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LITERATURA ORAL TRADICIONAL

Conjunto de textos, tendo cada um as suas caraterísticas próprias.


. São textos literários possuidores de um vocabulário único e de uma linguagem distinta.
. São textos que seguem uma geração e correm de boca em boca.
. Cada texto, à sua maneira, transporta-nos para um mundo diferente.
. Cada um transmite uma mensagem, um ensinamento, uma lição….
. O conhecimento do povo está presente em quase todos os textos.
. O povo cria e recria e mantém viva a tradição.
. Brinca-se com as palavras de forma inteligente.

CONTO TRADICIONAL: Narrativa inventada pelo povo, breve e simples, transmitida oralmente e com uma finalidade lúdica e moralizante. Grande parte dos contos
recorre ao maravilhoso, apresentando muitos elementos simbólicos.

PROVÉRBIO: Também conhecido como ditado popular, é uma frase, sob a forma de máxima ou sentença, que transmite um saber e encerra uma moral, sendo
transmitida de geração em geração.

LENGALENGA: Texto lúdico, de extensão variável, geralmente rimada, facilitando a sua memorização. Cantilena na qual se repetem palavras ou expressões.

ADIVINHA: Enigma que consiste num jogo de palavras, com vista a encontrar uma solução.

QUADRA POPULAR: Poema com quatro versos, de origem popular, com finalidade lúdica ou satírica (=crítica), recorrendo a repetições e rimas, de forma a facilitar a
sua memorização.

LENDA: Narrativa transmitida oralmente, de geração em geração, que assenta em factos reais modificados pela fantasia. Resulta de uma mistura de realidade e fantasia.
Pode possuir um fundo histórico, destinar-se à explicação de um facto geográfico ou explicar a origem de lugares.

FÁBULA: Narrativa breve e simples, em verso ou em prosa, em que as personagens são animais ou seres inanimados. Tem uma função lúdica e moralizante, pois
pretende representar as qualidades e os defeitos do ser humano.
Desde os tempos mais remotos, os serões das famílias eram passados em grupo, com as pessoas a conversarem e a confraternizarem .
E outros……..
Na Idade Média, sobretudo, a falta de acesso à cultura levava os homens do Povo a fantasiarem a sua própria vida ou a imaginarem-se na pele dos senhores que serviam.

Assim surgiam histórias fantásticas de príncipes e princesas, de bruxas e dragões, de fadas e de plantas mágicas….. Nada era escrito, tudo era memorizado e
recontado, de geração em geração, numa lengalenga de impressionante beleza e suspense.

As primeiras histórias que apareceram eram ditas em verso, com rimas muito simples que facilitavam a memorização. Eram os chamados ROMANCES. Alguns deles
foram recolhidos e guardados, por escrito, no ROMANCEIRO TRADICIONAL PORTUGUÊS que, assim, salva o que é conhecido como PATRIMÓNIO DA LITERATURA
ORAL TRADICIONAL.
CARATERÍSTICAS DO CONTO TRADICIONAL POPULAR

. Texto anónimo, ao contrário dos contos de autor a que estamos habituados.


. Bastante breve porque está em jogo a capacidade de memorização do «CONTADOR»
. A descrição de personagens ou ambientes quase não existe. Se existe, é muito breve e não sobressai na história.
. O tempo e o espaço onde se desenrola a ação são indeterminados e muito vagos. Ex: «era uma vez…» «há muito tempo…» «num reino distante…»
. As personagens são poucas e repetem-se bastante de conto para conto. Normalmente, nem sequer são identificadas pelo nome.
. As personagens não são caraterizadas, limitando-se a serem boas, más, feias, bonitas…..
. Não existem barreiras na relação entre as personagens. Os animais falam com os humanos e estes podem transformar-se em animais ou em objetos.
Ex: «o príncipe que se transforma em sapo.»

. A fórmula de construção do conto é fixa:

- situação inicial = momento em que se anunciam as personagens e o ponto de partida.

- acontecimento perturbador = pretexto, intriga… que provoca perturbação na ordem inicial.

- força retificadora = momento em que se desenvolvem peripécias que ajudam a resolver toda a perturbação inicial.

- situação final = restabelecimento da ordem com que se tinha iniciado a ação.

. O final do conto tem sempre um objetivo moralizante, ou seja, pretende transmitir um ensinamento que se relaciona, quase sempre, com a ideia de que o
Bem vence sempre o Mal.

. As categorias da narrativa para o conto de autor não são aplicáveis ao conto tradicional. Este tipo de texto procura analisar as funções das personagens e as suas
inter-relações como intervenientes na história. Assim, temos:

«destinador – objeto - destinatário – adjuvante - sujeito - oponente»

Destinador: Personagem ou força superior que decide a favor ou contra a obtenção do objeto pelo Sujeito.

Destinatário: Personagem sobre quem recai a decisão favorável ou desfavorável do destinador.

Sujeito: Personagem empenhada na procura de um objetivo representado no objeto.

Objeto: Personagem ou coisa que o Sujeito procura obter ou atingir.


Adjuvante: Personagem ou qualquer coisa que facilita a obtenção do objeto por parte do Sujeito. Ajuda na história.

Oponente: Personagem ou coisa que dificulta o Sujeito de obter ou alcançar algo.

. Outro aspeto importante é o da SIMBOLOGIA que percorre, repetidamente, os Contos Tradicionais.

Por exemplo:

O número três = símbolo do mistério, da ordem, do equilíbrio, da harmonia, da união.


O número sete = número sagrado, às vezes benéfico, outras maléfico; representa também a passagem do conhecido para o desconhecido e gera, quase
sempre, uma certa ansiedade. Pode ser símbolo de vida eterna e de perfeição, da mudança de um ciclo completo.
Rei = representa a justiça, a paz, a garantia de equilíbrio e harmonia do mundo.
Filha do Rei = símbolo da proteção, mas também do prémio; normalmente, é dada ao herói como recompensa da sua audácia e coragem.
Príncipe/Princesa = símbolo de ideal do homem e da mulher, em termos de beleza, poder, sonho, juventude, amor e heroísmo.
Palácio/Castelo = representa o mistério, a proteção, a riqueza, aquilo que se deseja e não se tem, o inacessível para o povo.
Anel = objeto que se significa a continuidade, a totalidade, a ligação fiel, o compromisso, o pacto. É sempre aceite e oferecido livremente.
Rosa/Flor = símbolo do amor e do afeto.
Ouro = metal perfeito, perfeição absoluta, brilho, luz, conhecimento.
Cavalo = representa uma dualidade: a morte ou a vida, a destruição ou o triunfo.
Pomba = animal sociável, simboliza a espiritualidade, a pureza, a simplicidade, a harmonia, a esperança e a felicidade reencontrada.
Fonte = símbolo da maternidade, origem da energia espiritual e da vida eterna.
Água = fonte de vida, meio de purificação, símbolo da pureza, da força e da fecundidade.
Cidra = é o fruto da cidreira, uma espécie de limoeiro. É o fruto proibido e, tal como a maçã, pode relacionar-se com a virgindade ou com o pecado.
Laço = se for de pano, simboliza a amizade; de prata, o namoro; de ouro, o casamento e o sinal da realeza.
Herói/Vilão = símbolo da bondade/símbolo da maldade.
Bruxa/Feiticeira/Madrasta = quase sempre presentes nos contos como forma de simbolizar o Mal.
Fadas/Madrinhas = também necessárias nos contos para combaterem o Mal e revelarem o Bem.
Veneno/Poções/Espadas = usados para a prática do Mal.
Varinha Mágica/Beijo = símbolo da transformação do Mal.

CARATERÍSTICAS DA LENDA

. Ao contrário do conto tradicional, a lenda baseia-se em factos reais.


. A maior parte das Lendas enquadram-se num espaço e num tempo determinados.

. As personagens também são reduzidas, mas na maior parte das vezes estão identificadas.

Temos alguns exemplos de Lendas:

- Lendas Religiosas = são narrativas cristãs referentes à intervenção de Jesus Cristo e Maria na vida dos humanos.

- Lendas Mitológicas = são contadas em certas localidades e abordam factos que, segundo o povo, tiveram intervenções do diabo, de fantasmas, de gigantes, de
bruxas, de sereias, de feiticeiras ou de monstros.

- Lendas Históricas = referem-se a personagens da História de um país, locais ou monumentos. Por vezes, em vez de incluírem elementos do maravilhoso (não
reais) são contadas de uma forma exagerada, e simbólica. Por exemplo: « A Lenda da Padeira de Aljubarrota».

- Lendas Etimológicas = são aquelas que estão na origem de povoações ou lugares. Por exemplo: « A Lenda da Ilha da Madeira»

- Lendas de Mouros = estão associadas ou à morte ou à prosperidade.

- Lendas de povoações desaparecidas = procuram justificar o desaparecimento de lugares ou a ruína de aldeias, ilhas ou cidades.

A Professora: Júlia Cristina

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