um sussur-
ronave em relação a velocidade do som (aproxima- ro fraco teria a intensidade de 20dB, e uma furadeira
damente 70 milhas por hora (mph) a 59ºF). O termo pneumática seria de 80dB. O motor de um avião co-
“Número de Mach” foi dado entre a razão da velo- mercial a jato, no momento da decolagem, teria a in-
cidade de uma aeronave e a velocidade do som, em tensidade de 90dB quando ouvido por uma pessoa que
honra a Ernst Mach, um cientista austríaco. Se a ve- está a uma distância de 150 pés. Um ruído de 110dB,
locidade do som, ao nível do mar, é de 760 mph, um comparativamente, soa duas vezes mais alto do que
avião voando a um número de Mach de 1,2 ao nível o motor do jato. A Figura 3-49 mostra a intensidade
do mar estaria viajando a uma velocidade de 760 mph diversos tipos de som.
x 1,2 = 912 mph.

3 35

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Lethal Level
uma delas começa a vibrar, e pode transferir sua onda
Turbojet engine at 50 ft de energia para a outra e fazer com que ela vibre tam-
50 horsepower siren at 50 ft bém. Esta transferência de energia é conhecida como
Turbojet engine at tak ressonância. Alguns aviões movidos a motor de pis-
at 150 ft
180 tão tem uma faixa de rpm que devem evitar, porque
THRESHOLD OF FEELING

Automobile horn
160 o giro da hélice nestas rpm pode causar problemas de
140 Riveting machine, as heard vibração. A dificuldade reside na frequência natural
130 by operator
do metal da hélice, e a frequência de vibração que será
120 An express train passing
110 close by estabelecida em uma determinada velocidade de pon-
100 Modern turbo engine at ta da hélice. Em um determinado rpm, a pressão pode
ft
90
Subway train at 20 ft
chegar a um nível que faça com que a hélice se rompa.
80 (1⁄2 the loudness of 110 dB noise)
70 Pneumatic drill at 50 ft A Atmosfera
60
Vacuum cleaner at 50 ft A aviação é tão dependente desta categoria de fluidos
THRESHOLD OF AUDIBILITY

50
40 Nearby fr
chamada gases e do efeito de forças e pressões agindo
30 Pr sobre os eles, que a discussão do assunto atmosfera é
20 Residential area in the evening
importante para as pessoas que trabalham com manu-
10 tenção e reparo de aeronaves.
0 Soft whisper at 5 ft
Radio studio
Os dados disponíveis sobre a atmosfera podem deter-
Faint whisper
minar se o voo será bem sucedido, ou se pelo menos
Figura 3-49 poderá levantar voo. Os vários componentes do ar ao
redor da terra, as mudanças de temperatura e pressão
de diferentes níveis sobre a terra, as propriedades
Efeito Doppler climáticas encontradas pelo avião em voo, e muitos
Quando o som está vindo de um objeto em movimen- outros dados são considerados na preparação de um
to, movimentando-se para frente, o som soma-se a plano de voo.
frequência conforme percebido a partir da frente e
leva do frequência conforme detectado a partir de trás. Pascan e Torricelli receberam os créditos pelo desen-
Esta mudança de frequência é conhecida como Efeito volvimento do barômetro, um instrumento para medir
Doppler, e explica por que o som de um avião parece a pressão atmosférica. O resultado de seus experi-
diferente quando está se aproximando comparado ao mentos ainda são usados, com muito pouco aperfei-
som quando passar por cima do local onde estamos. çoamento no projeto. Eles determinaram que o ar tem
Enquanto se aproxima, o som fica mais alto e também peso, que se altera quando a altitude em relação ao
mais agudo. Quando ele passa tanto o volume do som, nível do mar é mudada. Hoje os cientistas também se
como a intensidade diminui consideravelmente. interessam em como a atmosfera afeta o desempenho
Se o avião está voando na velocidade do som, ou mais de uma aeronave e seus equipamentos.
alta, a energia não pode viajar a frente do avião, por-
que o avião a alcança no mesmo momento em que Composição da Atmosfera
ela sai. A energia sonora sendo criada pelo avião se A atmosfera é uma mistura complexa e em constante
acumula, e liga-se a estrutura do avião. Conforme o mudança. Seus ingredientes variam de lugar para lu-
avião se aproxima, uma pessoa que está no chão não gar, e de um dia para o outro. Além de inúmeros ga-
será capaz de ouvi-la até que o avião passe pela pes- ses ela contem diversos outros matérias, como pólen,
soa, porque a energia sonora está, na verdade, vindo poeira, bactérias, fuligem, poeira vulcânica, esporos
atrás do avião. Quando o som do avião é ouvido, será e poeira do espaço sideral. A composição do ar per-
na forma do que se chama de ruído sônico. manece quase que constante, do nível do mar até os
níveis mais altos, mas sua densidade diminui rapida-
Resonância mente com a altitude. A seis milhas de altitude, por
Todos os tipos de matéria, não importando que seja exemplo, o ar é rafereito demais para que se possa
sólido, liquido ou gás, tem uma frequência natural respirar, e a 12 milhas de altura, não há oxigênio o
na qual os átomos dentro da matéria vibram. Se dois suficiente para que acontece combustão, exceto em
pedaços de matéria tem a mesma frequência natural, alguns aviões especialmente projetados com motores

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de turbina. Em algum ponto, centenas de milhas aci- de 28.000 pés nos polos até aproximadamente 54.000
ma da terra, algumas partículas de ar se espalham no pés no equador. A troposfera é caracterizada por gran-
espaço e outras são puxadas pela gravidade e voltam des mudanças na temperatura e umidade, e geralmente
para a atmosfera. Os físicos não concordam com os em condições turbulentas. Quase todas as formações
limites da atmosfera. Alguns pensam que começa a de nuvens acontecem na troposfera. Aproximadamen-
240 milhas acima da terra e se estende até 400 milhas; te ¾ do peso total da atmosfera está dentro da tropos-
outros colocam seu limite inferior a 600 milhas e o fera. A estratosfera se estende dos limites superiores
superior em 6.000 milhas. da troposfera (e da tropopausa) até uma altitude média
de 60 milhas.
Existem também algumas não conformidades em vá-
rios níveis. Entre 12 e 30 milhas a radiação ultraviole- A ionosfera varia de um nível de 50 milhas até um
ta reage com as moléculas de oxigênio para produzir nível de 300 a 600 milhas. Pouco se sabe sobre as
uma fina camada de ozônio, um gás bastante venenoso características da ionosfera, mas imagina-se que mui-
e sem o qual a vida na terra não existiria. Este ozônio tos fenômenos elétricos ocorrem lá. Basicamente, esta
filtra parte letal dos raios ultravioleta, permitindo que camada se caracteriza pela presença de íons e elétrons
apenas uma determinada quantidade passe e que é res- livres, e a ionização parece aumentar com a altitude e
ponsável pelas queimaduras solares, a morte de bacté- em sucessivas camadas.
rias e prevenção do raquitismo. A uma altitude de 50 a
65 milhas a maior parte das moléculas de oxigênio co- A exosfera, ou mesosfera, é a camada mais externa
meça a se romper sob a radiação solar e formar átomos da atmosfera. Ela começa a uma altitude de 600 mi-
livres, íons hidroxi (OH) e vapor de água. É também lhas e vai até os limites da atmosfera. Nesta camada,
nesta região que todos átomos se tornam ionizados. a temperatura é bastante constante a 2.500º Kelvin, e
imagina-se que a propagação do som seja impossível
Estudos da atmosfera revelaram que a temperatura devido a falta de substância molecular.
não diminui de maneira uniforme com o aumento da
altitude. Na verdade fica cada vez mais frio até uma Pressão Atmosférica
altitude de aproximadamente 7 milhas, e então ela di- O corpo humano está sob pressão, tendo em vista que
minui abruptamente e se mantém quase constante em ele está no fundo de um mar de ar. A pressão se deve
-55ºC (218º Kelvin) até aproximadamente 20 milhas ao peso da atmosfera. Em um dia padrão, ao nível do
de altitude.. A partir daí ela começa a subir até um mar, se uma coluna de 1 in2 de ar, e que se vai até o
pico de 77ºC (350º Kelvin) em uma altitude por volta topo da atmosfera, for pesada, ela pesará 14,7 libras.
de 55 milhas. Acima desta altitude a temperatura sobe É por isso que se diz que a pressão atmosférica padrão
constantemente até chegar a 2.270ºC (2.543º Kelvin) é de 14,7 libras por polegada quadrada (psi).
a aproximadamente 250 até 400 milhas. A partir de 50
milhas de altitude s homem, ou qualquer outra criatu- Como a pressão atmosférica, a qualquer altitude, é de-
ra viva na terra, sem o uso de uma proteção adequada, vida ao peso do ar, a pressão diminui com o aumento
seria assado do lado que está virado para o sol, e con- da altitude. Obviamente, o peso total do ar sobre uma
gelaria do outro. área a 15.000 pés seria menor do que o peso total do
ar sobre uma área a 10.000 pés.
A atmosfera é dividida em camadas concêntricas. A
transição entre estas camadas é gradual e não tem A pressão atmosférica é medida frequentemente por
limites claramente definidos. Contudo, um limite, a um barômetro de mercúrio. Um tubo de vidro, com
tropopausa, existe entre a primeira e a segunda ca- um pouco mais de 30 centímetros de comprimento é
mada. A tropopausa é definida como o ponto em que selado em uma extremidade e então preenchido com
a atmosfera, na qual a temperatura diminui enquanto mercúrio. Ele então é invertido e a extremidade aberta
a altitude aumenta, termina abruptamente. As quatro é colocada em um prato de mercúrio. No tudo inver-
camadas da atmosfera são: troposfera, estratosfera, tido o nível do mercúrio cairá um pouco, imediata-
ionosfera e exosfera. A porção superior da estratosfera mente, deixando uma pequena quantidade de vapor de
é frequentemente chamada de ozonosfera, e a exosfe- mercúrio perto da pressão de zero absoluto. A ação da
ra é também chamada de mesosfera. gravidade sobre o mercúrio, em um recipiente aberto,
A troposfera vai da superfície da terra até aproxima- tentará fazer com que o mercúrio saia do tubo. Sob
damente 35.000 pés, nas latitudes médias, mas varia condições atmosféricas normais dia, o ar em uma co-

3 37

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Vacuum

14.7 psi 760 mm


Atmospheric 29.92 in
pressure

Figura 3-51

Figura 3-50
Como a pressão padrão e as temperaturas são asso-
ciadas com cada altitude, a densidade do ar também
luna de 1 in2, que vai até o topo da atmosfera, pesará deve ser considerada padrão, assim como temperatura
14,7 libras. Uma coluna de mercúrio de 1 in2, de 29,92 e pressão. Assim, uma determinada condição atmos-
polegadas de altura, também pesará 14,7 libras. É por férica é associada com cada altitude. Assim surgiu a
isso que 14,7 psi é igual a 29,92 “Hg. A Figura 3,50 expressão “altitude de densidade”, que tem o símbolo
demonstra esta explicação. “Hd”. A altitude de densidade de 15.000 pés é a alti-
tude na qual a densidade é a mesma que a considera-
Uma segunda forma de se medir a pressão atmosfé- da padrão para 15.000 pés. Lembre-se, porem, que a
rica é com um barômetro aneroide. Este instrumento altitude de densidade não é, necessariamente, a real
mecânico é uma escolha muito melhor que o barô- altitude. Por exemplo, em um dia quando a pressão
metro de mercúrio para o uso em aviões. Os barôme- atmosférica estiver mais alta que a padrão e a tem-
tros aneroides (altímeros) são usados para indicar a peratura mais baixa, a densidade, que é padrão para
altitude do voo. As calibrações são feitas em milhares 10,000 pés pode ocorrer a 12.000 pés. Neste caso, na
de pés ao invés de psi ou polegadas de mercúrio. Por altitude real de 12.000 pés, teremos ar que tem a mes-
exemplo, a pressão padrão ao nível do mar é de 29,92 ma densidade do ar padrão a 10.000 pés. A altitude de
“Hg, ou 14,7 psi. A 10.000 pés acima do nível do densidade é altitude calculada corrigindo-se a altitude
mar, a pressão normal é de 20,58 “Hg, ou 10,10 psi. de pressão para a temperatura.
Os altímetros são calibrados de forma que a pressão
exercida pela atmosfera seja de 10,10 psi o altímetro Água Contida na Atmosfera
mostrará 10.000 pés. [Figura 3-51] Na troposfera o ar dificilmente está completamen-
te seco. Ele contém vapor de água em uma ou duas
Densidade Atmosférica formas: (1) névoa ou (2) vapor de água. A névoa é
Desde que quando a temperatura e a pressão dimi- composta por minúsculas gotículas de água que ficam
nuem com a altitude, pode parecer que a densidade da suspensas no ar. As nuvens são compostas por névoa.
atmosfera permaneceria relativamente constante com A altura em que algumas nuvens chegam é um bom
o aumento da altitude. Mas isso não é verdade, por- indicador da presença de água na atmosfera, quase
que a pressão cai mais rapidamente com o aumento chegando a estratosfera. A presença de vapor de água
da altitude do que a temperatura. O resultado é que a no ar é bastante evidente na Figura 3-52, com um
densidade diminui com o aumento da altitude. F-18 militar dando um voo de alta velocidade a apro-
Pelo uso da lei geral dos gases, estudada anteriormen- ximadamente Mach-1. As mudanças de temperatura e
te, pode ser mostrada que para um determinado gás, pressão que ocorrem quando um avião se aproxima de
a pressão e a temperatura determinam a densidade. voo supersônico faz com que o vapor de água do ar se

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condense e forme uma nuvem de vapor visível.
Como resultado da evaporação, a atmosfera sempre
contém alguma umidade na forma de vapor de água.
A umidade não consiste de minúsculas partículas de
liquido que está suspenso no ar, como o for, mas um
vapor invisível tão gasoso quanto o ar com o qual se
mistura. Tanto névoa como umidade afetam o desem-
penho das aeronaves. Em voo, em voo de cruzeiro, os
efeitos são pequenos e não merecem atenção. Durante
a decolagem, contudo, a umidade tem efeitos impor-
tantes. Duas coisas podem ser feitas para compensar
estes efeitos da umidade durante o desempenho da
decolagem. Tendo em vista que a umidade é menos
densa do que o ar seco, o peso bruto permitido para a
decolagem de uma aeronave é normalmente reduzido
para operações em áreas que estão consistentemente
úmidas. Segundo, como a potência de saída dos moto-
Figura 3-52
res alternativos diminui com a umidade, a pressão do
coletor pode ser aumentada acima do recomendado
para a decolagem em ar seco, para que se consiga a de água que não vaporizaram. Quando estas partículas
mesma potência de saída. entram nos cilindros elas absorvem uma grande quan-
tidade de energia térmica no processo de vaporização.
A potência de saída do motor é calculada em ar seco. Isso faz com que a temperatura baixe o suficiente para
Como o vapor de ar não é combustível, sua pressão prevenir e detonação.
na atmosfera não contribui para potência de saída. A A névoa geralmente provoca uma diminuição dos ca-
mistura de vapor de água e ar passa pelo carburador, valos de força. Contudo, com um motor sobrecarrega-
e o combustível passa por ele como se tudo fosse ar. do, é possível que ocorram pressões múltiplas sem o
A mistura de vapor de água, ar e combustível entra na perigo de detonação.
câmara de combustão, onde acontece a ignição. Como
o vapor de água não queima, a relação entre ar e com- Umidade Absoluta
bustível é enriquecida e o motor opera como se tive A umidade absoluta é a quantidade real de vapor de
recebendo uma mistura muito rica. A perda de cavalos água em uma mistura de água e ar. É expressa em gra-
de força resultante sob condições de umidade pode ser mas por metros cúbico ou libras por metros cúbico. A
atribuída a perda de eficiência volumétrica devido ao quantidade de vapor de água que pode estar presente
ar deslocado, e também a combustão incompleta devi- no ar depende da temperatura e da pressão. Quanto
do a mistura excessivamente rica de ar e combustível. mais altas as temperaturas, maior é a quantidade de
A redução de potência que pode ser esperada pela vapor de água que o ar consegue reter, em pressão
umidade é normalmente mostrada em tabelas nos ma- constante. Quando o ar tem todo o vapor de água que
nuais de voo. Existem diversos tipos de tabela em uso. consegue reter em temperatura e pressa constantes,
Algumas simplesmente mostram a redução de potên- diz-se que está saturada.
cia esperada em virtude da umidade, mas outras mos-
tram o aumento na pressão no coletor necessário para Umidade Relativa
restaurar a potência plena de decolagem. A umidade relativa é a razão entre a quantidade de
vapor de água realmente presente na atmosfera e a
O efeito da névoa no desempenho de um motor é bas- quantidade que estaria presente se o ar estivesse satu-
tante perceptível, principalmente em motores com rado naquela temperatura e pressão. Esta razão é nor-
altas taxas de compressão. Normalmente alguma de- malmente multiplicada por 100 e expressa como uma
tonação acontece durante a aceleração, devido a alta porcentagem. Imagine, por exemplo, que a boletim do
pressão média efetiva no freio (PMEB) desenvolvida. tempo inclua informações que a temperatura é de 75ºF
Contudo, em um dia com muita névoa é difícil fazer e que a umidade relativa é de 56%. Isto indica que o
com que a detonação ocorra. A explicação para isso ar tem 56% do vapor de água necessário para saturá-
reside no fato de que a nevoa consiste em partículas lo a 75ºF. Se a temperatura cair e umidade absoluta

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permanecer constante, a umidade relativa aumentará. Pressão em altitude 0 (P0) = 29,92 “Hg
Isso se deve ao fato de que menos vapor de água é ne- Temperatura em altitude 0 (T0) = 15ºC ou 59ºC
cessário para saturar o ar em uma temperatura menor. Gravidade na altitude 0 (G0) = 32,174 fps/s

Ponto de Orvalho A Atmosfera Padrão Americana é uma acordo com a


O ponto de orvalho é a temperatura na qual o ar úmido Atmosfera Padrão da Organização Internacional de
pode ser resfriado a uma temperatura constante para Aviação Civil – OIAC (International Civil Aviation
se tornar saturado. Se a temperatura cair abaixo do Organization – ICAO) sobre a faixa de altitude co-
ponto de orvalho ocorre a condensação. Pessoas que mum. A Atmosfera Padrão da OIAC foi adotada como
usam óculos tem a experiência de ir do ar úmido do padrão pelas principais nações do mundo.
exterior para o ar aquecido de um ambiente e ficar
com os óculos embaçados rapidamente. . Isso aconte- Teoria de Voo de Aeronaves
ce porque os óculos estão abaixo do ponto de orvalho Antes que um técnico possa considerar a realização da
do ar da sala. O ar que entra imediatamente em con- manutenção de uma aeronave é necessário entender
tato com os óculos foi resfriado abaixo do ponto de as partes que compõem uma aeronave. Nomes como
orvalho e condensou algum vapor de água nas lentes. fuselagem, empenagem, asa, e tantos outros entram
Este princípio é usado para determinar o ponto de or- em jogo quando descrevemos o que é um avião e
valho. Um reservatório é resfriado até que o vapor de como é operado. Com relação aos helicópteros nomes
água comece a condensar na sua superfície. A tempe- como rotor principal, rotor anti-torque e auto rotaão
ratura na qual isso ocorre é o ponto de orvalho. são uma pequena parte do que é necessário ser enten-
dido sobre helicópteros. O estudo de Física, que in-
Pressão de Vapor clui aerodinâmica básica, é uma parte necessária para
Pressão de vapor é a porção da pressão atmosféri- o entendimento de como uma aeronave funciona e o
ca que é exercida pela umidade do ar (expressa em que elas fazem.
décimos de uma polegada de mercúrio). O ponto de
orvalho de uma determinada condição depende da As Quatro Forças do Voo
quantidade de pressão de água presente. Assim, existe Durante o voo existem que agem em um avião. Estas
uma relação direta entre a pressão de vapor e ponto forças são sustentação, arrasto, tração e peso. [Figu-
de orvalho. ra 3-53]. Sustentação é uma força para cima, criada
pela asa, peso é a força da gravidade sobre a massa do
Atmosfera Padrão avião, tração é a força criada pela hélice do avião ou
Se o desempenho de uma aeronave for avaliado, tanto turbina do motor, e arrasto é o atrito causado pelo ar
por testes de voo como por testes de túnel de ven- que flui em torno do avião.
to, algumas condições de referência padrão devem
ser determinadas para que os resultados sejam com- Todas essas quatro forças são medidas em libras. A
parados com estes padrões ou com testes similares. qualquer momento em que estas forças não estiverem
As condições da atmosfera variam continuamente, em equilíbrio alguma coisa em relação as condições do
e normalmente não é possível se obter exatamente avião vai mudar. As possibilidades são as seguintes:
o mesmo conjunto de condições em dois dias dife-
rentes, ou mesmo em dois voos sucessivos. Por esta 1. Quando o avião está acelerando, ele tem mais
razão, um conjunto de padrões deve ser usado como tração que arrasto.
ponto de referência. O conjunto de condições padrão
atualmente usados nos Estados Unidos é conhecido 2. Quando o avião está desacelerando, ele tem me-
como U.S. Standard Atmosphere (Atmosfera Padrão nos tração que arrasto.
Americana).
3. Quando o avião está em velocidade constante,
A atmosfera padrão se aproxima das condições mé- tração e arrasto são equivalentes.
dias existentes a uma latitude de 40º, e é determinada
com base nos seguintes pressupostos. As condições 4. Quando o avião está subindo, ele tem mais sus-
padrão ao nível do mar são: tentação que peso.

3- 40

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Lift Velocity Pressure

300 Low High Low High 14 psi


mph

Thrust Drag
Subsonic

Air w

Weight

Figura 3-53
400 10 psi
Low High Low High
mph
5. Quando o avião está descendo, ele tem mais
Velocity Pressure
peso que sustentação.
Figura 3-54
6. Quando o avião está em altitude constante sus-
tentação e peso são iguais. Velocity Pressure

300 14 psi
O Princípio de Bernoulli e Fluxo Subsônico mph
Low High Low High

O conceito básico do fluxo de ar subsônico e as diferenças


de pressão resultantes foram descobertas por Daniel Ber-
noulli, um físico suíço. O Princípio de Bernoulli, como é
chamado hoje, afirma que “enquanto a velocidade de um
fluido aumenta, a pressão estática do fluido diminui, desde Subsonic
que energia não seja adicionada ou retirada.” Uma aplica-
ção direta do princípio de Bernoulli é o estudo do ar que Air w
flui através de uma passagem convergente ou divergente
e relacionar os resultados de alguns conceitos da aviação.

Um formato convergente é aquele cuja área de secção 400


10 psi
transversal fica progressivamente menor da entrada até mph Low High Low High

a saída. Em um formato divergente é o oposto, com a Velocity Pressure


área de seção transversal ficando mais larga da entrada
para a saída. A Figura 3-54 mostra um duto de formato Figura 3-55
convergente, com o ar entrando na esquerda, em velo-
cidade subsônica e saindo na direita. Olhando os medi-
dores de pressão e velocidade, e a velocidade e pressão
indicadas, repara-se que o ar sai em uma velocidade
aumentada e em uma pressão estática diminuída. Air w Velocity increase

Como uma unidade de ar deve sair do duto quando ou-


tra unidade entra, a unidade saindo deve aumentar sua
velocidade enquanto flui para um espaço menor. Figura 3-56
Em um duto convergente acontece o oposto. Do ponto
de entrada ao ponto de saída o duto está se espalhando
e a área ficando maior. [Figura 3-55] Com o aumento Quando o princípio de Bernoulli foi discutido ante-
da área de secção transversal a velocidade do ar dimi- riormente neste capitulo, um Venturi foi mostrado
nui e a pressão estática aumenta. A energia total no ar na Figura 3-46. Na Figura 3-56 o Venturi é mostra-
não mudou. O que se perdeu é velocidade (energia ci- do novamente, só que desta vez uma asa é mostrada
nética) e pressão estática foi ganha (energia potencial). no recuo onde a forma convergente do venturi está.

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Existem duas setas indicando o fluxo de ar. A seta maior Aerofólios
mostra o fluxo de ar dentro do venturi, e a seta menor mos- Um aerofólio é qualquer dispositivo que cria for-
tra o fluxo de ar no lado de fora em direção a borda da asa. ça, baseado no princípio de Bernoulli e nas leis de
Newton, quando o ar flui sobre a superfície do dispo-
Na parte convergente do Venturi a velocidade aumenta- sitivo. Um aerofólio pode ser a asa de um avião, a pá
rá e a pressão estática diminuirá. O mesmo acontecerá de uma hélice, o rotor de um helicóptero, ou a pá de
com o ar fluindo ao redor da asa, com a velocidade so- uma hélice de um motor turbo hélice. A asa de uma
bre o topo aumentando e a pressão estática diminuindo. avião move-se pelo ar porque o avião está em movi-
mento, e gera sustentação através do processo que foi
Na Figura 3-56 o ar chega ao bordo de ataque da asa se descrito anteriormente. Por comparação, a pá de uma
separa em dois fluxos diferentes. Parte do ar flui para hélice, o rotor de um helicóptero ou a pá de um motor
a parte superior da asa e outra parte para a parte infe- turbo hélice giram pelo ar. Estas pás rotativas podem
rior. O ar que flui sobre o topo, em função da curva, ser classificadas como asas rotativas, assim como os
faz um trajeto mais longo. Com uma distancia maior helicópteros quando são chamados de aeronaves de
para viajar, o ar que passa por cima da asa tem que se asas rotativas. Uma asa rotativa pode ser vista como
mover com maior velocidade. A velocidade mais alta um dispositivo que cria sustentação, ou como um dis-
na parte superior faz com que a pressão estática no positivo que cria arrasto.
topo seja menor que na parte inferior, e esta diferença Na Figura 3-57 um aerofólio (asa) é mostrado, com
entre as pressões estáticas cria a sustentação. alguma terminologia usada para descrever a asa. Os
termos e seus significados são os seguintes:
Para a asa mostrada na Figura 3-56, imagine que ela
tenha 5 pés de largura e 15 metros de comprimento, Curvatura
para uma área de superfície de 75 ft2 (10.800 in2). Se a A curvatura de uma asa está presente nas superfícies
diferença na pressão está tica entre a parte superior e superior e inferior. A curvatura superior é muito mais
inferior for de 0,1 psi, haverá uma sustentação de 1/10 pronunciada, a não ser que a asa seja um aerofólio si-
lb para cara polegada quadrada de área de superfície. métrico, e tenha a mesma curvatura na parte superior
Como existem 10.800 in2 de área de superfície, have- e inferior. A parte inferior de uma asa, mais frequen-
rá 1.080 lb de sustentação (0,1 x 10.800). temente que o oposto, é relativamente plana. Uma
maior curvatura na parte superior é o que promove
Sustentação e a Terceira Lei de Newton um aumento da velocidade do ar e um decréscimo
A terceira lei de Newton identifica que para cada da pressão estática. A parte inferior de uma asa tem
força de ação há uma força de reação igual e oposta. menos velocidade e mais pressão estática, PE por isso
Em adição ao Princípio de Bernoulli, a terceira lei de que a asa gera sustentação.
Newton também pode ser usada para explicar a sus-
tentação que é criada por uma asa. Como o ar viaja Linha de Corda
pela asa e deixa o bordo de fuga, o ar é forçado a se A linha de corda é uma linha reta imaginária que vai
mover para baixo. Como uma força é necessária para do bordo de ataque da asa ate o bordo de fuga. O ân-
que algo mude de direção, deve haver uma força igual gulo entre o linha de corda e o eixo longitudinal do
e oposta. Neste caso a força de reação é o que cha- avião é conhecido como ângulo de incidência.
mamos de sustentação. Para se calcular a sustentação
com base na terceira lei de Newton, a segunda lei de Vento Relativo
Newton e a fórmula “Força = Massa x Aceleração” Qualquer que seja a direção na qual um avião está vo-
devem ser usadas. A massa seria o peso do ar fluindo ando, um vento está na direção oposta. Se um avião
sobre a asa por segundo, e a aceleração seria a mudan- está voando para o norte, e se alguém no avião não
ça de velocidade que a asa transmite para o ar. estiver protegido, esta pessoa irá sentir que um vento
está vindo diretamente do sul.
A sustentação de uma asa conforme descrita pelo
Principio de Bernoulli, e a sustentação da asa descrita Ângulo de Ataque
pela terceira lei de Newton não são separadas ou inde- O angulo entre a linha de corda e o vento relativo é
pendentes uma da outra. Elas são apenas duas formas o ângulo de ataque. Enquanto o angulo de ataque au-
diferentes de descrever a mesma coisa chamada de menta a sustentação da asa aumenta. Se o angulo de
sustentação da asa. ataque for grande demais, o fluxo de ar pode se separar

3- 42

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Chord line
Leading edge camada turbulenta. O ponto no qual a camada turbu-
Upper camber lenta muda de laminar para turbulenta é chamado de
Airplane path ponto de transição. Quando a camada limite se tor-
Relative wind Angle o
f attack na turbulenta, o arrasto devido a fricção da camada
externa é relativamente alta. Enquanto a velocidade
Lower camber Trailing edge
aumenta o ponto de transição tende a se transferir
para frente. Conforme o angulo de ataque aumenta,
Figura 3-57
o ponto de transição também tem a tendência de se
mover para frente. Com ângulos de ataque maiores e
maior espessamento da camada limite, a turbulência
da asa e a sustentação ser neutralizada. Quando isso se torna tão grande que o ar se desloca para longe da
acontece, ocorre a condição conhecida como estolar superfície da asa. Neste ponto a sustentação da asa é
destruída e a condição conhecida como estolar acon-
As asas podem ter diversas formas diferentes, conhe- tece. Na Figura 3-58, em A é mostrado um angulo de
cidas como planform. Asas em forma de retângulo são ataque normal e um fluxo de ar fica em contato com a
bastante comuns em aviões pequenos de aviação ge- asa. Em B é mostrado um ângulo extremo de ataque e
ral. Uma asa de formato elíptico ou afunilado também o fuxo de ar se separando e tornando-se turbulento no
pode ser usado, mas estes não tem as características topo da asa. Em B a asa está estolando.
de estola desejáveis. Para aeronaves que operam em
velocidades subsônicas altas são comuns as asas en-
fllechadas, e para os voos supersônicos o formato de
asa delta pode ser usado.
A relação de aspecto de uma asa é a relação entre sua
envergadura (medida de uma ponta a outra da asa) e a
corda da asa. Se a asa tem uma grande envergadura e
uma corda muito estreita, diz-se ter uma alta relação
de aspecto. Uma alta relação de aspecto produz menos
arrasto para uma determinada velocidade de voo, e é View A View B
tipicamente encontrada em aeronaves do tipo planador.
Figura 3-58
O ângulo de incidência de uma asa é o ângulo forma-
do pela intersecção da linha de corda da asa e o plano Controle da Camada Limite
horizontal passando através do eixo longitudinal da Uma forma de manter a camada limite de ar sob con-
aeronave. Muitas aeronaves são projetadas com um trole, ou diminuir o afeito negativo, é fazer com que
angulo de incidência maior na raiz da asa do que na a superfície da asa fique são suave como possível e
ponta, e isso é chamado de washout.Esta característi- mantê-la livre de sujeira ou debris. Como o atrito en-
ca faz com que o interior da asa estole antes da parte tre o ar e a superfície da asa aumenta a camada exter-
externa, o que ajuda a manter o controle de aileron na se espessa e torna-se mais turbulenta pode ocorrer
durante os estágios iniciais da estola da asa. que a asa estole. Com uma superfície de asa suave e
limpa o início da estola é retardado e a asa pode ope-
Fluxo de Ar da Camada de Limite rar em um ângulo de ataque maior. Uma das razões de
A camada limite é uma camada muito fina de ar que formação de gelo em uma asa pode ser um problema
fica sobre a superfície da asa e, por esta razão, em sério por causa do seu efeito na camada limite de ar.
todas as superfícies da aeronave. Pelo fato do ar ter Em um avião de alta velocidade, mesmo poucos in-
viscosidade, esta camada tende a aderir a asa. Como setos esmagados no bordo de ataque da asa podem
a asa se move para frente no ar, a camada externa flui afetar negativamente a camada de ar.
suavemente sobre a forma aerodinâmica do aerofólio.
Aqui o fluxo é chamado de camada laminar. Outros métodos de controle da camada de ar externa
incluem as ranhuras do bordo de ataque, sucção de ar
Como a camada limite se aproxima do centro da asa através de pequenos furos na superfície superior da
ela começa a perder velocidade devido ao atrito e se asa, e o uso de dispositivos chamados de geradores
tornar mais espessa e turbulenta. Aqui é chamada de de vortex.

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Figura 3-59

Uma ranhura no bordo de ataque da asa é um duto


que permite que o ar flua da parte de baixo da asa,
pelo duto, para a parte superior da asa. Como o ar flui
para a parte superior da asa ele é dirigido ao longo da
superfície da asa em uma velocidade mais alta e ajuda
a evitar que a camada limite se torne turbulenta e se
separe da superfície da asa.

Outra forma de controlar a camada externa de ar é


criar sucção na parte superior da asa através de um Longitudinal
Lateral
Axis Vertical
grande número de pequenos buracos. A sucção na par- Axis
Axis
te superior da asa atrai o ar turbulento que se move
The 3 axes intersect at the airplane’s center of gravity.
lentamente e ajuda a manter o restante do fluxo de ar The flight control that produces motion around the
em contato com a asa. indicated axis is a matching color.

Os geradores de vortex são usados em aviões que voam Figura 3-60


em altas velocidades subsônicas, onde a velocidade do
ar na parte superior da asa pode alcançar Mach1. Como que a avião pequeno, se estiverem voando muito pró-
o ar atinge uma velocidade Mach 1 a onda de choque se ximos, fique fora de controle. Vortices da asa e de um
forma na parte superior da asa, e uma onda de choque estabilizador horizontal são bastante visíveis no MD-
subsequente faz com que o ar se separe da superfície 11, mostrado na Figura 3-59.
superior da asa. Eles são posicionados de tal forma que
puxam a alta energia do ar para baixo, para a camada Upwash (escoamento induzido para cima) e downwa-
limite e evitam a separação do ar. sh escoamento induzido para baixo) referem-se ao
efeito que um aerofólio tem em uma corrente de ar
Vortex de Ponta de Asa livre. Upwash é a deflexão no fluxo de ar que se apro-
Vortexes de ponta de asa são causados pelo ar abaixo xima fazendo com que ela voe acima e sobre da asa.
da asa, que estão em alta pressão, fluindo sobre da Downwash é a deflexão descendente da corrente de
ponta da asa para cima em direção da parte superior ar, depois de ter passado sobre a asa e deixado o bordo
da asa. O resultado final é um espiral de vortex que se de fuga. Essa deflexão é o que cria a ação e reação
arrasta atrás da ponta da asa toda vez que sustentação descrita sobre sustentação na terceira lei de Newton.
está sendo produzida. Este vortex é também chama-
do de esteira de turbulência, é um fator determinante Eixos de Uma Aeronave
para determinar quão perto um avião pode se apro- Uma aeronave em voo é controlada por um ou mais
ximar de outro na aproximação para aterrissagem. A dos seus três eixos de rotação. Estes eixos de rota-
esteira de turbulência de um avião grande pode causar ção são: longitudinal, lateral e vertical. Em um avião

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(A) (B) (C) Forward Aft CG
Positive static and Positive static and Positive static and CG limit limit
positive dynamic negative dynamic negative dynamic
stability stability stability

Time Time Time

Center of Center of
gravity lift

Figura 3-61 Figura 3-62

todos os três eixos se interseccionam no centro de do nariz por causa de uma esteira de turbulência a
gravidade (CG). Quando o avião gira em um destes tendência será do nariz continuara arfar mesmo que
eixos está girando ao redor de seu centro de gravidade a turbulência termine. Se um avião tiver a tendência
(CG). O centro de gravidade também é chamado de de permanecer em uma posição deslocada após que a
centro de rotação. força que provocou o deslocamento tenha sido remo-
vida, mas que não continue a se mover em direção a
No avião colorido mostrado na Figura 3-60 os três um deslocamento ainda maior, sua estabilidade estáti-
eixos são mostrados nas cores vermelha (eixo verti- ca é chamada de neutra.
cal), azul (eixo longitudinal) e laranja (eixo lateral). O
controle de voo que faz com que o avião mova-se ao Estabilidade Dinâmica
redor do eixo é mostrado em uma cor correspondente. A estabilidade dinâmica de um avião envolve a quanti-
O leme, em vermelho, faz com que o avião se move dade de tempo que ele leva para reagir a sua estabilida-
ao redor do eixo vertical e este movimento é descrito de estática após ter sido tirado da sua condição de equi-
como sendo uma guinada. O elevador, em laranja, faz líbrio. A estabilidade dinâmica envolve as oscilações
com que o avião se mova ao redor do seu eixo lateral que tipicamente ocorrem quando um avião tenta voltar
e este movimento é descrito como arfagem. Os aile- para sua posição ou altitude originais. Mesmo que um
rons, em azul, fazem com que o avião se mova ao avião tenha estabilidade estática positiva ele deve ter
redor do seu eixo longitudinal e este movimento seja estabilidade dinâmica positiva, neutra ou negativa.
descrito como sendo um rolamento.
Imagine que um avião que esteja em voo em linha reta
Estabilidade da Aeronave e nivelado sofra uma perturbação e que o nariz arfe
Quando um avião está em uma trajetória reta e nive- para cima. Se o avião tiver estabilidade estática posi-
lada, a uma velocidade constante, todas as forças atu- tiva o nariz irá arfar de volta para sua posição normal
ando no avião estão em equilíbrio. Se este voo reto e assim que a perturbação termine. Se ele voltar imedia-
nivelado for interrompido por alguma perturbação do tamente para seu voo em linha reta e nivelado também
ar, tal como uma esteira de turbulência, o avião pode se diz que ele tem estabilidade dinâmica positiva. O
arfar para cima e para baixo, dar uma guinada para a avião, contudo, pode passar pelo vôo nivelado e per-
esquerda ou para a direita, ou entrar em rolamento. manecer arfado para baixo, e então continuará o pro-
Se o avião tiver o que se caracteriza como estabilida- cesso de arfar novamente para cima. Este movimento
de, uma vez que as perturbações foram eliminadas, o é conhecido como oscilação. Se as oscilações dimi-
avião retornará ao seu estado de equilíbrio. nuem com o tempo, o avião ainda é classificado como
tendo estabilidade dinâmica positiva. Se as oscilações
Estabilidade Estática aumentarem com o temo o avião é classificado com
A resposta inicial que um avião demonstra após que o estabilidade dinâmica negativa. Se as oscilações per-
seu equilíbrio ser interrompido é chamado de estabi- manecem as mesmas com o passar o tempo, o avião é
lidade estática. Se a estabilidade estática é positiva o classificado com tendo estabilidade dinâmica neutra.
avião tende a retornar a sua posição original após que A Figura 3-61 mostra o conceito de estabilidade dinâ-
a força que provocou o desequilíbrio for eliminada. mica. Em A o deslocamento do equilíbrio passa pelas
Se a estabilidade estática for negativa o avião conti- três oscilações e retorna ao equilíbrio. Em B, o deslo-
nuará a se afastar de sua posição original após que camento do equilíbrio aumenta após duas oscilações e
a força de desequilíbrio seja eliminada. Se um avião não retorna ao equilíbrio. Em C o deslocamento per-
com estabilidade estática negativa tiver um arfagem manece o mesmo com cada oscilação.

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Estabilidade Longitudinal nível durante o voo. Uma característica de projeto que
A estabilidade longitudinal de um avião envolve a tende a dar ao avião uma boa estabilidade lateral é
tendência do nariz de arfar para cima ou para baixo, chamada de diedro. O diedro é um angulo nas asas,
rodando sobre o seu eixo lateral (de ponta a ponta da para cima, com relação a horizontal, de normalmente
asa). Se um avião é longitudinalmente estável ele re- de poucos graus.
tornará ao seu devido angulo de ataque após que a
força que tenha perturbado a trajetória do voo tenha Imagine um avião de asas baixas e com poucos ângu-
desaparecido. los de diedro que está experimentando um distúrbio
na sua trajetória de voo, tal como uma inclinação da
O pelo e o equilíbrio de um avião, que são caracte- asa esquerda. Quando a asa esquerda baixar isso fará
rísticas proporcionadas tanto pelo projeto como pela com eu o avião experimente um deslizamento late-
distribuição da carga, é o principal fator para a esta- ral em direção a asa baixa. Isso fará com que a asa
bilidade longitudinal. Há um ponto na asa do avião, baixa tenha um maior ângulo de ataque, aumentando
chamado de centro de pressão ou centro de susten- sua sustentação e levantando-a de volta ao nível de
tação, onde as forças de sustentação se concentram. atitude de voo. O diedro de uma asa é mostrado na
Em voo, o avião se comporta como se estive sendo Figura 3-63.
sustentado por esta parte.. Esse centro de sustentação
vai da uma ponta da asa até a outra. Também existem
um ponto no avião, chamado de centro de gravidade,
onde está concentrada a massa ou peso do avião. Para
que um avião tenha boa estabilidade longitudinal o
centro de gravidade está localizado a frente do cen- Dihedral
tro de sustentação. Isto dá ao avião uma tendência de
manter o nariz para baixo, que é equilibrada pela for-
ça gerada pelo estabilizador horizontal e elevador. O
centro de gravidade tem limites dentro dos quais ele Figura 3-63
deve se manter. Se for muito a frente as forças de cau-
da podem não ser capazes de compensar e de evitar
que o nariz do avião volte-se para baixo.

Na Figura 3-62 são mostrados os centro de susten- Pivot point (CG) Distance to vertical
stabilizer creates stability
tação, centro de gravidade e os limites do centro de
gravidade. Pode ser visto que o centro de gravidade
não apenas fica a frente do centro de sustentação, mas
também a frente do limite do centro de gravidade. Na
parte de trás do avião, a borda posterior do elevador
está inclinado para cima para criar uma força para
baixo na cauda, e tentar manter o nariz do avião para
cima. Este avião seria altamente instável longitudinal- Figura 3-64
mente, especialmente em baixa velocidade e tentando
aterrissar. Isto é especialmente perigoso se o centro
de gravidade estiver atrás do limite posterior. O avião Estabilidade Direcional
teria agora a tendência de arfar o nariz para cima , o O movimento de um avião ao redor do seu eixo verti-
que pode fazer com que a asa estole e se perca o con- cal, e a habilidade do avião de não ser adversamente
trole do avião. afetada pela força criando um tipo de guinada, é cha-
mada de estabilidade direcional. O leme vertical dá ao
Estabilidade Lateral avião esta estabilidade, fazendo com que o avião se
A estabilidade lateral de um avião ocorre ao longo do alinhe ao vento relativo. Em voo, o avião se comporta
eixo longitudinal, que vai do nariz do avião até a sua como um catavento que usamos em casa para mostrar
cauda. Se uma asa estiver mais baixa do que a outra em qual direção o vento está soprando. A distância
uma boa estabilidade lateral fará com que as asas te- do ponto de articulação de uma biruta e sua cauda é
nham a tendência de ficarem novamente no mesmo maior que a distância de do seu ponto articulação e

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Anti-servo tab
Moving horizontal stabilizer
Elevator (stabilator)

Figura 3-66
Figura 3-65

o nariz. Então, quando o vento sopra, ele cria uma


maior força de torque na cauda e faz com que ela se
alinhe com o vento. Em um avião acontece o mesmo.
Com o CG sendo o ponto de articulação, e a maior
distância do CG para o estabilizador vertical do que Ruddervators
do CG para o nariz. [Figura 3-64]
Figura 3-67
Dutch roll
O diedro de uma asa tenta rolar o avião para uma po-
sição oposta da qual está deslizando, e o leme vertical
tentará guinar o avião na direção do deslize. Estes dois
eventos, combinam-se em uma forma que afeta a es-
tabilidade lateral e direcional. Se o diedro da asa tiver
um efeito maior, o avião terá uma tendência de expe-
rimentar um Dutch roll. Um Dutch roll é uma peque-
na oscilação em torno de ambos os eixos longitudinal
e vertical . Embora está condição não seja considerada
perigosa ela pode produzir uma sensação desconfortável Control wheel Rudder pedals
or yoke
aos passageiros. Os aviões comerciais têm amortecedo-
res de guinada que evitam que isso aconteça.
Figura 3-68
Superfícies de Controle de Voo
O propósito dos controles de voo é permitir que o
piloto manobre o avião de forma segura a partir do ao estabilizador horizontal, um estabilizador ho-
momento em que se prepara para a decolagem até a rizontal totalmente móvel, ou em um avião com
parada final após a aterrissagem. Os controles de voo uma cauda configurada em V, chamados rudderva-
são tipicamente associados com a asa e os estabiliza- tors. O elevador de um Cessna 182 pode ser visto
dores vertical e horizontal. Em voo, e também algu- na Figura 3-65. Na Figura 3-66 um estabilizador
mas vezes no chão, os controles de voo permitem que horizontal totalmente móvel, conhecido como sta-
o avião mova um ou mais eixos. Os controles de voo bilator, pode ser visto em um Piper Cherokee Ar-
funcionam pela mudança de forma ou características row, e a Figura 3-67 mostra um ruddervator em
aerodinâmicas da superfície na qual estão ligados. um Beechcraft Bonanza.

Controles de Voo e o Eixo Lateral Dependendo de qual avião estamos falando, o movi-
O eixo lateral de um avião é uma linha que corre abai- mento em torno do eixo lateral acontece como resul-
xo da asa, de uma ponta a outra, passando pelo centro tado do movimento do piloto movimentando a roda
de gravidade do avião. O movimento em torno deste de controle ou yoke, o control stick ou, em alguns
eixo é chamado de arfagem, e o controle ao redor do aviões, um side stick. Nos aviões mostrado nas Fi-
eixo é chamado de controle longitudinal. O controle guras 3-65, 3-66 e 3-67 um control Wheel ou yoke
de voo que lida com este trabalho é o elevador ligado são usados.

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parecido com o movimento de um motorista girar o
Aileron Up volante de um automóvel. [Figura 3-68]. Quando o
piloto vira o manche para a esquerda o avião é soli-
citado a virar ou inclinar-se para a esquerda. Virar o
manche para a esquerda faz com que a aresta posterior
do aileron da asa esquerda se erga para a corrente de
ar, e o aileron da asa direita baixe. Este aumento de
sustentação na asa direita e diminuição de sustentação
na asa esquerda, fazendo com que a asa direita mova-
Aileron Down se para cima e que o avião incline-se para a esquerda.
Na Figura 3-69 um Air Force F-15 pode ser visto fa-
zendo um rolamento de aileron. Repare que o aileron
Figura 3-69
esquerdo está para cima e o direito para baixo, o que
faria com que o avião fizesse o rolamento do eixo lon-
No Cessna 182 mostrado na Figura 3-65, puxa o gitudinal no sentido anti-horário.
manche para trás faz com que o bordo de fuga do
elevador desvid para cima, fazendo com que uma Controles de Voo e o Eixo Vertical
força maior para baixo levante o nariz do avião. O eixo vertical de um avião corre de cima para baixo
Movimentos do elevador fazem com que o nariz do e passa pelo meio do avião, passando também pelo
avião arfe para cima ou para baixo, através do giro centro de gravidade. O movimento ao redor do eixo
do eixo lateral. O manche do Cessna 182 pode ser é conhecido como guinada, e o controle sobre este
visto na Figura 3-68. eixo é chamado de controle direcional. O movimen-
to ao redor do eixo é controlado pelo leme, ou no
No Piper Cherokee Arrow mostrado na Figura 3-66 caso do Beechcraft Bonanza da Figura 3-67 por ru-
puxar o manche para trás faz com que toda superfí- ddervators.
cie horizontal (stabilator) se movimente, fazendo com
que o bordo de fuga desvie para cima. A aba anti- Os pés do piloto estão nos pedais do leme, e pisando no
servo vista no Cherokee proporciona uma sensação pedal direito ou esquerdo do leme faz com que o leme
de controle similar aquele experimentado pela movi- se movimente para a esquerda ou para a direita. Quan-
mentação do elevador. Sem esta aba o stabilator se do se pisa no pedal direito do leme o nariz do avião dá
movimentaria muito facilmente e o piloto poderia su- uma guinada para a direita. Os pedais do leme de um
pracontrolar o avião. Cessna 182 podem ser vistos na Figura 3-68.

Os ruddervators mostrados no Beechcraft Bonanza da Mesmo que o leme de um avião faz com que o nariz
Figura 3067 também são movimentados por um man- de uma guinada para a direita ou esquerda não é o
che, com o seu bordo de fuga movimentando-se para leme que vira o avião. Para que o que se chama de
cima quando o manche for puxado para trás. Como giro coordenado acontecer tanto os ailerons e leme
indica o nome, estas superfícies também agem como devem entrar em ação. Digamos que se deseja girar
o leme do avião. o avião para a direita. Começamos girando o man-
che para a direita, o que levanta o aileron direito e
Controles de Võo e Eixos Longitudinais baixa o esquerdo e inicia a inclinação para o giro. O
O eixo longitudinal de um avião passa pelo meio aumento de sustentação para a asa direita também
do avião, do nariz até cauda, passando pelo centro aumenta o arrasto induzido da asa esquerda, que ten-
de gravidade. O movimento ao redor deste eixo e ta fazer com que o nariz do avião de uma guinada
conhecido como rolamento, e o controle sobre este para a esquerda. Para neutralizar este movimento,
eixo é chamado de controle lateral. O movimento quando o manche é movimentado para a direita um
sobre este eixo é feito pelos ailerons, e em um jato pouco do leme direito é usado para evitar que o nariz
comercial é auxiliado por superfícies na asa conhe- do avião de uma guinada para a esquerda. Uma vez
cidos como spoilers. que o nariz do avião esteja apontando para a direção
correta a pressão no leme não é mais necessária. O
Os ailerons movem-se como resultado do piloto gi- leme de um Piper Cherokee Arrow pode ser visto na
rar o manche para a esquerda ou para a direita, muito Figura 3-70.

3- 48

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Rudder

Anti-servo tab
Elevator
trim tab

Figura 3-70
Figura 3-71

Compensadores Compensador de Equilíbrio


Compensadores Trim Em alguns aviões a força necessária para se movimen-
Compensadores trim são pequenas superfícies móveis tar os controles de voo podem ser muito grandes. Em
que se ligam aos bordos de fuga dos controles de voo. casos como estas um compensador de equilíbrio pode
Estes compensadores podem ser controlados da cabine ser usado para gerar força que auxilia nos movimen-
de comando e o seu propósito é criar uma força aerodi- tos de controle de voo. De forma oposta aos compen-
nâmica que mantém o controlador de voo em uma po- sadores anti-servo, os compensadores de equilíbrio
sição inclinada. Compensadores trim podem ser insta- movimentam-se na direção oposta do bordo de fuga
lados em qualquer dos controladores de voo primários. de controle de voo, fornecendo a força necessária para
controlar o voo.
Um controlador de voo muito comum de ser encontra-
do com um controlador trim é o elevador, Para estabi- Compensador Servo
lizar o voo a maioria dos aviões tem o centro de gra- Em aviões grandes, em função da força necessária
vidade localizado a frente do centro de sustentação da para movimentar os controladores de voo serem
asa. Isso faz com que o nariz fique pesado, que precisa alem da capacidade do piloto, atuadores hidráuli-
ser equilibrado pela inclinação do elevador para cima cos são usados para fornecer esta força. Caso ocor-
e a criação de uma força para baixo. Para liberar o ra alguma falha ou mau funcionamento do sistema
piloto da necessidade de segurar a pressão no manche, hidráulico, alguns aviões têm compensadores servo
um compensador trim pode ser ajustado para segurar no bordo de fuga dos controladores de voo primá-
o elevador em uma posição levemente inclinada. Um rios. Quando o manche é puxado para trás, em uma
compensador trim do elevador para um Cessna 182 é tentativa de movimentar o elevador, o compensador
mostrado na Figura 3-71. servo movimenta-se e cria a força aerodinâmica ne-
cessária para movimentar o elevador. O compensa-
Compensador Anti-Servo dor servo age como um compensador de equilíbrio,
Alguns aviões, como o Piper Cherokee Arrow, não mas ao invés de auxiliar na força normal que faz com
tem um estabilizador horizontal fixo e elevador mó- que o elevador se mova, ele torna-se a única força a
vel. O Cherokee usa uma superfície móvel horizontal promover este movimento. Como um compensador
conhecida como stabilator. Por causa de localização de equilíbrio, o compensador servo movimenta-se na
do ponto de rotação desta superfície móvel ele tende a direção oposto do bordo de fuga do controlador de
ser muito sensível ao comando do piloto. Para reduzir voo. O Boeing 727 tem um compensador servo que
a sensibilidade um compensador anti-servo, de com- apoia o sistema hidráulico, caso aconteça alguma
primento total, é instalado no bordo de fuga do stabi- falha. Durante um voo normal, os compensadores
lator. Quando o bordo de fuga do stabilator move-se servo comportam-se como compensadores de equilí-
para baixo o compensador anti-servo faz o mesmo brio. [Figura 3-73]
movimento e cria uma força que tenta erguer o bordo
de fuga. Com esta força agindo contra o movimento Dispositivos Suplementares Modificação da Sustentação
do stabilator, a sensibilidade a entrada do piloto é re- Se a asa de um avião foi projetada para produzir o
duzida. O compensador anti-servo de um Piper Che- máximo de sustentação possível em baixa velocidade
rokee Arrow is mostrado na Figura 3-70. do ar, para acomodar decolagens e aterrissagens, ela

3 49

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não seria apropriada para voos de alta velocidade em sobre a parte de cima do flap produz uma sustentação
função da enorme quantidade de arrasto que produzi- adicional.
ria. Para dar a asa a habilidade de produzir o máximo O flap Fowler é fixo na parte de trás da usa através do
de sustentação em baixa velocidade sem prejudicar o uso de um sistema de faixa ou rolos. Quando aberto
arrasto, dispositivos de voo retráteis, tais como flapes ele move-se para trás e flexiona-se para baixo. Isto
e slats são utilizados. aumenta a área total da asa, além de aumentar a cur-
vatura e linha de corda. Este tipo de flap é o mais efi-
Flaps ciente dos quatro e é usado em aviões comerciais e
O uso mais comum de dispositivos modificadores jatos executivos.
de sustentação, tanto para aviões pequenos como
grandes, é o flap da asa. Os flaps podem ser instala- Slots do Bordo de Ataque
dos nos bordos de ataque e de fuga, com as versões Os slots de bordo de ataque são dutos ou passagens
do bordo de ataque sendo usadas apenas nos avi- no bordo de ataque da asa que permitem que a alta
ões grandes. Os flaps alteram a curvatura da asa, e pressão do ar, que vem da parte de baixo da asa, flua
aumentam tanto a sustentação como o arrasto para para a parte de cima. Esse ar canalizado flui sobre o
qualquer angulo de ataque. Os quatro tipos diferen- topo da asa em alta velocidade e ajuda a evitar que a
tes de flaps são: simples, ventral, com fenda e Fow- camada limite de ar torne-se turbulenta e separe-se da
ler. [Figura 3-72] asa. Os slots são colocados, frequentemente, na parte
da asa a frente dos ailerons, então durante a estolagem
Flaps simples estão ligados ao bordo de fuga da asa, do voo e parte interna da asa estole antes e os ailerons
interior dos ailerons, e formam parte da superfície to- permaneçam eficientes.
tal da asa. Quando abertos para baixo eles aumentam
a eficiência da curvatura e da linha de corda da asa. Slats de Bordo de Ataque
Estes dois fatores fazem com que se crie mais susten- Os slats de bordo de ataque servem para o mes-
tação e mais arrasto. mo propósito dos slots, com a diferença sendo que
os slats são móveis e podem ser retraídos quando
não estão sendo usados. Em alguns aviões os slats
de bordo de ataque são operados automaticamente,
abrindo-se em resposta a forças aerodinâmicas que
entram em ação com um angulo de ataque grande.
Na maioria dos aviões comerciais os slats dos bordos
de ataque abrem-se quando os flaps do bordo de fuga
estão baixados.
p

Os controles de voo de um avião comercial grande


são mostrados na Figura 3-73. Os controles, por cor,
Fo p são os seguintes:

1. Todos separadores aerodinâmicos estão em verde.


Figura 3-72
2. Todos os dispositivos de sustentação altos dos bor-
O flap ventral está ligado a parte de baixo da asa, e dos de ataque e fuga estão em vermelho (flapes e slats
quando aberta não modifica a superfície superior da dos bordos de ataque, flaps internos e externos)
asa. Este tipo de flap cria mais arrasto do que o flap
simples porque aumenta a turbulência. 3. Os controles primários de voo montados na cauda
O flap com fenda é parecido com o flap simples, ex- estão em amarelo (leme e elevador).
ceto quando aberto, porque o bordo de ataque cai um
pouco. Com essa pequena queda do bordo de ataque 4. Os controles primários de voo montados na asa es-
abre-se uma fenda, que permite que um pouco de ar tão em roxo (aileron interno e externo).
de alta pressão que está na parte de baixo da asa flua
para a parte de cima do flap. Este fluxo de ar adicional

3- 50

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Stabilizer

Elevator

Upper rudder
Elevator tab
Lower rudder

Anti-balance tabs

Ground spoilers
Inboar p
Inboard aileron
L Inboard aileron tab
(extended)
Outboar

Balance tab
Leading edge slats
(extended) Outboard aileron

Flight spoilers

Figura 3-73

Aerodinâmica de Alta Velocidade como a densidade aumentam. [Figura 3-74] Em fluxo


Efeitos de Compressibilidade supersônico o ar comporta-se como um fluido com-
pressível. Como o ar se comporta de maneira diferen-
Quando o ar está fluindo a uma velocidade subsônica te quando está fluindo em velocidade supersônica os
ele se comporta como um fluido incompressível. Con- aviões que voam em velocidade supersônica devem
forme discutido anteriormente neste capítulo, quando ter asas com formatos diferentes.
o ar a uma velocidade subsônica passa por uma pas-
sagem com formato divergente a velocidade diminui A Velocidade do Som
e a pressão estática aumenta, mas a densidade do ar O som, em relação aos aviões e seu movimento pelo
não é alterada. Em uma passagem com formato con- ar, nada mais é do que perturbações de pressão do
vergente o ar subsônico acelera e a pressão estática di- ar. Conforme discutido anteriormente neste capítu-
minui. Quando ar supersônico flui por uma passagem lo, é como jogar uma pedra na água e olhar as on-
convergente e velocidade diminui e tanto a pressão das fluírem a partir do centro. Quando um avião voa
cada ponto do avião que causa distúrbios cria ener-
gia sonora na forma de ondas sonoras. Estas ondas
de pressão voam a partir do avião na velocidade do
Supersonic som, que em temperatura padrão dia de 59ºF é de
761 mph. A velocidade do som no ar muda conforme
Air w a temperatura, aumentando quando a temperatura di-
minui. A Figura 3-75 mostra como a velocidade do
Converging Diverging som muda com a altitude.
Decreasing velocity Increasing velocity
Increasing pressure Decreasing pressure
Increasing density Decreasing density Velocidade Subsônica, Transônica e Supersônica.
Quando um avião está voando em velocidade sub-
Figura 3-74 sônica todo o ar que está fluindo ao redor do avião
está em uma velocidade igual o menor a velocidade

3 51

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do som (conhecida como Mach 1). Lembre-se que o estabilidade podem ser encontrados durante um voo
ar acelera quando passa sobre certas partes do avião, transônico, porque a onda de choque pode causar que o
como a parte de cima da asa, então um avião voando fluxo de ar se separe da asa. A onda de choque também
a 500 mph pode ter ar passando sobre sua asa que al- pode fazer com que centro de sustentação se desloque
cança a velocidade de 600 mph. Quando rápido pode para trás, fazendo com que o nariz do avião arfe para
voar um avião e ainda ser considerado um voo subsô- baixo. A velocidade na qual a onda de choque se forma
nico varia conforme o projeto da asa, mas como um é conhecida como número Mach crítico. A velocidade
número Mach, ele estaria, tipicamente, a um pouco transônica está, tipicamente, entre Mach 0,8 e 1,20.
mais de Mach 0,8.
Quando um avião está voando em velocidade supersônica
Quando um avião está voando em velocidade transô- todo o avião está experimentando um fluxo de ar supersô-
nica parte do avião está experimentando fluxo de ar nico. Nesta velocidade a onda de choque que é formada na
subsônico e parte está experimentando fluxo super- parte superior da asa movimenta-se toda para trás e fixa-se
sônico. Na parte superior da asa, provavelmente na no bordo de fuga da asa. A velocidade supersônica vai de
metade de trás, a velocidade do ar alcançara Mach Mach 1,20 até 5,0. Se um avião voar mais rápido do que
1 e uma onda de choque que formará. Problemas de Mach 5 diz-se que tem voo hipersônico.

Ondas de Choque
Speed of Sound
Altitude in Feet Temperature (°F)
(mph) O som que vem de um avião é o resultado do ar sendo
0 59.00 761 perturbado enquanto o avião passa por ele, e as on-
1,000 55.43 758 das de pressão resultantes que se irradiam para longe
2,000 51.87 756 da fonte de distúrbio. Para um avião que está se mo-
3,000 48.30 753 vimentando lentamente as ondas de pressão viajam
4,000 44.74 750 à frente do avião, na velocidade do som. Quando a
5,000 41.17 748 velocidade do avião alcança a velocidade do som as
6,000 37.60 745 ondas de pressão (energia sonora) não consegue es-
7,000 34.04 742 capar do avião. Neste ponto a energia sonora come-
8,000 30.47 740 ça a acumular, inicialmente na parte de cima da asa,
9,000 26.90 737 e depois ligando-se nos bordos de ataque e fuga da
10,000 23.34 734 asa. O acúmulo de energia sonora é chamado de onda
15,000 5.51 721 de choque. Se a onda de choque chegar ao chão, e
20,000 –12.32 707 atravessar o caminho de uma pessoa, ela será ouvida
25,000 –30.15 692 como um estouro sônico. A Figura 3-76 mostra uma
30,000 –47.98 678 asa em voo de baixa velocidade, com muitos distúr-
35,000 –65.82 663 bios na asa gerando ondas de pressão sonoras que se
* 36,089 –69.70 660 irradiam para fora. Em B temos a asa de um avião em
40,000 –69.70 660 voo supersônico, com as ondas de pressão sonora se
45,000 –69.70 660 acumulando ao redor do bordo de ataque.
50,000 –69.70 660
55,000 –69.70 660 Onda de Choque Normal
60,000 –69.70 660 Quando um avião está em voo transônico a onda
65,000 –69.70 660 de choque que se forma na parte superior da asa, e
70,000 –69.70 660 eventualmente na parte inferior, é chamada de onda
75,000 –69.70 660 de choque normal. Se o bordo de ataque da asa não
80,000 –69.70 660 estiver arredondado ou afiado uma onda de choque
85,000 –64.80 664 também se formará na frente da asa durante o voo
90,000 –56.57 671 supersônico. Ondas de choque normais formam-se
95,000 –48.34 678 perpendiculares a corrente de ar. A velocidade do ar
100,000 –40.11 684 atrás de uma onda de choque normal é subsônica, e
* Altitude at which temperature stops decreasing a pressão e densidade estáticas do ar são mais altas.
Figura 3-75 A Figura 3-77 mostra uma onda de choque normal se
formando na parte superior de uma asa.

3- 52

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Normal shock wave
Subsonic air Supersonic air
Subsonic air

(A)
Figura 3-77

Expansion
Oblique Oblique
wave
shock shock

Air w

(B)

Figura 3-78
Figura 3-76

Onda de Choque Oblíqua


Um avião que foi projetado para voo supersônico terá Aerofólios de Alta-Velocidade
arestas muito afiadas, para que tenha o menor arrasto O voo transônico é o tipo de voo mais difícil para um
possível. Quando um avião está em voo supersônico avião, porque parte da asa esta experimentando fluxo
os bordos de ataque e fuga afiados da asa terão on- de ar subsônico e parte da asa fluxo de ar supersôni-
das de choque presos a eles. Estas ondas de choque co. Para o aerofólio subsônico e centro aerodinâmico
são conhecidas como obliquas. Atrás da onda de cho- (ponto de suporte) é aproximadamente 25% atrás da
que obliqua a velocidade do ar é menor, mas ainda borda de ataque da asa. Em voo supersônico o cen-
supersônica, e as pressões e densidade estáticas são tro aerodinâmico move-se para trás 50% em relação a
mais altas. A Figura 3-78 mostra uma onda de choque corda da asa, causando algumas mudanças significati-
obliqua nos bordos de ataque e fuga de um aerofólio vas no controle e na estabilidade do avião.
supersônico.
Se um avião projetado para voo subsônico, talvez em
Onda de Expansão uma velocidade de Mach 0,8, voar rápido demais e
Anteriormente, durante a discussão sobre aerodinâmi- entrar em voo transônico, acontecerão algumas mu-
ca de alta velocidade, afirmamos que o ar em veloci- danças significativas com relação ao fluxo de ar sobre
dade supersônica comporta-se como um fluido com- a asa. A Figura 3-79 mostra seis vistas da asa, com
pressível. Por esta razão o ar supersônico, quando cada vista mostrando o número Mach ficando mais
consegue, expande-se. Quando o ar supersônico está alto. O cenários para as seis vistas é o seguinte:
fluindo sobre a parte superior da asa, e a superfície
da asa volta-se contra a direção do fluxo, o ar se ex- A. O numero Mach está relativamente baixo e toda
pande e segue para a nova direção. No ponto onde a a asa está experimentando um voo subsônico.
direção do fluxo muda acontecerá uma onda de ex-
pansão. A velocidade aumenta atrás da onda de ex- B. A velocidade atingiu o número Mach crítico,
pansão, e a pressão e densidade estáticas diminuem. quando o fluxo de ar sobre a parte superior da asa
Uma onda de expansão não é uma onda de choque. está alcançando a velocidade Mach 1.
A Figura 3-78 mostra uma onda de expansão em um
aerofólio supersônico. C. A velocidade está maior que o número Mach

3 53

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Air e
wing is subsonic crítico, e uma onda de choque normal formou-se
na parte superior da asa. Algum fluxo de ar em se-
parado começa a se formar atrás da onda de cho-
Mach number = .60
que.
View A

D. A velocidade continua a aumentar além do nú-


Air
reaches Mach .99
mero Mach crítico, e a onda de choque normal
moveu-se para trás o suficiente e uma séria separa-
ção do fluxo de ar está acontecendo. Uma onda de
Mach number = .82
(Critical Mach no.)
choque normal também está se formando agora na
parte inferior da asa. Atrás das ondas de choque a
View B
velocidade do ar é subsônica e as pressão estática
aumentou.
w Normal shock

Subsonic E. A velocidade aumentou ao ponto em que am-


bas as ondas de choque da asa, superior e inferior,
moveram-se para trás da asa e ficaram presas ao
Mach number = .85
bordo de fuga. Ainda está acontecendo alguma se-
View C
paração de ar.

w F. A velocidade para frente do aerofólio é maior


Normal shock que Mach 1, e uma nova onda de choque foi for-
mada bem a frente da borda de ataque da asa. Se
Separation a asa tiver uma bordo afiada a onda de choque se
ligará a ela.
Normal shock

Mach number = .88 O aerofólio mostrado na Figura 3-79 não foi projetado
View D para lidar adequadamente com um fluxo de ar super-
sônico. A onda de proa a frente do bordo de ataque
da asa na vista F ficará ligada a este bordo. Se a asa
w Normal
fosse uma asa Double wedge ou tivesse um design
shock biconvexo. Estes dois tipos de projetos são mostrados
na Figura 3-80.

Aquecimento Aerodinâmico
Um dos problemas com aviões em voos de alta
Normal
shock
velocidade é que o calor se acumula na superfície
da aeronave por causa do atrito com o ar. Quando
Mach number = .95
o avião SR-71 Blackbird está a uma velocidade
View E
Mach 3,5 as temperaturas da sua superfície variam
de 450ºF até mais de 1.000ºF. Para suportar esta
Bow
wave alta temperatura o avião foi construído com uma
liga de titânio, ao invés da tradicional liga de alumí-
nio. O Concorde foi originalmente projetado para
voar a Mach 2.2, mas sua velocidade de cruzeiro
foi reduzida para Mach 2.0 por causa de problemas
w
estruturais que começaram a acontecer com o aque-
Mach number = 1.05
cimento aerodinâmico. Um dos obstáculos para a
View F construção de aviões capazes de voos supersônicos
no futuro é a pressão que a estrutura dos aviões so-
Figura 3-79
fre em função do superaquecimento.

3- 54

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Expansion Tail rotor
Oblique Oblique Transmission
wave Main rotor
shock shock

Air w

Cabin Powerplant Tail boom


Landing gear
Double wedge

Figura 3-81

Oblique Oblique
shock shock rotor usando este tipo de combinação têm três laminas
ou mais. A dobradiça que permite que as lâminas se
movam para cima e para baixo são chamadas de do-
bradiça plana, e o movimento ao redor desta dobradiça
Expansion é chamado de plano. A dobradiça que permite que as
wave lâminas se movimentem para frente e para trás são cha-
Biconvex madas de dobradiças lag ou de arrastar. O movimento
ao redor desta dobradiça é chamado de arrasto. Estas
Figura 3-80 dobradiças e seus movimentos associados são mos-
trados na Figura 3-82. A cabeça do rotor principal de
Aerodinâmica dos Helicópteros um Eurocopter modelo 725 é mostrado na Figura 3-83,
O helicóptero, como o conhecemos hoje, se encaixam com as dobradiças de arrasto e pit change rods visíveis.
na classificação de rotorcraft. Rotorcraft também são
conhecidos como aeronave de asa rotativa, porque O sistema de rotor semi rígido é usado com um rotor
ao invés da asa ser fixa como em um avião, ela roda. principal de duas lâminas. Estas lâminas estão rigida-
A asa rotativa de um avião pode ser vista como um mente presas ao cubo, com o cubo e lâminas capazes
dispositivo que produz sustentação, como uma asa de de oscilar como uma serra. A oscilação permite que as
avião, ou como um dispositivo que produz empuxo, lâminas oscilem para cima e para baixo, uma descen-
como a hélice de um moto de pistão. do enquanto a outra sobe. As lâminas são capazes de
mudar de pitch de forma independente uma da outra.
Estrutura de Helicóptero e Aerofólios A Figura 3-84 mostra um helicóptero Bell Jet Ranger
As principais partes que compõem um helicóptero são em voo. Este helicóptero usa um sistema de rotor semi
a cabine, o trem de aterrissagem, a cauda, motor, trans- rígido, o que é evidente pelo modo como o rotor é in-
missão, rotor principal e rotor de cauda. [Figura 3-81] clinado para frente quando o helicóptero está voando
para frente.
Sistemas do Rotor Principal
A classificação dos sistemas do rotor principal é base- Com um sistema de rotor rígido as lâminas não tem
ado em como as lâminas de se movem em relação ao dobradiças para movimentar-se para cima e para bai-
cubo do motor principal. As principais classificações xo (oscilar) ou se movimentar para frente e para trás
são conhecidas como completamente articulado, semi (arrasto). As lâminas são capazes de se mover ao redor
rígido e rígido. do eixo pitch change, com cada lâmina sendo capaz de
mudar seu ângulo de forma independente. As lâminas
Em um sistema de rotor completamente articulado as do sistema de rotor rígido são muito fortes e flexíveis.
lâminas são ligadas ao cubo com múltiplas dobradiças. Elas são flexíveis o suficiente para se curvar quando
As lâminas são articuladas de um modo que permita necessário, sem o uso de dobradiças ou de um rotor os-
que elas se movam para cima e para baixo, para frente cilador para compensar a suspensão desigual que acon-
e para trás, e os rolamentos que proporcionam movi- tece no voo para a frente. O Eurocopter modelo 135 usa
mento em torno do eixo de pit change. Os sistemas de um sistema de rotor rígido. [Figura 3-85]

3 55

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Lead or lag

Flap

Drag hinge

Pitch

Flap hinge

Pitch change rod

Axis of rotation

Figura 3-82

Sistemas Anti Torque


Em qualquer momento em que uma força seja aplicada
para fazer um objeto rodar haverá uma força igual agin-
do na direção oposta. Se o sistema do rotor principal de
um helicóptero girar no sentido horário, quando visto
de cima, o helicóptero tentará rodar no sistema anti-
horário. Anteriormente, neste capítulo, descobrimos
que torque é o que tenta fazer uma coisa rodar. Por esta
razão um helicóptero usa o que chamamos de sistema
Drag Pitch
hinge change anti torque, para atuar contra a força que faz ele rodar.
rod

Um método que é usado em um helicóptero para neu-


Figura 3-83
tralizar o torque é posicionar um conjunto de lâminas
giratórias na extremidade do corpo da cauda. Estas
lâminas são chamadas de rotor de cauda ou rotor anti
Semi-rigid torque, e o seu propósito é criar força (empuxo) que
main rotor
age na direção oposta daquela que o helicóptero está
tentando rodar. A força do rotor de cauda, em libras,
multiplicada pela distância do rotor de cauda até o rotor
principal, em pés, cria torque em libras-pés que neutra-
liza o torque do rotor principal.

A Figura 3-86 mostra um rotor de cauda de três lâminas


Figura 3-84 em um helicóptero Aerospatiale AS-315B. Este rotor
de cauda tem lâminas de pontas abertas que têm passo
variável, e os pedais anti torque do helicóptero (posi-
cionados como os pedais do leme de um avião) contro-

3- 56

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Figura 3-85

Tail rotor
Figura 3-87

do helicóptero. O ventilador força o ar para a TAIL


BOOM, onde parte dele sai pelos slots do lado direito
do BOOM, e em conjunção com o desvio do fluxo
de ar vindo do rotor, cria-se um fenômeno chamado
de “efeito Coanda”. O ar que sai dos slots do lado di-
reito do BOOM provoca uma alta velocidade e assim
pressão mais baixa naquele lado do BOOM. A pressão
Figura 3-86 mais alta do lado esquerdo do BOOM cria uma força
primária que neutraliza o torque do rotor principal. O
restante do ar volta para um bocal rotativo controlável
lam a quantidade de empuxo criada. Alguns problemas na cauda do helicóptero. O ar que sai do bocal em
potenciais com este sistema de rotor de cauda são: alta velocidade e cria uma força adicional (empuxo)
ajudar a neutralizar o torque do rotor principal. Um
• Essas lâminas giratórias são mortais se alguém sistema NOTAR é mostrado nas Figuras 3-88 e 3-89.
ficar no caminho delas. Para helicópteros com dois rotores principais, como o
• Quando o helicóptero está voando para frente e Chinook que tem um rotor principal em cada extremi-
um estabilizador vertical pode ser usado para neu- dade, não é necessário um rotor anti torque. Para este
tralizar o torque, o rotor de cauda rouba potência tipo de helicóptero os dois rotores principais giram
do motor e cria arrasto. em direções opostas, e um cancela o torque do outro.

Uma alternativa para o rotor de cauda visto na Figu-


ra 3-86 é o tipo de rotor anti torque conhecido como
fenestron, ou “ventilador na cauda” que é visto na Fi-
gura 3-87. Como as lâminas rotatórias, neste modelo,
tem uma proteção, elas representam menos risco para
as pessoas que estão no chão e criam menos arrasto
em voo.

Um terceiro método de neutralizar o torque do rotor


principal de um helicóptero é uma técnica chamada
de sistema “sem rotor de cauda”, ou NOTAR. Esse
sistema usa um alto volume de ar em baixa pressão, Figura 3-88
que vem de um ventilador movimentado pelo motor

3 57

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Low pressure side

Air exit slots

High pressure side

Rotating nozzle

Figura 3-89

Eixos de Voo do Helicóptero Controle em Torno do Eixo Vertical


Helicópteros, como aviões, têm eixos vertical, lateral Para um avião com um único rotor principal o contro-
e longitudinal que passam pelo centro de gravidade le sobre o eixo vertical é feito pelo rotor anti-torque
do helicóptero. Helicópteros guinam em torno do eixo (rotor de cauda) e pelo fluxo de ar em um helicóptero
vertical, arfam em torno do eixo lateral, e rodam em do tipo NOTAR. Como em um avião, a rotação em
torno do eixo longitudinal. A Figura 3-90 mostra que torno desde eixo é conhecido como guinada. O piloto
os três eixos de um helicóptero e como eles se relacio- controla a guinada empurrando os pedais anti-torque
nam com o movimento do helicóptero. Todos os três localizados no chão do cockpit, da mesma forma que
eixos se interseccionam no centro de gravidade do he- um piloto de avião controla a guinada pisando nos pe-
licóptero, e o helicóptero se articula neste ponto. Pres- dais do leme. Para fazer com que o nariz do avião
te atenção na figura que o eixo vertical passar quase de uma guinada para a direita, o piloto pisa no pedal
que pelo centro do rotor principal, porque o centro de anti torque direito. Quando visto de cima, se o he-
gravidade do helicóptero precisa estar bem próximo licóptero tenta girar na direção anti-horária porque
deste ponto. o torque do rotor principal, o piloto também pisará
no pedal anti torque direito para neutralizar o torque
Longitudinal do rotor principal. Usando-se os pedais anti torque o
axis
piloto pode, intencionalmente, fazer com que o he-
licóptero gire em qualquer direção sobre o seu eixo
vertical. Os pedais anti torque podem ser visto na
Figura 3-91.

Alguns helicópteros têm um estabilizador vertical,


como os mostrados nas Figuras 3-90 e 3-92. Em voo
para a frente o estabilizador vertical uma força que
Lateral ajudar a neutralizar o torque do motor principal e
axis desta forma reduzindo a potencia necessária para
acionar o sistema anti-torque localizado no final do
Vertical axis
TAIL BOOM.
Figura 3-90

3- 58

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Cyclic pitch
control

Collective Anti-torque
pitch control pedals

Figura 3-91

Controle Sobre os Eixos Lateral e Longitudinal hastes de mudança de passo que foram vistas antes,
O movimento sobre os eixos lateral e longitudinal é nas Figuras 3-82 e 3-83, são controladas por uma ala-
feito pelo rotor principal do helicóptero. No cockpit vanca de passo cíclico e são elas que mudam o passo
existem duas alavancas que controlam o rotor prin- das lâminas dos rotores. O aumento de sustentação
cipal, conhecidos como controles de passo coletivo e na parte de trás também faz com que o rotor principal
cícilco. A alavanca de passo coletivo está do lado do incline-se para frente, que o nariz do helicóptero incli-
assento do piloto, e a alavanca de passo cíclico está na ne-se para baixo, ou ambas as coisas. O resultado final
frente do assento, no meio. [Figura 3-91] é que o avião se movimenta para frente. Se a alavanca
de passo cíclico for puxada para trás a sustentação
Quando a alavanca de passo coletivo é levantada, o das lâminas do rotor será maior na frente do avião do
ângulo de todas as lâminas aumenta de maneira uni- que na parte de trás.
forme e criam sustentação que permite que o helicóp-
tero decole verticalmente. O punho na extremidade do
controle de passo coletivo é o regulador de pressão
do motor, que é girado para aumentar a potência de
força do motor quando a alavanca coletiva é erguida.
A alavanca de passo coletivo pode ter atrito ajustável
embutido, para que o piloto não precise manter a pres-
são ascendente sobre ele durante o voo.

A alavanca de passo cíclico, como o manche YOKE


de um avião, pode ser puxado para trás ou empurrado
para frente, e pode ser movimentado para a direita ou
para a esquerda. Quando a alavanca de passo cíclico é
empurrada para frente as lâminas do rotor criam mais
sustentação quando passam pela metade da frente. A
diferença em sustentação é causada pela mudança de
Figura 3-92
ângulo (passo) das lâminas do rotor. Se as alavancas/

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Figura 3-93

Se a alavanca de passo cíclico for movimentada para Para um helicóptero que está experimentando o efei-
a esquerda ou para a direita, o helicóptero se inclina- to solo, é necessário que não se esteja mais alto do
rá para a esquerda ou direita. Para que o helicóptero que a metade do diâmetro do seu sistema de rotor. Se
incline-se para a direita as lâminas do rotor princi- um helicóptero tem um rotor principal com diâmetro
pal devem criar mais sustentação quando passarem de 40 pés, ele estará em efeito solo até uma altitude
pelo lado esquerdo do helicóptero. O contrário deve de aproximadamente 20 pés. Estar perto do solo afe-
acontecer se o helicóptero estiver se inclinando para ta a velocidade do ar pelas lâminas do rotor, fazendo
a esquerda. Para se criar mais sustentação na parte com que o ângulo efetivo de ataque das lâminas seja
posterior do que na anterior, e mais sustentação na aumentada, assim como a sustentação. Entao, se um
esquerda do que na direita, o helicóptero deve estar helicóptero estiver em efeito solo ele pode pairar com
se movimentando para frente inclinando-se para a di- um peso bruto maior do que se estivesse sem efeito
reita. Na Figura 3-92 um Agusta A-109 pode ser visto solo. Em dias de muito vento a influência positiva do
em voo para frente e inclinando-se para a direita. A efeito solo é diminuída, e em velocidade para frente
lâmina do rotor atrás e a da esquerda estão em posição de 5 a 10 mph a influência é diminuída. Na Figura
elevada, significando que ambas estão experimentan- 3-93 um Air-Force CH-53 é visto pairando, com todas
do a condição chamada de FLAP. as lâminas do rotor oscilando como resultado da cria-
ção de igual sustentação.
Alguns helicópteros usam um estabilizador horizon-
tal, parecido com o que é visto em aviões, para ajudar Voo Para Frente
a fornecer mais estabilidade sobre o eixo lateral. O es- Nos primeiros tempos do desenvolvimento do heli-
tabilizador horizontal pode ser visto no Agusta A-109 cóptero a habilidade de pairar foi dominada antes de
da Figura 3-92. se ter sucesso em fazê-lo voar para frente. As primei-
ras tentativas de se fazer um helicóptero voar para
Helicópteros em Voo frente resultaram no helicóptero rolar quando tentava
Pairando passar do pairar para um movimento em qualquer di-
Para um helicóptero pairar significa que ele está voan- reção. A causa do ROLLOVER é o que hoje chama-
do em altitude constante e não está se movimentando mos de dissimetria do voo.
para frente, para trás, ou para os lados. Para pairas, o
helicóptero deve produzir sustentação suficiente nas Quando um helicóptero está pairando todas as lâminas
suas lâminas do rotor principal para igualar o peso da do rotor estão experimentando a mesma velocidade
aeronave. O motor de um helicóptero deve estar pro- do fluxo de ar. Quando ele começa a se movimentar a
duzindo potência suficiente para movimentar o rotor velocidade do fluxo de ar nas lâminas do motor muda.
principal, e também para movimentar qualquer tipo de Para os helicópteros construídos nos Estados Unidos
sistema anti torque que estiver sendo usado. A habilida- as lâminas do rotor giram em sentido anti-horário
de que um helicóptero tem em pairar pode ser afetada quando vistas de cima. Vistas de cima, quando as lâ-
por muitas coisas, incluindo se estiver ou não em efeito minas se movem do lado direito do helicóptero elas
solo, a altitude da densidade do ar, a potência disponí- estão se movendo em direção ao nariz; quando estão
vel do motor, qual a quantidade de carga que carrega. se movendo do lado esquerdo do helicóptero estão se

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Blade rotation
xo de ar reduzida, assim como sustentação reduzida, e
oscila para baixo. Quando oscila para baixo a lâmina
retraída tem o ângulo de ataque aumentado e aumenta
Direction
of relative a sustentação. O resultado final é que a sustentação
wind das lâminas é equalizada, e a tendência do helicóptero
#1
rolar nunca se materializa.
Os sistemas de rotor semi rígidos e totalmente articu-
lados têm dobradiças de oscilação que permitem, au-
tomaticamente, que as lâminas se movimentem para
#2
cima e para baixo com as mudanças de sustentação.
Direction O sistema de rotor do tipo rígido tem lâminas que são
(100 mph) flexíveis o suficiente para se curvar para cima ou para
Blade tip baixo com as mudanças de sustentação.
speed— 400 mph

Problemas da Lâmina Avançada e da Lâmina Retraída


Como um helicóptero voa para frente em velocidades
mais e mais altas, a lâmina avançada em direção ao
Blade #1 experiences 300 mph air (Tip speed – airspeed) vento relativo percebe o fluxo de ar em uma velocida-
Blade #2 experiences 500 mph air (Tip speed + airspeed)
de sempre crescente. Pode acontecer que a velocidade
Figura 3-94
do ar na lâmina do rotor alcance uma velocidade sô-
nica, muito parecida com o número Mach crítico para
movendo em direção a cauda. Quando o helicóptero a asa de um avião. Quando isso acontece uma onda
começa a se mover para a frente a lâmina do lado di- de choque se formará e o ar se separará da lâmina do
reito está se movendo em direção ao vento relativo, e rotor, resultando em um HIGH SPEED STALL.
a do lado esquerdo para longe do vento relativo. Isso
faz com que a lâmina do lado direito crie mais sus- Conforme aumenta a velocidade para frente do heli-
tentação e a do lado esquerdo menos sustentação. A cóptero, o vento relativo ser a lâmina retraída diminui,
Figura 3-94 mostra como isso acontece. resultando em uma perda de sustentação. A perda de
Na Figura 3-94 a lâmina número 2 será chamada de sustentação faz com que a lâmina oscile para baixo e
lâmina avançada e a de número 1 será chamada de lâ- aumente o ângulo de ataque efetivo. Eu uma veloci-
mina retraída. A lâmina avançada está se movimentan- dade para frente alta o suficiente, o ângulo de ataque
do em direção ao vento relativo, e assim experimenta aumentará a um ponto que fará com que a lâmina do
um fluxo de ar com maior velocidade. A sustentação rotor STALL. A ponta da lâmina STALL primeiro, e
aumentada criada pela lâmina do lado direito tentará depois isto progride em direção a raiz da lâmina.
rolar o helicóptero para a esquerda. Se for permitido
que essa condição exista ela fará o helicóptero cair. Quando aproximadamente 25% do sistema do rotor
tiver STALLED devido a problemas com as lâminas
Oscilação das Lâminas avançada e retraída, perde-se o controle do helicópte-
Para se resolver o problema de dissimetria do voo ro. Condições que levam as lâminas do rotor STALL
os construtores de helicópteros criaram um projeto incluem alta velocidade para frente, alto peso bruto,
articulado que permite que as lâminas do rotor osci- turbulência do ar, alta densidade de altitude, curvas
lem para cima quando experimentarem um aumento íngremes ou abruptas.
de sustentação e para baixo quando tiverem uma di-
minuição da sustentação. Quando as lâminas do ro- Autorrotação
tor avançam para a frente do helicóptero e tem um O motor de um helicóptero movimenta o sistema do
aumento de velocidade do fluxo de ar o aumento da rotor principal por meio de uma embreagem e trans-
sustentação fará com que ela oscile para cima. O mo- missão. A embreagem permite que o motor esteja
vimento para cima da lâmina muda a direção do vento funcionando mas que o sistema do rotor não esteja
relativo em relação a linha de corda da lâmina, fazen- girando, enquanto o helicóptero está no chão, e tam-
do com que o ângulo de ataque diminua. A diminuição bém permite que o sistema do rotor seja desconectado
do ângulo de ataque diminui a sustentação da lâmina. do motor quando em voo, caso o motor falhar. Se o
A lâmina retraída experimenta uma velocidade de flu- sistema do rotor estiver desconectado do motor em

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Normal forwar r

Direction of air w

Forwar otation

Figura 3-97

altitude do helicóptero, que é igual a energia poten-


cial, é diminuída para que se tenha energia cinética
Direction of ai ow o suficiente para manter as lâminas do rotor girando.
Quando o avião se aproxima do solo, o controle de
Figura 3-95 passo cíclico é usado para diminuir a velocidade para
frente e preparar o helicóptero para o pouso. Com a
velocidade do ar reduzida e com o helicóptero perto
do chão, o passo final é usar o controle de passo cole-
tivo para amortecer o pouso. A fluxo de ar nas lâminas
do rotor em um voo normal para frente e em voo de
autor rotação é mostrado na Figura 3-95. Na Figura
3-96 um Bell Jet Ranging é mostrado se aproximando
do chão no estágio final de uma autorrotação.

Ultraleve
Um ultraleve consiste em uma aeronave com asa re-
vestida de tecido, normalmente chamada de vela, li-
gada a uma estrutura tubular que tem rodas, assentos,
motor e uma hélice. A estrutura da asa também é tu-
bular, com a cobertura de tecido criando um formato
de aerofólio. O formato da asa varia entre diferentes
Figura 3-96 modelos, mas o formato delta é o mais popular.

caso de falha do motor é necessário que o helicóptero Na Figura 3-97 o mastro do ultraleve está ligado a asa
seja capaz de voar em uma condição chamada autor- no ponto de prender a quilha da asa com um parafu-
rotação. . so e cabo de segurança. Existe também um ponto de
Autorrotação é a condição de voo onde as lâminas do apoio, conhecido como KING POST, que se estende
rotor principal são movimentadas pela força do vendo para cima a partir da ponta da asa, com cabos des-
relativo passando por elas, ao invés de serem movi- cendo e presos a estrutura tubular da asa. Os cabos
mentadas pelo motor. Esta condição de voo é similar descendo do KING POST como parte do UPPER RI-
a um avião planando caso o seu motor falhe durante o GGING estão lá para sustentar a asa quando a aerona-
voo. Por tanto tempo quanto o avião mantiver sua ve- ve estiver no chão, e para lidar com cargas negativas
locidade do ar para frente, enquanto diminuir altitude, quando em voo. As linhas que correm do KING POST
e o piloto baixar o ângulo das lâminas com o passo até o bordo de fuga da asa são conhecidas como RE-
coletivo, as lâminas do rotor vão continuar a girar. A FLEX CABLES. Estes CABLES mantém o formato

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Crossbar Wing attach
point
Wing
batten

Wing keel

Mast

Nose
strut

Control bar with


cables attached
to the wing

Brakes

Throttle

Figura 3-98

da asa quando ela estiver STALLED segurando o bor- Para fazer com que o ultraleve voo usa-se um motor.
do de fuga da asa para cima, o que ajuda a levantar o Quando a velocidade no chão chegar ao ponto onde o
nariz durante a recuperação da estola. Se a aeronave voo é possível o piloto empurra pra frente a barra da
passar por uma estolada inadvertida, tendo o bordo de controle, o que faz com que a asa se articule na parte
fuga da asa em uma posição levemente elevada ajuda onde está ligada ao mastro e a borda de ataque da asa
a erguer o nariz da aeronave e sair da estola. O assento se inclinar para cima. Quando o bordo de ataque da
do passageiro é centrado sob a centro aerodinâmico asa se inclina para cima o angulo de ataque e a susten-
da asa, com o peso do piloto ficando a frente deste tação da asa aumentam. Com sustentação o suficiente
ponto e o peso do motor e da hélice atrás. o ultraleve começar a subir. Puxar a barra para traz
reduz o ângulo de ataque e permite que a aeronave
Diferente de um avião tradicional um ultraleve não pare de subir e tenha um voo nivelado. Uma vez que
tem leme, elevador ou aileron. Ao invés disso ele tem o ultraleve esteja em voo nivelado a velocidade do ar
uma asa que pode ser articulada para frente para trás, pode ser aumentada ou diminuída por se adicionar ou
esquerda ou direita. Na Figura 3-98 a mão do piloto retirar potencia do motor pelo uso do acelerador.
está na barra de controle que está conectada no ponto
de articulação um pouco a frente de onde a asa está Estabilidade de voo ao longo do eixo longitudinal (na-
ligada. Existem cabos ligados as extremidades da bar- riz e cauda), para um avião típico, é conquistada por
ra que se estendem até os bordos de ataque e fuga da um estabilizador horizontal e um elevador gerando for-
asa, assim como aos lados esquerdo e direito da barra ça que equilibra a tendência de peso do nariz do avião.
transversal . Indo da borda de ataque da asa até a borda
de fuga existem partes de apoio chamadas de tirantes. Como o ultraleve não tem um estabilizador horizon-
Os tirantes encaixam-se nos bolsos, e dão a asa o seu tal, ou elevador, ele precisa utilizar formas diferentes
formato curvado. Os nomes de algumas partes prin- para criar estabilidade ao longo do eixo longitudinal.
cipais do ultraleve são mostrados na Figura 3-98, e O ultraleve tem uma asa delta inclinada para trás, com
estas partes serão mencionadas quando descrevermos o bordo de fuga das pontas da asa localizadas bem
suas características de voo nos parágrafos abaixo. atrás do centro de gravidade da aeronave. A ação da

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abaixo da asa troque sua posição relativa com o vento,
Direction of turn
e é por isso que o ultraleve é considerado como uma
aeronave que troca de peso.

Quando o ultraleve está voando de forma nivelada e


Push out em linha reta o piloto precisa apenas manter uma leve
Figura 3-99
pressão na barra de controle da asa. Se o ultraleve está
equilibrado e não há turbulência do ar, a aeronave per-
Aircraft banks to the left manecerá estável mesmo se as mãos do piloto forem
because of increased lift on retiradas da barra. O mesmo acontece com qualquer
the right wing.
aeronave, aumentando a potência do motor que fará
com que a aeronave suba e diminuindo para fazer des-
Billow Pushing the bar to cer. O acelerador é controlado com um pedal, assim
the right shifts the
weight to the left. como em um carro.

Figura 3-100 Um ultraleve aterrissa de uma forma muito parecida


com um avião. Quando for a hora de aterrissar o pilo-
to diminui a potência do motor com o pedal, fazendo
pressão nas pontas da asa delta cria uma força que com que a velocidade do ar e a sustentação da asa di-
equilibra o tendência de peso do nariz. minuam. Enquanto o ultraleve desce a taxa de descida
pode ser controlada empurrando ou puxando a barra
As asas de um ultraleve são projetada para permitir de controle, e variando a potência do motor. Quando o
que mudem de formato quando submetidas a forças ultraleve está quase no ponto de tocar o chão a potência
externas. Isso é possível porque a estrutura da borda do motor será reduzida e o ângulo de ataque da asa será
de ataque e a vela são flexíveis, e é por isso que algu- diminuído para amortecer a descida e o pouso ser sua-
mas vezes o ultraleve é chamado de aeronave de asa ve. Se a aeronave está tentando pousar com um vento
flexível. Esta flexibilidade produz diferentes efeitos de través muito forte a aterrissagem pode não ser sua-
aerodinâmicos quando comparados a uma aeronave ve. Quando se pousar com vento atravessado o piloto
de asa fixa. Um avião pequeno tradicional, como um irá aterrissar IN A CRAB para manter a direção na pista
Cessna 172, vira ou se inclina usando os ailerons, que de aterrissagem. O pouso é feito primeiramente com as
efetivamente altera a curvatura da asa e desta forma rodas traseiras e depois com a roda da frente.
gera sustentação diferencial. Comparativamente a tro-
ca de peso em ultraleve faz com que a asa se torça, Um ultraleve preparando-se para pousar pode ser
mudando o angulo de ataque da asa e provocando a visto na Figura 3-101. Os cabos de controle que vem
sustentação diferencial e assim sustentação. A barra da barra de controle podem ser vistos, assim como o
transversal (WING SPREADER) da estrutura da asa mastro de suporte e os cabos na parte superior da asa,
é capaz de flutuar levemente, com relação a quilha, incluindo as LUFF LINES.
e assim, junto com algumas outras considerações ge-
ométricas, permite que a vela “BILLOW SHIFT”. Aerodinâmica do Paraglider
BILLOW SHIFT pode ser demonstrado no chão se- O paraglider tem um CARRIAGE muito parecido
gurando-se a borda de fuga da asa de um lado e er- com um ultraleve. A sua asa, porém, não tem nenhu-
guendo-a. Ao se fazer isso o tecido no outro lado da ma estrutura de suporte ou rigidez e toma forma ape-
asa ficará um pouco mais plano e justo, e o ângulo de nas quando inflada pelo sopro de ar da hélice e pela
ataque da asa vai aumentar. A mudança de sustentação velocidade para frente da aeronave. Na Figura 3-102
é o que inclina a aeronave para a esquerda. BILLOW um paraglider está em abordagem de aterrissagem
na asa esquerda é demonstrado na Figura 3-100. com a asa completamente inflada e erguida sobre a
aeronave. Cada parte colorida da asa inflada é feita
A mudança de peso para a direita faz com eu a aerona- de células que são abertas na frente para permitir que
ve se incline pra direita. O peso do ultraleve e de seus o ar entre e fechadas atrás para que o ar fique pre-
ocupantes age como um pendulo, e ajuda a manter a so dentro delas. Entre todas as células existem furos
aeronave estável durante o voo. Empurrar ou puxar que permitem que o ar flua de uma célula para outra
a barra durante o voo faz com que o peso pendurado e assim equalizar a pressão dentro da asa inflada. A

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Figura 3-101

asa é presa ao CARRIAGE da aeronave por um gran- asa fixa. Quando a asa da aeronave está inflada e a
de número de cordas de nylon ou kevlar, que vão da aeronave começa a se mover para frente a asa começa
ponta da asa ate o centro. O peso da aeronave sobre a gerar empuxo. Uma vez que a velocidade no chão
estas cordas, e o comprimento de cada uma, faz com é suficiente para que a sustentação da aeronave seja
que a asa infle e tome sua forma. As cordas se unem maior que o peso da mesma ela decola. Diferente de
ao CARRIAGE em um ponto bem próximo ao centro um avião quando o piloto tem bastante controle quan-
de gravidade, e este ponto de união é ajustável para do o avião roda decidindo quando puxar o YOKE o
permitir mudanças do equilíbrio com a variação de paraglider não vai decolar até que atinja a velocidade
peso dos ocupantes. do ar específica. Um paraglider irá decolar do chão
Assim como em um ultraleve o paraglider não tem com uma velocidade entre 28 e 30 mph, e em voo terá
os controles de voo tradicionais como um avião de uma velocidade do ar aproximada de 30mph.

Wing attach point


adjustable for CG

Steering bars to
control turning

Nosewheel
steering Throttle

Figura 3-103

Uma vez que o paraglider estiver voando o controle de


subidas e descidas é feito com o motor, através do uso
do acelerador. A asa inflada cria muito arrasto durante o
voo, e assim a redução da potência do motor proporcio-
Figura 3-102 na uma descida muito controlada. O acelerador, para
controlar a potência do motor, está normalmente loca-
lizado ao lado da mão direita do piloto. [Figura 3-103]

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Figura 3-104

Curvas do paraglider durante o voo são feitas pelos diminuída, aumentando-se a potência do motor. Um
pedais (barras de direção) localizados na frente da ae- pouco antes da aterrissagem o piloto pressiona os dois
ronave. Estas barras podem ser vistas na Figura 3-103. pedais para baixar o bordos de fuga dos dois lados da
Cada pedal controla um conjunto de cordas, normal- asa. Essa ação aumenta o arrasto da asa de maneira
mente feitas de nylon, que vão da borda de fuga até uniforme, fazendo com que o vento se PIVOT atrás,
a ponta da asa. Quando o pedal direito e pressionado o que levante o bordo de ataque e aumenta o ângulo
a corda puxa o bordo de fuga da ponta direita da asa. de ataque e sustentação.
Enquanto o bordo de fuga da asa desce o arrasto au-
menta do lado direito e a aeronave vira para a direi- Na Figura 3-104 o piloto está pressionando os dois pe-
ta. Quando a pressão é retirada do pedal o arrasto em dais e as bordas de fuga da asa flexionam para baixo. A
todo o aerofólio é equalizado e a aeronave volta para aeronave toca no chão e a asa está se arrastando atrás da
o seu voo linear e nivelado. aeronave, fazendo com que o alto ângulo de ataque seja
alto e mais arrasto seja criado. O aumento de sustenta-
Para aterrissar um paraglider a primeira ação do pi- ção reduz a taxa de descida para quase zero e propor-
loto é reduzir a potência do motor e permitir que a ciona uma aterrissagem suave. Se o piloto pressionar
aeronave desça. Com a potência reduzida a aeronave os pedais cedo demais a asa pode PIVOT longe demais
descerá a uma taxa de 5 a 10 fps. Quando a aerona- antes de aterrissar, resultando em uma taxa de descida
ve se aproximar do chão a taxa de descida pode ser não adequada e provocando um pouco difícil.

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