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FACULDADE DE DIREITO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
NITERÓI /RJ
2021
THALITA ALMEIDA DOS REIS
NITERÓI /RJ
2021
THALITA ALMEIDA DOS REIS
BANCA EXAMINADORA
Aos meus avós Roque, Virgínia, Almeida e Silvia que desde que nasci
cuidaram de mim e sempre acreditaram nos meus sonhos, me amando de forma
imensurável. Mesmo os que já partiram fazem parte dessa conquista, pois deixaram
sua marca de afeto e aonde quer que estejam continuam iluminando meu caminho.
Aos meus padrinhos, meus tios e meus primos que sempre acreditaram no
meu potencial e foram fonte de incentivo incansável.
Ao meu namorado, Pedro, que foi meu ponto de suporte e carinho ao longo
de todo o processo.
This paper aims to analyze the legal and theoretical references for the replacement
of pre-trial detention by house arrest for pregnant women, lactating women or
mothers responsible for children up to 12 (twelve) years old or for people with
disabilities, especially after 2018, due to the judgment of the collective habeas corpus
no. 143.641/SP and the advent of Law no. 13.769/18. For this, it will seek, in the first
place, to trace the profile of women prisoners in Brazil using the information available
in government’s database, as well as analyze the legislative instruments that
substantiate the rights and guarantees of incarcerated women, especially the legal
aspects that support the replacement of pre-trial detention by house arrest of
pregnant women, lactating women or mothers responsible for children up to 12
(twelve) years old or for people with disabilities. In this sense, based on literature
review, this research will seek to ascertain whether the objective parameters
established in the legislation for the granting of house arrest in the aforementioned
hypothesis have been observed by the Judiciary, especially in the state of Rio de
Janeiro, as well as whether the structural conditions of penitentiaries in Brazil follows
the guidelines determined by law.
Imagem 13: Perfil das decisões de acordo com a situação das mulheres na
audiência de custódia.................................................................................................38
Imagem 14: Perfil das decisões de acordo com o tipo penal imputado.....................39
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8
2. PERFIL DAS MULHERES PRESAS NO BRASIL ................................................. 10
3. CONSOLIDAÇÕES NORMATIVAS E JURISPRUDENCIAIS ACERCA DO
ENCARCERAMENTO FEMININO NO BRASIL ........................................................ 18
3.1 Constituição Federal ....................................................................................................... 18
3.2 Lei nº 7.210/84 – Lei de Execução Penal ................................................................ 20
3.3 Regras de Bangkok......................................................................................................... 23
3.4 Marco Legal da Primeira Infância ............................................................................... 26
3.5 Habeas Corpus Coletivo 143.641 ............................................................................... 30
3.6 Lei nº 13.769/2018 .......................................................................................................... 34
4. A INAPLICABILIDADE DAS NORMAS: A ATUAÇÃO DA DEFENSORIA PÚBLICA
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ......................................................................... 35
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 42
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 44
8
1. INTRODUÇÃO
1
BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. REGRAS DE BANGKOK: Regras das Nações
Unidas para o Tratamento de Mulheres Presas e Medidas Não Privativas de Liberdade para Mulheres
Infratoras – 1. Ed – Brasília, 2016, p. 11. Disponível em:
<http://www.tjrj.jus.br/documents/10136/1356677/regras-bangkok.pdf> Acesso em: 20 mar. 2021,
11:09:00
2
ESPINOZA, Olga. A mulher encarcerada em face do poder punitivo. São Paulo: IBCCRIM, 2004.
p.79.
3
Os dados estatísticos do portal BNMP são atualizados instantaneamente, de forma que os dados
ora apresentados são os extraídos da consulta realizada no dia 06/03/2021, às 18:36:00 no endereço
eletrônico https://portalbnmp.cnj.jus.br/#/estatisticas
4
BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. REGRAS DE BANGKOK: Regras das Nações
Unidas para o Tratamento de Mulheres Presas e Medidas Não Privativas de Liberdade para Mulheres
Infratoras – 1. Ed – Brasília, 2016, p. 11. Disponível em:
<http://www.tjrj.jus.br/documents/10136/1356677/regras-bangkok.pdf> Acesso em: 20 mar. 2021,
11:09:00
5
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ora apresentados são os extraídos da consulta realizada no dia 06/03/2021, às 18:39:00 no endereço
eletrônico https://portalbnmp.cnj.jus.br/#/estatisticas
6
INSTITUTO TERRA, TRABALHO E CIDADANIA. MulhereSemPrisão: Desafios e possibilidades
para reduzir a prisão provisória de mulheres. 2017. p.9. Disponível em:
<http://ittc.org.br/mulheresemprisao/> Acesso em: 20 mar. 2021, 11:09:00
9
7
NICOLITT, André. Manual de Processo Penal – 10ª ed. – Belo Horizonte, São Paulo: D’Plácido.
2020. p.205.
10
8
Os dados estatísticos do portal BNMP são atualizados instantaneamente, de forma que os dados
ora apresentados são os extraídos da consulta realizada no dia 06/03/2021, às 18:54:00 no endereço
eletrônico <https://portalbnmp.cnj.jus.br/#/estatisticas>
9
Ibid.
10
DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL. Disponível em:
<http://antigo.depen.gov.br/DEPEN/depen/sisdepen/infopen-mulheres> Acesso em: 06 mar. 2021,
19:02:00
11
DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL. Relatório temático sobre mulheres privadas de
liberdade – junho 2017.p.5. Disponível em:
<http://antigo.depen.gov.br/DEPEN/depen/sisdepen/infopen-
mulheres/copy_of_Infopenmulheresjunho2017.pdf> Acesso em: 06 mar. 2021, 19:10:00
12
Ibid., p.7.
13
Ibid., p.22.
11
Fonte: Infopen. Relatório temático sobre mulheres privadas de liberdade – junho 2017.
14
Ibid., p.13.
15
Ibid., p.29.
16
Ibid., p.31.
17
Ibid., p.31-32.
12
Fonte: Infopen. Relatório temático sobre mulheres privadas de liberdade – junho 2017.
18
Ibid., p.34-35.
13
Fonte: Infopen. Relatório temático sobre mulheres privadas de liberdade – junho 2017.
19
Ibid., p.37.
20
Ibid., p. 43-44.
14
Imagem 4: Número de filhos presentes nos estabelecimentos penais, de acordo com a faixa etária,
por Unidade da Federação
Fonte: Infopen. Relatório temático sobre mulheres privadas de liberdade – junho 2017.
21
Ibid., p. 45.
15
prisão preventiva pela domiciliar, o tipo penal e a forma que cometeu-se o crime é
extremamente relevante.
O relatório aponta que o crime de tráfico de drogas é o tipo penal
responsável pela maior parte das prisões de mulheres no Brasil, totalizando 59,98%
dos casos. Em segundo plano, temos o crime de roubo que perfaz 12,90% das
prisões efetuadas e o crime de furto com 7,80%22.
Imagem 5: Distribuição dos crimes tentados/consumados entre os registros das mulheres privadas de
liberdade, por tipo penal
Fonte: Infopen. Relatório temático sobre mulheres privadas de liberdade – junho 2017.
22
Ibid., p. 45-46.
23
DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Relatório sobre mulheres nas
audiências de custódia no Rio de Janeiro. Disponível em: <
https://defensoria.rj.def.br/uploads/arquivos/153960d0ac82483580bc117104cac177.pdf> Acesso em:
21. mar. 2021, 10:48:00
16
Imagem 6: Crimes imputados às mulheres grávidas, lactantes ou com filhos menores de 12 anos
Fonte: Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. Relatório sobre mulheres nas
audiências de custódia no Rio de Janeiro, 2021.
Imagem 7: Evolução da distribuição dos crimes tentados/consumados entre os registros das mulheres
privadas de liberdade, por tipo penal, entre 2005 e 2017
Fonte: Infopen. Relatório temático sobre mulheres privadas de liberdade – junho 2017.
24
Ibid., p.47-48.
17
25
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e
alimentação complementar. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. 112 p. : il. – (Série A.
Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n. 23). p.13. Disponível em:
<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_nutricao_aleitamento_alimentacao.pdf>
Acesso em 19 mar. 2021, 17:56:00
26
Ibid., p.12.
27
INSTITUTO ALANA. Pela liberdade : a história do habeas corpus coletivo para mães & crianças. --
São Paulo : Instituto Alana, 2019, p.42. Disponível em: <https://prioridadeabsoluta.org.br/wp-
content/uploads/2019/05/pela_liberdade.pdf>. Acesso em: 06 mar. 2021, 17:50:00
28
DUARTE, Dêbora Garcia; KAZMIERCZAK, Luiz Fernando. O princípio da intranscendência da
pena sob a luz de um dirito penal constitucional. Revista Intervenção, Estado e Sociedade,
Ourinhos – SP, v. 4, n. 1, p. 372-377, ago. 2018. ISSSN 2359-3473. p.131. Disponível em:
http://www.revista.projuriscursos.com.br/index.php/revista-projuris/article/view/257. Acesso em: 20
mar.2021, 11:02:00
20
dos filhos29 seja pela falta de amamentação, como já retratado, seja pela privação da
convivência familiar30.
29
INSTITUTO ALANA. Pela liberdade : a história do habeas corpus coletivo para mães & crianças.
São Paulo : Instituto Alana, 2019, p.41. Disponível em: <https://prioridadeabsoluta.org.br/wp-
content/uploads/2019/05/pela_liberdade.pdf>. Acesso em: 06 mar. 2021, 17:50:00
30
Ibid., p.43.
31
Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a penitenciária de mulheres será dotada de seção
para gestante e parturiente e de creche para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses e menores
de 7 (sete) anos, com a finalidade de assistir a criança desamparada cuja responsável estiver presa.
32
Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a sua natureza, deverá contar em suas dependências
com áreas e serviços destinados a dar assistência, educação, trabalho, recreação e prática esportiva.
(...)
o
§ 2 Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão dotados de berçário, onde as
condenadas possam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) meses de
idade.
33
Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e curativo,
compreenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico.
(...)
o
§ 3 Será assegurado acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal e no pós-
parto, extensivo ao recém-nascido.
34
DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL. Relatório temático sobre mulheres privadas
de liberdade – junho 2017. p.22-23. Disponível em:
<http://antigo.depen.gov.br/DEPEN/depen/sisdepen/infopen-
mulheres/copy_of_Infopenmulheresjunho2017.pdf> Acesso em: 06 mar. 2021, 19:10:00
21
Imagem 8: Estabelecimentos penais que têm berçário e/ou centro de referência materno-infantil, por
Unidade da Federação
Fonte: Infopen. Relatório temático sobre mulheres privadas de liberdade – junho 2017.
35
Ibid., p. 23-24.
22
Fonte: Infopen. Relatório temático sobre mulheres privadas de liberdade – junho 2017.
mães pudessem visitar as crianças, e não vice-versa, seria uma melhor solução para
garantir a convivência familiar sem que a criança permaneça dentro do cárcere36.
Ademais, conforme pesquisa realizada em 2015 pelo Grupo de Pesquisa em
Política de Drogas e Direitos Humanos do Laboratório de Direitos Humanos da
Universidade Federal do Rio de Janeiro em duas unidades prisionais do Rio de
Janeiro, nota-se graves denúncias acerca das condições de higiene e salubridade
das unidades. A pesquisa aponta como principais queixas das presas a falta d’água
para tomar banho, má qualidade da comida, atendimento médico precário, violação
ao direito à intimidade das mulheres e uso indevido de algemas inclusive durante o
parto37.
36
Brasil. Ministério da Justiça. Secretaria de Assuntos Legislativos. Dar à luz na sombra: condições
atuais e possibilidades futuras para o exercício da maternidade por mulheres em situação de prisão.
Ministério da Justiça, Secretaria de Assuntos Legislativos. -- Brasília: Ministério da Justiça, IPEA,
2015. p. 41. Disponível em: < https://www.justica.gov.br/news/201clugar-de-crianca-nao-e-na-prisao-
nem-longe-de-sua-mae201d-diz-pesquisa/pesquisa-dar-a-luz-na-sombra-1.pdf> Acesso em 31 mar.
2021, 16:53:00.
37
BOITEUX, Luciana. et al. Mulheres e crianças encarceradas: um estudo jurídico-social sobre a
experiência da maternidade no sistema prisional do Rio de Janeiro. LADIH, UFRJ, 2015. p.
4.Disponível em: <http://fileserver.idpc.net/library/M--es-encarceradas-UFRJ.pdf> Acesso em: 09 dez.
2020, 14:18:00.
38
BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. REGRAS DE BANGKOK: Regras das Nações
Unidas para o Tratamento de Mulheres Presas e Medidas Não Privativas de Liberdade para Mulheres
Infratoras – 1. Ed – Brasília, 2016, p. 12. Disponível em:
<http://www.tjrj.jus.br/documents/10136/1356677/regras-bangkok.pdf> Acesso em: 20 mar. 2021,
11:09:00
39
Ibid.
24
português pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com o apoio do Instituto Terra,
Trabalho e Cidadania (ITTC) e da Pastoral Carcerária Nacional40.
Essas regras determinam que as especificidades de gênero devem ser
observadas pelos gestores e membros do sistema de justiça no tratamento das
reclusas, como forma de atingir a igualdade material41. É o que podemos extrair logo
da Regra 1, como se segue:
Regra 1 A fim de que o princípio de não discriminação, incorporado na regra
6 das Regras mínimas para o tratamento de reclusos, seja posto em prática,
deve-se ter em consideração as distintas necessidades das mulheres
presas na aplicação das Regras. A atenção a essas necessidades para
atingir igualdade material entre os gêneros não deverá ser considerada
discriminatória. (CNJ, 2016, p.21)
Além deste aspecto, as Regras de Bangkok apresentam-se como um forte
instrumento na agenda internacional do desencarceramento, vez que também
impõem que se deve priorizar todas as medidas alternativas à prisão. Essa
orientação pode ser extraída tanto das observações preliminares como da Regra 57,
veja-se:
Observações Preliminares
(...)
2. Reconhecendo a necessidade de estabelecer regras de alcance mundial
em relação a considerações específicas que deveriam ser aplicadas a
mulheres presas e infratoras e levando em conta várias resoluções
relevantes adotadas por diferentes órgãos das Nações Unidas, pelas quais
os Estados membros foram convocados a responder adequadamente às
necessidades das mulheres presas e infratoras, as presentes regras foram
elaboradas para complementar, conforme seja apropriado, as Regras
mínimas para o tratamento de reclusos e as Regras mínimas das Nações
Unidas sobre medidas não privativas de liberdade (Regras de Tóquio), em
conexão com o tratamento de mulheres presas e alternativas ao
encarceramento para mulheres infratoras;
40
Ibid.
41
INSTITUTO TERRA, TRABALHO E CIDADANIA. MulhereSemPrisão: Desafios e possibilidades
para reduzir a prisão provisória de mulheres. 2017. p.6. Disponível em:
<http://ittc.org.br/mulheresemprisao/> Acesso em: 20 mar. 2021, 11:09:00
25
42
INSTITUTO ALANA. Pela liberdade : a história do habeas corpus coletivo para mães & crianças.
São Paulo : Instituto Alana, 2019, p.40. Disponível em: <https://prioridadeabsoluta.org.br/wp-
content/uploads/2019/05/pela_liberdade.pdf>. Acesso em: 06 mar. 2021, 17:50:00
43
Ibid., p.41.
27
44
Ibid., p.40.
45
Ibid., p.41.
28
46
DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL. Relatório temático sobre mulheres privadas
de liberdade – junho 2017. p.20. Disponível em:
<http://antigo.depen.gov.br/DEPEN/depen/sisdepen/infopen-
mulheres/copy_of_Infopenmulheresjunho2017.pdf> Acesso em: 06 mar. 2021, 19:10:00
29
Imagem 10: Estabelecimentos penais que têm cela/dormitório adequado para gestantes, por Unidade
da Federação
Fonte: Infopen. Relatório temático sobre mulheres privadas de liberdade – junho 2017.
47
Ibid., p.21.
30
Imagem 11: Mulheres gestantes e lactantes privadas de liberdade, por Unidade da Federação
Fonte: Infopen. Relatório temático sobre mulheres privadas de liberdade – junho 2017.
48
Ibid. p.43.
49
Ibid.
31
50
BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. HABEAS CORPUS 143.641. p.4. Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/HC143641final3pdfVoto.pdf> Acesso em:
20 mar. 2021, 11:52:00
51
COLETIVO DE ADVOGADOS DE DIREITOS HUMANOS. HABEAS CORPUS 143.641. p.17.
Disponível em: <https://cadhu.wordpress.com/2018/02/27/leia-a-integra-do-habeas-corpus-coletivo-
do-cadhu-peticao-inicial-documentos-amici-curiae-e-decisoes/>. Acesso em: 20 mar. 2021, 11:54:00
52
BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. HABEAS CORPUS 143.641. p.15. Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/HC143641final3pdfVoto.pdf> Acesso em:
20 mar. 2021, 11:52:00
32
53
Ibid.
54
INSTITUTO ALANA. Pela liberdade : a história do habeas corpus coletivo para mães & crianças.
São Paulo : Instituto Alana, 2019, p.27. Disponível em: <https://prioridadeabsoluta.org.br/wp-
content/uploads/2019/05/pela_liberdade.pdf>. Acesso em: 06 mar. 2021, 17:50:00
55
Ibid., p.39.
56
BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. HABEAS CORPUS 143.641. p.15. Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/HC143641final3pdfVoto.pdf> Acesso em:
20 mar. 2021, 11:52:00
57
INSTITUTO ALANA. Pela liberdade : a história do habeas corpus coletivo para mães & crianças.
São Paulo : Instituto Alana, 2019, p.26. Disponível em: <https://prioridadeabsoluta.org.br/wp-
content/uploads/2019/05/pela_liberdade.pdf>. Acesso em: 06 mar. 2021, 17:50:00
33
58
BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. HABEAS CORPUS 143.641. p.17. Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/HC143641final3pdfVoto.pdf> Acesso em:
20 mar. 2021, 11:52:00
59
Ibid., p.46.
60
Ibid., p. 9.
61
Ibid., p.20.
62
Ibid., p.55-56.
63
Ibid., p.56.
34
64
DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Perfil das mulheres gestantes,
lactantes e mães atendidas nas audiências de custódia pela Defensoria Pública do Rio de
Janeiro. Disponível em: <http://sistemas.rj.def.br/publico/sarova.ashx/Portal/sarova/imagem-
dpge/public/arquivos/relat%C3%B3rio_CAC_Benfica_mulheres_27.03.19.pdf> Acesso em: 09 dez.
2020, 22:23:00
65
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por
crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que:
I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.
66
Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem prejuízo da
aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 deste Código.
35
67
De acordo com a Fiocruz, a Organização Mundial da Saúde passou a chamar oficialmente a
doença causada pelo novo coronavírus de COVID-19. COVID significa “Corona Virus Disease”
(Doença do Coronavírus), enquanto “19” se refere ao ano de 2019, quando foram descobertos os
primeiros casos da doença na China. No Brasil, de acordo com os registros oficiais, o vírus chegou
em 2020. Informações disponíveis em: <https://portal.fiocruz.br/pergunta/por-que-doenca-causada-
pelo-novo-coronavirus-recebeu-o-nome-de-covid-19> Acesso em 28 mar. 2021, 19:07:00
68
DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. COVID-19: prisão preventiva de
gestante e lactante é convertida em domiciliar. Disponível em: < https://coronavirus.rj.def.br/covid-19-
prisao-preventiva-de-gestante-e-lactante-e-convertida-em-domiciliar/> Acesso em: 09 dez. 2020,
14:51:00
36
69
BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Depen divulga mapeamento de mulheres
grávidas, idosas e doentes no sistema prisional. Disponível em: < https://www.gov.br/depen/pt-
br/SEI_MJ11429916Informao_final.pdf> Acesso em: 09 dez. 2020, 14:46:00
70
DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Relatório sobre mulheres nas
audiências de custódia no Rio de Janeiro. Disponível em: <
https://defensoria.rj.def.br/uploads/arquivos/153960d0ac82483580bc117104cac177.pdf> Acesso em:
21. mar. 2021, 10:48:00
37
Fonte: Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. Relatório sobre mulheres nas
audiências de custódia no Rio de Janeiro, 2021.
Imagem 13: Perfil das decisões de acordo com a situação das mulheres na audiência de custódia
Fonte: Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. Relatório sobre mulheres nas audiências de
custódia no Rio de Janeiro, 2021.
A partir desses dados é possível aferir que a maior parte das mulheres foram
atendidas pela Defensoria Pública, bem como que as decisões foram, em maioria,
concedendo a liberdade provisória (376). Todavia, destaca-se ainda, o alto número
de prisões preventivas (136)71.
No mais, ainda chama atenção o perfil divergente das decisões dentro do
mesmo grupo de crimes praticados, sobretudo, nos casos que envolvem os crimes
da Lei de Drogas (Lei nº 11.343/06) e do Estatuto do Desarmamento (Lei nº
10.826/03)72, nas quais ressalta-se o grande número de decisões decretando a
prisão preventiva, veja-se:
71
Ibid., p.26.
72
Ibid.
39
Imagem 14: Perfil das decisões de acordo com o tipo penal imputado
Fonte: Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. Relatório sobre mulheres nas audiências de
custódia no Rio de Janeiro, 2021.
73
Ibid., p.39.
40
Esse viés das decisões traz à tona os aspectos sociais que caracterizam a
mulher acusada de cometer um delito como uma mãe ruim e irresponsável,
servindo isso como fundamento para a negação dos respectivos direitos.
Às mulheres, sobretudo às mães e gestantes, atribui-se, socialmente,
adjetivos ligados à sensibilidade, docilidade e cuidado74. Quando do cometimento
de um delito, rompe-se com esse ideário, rompendo com o papel social de
passividade atribuído a elas, passando a ser categorizadas como frias e calculistas,
tornando-as inaptas para o exercício da maternidade75. Temos, portanto, que a
subjetividade da presa é reduzida ao seu crime, que a deslegitima como boa mãe,
conforme constata Ana Gabriela Braga e Bruna Angotti, veja-se:
A representação criminosa se sobrepõe às outras. A subjetividade da
presa é reduzida ao seu crime e o interrogatório é seu único momento de
fala, uma fala pautada, engasgada, limitada ao que lhe foi perguntado.
Da mesma maneira, à juíza/juiz da infância não interessa a situação
processual da presa, o tempo de pena da condenada, ou quanto tempo
74
SALOTTI, Carolina Sabbag. Gestação entre grades: a concessão de prisão domiciliar como
substitutiva da prisão preventiva sob a ótica do STF e do STJ. 2018. 107 f. Dissertação (Mestra em
Direito) – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho”, Franca, 2018. p.27. Disponível em:
<https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/183056/Salotti_CS_me_fran.pdf?sequence=3&i
sAllowed=y>. Acesso em 28 mar. 2021, 19:07:00
75
Ibid.
41
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
essencialmente moral, tais como, não considerar que essas mães seriam as
pessoas mais adequadas para cuidarem e educarem seus filhos.
Além do levantamento feito pela Defensoria do Estado do Rio de Janeiro que
demonstra esse viés nas decisões das audiências de custódia, os dados
governamentais que apontam o aumento expressivo do encarceramento feminino
também endossam a conclusão de que a prisão domiciliar e demais medidas não
encarceradoras não têm sido aplicadas como deveriam ser de acordo com a
previsão legal.
Resta claro a necessidade de mais estudos sobre o aprisionamento feminino
como forma de ampliar as discussões sobre a dinâmica do encarceramento em
massa, bem como para impulsionar a criação de políticas públicas voltadas às
especificidades dessas mulheres, com vista a lhes garantir autonomia e fazer
cumprir os direitos das mães, das gestantes e das crianças já previstos em diversos
diplomas normativos.
Por fim, importa salientar que conforme pudemos perceber no presente
trabalho, não é a falta de previsão legal que torna a situação das mulheres presas
indigna. Há fartos diplomas legais, inclusive há previsão na própria Constituição
Federal, dispondo sobre os direitos das mães reclusas. O que de fato é necessário é
romper com o viés encarcerador e punitivista que rege, há séculos, o nosso sistema
de justiça. Só a partir de uma lógica não encarceradora, veremos os agentes de
justiça aplicando a prisão domiciliar como regra e não como exceção, como tem sido
feito.
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REFERÊNCIAS
NICOLITT, André. Manual de Processo Penal – 10ª ed. – Belo Horizonte, São
Paulo: D’Plácido, 2020.