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Luanda 2014
LEI DA ARBITRAGEM VOLUNTÁRIA COMENTADA
2014
Manuel Gonçalves
Advogado
Sofia Vale
Professora da Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto
Lino Diamvutu
Docente da Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto
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LAV COMENTADA 2/266
ÍNDICE
PREFÁCIO ………………………………………………………………
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LAV COMENTADA 3/266
- Convenção para a Resolução de Diferendos Relativos a Investimentos entre
Estados e Nacionais de outros Estados, celebrada em Washington aos 18 de
Março de 1965
BIBLIOGRAFIA .. ……………………………………………………
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LAV COMENTADA 4/266
NOTA DOS AUTORES (2ª Edição)
Seis meses foram suficientes para que constatássemos que a primeira edição
do presente livro careceria de uma segunda.
A presente edição foi ligeiramente revista para ter em conta a evolução legislativa
que se verificou, entretanto, nalguns ordenamentos jurídicos europeus que nos
servem em sede de direito comparado.
Manuel Gonçalves
Sofia Vale
Lino Diamvutu
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LAV COMENTADA 5/266
NOTA DOS AUTORES (1ª Edição)
Durante o referido período, que podemos considerar ter sido o “período inicial de
maturação” da mesma, diversas dúvidas, indagações, pontos de interrogação,
se quisermos, permaneceram suspensos em lugar indefinido, à espera de
clarificação de alguns aspectos que vêm sendo alvo de discórdia entre
advogados, magistrados, árbitros e académicos.
A presente obra foi pensada para servir como material de consulta a todos os
interessados no tema da arbitragem, contribuindo para a elevação da cultura
arbitral em Angola.
Manuel Gonçalves
Sofia Vale
Lino Diamvutu
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LAV COMENTADA 6/266
PREFÁCIO
É para mim uma honra e um motivo de legítima satisfação prefaciar a publicação do primeiro
instrumento jurídico comentado em Angola.
E por três razões que, entre si, se conjugam e completam: a importância da LAV, o valor
intrínseco dos comentários e o mérito pessoal e profissional dos seus autores.
Embora não tenha de concorrer com os tribunais, bastando-lhe que seja um complemento
útil da justiça pública, a celeridade e a dispensa ou, mesmo tão só a flexibilização do
formalismo rígido do processo judicial, a par de muitas outras vantagens, não deixarão de
determinar o crescente recurso a este mecanismo extrajudicial de fazer justiça, sobretudo
depois de entrarem em funcionamento os centros de arbitragem institucionalizada já
autorizados.
Quanto aos autores são, todos eles, juristas de sólida formação, como a obra que acabam
de publicar dá público e cabal testemunho.
O Dr. Manuel Gonçalves alia à formação, obtida com brilhantismo, na Faculdade de Direito
da Universidade Agostinho Neto, muitos anos de prática forense, exercida com distinção e
sucesso, a liderança da advocacia angolana como primeiro Bastonário da Ordem dos
Advogados de Angola e, sobretudo, a sua inclinação inata para o direito e o trabalho
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LAV COMENTADA 7/266
jurídico. Foi, por sua vez, um dos mais participativos membros da comissão encarregada
de elaborar o anteprojecto da LAV.
A Drª Sofia Vale e o Dr. Lino Diamvutu são, já, dois prestigiados professores da Faculdade
de Direito da Universidade Agostinho Neto, conhecidos pelo seu empenho na docência,
pela sua dedicação aos trabalhos de investigação e pelo entusiasmo com que participam
nas restantes actividades e realizações da Escola a que pertencem. Escrevem e publicam,
com regularidade e frequência, em revistas da especialidade.
Por fim, mas não menos importante, a publicação da “Lei da Arbitragem Voluntária
Comentada” é um facto marcante no percurso do que vai ser a ciência jurídica em Angola.
E é, por agora, um desafio às gentes do Direito angolano para que sigam o exemplo que
os seus autores acabam de dar. Não será sem tempo.
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LAV COMENTADA 8/266
À memória de João Luís Lopes dos Reis
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LAV COMENTADA 9/266
PRINCIPAIS ABREVIATURAS E REFERÊNCIAS
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LAV COMENTADA 10/266
26 Questões
Sobre
Arbitragem
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LAV COMENTADA 11/266
Cientes de que a arbitragem se pode tornar um assunto complexo para quem
não esteja acostumado a lidar com as questões práticas que ela coloca, optámos
por apresentar vinte e cinco questões com que qualquer curioso, estudante,
potencial utilizador ou parte numa arbitragem se deparará, tentando dar-lhes
uma resposta simples e de fácil apreensão.
1. O que é a arbitragem?
A arbitragem é uma forma alternativa de resolver diferendos sem recurso aos
tribunais judiciais. As partes desavindas concordam em que o diferendo seja
solucionado por árbitro(s) por elas indicado(s), cuja decisão final é vinculativa
para as partes e tem a força executiva das decisões dos tribunais judiciais.
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LAV COMENTADA 12/266
o litígio. Na mediação, as partes escolhem um mediador para facilitar o
consenso que pretendem atingir, que ajuda a identificar os interesses e as
necessidades inerentes ao conflito, para que as partes, por si próprias,
encontrem uma solução. Na conciliação, o conciliador propõe às partes
soluções alternativas para resolver a controvérsia, que as partes aceitarão ou
não, até que um consenso seja obtido. Por regra, a conciliação é feita por
quem tem o poder decisório, ou seja, o árbitro ou o juiz. Esta característica
permite uma clara diferenciação da mediação. Já na arbitragem a decisão do
litígio cabe exclusivamente ao(s) árbitro(s) designado(s) pelas partes, que
poderão decidir com base na lei de determinado país (ou países) ou com
base na equidade, consoante o que as partes hajam previamente definido.
A arbitragem pode também não ser o meio mais adequado para a resolução
de litígios entre pequenas empresas e/ou relativos a contratos de baixo valor,
uma vez que as partes poderão não estar preparadas para suportar o esforço
financeiro que a arbitragem exige.
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LAV COMENTADA 13/266
A arbitragem institucional é aquela em que o processo decorre perante uma
instituição de arbitragem devidamente acreditada pelo Estado em que essa
instituição tem a sua sede. Tem a vantagem de disponibilizar às partes uma
panóplia de regras e procedimentos previamente fixados (e já testados)
relativos à condução do processo arbitral, mas comporta normalmente custos
mais elevados do que a arbitragem ad hoc.
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LAV COMENTADA 14/266
10. Como se deve redigir uma cláusula compromissória?
Se as partes optarem pela arbitragem ad hoc ao invés da arbitragem
institucionalizada torna-se mais importante que a cláusula compromissória
seja elaborada de forma completa. Uma cláusula compromissória bem
elaborada deve abordar pelo menos cinco aspectos fundamentais: (i) sede
da arbitragem, (ii) número de árbitros, (iii) forma da designação dos árbitros
e de início do processo arbitral, (iv) se a decisão dos árbitros terá por base o
direito constituído (e de que país) ou a equidade e (v) a língua do processo
arbitral.
Caso as partes optem pela arbitragem institucionalizada, elas deverão
adoptar o modelo de cláusula compromissória disponibilizado pela instituição
de arbitragem a que recorrem, que já contém todas as indicações
necessárias para o desenrolar da arbitragem.
Cláusula - modelo 1:
Arbitragem
Cláusula – modelo 2:
Resolução de Diferendos
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LAV COMENTADA 15/266
3. A parte que decida submeter determinado diferendo ao Tribunal
Arbitral apresentará à outra parte, através de carta registada com
aviso de recepção ou protocolo, o requerimento de constituição do
Tribunal Arbitral, contendo a designação do árbitro, e, em
simultâneo, a respectiva petição inicial, devendo esta, no prazo
máximo de 30 (trinta) dias a contar da recepção daquele
requerimento, designar o árbitro que lhe cabe e deduzir a sua
defesa, pela mesma forma.
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LAV COMENTADA 16/266
arrendamento, fornecimento e prestação de serviços, direitos dos
consumidores, direito patrimonial de autor, seguros e resseguros.
A lei material é também escolhida pelas partes e pode ser distinta da lei
processual: pode ser a lei de um determinado país, a equidade ou os usos e
costumes (de um determinado país ou vigentes a nível internacional). Uma
vez que a generalidade dos tribunais nacionais não manifesta objecção em
executar uma sentença arbitral proferida com base no direito material
estrangeiro, as partes podem optar pela lei material que mais lhes convier
sem qualquer constrangimento.
As partes têm inteira liberdade para designar como árbitro qualquer pessoa
singular, de qualquer nacionalidade, independentemente da sua formação
académica e experiência profissional. Sem prejuízo, as partes deverão
procurar designar como árbitros indivíduos conhecedores e com experiência
em arbitragem, em cuja competência, isenção, independência e
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LAV COMENTADA 17/266
imparcialidade confiem. Assim, uma parte não deve designar como árbitro
um indivíduo que manteve ou mantém uma relação (de trabalho ou de
prestação de serviços) com alguma das partes, tem interesses em comum
com alguma das partes ou que é sempre o árbitro indicado por uma das
partes. Do mesmo modo, também não deve ser nomeado árbitro um indivíduo
que já tenha opinião formada sobre o litígio antes de constituído o tribunal
arbitral ou que tenha manifestado demasiada simpatia/hostilidade em relação
a uma das partes.
A nomeação de árbitros que não cumpram os requisitos de imparcialidade e
independência é fundamento de posterior anulação da sentença arbitral.
18. Que tipo de provas podem ser apresentadas num tribunal arbitral?
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LAV COMENTADA 18/266
Podem ser apresentadas perante o tribunal arbitral todas as provas que são
admissíveis perante os tribunais judiciais, a saber, prova documental,
testemunhal, por confissão das partes, pericial e por inspecção judicial.
20. O que se deve fazer para garantir que a decisão arbitral é executada?
A decisão arbitral tem a mesma validade, vinculatividade e força executiva de
uma decisão judicial, constituindo a decisão final, imparcial e independente
sobre o objecto do litígio. Nessa medida, as partes devem-lhe respeito e
obediência, cabendo-lhes actuar em conformidade com as instruções nela
previstas.
Caso uma das partes não respeite a decisão arbitral, pode a outra parte
requerer ao Tribunal Provincial a sua execução coerciva, como se de uma
sentença judicial se tratasse.
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LAV COMENTADA 19/266
Sucede porém que um dos objectivos do recurso à arbitragem é evitar as
delongas características do processo judicial, no qual uma decisão fica
durante vários anos pendente de recurso. Por essa razão, é comum que as
partes numa arbitragem renunciem antecipadamente à possibilidade de
recurso, tornando a decisão do tribunal arbitral definitiva. A LAV prevê
também que quando as partes confiram ao tribunal arbitral o poder de decidir
de acordo com a equidade se opere a renúncia automática à possibilidade de
recurso.
Para evitar que o procedimento arbitral seja conduzido sem vícios que levem
à anulação da sentença arbitral (o que sempre enredaria as partes nos
meandros do foro judicial que elas pretenderam tão-exactamente evitar com
a arbitragem) é fundamental que os árbitros e os advogados escolhidos pelas
partes sejam experientes e entendidos em arbitragem.
23. Como pode uma sentença arbitral estrangeira ser válida em Angola?
Uma sentença arbitral estrangeira para ser válida e passível de execução em
Angola deve passar necessariamente por um processo prévio de
reconhecimento de sentença, que se aplica igualmente às sentenças
judiciais. A revisão de sentença estrangeira é um processo conduzido no
Tribunal Supremo em que a revisão aí operada é essencialmente formal,
confirmando este tribunal se a decisão arbitral estrangeira se coaduna com
os princípios de ordem pública da República de Angola e com as regras
processuais nucleares do nosso ordenamento jurídico.
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LAV COMENTADA 20/266
Entretanto, e de modo a que o reconhecimento de sentenças arbitrais
proferidas em arbitragens internacionais não seja protelado e/ou recusado
em Angola, sugere-se que as partes numa arbitragem internacional cuja
sentença se destina a ser executada em Angola escolham a lei angolana para
lei do processo arbitral e Angola como sede da arbitragem.
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LAV COMENTADA 21/266
- Holanda: Nederlands Arbitrage Instituut, NAI – www.nai-
nl.org
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LAV COMENTADA 22/266
Lei da Arbitragem
Voluntária Comentada
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LAV COMENTADA 23/266
LEI N.º 16/03, DE 25 DE JULHO,
SOBRE A ARBITRAGEM VOLUNTÁRIA
CAPÍTULO I
Da Convenção de Arbitragem
ARTIGO 1.º
(Convenção de Arbitragem)
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LAV COMENTADA 24/266
representantes legais, mas, em caso de sucessão, os litígios em que sejam
interessados podem ser dirimidos pelo Tribunal Arbitral ao abrigo e nos
termos da Convenção de Arbitragem celebrada por aqueles a quem tiverem
sucedido.
3. O Estado e, em geral, as pessoas colectivas de direito público, só
podem celebrar convenções de arbitragem nos seguintes casos:
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LAV COMENTADA 25/266
casos e circunstâncias a constituição ou disposição do direito por vontade das
partes e a segunda aquela que apenas obsta a essa disposição (constituição
e/ou renúncia) em certos casos. De acordo com a doutrina maioritária, só a
indisponibilidade absoluta implica inarbitrabilidade. MARIANA FRANÇA
GOUVEIA, Curso de Resolução Alternativa de Litígios, 2ª Edição, Almedina,
Coimbra, 2012, p. 120).
Esta distinção reduz fortemente as áreas de inarbitrabilidade, reduzindo-a a
casos em que o exercício do direito é também admissível por via pública. Por
exemplo, situações de crimes públicos, direitos coletivos ou difusos, direitos
relativos a menores. MARIANA FRANÇA GOUVEIA, Curso de Resolução
Alternativa de Litígios, 2ª Edição, Almedina, Coimbra, 2012, p. 128 e 129)
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LAV COMENTADA 26/266
compensação por utilização indevida ou por prejuízos causados ao titular de um
direito registado). A nossa Lei de Propriedade Industrial (Lei n.º 3/92, de 28 de
Fevereiro), no seu art. 66º, n.º 1, refere expressamente que a nulidade de
patente, depósito de modelo ou desenho, registo de marca, recompensa, nome
ou insígnia só podem ser determinados por sentença judicial. A exclusão do foro
arbitral nestes casos prende-se com a natureza constitutiva do registo e a sua
eficácia erga omnes.
As matérias de direito do consumo poderão vir a ser, num futuro não muito
distante, um campo de aplicação privilegiado para a arbitragem (art. 27º da Lei
n.º 15/03, de 22 de Julho, Lei da Defesa do Consumidor). A arbitragem revela-
se especialmente útil para a resolução de conflitos entre instituições bancárias e
os respectivos consumidores relativamente aos aserviços financeiros
disponibilizados (veja-se DÁRIO MOURA VICENTE, “Resolução Extrajudicial de
Conflitos no Sector Bancário” in Separata da Revista da Banca, n.º 55,
Janeiro/Junho, Lisboa, 2003, p. 79 ss).
As normas fiscais têm um carácter essencialmente público, razão pela qual têm
sido excluídas do foro arbitral. Não obstante, a alguns países, de onde se
destaca Portugal, têm admitidos a resolução de alguns litígios fiscais por via
arbitral (veja-se a este propósito o Decreto-Lei 10/2011, de 20 de Janeiro, e a
Convenção Europeia de Arbitragem em Matéria de Preços de Transferência, de
23 de Julho de 1990).
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LAV COMENTADA 27/266
Ficam ainda excluídos da arbitragem os litígios que devam necessariamente ser
submetidos aos tribunais judiciais. Esta exclusão resulta da necessidade do
legislador assegurar que determinadas matérias, atento o regime jurídico de
natureza imperativa a que estão sujeitas, se mantenham na competência
exclusiva dos tribunais judiciais. São, designadamente, excluídas do foro arbitral
as questões natureza criminal e falimentares (com a possibilidade de abertura à
arbitragem quanto aos aspectos acima indicados).
Esta excepção é corolário das regras do CPC que preveem, por um lado, que
falecida uma parte processual os seus sucessores possam continuar a instância
e, por outro lado, que os incapazes sejam representados em juízo pelo seu
representante legal (art. 10º do CPC). Deverá, assim, entender-se que caso os
incapazes tenham sucedido a alguém que haja celebrado uma convenção de
arbitragem para dirimir um determinado litígio, a vinculação à arbitragem
efectuada pelo de cuius é, em princípio, oponível ao incapaz.
Sempre que a administração actue despida do seu ius imperii, o litígio daí
adveniente deve considerar-se um litígio de direito privado e,
consequentemente, poderá ser submetido à arbitragem. Os diferendos
resultantes de contratos administrativos que, atenta a sua natureza contratual e
a sua corrente complexidade, incentivam o recurso a uma jurisprudência
especializada na matéria objecto do contrato em questão, são campo
privilegiado para a utilização da arbitragem (para maiores desenvolvimentos
veja-se JOSÉ LUÍS ESQUÍVEL, Os Contratos Administrativos e a Arbitragem,
Almedina, Coimbra, 2004). Dentre eles, há que salientar os contratos relativos a
investimento estrangeiro em que o Estado seja parte (designadamente, os
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LAV COMENTADA 28/266
contratos de concessão, de partilha de produção no âmbito dos recursos
naturais, de sociedade, ou outro tipo de contratos que instituam parcerias
público-privadas) ou em relação aos quais o Estado se tenha vinculado a apoiar
o investimento aí previsto (designadamente através de benefícios fiscais,
incentivos financeiros ou contrapartidas específicas) – SÉRVULO CORREIA, “A
Resolução de litígios sobre Investimento Estrangeiro em Direito Arbitral”, in I
Congresso do Centro de Arbitragem da Câmara de Comércio e Indústria
Portuguesa, Almedina, Coimbra, 2008, p. 200 e ss. O regime contratual do
investimento privado em Angola, previsto na Lei n.º 20/11, de 20 de Maio (Lei do
Investimento Privado), pressupõe a celebração de um contrato de investimento
entre o investidor e o Estado Angolano, no qual se consagra o resultado das
negociações a que as partes chegaram, designadamente em matéria de
incentivos/benefícios fiscais e aduaneiros aplicáveis ao projecto. As
controvérsias que possam surgir quanto à implementação do contrato de
investimento poderão ser submetidas a arbitragem, com claro benefício para o
investidor (nacional ou estrangeiro), na medida em que através do processo
arbitral se consegue uma efectiva igualdade na posição das partes,
particularmente importante nos litígios com repercussões financeiras
significativas. Também o art. 20º da Lei n.º 2/11, de 14 de Janeiro (Lei das
Parcerias Público-Privadas) estabelece claramente a possibilidade dos litígios
emergentes dela emergente serem dirimidos através de arbitragem.
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LAV COMENTADA 29/266
e alternativas, de composição de litígios com os cidadãos, com as empresas e
outras pessoas colectivas” (art. 5º da Resolução n.º 34/06).
ARTIGO 2.º
(Espécies de Convenção de Arbitragem)
Este acordo das partes pode constar de um contrato de âmbito mais alargado,
consubstanciando-se numa cláusula contratual onde elas determinam a
submissão de litígios futuros à arbitragem, que a nossa lei designa por cláusula
compromissória. E pode também resultar de um contrato autónomo, celebrado
entre as partes, posteriormente ao surgimento de um litígio entre elas, no qual
determinam que o mesmo deve ser resolvido por um tribunal arbitral. Como bem
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LAV COMENTADA 30/266
refere CARLOS FERREIRA DE ALMEIDA, a convenção de arbitragem é um
contrato que não depende da celebração de qualquer contrato futuro, pelo que
deve classificar-se como um contrato definitivo e não como um contrato-
promessa (CARLOS FERREIRA DE ALMEIDA, “Convenção de Arbitragem:
Conteúdos e Efeitos” in I Congresso do Centro de Arbitragem da Câmara de
Comércio e Indústria Portuguesa, Almedina, Coimbra, 2008, p. 83, e RAUL
VENTURA, “Convenção de Arbitragem” in Revista da Ordem dos Advogados,
Lisboa, 1986, p. 300).
O legislador angolano optou por apresentar uma definição clara, nos n.ºs 2 e 3
do art. 2º da LAV, respectivamente, de cláusula compromissória e de
compromisso arbitral. Tendo a cláusula compromissória e o compromisso arbitral
a natureza de contratos definitivos, estando qualquer um deles apto a produzir
efeitos sem necessidade de acordo posterior, a diferença entre ambos radica no
momento da sua celebração: a cláusula compromissória é celebrada antes do
aparecimento do litígio enquanto o compromisso arbitral é firmado após o litígio
ter surgido. A classificação da cláusula compromissória e do compromisso
arbitral como duas modalidades da convenção de arbitragem é também
efectuada por diversas convenções internacionais (veja-se o art. 1º do Protocolo
de Genebra de 1923, o art. 1º da Convenção Interamericana sobre Arbitragem
Comercial Internacional de 1975, e o art. 2º da Convenção de Nova Iorque de
1958). Tradicionalmente, certas jurisdições (como foi o caso do Brasil até 1996)
impunham às partes a celebração obrigatória de um compromisso arbitral ainda
que estas tivessem previamente subscrito uma cláusula compromissória, por
entenderem que esta carecia de eficácia para, por si só, desencadear a
constituição do tribunal arbitral.
2. Apesar das partes terem inserido uma cláusula compromissória num contrato,
é comum que, após o surgimento do litígio, elas acordem sobre questões
concretas relacionadas com o procedimento arbitral, designadamente a
nomeação de árbitros e a determinação do local concreto da arbitragem. Este
acordo posterior não deve ser classificado como um compromisso arbitral, mas
sim como um simples aditamento à cláusula compromissória (W. LAURENCE
CRAIG e outros, International Chamber of Commerce Arbitration, Part II – The
Agreement to Arbitrate, vol. 3, Oceana Publications, 1990).
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LAV COMENTADA 31/266
798º e ss do CC) mas também os passíveis de originar responsabilidade civil
extracontratual (art. 483º e ss do CC).
Caso uma mesma acção seja instaurada junto de um tribunal judicial depois de
ter sido iniciada uma acção arbitral, coloca-se a questão de saber se deverá ser
invocada a excepção de preterição do tribunal arbitral ou a excepção de
litispendência (arts. 494º, n.º 1, al. g), 497º e 498º do CPC). Tendo em conta que
qualquer delas conduz à produção dos mesmos efeitos no processo, i.e., à
absolvição do réu da instância, a grande diferença entre ambas prende-se com
o facto da excepção de litispendência ser de conhecimento oficioso pelo tribunal
(art. 495º do CPC), contrariamente à excepção de preterição de tribunal arbitral.
A doutrina tem entendido que o problema não é de litispendência, mas de
excepção de preterição de tribunal arbitral voluntário, tendo em conta que,
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LAV COMENTADA 32/266
havendo convenção arbitral, os tribunais judiciais não têm sobre o litígio
jurisdição. Não havendo competências concorrentes não há litispendência
(MARIANA FRANÇA GOUVEIA, Curso de Resolução Alternativa de Litígios, 2ª
Edição, Almedina, Coimbra, 2012, p. 161 e LUÍS DE LIMA PINHEIRO,
Arbitragem Transnacional – A Determinação do Estatuto da Arbitragem,
Almedina, Coimbra, 2005, p. 88 e ss).
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LAV COMENTADA 33/266
a existência de convenção de arbitragem, a importância da vontade das partes,
o princípio da igualdade das partes e da eficiência do processo.
Pretendendo o terceiro intervir numa acção pendente para fazer valer um direito
próprio há extensão objectiva e subjectiva da convenção de arbitragem, sendo
necessário que as partes originárias da convenção de arbitragem estejam de
acordo. Neste caso, o oponente será parte principal do processo e, como tal,
deverá designar um árbitro (nos termos do art. 17º da LAV), devendo assegurar-
se que o tribunal arbitral se manterá com um número ímpar de árbitros (art. 16º,
n.º 1 da LAV). No caso da intervenção do terceiro não ser aceite pelas partes,
resta-lhe fazer valer os seus direitos perante o tribunal judicial em sede de
recurso de oposição de terceiro (para maiores desenvolvimentos, veja-se LINO
DIAMVUTU, “Intervenção de Terceiros na Arbitragem” in RAD-Revista Angolana
de Direito, Ano 2, n.º 2, Casa das Ideias, Luanda, 2009, p. 156)
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LAV COMENTADA 34/266
O representante voluntário, mandatário com poderes forenses para
comprometer (veja-se o art. 19º da LAV), pode acordar quanto aos elementos
essenciais do compromisso arbitral e, em regra, também vincular o mandante
quanto aos elementos facultativos da referida convenção (como por exemplo,
quanto à caducidade da convenção – art. 5º da LAV- prazo para a decisão – art.
25º da LAV – e designação dos árbitros – art. 7º da LAV). O mesmo entendimento
é defendido por J. LOPES DOS REIS que refere que o mandante quando confere
ao mandatário poderes para comprometer está implicitamente a dar-lhe poderes
para decidir quanto às questões processuais que se colocam em sede arbitral,
designadamente o poder de renunciar antecipadamente ao recurso da decisão
arbitral (Representação Forense e Arbitragem, Coimbra Editora, Coimbra, 2001,
p. 101).
Ainda que, como vimos, o princípio geral em matéria de jurisdição dos tribunais
arbitrais seja o da sua equiparação aos tribunais judiciais, é necessário que o
objecto da arbitragem seja arbitrável, i.e., que preencha os requisitos do art. 1º
da LAV referentes à arbitrabilidade objectiva.
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LAV COMENTADA 35/266
assumindo cada uma das partes que este modo alternativo de resolução de
litígios lhes trará maiores benefícios.
ARTIGO 3.º
(Requisitos da Convenção de Arbitragem)
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LAV COMENTADA 36/266
A arbitragem representa uma derrogação à jurisdição dos tribunais judiciais, que
constituem a jurisdição ordinária em Angola. Por essa razão, a vontade das
partes constante de convenção de arbitragem deve ser manifestada de forma
inequívoca.
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LAV COMENTADA 37/266
judiciais conforme pretender. MARIANA FRANÇA GOUVEIA, Curso de
Resolução Alternativa de Litígios, 2ª Edição, Almedina, Coimbra, 2012, p. 110).
Sendo um negócio formal (art. 3º, n.º 1 da LAV), o art. 238º, n.º 1 CC exige-lhe,
ao menos, um mínimo de correspondência no texto do respectivo documento,
ainda que imperfeitamente expresso. Já o art. 238º, n.º 2 do CC não parece ter
aplicação em sede de convenção arbitral, porquanto impõe que a consideração
da vontade real das partes não seja afastada pelas razões determinantes da
forma do negócio (no mesmo sentido CARLOS FERREIRA DE ALMEIDA,
“Convenção de Arbitragem: Conteúdos e Efeitos” in I Congresso do Centro de
Arbitragem da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, Almedina, Coimbra,
2008, p. 91). Ora, se o legislador angolano veio impor a forma escrita à
convenção de arbitragem foi exactamente por considerar que nela deveria
definir-se, no mínimo, o seu objecto (art. 3º, n.º 3 da LAV), não havendo lugar à
consideração da vontade real das partes. Esta interpretação é confirmada pela
exigência do legislador manifestada no n.º 2 do art. 3 da LAV de que reste prova
por escrito da intenção das partes de submeterem a arbitragem os seus actuais
ou futuros litígios.
Para além das normas legais relativas à interpretação dos negócios jurídicos
referidas, o apuramento do consentimento das partes à arbitragem pode ainda
ser aferido por recurso aos princípios gerais de direito, de que a doutrina e
jurisprudência internacionais têm lançado mão. SELMA M. FERREIRA LEMES
(“Cláusulas arbitrais ambíguas ou contraditórias e a interpretação da vontade
das partes”, in Reflexões sobre Arbitragem, LTR, São Paulo, 2002, p. 195 e ss)
enuncia os seguintes princípios: (i) princípio da boa-fé, (ii) princípio do efeito útil
ou da efectividade, (iii) rejeição do princípio da interpretação estrita, (iv)
interpretação da indicação equivocada da instituição arbitral como erro material
e verificação dos documentos pré-contratuais e (v) interpretação pro validate. A
consideração do (i) princípio da boa-fé poderá justificar que uma parte não se
possa prevalecer de uma ambiguidade ou contradição de uma cláusula
compromissória que ela própria redigiu, que se atenda ao comportamento
posterior de uma parte para reconhecimento de que a indicação do árbitro pela
outra parte foi aceite, que se classifique como abuso de direito o comportamento
de uma parte que depois de participar num processo arbitral vem, em recurso,
alegar a invalidade do compromisso arbitral. O (ii) princípio do efeito útil
determina que se uma cláusula arbitral é susceptível de ter dois sentidos, deve
dar-se primazia ao sentido que possa produzir um efeito útil em detrimento do
que não produza efeito algum, pressupondo-se que as partes tiveram intenção
de dotar a cláusula de operacionalidade. O (iii) princípio da interpretação estrita,
rigorosa e exacta, que faz preponderar o teor literal da convenção de arbitragem
deve ser, em geral, afastado, só devendo ser utilizado para determinar se as
partes quiseram submeter certa relação jurídica a arbitragem e quais as
categorias de litígios a dirimir pelo tribunal arbitral. O (iv) erro material na
indicação da instituição que teria competência para dirimir o litígio não deverá
derrogar a competência da instituição se se puder concluir da convenção de
arbitragem que a intenção das partes foi claramente submeter o litígio a essa
instituição. A análise dos documentos pré-contratuais das partes deverá servir
de indício à determinação dessa instituição. O (v) princípio da interpretação pro
validate da cláusula arbitral (favor arbitral) erige, em regra geral, a presunção de
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LAV COMENTADA 38/266
validade da convenção de arbitragem, por se entender que a vontade das partes
de submeter os seus litígios a arbitragem deve ser respeitada. Este princípio tem
carácter auxiliar e deve ser conjugado com os demais princípios indicados para
se aferir da validade da convenção de arbitragem. Refira-se, no que concerne à
LAV, que se poderá encontrar uma afloração deste princípio no seu art. 4º, n.º 1,
al. d), que determina a nulidade do compromisso arbitral quando o objecto do
compromisso arbitral não possa, de modo algum, ser determinado.
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LAV COMENTADA 39/266
A cessão da posição contratual de qualquer das partes no âmbito de uma
convenção de arbitragem deverá obedecer às regras previstas no art. 424º do
CC, exigindo-se o acordo das partes para que a cessão se opere. Sendo um
contrato bilateral, a expressão “contrato com prestações recíprocas” deve ser
interpretada extensivamente para abarcar a convenção de arbitragem que não
comporta a realização de qualquer prestação em sentido técnico (CARLOS
FERREIRA DE ALMEIDA, “Convenção de Arbitragem: Conteúdos e Efeitos” in I
Congresso do Centro de Arbitragem da Câmara de Comércio e Indústria
Portuguesa, Almedina, Coimbra, 2008, p. 94; MARIANA FRANÇA GOUVEIA,
Curso de Resolução Alternativa de Litígios, 2ª Edição, Almedina, Coimbra, 2012,
p. 134).
No caso de sub-rogação pelo credor (art. 589º do CC) ou pelo devedor (art. 590º
do CC), quer a sub-rogação seja de origem convencional ou legal, parece ser de
admitir que a cláusula compromissória inserida no contrato vincule o terceiro que
cumpre a obrigação.
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LAV COMENTADA 40/266
inserida no contrato inicial (no mesmo sentido, LINO DIAMVUTU, “Intervenção
de Terceiros na Arbitragem” in RAD-Revista Angolana de Direito, Ano 2, n.º 2,
Casa das Ideias, Luanda, 2009, p. 162).
ARTIGO 4.º
(Nulidade da Convenção de Arbitragem)
2. Sempre que a lei aplicável à convenção de arbitragem seja a LAV, esta deve
conter necessariamente os elementos obrigatórios constantes do art. 4º, n.º 1,
sob pena de invalidade. Em primeiro lugar, e de acordo com o art. 4º, n.º 1, al.
a) da LAV, a convenção de arbitragem deve constar de documento escrito, nos
termos previstos no art. 3º, n.ºs 1 e 2 da LAV. Em segundo lugar, por força do
art. 4º, n.º 1, al. b) da LAV, a convenção de arbitragem deve respeitar a
arbitrabilidade subjectiva e objectiva indicada no art. 1º da LAV. Em terceiro
lugar, de acordo com o art. 4º, n.º 1, al. c) e d) da LAV, o objecto da convenção
de arbitragem deve estar definido, de modo a que o litígio em causa seja
apreensível, nos termos indicados no art. 3º, n.º 3 da LAV.
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LAV COMENTADA 41/266
A al. d) do n.º 1 do art. 4º da LAV refere que o compromisso arbitral só será nulo
se, não tendo sido indicado o objecto do litígio, este não puder, de outro modo,
ser determinado. Entendemos que para efeitos de determinação do objecto do
litígio deverá ser admitida a integração das lacunas constantes do compromisso
arbitral (veja-se RAUL VENTURA, “Convenção de Arbitragem” in Revista da
Ordem dos Advogados, Lisboa, 1986, p. 330 e ss; defendendo uma utilização
prudente do mecanismo da integração; CARLOS FERREIRA DE ALMEIDA,
“Convenção de Arbitragem: Conteúdos e Efeitos” in I Congresso do Centro de
Arbitragem da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, Almedina, Coimbra,
2008, p. 92 e 93).
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LAV COMENTADA 42/266
incompleta, tal integração far-se-á por recurso ao regime supletivo estabelecido
na LAV, por regra, através daquilo que aos árbitros pareça mais adequado.
São ainda nulas (nos termos dos arts. 15º e 17º da Lei n.º 4/03, de 18 de
Fevereiro, sobre as Cláusulas Gerais dos Contratos) as convenções de
arbitragem inseridas em contratos com consumidores finais que “prevejam
modalidades de arbitragem que não assegurem as garantias processuais
estabelecidas na lei” (art. 13º, al. h) da Lei n.º 4/03). O art. 11º, al. g) da Lei n.º
4/03 prevê a proibição de cláusulas inseridas em contratos celebrados entre
comerciantes ou entidades equiparadas que “estabeleçam injustificadamente um
foro competente que envolva graves inconvenientes para uma das partes”.
Deverá entender-se que a referência a foro feita nesta disposição legal inclui o
foro arbitral, devendo considerar-se nula a convenção de arbitragem que remeta
a resolução de litígio para tribunal arbitral que envolva graves inconvenientes
para uma das partes (no mesmo sentido, RAUL VENTURA, “Convenção de
Arbitragem” in Revista da Ordem dos Advogados, Lisboa, 1986, p. 285 e ss, e,
defendendo uma aplicação restrita desta norma às convenções arbitrais em
casos verdadeiramente excepcionais, LUIS DE LIMA PINHEIRO, Arbitragem
Transnacional – A Determinação do Estatuto da Arbitragem, Almedina, Coimbra,
2005, p. 92; MARIANA FRANÇA GOUVEIA, Curso de Resolução Alternativa de
Litígios, 2ª Edição, Almedina, Coimbra, 2012, p.112). Seria, por exemplo,
gravemente inconveniente para uma empresa angolana de pequena dimensão,
no âmbito de contrato de fornecimento celebrado com outra empresa angolana,
a determinação de que a arbitragem teria lugar em Paris, sendo conduzida de
acordo com as regras da CCI, atentos os custos de deslocação e de estadia em
Paris que seria chamada a suportar.
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LAV COMENTADA 43/266
31º, n.º 1 da LAV. Esta regra, corolário da autonomia da cláusula arbitral, impõe
ao tribunal arbitral que afira, a título de questão prévia, da validade da cláusula
compromissória.
4. O n.º 2 do art. 4º da LAV estabelece que sendo nulo o contrato que dá origem
ao pleito, a convenção de arbitragem em princípio mantém-se, tal só não
sucedendo caso se mostre que o contrato nunca teria sido concluído sem a
convenção de arbitragem. A referência à convenção de arbitragem aqui
efectuada deve entender-se em sentido estrito, referindo-se apenas à cláusula
compromissória.
ARTIGO 5.º
(Caducidade da convenção)
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LAV COMENTADA 44/266
1. O compromisso arbitral caduca e a cláusula compromissória
deixa, no que respeita ao litígio submetido à decisão do Tribunal Arbitral,
de produzir efeito, quando:
Em segundo lugar, e nos termos do art. 5º, n.º 1, al. b) da LAV, verifica-se
caducidade se não for possível obter maioria nas deliberações no âmbito de um
tribunal colectivo. Quanto a esta segunda causa de caducidade, parece-nos que
a sua previsão pode redundar em grande prejuízo para as partes que, quando
optaram por submeter a questão a arbitragem contavam com uma decisão
célere, dentro do prazo decisório previamente estabelecido. Teria sido, em nossa
opinião, mais proveitoso erigir a regra prevista no art. 26º, n.º 2 da LAV como
critério supletivo (e não dependente de acordo das partes na convenção de
arbitragem ou, posteriormente, no âmbito do processo arbitral), deferindo para o
árbitro presidente a decisão do pleito no caso de não ser possível obter uma
maioria no tribunal arbitral. É que, operando esta causa de caducidade, as partes
sofrem de uma denegação de justiça, sendo forçadas a instaurar um processo
judicial para solucionar o litígio, contrariamente ao que havia sido acordado entre
elas.
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LAV COMENTADA 45/266
por escrito, entre as partes. Deve entender-se que a extensão do prazo em que
a decisão poderá ser tomada pode ocorrer em qualquer momento do processo
arbitral.
CAPÍTULO II
Do Tribunal
ARTIGO 6.º
(Composição do tribunal)
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LAV COMENTADA 46/266
2. Se o número de árbitros não for fixado na Convenção de
Arbitragem ou em escrito posterior assinado pelas partes, nem deles
resultar, o tribunal é composto por três árbitros.
2. Caso as partes não fixem o número de árbitros que deverá integrar o tribunal,
quer na convenção de arbitragem quer em documento escrito posterior, o art. 6º,
n.º 2 da LAV determina, supletivamente, que o tribunal arbitral seja constituído
por três árbitros. Esta solução está também vertida no art. 10º, n.º 2 da Lei-
Modelo da CNUDCI e no art. 5º do Regulamento de Arbitragem da CNUDCI.
ARTIGO 7.º
(Designação dos árbitros)
1. Contrariamente aos juízes dos tribunais judiciais, cujo poder de dirimir conflitos
radica na própria Constituição, os árbitros são investidos desse poder pelas
partes através de cada convenção de arbitragem celebrada.
O art. 7º, n.º 1 da LAV permite que as partes designem os árbitros que integrarão
o tribunal arbitral logo na cláusula compromissória. Mas esta forma de designar
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LAV COMENTADA 47/266
árbitros não é, de todo, desejável, uma vez que o árbitro assim designado pode
falecer ou ficar impossibilitado para o exercício da sua função antes do processo
arbitral ter tido início. Assim, é preferível que as partes protelem a designação
dos árbitros para o momento em que o tribunal arbitral esteja em fase de ser
constituído.
Assim, não será de admitir que uma das partes litigantes tenha a prerrogativa de
designar o árbitro único do processo, o que constituirá uma irregularidade na
composição do tribunal arbitral por permitir a uma das partes ter uma influência
preponderante no processo, podendo conduzir à anulação da decisão (art. 34º,
n.º 1, al. d) da LAV). Estando esta hipótese prevista na convenção de arbitragem,
somos da opinião que a parte a quem não cabe nomear o árbitro poderá solicitar
ao Tribunal Provincial competente (de acordo com o art. 14º, n.º 1 da LAV) a sua
nomeação.
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LAV COMENTADA 48/266
“1. Em caso de pluralidade de demandantes ou de demandados, e devendo o
tribunal arbitral ser composto por três árbitros, os primeiros designam
conjuntamente um árbitro e os segundos designam conjuntamente outro.
2. Se os demandantes ou os demandados não chegarem a acordo sobre o
árbitro que lhes cabe designar, cabe ao tribunal estadual competente, a pedido
de qualquer das partes, fazer a designação do árbitro em falta.
3. No caso previsto no número anterior, pode o tribunal estadual, se se
demonstrar que as partes que não conseguiram nomear conjuntamente um
árbitro têm interesses conflituantes relativamente ao fundo da causa, nomear a
totalidade dos árbitros e designar de entre eles quem é o presidente, ficando
nesse caso sem efeito a designação do árbitro que uma das partes tiver
entretanto efectuado.
4. O disposto no presente artigo entende-se sem prejuízo do que haja sido
estipulado na convenção de arbitragem para o caso de arbitragem com
pluralidade de partes”.
ARTIGO 8.º
(Requisitos dos árbitros)
1. Os árbitros devem ter capacidade jurídica plena, nos termos gerais, não
podendo ser árbitros os incapazes (menores, interditos e inabilitados).
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LAV COMENTADA 49/266
DOLINGER e CARMEN TIBURCIO, Direito Internacional privado – Arbitragem
Comercial internacional, Renovar, Rio de Janeiro/São Paulo, 2003, p. 240).
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LAV COMENTADA 50/266
ARTIGO 9.º
(Liberdade de aceitação)
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LAV COMENTADA 51/266
necessárias adaptações, LUÍS DE LIMA PINHEIRO, Arbitragem Transnacional
– A Determinação do Estatuto da Arbitragem, Almedina, Coimbra, 2005, p. 130
e 131; veja-se ainda PEDRO ROMANO MARTINEZ “Análise do Vínculo Jurídico
do Árbitro em Arbitragem Voluntária Ad Hoc”, in Estudos em Memória do
Professor Doutor António Marques dos Santos, vol I, Almedina, Coimbra, 2005,
p. 827 e ss).
A responsabilidade civil do árbitro não pode ser configurada de modo tão amplo
que tenha origem em actos que se prendam com o exercício da função
jurisdicional, o que feriria a autonomia dos árbitros e, em última instância,
subjugaria a sentença arbitral ao contrato. Como refere NÉLIA DANIEL DIAS, “a
grande perícia residirá na definição da fronteira entre o que deve ser tido por
jurisdicional e, portanto, fora da disponibilidade das partes e submetida à
liberdade de julgamento, do que deve ser incluído no foro contratual” (NÉLIA
DANIEL DIAS, “A Responsabilidade Civil do Árbitro. Breves Notas” in RAD-
Revista Angolana de Direito, Ano 2, n.º 2, Casa das Ideias, Luanda, 2009, p. 28).
Não nos parece que se possa autorizar, em convenção arbitral ou em
regulamento de centro de arbitragem institucionalizada, a previsão da exclusão
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LAV COMENTADA 52/266
total de responsabilidade dos árbitros pelo exercício da função jurisdicional,
atento o art. 809º do CC que proíbe a renúncia antecipada do credor aos seus
direitos. Parece-nos, todavia, ser de admitir, a limitação da responsabilidade dos
árbitros no exercício da função jurisdicional aos casos em que tenham actuado
com dolo, aplicando-se analogicamente e com as necessárias adaptações, o art.
1083º do CPC que dispõe sobre a responsabilidade civil dos magistrados (no
mesmo sentido LUÍS DE LIMA PINHEIRO, Arbitragem Transnacional – A
Determinação do Estatuto da Arbitragem, Almedina, Coimbra, 2005, p. 130;
contra NÉLIA DANIEL DIAS “A Responsabilidade Civil do Árbitro. Breves Notas”
in Revista Angolana de Direito, Ano 2, n.º 2, Casa das Ideias, Luanda, 2009, p.
25, por entender que a norma do art. 1083º do CPC tem carácter excepcional e
não comporta aplicação analógica e, por outro lado, porque a actividade
desenvolvida pelos árbitros é essencialmente privada e assenta em dois
contratos, a saber, a convenção de arbitragem e o contrato de arbitragem).
ARTIGO 10.º
(Recusa)
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LAV COMENTADA 53/266
1. Quem for convidado para exercer as funções de árbitro, tem o
dever de dar imediato conhecimento de todas as circunstâncias que
possam suscitar dúvidas sobre a sua imparcialidade e independência.
Esse dever de informação a ambas as partes mantém-se enquanto decorrer
o processo arbitral.
2. Um árbitro designado só pode ser recusado quando existir
circunstância susceptível de gerar fundada dúvida sobre a sua
imparcialidade e independência ou se manifestamente não possuir a
qualificação que tenha sido previamente convencionada pelas partes.
3. Uma parte só pode recusar um árbitro por si designado ou em cuja
designação tenha participado, por motivo que apenas tenha conhecido
após essa designação.
4. Na falta de acordo, a parte que pretenda recusar um árbitro deve
expor por escrito os motivos da recusa ao Tribunal Arbitral, no prazo de
oito dias a contar da data em que teve conhecimento da constituição do
Tribunal Arbitral ou da data em que teve conhecimento de qualquer
circunstância relevante, nos termos do n.º 2 do presente artigo e se o
árbitro recusado não se escusar ou demitir, ou se a outra parte não aceitar
a recusa, compete ao Tribunal Arbitral decidir sobre esta.
5. Se for indeferida a arguição de recusa, a parte recusante pode, no
prazo de quinze dias contados desde a comunicação do indeferimento,
requerer ao tribunal ou à autoridade ou entidade referidas no artigo 14.º da
presente lei, que decida sobre a recusa, sendo tal decisão insusceptível de
recurso e na pendência deste pedido, pode o Tribunal Arbitral, incluindo o
árbitro recusado, prosseguir com o processo arbitral e proferir decisões,
salvo a decisão final.
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LAV COMENTADA 54/266
profissional. Já o facto da pessoa nomeada como árbitro exercer actividade
como advogado ou consultor no escritório do advogado que representa uma das
partes coloca em causa a sua independência como árbitro.
Por seu lado, a aferição da imparcialidade impõe saber se o árbitro está de algum
modo influenciado, a favor ou contra, alguma das partes. A imparcialidade do
árbitro poderá ser colocada em causa, por exemplo, se o árbitro já tiver tido
conhecimento do litígio e tiver em relação a ele opinião formada ou se já tiver
manifestado alguma atitude de hostilidade ou excessivamente amistosa em
relação a alguma das partes. A lei angolana apresenta solução diversa da
consagrada no Code of Ethics para os árbitros de litígios comerciais domésticos
adoptado nos EUA pela AAA e pela ABA, que não exige aos árbitros nomeados
pelas partes que sejam imparciais.
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LAV COMENTADA 55/266
sendo necessário provar a parcialidade ou falta de independência do árbitro para
que este possa ser recusado. Deve entender-se que só nas situações plasmadas
no art. 10º, n.º 2 da LAV pode um árbitro ser validamente recusado.
3. O art. 10º, n.º 3 da LAV trata da recusa de um árbitro pela parte que o designou
ou em cuja designação tenha participado. Sendo os árbitros designados pelas
partes, exige-se-lhes que antes de procederem à sua designação avaliem bem
se eles preenchem as condições necessárias ao exercício dessa função. Não
obstante, se posteriormente à sua designação, a parte que designou ou
participou na designação do árbitro tiver conhecimento de alguma circunstância
que, nos termos do n.º 2 do art. 10º da LAV, possa afectar a sua imparcialidade,
independência ou não lhe permita preencher as condições fixadas na convenção
de arbitragem, pode validamente recusá-lo. Essa recusa deverá ser notificada
por escrito à outra parte, para que esta dê o seu assentimento e, seguidamente,
notificada ao tribunal arbitral. Seguir-se-á o procedimento para a substituição do
árbitro previsto no art. 11º da LAV, cabendo à parte recusante a designação de
novo árbitro (ou, se for caso disso, será a sua designação feita por terceiro ou
pelo Presidente do Tribunal Provincial competente).
5. Sendo o(s) árbitro(s) nomeado pelo tribunal judicial, nos termos do art. 14º da
LAV, pode a parte que não se conformar com a sua nomeação recusá-lo, caso
se verifiquem os pressupostos para o exercício do direito de recusa previstos no
art. 10º da LAV.
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LAV COMENTADA 56/266
Tribunal Provincial competente, nos termos do art. 14º da LAV. Caso o recurso
seja deferido dever-se-á promover a substituição imediata do árbitro recusado
(art. 11º da LAV) para que o novo árbitro passe a integrar o colégio arbitral e a
decisão final seja proferida.
ARTIGO 11.º
(Substituição de árbitros)
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LAV COMENTADA 57/266
entender-se que o prazo para prolação da decisão arbitral continua a contar, não
se suspendendo, salvo se as partes expressamente acordarem nessa
suspensão, o que poderá suceder no decurso do processo arbitral.
ARTIGO 12.º
(Presidente do Tribunal)
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LAV COMENTADA 58/266
2. O art. 12º, n.º 2 da LAV consagra um critério supletivo para a escolha do árbitro
presidente, que deverá ser aplicado quando se verificar a impossibilidade de
acordo entre os árbitros designados pelas partes ou quando as partes tenham
validamente determinado a escolha do árbitro presidente por recurso a um
método que se apurou impraticável.
Neste caso, há que aplicar as regras previstas no art. 14º, n.º 1 da LAV, que
remetem a nomeação do árbitro presidente ao Tribunal Provincial competente.
Refere ainda o art. 12º, n.º 3 da LAV que as tarefas de preparação do processo,
direcção da instrução, condução dos trabalhos nas audiências e ordenação de
debates poderão não recair sobre o presidente do tribunal arbitral, contanto que
as partes tenham acordado em contrário. De facto, as tarefas que cabem ao
árbitro presidente integram as regras do processo, que podem ser moldadas nos
termos do art. 16º da LAV, podendo a sua definição ser feita pelas próprias partes
(art. 16º, n.º 1 da LAV) ou pelos árbitros (art. 16º, n.º 2 da LAV).
ARTIGO 13.º
(Processo de constituição do tribunal)
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LAV COMENTADA 59/266
4. Se couber às partes designar um ou mais árbitros, a notificação
deve incluir a designação do árbitro e árbitros pela parte notificante, bem
como o convite dirigido à outra parte para que designe o árbitro ou árbitros
que lhe cabe indicar.
5. Se o árbitro único dever ser designado por acordo das partes, a
notificação deve conter a indicação do árbitro proposto e o convite à outra
parte para que o aceite.
6. No caso da designação caber a um terceiro e ainda não ter sido
efectuada, a parte notifica o terceiro para o fazer e comunicará a
designação feita a ambas as partes.
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LAV COMENTADA 60/266
compromisso arbitral, a interrupção da prescrição dá-se a partir do momento da
sua assinatura (art. 324º, n.º 1 do CC).
Caso a designação do(s) árbitro(s) haja sido remetida para terceiro, este poderá
fazê-la previamente à notificação de arbitragem. Não o tendo feito até essa data,
deve a parte notificar o terceiro para que designe o árbitro; seguidamente, deverá
o terceiro comunicar às partes a designação efectuada (não obstante a redacção
pouco clara do n.º 3).
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LAV COMENTADA 61/266
5. A parte que procede à notificação de arbitragem deve ter o cuidado de a
formular convenientemente, para que esta possa produzir os efeitos a que tende.
A falta de menção dos elementos supra indicados, que devem sempre ser
incluídos na notificação de arbitragem, conduz à irregularidade da mesma, que
deverá ser corrigida através do envio de nova notificação conforme.
6. A LAV não fixa um prazo dentro do qual o tribunal arbitral deva constituir-se,
cabendo às partes, querendo, fixar esse prazo na convenção de arbitragem. Não
obstante, entendemos que, verificado um litígio entre as partes, a omissão dos
actos de que depende a constituição do tribunal arbitral não determina a
caducidade da convenção de arbitragem (que só poderá ocorrer nos casos
tipificados no art. 5º da LAV). Neste caso, deverá a parte interessada requerer a
intervenção do tribunal judicial competente para que este, nos termos do art. 14º
da LAV, promova a nomeação do(s) árbitro(s) em falta.
ARTIGO 14.º
(Nomeação de árbitros)
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LAV COMENTADA 62/266
Os tribunais judiciais intervêm na arbitragem para assegurar duas funções. Em
primeiro lugar, uma função de controlo estadual da arbitragem, que se assume
como a contrapartida necessária da eficácia jurisdicional que é atribuída à
decisão arbitral. O caso típico é o da acção de anulação da sentença arbitral (art.
34º, n.º 1 LAV). Em segundo lugar, uma função de assistência dos tribunais
arbitrais, designadamente no caso da nomeação de árbitros para suprir
deficiências em matéria da sua designação (nos termos do art. 14º da LAV),
produção de prova (art. 21º, n.º 2 da LAV), julgamento de recurso da sentença
arbitral (art. 36º, n.º 2 da LAV), depósito da sentença arbitral (art. 30º, n.º 4 da
LAV), execução da sentença arbitral (art. 37º, n.º 2 da LAV) e revisão e
confirmação da sentença arbitral estrangeira (art. 1097º do CPC) – JOÃO
RAPOSO, “A Intervenção do Tribunal Judicial na Arbitragem: Nomeação de
Árbitros e Produção de Prova”, in I Congresso do Centro de Arbitragem da
Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, Almedina, Coimbra, 2008, p. 110.
2. A nomeação dos árbitros em falta cabe, nos termos do art. 14º, n.º 1, 2ª parte
da LAV, ao Presidente do Tribunal Provincial do lugar fixado para a arbitragem
(nos termos do art. 17º da LAV), ou, não tendo as partes acordado na convenção
de arbitragem ou em escrito posterior qual o lugar onde esta decorrerá, o tribunal
do local do domicílio do requerente. O legislador angolano estabeleceu ainda
que caso o requerente tenha domicílio no estrangeiro, o tribunal competente para
nomear o árbitro que lhe caiba designar é o Tribunal Provincial de Luanda.
3. Nos termos do art. 14º, n.º 2 da LAV, o requerente pode solicitar ao tribunal
judicial a nomeação de árbitro(s) no prazo de trinta dias a contar (i) da notificação
de arbitragem (efectuada nos termos do art. 13º, n.º 2 da LAV) sem que a outra
parte designe o árbitro que lhe cabe indicar (art. 13º, n.º 4 da LAV) ou sem que
se pronuncie quanto ao árbitro único proposto (art. 13º, n.º 5 da LAV), (ii) da
designação do último árbitro, sem que os árbitros designados tenham escolhido
o presidente do tribunal arbitral (art. 6º, n.º 2 e 7º, n.º 2 da LAV) e (iii) da
notificação a terceiro, sem que este tenha designado o(s) árbitro(s) que lhe cabia
designar (art. 13º, n.º 6 da LAV, aplicando-se analogicamente o disposto no art.
14º, n.º 2 da LAV).
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LAV COMENTADA 63/266
Caso o prazo acima indicado tenha sido largamente ultrapassado sem que
nenhuma das partes tenha requerido ao tribunal judicial que proceda à
nomeação do(s) árbitro(s) em falta (a designar por uma das partes ou a indicar
pelos árbitros de parte), não deverá concluir-se, por si só, que a convenção de
arbitragem ficou sem efeito, remetendo-se a resolução do litígio para foro judicial.
De facto, as partes decidiram, ao abrigo da liberdade contratual, submeter os
litígios oriundos de determinada relação jurídica estabelecida entre si a
arbitragem, ficando vinculadas a essa convenção de arbitragem. A
desvinculação da convenção de arbitragem só poderá ocorrer por acordo das
partes (art. 3º, n.º 4 da LAV). Não será, por isso, legítimo que uma das partes se
queira prevalecer do decurso do tempo, não empreendendo qualquer acção para
que o tribunal arbitral se constitua, para que, depois, invoque perante o tribunal
judicial o direito à resolução da convenção de arbitragem (no mesmo sentido, e
invocando jurisprudência portuguesa, JOÃO RAPOSO, “A Intervenção do
Tribunal Judicial na Arbitragem: Nomeação de Árbitros e Produção de Prova”, in
I Congresso do Centro de Arbitragem da Câmara de Comércio e Indústria
Portuguesa, Almedina, Coimbra, 2008, p. 115 e 116).
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LAV COMENTADA 64/266
discute-se se deveria ser constituída uma lista de árbitros, integrada por
individualidades de reconhecida competência e credibilidade profissional,
capazes de actuar com imparcialidade e independência, de que os tribunais
judiciais se pudessem socorrer quando fossem chamados a actuar no âmbito do
art. 14º da LAV. A decisão do tribunal judicial deverá ser sempre fundamentada,
indicando as razões que motivaram a nomeação do(s) árbitro(s).
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LAV COMENTADA 65/266
mais poder requerer a anulação da decisão arbitral (art. 34º, n.º 3 da LAV). Não
obstante, entendemos que, caso o árbitro nomeado pelo tribunal judicial não
preencha os requisitos de competência, imparcialidade e independência
necessários ao exercício dessa função, deve a parte que se sentir lesada com a
sua nomeação recusá-lo de imediato, lançando mão do art. 10º da LAV. Não
parece defensável que se deva aguardar a prolação da decisão final para,
seguidamente, dela recorrer ou invocar a sua anulabilidade, quando o vício de
que padece já era, desde o início do processo, conhecido. Em defesa da
impugnação imediata do acto de nomeação de árbitro, sem efeito suspensivo do
processo, remetendo-se a decisão sobre a irregularidade de constituição do
tribunal para o momento anterior à decisão sobre o mérito da causa, veja-se
JOÃO RAPOSO, “A Intervenção do Tribunal Judicial na Arbitragem: Nomeação
de Árbitros e Produção de Prova”, in I Congresso do Centro de Arbitragem da
Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, Almedina, Coimbra, 2008, p. 117
e LUÍS DE LIMA PINHEIRO, Arbitragem Transnacional – A Determinação do
Estatuto da Arbitragem, Almedina, Coimbra, 2005, p. 140.
ARTIGO 15.º
(Deontologia dos árbitros)
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LAV COMENTADA 66/266
2. Apesar da designação de árbitros caber, em primeira linha, às partes (art. 7º,
n.º 1 da LAV), os árbitros por elas designados não deverão actuar no interesse
das partes. Sendo o tribunal arbitral composto por três árbitros, dois designados
pelas partes e o terceiro pelos árbitros assim designados, não podem os
chamados árbitros de parte, ainda assim, actuar no interesse da parte que os
designou. Independentemente do modo como tenham sido designados ou
nomeados, devem os árbitros actuar sempre com independência e
imparcialidade, devendo comunicar de imediato qualquer facto que possa
colocar em causa a sua independência e imparcialidade (art. 10º, n.º 1 da LAV).
A verificação de qualquer circunstância que possa suscitar dúvida fundada sobre
a imparcialidade ou independência de um árbitro no decorrer do processo arbitral
fundamenta a sua legítima recusa (art. 10º, n.º 2 e 3 da LAV) e conduz à sua
imediata substituição (art. 11º da LAV).
O art. 15º da LAV impõe ainda aos árbitros que actuem com lealdade e boa-fé
no decorrer do processo, respeitando o dever de confidencialidade a que se
encontram vinculados. Este dever de confidencialidade que, aliás, se impõe a
todos os intervenientes no processo arbitral, deve ser respeitado não só
enquanto o processo decorra mas ainda após o seu termo. Nessa medida, não
pode o árbitro discutir fora do foro arbitral questões relacionadas com o processo,
designadamente com a produção da prova e documentos apresentados, ou
divulgar quaisquer considerações que tenham sido tecidas no seio do tribunal
em relação ao mesmo, ou falar com qualquer uma das partes sem a presença
da(s) outra(s).
3. Cabe ainda aos árbitros assegurar que o processo arbitral é justo, sendo
respeitado o princípio de igualdade de armas. Nessa medida, devem os árbitros
promover o efectivo cumprimento no decurso do processo arbitral dos princípios
processuais estabelecidos no art. 18º da LAV.
4. Não existe qualquer código de conduta universal aplicável aos árbitros. Não
constituindo a arbitragem uma profissão (uma vez que qualquer pessoa pode ser
designada árbitro), os árbitros, contrariamente aos advogados, não se
encontram submetidos a nenhum código deontológico específico. Não obstante,
algumas entidades estrangeiras procuraram colmatar esta lacuna, subscrevendo
códigos deontológicos aplicáveis aos árbitros que, sob a sua égide, intervenham
em processos arbitrais. Exemplo disso é o Code of Ethics aprovado
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LAV COMENTADA 67/266
conjuntamente pela AAA e pela ABA, aplicável aos árbitros de litígios comerciais
nos EUA, o Código de Ética da CCI (Paris) e o do CONIMA (Brasil). Por outro
lado, há que salientar que os árbitros continuam vinculados aos códigos
deontológicos sua sua profissão, pelo que, por exemplo, um advogado que
exerça as funções de árbitro está obrigado a respeitar os deveres consagrados
no respectivo estatuto.
CAPÍTULO III
Do Procedimento Arbitral
ARTIGO 16.º
(Regras de processo)
1. A lei que regula as regras do processo arbitral (art. 16º da LAV) pode não ser
a mesma que regula a relação material em litígio (art. 24º da LAV). A primeira
tem carácter adjectivo, processual, enquanto que a segunda tem carácter
substantivo, material. Do que trata o art. 16º da LAV é da lei aplicável ao
processo, designadamente, do tipo de prova a apresentar, os prazos para
apresentação de requerimentos ou o tipo de recursos admissíveis. Já o art. 24º
da LAV regula a lei aplicável para dirimir as questões de fundo, materiais, que
opõem as partes em litígio.
Em sede da LAV, admite-se que a lei do processo seja de ordem jurídica diversa
da lei material que, de acordo com o art. 24º, n.º 2 da LAV, deverá ser a lei
angolana (salvo se as partes acordarem numa decisão segundo a equidade). A
aplicação de uma lei estrangeira ao processo que seja diversa da lei da sede da
arbitragem pode conduzir a dificuldades. Porque os tribunais angolanos terão
maiores dificuldades em aplicar lei estrangeira a questões processuais, o que
poderá colocar entraves à regular intervenção dos tribunais judiciais na
arbitragem (designadamente, nos casos dos art. 14º, 21º, n.º 2, 36º, n.º 2, 34º,
n.º 1 todos da LAV).
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LAV COMENTADA 68/266
É, assim, aconselhável que o tribunal arbitral acompanhe as regras processuais
do local onde a sentença deva ser executada, uma vez que a possibilidade de
execução da sentença vai depender, por exemplo, da forma como o réu haja
sido citado ou do modo como a sentença tenha sido fundamentada (no mesmo
sentido, JACOB DOLINGER e CARMEN TIBURCIO, Direito Internacional
privado – Arbitragem Comercial Internacional, Renovar, Rio de Janeiro/São
Paulo, 2003, p. 288).
3. Nos termos do art. 16º, n.º 3 da LAV, as partes podem, em vez de desenharem
um regulamento arbitral específico, acordar que o processo arbitral se
desenrolará de acordo com o regulamento de um centro de arbitragem
institucionalizada. O legislador não refere mas é também comum que as partes
remetam para um diploma processual nacional (como o CPC) ou para uma lei
de arbitragem estrangeira a definição das regras de processo aplicáveis.
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LAV COMENTADA 69/266
Internacional Privado – Arbitragem Comercial Internacional, Renovar, Rio de
Janeiro/São Paulo, 2003, p. 79).
O art. 16º, n.º 3 da LAV aventa ainda a possibilidade das partes determinarem
que será um centro de arbitragem institucionalizada a proceder à arbitragem. A
arbitragem institucionalizada é bastante mais utilizada do que a arbitragem ad
hoc, uma vez que simplifica significativamente a tarefa das partes. Na verdade,
os centros de arbitragem institucionalizada não só disponibilizam às partes
regras prontas para a condução do processo, como regulam já as situações que
no decurso do processo podem gerar divergências entre as partes. Para além
disso, os centros de arbitragem avaliam a independência e a imparcialidade dos
árbitros, permitindo-lhes aceder a um conjunto de documentos e a uma vasta
jurisprudência arbitral, o que se traduz em ganhos significativos para o processo.
A arbitragem ad hoc deverá ser utilizada quando os intervenientes (árbitros,
respectivos advogados e partes) tenham grande experiência em arbitragem,
permitindo-lhes conduzir o processo com maior flexibilidade, o que se traduz em
ganhos significativos de eficiência e permite uma redução dos custos
relacionados com o processo (MAÍRA MAGRO e ZÍNIA BAETA, Guia valor
Económico da Arbitragem, Editora Globo, São Paulo, 2004, p. 30)
4. O art. 16º, n.º 2 da LAV estabelece que a determinação das regras do processo
deve ser feita pelas partes até à aceitação do primeiro árbitro. Se, até essa data,
as partes não tiverem acordado quanto às regras do processo, caberá aos
árbitros determiná-las.
O art. 19º da Lei-Modelo da CNUDCI não impõe qualquer limite temporal para
que as partes determinem quais as regras de processo, indicando que tal acordo
poderá ser feito depois da constituição do tribunal arbitral. A admitir-se esta
hipótese, também seria de aceitar que os árbitros se pudessem legitimamente
escusar ao exercício das suas funções por, eventualmente, não se sentirem
confortáveis em conduzirem um processo arbitral de acordo com regras com as
quais nunca trabalharam. De acordo com LUÍS DE LIMA PINHEIRO, este não é
o melhor entendimento, uma vez que as regras do processo e a sede da
arbitragem são elementos essenciais que os árbitros devem conhecer antes de
aceitarem o encargo (LUÍS DE LIMA PINHEIRO, Arbitragem Transnacional – A
Determinação do Estatuto da Arbitragem, Almedina, Coimbra, 2005, p.143). Em
face do art. 16º, n.º 2 da LAV, também nos parece que a determinação das regras
do processo tem necessariamente de ser feita pelas partes antes do tribunal
arbitral ser constituído, sob pena da referida determinação ser deferida aos
árbitros.
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LAV COMENTADA 70/266
arbitral, não tendo de proceder à sua formulação de modo exaustivo. Verificando-
se, no decorrer do processo, a omissão de determinada regra processual, deverá
o tribunal decidir casuisticamente sobre o modo de proceder.
ARTIGO 17.º
(Lugar da arbitragem)
De acordo com o art. 17º, n.º 1 da LAV, caberá às partes acordar quanto à sede
da arbitragem, por escrito, até ao momento em que o primeiro árbitro tenha
aceite o encargo.
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LAV COMENTADA 71/266
mesmo sentido, LUÍS DE LIMA PINHEIRO, Arbitragem Transnacional – A
Determinação do Estatuto da Arbitragem, Almedina, Coimbra, 2005, p. 144).
Parece, assim, ser de afastar a possibilidade da escolha da sede da arbitragem
ser determinada por recurso a actos concludentes das partes que apontem para
um determinado local. Não obstante, caso as partes tenham acordado, por
escrito, que a arbitragem deverá ser conduzida por um centro de arbitragem
institucionalizado ou tiverem determinado que as regras do processo (art. 16º da
LAV) serão as constantes de regulamento de determinado centro de arbitragem
institucionalizado, então deverá entender-se que a sede da arbitragem será o
local da sede desse centro de arbitragem.
Caso as partes não tenham acordado quanto à sede do tribunal arbitral nos
termos acima expostos, essa escolha será atribuída aos árbitros.
Entendemos bem esta disposição da LAV, uma vez que grande parte das
actividades dos árbitros são realizadas sem a presença das partes, havendo todo
o interesse em que eles estabeleçam, consoante a sua conveniência, um local
reservado onde decorram as sessões privadas do tribunal arbitral. Este lugar é,
na maioria dos casos, desconhecido das partes, de modo a permitir ao tribunal
arbitral trabalhar longe de quaisquer interferências. Assim, a análise de
documentos, a elaboração das deliberações e a decisão final do tribunal poderão
realizar-se noutro lugar que não na sede da arbitragem.
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LAV COMENTADA 72/266
centros de arbitragem institucionalizada, nomeadamente no art. 16º, n.º 2 do
Regulamento de Arbitragem da CNUDCI, art. 14º do Regulamento de Arbitragem
da CCI e art. 16º, n.º 2 do Regulamento de Arbitragem do LCIA.
O art. 17º, n.º 2 da LAV segue, assim, de perto, o art. 20º, n.º 2 da Lei-Modelo
da CNUDCI, que admite expressamente a realização de consultas entre árbitros
e de diligências de produção de prova noutro lugar que não o da sede da
arbitragem.
ARTIGO 18.º
(Princípios)
O art. 18º da LAV segue de perto o art. 18º da Lei-Modelo da CNUDCI, que
consagra expressamente o princípio da igualdade das partes e o princípio do
contraditório.
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LAV COMENTADA 73/266
O princípio do contraditório manifesta-se, por um lado, no facto de não poderem
ser tomadas providências contra determinada pessoa sem que ela seja
previamente ouvida (salvo os casos excepcionais previstos na lei) e, por outro
lado, na impossibilidade do tribunal arbitral decidir qualquer questão de facto ou
de direito sem que as partes hajam tido a possibilidade de se pronunciar sobre
ela. O princípio define-se, assim, como a possibilidade de as partes influenciarem
o processo em relação a todas as questões, de facto ou de direito, de forma ou
de fundo, que possam ter repercussão na decisão final do litígio (MARIANA
FRANÇA GOUVEIA, Curso de Resolução Alternativa de Litígios, 2ª Edição,
Almedina, Coimbra, 2012, p. 210).
2. O art. 18º, al. b) da LAV não contempla o modo como a citação deve ser
efectuada, dando margem de manobra à autonomia de vontade das partes.
Assim, cabe às partes, no âmbito da definição das regras do processo arbitral
(art. 16º, n.º 1 da LAV) ou aos árbitros (art. 16º, n.º 2 da LAV), determinar o modo
como devem ser chamadas ao processo. Parece-nos ser de admitir a citação por
protocolo, carta registada, fax contra comprovativo de entrega e e-mail contra
comprovativo do seu efectivo recebimento. É importante assegurar que a parte
citada teve efectivo conhecimento da instauração do processo arbitral – é este o
aspecto essencial.
3. O art. 18º, al. b) da LAV refere que deve ser assegurado o princípio do
contraditório em todas as fases do processo arbitral, devendo o demandado ser
citado para se defender. Sendo citado e optando por não se defender, o
demandado não obsta à continuação do processo arbitral, que segue à revelia.
A revelia prevista no CPC é bastante penalizadora para o réu, uma vez que se
consideram imediatamente confessados os factos articulados pelo autor (art.
484º, n.º 1 do CPC, com as excepções previstas no art. 485º do CPC). Admite-
se, porém, que o réu, querendo, intervenha no processo a qualquer momento,
recebendo-o no estado em que este se encontra. A razão subjacente à revelia
consiste em permitir a continuação do processo ainda que o réu regularmente
citado não queira nele intervir.
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LAV COMENTADA 74/266
Também os diversos diplomas relativos à arbitragem internacional apontam no
mesmo sentido da LAV. O art. 28º, n.º 1 do Regulamento da CNUDCI refere
expressamente que se o demandado não contestar, sem ter justificado a
ausência de contestação, deve o tribunal arbitral continuar com o processo.
Também o Regulamento da CCI consagra regras específicas sobre a revelia,
dispondo o seu art. 6º, n.º 3 que a recusa ou inércia de alguma das partes em
participar na arbitragem não prejudica o seu andamento (veja-se, para maiores
desenvolvimentos, EDUARDO GREBLER, “A Revelia no Processo Arbitral
Brasileiro” in Reflexões sobre Arbitragem, LTR, São Paulo, 2002, p. 291 e ss).
4. De acordo com o art. 34º, n.º 1, al. f) da LAV a violação das garantias
processuais mínimas consagradas no art. 18º da LAV serve de base para a
anulação da decisão arbitral, desde que tal violação tenha influenciado
decisivamente a resolução do litígio. No mesmo sentido, o art. 34º, n.º 2, al. a),
ii) da Lei-Modelo da CNUDCI.
ARTIGO 19.º
(Representação das partes)
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LAV COMENTADA 75/266
que se viu serem actividades que a lei reserva aos advogados” (Representação
Forense e Arbitragem, Coimbra Editora, Coimbra, 2001, p. 125).
Não nos parece que a intenção do legislador angolano tenha sido a de conferir
tamanha amplitude ao art. 19º da LAV, pelo que somos da opinião que as partes
só poderão representar-se a si próprias ou fazer-se representar por advogado.
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LAV COMENTADA 76/266
escolha de advogado deverá respeitar os ditames para o exercício da advocacia
nesse país estrangeiro.
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LAV COMENTADA 77/266
arbitral julgue de acordo com a equidade, nos termos do art. 36º, n.º 3 da LAV),
pensamos que o legislador angolano quis conferir às partes inteira liberdade para
decidirem, em qualquer caso, quanto à constituição de mandatário no processo
arbitral. Assim, não nos parece que a não constituição de mandatário em
processo arbitral no âmbito de um litígio que, se fosse submetido a tribunal
judicial, obrigaria à representação por advogado, possa obstar à validade da
instância e prosseguimento dos autos, e ao reconhecimento e execução da
decisão por parte do tribunal judicial competente (art. 814º do CPC). Tal
entendimento justifica-se, em nosso entender, pela natureza eminentemente
contratual da arbitragem, campo de aplicação privilegiado da autonomia de
vontade das partes.
O mandato meramente forense não está sujeito a forma especial, podendo ser
conferido ao advogado através de procuração escrita e subscrita pela parte que
constitui mandatário ou através de declaração verbal da parte no âmbito de
qualquer diligência processual que decorra perante o tribunal arbitral. Tal só não
sucederá se os árbitros, ao abrigo do seu poder de definirem as regras
processuais nos termos do art. 16º, n.º 2 da LAV, tiverem imposto a
obrigatoriedade de observância da forma escrita.
Questão mais complexa prende-se com a forma que deve observar a procuração
que confira ao advogado poderes especiais para desistir, transigir ou confessar.
De acordo com o art. 262º do CC, a procuração deve observar a forma do acto
a ser praticado pelo mandatário ao abrigo da procuração. Assim, e porque a
transacção (art. 1250º do CC), a confissão e a desistência deverão observar a
forma escrita (devendo ser feitas através de documento autêntico ou particular,
consoante as exigências legais aplicáveis), nos termos do art. 300º, n.º 1 do
CPC, essa mesma forma legal deverá ser aplicada à procuração que confere ao
mandatário poderes especiais para confessar, desistir ou transigir em sede
arbitral.
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LAV COMENTADA 78/266
Já não nos parece possível que a transacção, quando resulte de conciliação
obtida pelo juiz arbitral, se possa fazer em acta, como dispõe o art. 300º, n.º 4
do CPC. Isto porque a acta da audiência exarada pelo juiz faz fé pública,
satisfazendo os requisitos do art. 1250º do CC, enquanto que uma acta
equivalente do tribunal arbitral não tem o mesmo efeito porquanto a LAV não
conferiu ao tribunal arbitral expressamente esse poder. Assim, sempre que a
transacção exigir forma autêntica, ela terá necessariamente de ser lavrada fora
do tribunal arbitral, sendo de seguida submetida à homologação dos árbitros;
concomitantemente, a procuração que confere mandato para realizar a
transacção deverá também constar de documento solene (no mesmo sentido, J.
LOPES DOS REIS, Representação Forense e Arbitragem, Coimbra Editora,
Coimbra, 2001, p. 142).
ARTIGO 20.º
(Início e termo da instância arbitral)
Esta notificação, para ser válida, deve ser feita por escrito e conter os elementos
essenciais elencados no art. 13º, n.ºs 3 e 4 da LAV.
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LAV COMENTADA 79/266
n.º 6 da LAV) ou, sendo caso disso, do tribunal judicial competente (art. 14, n.º 1
da LAV).
Após a parte demandante ter emitido a notificação para arbitragem, dá-se início
à designação e/ou nomeação dos árbitros que integrarão o tribunal arbitral. A
LAV não fixa um prazo dentro do qual o tribunal arbitral se deva constituir, mas
é desejável que o seja a breve trecho.
ARTIGO 21.º
(Provas)
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LAV COMENTADA 80/266
requerimento de qualquer das partes, requerer ao Tribunal Judicial do lugar
da realização da diligência que, perante este, seja produzida a prova.
3. O Tribunal Judicial deve praticar os actos solicitados, nos limites
da sua competência e com observância das regras de produção da prova
a que está vinculado, e remeter os seus resultados ao Tribunal Arbitral.
Em sede de arbitragem, e nos termos do art. 21º, n.º 1 da LAV, são admitidos
todos os meios de prova aceites em sede de processo judicial. Assim, são
admissíveis os seguintes meios de prova: (i) prova documental (art. 523º a 551º
do CPC), (ii) prova por confissão das partes (art. 552º a 567º do CPC), (iii) prova
pericial (art. 568º a 611º do CPC), (iv) prova por inspecção judicial (art. 612º a
615º do CPC) e (v) prova testemunhal (art. 616º a 645º do CPC).
2. A produção de prova pode, nos termos do art. 21º, n.º 1 da LAV, ser requerida
pela parte interessada ou, oficiosamente, pelo tribunal arbitral.
Em regra, as partes devem apresentar e fazer prova dos factos por si alegados.
Sucede porém que a apresentação de determinada prova pode não ser possível
por iniciativa exclusiva da parte interessada, necessitando esta da colaboração
da outra parte ou de terceiro para que a prova seja conseguida. O art. 519º do
CPC estabelece o princípio da colaboração para a descoberta da verdade,
impondo às partes (à semelhança do que faz o art. 265º do CPC) e a quaisquer
outras pessoas cuja actuação seja necessária à produção da prova a obrigação
de colaborarem com o tribunal, designadamente, respondendo ao que lhes é
perguntado, disponibilizando o que lhes foi solicitado ou praticando os actos que
o tribunal lhes indicou. Caso não se verifique a efectiva colaboração da pessoa
que a isso está adstrita, pode o tribunal judicial determinar, a título sancionatório,
a aplicação de multas e a utilização de quaisquer outros meios ao seu dispor
para trazer ao processo as provas necessárias (art. 519º, n.º 2, 1ª parte do CPC).
Não cumprindo uma das partes o dever de colaboração, o tribunal judicial
apreciará livremente essa recusa (art. 519º, n.º 2 do CPC), podendo determinar
a inversão do ónus da prova (art. 344º, n.º 2 do CC).
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LAV COMENTADA 81/266
Portuguesa, Almedina, Coimbra, 2008, p. 122), uma vez que o tribunal arbitral
carece de força coercitiva para impor às partes ou a terceiros a colaboração
necessária em matéria de produção de prova. Por exemplo, ainda que o tribunal
arbitral notifique as testemunhas para comparecerem e serem ouvidas, essa
notificação é um mero convite, uma vez que o tribunal arbitral não é dotado de
ius imperii para obrigar as testemunhas a comparecerem perante si. Por essa
razão, o legislador angolano previu no art. 18º, n.º 2 da LAV que em caso de
recusa de apresentação de documentos em poder da parte contrária (arts. 528º
e 529º do CPC), recusa de cumprir a requisição de documentos (arts. 535º e
537º do CPC), recusa de prestação de depoimento de parte (art. 552º e ss do
CPC), recusa em testemunhar (art. 616º e ss do CPC), recusa de cumprimento
de deveres de perito (art. 568º e ss do CPC) e recusa de permitir a inspecção de
coisas ou de pessoas (art. 612º e ss do CPC), possa requerer-se que a produção
de prova seja feita perante o tribunal judicial competente. Estamos, assim,
perante mais um exemplo do modo como o tribunal judicial pode intervir no
processo arbitral, prestando assistência ao tribunal arbitral e suprindo as
debilidades que lhe advêm de ser um tribunal constituído exclusivamente com
base na vontade das partes.
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LAV COMENTADA 82/266
Este não é um fundamento autónomo de anulação da sentença arbitral, mas
pode haver situações em que um indeferimento por parte do tribunal arbitral
implique violação do princípio do processo equitativo, na sua modalidade de
direito à prova. Se tiver influência decisiva no litígio, é fundamento de anulação
da sentença arbitral. Imagine-se uma situação em que o tribunal arbitral recusa
a prestação de depoimento de uma testemunha essencial (MARIANA FRANÇA
GOUVEIA, Curso de Resolução Alternativa de Litígios, 2ª Edição, Almedina,
Coimbra, 2012, p. 207).
4. O requerimento para a produção de prova deve, nos termos do art. 21º, n.º 2
da LAV, ser apresentado perante o tribunal judicial do local onde a prova deva
ser produzida, de acordo com as regras de competência do CPC.
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LAV COMENTADA 83/266
Não obstante, e atendendo a que a LAV não impõe ao tribunal judicial que
assegure a produção da prova num prazo determinado, estima-se que a referida
produção de prova possa introduzir delongas excessivas no processo arbitral.
Por essa razão, e atendendo a que poderá haver o risco real da convenção de
arbitragem caducar (art. 5º, n.º 1, al. c) da LAV) parece-nos que o tribunal arbitral
deverá propor às partes que acordem quanto à suspensão do processo arbitral.
Não se verificando o acordo das partes, não deverá aceitar-se que a parte que
requereu as diligências de produção de prova junto do tribunal judicial possa
invocar a caducidade da convenção de arbitragem, o que constituiria um
verdadeiro abuso de direito (no mesmo sentido, JOÃO RAPOSO, “A Intervenção
do Tribunal Judicial na Arbitragem: Nomeação de Árbitros e Produção de Prova”,
in I Congresso do Centro de Arbitragem da Câmara de Comércio e Indústria
Portuguesa, Almedina, Coimbra, 2008, p. 125).
6. De acordo com o art. 21º, n.º 3 da LAV, o tribunal judicial deve proceder à
produção da prova de acordo com as regras do CPC a que está vinculado.
ARTIGO 22.º
(Medidas provisórias)
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LAV COMENTADA 84/266
1. O art. 22º, n.º 1 da LAV confere expressamente ao tribunal arbitral o poder de
ordenar medidas provisórias no âmbito do processo arbitral, entre as quais se
incluem as providências cautelares. Este entendimento justifica-se porquanto no
ordenamento jurídico angolano não existe qualquer norma que atribua aos
tribunais judiciais competência exclusiva para o decretamento de providências
cautelares. O tribunal arbitral só não poderá decretar providências cautelares no
caso das partes terem afastado essa possibilidade na convenção de arbitragem.
É essencial que a parte requerente alegue e prove dois requisitos: (i) o periculum
in mora, i.e., o fundado receio ou perigo do seu direito não poder ser satisfeito,
e (ii) o fumus bonus iuris, i.e., a séria probabilidade da existência do direito que
a parte quer acautelar.
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LAV COMENTADA 85/266
2. As providências cautelares podem ser requeridas antes da acção principal ser
intentada ou na pendência de um processo já em curso, sendo sempre
dependentes da acção principal (art. 384º, n.º 1 do CPC).
Caso a providência cautelar deva ser requerida antes da acção arbitral ter sido
instaurada, ela deve ser requerida directamente perante o tribunal judicial, como
indica o art. 22º, n.º 2 da LAV. De facto, a urgência da providência cautelar
conservatória ou antecipatória, destinada a garantir a efectividade de um direito,
pode não ser compatível com o tempo necessário à constituição do tribunal
arbitral, não devendo o pedido de decretamento de providência cautelar perante
o tribunal judicial ser negado com fundamento em preterição do tribunal arbitral,
sob pena de denegação de justiça (CALVÃO DA SILVA, “Tribunal Arbitral e
Providências cautelares” in I Congresso do Centro de Arbitragem da Câmara de
Comércio e Indústria, Almedina, Coimbra, 2008, p. 103).
O art. 22º, n.º 2 da LAV claramente confere às partes a faculdade de opção entre
o tribunal arbitral e o tribunal judicial para o conhecimento de medidas
provisórias, quer a acção arbitral já tenha ou não sido intentada.
A providência deve contudo ser sempre intentada perante o tribunal judicial nos
casos em que se destine a produzir efeitos em relação a terceiros (como no caso
de arresto de bens de terceiros), atenta a eficácia inter partes da convenção de
arbitragem que limita a actuação do tribunal arbitral; os embargos de terceiro
deverão também ser deduzidos perante o tribunal judicial competente.
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LAV COMENTADA 86/266
Nos casos em que a providência cautelar venha a caducar por facto imputável
ao requerente ou for considerada injustificada, ele responderá pelos danos
causados (art. 387º, n.º 1 do CPC).
3. O tribunal judicial é também chamado a intervir, nos termos do art. 22º, n.º 1
da LAV, para assistir o tribunal arbitral na execução da providência cautelar que
este haja decretado. Isto porque se a providência cautelar não for acatada pela
parte que a ela está adstrita, o tribunal arbitral não a pode impor coercivamente,
sendo necessário socorrer-se do poder de execução do tribunal judicial.
ARTIGO 23.º
(Honorários)
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LAV COMENTADA 87/266
(FOUCHARD/GAILLARD/GOLDMAN, On International Commercial Arbitration,
Kluwer 1999, n.º 1159).
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LAV COMENTADA 88/266
8. O Regulamento da CCI, no seu art. 31º, prevê que (i) os custos da arbitragem
deverão incluir os honorários e despesas dos árbitros e os custos administrativos
da CCI (estabelecidos pela CCI em conformidade com a tabela em vigor no início
do procedimento arbitral), bem como os honorários e despesas de quaisquer
peritos nomeados pelo Tribunal Arbitral, e as despesas razoáveis incorridas
pelas partes para sua defesa, e que (ii) a sentença final do tribunal arbitral fixará
os custos da arbitragem, e decidirá qual das partes arcará com o seu pagamento,
ou então, qual a proporção que cada parte suportará.
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LAV COMENTADA 89/266
De 200 001 até 500 000 1,3670% 6,8370%
CAPÍTULO IV
Do Julgamento
ARTIGO 24.º
(Direito aplicável)
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LAV COMENTADA 90/266
2. Designa-se por juízo de equidade aquele em que o juiz resolve o litígio de
acordo com um critério de justiça, sem recorrer a uma norma jurídica pré-
estabelecida. Julgar segundo a equidade significa, pois, dar a um conflito a
solução que parece ser a mais justa, atendendo apenas às características da
situação e sem recurso à lei eventualmente aplicável. A equidade tem,
consequentemente, conteúdo indeterminado, variável, de acordo as concepções
de justiça dominantes em cada sociedade e em cada momento histórico.
Independentemente da questão de saber se é ou não fonte de direito, o certo é
que a equidade pode constituir um critério de correcção na aplicação do direito.
(ANA PRATA, Dicionário Jurídico, 4ª ed., Almedina, Coimbra, 2006, p. 499;
AAVV, Lexique des termes juridiques, 16è éd., Dalloz, 2007, p. 281).
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 91/266
LAV exige que a autorização conste da convenção de arbitragem ou de
documento posterior subscrito pelas partes, o que exclui que a mesma possa
resultar de uma simples remissão para um regulamento que preveja a equidade
como critério de julgamento (LUÍS DE LIMA PINHEIRO, Direito Comercial
Internacional, Almedina, Coimbra, 2005, p. 419).
7. Nos termos do n.º 3 do art. 36º da LAV, a faculdade atribuída ao tribunal arbitral
para julgar segundo a equidade implica a renúncia aos recursos.
9. Nas decisões tomadas com base nos usos e costumes, o tribunal arbitral é
obrigado a respeitar os princípios de ordem pública do direito positivo angolano.
Sabe-se que Angola, tal como a maioria dos Estados africanos, tem um direito
costumeiro muito enraizado, v.g. o papel central que os Sobas vêm assumindo
na aplicação desse direito. O costume é uma prática social, reiterada, uniforme
e constante, seguida da convicção da sua obrigatoriedade (opinio juris).
Diversamente do costume, o uso é a prática socialmente generalizada,
desacompanhada da convicção da obrigatoriedade da sua adopção.
Note-se que, nos termos do art. 38º al. d) da Lei n.º 18/88, de 31 de Dezembro,
sobre o sistema unificado de justiça, os tribunais municipais podem conhecer de
questões cíveis, independentemente do valor da causa, quando as partes
estiverem de acordo com a aplicação exclusiva dos usos e costumes não
codificados, sempre que a lei o permita.
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LAV COMENTADA 92/266
E o art. 7º da Constituição da República de Angola expressamente reconhece a
validade e a força jurídica do costume que não seja contrário à Constituição nem
atente contra a dignidade da pessoa humana.
10. A ordem pública é formada pelo complexo dos princípios e dos valores que
enformam a organização política, económica e social da nossa sociedade e que
são, por isso, tidos como inerentes ao respectivo ordenamento jurídico. A ordem
pública constitui expressão e instrumento do interesse público e do bem comum,
tal como definidos pela colectividade, e correspondendo geralmente aos grandes
princípios consagrados na parte programática da Constituição da República . A
ordem pública não inclui todas as normas injuntivas: o critério de determinação
tem de ser muito mais fino, dependendo de uma análise concreta da regra não
aplicada e dos princípios que lhe subjazem, que a justificam (MARIANA FRANÇA
GOUVEIA, Curso de Resolução Alternativa de Litígios, 2ª Edição, Almedina,
Coimbra, 2012, p. 277).
ARTIGO 25.º
(Prazo para decisão)
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LAV COMENTADA 93/266
1. Salvo se de outra forma for estabelecido em Convenção de
Arbitragem ou em escrito posterior até à aceitação do primeiro árbitro, a
sentença arbitral deve ser proferida no prazo de seis meses a contar da
data da aceitação do último árbitro designado.
2. As partes podem, por acordo escrito, prorrogar o prazo
convencionado ou, na falta de convenção, o estabelecido no número
anterior.
3. Os árbitros que, sem fundamento justo, impedirem que a decisão
arbitral seja tomada dentro do prazo respondem, nos termos da lei, pelos
prejuízos causados.
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LAV COMENTADA 94/266
4. De acordo com o art. 5º, n.º 1, al. c) da LAV, o compromisso arbitral caduca e
a cláusula compromissória deixa, no que respeita ao litígio submetido à decisão
do tribunal arbitral, de produzir efeito, quando a decisão não for proferida nos
prazos estabelecidos.
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LAV COMENTADA 95/266
considerada válida, desde que, claro está, não enferme de vícios que a tornem
susceptível de ser objecto de uma acção de anulação (com um outro fundamento
que não o da incompetência do tribunal fundada na caducidade da convenção
de arbitragem).
Assim, se alguma das partes pretender intentar uma acção de anulação com
fundamento na caducidade da convenção arbitral por decurso do prazo para a
prolação da decisão final, deverá, no momento adequado, entregar no tribunal
arbitral um requerimento pedindo que ele se declare incompetente com
fundamento na caducidade da convenção de arbitragem, não mais participando
activamente no processo, limitando-se a comparecer às diligências para que seja
convocada sem qualquer outro tipo de intervenção. Deste modo, a parte
assegura que será notificada da decisão final proferida pelo tribunal arbitral, o
que lhe permitirá intentar a respectiva acção de anulação da decisão final (uma
vez que a LAV não lhe permite recorrer das decisões arbitrais interlocutórias).
6. De acordo com o n.º 1 do art. 20º da LAV, a instância arbitral tem início na
data da notificação da arbitragem ao demandado, mas só se desenrola perante
o tribunal a partir da notificação às partes da nomeação de todos os árbitros, em
harmonia com os artigos 13º e 14º, ambos da LAV.
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LAV COMENTADA 96/266
et aussi C. Paris, 5 mai 1994, Bonin ; C. Lyon, 1er juillet 1993, Roche c/ Finapar,
et Cass. 2e civ., 5 avril 1994 ; Ver ANTOINE MASSON, “La durée de l’Arbitrage
au vu de l’arrêt de la Cour de Cassation du 7 novembre 2002”, in Les Cahiers de
l’Arbitrage, Vol. II, sous la direction de Alexis Mourre, Gazette du Palais, 2004,
pp. 94 e ss.).
ARTIGO 26.º
(Deliberação)
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LAV COMENTADA 97/266
de aceitar que a deliberação não seja presencial, tendo em conta que poderá ser
difícil promover reuniões pessoais e conjuntas com todos os árbitros, podendo a
deliberação ter lugar “par lettres, par téléx, par fax”. (MÁRIO RAPOSO, “A
Sentença Arbitral” in Revista da Ordem dos Advogados, Ano 65, Vol. II, Lisboa,
Set. 2005, também disponível em www.oa.pt).
4. Quando a decisão arbitral é tomada por maioria simples, não existe em regra
necessidade de conferir ao árbitro-presidente um voto de qualidade, tendo em
conta a composição obrigatoriamente ímpar do tribunal arbitral. Inversamente,
quando as partes tiverem convencionado um maior número de votos para a
tomada de decisão, é desejável que atribuam também ao árbitro presidente a
prerrogativa de, em caso de impasse (por exemplo, no caso da maioria
qualificada exigida não se verificar), a decisão ser tomada no sentido do voto do
árbitro presidente.
6. Alguns regulamentos (por ex., o art. 48º, n.º 4 da Convenção CIRDI) admitem
que as opiniões dissidentes dos árbitros possam ser expressas na decisão e
comunicadas às partes. Mas este entendimento não é pacífico, existindo alguma
controvérsia acerca da utilidade da divulgação das opiniões dissidentes.
Para LEVY/DE BOISSÉSSON, a crítica aberta da decisão arbitral tomada pela
maioria de árbitros reforça a legitimidade dos processos arbitrais e provoca uma
maior reflexão quanto à fundamentação da sua decisão por parte dos árbitros
maioritários. Por outro lado, tais opiniões contrárias à decisão final proporcionam
uma certa satisfação aos árbitros ou às partes que se revejam nelas. A
divulgação das opiniões dissidentes tem sido muito útil, designadamente quando
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LAV COMENTADA 98/266
uma das partes litigantes é um Estado (apud CHRISTIAN GAVALDA e CLAUDE
LUCAS DE LEYSSAC, L’Arbitrage, Dalloz, Paris, 1993).
ARTIGO 27.º
(Elementos da decisão arbitral)
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LAV COMENTADA 99/266
-b)a referência à Convenção de Arbitragem;
-c)o objecto do litígio;
-d)a identificação de cada árbitro;
-e)o lugar da arbitragem, o local e a data em que a sentença foi proferida;
-f)a decisão tomada e a respectiva fundamentação;
-g)a assinatura dos árbitros.
2. A sentença não necessita de ser fundamentada quando assim tiver
sido convencionado pelas partes, quando estas, no decurso do processo,
chegarem a acordo quanto à decisão do litígio e em caso de desistência.
3. A fundamentação da decisão proferida segundo a equidade basta-
se com a declaração dos factos dados como provados.
4. O número de assinaturas deve ser, pelo menos, igual ao da maioria
dos árbitros, indicando-se sempre a razão por que os outros não assinam,
assim como aqueles que votaram vencidos.
5. Na decisão final são fixados os encargos do processo e sua
repartição pelas partes.
De acordo com o n.º 1 do art. 27º da LAV, a validade da decisão importa que
dela constem as seguintes menções: (i) identificação das partes, (ii) referência à
convenção de arbitragem (compromisso arbitral ou cláusula compromissória),
(iii) objecto do litígio (o pedido e a causa de pedir), (iv) lugar da arbitragem (sede)
e local e data onde a sentença foi proferida, (v) decisão e respectiva
fundamentação e (vi) assinatura dos árbitros. O legislador angolano apresentou,
assim, os elementos da decisão arbitral que, no seu entender, são obrigatórios.
3. De acordo com o n.º 2 do art. 27º da LAV, a decisão arbitral deve ser
fundamentada, salvo se se verificar (i) acordo em contrário das partes, (ii) uma
transacção no decurso do processo ou (iii) a desistência quer da instância quer
do pedido.
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LAV COMENTADA 100/266
lado, uma sentença fundamentada é uma decisão dotada de um fio condutor que
une todos os seus pontos tornando-a coerente e harmoniosa. Sem
fundamentação, a decisão final dos árbitros mais não seria do que um conjunto
de ideias, critérios ou intenções desarticulados. Também a fundamentação da
decisão final dos árbitros permite que, em caso de recurso ou de acção de
anulação, as partes não questionem o necessário silogismo do sistema judiciário
em que é evidenciado que a sentença proferida é o corolário das premissas
constituintes da fundamentação.
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LAV COMENTADA 101/266
ARTIGO 28.º
(Transacção e decisão homologatória)
1. Nos termos do art. 1248º do CC, a transacção é o contrato pelo qual as partes
previnem ou terminam um litígio mediante concessões recíprocas, que poderão
incluir a constituição, modificação ou extinção de direitos diversos do direito
controvertido.
A sentença que aprecia uma transacção, conforme o art. 300º, n.º 3 do CPC, não
pode alterar os precisos termos que foram objecto do acordo das partes (Ac. RL,
de 20.7.1979: Col. Jur., 1979, 4º-1180, citado por ABÍLIO NETO, Código de
Processo Civil Anotado, Livraria Petrony, Lisboa, 1986, p. 238).
A lei exige que o juiz, ao homologar uma transacção, repita os termos em que
esta foi feita, bastando que, por remissão, condene nos respectivos termos (Ac.
RL, de 3.4.1981: BMJº-425)
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LAV COMENTADA 102/266
ao objecto da causa, o que lhes é lícito fazer em qualquer estado da instância
(art. 293º, n.º 2 do CPC).
ARTIGO 29.º
(Desistência e sentença homologatória)
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LAV COMENTADA 103/266
impossibilidade de intentar nova acção arbitral em relação ao pedido objecto de
desistência. A desistência deve ainda ser homologada pelo tribunal arbitral (art.
29º, n.º 2 da LAV).
6. O n.º 5 do art. 29º da LAV considera que se houver oposição da parte contrária
e for proferida sentença homologatória, devem ser especificados os
fundamentos da decisão quando for tomada nos termos do n.º 6 do art. 20.º.
Sucede que esse n.º 6 do art. 20.º inexiste, devendo entender-se a remissão
feita para os n.ºs 2 e 4 do mesmo artigo. Porém, esse dispositivo expressamente
limita a possibilidade de desistência da instância aos casos de ausência de
oposição da parte contrária, pelo que se verifica uma aparente colisão de
normas. É nosso entendimento que, em caso de desistência da instância, há
sempre a obrigatoriedade de notificação da parte contrária para se opor,
querendo, podendo o tribunal arbitral homologar a desistência, nos termos do n.º
5 do art. 29.º da LAV mesmo que a oposição se verifique, desde que com a
devida fundamentação. Na verdade, não faria sentido a impossibilidade de
desistência da instância em situações que claramente indiciassem a
possibilidade do termo da instância, que se poderia verificar a qualquer tempo.
ARTIGO 30.º
(Notificação e depósito)
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LAV COMENTADA 104/266
permita comprovar que foi recebida, juntando-se cópia integral da decisão
proferida.
2. Qualquer das partes pode, no prazo de 10 dias a contar da data da
notificação, requerer ao Tribunal Arbitral que corrija os erros de cálculo, de
cópia, tipográficos ou similares ou que esclareça obscuridade ou dúvidas
da sentença arbitral, só começando a correr o prazo de recurso depois de
notificada às partes a decisão que recaiu sobre o requerimento a solicitar
a correcção ou a aclaração.
3. Se o Tribunal Arbitral considerar o pedido justificado, deve
proceder à rectificação ou à aclaração nos 30 dias seguintes à recepção do
pedido e a decisão respectiva é parte integrante da decisão arbitral.
4. Salvo acordo das partes em contrário, transitada em julgado a
decisão arbitral, esta é depositada na Secretaria do Tribunal Provincial do
lugar da arbitragem.
5. Não são depositadas as sentenças homologatórias da desistência
da instância arbitral.
6. O depósito é notificado às partes.
7. O Presidente do Tribunal Provincial atribui a uma das secretarias
competências para o depósito das sentenças arbitrais proferidas na área
sob a sua jurisdição.
1. O legislador angolano exige, no art. 30º, n.º 1 da LAV, que a sentença observe
a forma escrita, devendo ser notificada às partes por carta registada ou qualquer
outro meio de que resulte prova da sua efectiva recepção. A nota de notificação
da sentença arbitral deve ser acompanhada de cópia integral da mesma, só
assim se considerando a notificação devidamente efectuada.
2. Uma vez notificada às partes a decisão arbitral, o tribunal não poderá rever a
referida decisão quanto ao mérito da causa. Contudo, é lícito ao tribunal aclarar
a decisão, corrigir os erros de cálculo, de cópia, tipográficos ou similares a pedido
de qualquer das partes (art. 30º, n.º 2 da LAV), desde que o respectivo pedido
seja formulado no prazo de dez dias a contar da data em que as partes
receberam a notificação prevista no art. 30º, n.º 1 da LAV.
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LAV COMENTADA 105/266
arbitral (art. 30.º n.º 5) nem as medidas provisórias (art. 22.º) ou a decisão do
tribunal arbitral sobre a sua própria competância (art. 31.º, n.º 3).Trata-se de uma
questão de natureza meramente administrativa e não de um processo visando a
exequatur ou o reconhecimento da decisão arbitral.
ARTIGO 31.º
(Decisão sobre a competência)
1. O tribunal arbitral, como qualquer outra jurisdição, pode e deve verificar, antes
de mais, a sua competência para conhecer de determinado litígio que lhe tenha
sido submetido para apreciação. A fortiori, este controlo impõe-se quando a sua
competência for contestada por uma das partes (GAVALDA/ LEYSSAC,
L’Arbitrage, Dalloz, Paris, 1993, p. 62 e ss).
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LAV COMENTADA 106/266
JACOB DOLINGER e CARMEN TIBURCIO, Direito Internacional Privado –
Arbitragem Comercial Internacional, Renovar, Rio de Janeiro/São Paulo, 2003,
p. 149).
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LAV COMENTADA 107/266
fraudulenta) o tribunal arbitral perde excepcionalmente competência, por
aplicação do princípio fraus omnia corrumpit…Figuremos a seguinte hipótese: A
e B, em conluio, celebram um contrato simulado de transmissão de um imóvel.
B, o adquirente, requer o registo a seu favor da transmissão. O conservador tem
dúvidas sobre a validade do contrato e regista provisoriamente por dúvidas. A e
B, de novo em conluio, celebram uma convenção de arbitragem para que os
árbitros, também em conluio com as partes, confirmem a validade do contrato,
ocultando a simulação mas conseguindo, desse modo, remover as dúvidas do
conservador. O contrato é nulo por ser simulado. O tribunal arbitral, que declarou
a sua validade, foi constituído fraudulentamente. Os árbitros carecem, por isso,
em absoluto de competência para julgar, o pleito, usando de fraude” (MANUEL
PEREIRA BARROCAS, “Contribuição para a Reforma da Lei de Arbitragem
Voluntária”, in Revista da Ordem dos Advogados, Ano 67, Vol. I, Lisboa, Jan.
2007, disponível em www.oa.pt ).
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LAV COMENTADA 108/266
Para MAYER, a competência do tribunal arbitral para decidir sobre a sua própria
competência fundamenta-se na aplicação extensiva ou analógica do princípio
segundo o qual qualquer autoridade é competente para apreciar a sua própria
competência ou ainda, na presunção segundo a qual as partes da convenção de
arbitragem entenderam também submeter essa questão prévia (decisão sobre a
competência do tribunal) aos árbitros (PIERRE MAYER, “L’autonomie de l’arbitre
international dans l’appréciation de sa propre compétence”, RCADI, vol. V, 1989,
p. 339; POUDRET/BESSON, Droit Comparé de l’arbitrage international, Bruylant
Bruxelles-LGDJ-Schulthess, 2002, pp. 407-408).
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LAV COMENTADA 109/266
voluntariamente na respectiva ordem institucional privada (FRANÇOIS RIGAUX,
Droit International Privé, vol. I, 2.ª ed., Bruxelas, 1987, pp. 142 e segs; Idem, “Les
situations juridiques individuelles dans un système de relativité générale” in
RCADI, n.º 213, 1989, pp. 242 e seg.).
O artigo 8º, n.º 1 da Lei-Modelo da CNUDCI admite que o tribunal em que seja
proposta uma acção relativa a um litígio abrangido por uma convenção de
arbitragem rejeite a excepção fundada nesta convenção se verificar que ela é
caduca, inoperante ou insusceptível de ser executada, o que implica uma
apreciação da validade da convenção de arbitragem.
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LAV COMENTADA 110/266
litígio por via arbitral. Finalmente, como forma de evitar manobras dilatórias da
parte menos interessada na arbitragem, o n.º 3 do art. 1032º do ZPO autoriza o
tribunal arbitral, em qualquer dos casos acima referidos, a iniciar ou prosseguir
o processo arbitral até ser proferida sentença.
O Arbitration Act inglês prevê, no n.º 1 do seu artigo 32º, a possibilidade das
partes num procedimento arbitral recorrerem directamente ao tribunal judicial
para a determinação da competência do tribunal arbitral, tendo este último a
faculdade de prosseguir o processo arbitral e decidir sobre a sua competência.
Por conseguinte, o tribunal judicial poderá apreciar a existência e validade da
convenção de arbitragem antes do tribunal arbitral, não sendo reconhecida a
prioridade deste na apreciação de tais questões.
É, aliás, neste segundo grupo que se enquadra o art. 31º n.º 3 da nossa LAV, na
medida em que consagra que o tribunal judicial só pode apreciar a competência
do tribunal arbitral depois de proferida a decisão sobre o fundo da causa, em
acção de anulação da decisão arbitral, em recurso da decisão arbitral ou em
oposição à execução da decisão arbitral.
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LAV COMENTADA 111/266
O artigo 1448º do Decreto francês de 13 de Janeiro de 2011 sobre a reforma da
arbitragem consagra este princípio de forma explícita, estabelecendo: “Quando
for proposta num tribunal estadual uma acção relativa a um litígio submetido a
arbitragem, o tribunal deve considerar-se incompetente salvo se o litígio ainda
não tiver sido submetido à arbitragem e se a convenção de arbitragem for
manifestamente nula”. O artigo 1448º da lei francesa só permite ao tribunal
judicial uma apreciação prima facie da convenção de arbitragem, ou seja a
constatação da sua manifesta nulidade ou não.
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LAV COMENTADA 112/266
instância arbitral, a excepção de preterição de tribunal arbitral dá lugar à extinção
da instância – art.º 493.º e 494.º) Em nossa opinião, o controlo da validade da
convenção de arbitragem pelo tribunal judicial só poderá limitar-se à verificação
da sua não manifesta nulidade (LUÍS DE LIMA PINHEIRO, Direito Comercial
Internacional, Almedina, Coimbra, 2005, pp. 400 e ss.). Doutro modo, estaríamos
perante a violação do artigo 31º da LAV. Por outro lado, a procedência da
excepção de preterição do tribunal arbitral não implica o julgamento da
competência do tribunal arbitral mas tão-somente o julgamento da existência de
uma convenção de arbitragem não manifestamente nula e, eventualmente,
aplicável ao caso concreto (MARIANA FRANÇA GOUVEIA, Curso de Resolução
Alternativa de Litígios, 2ª Edição, Almedina, Coimbra, 2012, p. 160 ss).
7. Nos termos do n.º 1 do artigo 14º da LAV, sempre que se não verifique a
designação de árbitro ou árbitros pelas partes ou pelos árbitros ou por terceiros,
a sua nomeação cabe ao Presidente do Tribunal Provincial do lugar fixado para
a arbitragem ou, na falta dessa fixação, do domicílio do requerente ou ao Tribunal
Provincial de Luanda no caso do domicílio do requerente ser no estrangeiro.
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LAV COMENTADA 113/266
O respeito pelo princípio da competência-competência impõe que o tribunal
judicial se limite a uma apreciação prima facie da convenção de arbitragem, ou
seja, a verificação da sua não manifesta nulidade.
Nos termos do n.º 3 do artigo 31º da LAV, a decisão do tribunal arbitral através
da qual este se declare competente para decidir a questão sub iudice só pode
ser apreciada pelo tribunal judicial depois de proferida a decisão arbitral, em sede
de impugnação (acção de anulação ou recurso) ou por via de oposição à
execução, nos termos dos artigos 34º e 39º da LAV.
Para evitar manobras dilatórias que entorpeçam o processo arbitral, a LAV não
permite que as partes apresentem pedidos perante o tribunal judicial para que
este se pronuncie sobre a validade (ou invalidade) de uma cláusula
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LAV COMENTADA 114/266
compromissória ou de um compromisso arbitral. Também para obstar que a
impugnação imediata seja utilizada como manobra dilatória, é suficiente que a
impugnação não tenha efeito suspensivo do processo arbitral e que o tribunal
arbitral possa diferir a sua decisão sobre a competência até à decisão sobre o
mérito da causa (LUÍS DE LIMA PINHEIRO, Direito Comercial Internacional,
Almedina, 2005, p. 403).
Tanto no direito holandês (art. 1052º n.º 4 do WBR) como na arbitragem CIRDI
só se pode impugnar uma decisão interlocutória do tribunal arbitral depois de
proferida a sentença final sobre o caso.
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LAV COMENTADA 115/266
Finalmente, no direito francês, no caso do tribunal arbitral proferir uma decisão
interlocutória sobre competência, admite-se o recurso imediato desta decisão
para o tribunal estadual, i.e., a propositura imediata de uma acção de anulação
da decisão sobre a competência (LUÍS DE LIMA PINHEIRO, Direito Comercial
Internacional, Almedina, Coimbra, 2005, p. 400)
De igual modo, também o artigo 16º, n.º 3 da Lei-Modelo da CNUDCI não faz
referência a qualquer motivo de anulação da decisão arbitral pelo facto do
tribunal ter declinado a sua competência.
Perante a LAV não se encontra base legal para admitir uma acção de anulação
da decisão do tribunal arbitral que se declare incompetente, mas nada parece
obstar à sua recorribilidade quando ela não tiver sido excluída pelas partes na
convenção de arbitragem ou pelo disposto em matéria de arbitragem
internacional.
ARTIGO 32.º
(Extinção do poder jurisdicional)
1. Nos termos do artigo 32º da LAV, o poder jurisdicional do tribunal arbitral fica
esgotado com o trânsito em julgado da decisão arbitral ou da decisão
homologatória da desistência da instância arbitral. Uma decisão judicial transita
em julgado quando se torna insusceptível de recurso ordinário ou de reclamação;
uma vez transitada em julgado, a decisão judicial passa a ter força de caso
julgado.
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LAV COMENTADA 116/266
Tem sido objeto de discussão internacional se a propositura de acção de
anulação (art.s 34.º e 35.º) obsta ao trânsito em julgado da sentença arbitral, em
especial tendo em conta o seu reconhecimento e execução à luz da Convenção
de Nova Iorque.
A Lei da Arbitragem Voluntária Portuguesa segue, no artigo 44º, esta regra. Caso
a sentença seja anulada é necessário constituir um novo tribunal arbitral – art.
46º nº9.
ARTIGO 33.º
(Efeitos da sentença arbitral)
CAPÍTULO V
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LAV COMENTADA 117/266
Da Impugnação da Decisão
ARTIGO 34.º
(Anulação da decisão)
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LAV COMENTADA 118/266
Os ordenamentos jurídicos francês, inglês e angolano afastam-se, porém, deste
modelo de impugnação da decisão arbitral (vide LUÍS DE LIMA PINHEIRO,
Arbitragem Transnacional, Almedina, Coimbra, 2005, pp. 166-167).
2. A alínea a) do n.º 1 do art. 34º da LAV dispõe que a decisão arbitral pode ser
anulada pelo tribunal judicial por não ser o litígio susceptível de solução por via
arbitral. A ilicitude do objecto da convenção de arbitragem configura-se a partir
de situações em que a matéria seja inarbitrável. O problema, aqui, restringe-se
à inarbitrabilidade objectiva, i.e., discute-se se a matéria em litígio é passível de
resolução pela via arbitral. No direito angolano, são arbitráveis apenas as
questões que envolvem direitos patrimoniais disponíveis.
Por outro lado, pode acontecer que o tribunal arbitral não tenha todos os seus
árbitros presentes no momento da deliberação. Contudo, se os presentes
constituírem a maioria dos árbitros e a diligência em que se verifica a
irregularidade não se revestir de primordial importância para a tomada de
decisão final do dissídio, este facto – a irregularidade na constituição do tribunal
– não deverá servir de fundamento à instauração da acção de anulação. É que,
como é sabido, as diligências não têm todas a mesma relevância processual.
Por isso, sustenta FERNANDA DA SILVA PEREIRA, nem todas as
irregularidades na constituição do tribunal arbitral devem servir de fundamento à
acção de anulação (FERNANDA DA SILVA PEREIRA, Arbitragem Voluntária –
Impugnação de sentenças arbitrais, Petrony, Lisboa, 1999, p. 102).
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LAV COMENTADA 119/266
6. A falta de fundamentação da decisão arbitral constitui um fundamento da sua
anulação nos sistemas que prescrevem a fundamentação imperativa,
designadamente no sistema angolano (art. 27º, n.º 2 e 3 da LAV, a contrario
sensu). A decisão só será anulável por falta de fundamentação se não forem
enunciadas as razões em que ela se baseia. A deficiência ou erro de
fundamentação não constituem causa de anulação da decisão (LUÍS DE LIMA
PINHEIRO, Arbitragem Transnacional, Almedina, Coimbra, 2005, p. 172;
MARIANA FRANÇA GOUVEIA, Curso de Resolução Alternativa de Litígios, 2ª
Edição, Almedina, Coimbra, 2012, p.273).
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LAV COMENTADA 120/266
fazem parte da chamada ordem pública processual (MARIANA FRANÇA
GOUVEIA, Curso de Resolução Alternativa de Litígios, 2ª Edição, Almedina,
Coimbra, 2012, p.269).
8. Resulta da al. g) do n.º 1 do art. 34º da LAV que decidir extra ou ultra petita
significa decidir para além do objeto do processo conforme fixado pelas partes
nos articulados. Decidir infra petita é não decidir algum dos pedidos ou as causas
de pedir formuladas pelo demandante ou pelo demandado reconvinte. Em
ambos os casos, se viola o princípio dispositivo, nos termos do qual o tribunal
está obrigado a decidir dentro do objecto fixado pelas partes.
9. Por fim, incumbe aos árbitros respeitar os princípios de ordem pública vigentes
no direito angolano, mesmo que julguem segundo a equidade ou que apliquem
usos e costumes internos ou internacionais. Se assim não for, a decisão fica
maculada e torna-se anulável. A este propósito, ver o que a anotação supra ao
artigo 24º refere.
Em face do art. 35º, n.º 1 da presente lei, a acção de anulação deve ser intentada
perante o Tribunal Supremo.
2. PAULA COSTA E SILVA observa que, ainda que as partes recorram para uma
instância arbitral, é sempre admissível a propositura de uma acção autónoma no
tribunal judicial. Esta solução decorre do carácter irrenunciável do direito de
requerer a anulação da decisão arbitral perante um tribunal judicial, que se
relaciona com a função de controlo da arbitragem exercida pelos órgãos
estaduais (PAULA COSTA SILVA, “Os meios de impugnação de decisões
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 121/266
proferidas em arbitragem voluntária no Direito interno português”, in ROA 56,
179-207; LUÍS DE LIMA PINHEIRO, Arbitragem Transnacional, Almedina,
Coimbra, 2005, pp. 167 e ss.).
ARTIGO 35.º
(Tramitação)
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LAV COMENTADA 122/266
parte vencedora no processo arbitral não tem legitimidade originária para pedir
ao tribunal judicial que proceda à anulação da sentença arbitral, a não ser que a
mesma, apesar de ter sido favorável à parte vencedora, não consagre a
procedência total da sua pretensão. Nesta situação, que pode bem acontecer, a
parte parcialmente vencedora no processo arbitral, se não se conformar com a
decisão de mérito e tendo fundamentos para isso pode, e dever-lhe-á ser
reconhecido o interesse processual de requerer a anulação da decisão arbitral.
É que, é sabido, uma coisa é obter ganho total da causa e outra, diferente, é
obter ganho parcial da mesma.
ARTIGO 36.º
(Recursos)
Por fim, a anulabilidade da decisão arbitral poderá vir a ser apreciada pelo
Tribunal Provincial em sede de oposição à execução, de acordo com o art. 814º
do CPC, com a redacção que lhe foi dada pelo art. 46º da LAV.
CAPÍTULO VI
Da Execução da Decisão
ARTIGO 37.º
(Execução)
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LAV COMENTADA 123/266
1. As partes devem executar a decisão arbitral nos precisos termos
determinados pelo Tribunal Arbitral.
2. Findo o prazo fixado pelo Tribunal Arbitral para o cumprimento
voluntário da sentença ou, na falta dessa fixação, no prazo de 30 dias após
a notificação da sentença, sem que a mesma tenha sido cumprida, pode a
parte interessada requerer a sua execução forçada perante o Tribunal
Provincial, nos termos da Lei do Processo Civil.
ARTIGO 38.º
(Processo de execução forçada)
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LAV COMENTADA 124/266
1. As acções executivas são aquelas em que, invocando a falta de cumprimento
de uma obrigação constante de documento revestido de especial força
probatória (título executivo), o autor (exequente) requer a efectiva reintegração
do seu direito ou a aplicação das sanções correspondentes à sua violação. São
acções que, no dizer do art. 2º do CPC, se destinam à realização coerciva do
direito invocado pelo requerente (JORGE DUARTE PINHEIRO, Fase Introdutória
dos Embargos de Terceiro, Almedina, Coimbra, 1992, p. 17).
4. O processo de execução forçada, reza o n.º 1 do art. 38º da LAV, segue, com
as necessárias adaptações, os termos do processo sumário de execução
previsto no CPC. Não obstante, os arts. 924º a 926º do CPC divergem, em certa
medida, do estatuído no artigo 39º da LAV, porquanto estabelecem prazos
diferentes dos previstos na LAV; é de cinco dias o prazo concedido no CPC ao
executado para embargar a execução e de outros cinco para o exequente
contestar os embargos do executado, em vez dos oito dias estipulados no n.º 2
do art. 39º da LAV.
5. A parte que promove a execução deverá fornecer ao tribunal judicial (i) cópia
da sentença arbitral, com eventual rectificação ou aclaração, (ii) o comprovativo
da sua notificação às partes e (iii) do seu depósito na Secretaria do Tribunal
Provincial, nos termos do art. 38º, n.º 2 da LAV. Note-se que o cumprimento
destes requisitos é essencial para que a parte possa intentar a respectiva acção
de execução, cabendo ao tribunal judicial aferir se a cópia da sentença que lhe
foi disponibilizada coincide com o teor da sentença que se encontra depositada
junto da Secretaria Judicial. Por isso, apesar do depósito da sentença arbitral ser
facultativo, porquanto nos termos do art. 30.º n.º 4, é admissível acordo das
partes em contrário, é aconselhável que as partes obtenham todos estes
elementos da parte do secretariado do tribunal arbitral, aquanto do termo do
processo arbitral.
ARTIGO 39.º
(Oposição à execução)
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LAV COMENTADA 125/266
2. A oposição deve ser deduzida no prazo de oito dias a contar da
data da citação que no processo lhe for feita.
3. A decisão judicial que recaia sobre a oposição à execução não é
susceptível de recurso.
1. A parte que não quis, ou não pôde, interpor acção de anulação da decisão
arbitral, pode agora, mediante oposição à execução da sentença, invocar os
fundamentos previstos nos artigos 813º e 814º do CPC. A Lei da Arbitragem
Voluntária Portuguesa corrigiu (no seu art. 48º, n.º 1) a possibilidade de
invocação dos fundamentos quando o executado (parte vencida na arbitragem)
não propôs em prazo a acção de anulação. Tal restrição visa impedir a
inutilização do prazo curto da acção de anulação.
a) Inexequibilidade do título;
b) Falsidade do processo ou do traslado ou infidelidade deste, quando uma
ou outra influa nos termos da execução;
c) Ilegitimidade do exequente ou do executado ou da sua representação;
d) Cumulação indevida de execuções ou coligação ilegal de exequentes;
e) Falta ou nulidade da primeira citação para a acção, quando o réu não
tenha intervindo no processo;
f) Incerteza, iliquidez ou inexigibilidade da obrigação exequenda;
g) Caso julgado anterior à sentença que se executa;
h) Qualquer facto extintivo ou modificativo da obrigação, desde que seja
posterior ao encerramento da discussão no processo de declaração e se
prove por documento. A prescrição do direito ou da obrigação pode ser
provada por qualquer meio.
3. O artigo 814º do CPC, com a redacção que lhe foi dada pelo art. 46º da LAV,
dispõe que “1. São fundamentos da oposição à execução baseada em sentença
arbitral não só os previstos no artigo anterior, mas também aqueles em que pode
basear-se a anulação judicial da mesma decisão. 2. O tribunal indefere
oficiosamente o pedido de execução quando reconhecer que o litígio não podia
ser cometido à decisão por árbitros, quer por estar submetido por lei especial,
exclusivamente a Tribunal Judicial ou a arbitragem necessária, quer por o direito
litigioso não ser disponível pelo seu titular”.
O antigo texto do art. 814º do CPC (revogado, como se disse, pelo art. 46º da
LAV), dispunha que “tratando-se de sentença proferida por tribunal arbitral, pode
a oposição ser deduzida não só por algum dos fundamentos mencionados no
artigo anterior, mas ainda pelos seguintes: a) Nulidade ou caducidade do
compromisso; b) Nulidade da sentença, se as partes tiverem renunciado
previamente aos recursos”.
Comparando ambas, conclui-se que a nova redacção do art. 814º do CPC é mais
abrangente quanto aos fundamentos da oposição à execução duma sentença
arbitral. Aos fundamentos enunciados no art. 813º do CPC, acrescem os que
estão previstos no art. 34º da LAV, a saber:
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LAV COMENTADA 126/266
a) não ser o litígio susceptível de solução por arbitragem;
b) ter sido proferida por tribunal incompetente;
c) ter-se operado a caducidade da convenção arbitral;
d) ter sido proferida por tribunal irregularmente constituído;
e) não conter fundamentação;
f) ter havido violação dos princípios referidos no artigo 18.º da presente lei
e isso influenciado decisivamente a resolução do litígio;
g) ter o tribunal conhecido questões de que não podia tomar conhecimento
ou ter deixado de se pronunciar sobre questões que devia apreciar;
h) não ter o tribunal, sempre que julgue segundo a equidade e os usos e
costumes, nos termos do artigo 24.º da presente lei, respeitado os
princípios de ordem pública da ordem jurídica angolana.
4. O artigo 924º, n.º 2 do CPC prevê um prazo de cinco dias para o executado
embargar a execução ou requerer a substituição dos bens penhorados. O artigo
925º do CPC prevê ainda o prazo de cinco dias para a contestação dos
embargos de executado, referindo-se o artigo 926º do CPC aos agravos
interpostos de despachos proferidos no processo de embargos de executado.
Nos termos dos n.ºs 2 e 3 do art. 39º da LAV, a oposição deve ser deduzida no
prazo de oito dias a contar da data da citação que no processo lhe for feita e a
decisão judicial que recaia sobre a oposição à execução não é susceptível de
recurso.
CAPÍTULO VII
Da Arbitragem Internacional
ARTIGO 40.º
(Conceito)
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LAV COMENTADA 127/266
tenha uma relação mais estreita se encontre situado fora do
Estado no qual as partes têm o seu estabelecimento;
c) as partes tiverem convencionado expressamente que o
objecto da convenção de arbitragem tem conexão com mais
de um Estado.
2. Para efeitos do número anterior, entende-se que:
a) se uma parte tiver mais do que um estabelecimento, é tomado
em consideração aquele que tiver uma conexão mais estreita
com a convenção de arbitragem;
b) se uma parte não tiver estabelecimento releva para este efeito
a sua residência habitual.
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LAV COMENTADA 128/266
3. Para LUÍS DE LIMA PINHEIRO, e em face da lei portuguesa, não se deve
atender (contrariamente ao entendimento seguido pela jurisprudência francesa)
a um critério puramente económico, tal como o da transferência de bens através
das fronteiras, para determinar a “internacionalidade” do litígio (LUÍS DE LIMA
PINHEIRO, “Direito aplicável ao mérito da causa na arbitragem transnacional”,
in Estudos de Direito Comercial Internacional, Almedina, Coimbra, 2004, pp. 17-
20).
A definição francesa tem, com certeza, o mérito de ser extensiva, mas para o
Grupo de Trabalho encarregue da redacção da Lei-Modelo da CNUDCI, a
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LAV COMENTADA 129/266
mesma tem o inconveniente de conduzir a interpretações divergentes nos vários
sistemas judiciais dos países que a adoptaram (HOWARD HOLTZMANN e
JOSEPH NEUHAUS, A Guide to the UNCITRAL Model Law on International
Commercial Arbitration – Legislative History And Commentary, Kluwer, 1989, pp.
26 e ss).
Pode citar-se, a título de exemplo, o caso de uma arbitragem entre duas partes
domiciliadas no mesmo Estado, em que uma delas seja controlada e
administrada por uma empresa estrangeira. Esta hipótese, que não se encontra
contemplada directamente em nenhuma das alíneas do art. 40º, n.º 1 da LAV,
pode ser enquadrada, segundo a doutrina, no art. 40º, n.º 1, al. c) da LAV (LINO
DIAMVUTU, “Resolução arbitral de litígios resultantes de Contratos de
Investimento celebrados em Angola entre o Estado e Investidores externos”, in
Estudos de Direito Comercial Internacional, Editora Caxinde, Luanda, 2008, pp.
43 e ss.).
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LAV COMENTADA 130/266
7. Toda a arbitragem internacional é nacional relativamente a um Estado e
estrangeira em face dos demais.
Coloca-se, assim, a questão de saber com base em que critérios deve operar-
se a referida distinção. São fundamentalmente dois os que têm sido consagrados
na doutrina e no direito positivo: em primeiro lugar, o que atende ao lugar da
sede do tribunal arbitral e, em segundo lugar, o que se baseia no direito aplicável
à arbitragem. De certo modo, a oposição entre estes critérios é meramente
aparente, pois os autores e as legislações que acolhem o primeiro critério partem
do pressuposto de que é o direito em vigor no lugar da arbitragem que a rege;
na prática, o direito processual aplicado pelos árbitros tende a coincidir com o
que vigora no lugar da arbitragem.
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LAV COMENTADA 131/266
estrangeiro, qualquer que seja o direito processual aplicado, como às sentenças
em matéria de arbitragem internacional, onde quer que hajam sido proferidas.
ARTIGO 41.º
(Regime Supletivo)
ARTIGO 42.º
(Língua)
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LAV COMENTADA 132/266
1. A língua ou línguas a ser(em) utilizada(s) deve(m) ser objecto de acordo das
partes ou, na falta de tal acordo, competirá ao tribunal arbitral determiná-la(s).
Tratar-se-á, regra geral, da língua do contrato que contém a convenção arbitral.
No Regulamento da CCI, o artigo 16º (Idioma da Arbitragem) dispõe que,
“inexistindo acordo entre as partes, o Tribunal Arbitral determinará o idioma ou
idiomas do procedimento arbitral, levando em consideração todas as
circunstâncias relevantes, inclusive o idioma do contrato”. O Regulamento de
Arbitragem Internacional da AAA prevê que o idioma do procedimento arbitral
será o do contrato contendo a convenção arbitral, a não ser que as partes
tenham acordado diversamente (art. 14º). O Regulamento da LCIA, estatui que,
salvo acordo contrário das partes, o idioma da convenção arbitral é o idioma
inicial ou primeira língua, mas o tribunal poderá decidir sobre o idioma do
processo arbitral tendo em conta os comentários das partes (art. 17º). O
Regulamento de Arbitragem da UNCITRAL é mais neutro, prevendo
simplesmente que o idioma da arbitragem é determinado pelas partes ou, na
falta de acordo, pelo tribunal arbitral (art. 17º).
Outras soluções não são satisfatórias. Por exemplo, a de fazer coincidir a língua
da arbitragem, na falta de escolha da língua a utilizar no processo arbitral pelas
partes, com a língua do país cujas leis foram designadas para a apreciação do
mérito da causa, ou a de considerar que as partes são autorizadas de expressar-
se cada uma na sua própria língua (FOUCHARD/GAILLARD/GOLDMAN, On
International Commercial Arbitration, Kluwer Law International, 1999, n.º 1244,
1245, pp. 678 – 679).
ARTIGO 43.º
(Direito Aplicável)
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LAV COMENTADA 133/266
Nas arbitragens relativas a litígios emergentes de relações comerciais
internacionais, a autonomia da vontade constitui hoje um princípio de aceitação
generalizada, no que respeita à determinação do direito substantivo aplicável.
Nos termos do artigo 43º, n.º 1 da LAV, o tribunal arbitral decide o litígio de
acordo com a lei escolhida pelas partes para ser aplicada ao fundo da causa.
Frisa-se no n.º 2 do art. 43º da LAV que quando as partes escolhem a lei de um
país para regular as suas relações, a escolha refere-se à lei material, substantiva
daquele país e não às suas regras de conflitos de leis.
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LAV COMENTADA 134/266
V.g. não são conhecidas quaisquer regras de carácter costumeiro em matérias
como a capacidade e os vícios de consentimento, os prazos de prescrição dos
direitos, entre outros.
Já a doutrina não é unâmime quando a lei escolhida pelas partes não tem
quaisquer ligações geográficas nem conexões objectivas com a relação sub
judice. Para CARMEN TIBURCIO há que distinguir duas situações: a primeira,
quando a lei não tem ligações geográficas mas tem ligações objectivas; a
segunda, quando efectivamente não há qualquer razão que leve à escolha de
determinada lei. A primeira situação pode ser exemplificada com um contrato de
construção de um navio, celebrado no Brasil, entre uma empresa holandesa e
um estaleiro brasileiro, para ser executado no Brasil, escolhendo as partes a lei
inglesa para reger o contrato. Neste caso, apesar do contrato não ter qualquer
ligação com a Inglaterra, seja pela nacionalidade/domicílio das partes
envolvidas, lugar da celebração ou lugar da execução, tem-se a situação
fortemente conexionada com o direito inglês em virtude do objecto do contrato,
já que o direito inglês possui forte tradição em questões de direito marítimo.
Observe-se que, como as arbitragens internacionais tendem a ser consideradas
desvinculadas de qualquer consideração geográfica, a questão sub judice passa
a ter grande importância. Assim, nessa hipótese, a aplicação do direito inglês é
aceite sem grandes problemas. Na segunda situação, a aplicação da lei
escolhida pelas partes encontra alguns opositores. Entretanto, há que se levar
em conta que, conforme apontado anteriormente, como a arbitragem decorre
exclusivamente da vontade das partes, os árbitros devem considerar essa
mesma vontade como soberana também no que se refere à lei a ser aplicada ao
mérito da controvérsia. Assim, no foro arbitral, a autonomia da vontade não tem
limites, devendo a escolha das partes ser respeitada (CARMEN TIBURCIO, “A
Lei Aplicável às Arbitragens Internacionais”, in Reflexões sobre Arbitragem, LTR,
São Paulo, 2002, p. 100).
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 135/266
Em sentido oposto, DÁRIO MOURA VICENTE defende que não é de excluir que
o julgador possa considerar ineficaz uma designação ditada por motivos
puramente caprichosos ou fraudulentos (v.g. abuso do direito, fraude à lei) -
DÁRIO MOURA VICENTE, Da Arbitragem Comercial Internacional – Direito
Aplicável ao Mérito da Causa, Almedina, Coimbra, pp. 100 e 124.
4. O n.º 2 do art. 43º dispõe que qualquer designação da lei ou do sistema jurídico
de um determinado Estado é considerada, salvo indicação expressa em
contrário, como designando directamente as regras jurídicas materiais desse
Estado e não as suas regras de conflitos de leis.
Finalmente, a escolha da lei a ser aplicada ao mérito do litígio pode ser feita a
qualquer tempo, tanto no momento da celebração do contrato, constando de
cláusula compromissória autónoma, ou posteriormente ao surgimento da
controvérsia, aquando da celebração do compromisso arbitral, ou até mesmo
após o início do procedimento arbitral. O importante é, portanto, que haja acordo
das partes sobre esta questão.
5. Nos termos do artigo 43º, n.º 3 da LAV, na falta de designação pelas Partes,
o tribunal arbitral aplica o direito resultante da regra de conflitos de leis que julgue
mais apropriado.
Não tendo o juiz arbitral uma lex fori, aplicará as regras que se lhe afigurem
substancialmente mais adequadas à natureza da questão sub judice,
independemente da sua consagração positiva num dos sistemas jurídicos
conexionados com o litígio.
Na hipótese das partes não terem escolhido a lei aplicável e não ser possível
acordo a esse respeito, questiona-se se os árbitros devem proceder como o juiz
da questão agiria, ou seja, recorrendo às regras de conexão do país onde a
arbitragem se desenvolve. Essa solução – recurso às regras de conexão do foro
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LAV COMENTADA 136/266
– foi a adoptada na Resolução de Amsterdão (1957) e de Neuchâtel (1959), do
Instituto de Direito Internacional. A ideia era então equiparar o árbitro ao juiz
estadual em todos os aspectos, inclusivé no que se refere ao procedimento para
determinar a lei aplicável ao mérito do litígio que, na ausência de escolha pelas
partes contratantes, recorreria às regras de conexão. O art. 11.º das referidas
resoluções estabelece que “the rules of choice in force in the State of the seat of
the arbitral tribunal must be followed to settle the law applicable to the substance
of the difference (…)”
A Lei-Modelo da CNUDCI determina, no seu art. 28.2., que “na falta de uma tal
designação pelas partes, o tribunal aplicará a lei designada pela regra de
conflitos de leis que ele julgue aplicável na espécie” e ainda, no seu art. 28.4.,
que “em qualquer caso, o tribunal arbitral decidirá de acordo com as estipulações
do contrato e terá em conta os usos do comércio aplicáveis à transacção”.
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LAV COMENTADA 137/266
As regras do LCIA de 1985 – já revogadas pelas de 1998 – seguiram essa
tendência de abandonar o recurso ao direito internacional privado, determinado:
“13.1. Unless the parties at any time agree otherwise, and subject to any
mandatory limitations of any applicable law, the Tribunal shall have the power,
on the application of any party or its own motion, but in either case only after
giving the parties a proper opportunity to state their views, to: (a) determine what
are the rules of law governing or applicable to any contract, or arbitration
agreement or issue between the parties; (…)”.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 138/266
Contratos Administrativos e a Arbitragem, Almedina, Coimbra, 2004, p. 118, nota
de rodapé n.º 339).
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LAV COMENTADA 139/266
Questão diferente é a de os árbitros poderem actuar como conciliadores,
procurando com as partes obter um consenso quanto ao fundo da causa. O
problema tem recebido respostas muito diversas, sendo salientado por todos os
autores as vantagens nesta actuação, mas, por outro lado, o risco de pressão
sobre as partes (MARIANA FRANÇA GOUVEIA, Curso de Resolução Alternativa
de Litígios, 2ª Edição, Almedina, Coimbra, 2012, p. 87 ss).
ARTIGO 44.º
(Recursos)
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 140/266
conseguirão caso essa decisão não possa ser discutida em recurso perante um
novo tribunal (arbitral ou judicial). A não recorribilidade da decisão arbitral é ainda
importante para evitar os abusos que tanto as partes como os respectivos
advogados se sentiriam tentados a praticar, atrasando ou afastando o
cumprimento de sentenças arbitrais condenatórias.
2. A 2ª parte do art. 44º da LAV abre caminho à autonomia da vontade das partes
e admite o recurso de sentenças arbitrais proferidas em arbitragens
internacionais a que a LAV se aplique, caso as partes tenham expressamente
previsto essa possibilidade e regulado em que condições é possível recorrer.
CAPÍTULO VIII
Das Disposições Finais e Transitórias
ARTIGO 45.º
(Arbitragem institucionalizada)
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LAV COMENTADA 141/266
O Governo deve definir, mediante decreto, o regime de outorga de
competência a determinadas pessoas jurídicas para realizarem arbitragem
voluntária institucionalizada, com especificação, em cada caso, do carácter
geral ou especializado de tal arbitragem, bem como as regras de
reapreciação e eventual revogação das autorizações concedidas, quando
tal se justifique.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 142/266
6. As decisões do Ministro da Justiça que recusem autorização para a criação
de um centro ou revoguem a autorização previamente concedida podem ser
objecto de reapreciação nos termos gerais do direito aplicável à impugnação dos
actos administrativos.
ARTIGO 46.º
(Alteração ao Código de Processo Civil)
“ARTIGO 90.º
(Competência para a execução fundada em sentença)
1…............................
2. Se a decisão tiver sido proferida por árbitro em arbitragem que
tenha tido lugar em território angolano, é competente para a execução o
tribunal da província do lugar da arbitragem.
1. A redacção anterior era a seguinte: “2. Se a decisão tiver sido proferida por
árbitros em território nacional, é competente para a execução o tribunal da
comarca em que o tribunal arbitral tiver funcionado.” Fica assim claro que o
tribunal competente para a execução se determina pela sede da arbitragem.
ARTIGO 814.º
(Execução baseada em decisão arbitral)
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LAV COMENTADA 143/266
1. O texto do art. 814º do CPC, revogado pelo art. 46º da LAV, dispunha:
“Tratando-se de sentença proferida por tribunal arbitral, pode a oposição ser
deduzida não só por algum dos fundamentos mencionados no artigo anterior,
mas ainda pelos seguintes:
2. A nova redacção dada ao art. 814º do CPC é mais abrangente quanto aos
fundamentos da oposição à execução de uma sentença arbitral. Vide os
comentários ao art. 34º da LAV.
ARTIGO 47.º
(Remissões legais)
ARTIGO 48.º
(Revogação)
O art. 36º do Código das Custas Judiciais, agora revogado pelo art. 48º, n.º 2 da
LAV, dispunha que “ nos processos perante os tribunais arbitrais a taxa de justiça
será igual ao estabelecido no art. 16.º.
Parágrafo Único – As partes não podem convencionar, para as pessoas que têm
de intervir obrigatoriamente no processo, remunerações inferiores às fixadas
neste código.”
ARTIGO 49.º
(Custas devidas nos Tribunais Judicais)
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LAV COMENTADA 144/266
1. O imposto de justiça nos recursos interpostos, nos termos do
artigo 36.º, nos processos de execução requeridos e na oposição deduzida,
nos termos dos artigos 37.º a 39.º todos da presente lei, é o estabelecido
no Código das Custas Judiciais para os actos correspondentes, com as
adaptações que se mostrarem necessárias.
2. O imposto de justiça devido nas acções de anulação de sentença
arbitral intentadas, de harmonia com a presente lei, nos Tribunais
Provinciais, é o estabelecido para os processos cíveis de igual valor,
reduzido a metade.
3. Pela nomeação de árbitros e pelo depósito de sentenças arbitrais
é devido o imposto de justiça mínimo estabelecido no Código das Custas
Judiciais para qualquer acto praticado nos Tribunais Provinciais.
ARTIGO 50.º
(Dúvidas e omissões)
ARTIGO 51.º
(Regulamentação)
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LAV COMENTADA 145/266
A presente lei deve ser regulamentada no prazo de 90 dias a contar
da data da entrada em vigor.
ARTIGO 52.º
(Entrada em vigor)
Publique-se.
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LAV COMENTADA 146/266
Jurisprudência
angolana
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LAV COMENTADA 147/266
TRIBUNAL ARBITRAL “AD HOC”
Sumário
III – O princípio nominalista do art.º 550.º do C. Civil não impede a protecção dos
contratantes contra a depreciação monetária com recurso a cláusulas de moeda
estrangeira e de revisão de preços, admissíveis nas obrigações valutárias;
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 148/266
que implica opção consonante com a regra supletiva do art.º 42.º do C. Civil – lei
do lugar de celebração do contrato;
IX – Nos termos dos art.ºs 806 e 559.º, n.º 1 do Código Civil, a indemnização
pela mora, nas obrigações pecuniárias, corresponde aos juros – juros legais de
5% ao ano, se outros mais elevados não forem devidos antes da mora ou se não
tiverem sido estipulados pelas partes juros monetários diferentes dos legais;
X – Porque a causa seria julgada no despacho saneador (art.º 510.º, n.º 1, al. C)
do C. Pr. Civil) se tivesse corrido nos tribunais comuns, o imposto de justiça é
reduzido a metade nos termos do art. 17.º do C.C.J., considerando-se ao abrigo
dos art.ºs 305.º e 308.º do C. Pr. Civil que o valor da causa corresponde ao
montante do pedido ao câmbio de venda à data da instauração, no tribunal
comum, do processo de nomeação de árbitros.
ACÓRDÃO
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LAV COMENTADA 149/266
Comissão Internacional de Genéve (UNCITRAL Arbitration Rules)” e tendo em
conta os termos do mencionado compromisso arbitral, é competente.
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LAV COMENTADA 150/266
comum acordo uma fórmula de revisão do preço, que integra a cláusula 6ª. do
contrato, sem a qual a venda dos equipamentos seria a preços baixos
relativamente aos acordados, caso ocorresse uma depreciação do dólar
americano.
Foi também acordado que o pagamento deveria ser feito por carta de crédito
confirmada, conforme clausula 3ª., n.º 3 do contrato e respectivo anexo, e que
as caixas de velocidade seriam fabricadas e embarcadas no prazo de 180 dias
após a confirmação da carta de crédito.
Por essa razão e nos termos da cláusula 6.ª, aos 27 de Agosto de 1992 a
SOFOMIL, LDA., emitiu a sua factura nº 0242, no valor de 151.820,89 relativa à
revisão do preço, contendo em anexo os respectivos cálculos resultantes da
aplicação da fórmula contratual de revisão de preços.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 151/266
Reconhece a existência do contrato, bem com a moeda que ficou acordada.
Alega ter efectuado o pagamento integral dos USD 1.667.742,00 no tempo
devido pela forma acordada.
Argumenta dizendo que a referência ao dólar apenas foi feita como medida de
valor, porque convertível, sendo que todas as operações de pagamento podem
ser feitas em qualquer outra moeda. As partes não se obrigaram em Escudos
Portugueses, nomearam o dólar americano como moeda de pagamento e
considera que não se deve confundir este facto com a impossibilidade de a
SOFOMIL, LDA, transferir para a sua conta moeda estrangeira, o que é um
problema do sistema bancário português alheio à execução do presente
contrato.
Alegou ainda ter o contrato sido celebrado com base no princípio da liberdade
contratual – artigo 405º. do Código Civil – e que a sua obrigação figura nas
chamadas obrigações valutárias reguladas no artigo 558.º do Código Civil e
obedece ao princípio nominalista.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 152/266
O artigo 558.º do Código Civil insere uma disposição de carácter imperativo a
que qualquer acto ou negócio jurídico se deve conformar e alega a nulidade do
negócio celebrado e, consequentemente, da cláusula de revisão.
Conclui dizendo que a cláusula de revisão é nula nos termos dos Artigos 294.º,
295.º e 558.º do Código Civil, que é inadmissível a revisão pretendida, tendo em
conta o artigo 437.º do Código Civil e que houve má fé da SOFOMIL, LDA., em
conformidade com o artigo 227.º do mesmo diploma legal.
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LAV COMENTADA 153/266
O preço acordado foi de USD 1.677.742,00 (um milhão, seiscentos e setenta e
sete mil, setecentos e quarenta e dois mil dólares americanos).
A ABAMAT – U.E.E. recebeu a factura mas não a pagou nem total nem
parcialmente, tendo manifestado a sua discordância através da carta de 11 de
Setembro de 1992.
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LAV COMENTADA 154/266
Na análise vai pressuposta a aplicabilidade do direito material angolano
enquanto electio juris (direito escolhido pelas partes – cláusula 14.ª do contrato),
pelo menos em relação ao núcleo essencial de obrigações inerentes à relação
jurídica subjacente.
Se todos esses elementos estão situados num único Estado, é indubitável que é
regido por lei certa e determinada. Se, ao contrário, no complexo em que se
constitui o contrato há um elemento estrangeiro, ele é internacional.
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LAV COMENTADA 155/266
O que caracteriza em última análise o contrato como internacional é a
circunstância de regular relação obrigacional submetida a mais de uma ordem
jurídica nacional, diz CARLOS MAGALHÃES (Ob.Cit., pág. 71).
A determinação do preço não deve ser confundida com a sua fixação, vocábulo
que, nos contratos comerciais atuais não tem conotação rígida por ser dado
contratual de possível mobilidade, dependendo da natureza do negócio jurídico
firmado.
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LAV COMENTADA 156/266
do pagamento, isto é, criando modalidades clausulares que permitissem aos
parceiros assumir suas obrigações, reciprocamente, sem riscos.
A moeda pode ter como função ser uma medida do valor de bens e serviços,
uma intermediária dos câmbios e a razão da conservação dos valores.
MERCADAL e JANIN, citados por I. STRENGER, afirmam que “no estado actual
das coisas – pois as crises monetárias solicitam sem cessar, engenhosidade dos
práticos – as possibilidades oferecidas aos contratantes contra as variações
monetárias consistem essencialmente em estabelecer laço de unidade de valor
com um dos seguintes elementos: ouro, moedas estrangeiras, mercadorias,
índices económicos”.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 157/266
São as chamadas cláusulas de garantias “com base ouro” ou “fundadas numa
ou diversas moedas estrangeiras”, destacando-se dentre as últimas as
“cláusulas de garantia de câmbio”.
Para esse Autor, o Código civil vigente distingue três modalidades de obrigações
pecuniárias: de quantidade, de moeda específica e obrigações de moeda
estrangeira.
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LAV COMENTADA 158/266
Em princípio, elas estão na disponibilidade das partes, que as podem
estabelecer de modo directo ou indirecto.
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LAV COMENTADA 159/266
resolver esta, nos casos em que o fenómeno da desvalorização conduziria a
injustiças gritantes e intoleráveis…
Continua B. MACHADO dizendo que “a validade destas cláusulas tem sido muito
controvertida em vários países.
Não assim actualmente entre nós: em Portugal, todas estas cláusulas são
válidas,
É o que logo se depreende do facto de não haver qualquer lei que as proíba.
Por outro lado, do próprio art.º 550.º do Código Civil, que estabelece o princípio
nominalista, se depreende claramente que tais cláusulas são admitidas, pois que
aí mesmo se diz que o cumprimento das prestações pecuniárias se faz nos
termos daquele princípio, “salvo estipulação em contrário”… e o artigo 558.º do
dito Código, ao regular os termos das obrigações em moeda estrangeira,
pressupõe claramente a validade das cláusulas de pagamento nesta moeda
(obrigações valutárias próprias) ou em valor desta moeda obrigações valutárias
impróprias)” (Ob.Cit.,59).
O princípio nominalista do art.º 550.º. não colide pois com as diversas formas de
protecção dos contratantes contra a depreciação monetária com recurso a
cláusulas apropriadas como a de moeda estrangeira como o permite o art.º 558.º
do Código Civil.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 160/266
Sucede que para a ordem jurídica angolana a moeda nacional é o Kwanza
Reajustado e não qualquer das moedas implicadas no contrato: o dólar o escudo.
Ressalta como implícita neste preceito a regra ou postulado de que é lícito entre
nós exprimir as obrigações privadas em moeda estrangeira…
Figura-se evidente que a norma do artigo 558.º é uma regra de direito material
português, não há uma regra de conflitos de direito de internacional privado.
Só tem aplicação, pois, quando o vínculo obrigacional seja regido pelo nosso
direito interno.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 161/266
Pelo menos do ponto de vista prático, poderá certamente afirmar-se que a
faculdade do art. 558.º só pode exercer-se relativamente a pagamentos (em
moeda estrangeira) que se tenha de fazer em Portugal…
Por outro lado, também não oferecerá muita contestação um primeiro limite – no
próprio artigo 558.º previsto – ao alcance da norma em apreço.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 162/266
Voltemos, pois, ao caso sub-judice.
Mas deram à moeda estipulada nos termos da cláusula 3.ª com a epígrafe
“moeda de transacção”, o valor da moeda contábil, enquanto a medida de valor
ou de cálculo das mercadorias no momento da celebração do contrato e não o
sentido da moeda de pagamento efectivo.
Essa cláusula estabelece uma fórmula cujas variáveis são bastantes para
calcular a depreciação monetária verificada entre o momento da celebração do
contrato (em dólares americanos) e o momento do seu efectivo pagamento (em
escudos portugueses).
Não nos assaltam dúvidas, pois, de que a moeda de efectivo pagamento era o
escudo, jogando o dólar o papel de referência no momento da sua conversão.
Tal liberdade de contratar não tem, no caso em apreço, qualquer limite de ordem
pública.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 163/266
Apenas se aplica às relações jurídicas obrigacionais internas.
E a vontade negocial que se extrai resulta com nitidez do contrato por elas
firmado.
Por se tratar da moeda internacional, as partes bem podem ter em vista apenas
o núcleo regulativo mínimo dessa moeda, deixando os juros fora da remissão,
pelo que, utilizando a regra supletiva do art.º 42.º do Código Civil, preferir-se-á
a lei angolana por ser a do lugar de celebração do contrato.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 164/266
Assim, em nosso entender, aplicar-se-á a lei angolana, não só porque as partes
dela se socorreram a nível contratual mas também porque nada estipularam
relativamente a eventuais juros de mora, e correlativa lei aplicável à moeda da
prestação (art.º 41.º do Código Civil), optando indubitavelmente pela lei da
celebração do contrato, de acordo com a regra supletiva consignada no artigo
42.º do Código Civil, visto tratar-se de uma questão de direito internacional
privado.
Segundo ALMEIDA COSTA (Ob. Cit., pág. 508) aos juros de mora nas
obrigações valutárias, aplicam-se os princípios gerais dos artigos 804º. e segs.
Nos termos do artigo 559.º, n.º 1 do Código Civil, os juros legais são de cinco por
cento ao ano.
Mas porque a moeda do contrato é expressa em dólares, deverá ser esse valor
devido.
Mas porque a moeda do contrato é expressa em dólares, deverá ser esse valor
convertido nessa moeda, aplicando-se a mesma taxa antes utilizada.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 165/266
VI – Pelos fundamentos expostos, julga-se procedente o pedido e, em
consequência, decide-se a condenação da ABAMAT – U.E.E. no pagamento à
SOFOMIL, LDA. do montante de USD 151.820,89 acrescidos de juros moratórios
à taxa legal de 5% ao ano.
Porque a causa seria julgada no despacho saneador (art.º 510.º, n.º 1, al. c) do
C. Pr. Civil) se tivesse corrido nos tribunais comuns, o imposto de justiça devido
é reduzido a metade nos termos do art.º 17.º do Código das Custas judiciais,
considerando-se ao abrigo dos artigos 305.º e 308.º que o valor da causa
corresponde ao montante do pedido ao câmbio de venda à data de instauração,
no tribunal comum, do processo de nomeação de árbitros.
Não se arbitra procuradoria por não ser devida (art.º 454.º do C. Pr. Civil).
Os Árbitros,
MANUEL J. GONÇALVES
DOMINGOS LIMA VIEGAS
LUZIA B. DE ALMEIDA SEBASTIÃO
(Fonte: Revista da Ordem dos Advogados (Angola), Ano I, Número 1, 1998, pp.
281 – 303)
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LAV COMENTADA 166/266
Legislação Nacional e Convenções Internacionais
Conexas
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 167/266
Norma da Constituição da República de Angola especialmente relevante
(…)
CAPÍTULO IV
Poder Judicial
SECÇÃO I
Princípios Gerais
Artigo 174.º
(Função Jurisdicional)
(…)
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 168/266
Normas do Código de Processo Civil Angolano especialmente relevantes
LIVRO I – DA ACÇÃO
(…)
(…)
Artigo 48.º
(Exequibilidade dos despachos e das decisões arbitrais)
Artigo 49.º
(Exequibilidade das sentenças e dos títulos exarados em país
estrangeiro)
(…)
(…)
(…)
Artigo 95.º
(Execução fundada em sentença estrangeira)
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 169/266
A execução fundada em sentença estrangeira corre por apenso ao processo de
revisão ou no respectivo traslado, que, para esse efeito, a requerimento do
exequente, baixarão ao tribunal de 1.ª instância que for competente.
(…)
(…)
CAPÍTULO II – Da instância
(…)
(…)
Artigo 287.º
(Causas de extinção da instância)
a) O julgamento;
b) O compromisso arbitral;
c) A deserção;
d) A impossibilidade ou inutilidade superveniente da lide;
e) A falta de preparo inicial, nos termos da respectiva legislação.
Artigo 288.º
(Casos de absolvição da instância)
(…)
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 170/266
Artigo 290.º
(Compromisso arbitral)
(…)
(…)
(…)
SUBSECÇÃO II – Excepções
Artigo 493.º
(Excepções dilatórias e peremptórias: noção)
Artigo 494.º
(Excepções dilatórias)
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 171/266
b) A ilegitimidade de qualquer das partes;
c) A falta de personalidade ou capacidade jurídica de algumas das partes;
d) A falta de autorização ou deliberação que o autor devesse obter;
e) A falta de constituição de advogado por parte do autor, nos processos a
que se refere o n.º 1 do artigo 32.º, e a falta, insuficiência ou irregularidade
de mandato judicial por parte do mandatário que propôs a acção;
f) A incompetência, quer absoluta, quer relativa, do tribunal;
g) A litispendência;
h) A preterição do tribunal arbitral;
i) A coligação de autores ou réus quando entre os pedidos não exista a
conexão exigida no artigo 30.º;
j) A falta de pagamento de custas na acção anterior.
Artigo 495.º
(Conhecimento das excepções dilatórias)
(…)
(…)
Artigo 510.º
(Despacho saneador)
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 172/266
2. As questões a que se refere a alínea a) do n.º 1 só podem deixar de ser
resolvidas no despacho se o estado do processo impossibilitar o juiz de se
pronunciar sobre elas, devendo neste caso justificar a sua abstenção.
(…)
(…)
(…)
Artigo 813.º
(Fundamentos de oposição à execução baseada em sentença)
a) Inexequibilidade do título;
b) Falsidade do processo ou do translado ou infidelidade deste, quando uma
ou outra influa nos termos da execução;
c) Ilegitimidade do exequente ou do executado ou da sua representação;
d) Cumulação indevida de execuções ou coligação ilegal de exequentes;
e) Falta ou nulidade da primeira citação para a acção, quando o réu não
tenha intervindo no processo;
f) Incerteza, iliquidez ou inexigibilidade da obrigação exequenda;
g) Caso julgado anterior à sentença que se executa;
h) Qualquer facto extintivo ou modificativo da obrigação, desde que seja
posterior ao encerramento da discussão no processo de declaração e se
prove por documento. A prescrição do direito ou da obrigação pode ser
provada por qualquer meio.
Artigo 814.º
(Execução baseada em decisão arbitral)
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 173/266
(…)
(…)
Artigo 1094.º
(Necessidade da revisão)
Artigo 1095.º
(Tribunal competente)
Artigo 1096.º
(Requisitos necessários para a confirmação)
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 174/266
g) Que, tendo sido proferida contra angolano, não ofenda as disposições do
direito privado angolano, quando por este devesse ser resolvida a questão
segundo as regras de conflitos do direito angolano.
Artigo 1097.º
(Confirmação da decisão arbitral)
Artigo 1098.º
(Contestação e resposta)
Artigo 1099.º
(Discussão e julgamento)
Artigo 1100.º
(Fundamentos da impugnação do pedido)
Artigo 1101.º
(Actividade oficiosa do tribunal)
Artigo 1102.º
(Recurso da decisão final)
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 175/266
2. O Ministério Público, ainda que não seja parte principal, pode recorrer com
fundamento na violação das alíneas c), f) e g) do artigo 1096.º.
(…)
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 176/266
Normas do Acordo de Cooperação Jurídica e Judiciária entre a República
de Angola e a República de Portugal especialmente relevantes
(…)
SUBTÍTULO II
CAPÍTULO I
Revisão e Confirmação
(…)
Artigo 12.º
(Revisão)
Artigo 13.º
(Requisitos necessários para a confirmação)
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 177/266
fazer valer, excepto se foi o tribunal do país em que foi proferida a decisão
que preveniu a jurisdição;
e) ter o réu sido devidamente citado segundo a lei do país em que foram
proferidas, salvo tratando-se de causas para que a lei do país onde se
pretendam fazer valer dispensaria a citação e, se o réu foi logo condenado
por falta de oposição ao pedido, ter a citação sido feita na sua própria
pessoa;
f) não serem contrárias aos princípios de ordem pública do país onde se
pretendam fazer valer;
g) sendo proferidas contra nacional do país onde se pretendam fazer valer,
não ofenderem as disposições do respectivo direito privado quando por
este devessem ser resolvidas as questões segundo as regras de conflitos
desse direito.
(…)
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 178/266
Decreto N.º 4/06, de 27 de Fevereiro
(Conselho de Ministros)
ARTIGO 1.º
(Competência)
ARTIGO 2.º
(Pedido de autorização)
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 179/266
a) documentos comprovativos da personalidade jurídica da entidade
requerente;
b) registo criminal dos representantes da entidade requerente;
c) outros documentos que se mostrem necessários à avaliação da
pretensão.
ARTIGO 3.º
(Decisão)
ARTIGO 4.º
(Revogação das autorizações)
ARTIGO 5.º
(Reapreciação de decisões)
ARTIGO 6.º
(Registo)
ARTIGO 7.º
(Contravenções)
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 180/266
2. A aplicação da multa é da competência do Ministro da Justiça.
ARTIGO 8.º
(Entra em vigor)
Publique-se.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 181/266
(Conselho de Ministros)
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 182/266
exigindo que aquele, voluntariamente, aceite e promova exemplarmente a
resolução dos seus litígios fora dos tribunais, confiando a decisão a um terceiro
neutral que deve arbitrar o litígio, sendo esta uma opção expressamente acolhida
na Lei nº 16/03, de 25 de Julho.
2.º - Assumir e afirmar que o Estado, nas suas relações com os cidadãos e com
as outras pessoas colectivas, deve activamente propor e aceitar a superação
dos diferendos em que seja parte, com recurso aos meios alternativos de
resolução de litígios.
6.º - Ter conhecimento que, sem prejuízo da escolha de arbitragem “ad hoc”, os
centros de arbitragem reconhecidos e institucionalizados constituem hoje uma
oferta merecedora de especial confiança e indiscutível aceitação para actuarem
nos diferendos acima referidos.
Publique-se.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 183/266
O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 184/266
Lei-Modelo da CNUDCI sobre a Arbitragem Comercial Internacional, de 21
de Junho de 1985
CAPÍTULO I
(Disposições gerais)
Artigo 1.º
(Campo de Aplicação)
5. A presente Lei não contende com qualquer outra lei do presente Estado em
virtude da qual certos litígios não possam ser submetidos à arbitragem ou
apenas o possam ser por aplicação de disposições diferentes das da presente
Lei.
Artigo 2.º
(Definições e regras de interpretação)
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 185/266
a) O termo “arbitragem” designa toda e qualquer arbitragem, quer a sua
organização seja ou não confiada a uma instituição permanente de
arbitragem;
b) A expressão “tribunal arbitral” designa um árbitro único ou um grupo de
árbitros;
c) O termo “tribunal” designa um organismo ou órgão do sistema judiciário
de um Estado;
d) Quando uma disposição da presente Lei, com excepção do artigo 28,
deixa às partes a liberdade de decidir uma certa questão, esta liberdade
compreende o direito de as partes autorizarem um terceiro, aí incluída
uma instituição, a decidir essa questão;
e) Quando uma disposição da presente Lei se refere ao facto de as partes
terem convencionado ou poderem vir a chegar a acordo a respeito de
certa questão, ou de qualquer outra maneira se refere a um acordo das
partes, tal acordo engloba qualquer regulamento de arbitragem aí
referido;
f) Quando uma disposição da presente Lei, à excepção do artigo 25, alínea
a), e do artigo 32, parágrafo 2, alínea a), se refere a um pedido, esta
disposição aplica-se igualmente a um pedido reconvencional, e quando
ela se refere a alegações de defesa relativas a um pedido reconvencional.
Artigo 3.º
(Recepção de comunicações escritas)
Artigo 4.º
(Renúncia ao direito de oposição)
Artigo 5.º
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 186/266
(Âmbito de intervenção dos tribunais)
Artigo 6.º
(Tribunal ou outra autoridade encarregada de certas funções de
assistência e de controlo no quadro da arbitragem)
CAPÍTULO II
(Convenção de arbitragem)
Artigo 7.º
(Definição e forma da convenção de arbitragem)
Artigo 8.º
(Convenção de arbitragem e acções propostas quanto ao fundo do litígio
num tribunal)
1. O tribunal no qual foi proposta uma acção relativa a uma questão abrangida
por uma convenção de arbitragem, se uma das partes o solicitar até ao momento
em apresentar as suas primeiras alegações quanto ao fundo do litígio, remeterá
as partes para a arbitragem, a menos que constate que a referida convenção se
tornou caduca ou insusceptível de ser executada.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 187/266
2. Quando tiver sido proposta num tribunal uma acção referida no parágrafo 1 do
presente artigo, o processo arbitral pode apesar disso ser iniciado ou prosseguir,
e ser proferida uma sentença, enquanto a questão estiver pendente no tribunal.
Artigo 9.º
(Convenção de arbitragem e medidas provisórias tomadas por um
tribunal)
CAPÍTULO III
(Composição do tribunal arbitral)
Artigo 10.º
(Número de árbitros)
Artigo 11.º
(Nomeação de árbitros)
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 188/266
4. Quando, durante um processo de nomeação convencionado pelas partes,
a) Uma parte não agir em conformidade com o referido processo; ou
b) As partes, ou dois árbitros, não puderem chegar a um acordo nos termos do
referido processo; ou
c) Um terceiro, aí incluída uma instituição, não cumprir uma função que lhe foi
confiada no referido processo, qualquer das partes pode pedir ao tribunal ou a
outra autoridade referidos no artigo 6.º, que tome a medida pretendida, a menos
que o acordo relativo ao processo de nomeação estipule outros meios de
assegurar esta nomeação.
Artigo 12.º
(Fundamentos de recusa)
1. Quando uma pessoa for sondada com vista à sua eventual nomeação como
árbitro, ela fará notar todas as circunstâncias que possam levantar fundadas
dúvidas sobre a sua imparcialidade ou independência. A partir da data da sua
nomeação e durante todo o processo arbitral, o árbitro fará notar sem demora às
partes as referidas circunstâncias, a menos que já o tenha feito.
Artigo 13.º
(Processo de recusa)
2. Na falta de tal acordo, a parte que tiver a intenção de recusar um árbitro deverá
expor por escrito os motivos da recusa ao tribunal arbitral, no prazo de quinze
dias a contar da data em que teve conhecimento da constituição do tribunal
arbitral ou da data em que teve conhecimento das circunstâncias referidas no
artigo 12.º, parágrafo 2. Se o árbitro recusado não se demitir das suas funções
ou se a outra parte não aceitar a recusa, o tribunal arbitral decidirá sobre a
recusa.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 189/266
3. Se a recusa não puder ser obtida segundo o processo convencionado pelas
partes ou nos termos do parágrafo 2 do presente artigo, a parte que recusa o
árbitro pode, no prazo de trinta dias após lhe ter sido comunicada a decisão que
rejeita a recusa, pedir ao tribunal ou outra autoridade referidos no artigo 6.º que
tome uma decisão sobre a recusa, decisão que será insusceptível de recurso;
na pendência deste pedido, o tribunal arbitral, aí incluído o árbitro recusado, pode
prosseguir o processo arbitral e proferir uma sentença.
Artigo 14.º
(Inacção de um árbitro)
2. Se, nos termos deste artigo ou do artigo 13.º, parágrafo 2, um árbitro se demitir
das suas funções ou se uma das partes aceitar a cessação do mandato de um
árbitro, isso não implica o reconhecimento dos motivos mencionados no artigo
12.º, parágrafo 2, ou no presente artigo.
Artigo 15.º
(Nomeação de um árbitro substituto)
Quando o mandato de um árbitro terminar, nos termos dos artigos 13.º e 14.º, ou
quando este se demitir das suas funções por qualquer outra razão, ou quando o
seu mandato for revogado por acordo das partes, ou em qualquer outro caso em
que seja posto fim ao seu mandato, será nomeado um árbitro substituto, de
acordo com as regras aplicadas à nomeação do árbitro substituído.
CAPÍTULO IV
(Competência do tribunal arbitral)
Artigo 16.º
(Competência do tribunal arbitral para decidir sobre a sua própria
competência)
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 190/266
de arguir esta excepção. A excepção baseada no excesso de poderes do tribunal
arbitral será arguida logo que surja no decurso do processo arbitral a questão
que se considera exceder esses poderes. O tribunal arbitral pode, em ambos os
casos, admitir uma excepção arguida após o prazo previsto, se considerar
justificada a demora.
Artigo 17.º
(Poder do tribunal arbitral ordenar medidas provisórias)
CAPÍTULO V
(Condução do processo arbitral)
Artigo 18.º
(Igualdade de tratamento das partes)
Artigo 19.º
(Determinação das regras de processo)
1. Sem prejuízo das disposições da presente Lei, as partes podem, por acordo,
escolher livremente o processo a seguir pelo tribunal arbitral.
2. Na falta de tal acordo, o tribunal arbitral pode, sem prejuízo das disposições
da presente Lei, conduzir a arbitragem do modo que julgar apropriado. Os
poderes conferidos ao tribunal arbitral compreendem o de determinar a
admissibilidade, pertinência e importância de qualquer prova produzida.
Artigo 20.º
(Lugar da arbitragem)
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 191/266
2. Não obstante as disposições do parágrafo 1 do presente artigo, o tribunal
arbitral pode, salvo convenção das partes em contrário, reunir-se em qualquer
lugar que julgue apropriado para consultas entre os seus membros, para audição
de testemunhas, de peritos ou das partes, ou para o exame de mercadorias,
outros bens ou documentos.
Artigo 21.º
(Início do processo arbitral)
Artigo 22.º
(Língua)
Artigo 23.º
(Articulados do demandante e do demandado)
2. Salvo convenção das partes em contrário, qualquer das partes pode modificar
ou completar o seu pedido ou a sua defesa no decurso do processo arbitral, a
menos que o tribunal arbitral considere que não deve autorizar uma tal alteração
em razão do atraso com que é formulada.
Artigo 24.º
(Procedimento oral e escrito)
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 192/266
1. Salvo convenção das partes em contrário, o tribunal decidirá se o processo
deve comportar fases orais para a produção da prova ou para a exposição oral
dos argumentos, ou se o processo deverá ser conduzido na base de documentos
ou outros materiais. Contudo, a menos que as partes tenham convencionado
que não haverá lugar a um tal procedimento, o tribunal arbitral organizará um
procedimento oral num estádio apropriado do processo arbitral, se uma das
partes assim o requerer.
2. As partes serão notificados com uma antecedência suficiente de todas as
audiências e reuniões do tribunal arbitral realizadas com finalidade de examinar
mercadorias, outros bens ou documentos.
Artigo 25.º
(Falta de cumprimento de uma das partes)
Artigo 26.º
(Perito nomeado pelo tribunal arbitral)
Artigo 27.º
(Assistência dos tribunais na obtenção de provas)
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 193/266
O tribunal arbitral ou uma parte com a aprovação do tribunal arbitral, pode
solicitar assistência para obtenção de provas a um tribunal competente do
presente Estado. O tribunal pode corresponder à solicitação nos limites da sua
competência e de acordo com as suas próprias regras relativas à obtenção de
provas.
CAPÍTULO VI
(Sentença arbitral e encerramento do processo)
Artigo 28.º
(Regras aplicáveis ao fundo da causa)
2. Na falta de uma tal designação pelas partes, o tribunal arbitral aplicará a lei
designada pela regra de conflitos de leis que ele julgue aplicável na espécie.
Artigo 29.º
(Decisão tomada por vários árbitros)
Artigo 30.º
(Decisão por acordo das partes)
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 194/266
Artigo 31.º
(Forma e conteúdo da sentença)
4. Proferida a sentença, será enviada a cada uma das partes uma cópia assinada
pelo árbitro ou árbitros, nos termos do parágrafo 1 do presente artigo.
Artigo 32.º
(Encerramento do processo)
Artigo 33.º
(Rectificação e interpretação da sentença e da sentença adicional)
1. Nos trinta dias seguintes à recepção da sentença, pode cada uma das partes,
salvo se outro tiver sido o prazo estipulado:
a) Notificar a outra e pedir ao tribunal arbitral que rectifique no texto da sentença
qualquer erro de cálculo, qualquer erro material ou tipográfico ou qualquer erro
de natureza idêntica;
b) Se as partes assim o convencionarem, notificar a outra e pedir ao tribunal
arbitral que interprete um ponto ou passagem determinada da sentença.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 195/266
Se o tribunal arbitral considerar o pedido justificado, fará a rectificação ou a
interpretação nos trinta dias seguintes à recepção do pedido. A interpretação fará
parte integrante da sentença.
2. O tribunal arbitral pode, por sua iniciativa, rectificar qualquer erro do tipo
referido na alínea a) do parágrafo 1 do presente artigo, nos trinta dias seguintes
à data da sentença.
3. Salvo convenção das partes em contrário, uma das partes pode, notificando a
outra, pedir ao tribunal arbitral, nos trinta dias seguintes à recepção da sentença,
que profira uma sentença adicional sobre certos pontos do pedido expostos no
decurso do processo arbitral mas omitidos na sentença. Se julgar o pedido
justificado, o tribunal proferirá a sentença adicional dentro de sessenta dias.
CAPÍTULO VII
(Recurso da sentença)
Artigo 34.º
(O pedido de anulação como recurso exclusivo da sentença arbitral)
2. A sentença arbitral não pode ser anulada pelo tribunal referido no artigo 6.º a
não ser que,
a) A parte que faz o pedido fornecer a prova de:
i) que uma parte na convenção de arbitragem referida no artigo 7.º estava ferida
de uma incapacidade; ou que a dita convenção não é válida nos termos da lei a
que as partes a tenham subordinado ou, na falta de qualquer indicação a este
propósito, nos termos da lei do presente Estado; ou
ii) que uma parte não foi devidamente informada da nomeação de um árbitro ou
do processo arbitral, ou lhe foi impossível fazer valer os seus direitos por
qualquer outra razão; ou
iii) que a sentença tem por objecto um litígio não referido no compromisso ou
não abrangido pela previsão da cláusula compromissória, ou que contém
decisões que ultrapassam os termos do compromisso ou da cláusula
compromissória, entendendo-se contudo que, se as disposições da sentença
relativas a questões submetidas à arbitragem puderem ser dissociadas das que
não estiverem submetidas à arbitragem, unicamente poderá ser anulada a parte
da sentença que contenha decisões sobre as questões não submetidas à
arbitragem; ou
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 196/266
iv) que a constituição do tribunal ou o processo arbitral não estão conformes à
convenção das partes, a menos que esta convenção contrarie uma disposição
da presente Lei que as partes não possam derrogar, ou que, na falta de uma tal
convenção, não estão conformes à presente Lei; ou
b) O tribunal verificar:
i) que o objecto do litígio não é susceptível de ser decidido por arbitragem nos
termos da lei do presente Estado; ou
ii) que a sentença contraria a ordem pública do presente Estado.
4. Quando lhe for solicitado que anule uma sentença, o tribunal pode, se for caso
disso e a pedido de uma das partes, suspender o processo de anulação durante
o período de tempo que determinar, de molde a dar ao tribunal arbitral a
possibilidade de retomar o processo arbitral ou de tomar qualquer outra medida
que o tribunal referido julgue susceptível de eliminar os motivos da anulação.
CAPÍTULO VIII
(Reconhecimento e execução das sentenças)
Artigo 35.º
(Reconhecimento e execução)
Artigo 36.º
(Fundamentos de recusa do reconhecimento ou da execução)
a) A pedido da parte contra a qual for invocado, se essa parte fornecer ao tribunal
competente a quem é pedido o reconhecimento ou a execução a prova de:
i) que uma das partes na convenção de arbitragem referida no artigo 7.º estava
ferida de uma incapacidade; ou que a dita convenção não é válida nos termos
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 197/266
da lei a que as partes a tenham subordinado ou, na falta de indicação a este
propósito, nos termos da lei do país onde a sentença foi proferida; ou
ii) que a parte contra a qual a sentença é invocada não foi devidamente
informada da nomeação de um árbitro ou do processo arbitral, ou que lhe foi
impossível fazer valer os seus direitos por qualquer outra razão; ou
iii) que a sentença tem por objecto um litígio não referido no compromisso ou
não abrangido pela previsão da cláusula compromissória, ou que contém
decisões que ultrapassam os termos do compromisso ou da cláusula
compromissória, entendendo-se contudo que, se as disposições da sentença
relativas a questões submetidas à arbitragem puderem ser dissociadas das que
tiverem submetidas à arbitragem, unicamente poderá ser anulada a parte da
sentença que contenha decisões sobre as questões não submetidas à
arbitragem; ou
iv) que a constituição do tribunal arbitral ou o processo arbitral não estão
conformes à convenção das partes ou, na falta de tal convenção, à lei do país
onde a arbitragem teve lugar; ou
v) que a sentença se não tenha tornado ainda obrigatória para as partes ou tenha
sido anulada ou suspensa por um tribunal do país no qual, ou em virtude da lei
do qual, a sentença tenha sido proferida; ou
b) Se o tribunal verificar:
i) que o objecto do litígio não é susceptível de ser decidido por arbitragem nos
termos da lei do presente Estado; ou
ii) que o reconhecimento ou a execução da sentença contrariaria a ordem pública
do presente Estado.
1
Tradução dos autores
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 198/266
segundo este regulamento sob reserva das modificações acordadas entre
as partes por escrito.
2. O presente Regulamento rege a arbitragem; contudo, no caso de conflito
entre uma das suas disposições e uma disposição da lei aplicável à
arbitragem que as partes não podem derrogar, é esta ultima que
prevalece.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 199/266
As partes podem fazer-se representar ou assistir por pessoas de sua escolha.
Os nomes e endereços dessas pessoas devem ser comunicados por escrito à
outra parte; esta comunicação deve mencionar se tal designação foi feita para
uma representação ou uma assistência.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 200/266
tendo igualmente em conta o facto de que pode ser desejável nomear um
árbitro de uma nacionalidade diferente da nacionalidade de uma das
partes.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 201/266
2. Uma parte não pode recusar o árbitro que ela designou por uma causa
que ela teve conhecimento depois dessa designação.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 202/266
deve ser repetido e, no caso de substituição de um outro árbitro, a decisão de
repetir este procedimento é deixada à apreciação do tribunal de arbitragem.
SECÇÃO 3 – Procedimento Arbitral
Artigo 17 – Língua
1. Sob reserva do acordo das partes, o tribunal de arbitragem fixa, sem
demora, a partir da sua nomeação, a língua ou as línguas do
procedimento. Esta decisão aplica-se ao requerimento e à resposta,
assim como a qualquer outra exposição escrita, e no caso de
procedimento oral, aplica-se à língua ou às línguas a utilizar durante este
procedimento.
2. O tribunal de arbitragem pode ordenar que todas as peças anexas ao
requerimento ou à resposta, assim como todas outras peças
complementares produzidas ao longo do procedimento que forem
entregues nas suas línguas originais sejam acompanhadas de uma
tradução na língua ou nas línguas escolhidas pelas partes ou fixadas pelo
tribunal de arbitragem.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 203/266
arbitragem, um pedido escrito à parte requerida e a cada um dos árbitros.
Uma cópia do contrato e da convenção de arbitragem, se não figurar no
contrato, deve ser anexa à petição.
2. A petição comporta as indicações que se seguem:
a) Os nomes e endereços das partes;
b) Uma exposição dos factos para fundamentar a petição;
c) Os pontos litigiosos;
d) Objecto do pedido.
O requente pode anexar à sua petição todas peças que achar pertinentes ou
mencionar as peças ou outros meios de prova que produzirá.
Artigo 19 – Resposta
1. No prazo previsto para esse efeito pelo tribunal de arbitragem, a parte
requerida endereça a sua resposta escrita ao requerente e a cada um dos
árbitros.
2. O requerido responde às alíneas b, c e d da petição (artigo 18 parágrafo
2). Ele pode anexar à sua resposta, as peças sobre as quais ele apoia a
sua defesa ou mencionar as peças ou outros meios de prova que
produzirá.
3. Na sua resposta ou a um estado ulterior do procedimento arbitral se o
tribunal de arbitragem decidir que este prazo for justificado pelas
circunstâncias, o requerido pode formular uma reconvenção fundada
sobre o mesmo contrato ou invocar um direito fundado sobre o mesmo
contrato como meio de compensação.
As disposições do parágrafo 2 do artigo 18 aplicam-se à reconvenção e ao direito
invocado como meio de compensação.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 204/266
3. A excepção de incompetência deve ser levantada mais tarde, aquando do
depósito da resposta ou, no caso da reconvenção, da réplica.
4. De modo geral, o tribunal pronuncia-se sobre a excepção da
incompetência, tratando-a como questão prévia. Pode, contudo, continuar
com a arbitragem e pronunciar-se sobre esta excepção na sua sentença
definitiva.
Artigo 23 – Prazos
Os prazos fixados pelo tribunal para a comunicação das escrituras (incluindo a
petição e a resposta) não deverão ultrapassar os quarenta e cinco dias. Todavia,
esses prazos podem ser prorrogados pelo tribunal de arbitragem se este julgar
que esta prorrogação é motivada.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 205/266
durante o depoimento de outras testemunhas. É livre de fixar a maneira
como as testemunhas serão interrogadas.
5. A prova por testemunhas pode igualmente ser administrada sob forma de
declarações escritas e assinadas pelas testemunhas.
6. O tribunal de arbitragem julga a receptividade, a pertinência e a
importância das provas apresentadas.
Artigo 27 – Peritos
1. O tribunal de arbitragem pode nomear um ou mais peritos com a missão
de produzir um relatório escrito sobre os pontos específicos que irá
determinar. Uma cópia do mandato do perito, tal como foi fixado pelo
tribunal de arbitragem, será comunicado às partes.
2. As partes fornecem ao perito todas informações apropriadas ou
submetem à sua inspecção todas as peças ou todas as coisas pertinentes
que este lhes pedir. Todo diferendo entre uma das partes e o perito sobre
o fundamento do pedido será submetido ao tribunal de arbitragem que
decidirá.
3. Tão logo receba o relatório do perito, o tribunal de arbitragem comunica
uma cópia do relatório às partes, as quais terão a possibilidade de
formular por escrito a sua opinião sobre esse assunto. As partes têm o
direito de examinar todo documento invocado pelo perito no seu relatório.
4. A pedido de uma ou de outra parte, o perito, depois da entrega do seu
relatório, pode ser ouvido numa audiência em que as partes têm a
possibilidade de assistir e de interrogá-lo. Nesta audiência, uma das
partes pode trazer, na qualidade de testemunhas, peritos que irão depor
sobre as questões litigiosas. As disposições do artigo 25 são aplicáveis a
este procedimento.
Artigo 28 – Falta
1. Se, dentro do prazo fixado pelo tribunal de arbitragem, o requerente não
apresentou a sua petição e não pôde invocar um impedimento legítimo, o
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 206/266
tribunal de arbitragem ordena o encerramento do procedimento de
arbitragem. Se, no prazo fixado pelo tribunal de arbitragem, o requerido
não apresentou a sua resposta, sem invocar um impedimento legítimo, o
tribunal de arbitragem ordena o prosseguimento do procedimento.
2. Se uma das partes, regularmente convocada conforme o presente
Regulamento, não comparecer à audiência, sem invocar um impedimento
legítimo, o tribunal prossegue com a arbitragem.
3. Se uma das partes, regularmente chamada a produzir documentos, não
os apresentar nos prazos fixados, sem invocar um impedimento legítimo,
o tribunal de arbitragem pode pronunciar-se com base nos elementos de
prova em sua posse.
SECÇÃO 4 – A sentença
Artigo 31 – Decisões
1. Quando os árbitros forem três, qualquer sentença ou qualquer outra
decisão do tribunal de arbitragem é tomada por maioria.
2. No que toca às questões de procedimento, por falta de maioria ou quando
o tribunal de arbitragem assim o autorizar, o árbitro-presidente pode
decidir unilateralmente, sob reserva de uma eventual revisão pelo tribunal
de arbitragem.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 207/266
4. A sentença é assinada pelos árbitros e faz menção da data e do lugar
onde foi proferida. Quando os árbitros forem três e que falte a assinatura
de um deles, o motivo desta ausência de assinatura deve ser mencionada
na sentença.
5. A sentença só pode ser publicada com o consentimento das duas partes.
6. Cópias da sentença, assinadas pelos árbitros são comunicadas pelo
tribunal às partes.
7. Se a lei de arbitragem do país em que a sentença for proferida, impõe ao
tribunal de arbitragem a obrigação de depositar ou registar a sentença, o
tribunal irá satisfazer esta obrigação nos prazos previstos na lei.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 208/266
1. Dentro dos trinta dias da recepção da sentença, qualquer uma das partes
pode, por via de notificação à outra, pedir ao tribunal de arbitragem para
que interprete a mesma.
2. A interpretação é dada por escrito dentro dos quarenta e cinco dias da
recepção do pedido. A interpretação é parte integrante da sentença e as
disposições dos parágrafos 2 à 7 do artigo 32 lhe são aplicáveis.
Artigo 38 – Custos
O tribunal de arbitragem fixa os custos da arbitragem na sua sentença. Os
“custos” só compreendem:
a) Os honorários dos membros do tribunal de arbitragem, indicados
separadamente para cada árbitro e fixados pelo próprio tribunal, conforme
o artigo 39;
b) Os custos de deslocação e outras despesas efectuadas pelos árbitros;
c) Os custos incorridos por toda peritagem ou por outra ajuda pedida pelo
tribunal de arbitragem;
d) Os custos de deslocação e outras indemnizações de testemunhas, na
medida em que essas despesas foram aprovadas pelo tribunal de
arbitragem;
e) Os custos em matéria de representação ou de assistência jurídica
incorridos pela parte vencedora, quando estes gastos constituem um dos
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 209/266
tópicos do pedido de arbitragem e na medida em que o tribunal de
arbitragem julgue o montante razoável;
f) Eventualmente, os honorários e gastos da autoridade de nomeação,
assim como os gastos do Secretário-Geral da Corte permanente de
arbitragem da Haia.
Artigo 39 – Custos
1. O montante dos honorários dos membros do tribunal de arbitragem deve
ser razoável tendo em conta o montante do litígio, a complexidade do
assunto, o tempo que os árbitros lhe terão consagrado e de todas outras
circunstâncias pertinentes.
2. Se uma autoridade de nomeação for escolhida pelas partes de comum
acordo ou designado pelo Secretário-Geral da Corte permanente de
arbitragem da Haia e se esta autoridade publicar uma tabela de
honorários dos árbitros nomeados nos litígios internacionais que ela
administra, o tribunal de arbitragem fixa o montante dos honorários tendo
em conta essa tabela, na medida em que julga as circunstâncias como
sendo apropriadas.
3. Se essa autoridade de nomeação não publicou tabelas de honorários dos
árbitros nomeados nos litígios internacionais, cada uma das partes pode,
a qualquer momento, pedir à autoridade de nomeação o estabelecimento
de uma nota indicando a base dos cálculos dos honorários que é
habitualmente aplicada nos litígios internacionais nos quais a autoridade
nomeia os árbitros. Se a autoridade de nomeação aceitar o
estabelecimento dessa nota, o tribunal fixa o montante dos honorários
tendo em conta as informações assim fornecidas, na medida em que as
julga como apropriadas a circunstância.
4. Nos casos visados nos números 2) e 3), quando ao pedido de uma parte,
a autoridade de nomeação aceita essa missão, o tribunal de arbitragem
só fixa o montante dos seus honorários depois de ter consultado a
autoridade de nomeação, que pode endereçar ao tribunal de arbitragem
todas observações que julgar apropriadas em relação aos honorários.
Artigo 40 – Custos
1. Sob reserva das disposições do parágrafo 2, os custos da arbitragem são,
em princípio, a cargo da parte que for condenada. Todavia, o tribunal de
arbitragem pode reparti-las entre as partes, na medida em que julga
apropriadas as circunstâncias.
2. No que concerne aos custos em matéria de representação ou de
assistência jurídica visados no parágrafo e) do artigo 38, o tribunal pode,
tendo em conta as circunstâncias de espécie, determinar a parte a quem
serão imputados esses custos ou, reparti-los entre as partes, na medida
que julgar apropriada.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 210/266
3. Quando o tribunal de arbitragem emite uma sentença que ordene o
encerramento do procedimento de arbitragem ou uma sentença d’ “accord
parties”, ele fixa os custos de arbitragem visados nos artigos 38 e
parágrafo 1 do artigo 39 no texto dessa ordenança ou sentença.
4. O tribunal de arbitragem não pode receber nenhum honorário
suplementar para interpretar ou rectificar a sua sentença ou emitir uma
sentença adicional, conforme os artigos 35 a 37
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 211/266
UNCITRAL Arbitration Rules
(as revised in 2010)
Article 1
Article 2
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 212/266
6. For the purpose of calculating a period of time under these Rules, such period
shall begin to run on the day following the day when a notice is received. If the
last day of such period is an official holiday or a non-business day at the residence
or place of business of the addressee, the period is extended until the first
business day which follows. Official holidays or nonbusiness days occurring
during the running of the period of time are included in calculating the period.
Notice of arbitration
Article 3
Article 4
1. Within 30 days of the receipt of the notice of arbitration, the respondent shall
communicate to the claimant a response to the notice of arbitration, which shall
include:
(a) The name and contact details of each respondent;
(b) A response to the information set forth in the notice of arbitration, pursuant to
article 3, paragraphs 3 (c) to (g).
2. The response to the notice of arbitration may also include:
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 213/266
(a) Any plea that an arbitral tribunal to be constituted Under these Rules lacks
jurisdiction;
(b) A proposal for the designation of an appointing authority referred to in article
6, paragraph 1;
(c) A proposal for the appointment of a sole arbitrator referred to in article 8,
paragraph 1;
(d) Notification of the appointment of an arbitrator referred to in article 9 or 10;
(e) A brief description of counterclaims or claims for the purpose of a set-off, if
any, including where relevant, an indication of the amounts involved, and the
relief or remedy sought;
(f) A notice of arbitration in accordance with article 3 in case the respondent
formulates a claim against a party to the arbitration agreement other than the
claimant.
3. The constitution of the arbitral tribunal shall not be hindered by any controversy
with respect to the respondent’s failure to communicate a response to the notice
of arbitration, or an incomplete or late response to the notice of arbitration, which
shall be finally resolved by the arbitral tribunal.
Article 5
Article 6
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 214/266
4. Except as referred to in article 41, paragraph 4, if the appointing authority
refuses to act, or if it fails to appoint an arbitrator within 30 days after it receives
a party’s request to do so, fails to act within any other period provided by these
Rules, or fails to decide on a challenge to an arbitrator within a reasonable time
after receiving a party’s request to do so, any party may request the Secretary-
General of the PCA to designate a substitute appointing authority.
5. In exercising their functions under these Rules, the appointing authority and
the Secretary-General of the PCA may require from any party and the arbitrators
the information they deem necessary and they shall give the parties and, where
appropriate, the arbitrators, an opportunity to present their views in any manner
they consider appropriate. All such communications to and from the appointing
authority and the Secretary-General of the PCA shall also be provided by the
sender to all other parties.
6. When the appointing authority is requested to appoint an arbitrator pursuant to
articles 8, 9, 10 or 14, the party making the request shall send to the appointing
authority copies of the notice of
arbitration and, if it exists, any response to the notice of arbitration.
7. The appointing authority shall have regard to such considerations
as are likely to secure the appointment of an independent and impartial arbitrator
and shall take into account the advisability of appointing an arbitrator of a
nationality other than the nationalities of the parties.
Number of arbitrators
Article 7
1. If the parties have not previously agreed on the number of arbitrators, and if
within 30 days after the receipt by the respondent of the notice of arbitration the
parties have not agreed that there shall be only one arbitrator, three arbitrators
shall be appointed.
2. Notwithstanding paragraph 1, if no other parties have responded
to a party’s proposal to appoint a sole arbitrator within the time limit provided for
in paragraph 1 and the party or parties concerned have failed to appoint a second
arbitrator in accordance with article 9 or 10, the appointing authority may, at the
request of a party, appoint a sole arbitrator pursuant to the procedure provided
for in article 8, paragraph 2, if it determines that, in view of the circumstances of
the case, this is more appropriate.
Article 8
1. If the parties have agreed that a sole arbitrator is to be Appointed and if within
30 days after receipt by all other parties of a proposal for the appointment of a
sole arbitrator the parties have not reached agreement thereon, a sole arbitrator
shall, at the request of a party, be appointed by the appointing authority.
2. The appointing authority shall appoint the sole arbitrator as promptly as
possible. In making the appointment, the appointing authority shall use the
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 215/266
following list-procedure, unless the parties agree that the list-procedure should
not be used or unless the appointing authority determines in its discretion
that the use of the list-procedure is not appropriate for the case:
(a) The appointing authority shall communicate to each of the parties an identical
list containing at least three names;
(b) Within 15 days after the receipt of this list, each party may return the list to the
appointing authority after having deleted the name or names to which it objects
and numbered the remaining names on the list in the order of its preference;
(c) After the expiration of the above period of time the appointing authority shall
appoint the sole arbitrator from among the names approved on the lists returned
to it and in accordance with the order of preference indicated by the parties;
(d) If for any reason the appointment cannot be made according to this procedure,
the appointing authority may exercise its discretion in appointing the sole
arbitrator.
Article 9
1. If three arbitrators are to be appointed, each party shall appoint one arbitrator.
The two arbitrators thus appointed shall choose the third arbitrator who will act
as the presiding arbitrator of the arbitral tribunal.
2. If within 30 days after the receipt of a party’s notification of the appointment of
an arbitrator the other party has not notified the first party of the arbitrator it has
appointed, the first party may request the appointing authority to appoint the
second arbitrator.
3. If within 30 days after the appointment of the second arbitrator the two
arbitrators have not agreed on the choice of the presiding arbitrator, the presiding
arbitrator shall be appointed by the appointing authority in the same way as a
sole arbitrator would be appointed under article 8.
Article 10
(articles 11 to 13)
Article 11
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 216/266
When a person is approached in connection with his or her possible
appointment as an arbitrator, he or she shall disclose any circumstances likely to
give rise to justifiable doubts as to his or her impartiality or independence. An
arbitrator, from the time of his or her appointment and throughout the arbitral
proceedings, shall without delay disclose any such circumstances to the parties
and the other arbitrators unless they have already been informed by him or her
of these circumstances.
Article 12
Article 13
1. A party that intends to challenge an arbitrator shall send notice of its challenge
within 15 days after it has been notified of the appointment of the challenged
arbitrator, or within 15 days after the circumstances mentioned in articles 11 and
12 became known to that party.
2. The notice of challenge shall be communicated to all other parties, to the
arbitrator who is challenged and to the other arbitrators. The notice of challenge
shall state the reasons for the challenge.
3. When an arbitrator has been challenged by a party, all parties may agree to
the challenge. The arbitrator may also, after the challenge, withdraw from his or
her office. In neither case does this imply acceptance of the validity of the grounds
for the challenge.
4. If, within 15 days from the date of the notice of challenge, all parties do not
agree to the challenge or the challenged arbitrator does not withdraw, the party
making the challenge may elect to pursue it. In that case, within 30 days from the
date of the notice of challenge, it shall seek a decision on the challenge by the
appointing
authority.
Replacement of an arbitrator
Article 14
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 217/266
2. If, at the request of a party, the appointing authority determines that, in view of
the exceptional circumstances of the case, it would be justified for a party to be
deprived of its right to appoint a substitute arbitrator, the appointing authority may,
after giving an opportunity to the parties and the remaining arbitrators to express
their views: (a) appoint the substitute arbitrator; or (b) after the closure of the
hearings, authorize the other arbitrators to proceed with the arbitration and make
any decision or award.
Article 15
If an arbitrator is replaced, the proceedings shall resume at the stage where the
arbitrator who was replaced ceased to perform his or her functions, unless the
arbitral tribunal decides otherwise.
Exclusion of liability
Article 16
Save for intentional wrongdoing, the parties waive, to the fullest extent permitted
under the applicable law, any claim against the arbitrators, the appointing
authority and any person appointed by the arbitral tribunal based on any act or
omission in connection with the arbitration.
General provisions
Article 17
1. Subject to these Rules, the arbitral tribunal may conduct the arbitration in such
manner as it considers appropriate, provided that the parties are treated with
equality and that at an appropriate stage
of the proceedings each party is given a reasonable opportunity of presenting its
case. The arbitral tribunal, in exercising its discretion, shall conduct the
proceedings so as to avoid unnecessary delay and
expense and to provide a fair and efficient process for resolving the parties’
dispute.
2. As soon as practicable after its constitution and after inviting the parties to
express their views, the arbitral tribunal shall establish the provisional timetable
of the arbitration. The arbitral tribunal may, at any time, after inviting the parties
to express their views, extend or abridge any period of time prescribed under
these Rules or agreed by the parties.
3. If at an appropriate stage of the proceedings any party so requests, the arbitral
tribunal shall hold hearings for the presentation
of evidence by witnesses, including expert witnesses, or for oral argument. In the
absence of such a request, the arbitral tribunal shall decide whether to hold such
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 218/266
hearings or whether the proceedings shall be conducted on the basis of
documents and other materials.
4. All communications to the arbitral tribunal by one party shall be communicated
by that party to all other parties. Such communications shall be made at the same
time, except as otherwise permitted by the arbitral tribunal if it may do so under
applicable law.
5. The arbitral tribunal may, at the request of any party, allow one or more third
persons to be joined in the arbitration as a party provided
such person is a party to the arbitration agreement, unless the arbitral tribunal
finds, after giving all parties, including the person or persons to be joined, the
opportunity to be heard, that joinder should not be permitted because of prejudice
to any of those parties. The arbitral tribunal may make a single award or several
awards in respect of all parties so involved in the arbitration.
Place of arbitration
Article 18
1. If the parties have not previously agreed on the place of arbitration, the place
of arbitration shall be determined by the arbitral
tribunal having regard to the circumstances of the case. The award shall be
deemed to have been made at the place of arbitration.
2. The arbitral tribunal may meet at any location it considers Appropriate for
deliberations. Unless otherwise agreed by the parties, the arbitral tribunal may
also meet at any location it considers appropriate for any other purpose, including
hearings.
Language
Article 19
1. Subject to an agreement by the parties, the arbitral tribunal shall, promptly after
its appointment, determine the language or languages to be used in the
proceedings. This determination shall apply to the statement of claim, the
statement of defence, and any further written statements and, if oral hearings
take place, to the language or languages to be used in such hearings.
2. The arbitral tribunal may order that any documents annexed to the statement
of claim or statement of defence, and any supplementary documents or exhibits
submitted in the course of the proceedings, delivered in their original language,
shall be accompanied by a translation into the language or languages agreed
upon by the parties or determined by the arbitral tribunal.
Statement of claim
Article 20
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 219/266
referred to in article 3 as a statement of claim, provided that the notice of
arbitration also complies with the requirements of paragraphs 2 to 4 of this article.
2. The statement of claim shall include the following particulars:
(a) The names and contact details of the parties;
(b) A statement of the facts supporting the claim;
(c) The points at issue;
(d) The relief or remedy sought;
(e) The legal grounds or arguments supporting the claim.
3. A copy of any contract or other legal instrument out of or in relation to which
the dispute arises and of the arbitration agreement shall be annexed to the
statement of claim.
4. The statement of claim should, as far as possible, be accompanied by all
documents and other evidence relied upon by the claimant, or contain references
to them.
Statement of defence
Article 21
Article 22
During the course of the arbitral proceedings, a party may amend or supplement
its claim or defence, including a counterclaim or a claim for the purpose of a set-
off, unless the arbitral tribunal considers it inappropriate to allow such amendment
or supplement having regard to the delay in making it or prejudice to other parties
or any other circumstances. However, a claim or defence, including a
counterclaim or a claim for the purpose of a set-off, may not be amended or
supplemented in such a manner that the amended or supplemented claim or
defence falls outside the jurisdiction of the arbitral tribunal.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 220/266
Pleas as to the jurisdiction of the arbitral tribunal
Article 23
1. The arbitral tribunal shall have the power to rule on its own jurisdiction,
including any objections with respect to the existence or validity of the arbitration
agreement. For that purpose, an arbitration clause that forms part of a contract
shall be treated as an agreement independent of the other terms of the contract.
A decision by the arbitral tribunal that the contract is null shall not entail
automatically the invalidity of the arbitration clause.
2. A plea that the arbitral tribunal does not have jurisdiction shall be raised no
later than in the statement of defence or, with respect to a counterclaim or a claim
for the purpose of a set-off, in the reply to the counterclaim or to the claim for the
purpose of a set-off. A party is not precluded from raising such a plea by the fact
that it has appointed, or participated in the appointment of, an arbitrator. A plea
that the arbitral tribunal is exceeding the scope of its authority shall be raised as
soon as the matter alleged to be beyond the scope of its authority is raised during
the arbitral proceedings. The arbitral tribunal may, in either case, admit a later
plea if it considers the delay justified.
3. The arbitral tribunal may rule on a plea referred to in paragraph 2 either as a
preliminary question or in an award on the merits. The arbitral tribunal may
continue the arbitral proceedings and make an award, notwithstanding any
pending challenge to its jurisdiction before a court.
Article 24
The arbitral tribunal shall decide which further written statements, in addition to
the statement of claim and the statement of defence, shall be required from the
parties or may be presented by them and shall fix the periods of time for
communicating such statements.
Periods of time
Article 25
The periods of time fixed by the arbitral tribunal for the communication of written
statements (including the statement of claim and statement of defence) should
not exceed 45 days. However, the arbitral tribunal may extend the time limits if it
concludes that an extension is justified.
Interim measures
Article 26
1. The arbitral tribunal may, at the request of a party, grant interim measures.
2. An interim measure is any temporary measure by which, at any time prior to
the issuance of the award by which the dispute is finally decided, the arbitral
tribunal orders a party, for example and without limitation, to:
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 221/266
(a) Maintain or restore the status quo pending determination of the dispute;
(b) Take action that would prevent, or refrain from taking action that is likely to
cause, (i) current or imminent harm or (ii) prejudice to the arbitral process itself;
(c) Provide a means of preserving assets out of which a subsequent award may
be satisfied; or
(d) Preserve evidence that may be relevant and material to the resolution of the
dispute.
3. The party requesting an interim measure under paragraphs 2 (a) to (c) shall
satisfy the arbitral tribunal that:
(a) Harm not adequately reparable by an award of damages is likely to result if
the measure is not ordered, and such harm substantially outweighs the harm that
is likely to result to the party against whom the measure is directed if the measure
is granted; and
(b) There is a reasonable possibility that the requesting party will succeed on the
merits of the claim. The determination on this possibility shall not affect the
discretion of the arbitral tribunal in making any subsequent determination.
4. With regard to a request for an interim measure under paragraph 2 (d), the
requirements in paragraphs 3 (a) and (b) shall apply only to the extent the arbitral
tribunal considers appropriate.
5. The arbitral tribunal may modify, suspend or terminate an interim measure it
has granted, upon application of any party or, in exceptional circumstances and
upon prior notice to the parties, on the arbitral tribunal’s own initiative.
6. The arbitral tribunal may require the party requesting an interim measure to
provide appropriate security in connection with the measure.
7. The arbitral tribunal may require any party promptly to disclose any material
change in the circumstances on the basis of which the interim measure was
requested or granted.
8. The party requesting an interim measure may be liable for any costs and
damages caused by the measure to any party if the arbitral tribunal later
determines that, in the circumstances then prevailing, the measure should not
have been granted. The arbitral tribunal may award such costs and damages at
any point during the proceedings.
9. A request for interim measures addressed by any party to a judicial authority
shall not be deemed incompatible with the agreement to arbitrate, or as a waiver
of that agreement.
Evidence
Article 27
1. Each party shall have the burden of proving the facts relied on to support its
claim or defence.
2. Witnesses, including expert witnesses, who are presented by the parties to
testify to the arbitral tribunal on any issue of fact or expertise may be any
individual, notwithstanding that the individual is a party to the arbitration or in any
way related to a party. Unless otherwise directed by the arbitral tribunal,
statements by witnesses, including expert witnesses, may be presented in writing
and signed by them.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 222/266
3. At any time during the arbitral proceedings the arbitral tribunal may require the
parties to produce documents, exhibits or other evidence within such a period of
time as the arbitral tribunal shall determine.
4. The arbitral tribunal shall determine the admissibility, relevance, materiality and
weight of the evidence offered.
Hearings
Article 28
1. In the event of an oral hearing, the arbitral tribunal shall give the parties
adequate advance notice of the date, time and place thereof.
2. Witnesses, including expert witnesses, may be heard under the conditions and
examined in the manner set by the arbitral tribunal.
3. Hearings shall be held in camera unless the parties agree otherwise.
The arbitral tribunal may require the retirement of any witness or witnesses,
including expert witnesses, during the testimony of such other witnesses, except
that a witness, including an expert witness, who is a party to the arbitration shall
not, in principle, be asked to retire.
4. The arbitral tribunal may direct that witnesses, including expert witnesses, be
examined through means of telecommunication that do not require their physical
presence at the hearing (such as videoconference).
Article 29
1. After consultation with the parties, the arbitral tribunal may appoint one or more
independent experts to report to it, in writing, on specific issues to be determined
by the arbitral tribunal. A copy of the expert’s terms of reference, established by
the arbitral tribunal, shall be communicated to the parties.
2. The expert shall, in principle before accepting appointment, submit to the
arbitral tribunal and to the parties a description of his or her qualifications and a
statement of his or her impartiality and independence. Within the time ordered by
the arbitral tribunal, the parties shall inform the arbitral tribunal whether they have
any objections as to the expert’s qualifications, impartiality or independence.
The arbitral tribunal shall decide promptly whether to accept any such objections.
After an expert’s appointment, a party may object to the expert’s qualifications,
impartiality or independence only if the objection is for reasons of which the party
becomes aware after the appointment has been made. The arbitral tribunal shall
decide promptly what, if any, action to take.
3. The parties shall give the expert any relevant information or produce for his or
her inspection any relevant documents or goods that he or she may require of
them. Any dispute between a party and such expert as to the relevance of the
required information or production shall be referred to the arbitral tribunal for
decision.
4. Upon receipt of the expert’s report, the arbitral tribunal shall communicate a
copy of the report to the parties, which shall be given the opportunity to express,
in writing, their opinion on the report. A party shall be entitled to examine any
document on which the expert has relied in his or her report.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 223/266
5. At the request of any party, the expert, after delivery of the report, may be
heard at a hearing where the parties shall have the opportunity to be present and
to interrogate the expert. At this hearing, any party may present expert witnesses
in order to testify on the points at issue. The provisions of article 28 shall be
applicable to such proceedings.
Default
Article 30
1. If, within the period of time fixed by these Rules or the arbitral tribunal, without
showing sufficient cause:
(a) The claimant has failed to communicate its statement of claim, the arbitral
tribunal shall issue an order for the termination of the arbitral proceedings, unless
there are remaining matters that may need to be decided and the arbitral tribunal
considers it appropriate to do so;
(b) The respondent has failed to communicate its response to the notice of
arbitration or its statement of defence, the arbitral tribunal shall order that the
proceedings continue, without treating such failure in itself as an admission of the
claimant’s allegations; the provisions of this subparagraph also apply to a
claimant’s failure to submit a defence to a counterclaim or to a claim for the
purpose of a set-off.
2. If a party, duly notified under these Rules, fails to appear at a hearing, without
showing sufficient cause for such failure, the arbitral tribunal may proceed with
the arbitration.
3. If a party, duly invited by the arbitral tribunal to produce documents, exhibits or
other evidence, fails to do so within the established period of time, without
showing sufficient cause for such failure, the arbitral tribunal may make the award
on the evidence before it.
Closure of hearings
Article 31
1. The arbitral tribunal may inquire of the parties if they have any further proof to
offer or witnesses to be heard or submissions to make and, if there are none, it
may declare the hearings closed.
2. The arbitral tribunal may, if it considers it necessary owing to exceptional
circumstances, decide, on its own initiative or upon application of a party, to
reopen the hearings at any time before the award is made.
Article 32
A failure by any party to object promptly to any non-compliance with these Rules
or with any requirement of the arbitration agreement shall be deemed to be a
waiver of the right of such party to make such an objection, unless such party can
show that, under the circumstances, its failure to object was justified.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 224/266
Section IV. The award
Decisions
Article 33
1. When there is more than one arbitrator, any award or other decision of the
arbitral tribunal shall be made by a majority of the arbitrators.
2. In the case of questions of procedure, when there is no majority or when the
arbitral tribunal so authorizes, the presiding arbitrator may decide alone, subject
to revision, if any, by the arbitral tribunal.
Article 34
1. The arbitral tribunal may make separate awards on different issues at different
times.
2. All awards shall be made in writing and shall be final and binding on the parties.
The parties shall carry out all awards without delay.
3. The arbitral tribunal shall state the reasons upon which the award is based,
unless the parties have agreed that no reasons are to be given.
4. An award shall be signed by the arbitrators and it shall contain the date on
which the award was made and indicate the place of arbitration. Where there is
more than one arbitrator and any of them fails to sign, the award shall state the
reason for the absence of the signature.
5. An award may be made public with the consent of all parties or where and to
the extent disclosure is required of a party by legal duty, to protect or pursue a
legal right or in relation to legal proceedings before a court or other competent
authority.
6. Copies of the award signed by the arbitrators shall be communicated to the
parties by the arbitral tribunal.
Article 35
1. The arbitral tribunal shall apply the rules of law designated by the parties as
applicable to the substance of the dispute. Failing such designation by the parties,
the arbitral tribunal shall apply the law which it determines to be appropriate.
2. The arbitral tribunal shall decide as amiable compositeur or ex aequo et bono
only if the parties have expressly authorized the arbitral tribunal to do so.
3. In all cases, the arbitral tribunal shall decide in accordance with the terms of
the contract, if any, and shall take into account any usage of trade applicable to
the transaction.
Article 36
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 225/266
1. If, before the award is made, the parties agree on a settlement of the dispute,
the arbitral tribunal shall either issue an order for the termination of the arbitral
proceedings or, if requested by the parties and accepted by the arbitral tribunal,
record the settlement in the form of an arbitral award on agreed terms. The
arbitral tribunal is not obliged to give reasons for such an award.
2. If, before the award is made, the continuation of the arbitral proceedings
becomes unnecessary or impossible for any reason not mentioned in paragraph
1, the arbitral tribunal shall inform the parties of its intention to issue an order for
the termination of the proceedings. The arbitral tribunal shall have the power to
issue such an order unless there are remaining matters that may need to be
decided and the arbitral tribunal considers it appropriate to do so.
3. Copies of the order for termination of the arbitral proceedings or of the arbitral
award on agreed terms, signed by the arbitrators, shall be communicated by the
arbitral tribunal to the parties. Where an arbitral award on agreed terms is made,
the provisions of article 34, paragraphs 2, 4 and 5, shall apply.
Article 37
1. Within 30 days after the receipt of the award, a party, with notice to the other
parties, may request that the arbitral tribunal give an interpretation of the award.
2. The interpretation shall be given in writing within 45 days after the receipt of
the request. The interpretation shall form part of the award and the provisions of
article 34, paragraphs 2 to 6, shall apply.
Article 38
1. Within 30 days after the receipt of the award, a party, with notice to the other
parties, may request the arbitral tribunal to correct in the award any error in
computation, any clerical or typographical error, or any error or omission of a
similar nature. If the arbitral tribunal considers that the request is justified, it shall
make the correction within 45 days of receipt of the request.
2. The arbitral tribunal may within 30 days after the communication of the award
make such corrections on its own initiative.
3. Such corrections shall be in writing and shall form part of the award. The
provisions of article 34, paragraphs 2 to 6, shall apply.
Additional award
Article 39
1. Within 30 days after the receipt of the termination order or the award, a party,
with notice to the other parties, may request the arbitral tribunal to make an award
or an additional award as to claims presented in the arbitral proceedings but not
decided by the arbitral tribunal.
2. If the arbitral tribunal considers the request for an award or additional award to
be justified, it shall render or complete its award within 60 days after the receipt
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 226/266
of the request. The arbitral tribunal may extend, if necessary, the period of time
within which it shall make the award.
3. When such an award or additional award is made, the provisions of article 34,
paragraphs 2 to 6, shall apply.
Definition of costs
Article 40
1. The arbitral tribunal shall fix the costs of arbitration in the final award and, if it
deems appropriate, in another decision.
2. The term “costs” includes only:
(a) The fees of the arbitral tribunal to be stated separately as to each arbitrator
and to be fixed by the tribunal itself in accordance with article 41;
(b) The reasonable travel and other expenses incurred by the arbitrators;
(c) The reasonable costs of expert advice and of other assistance required by the
arbitral tribunal;
(d) The reasonable travel and other expenses of witnesses to the extent such
expenses are approved by the arbitral tribunal;
(e) The legal and other costs incurred by the parties in relation to the arbitration
to the extent that the arbitral tribunal determines that the amount of such costs is
reasonable;
(f) Any fees and expenses of the appointing authority as well as the fees and
expenses of the Secretary-General of the PCA.
3. In relation to interpretation, correction or completion of any award under articles
37 to 39, the arbitral tribunal may charge the costs referred to in paragraphs 2 (b)
to (f), but no additional fees.
Article 41
1. The fees and expenses of the arbitrators shall be reasonable in amount, taking
into account the amount in dispute, the complexity of the subject matter, the time
spent by the arbitrators and any other relevant circumstances of the case.
2. If there is an appointing authority and it applies or has stated that it will apply
a schedule or particular method for determining the fees for arbitrators in
international cases, the arbitral tribunal in fixing its fees shall take that schedule
or method into account to the extent that it considers appropriate in the
circumstances of the case.
3. Promptly after its constitution, the arbitral tribunal shall inform the parties as to
how it proposes to determine its fees and expenses, including any rates it intends
to apply. Within 15 days of receiving that proposal, any party may refer the
proposal to the appointing authority for review. If, within 45 days of receipt of such
a referral, the appointing authority finds that the proposal of the arbitral tribunal is
inconsistent with paragraph 1, it shall make any necessary adjustments thereto,
which shall be binding upon the arbitral tribunal.
4. (a) When informing the parties of the arbitrators’ fees and expenses that have
been fixed pursuant to article 40, paragraphs 2 (a) and (b), the arbitral tribunal
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 227/266
shall also explain the manner in which the corresponding amounts have been
calculated;
(b) Within 15 days of receiving the arbitral tribunal’s determination
of fees and expenses, any party may refer for review such determination to the
appointing authority. If no appointing authority has been agreed upon or
designated, or if the appointing authority fails to act within the time specified in
these Rules, then the review
shall be made by the Secretary-General of the PCA;
(c) If the appointing authority or the Secretary-General of the PCA finds that the
arbitral tribunal’s determination is inconsistent with the arbitral tribunal’s proposal
(and any adjustment thereto) under paragraph 3 or is otherwise manifestly
excessive, it shall, within 45 days of receiving such a referral, make any
adjustments to the arbitral tribunal’s determination that are necessary to satisfy
the criteria in paragraph 1. Any such adjustments shall be binding upon the
arbitral tribunal;
(d) Any such adjustments shall either be included by the arbitral tribunal in its
award or, if the award has already been issued, be implemented in a correction
to the award, to which the procedure of article 38, paragraph 3, shall apply.
5. Throughout the procedure under paragraphs 3 and 4, the arbitral tribunal shall
proceed with the arbitration, in accordance with article 17, paragraph 1.
6. A referral under paragraph 4 shall not affect any determination in the award
other than the arbitral tribunal’s fees and expenses; nor shall it delay the
recognition and enforcement of all parts of the award other than those relating to
the determination of the arbitral tribunal’s fees and expenses.
Allocation of costs
Article 42
1. The costs of the arbitration shall in principle be borne by the unsuccessful party
or parties. However, the arbitral tribunal may apportion each of such costs
between the parties if it determines that apportionment is reasonable, taking into
account the circumstances of the case.
2. The arbitral tribunal shall in the final award or, if it deems appropriate, in any
other award, determine any amount that a party may have to pay to another party
as a result of the decision on allocation of costs.
Deposit of costs
Article 43
1. The arbitral tribunal, on its establishment, may request the parties to deposit
an equal amount as an advance for the costs referred to in article 40, paragraphs
2 (a) to (c).
2. During the course of the arbitral proceedings the arbitral tribunal may request
supplementary deposits from the parties.
3. If an appointing authority has been agreed upon or designated, and when a
party so requests and the appointing authority consents to perform the function,
the arbitral tribunal shall fix the amounts of any deposits or supplementary
deposits only after consultation with the appointing authority, which may make
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 228/266
any comments to the arbitral tribunal that it deems appropriate concerning the
amount of such deposits and supplementary deposits.
4. If the required deposits are not paid in full within 30 days after the receipt of
the request, the arbitral tribunal shall so inform the parties in order that one or
more of them may make the required payment. If such payment is not made, the
arbitral tribunal may order the suspension or termination of the arbitral
proceedings.
5. After a termination order or final award has been made, the arbitral tribunal
shall render an accounting to the parties of the deposits received and return any
unexpended balance to the parties.
Annex
Any dispute, controversy or claim arising out of or relating to this contract, or the
breach, termination or invalidity thereof, shall be settled by arbitration in
accordance with the UNCITRAL Arbitration
Rules.
Note. Parties should consider adding:
(a) The appointing authority shall be ... [name of institution
or person];
(b) The number of arbitrators shall be ... [one or three];
(c) The place of arbitration shall be ... [town and country];
(d) The language to be used in the arbitral proceedings shall be ... .
Waiver
The parties hereby waive their right to any form of recourse against an award to
any court or other competent authority, insofar as such waiver can validly be
made under the applicable law.
No circumstances to disclose
I am impartial and independent of each of the parties and intend to remain so. To
the best of my knowledge, there are no circumstances, past or present, likely to
give rise to justifiable doubts as to my impartiality or independence. I shall
promptly notify the parties and the other arbitrators of any such circumstances
that may subsequently come to my attention during this arbitration.
Circumstances to disclose
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 229/266
I am impartial and independent of each of the parties and intend to remain so.
Attached is a statement made pursuant to article 11 of the UNCITRAL Arbitration
Rules of (a) my past and present professional, business and other relationships
with the parties and (b) any other relevant circumstances. (Include statement). I
confirm that those circumstances do not affect my independence and impartiality.
I shall promptly notify the parties and the other arbitrators of any such further
relationships or circumstances that may subsequently come to my attention
during this arbitration.
Note. Any party may consider requesting from the arbitrator the following addition
to the statement of independence:
I confirm, on the basis of the information presently available to me, that I can
devote the time necessary to conduct this arbitration diligently, efficiently and in
accordance with the time limits in the Rules.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 230/266
Convenção sobre o Reconhecimento e a Execução de Sentenças Arbitrais
Etrangeiras
Artigo I
Artigo II
Artigo III
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 231/266
sentenças arbitrais às quais se aplica a presente Convenção, não serão
aplicadas quaisquer condições sensivelmente mais rigorosas, nem custas
sensivelmente mais elevadas, do que aquelas que são aplicadas para o
reconhecimento ou a execução das sentenças arbitrais nacionais.
Artigo IV
Artigo V
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 232/266
e) De que a sentença ainda não se tornou obrigatória para as Partes, foi
anulada ou suspensa por uma autoridade competente do país em que, ou
segundo a lei do qual, a sentença foi proferida.
2- Poderão igualmente ser recusados o reconhecimento e a execução de
uma sentença arbitral se a autoridade competente do país em que o
reconhecimento e a execução foram pedidos verificar:
a) Que, de acordo com a lei desse país, o objecto de litígio não é susceptível
de ser resolvido por via arbitral; ou
b) Que o reconhecimento ou a execução da sentença são contrários à ordem
pública desse país.
Artigo VI
Artigo VII
Artigo VIII
Artigo IX
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 233/266
2- A adesão efectuar-se-á através do depósito de um instrumento de
adesão junto do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas.
Artigo X
Artigo XI
Artigo XII
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 234/266
2- Para cada Estado que ratificar a Convenção ou a ela aderir após o
depósito do terceiro instrumento de ratificação ou de adesão, a Convenção
entrará em vigor a partir do 90.º dia seguinte à data do depósito por esse Estado
do seu instrumento de ratificação ou de adesão.
Artigo XIII
Artigo XIV
Artigo XV
Artigo XVI
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 235/266
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 236/266
Convenção para a Resolução de Diferendos Relativos a Investimentos
entre Estados e Nacionais de outros Estados
Preâmbulo
Os Estados Contratantes:
CAPÍTULO I
Centro Internacional para a Resolução de Diferendos Relativos a
Investimentos
SECÇÃO 1
Criação e organização
Artigo 1.º
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 237/266
1- Pela presente Convenção é instituído um Centro Internacional para a
Resolução de Diferendos Relativos a Investimentos (daqui para a frente
denominado Centro).
2- O objectivo do Centro será proporcionar os meios de conciliação e
arbitragem dos diferendos relativos a investimentos entre Estados Contratantes
em conformidade com as disposições desta Convenção.
Artigo 2.º
Artigo 3.º
SECÇÃO 2
Conselho de administração
Artigo 4.º
Artigo 5.º
Artigo 6.º
1- Sem prejuízo das atribuições que lhe são cometidas pelas outras
disposições da presente Convenção, ao conselho de administração caberá:
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 238/266
c) Adoptar as regras processuais relativas aos processos de conciliação e
arbitragem (daqui para a frente denominadas Regulamento de
Conciliação e Regulamento de Arbitragem);
d) Estabelecer todas as providências necessárias com o Banco com vista a
permitir a utilização das instalações e serviços administrativos do mesmo;
e) Determinar as condições de emprego do secretário-geral e dos
secretários-gerais-adjuntos;
f) Adoptar o orçamento anual das receitas e despesas do Centro;
g) Aprovar o relatório anual da actividade do Centro:
As decisões acima referidas nas alíneas a), b), c) e f) serão adoptadas por uma
maioria de dois terços dos membros do conselho de administração.
2- O conselho de administração poderá constituir tantas comissões
quantas considerar necessárias.
3- O conselho de administração exercerá igualmente todas as outras
atribuições consideradas necessárias à execução das disposições da presente
Convenção.
Artigo 7.º
Artigo 8.º
SECÇÃO 3
Secretariado
Artigo 9.º
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 239/266
Artigo 10.º
Artigo 11.º
SECÇÃO 4
Listas
Artigo 12.º
Artigo 13.º
1- Cada Estado Contratante poderá designar para cada lista pessoas que
não terão de ser necessariamente seus nacionais.
2- O presidente poderá designar 10 pessoas para cada lista. As pessoas
por esta forma designadas em cada lista deverão ser todas de nacionalidade
diferente.
Artigo 14.º
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 240/266
comercial, industrial ou financeiro e oferecer todas as garantias de
independência no exercício das suas funções. A competência no domínio
jurídico será de particular importância no caso das pessoas incluídas na lista de
árbitros.
2- O presidente, ao designar as pessoas que integrarão as listas, deverá
entre outros aspectos, prestar a devida atenção à importância de assegurar a
representação nas listas dos principais sistemas jurídicos do mundo e das
principais formas de actividade económica.
Artigo 15.º
Artigo 16.º
SECÇÃO 5
Financiamento do Centro
Artigo 17.º
SECÇÃO 6
Estatuto, Imunidades e privilégios
Artigo 18.º
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 241/266
a) Contratar;
b) Adquirir bens móveis e imóveis e deles dispor;
c) Estar em juízo.
Artigo 19.º
Artigo 20.º
Artigo 21.º
Artigo 22.º
Artigo 23.º
Artigo 24.º
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 242/266
1- O Centro, o seu património, bens e rendimentos, bem como as suas
operações autorizadas pela presente Convenção, estarão isentos de todos os
impostos e direitos de alfândega. O Centro estará também isento de qualquer
obrigação relativa à colecta ou pagamento de quaisquer impostos ou direitos de
alfândega.
2- Não será tributado qualquer imposto quer sobre os subsídios pagos
pelo Centro ao presidente ou a membros do conselho de administração quer
sobre os salários, emolumentos ou outros subsídios pagos pelo Centro aos seus
funcionários ou empregados do secretariado, excepto se os beneficiários forem
nacionais do país em que exreçam as suas funções.
3- Não será tributado qualquer imposto sobre os honorários ou subsídios
atribuídos às pessoas que exerçam funções como conciliadores, árbitros, ou
membros do comité constituído em conformidade com o n.º 3 do artigo 52.º, nos
processos objecto da presente Convenção, no caso de a única base jurídica para
tal imposto ser a localização do Centro ou o local em que tais processos se
desenrolem, ou ainda o local em que tais honorários ou subsídios são pagos.
CAPÍTULO II
Competência do Centro
Artigo 25.º
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 243/266
notificar o Centro sobre a categoria ou categorias de diferendos que consideram
poderem ser sujeitos à competência do Centro. O secretário-geral deverá
transmitir imediatamente a notificação recebida a todos os Estados Contratantes.
Tal notificação não dispensará o consentimento exigido pelo n.º 1.
Artigo 26.º
Artigo 27.º
CAPÍTULO III
Conciliação
SECÇÃO I
Pedido de conciliação
Artigo 28.º
SECÇÃO II
Constituição da comissão de conciliação
Artigo 29.º
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 244/266
1- A Comissão de Conciliação (daqui para frente denominada Comissão)
deverá ser constituída o mais rapidamente possível após o registo do
requerimento, em conformidade com o artigo 28.º
2- a) A comissão consistirá de um único conciliador ou de um número
ímpar de conciliadores nomeados segundo acordo entre as partes;
b) Na falta de acordo entre as partes sobre o número de conciliadores
e o método da sua nomeação, a Comissão integrará 3 conciliadores; cada parte
nomeará um conciliador, devendo o terceiro, que será o presidente da Comissão,
ser nomeado com o acordo de ambas as partes.
Artigo 30.º
Artigo 31.º
SECÇÃO 3
Processo perante a Comissão
Artigo 32.º
Artigo 33.º
Artigo 34.º
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 245/266
1- A Comissão terá por função esclarecer os pontos em litígio entre as
partes e desenvolver esforços no sentido de as chegar a acordo em termos
mutuamente aceitáveis.
Nesse sentido, poderá a Comissão, em qualquer fase do processo e
repetidamente, recomendar formas de resolução às partes. As partes deverão
cooperar com a Comissão, de boa fé, por forma a permitir que a Comissão
desempenhe as suas funções, e deverão considerar seriamente as suas
recomendações.
2- Se as partes chegarem a acordo, a Comissão elaborará um relatório
anotando os pontos em litígio e registando o acordo das partes. Se, em qualquer
fase do processo, parecer à Comissão que não existem quaisquer possibilidades
de acordo entre as partes, deverá esta encerrar o processo e elaborar um
relatório anotando que o diferendo foi sujeito a conciliação e que as partes não
chegaram a acordo. Se uma parte não comparecer ou não participar no
processo, a Comissão encerrará o processo e elaborará um relatório anotando
a falta de comparência ou não participação.
Artigo 35.º
CAPÍTULO IV
Arbitragem
SECÇÃO 1
Pedido de arbitragem
Artigo 36.º
SECÇÃO 2
Constituição do tribunal
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 246/266
Artigo 37.º
Artigo 38.º
Artigo 39.º
A maioria dos árbitros deverá ser nacional de Estados que não o Estado
Contratante parte no diferendo e o Estado Contratante cujo nacional é parte
no diferendo; contudo, as precedentes disposições deste artigo não se
aplicam no caso de o único árbitro ou cada um dos membros do tribunal ter
sido nomeado por acordo entre as partes.
Artigo 40.º
1- Poderão ser nomeados árbitros que não constem da lista dos árbitros,
excepto no caso de nomeações feitas pelo presidente em conformidade com
o artigo 38.º
2- Os árbitros nomeados que não constem da lista dos árbitros deverão
reunir as qualidades previstas no n.º 1 do artigo 14.º
SECÇÃO 3
Poderes e funções do tribunal
Artigo 41.º
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 247/266
1- Só o tribunal conhecerá da sua própria competência.
2- Qualquer excepção de incompetência relativa ao Centro ou, por quaiquer
razões, ao tribunal deverá ser considerada pelo tribunal, que determinará se
a mesma deverá ser tratada como questão preliminar ou examinada
juntamente com as questões de fundo.
Artigo 42.º
Artigo 43.º
Artigo 44.º
Artigo 45.º
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 248/266
2- Se em qualquer momento do processo uma das partes não comparecer
ou não fizer uso dos meios ao seu dispor, a outra parte poderá requerer ao
tribunal que aprecie as conclusões por si apresentadas e pronuncie a
sentença. O tribunal deverá notificar a parte em falta do requerimento que
lhe foi apresentado e conceder-lhe um prazo antes de proferir a sentença,
excepto se estiver convencido de que aquela parte não tem intenção de
comparecer ou fazer valer os seus meios.
Artigo 46.º
Artigo 47.º
SECÇÃO 4
Sentença
Artigo 48.º
Artigo 49.º
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 249/266
1- O secretário-geral deverá enviar prontamente cópias autenticadas da
sentença às partes. Presumir-se-á que a sentença foi proferida na data em
que as cópias autenticadas foram enviadas.
2- O tribunal, a pedido de uma parte, dentro de um prazo de 45 dias após a
data em que a sentença foi decretada, pode, depois de notificada a outra
parte, julgar qualquer questão sobre que, por omissão, não se haja
pronunciado na sentença, e rectificará qualquer erro material da sentença. A
sua decisão será parte integrante da sentença e será notificada às partes da
mesma forma que a sentença. Os períodos de tempo previstos no n.º 2 do
artigo 51.º e n.º 2 do artigo 52.º deverão decorrer a partir da data em que a
decisão correspondente for tomada.
SECÇÃO 5
Interpretação, revisão e anulação da sentença
Artigo 50.º
Artigo 51.º
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 250/266
de revisão. Se o requerente pedir a suspensão da execução da sentença no
seu requerimento, a execução será suspensa provisoriamente até que o
tribunal decida sobre esse pedido.
Artigo 52.º
SECÇÃO VI
Reconhecimento e execução da sentença
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 251/266
Artigo 53.º
Artigo 54.º
Artigo 55.º
CAPÍTULO V
Substituição e inibição dos conciliadores e dos árbitros
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 252/266
Artigo 56.º
Artigo 57.º
Artigo 58.º
CAPÍTULO VI
Custas do processo
Artigo 59.º
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 253/266
Os encargos a suportar pelas partes pela utilização dos serviços do
Centro serão determinados pelo secretário-geral em conformidade com a
regulamentação adoptada pelo conselho de administração.
Artigo 60.º
Artigo 61.º
CAPÍTULO VII
Local do processo
Artigo 62.º
Artigo 63.º
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 254/266
a) Na sede do Tribunal Permanente de Arbitragem ou de qualquer outra
instituição apropriada, quer privada, quer pública, com a qual o Centro tenha
acordado as providências necessárias para o efeito; ou
b) Em qualquer outro local aprovado pela comissão ou pelo tribunal depois
de consultado o secretário-geral.
CAPÍTULO VIII
Diferendos entre Estados Contratantes
Artigo 64.º
CAPÍTULO IX
Alterações
Artigo 65.º
Artigo 66.º
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 255/266
pela presente Convenção, que decorram de uma aceitação da competência
do Centro, dada antes da data de entrada em vigor da alteração.
CAPÍTULO X
Disposições finais
Artigo 67.º
Artigo 68.º
Artigo 69.º
Artigo 70.º
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 256/266
escrito ao depositário da presente Convenção ou na altura da ratificação,
aceitação ou aprovação, ou subsequentemente.
Artigo 71.º
Artigo 72.º
Artigo 73.º
Artigo 74.º
Artigo 75.º
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 257/266
Feito em Washington, em inglês, francês e espanhol, tendo os 3 textos
sido igualmente autenticados num único exemplar, que ficará depositado
nos arquivos do Banco Internacional para a Reconstrução e
Desenvolvimento, que indicou pela sua assinatura abaixo aceita as
funções que lhe são confiadas pela presente Convenção.
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 258/266
Bibliografia
______________________________________________________________________
LAV COMENTADA 259/266
- ABREU/D’AVILA/MANÉ/CAMPOS, A Abitragem Voluntária e a Mediação de
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Caxinde, Luanda, 2008;
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Revista Angolana de Direito, Ano 2, n.º 2, Casa das Ideias, Luanda, 2009;
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Conferência Nacional dos Advogados – Advocacia e Constituição, OAA / CDI,
2013, pp. 62-68.
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Edition, Law Business Research Ltd, London, 2014, pp. 38-47;
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Advogados (Angola), Ano I, n.º 1, Luanda, 1998;
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Internacional de Arbitragem e Conciliação, Ano I- 2008, Almedina, Coimbra,
2009;
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- MANCE, Justice /GOLDREIN, Iain /MERKIN, Robert, Insurance Disputes,
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LAV COMENTADA 263/266
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Coimbra, 2005;
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LAV COMENTADA 264/266
Arbitragem Voluntária – A hipótese da
Relatividade da Posição do Árbitro perante o Direito de Conflitos de Fonte
Estatal, Almedina, Coimbra, 2004;
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LAV COMENTADA 265/266
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LAV COMENTADA 266/266