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Código: 21072

REDAÇÃO
TEXTO I
Foi na França, durante a Segunda Grande Guerra. Um jovem tinha um cachorro que todos os dias,
pontualmente, ia esperá-lo voltar do trabalho. Postava-se na esquina, um pouco antes das seis da tarde.
Assim que via o dono, ia correndo ao seu encontro e, na maior alegria, acompanhava-o com seu passinho
saltitante de volta à casa.
A vila inteira já conhecia o cachorro e as pessoas que passavam faziam-lhe festinhas e ele correspondia,
chegava a correr todo animado atrás dos mais íntimos para logo voltar atento ao seu posto e ali ficar sentado
até o momento em que seu dono apontava lá longe.
Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado. Pensa que o cachorro deixou de esperá-
lo? Continuou a ir diariamente até a esquina, fixo o olhar ansioso naquele único ponto, a orelha em pé, atenta
ao menor ruído que pudesse indicar a presença do dono bem amado. Assim que anoitecia, ele voltava para
casa e levava sua vida normal de cachorro até chegar o dia seguinte. Então, disciplinadamente, como se
tivesse um relógio preso à pata, voltava ao seu posto de espera.
O jovem morreu num bombardeio, mas no pequeno coração do cachorro não morreu a esperança.
Quiseram prendê-lo, distraí-lo. Tudo em vão. Quando ia chegando aquela hora, ele disparava para o
compromisso assumido, todos os dias. Todos os dias.
Com o passar dos anos (a memória dos homens!) as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado
que não voltou. Casou-se a noiva com um primo. Os familiares voltaram-se para outros familiares. Os
amigos, para outros amigos. Só o cachorro já velhíssimo (era jovem quando o jovem partiu) continuou a
esperá-lo na sua esquina, com o focinho sempre voltado para aquela direção.
A Disciplina do Amor, Lygia Fagundes Telles.

O texto anterior apresenta características típicas de uma narração. O personagem principal, o cachorro,
demonstra, ao longo da história, fidelidade ao dono, sempre o aguardando chegar. Mesmo após a morte do
jovem, o animal continuava seu ritual diário em esperá-lo. Inicialmente, a vã espera causava comoção nas
pessoas que presenciavam a cena. Com o passar do tempo, as lembranças sobre o soldado caíam em
esquecimento, mas o canino mantinha a esperança do seu retorno.

Veja a seguir as principais características do texto narrativo:


• Apresentação: parte do texto em que algumas personagens são apresentadas e algumas
circunstâncias da história são expostas, como o momento e o lugar de desenvolvimento da ação.
• Complicação: parte do texto em que a ação tem início propriamente dito. Os episódios se sucedem,
conduzindo ao clímax.
• Clímax: ponto da narrativa em que a ação alcança o seu momento crítico, tornando o desfecho
inevitável.
• Desfecho: solução do conflito produzido pelas ações das personagens.
• Foco narrativo:
➢ Narrador-personagem: tipo de narrador que conta a história na qual é participante. A história é
contada em 1ª pessoa e ele é narrador e personagem ao mesmo tempo.
➢ Narrador-observador: narrador em 3ª pessoa que conta a história como alguém que observa
tudo o que acontece, transmitindo os fatos ao leitor.
➢ Narrador-onisciente: sabe todas as informações sobre o enredo e as personagens, revelando
seus pensamentos e sentimentos íntimos. Normalmente ele utiliza o discurso indireto livre em
suas narrativas.

Agora é sua vez! Empregando as principais características do texto narrativo, escreva uma história,
considerando a imagem a seguir:

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Disponível em: <https://ofelm.com.br/ccxp-2017-cosplayers-do-evento-concurso-de-cosplayers/>.

Orientações gerais a respeito do texto que você irá produzir:

1. Deverão ser escritas 20 linhas, no mínimo, 25 linhas, no máximo.


2. O texto deverá ser dividido em parágrafos, escrito na 1ª pessoa.
3. Escreva em letra legível, não faça rasuras e respeite as margens.
4. Elabore seu texto de acordo com a norma-padrão para a modalidade escrita.

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