Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Lavoie
Post-Keynesian Heterodoxy
1.1 Quem são os pós-keynesianos?
A economia pós-keynesiana é apenas uma das muitas escolas heterodoxas de
pensamento. Dentro desse rótulo heterodoxo, do qual a maioria dos membros se opõe
claramente à economia neoclássica, encontramos marxistas, sraffianos (também
chamados de neoricardianos), neo-estruturalistas (em questões de desenvolvimento),
institucionalistas, a Escola Francesa de Regulação, economistas humanistas ou sociais,
Behavioristas, Schumpeterians (também chamados evolucionistas), economistas
feministas e muito mais.
A economia heterodoxa está sujeita a duas forças opostas. Primeiro, as escolas
heterodoxas sofrem a implosão geral da ciência e da economia em particular. Cada
abordagem heterodoxa tende a enfatizar questões particulares em um esforço para se
distinguir de outras abordagens. Embora as escolas heterodoxas sejam todas rivais, elas
são complementares, visando um aspecto particular da economia.
Em segundo lugar, há também uma tendência contrária à unidade entre as escolas
heterodoxas, talvez como resultado de sua condição de minorias em perigo. De fato,
muitos estudiosos heterodoxos buscam interações e unidade entre as abordagens. Isso é
particularmente verdadeiro para os pós-keynesianos e neo-radicais americanos
(marxistas), que trabalham em macroeconomia e teoria monetária. De fato, uma
organização em particular, a Confederação Internacional de Associações para o
Pluralismo em Economia (ICAPE), acolhe todas as heterodoxias, bem como suas
instituições e periódicos. Como tal, os contornos das diferentes abordagens são até certo
ponto arbitrários.
Como o próprio nome indica, os pós-keynesianos encontram sua principal inspiração no
trabalho de John Maynard Keynes, o famoso economista britânico da Universidade de
Cambridge. De fato, muitos afirmam que seu livro de 1936, The General Theory of
Employment, Interest and Money, deu origem à teoria macroeconômica.
E, no entanto, o livro levou a uma série de interpretações conflitantes. Os pós-
keynesianos, por exemplo, têm uma interpretação diferente da de economistas como
Paul Samuelson e James Tobin, e do restante dos chamados keynesianos de “síntese
neoclássica”. Também é bem diferente da interpretação dada pelos “novos
keynesianos”, como Gregory Mankiw, Alan Blinder e Joseph Stiglitz (ver Figura 1.1).
Os pós-keynesianos modernos, no entanto, não se limitam a Keynes. Eles também são
inspirados pelo trabalho daqueles que estavam próximos de Keynes na época em que ele
escreveu a Teoria Geral em Cambridge – como Roy Harrod e Joan Robinson – e por
aqueles que foram fundamentais na criação da Cambridge School nas décadas de 1950 e
1960. Entre esses economistas, temos Nicholas Kaldor, Michal Kalecki e Piero Sraffa.
As visões dos pós-keynesianos, como as de vários autores da Escola da Regulação
Francesa (Boyer, 1990), estão intimamente ligadas ao trabalho dos Institucionalistas,
especialmente aqueles inspirados nas ideias desenvolvidas por Thorstein Veblen e John
Kenneth Galbraith. Nesse sentido, dão continuidade ao trabalho iniciado em 1936 pelo
Oxford Economists’ Research Group. Mas, como Keynes, os economistas pós-
keynesianos geralmente se preocupam com questões macroeconômicas.