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ACADEMIA MILITAR “MARECHAL SAMORA MACHEL”

Paula Bové António

(Infantaria)

“PERCEPÇÕES DOS CADETES DO 1° ANO E OFICIAIS DO CORPO DE


ESTUDANTES SOBRE INDISCIPLINA, CASO ACADEMIA MILITAR
MARECHAL SAMORA MACHEL”

Nampula
2016
Paula Bové António

“PERCEPÇÕES DOS CADETES DO 1° ANO E OFICIAIS DO CORPO DE


ESTUDANTES SOBRE INDISCIPLINA, CASO ACADEMIA MILITAR
MARECHAL SAMORA MACHEL”

Trabalho de Investigação Aplicada (TIA)


submetido à Academia Militar “Marechal Samora
Machel”, como requisito para obtenção do Grau de
Licenciatura em Ciência Militares na especialidade
de Infantaria.

Orientador: Pedro Marcelino Maloa

(Coronel PhD)

Nampula
2016

Academia Militar Marechal Samora Machel 3


FOLHA DE APROVAÇÃO

Paula Bové António

“PERCEPCÕES DOS CADETES DO 1° ANO E OFICIAIS DO CORPO DE


ESTUDANTES SOBRE INDISCIPLINA, CASO ACADEMIA MILITAR
MARECHAL SAMORA MACHEL”

Esta monografia foi apresentada à Academia Militar “Marechal Samora Machel”, para
obtenção do Grau Académico de Licenciatura em Ciências Militares na especialidade de
Infantaria, tendo sido atribuída a classificação final de _____(________) valores.

Nampula, _____ de Novembro de 2016

O Presidente da mesa de júri


___________________
( tenente coronel )

O Oponente
_________________
( Tenente )

O Orientador
Pedro Marcelino
__________________
(Coronel PhD)

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DECLARAÇÃO DE HONRA

Declaro por minha honra que este Trabalho de Investigação Aplicada é resultado da minha
pesquisa e das orientações do meu tutor, o seu conteúdo é original e todas as fontes
consultadas estão devidamente mencionadas no texto e na bibliografia final.

Declaro ainda, que este trabalho não foi apresentado em nenhuma instituição de ensino para
obtenção de qualquer grau académico.

Nampula, aos _____ de ________________ de 2016

________________________

Paula Bové António

(Aspirante à Oficial de Infantaria)

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais Bové António e Ana Paula Ambrósio, irmãos, familiares, aos colegas da
especialidade de Infantaria que estiveram comigo nos momentos em que precisei aos meus
amigos que directa ou indirectamente me incentivaram e me ajudaram na sua prossecução e
concretização.

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AGRADECIMENTOS
A Deus pela vida, pela sabedoria, por todas as minhas conquistas pessoais e profissionais, e
por ter colocado na minha trajectória pessoas tão especiais, que não mediram esforços em
me apoiar durante a realização desta monografia. A estas pessoas especiais meus sinceros
agradecimentos.
À meu tutor, Coronel Pedro Marcelino Malôa, pelos desafios, cada vez mais complexos, que
me impôs ao longo do trabalho e pelo estímulo e exigência crescente à medida que a
monografia caminhava para a sua conclusão. Agradeço ainda, sua disponibilidade,
dedicação e o acompanhamento demonstrado na orientação técnica e cientifica deste
trabalho.
À minha Família, pelo constante incentivo e encorajamento para ultrapassar os desafios
encontrados durante do meu crescimento académico e pela motivação que sempre despertou
em mim. Aos meus irmãos Luís, Raima, Gildo, Elsa, Miguel e Esperança, que sempre me
acharam melhor do que realmente sou, me motivando, assim, a continuar nos estudos.
Ao meu cunhado José que muito mi incentivou a continuação dos meus estudos .
Um especial agradecimento vai também ao meu namorado António Panganana Chigarrisso
pela paciência dedicação e conselhos que deu-me durante esses longos anos de formação.

À Academia Militar por toda a formação que me deu, tendo em vista não só a minha
formação como militar, mas também a minha formação como pessoa. Constituindo para
mim um marco inequívoco no meu desenvolvimento e na minha vida

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EPÍGRAFE

“Evoluir é reconhecer nossos erros.


Não para concertá-los, mas para
não repeti-los”.

(Amanda Chankur)

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LISTA DE TABELAS
Quadro1…………………………………………………..………. Participantes do estudo

Quadro2………………………………………… Quadro resumo de questões de investigação

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LISTA DE SIGLAS
AM………………….……………..……..…………. ………….………….Academia Militar

CE……………………………………………………………….………Corpo de Estudantes

FADM…………………………….……….. …. Forças Armadas de Defesa de Moçambique

TIA…………………………………..……….. …………Trabalho de Investigação Aplicada

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RESUMO

A disciplina militar teve sempre uma importância fulcral para o cumprimento


integral da missão atribuída aos exércitos. Desde os tempos mais longínquos até à
actualidade, a disciplina foi sempre elemento essencial para as vitórias no campo de
batalha. No caso da Academia Militar, a disciplina é fundamental para o bom desempenho dos
estudantes no Curso de Formação de Oficiais. Este trabalho subordinado ao tema as percepções dos
cadetes do 1° ano e oficiais do Corpo de Estudantes sobre indisciplina tem como objectivo analisar
indisciplina no 1°ano de 2016 segundo a percepção de cadetes e oficiais da Academia Militar
Marechal Samora Machel. O estudo de predominância qualitativa, baseou-se em dados colhidos por
meio de entrevista semiestruturada à cinco oficiais do Corpo de Estudantes e por inquéritos dez
cadetes do 1°ano de 2016. O trabalho desenvolveu-se durante o segundo semestre do ano lectivo de
2016. Os resultados mostram que todos participantes concebem a indisciplina relacionando-a com o
incumprimento de normas e que são frequentes os três tipos de indisciplina, a passiva , a activa e a
confrotativa; apontam como causas da indisciplina as pessoais e organizacionais. Como medidas
para reduzir a ocorrência de indisciplina propõem os modelos preventivo e punitivo como sendo o
mais adequados.

Palavras chaves: indisciplina, indisciplina passiva, indisciplina activa, indisciplina confrotativa,

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ABSTRAT

Military discipline has always had a central importance for compliance full of the mission assigned
to the armies. Since the most ancient times to Currently, the discipline has always been essential to
the victories in the field of battle. In the case of the Military Academy, discipline is critical to the
performance of students in the Officer Training Course. This work on the subject of the perceptions
of the cadets of the 1st year and officers of the Student Body of indiscipline aims to analyze
indiscipline on 1st year 2016 according to the perception of cadets and officers of the Military
Academy Marshal Samora Machel. The study of qualitative predominance was based on data
collected through semi-structured interview with five officers of the Student Body and surveys ten
cadets of the 1st year of 2016. The work was developed during the second semester of the academic
year 2016. the results show that all participants conceive indiscipline relating it to the default rules
and are frequently the three types of indiscipline, passive, active and confrotativa; point as causes of
indiscipline personal and organizational. As measures to reduce the occurrence of indiscipline
propose the preventive and punitive models as the most suitable.

Key words: discipline, discipline passive, active indiscipline indiscipline confrotativa,

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ÍNDICE
FOLHA DE APROVAÇÃO.................................................................................................... ii

DECLARAÇÃO DE HONRA ............................................................................................... iii

DEDICATÓRIA ..................................................................................................................... iv

AGRADECIMENTOS .............................................................................................................v

“Evoluir é reconhecer nossos erros. ....................................................................................... vi

LISTA DE TABELAS .......................................................................................................... vii

LISTA DE SIGLAS ............................................................................................................. viii

RESUMO ............................................................................................................................... ix

ABSTRAT ................................................................................................................................x

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................13

1.1Indisciplina ........................................................................................................................16

1.2Factores de indisciplina .....................................................................................................17

1.3Factores inerentes ao indivíduo .........................................................................................17

1.4Factores relacionados com o contexto familiar .................................................................17

1.5Factores sociais e políticos ................................................................................................18

1.5.1Factores institucionais ....................................................................................................18

1.5.2Abordagens teóricas .......................................................................................................18

1.5.3Indisciplina no contexto militar ......................................................................................22

1.5.4Tipos de indisciplina.......................................................................................................22

1.5.5Níveis de indisciplina .....................................................................................................22

1.5.6Causas ou factores da indisciplina ..................................................................................23

CAPITULO II: DESENHO METODOLÓGICO ...................................................................25

2.1. Tipo de pesquisa ..............................................................................................................25

2.3. Critério de inclusão no estudo .........................................................................................28

2.4. Instrumentos de recolha de dados....................................................................................29

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CAPITULO III: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS ..........................................30

3.1. Percepções sobre indisciplina ..........................................................................................30

3.2 Percepções sobre os tipos de indisciplina ........................................................................33

3.3 Factores de ocorrência de indisciplina..............................................................................34

3.4 Medidas para redução de ocorrência de indisciplina ........................................................36

3.5. Discussão dos Resultados ................................................................................................38

3.6.1. O autoconhecimento do líder militar ............................................................................39

3.6.2. Porquê e como desenvolver o autoconhecimento.........................................................40

CONCLUSÕES ......................................................................................................................43

SUGESTÕES .........................................................................................................................44

BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................45

APÊNDICES .......................................................................... Erro! Marcador não definido.

APÊNDICE I ..........................................................................................................................49

APÊNDICE II .........................................................................................................................50

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INTRODUÇÃO
A problemática da indisciplina permanece actual através dos tempos tendo-se tornado alvo
de debates alargados. Hoje no conjunto das questões e problemas que se colocam às
instituições militares, a indisciplina ocupa um lugar central pelas preocupações e
responsabilidades dos órgãos de gestão, assim como, das lideranças militares, e também por
vezes da sociedade em geral. Segundo Renca (2008) a indisciplina, sendo um fenómeno
antigo, tem nos dias de hoje uma relevância crescente perante a qual as lideranças revelam
notórias dificuldades em lidar. Curto (1998), afirma que “ (…) a indisciplina não está
relacionada, em primeiro lugar, com a própria definição do seu conceito” (p16), por vezes
resulta das relações que se estabelecem entre os diversos atores sociais; a escola actual é
muito diferente da escola de há cinquenta anos.

Na nossa realidade a indisciplina permanece, sendo um dos maiores problemas de liderança


das tropas enfrentados pelos comandantes das unidades e subunidades das Forças Armadas
de Defesa de Moçambique (FADM). A disciplina consiste num dispositivo e num conjunto
de regras de conduta destinada a garantir diferentes actividades no quartel. Ela nos permite
entrar na cultura da responsabilidade e compreender que as nossas acções têm
consequências.

Na Academia Militar têm sido reportados quase diariamente casos de indisciplina cometidos
por cadetes de todos os anos, havendo situações em que as lideranças são obrigadas a tomar
medidas extremas que culminam com a desvinculação de cadetes do Curso de Formação de
Oficiais, para além de prisões escolares e outro tipo de punições. Apesar de todo esforço
com vista a reduzir a ocorrência de casos de indisciplina a situação parece tender a
aumentar.

Actualmente, oficiais do Corpo de Estudantes, docentes e até familiares dos cadetes têm se
interessado sobre a indisciplina, procurando explicações, tentando descobrir o que realmente
faz com quem os cadetes cometam actos indisciplinados durante a sua formação na AM.

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No fenómeno da indisciplina, há variáveis de diversa natureza, que transcendem os
diferentes actores, referimo-nos aos cadetes, oficiais do Corpo de Estudantes, docentes e
pessoa técnico administrativo, no caso concreto da Academia Militar.

A permanência na Academia Militar de um número elevado de cadetes com motivações,


expectativas, e competências diferentes resulta em diferenças nas percepções a cerca do
fenómeno indisciplina, percepções estas que, no nosso entender, deverão ser tomadas em
conta sempre que se pretenda reverter situações de incumprimento das normas.

Assim sendo, a escolha do tema sobre As percepções dos cadetes do 1° ano e oficiais do
corpo de estudantes sobre indisciplina como tema para este Trabalho de Investigação
Aplicada (TIA), prende-se com razões de ordem pessoal e profissional. Pessoal na medida
em que a indisciplina nas unidades militares em geral e particularmente na Academia Militar
tem sido pouco estudada e até descorado ao nível da formação dos futuros Oficiais das
FADM no sentido de potencia-los para enfrentar o fenómeno na sua vida profissional futura.
Ao nível profissional por se tratar de um desafio à reflexão da indisciplina e seus factores
determinantes o que poderá proporcionar uma oportunidade impar na minha carreira militar.
Deste modo, o presente trabalho assume-se como uma tentativa de compreensão do
problema em questão, permitindo propor medidas de intervenção que diminuam a
indisciplina entre cadetes do 1° ano, medias essas aplicáveis em unidades e subunidades
militares.

Assumindo que a indisciplina no contexto militar não é um fenómeno abstracto que mantém
sempre as mesmas características, por isso percepcionada de maneira diferente em função
acha-se pertinente questionar: Que percepções os cadetes do 1° ano e Oficiais do Corpo de
Estudantes, a ele adstrito, têm sobre a indisciplina na AM?

Que medidas devem ser tomadas para reduzir a ocorrência de casos de indisciplina entre
cadetes do 1° ano?

Estas questões fundamentais do estudo foram desdobradas em quatros questões de


investigação a saber:

 Como os sujeitos pesquisados percebem a indisciplina na AM?

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 Que tipos de indisciplina é mais frequente entre cadetes do 1 ano de 2016 da
AM?
 Quais os factores relacionados a indisciplina dos cadetes do 1° ano de 2016
da AM?
 Que medidas devem ser tomadas que ajudem na redução significativa de
indisciplina?

A pesquisa está baseada fundamentalmente na abordagem qualitativa e a recolha de dados


foi feita por meio de entrevistas aos oficiais do Corpo de Estudantes da Academia Militar e
questionário aos cadetes do 1° ano num total de quinze informantes com a vista a seguinte
objectivo geral: Apurar as percepções sobre o fenómeno indisciplina entre oficiais do Corpo
de Estudantes e cadetes do 1° ano de 2016.

Este grande objectivo foi operacionalizado mediante os seguintes objectivos específicos:

 Explorar qual é o conceito de indisciplina para os cadetes do 1° ano e para os oficiais


do Corpo de Estudantes.
 Perceber que tipo de indisciplina é mais frequente, à luz das teorias de indisciplina;
 Identificar as percepções dos cadetes e oficiais, sobre os factores que concorrem para
a ocorrência de indisciplina no 1° ano.
 Propor mediadas com vista a reduzir casos de ocorrência de indisciplina no 1° ano.

De modo a facilitar a compreensão da estrutura deste trabalho, foi organizado em quatro


capítulos: o primeiro capítulo refere-se à pesquisa teórica realizada, ou seja, é apresentado o
referencial teórico que serviu de suporte para compreensão do fenómeno indisciplina, onde
se destacam os diferentes conceitos sobre indisciplina, tipos de indisciplina e factores de
indisciplina; o segundo capítulo diz respeito ao desenho metodológico e sua fundamentação
que serviu de base para a busca de respostas às questões de estudo levadas ao campo com
recurso a entrevista e inquérito dirigidos aos cadetes e oficiais do Corpo de Estudantes; nele
se descreve a metodologia, onde se incluí os instrumentos de recolha de dados. No terceiro
capítulo faz-se a análise e interpretação de dados pelo método de análise de conteúdos das
entrevistas e do inquérito.

Antes das conclusões apresenta-se uma proposta de acções com vista a reduzira ocorrência
de casos de indisciplina.

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CAPÍTULO I: REFERENCIAL TEÓRICO

Dada a exiguidade de literatura que trata especificamente da indisciplina no contexto militar


e porque considera-se que a problemática de indisciplina é de âmbito genérico nas
organizações sociais, como é o caso de escolas, quartéis, hospitais, fabricas, etc., a literatura
convocada para o presente estudo foi quase na sua totalidade, de âmbito escolar; pretende-se
porém fazer extrapolação, dessa literatura do domínio escolar, para o domínio militar, sem,
claro, descurar as especificidades do contexto militar caracterizadas fundamentalmente pela
centralidade de comando, autoritarismo e rigidez no cumprimento das normas.

1.1Indisciplina
A indisciplina não é um problema de hoje, nem é um problema novo, e diferencia-se, na sua
natureza, da violência (Hall, 2008). O conceito de indisciplina abarca um conteúdo
polissémico (Estrela, 2002), abrange uma diversidade de noções e, por isso mesmo, presta-
se a variações de leitura e de interpretação. Existe indisciplina quando ocorre uma quebra ou
um corte em relação à norma, à regra estabelecida e àquilo que está estipulado como
socialmente correcto, quer de uma forma explícita, em normas e regulamentos formais, quer
de uma forma implícita, na prática e na vivência quotidiana e informal de uma instituição,
ou de um contexto em particular (Amado, 2000a, 2005; Amado & Freire, 2002a, 2002b e
2009; Estrela, 2002, Sebastião, 2003).

A palavra indisciplina de acordo com o Novo Dicionário Aurélio, significa “procedimento,


acto ou dito contrário à disciplina; desobediência desordem; rebelião” (Ferreira, 1986, p.
1463). Abordando o tema disciplina e indisciplina, La Taille, esclarece que, se entendermos
por disciplina comportamentos regidos por um conjunto de normas, a indisciplina poderá se
traduzir de duas formas: 1. A revolta contra as normas; 2. O desconhecimento delas. No
primeiro caso, a indisciplina traduz-se por uma forma de desobediência insolente; no
segundo, pelo caos dos comportamentos, pela desorganização das relações (1996, p. 10).

Conforme aponta Estrela (1992, p. 17) “a indisciplina pode ser pensada como negação da
disciplina, ou como desordem proveniente da quebra das regras estabelecidas pelo grupo”.
(apud Santos, 2007).

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Assim, a indisciplina está relacionada com expectativas, com modos esperados de actuação
dos outros, o que implica uma interacção com os outros e com um determinado contexto,
situação e/ou cenário. A indisciplina ocorre em situação e em relação a outros, ou a
instituições (Aires, 2009; Afonso, Amado, & Jesus, 1999).

Etimologicamente, a indisciplina define-se negativamente, por ausência de ordem,


desobediência à regra. Significa que a indisciplina, por si só, não é sinónimo de
delinquência, perversão, maldade ou violência.

A disciplina está relacionada com a existência de regras e com o grau de cumprimento


dessas regras. É importante que a regra exista. É importante que a regra seja conhecida. É
importante que a regra seja partilhada. Mas o modo como a regra é comunicada também é
decisivo e pode fazer a diferença. A disciplina é um meio, um meio que torna possível a
aprendizagem e a autonomia, que contribui para um clima securizante e estimulante de
acesso ao saber, à curiosidade, à inovação.

A indisciplina não é uma doença mas sim um sintoma (Estrela & Ferreira, 2001; Estrela,
2002; Strecht, 2008). É um sintoma da doença das instituições, um sintoma de que algo está
mal (Barroso, 2001a, 2001b). Assim, é necessário um diagnóstico exacto, uma compreensão
clara do fenómeno e do que ele traduz, para depois se poder actuar.

1.2Factores de indisciplina
De um modo genérico é possível enunciar como causas da indisciplina os seguintes aspectos
(Amado & Freire, 2009):

1.3Factores inerentes ao indivíduo


Aqui estão contemplados todos os aspectos que se prendem com particularidades do sujeito,
podendo passar pela história de vida de cada um, bem como problemas de ordem
psicopatológica, baixas perspectivas futuras, falta de competências de estudo, entre outros
(Trzesniewski, Moffitt, Caspi, Taylor & Maughan, 2005; Moffitt & Caspi, 2002).

1.4Factores relacionados com o contexto familiar


Os comportamentos desviantes dos jovens são altamente influenciados pelo comportamento
familiar, visto que os disfuncionamentos familiares marcam inegavelmente a história de vida
de um sujeito (ex.: negligência parental, maus tratos, falta de afecto). Circunstâncias

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familiares podem criar crianças/jovens que, por se sentirem “abandonadas” e
incompreendidas, tornam-se agressivas na tentativa de chamar à atenção (Steinberg, Blatt-
Eisengart & Cauffman, 2006).

Sem cair no extremo anteriormente referido, também as famílias cuja comunicação é pouco
coesa ou inexistente, os estilos parentais e de autoridade são desajustados ou verifica-se uma
inexistência de qualquer supervisão na vida académica dos filhos, poderão estar a
comprometer o desempenho interpessoal das crianças/jovens (Campos, 2007).

1.5Factores sociais e políticos


Os comportamentos indisciplinados também podem advir de uma incompatibilidade entre os
valores, linguagem e a cultura particular da escola com a das famílias. Ou seja, a
discrepância entre as classes dominantes e as restantes, faz com que as classes oriundas,
geralmente, das classes minoritárias reproduzam regras e valores distintos, sendo
complicado encontrarem um ponto de equilíbrio para coexistirem em meios com muita
diversidade cultural (Andréo, 2005).

1.5.1Factores institucionais
A indisciplina também pode ser motivada por factores internos ao ambiente da instituição,
seja pela organização das turmas, os conteúdos curriculares, o ambiente escolar, retenções
lectivas, quer seja pela própria forma como os docentes desempenham as suas funções
(estilos de autoridade e modos de interacção) (Merle, 2005; Gouveia-Pereira, 2008).

1.5.2Abordagens teóricas
As diferentes abordagens teóricas que sustentam o estudo da indisciplina estão, também,
directamente relacionadas com o modo como os autores perspectivam este fenómeno,
nomeadamente quanto às causas, prevenção e intervenção) (Aquino, 2003). As principais
correntes teóricas explicativas da indisciplina são: Sociológica (mudanças na sociedade e na
família; condições externas ao sujeito); Psicológica (problemas emocionais e psicológicos)
– com enfoque Psicanalítico, Cognitivista e Comportamental; Pedagógica (funcionamento
das instituições de formação: atividades pedagógicas, relação professor/aluno, estrutura
escolar, currículo); e Sócio-histórico-cultural (Pereira, 2009).

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Souza (2005) refere a existência de duas abordagens sociológicas cruciais para a
compreensão da indisciplina escolar de acordo com esta perspectiva: a teoria de Émile
Durkheim e a teoria de Karl Marx. Durkheim, pioneiro no estudo sociológico do contexto de
sala de aula, depreende que a disciplina escolar deve ser vista como a “moral” propriamente
dita, ou seja, trata-se de uma disciplina social uma vez que o principal propósito da escola é
preparar o aluno para a sociedade. Para que tal aconteça, é preciso instaurar um sistema
disciplinar autoritário, onde um sujeito terá o poder moral capaz de fazer com que a criança
se desenvolva de acordo com determinadas regras e esteja capaz para a inserção na
sociedade.

De acordo com esta perspectiva, a disciplina é a “normalização dos sujeitos”, fazendo com
que estes adquiram determinadas características esperadas – desenvolvimento da
homogeneidade em sociedade (Souza, 2005).

Já na teoria de Marx (Pereira, 2009), a indisciplina pode ser explicada como reflexo de uma
luta de classes; uma expressão do inconformismo de uma classe desfavorecida
economicamente. A indisciplina é evidenciada quando estes alunos se revoltam contra a
cultura estratificada imposta na escola (padrões, esquemas e certos códigos normativos e
valorativos), ou seja, uma educação direccionada para a actuação de acordo com um código
de normas que os identifique como pertencentes a uma determinada classe social (Pereira,
2009).

As abordagens psicológicas analisam a indisciplina sob o enfoque do desenvolvimento


cognitivo, comportamental e mecanismos psicológicos que potenciam a aprendizagem de
conteúdos e condutas. De entre as abordagens psicológicas, as que evidenciaram maior
repercussão nos seus estudos ao nível da indisciplina escolar foram as de enfoque
comportamental, cognitiva e psicanalítica (Souza, 2005).

Relativamente à abordagem comportamental, Souza (2005), investigou quais as variáveis


sociais que poderão condicionar a indisciplina, procurando estabelecer uma associação entre
a indisciplina e os factores psicológicos sociais e/ou pedagógicos que poderão estar na sua
origem. Esta abordagem assenta primordialmente na aplicação de instrumentos (testes,
questionários e escalas), para posteriormente tentar estabelecer correlações entre variáveis

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como o Q.I., a motivação escolar, o insucesso escolar, o nível socioeconómico e as
características familiares.

Os estudos efectuados de acordo com esta abordagem assentam em perspectivas


marcadamente correctivas, pois procuraram compreender o fenómeno para depois tentar
saber quais as possíveis causas e, deste modo, pensar numa intervenção eficaz e duradoura.
Tem por base os modelos que se fundamentam nos princípios da aprendizagem social de
Vygotsk, onde os conhecimentos e comportamentos do sujeito provêm da interacção com o
meio e com os outros; e do condicionamento operante, como é o caso da teoria de Skinner,
onde este defende o reforço como preditivo de melhorias no comportamento (Souza, 2005).

Quanto à abordagem cognitivista, Souza (2005) defende que o desenvolvimento humano


ocorre a nível racional, cognitivo e moral; sendo os indivíduos sempre responsáveis pelas
suas atitudes e decisões. Esta abordagem cognitivista acerca da disciplina tem por base a
obra de Piaget, focando-se na análise do modo como os sujeitos constroem os seus
pensamentos, julgamentos e a moralidade, ou seja, o modo como as crianças reflectem sobre
o cumprimento de determinadas regras e a moralidade, de modo independente e
democrático.

Partindo do pressuposto Piagetiano, todos os comportamentos são construídos, incluindo o


comportamento moral. Este autor afirma que as relações de cooperação pautadas no respeito
mútuo proporcionam o desenvolvimento moral, e se a moralidade é construída, o contexto
escolar seria um dos locais de maior importância no desenvolvimento moral do sujeito
(Souza, 2005).

Do ponto de vista cognitivo, a indisciplina ocorrerá como reflexo do nível de


desenvolvimento moral do indivíduo, podendo ser avaliado consoante o respeito
demonstrado pelo cumprimento de regras justas (princípios democráticos estabelecidos num
grupo para assegurar o bem estar comum) (Souza, 2005).

Por fim, a abordagem psicanalítica defendida por Silva (2004) refere que os conceitos
elaborados por Freud, Lacan e Winnicott são os que elucidam da melhor forma as pesquisas
psicanalíticas em torno da indisciplina, pois através dos estudos sobre a
violência/agressividade tentam explicar o funcionamento da indisciplina escolar. De acordo

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com este autor, Freud considerou que a agressividade era algo inato ao homem, sendo que
somente por meio de mecanismos psíquicos é que ela poderá ser direccionada para fins
socialmente úteis e aceitáveis (práticas desportivas, estudos, trabalho). Quando esta
agressividade não é direccionada para algo socialmente benéfico, ela traduz-se em actos
violentos. Já para Winnicott, de acordo com Silva (2004), a violência e a indisciplina são
reacções a situações de extrema frustração. Por fim, Lacan refere que o comportamento
indisciplinado é o modo encontrado pelo individuo para reconstruir a sua auto-imagem
(narcisismo), tentando reconstruir a imagem que ele acredita representá-lo.

Quanto às abordagens pedagógicas da indisciplina, estas tentam analisar as interferências


directas que o processo didáctico e pedagógico, nomeadamente os conteúdos leccionados,
práticas e métodos de ensino, trabalho pedagógico escolar, relações interpessoais na escola,
avaliação, entre outros elementos; poderão ter no surgimento da indisciplina escolar
(Pereira, 2009). De acordo com a perspectiva de Yasamaru (2006), o professor é o agente
potencializador das condições de disciplina na sala de aula, pois está no seu domínio
apresentar os objectivos e valores defendidos pelo sistema educativo. Assim, compete ao
docente fomentar um ensino significativo e participativo, onde para além da disciplina, o
estudante manifeste espontaneamente os seus sentimentos e pensamentos. Esta abordagem
defende que o combate à indisciplina passa pelo respeito às regras escolares, só plenamente
alcançáveis quando trabalhadas em comum. Ou seja, o estudante tem de perceber quais os
objectivos e o porquê das regras existentes no âmbito escolar, para poder tentar cumpri-las
disciplinadamente.

Por último, a abordagem socio-histórico-cultural da indisciplina coloca especial enfoque


sobre o contexto histórico e cultural em que a criança se insere, ou seja, o meio em que vive
e de que forma as influências directas e indirectas poderão contribuir para a aprendizagem
da criança. Considera-se que o processo de desenvolvimento psíquico é mediado por
elementos culturais e agentes externos - físicos e sociais - que acabam por poder determinar
o funcionamento psicológico e os comportamentos socialmente determinados. Deste modo,
a indisciplina só poderá ser verdadeiramente analisada quando contextualizada no seu meio,
pois poderá variar de acordo com os costumes, tradições, regiões, países e sofrendo
evoluções ao longo dos tempos (Oliveira, 2005).

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Esta abordagem tem como principal contributo a teoria de Vigotsky, também denominada de
abordagem socio-interacionista ou sócio-histórica, que defende uma visão ampla, integrada
e dialéctica dos diferentes agentes que interferem na formação de um determinado
comportamento individual, tentando compreender os traços pessoais de cada sujeito (valores
e atitudes psíquicas) que possam estar associados a uma aquisição cultural. Desta forma, a
indisciplina poderá ser analisada de um modo mais geral e menos fragmentado, analisando
os diferentes factores que poderão estar na génese deste comportamento disfuncional
(Pereira, 2009).

1.5.3Indisciplina no contexto militar

A indisciplina no contexto militar pode ser também “uma reacção consequente a um


sentimento de ameaça ou de falência da capacidade psíquica em suportar o conjunto de
pressões internas e externas a que está submetida.” (Dias; Zenaide, 2003 apud Marcelos,
2012).

1.5.4Tipos de indisciplina

Tendo como aspirações as funções enunciadas por Estrela(2002 p93(2002 p93) a propósito
das categorias de comportamento indisciplinado emergem três tipos de indisciplina a saber:

a. Indisciplina discreta ou passiva: é uma indisciplina que perturba o seio


dos estudantes mais discretamente, com maior prejuízo para o próprio
indisciplinado;
b. Indisciplina activa: é um tipo de indisciplina que visa perturbação do
desenrolar das actividades, seja direccionado para os colegas ou
instrutores;
c. Indisciplina confrontativa: é um tipo de indisciplina que visa o
confronto com a autoridade e o desenrolar da situação da aula ou
instrução .

1.5.5Níveis de indisciplina

Genericamente, quando falamos em indisciplina escolar referimo-nos aos desvios e


incumprimento de regras estabelecidas para um determinado espaço escolar. Por esta razão

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Amado (1998, 2000, 2001) e Freire) definiram que os desvios comportamentais em contesto
educacional poderiam enquadrar-se em três grandes níveis:

Primeiro nível, que corresponde a infracções a regra de trabalho e produção-desvios


centrados exclusivamente a sala de aula ou seja, tudo que coloque em causa as regras
estipuladas para a organização e cumprimento das tarefas delegadas pelo docente ou
formador, formas de comunicação, pontualidade e assiduidade, entre outros.

Segundo nível que corresponde a infracções aos regulamentos de normas-desvios centrados


no incumprimento dos regulamentos da instituição ou escola e normas que estipulam quais
as bases para uma relação interpessoal saudável. Estes incumprimentos podem, contemplar
episódios de caris psicológicos ou físico com diferentes manifestações e motivações.

Terceiro nível que corresponde ao confronto com a autoridades desvios centrados no


confronto directo com o formador ou instrutor e com a autoridade inerente a escola ou
instituição.

1.5.6Causas ou factores da indisciplina

a. A complexidade da instituição.

A escola e uma realidade complexa, composta por uma população nada homogénea e cada
vez mais multicultural que partilha o mesmo espaço físico: uma organização curricular e
uma relação pedagógica nem sempre ajustada as necessidades

Características pessoais dos estudantes, caracterizada pela imposição de regras nem sempre
justificadas nem entendidas. Todos estes factores podem estar na génese e potencializar os
comportamentos desajustados dos alunos indisciplinados.

Segundo (Amado 2000, 2001) apresenta diversos factores da indisciplina:

b. Factores psicológicos(Amado,200,2001);

Necessidade de se sentir superior em relação aos outros;

Falta de atenção e afecto por parte dos pais;

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Professores demasiados autoritários;

c. Factores de ordem social e políticos (interesses, valores e vivências de classes


Divergentes e opostas, xenofobia, racismo, pobreza, desemprego);
d. Factores de ordem familiar (valores familiares distintos dos valores da escola,
Demissão da função socializadora, funcionamento desajustado do agregado
Familiar);
e. Factores institucionais formais (espaço físico, currículo desajustado aos
Interesses e ritmos dos alunos, horários);
f. Factores institucionais informais (interacção e lideranças no interior do grupo
turma geradoras de um clima de conflitos e de oposição às exigências da
escola e de determinados professores);
g. Factores pedagógicos (métodos e competências de ensino, estilos de relação
desadequados, regras e falta de consistência na sua aplicação);
h. Factores pessoais do professor (crenças, valores, estilo de autoridade,
expectativas negativas relativamente aos alunos);
i. Factores pessoais do aluno (idade, sexo, auto conceito, adaptação, interesse
desenvolvimento cognitivo e moral, hábitos de trabalho, história de vida e
carreira académica, problemas patogénicos).

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CAPITULO II: DESENHO METODOLÓGICO
2.1. Tipo de pesquisa

Para a realização dessa investigação foi utilizado a pesquisa de base etnográfica pois
acredita-se que o paradigma interpretativa se mostra o mais adequado para realizar esta
pesquisa, isso se deve ao facto de que a pesquisa de base etnográfica tem como principal
preocupação o significado que as pessoas ou grupos estudados constroem em relação as
acções e os eventos que vivenciam, segundo Erickson (2001:p 12) a etnografia tem como
propósito documentar detalhadamente os eventos do quotidiano e identificar só significados
atribuídos tanto por aqueles que dela participam quanto por aqueles que a observam.

No presente trabalho pesquisou-se também a abordagem qualitativa, na recolha, análise e


tratamento dos dados, que na perspectiva de Michel (2005) citado por Gomes (2012), esta
abordagem baseia-se na discussão da ligação e correlação de dados interpessoais, na coo-
participação das situações dos informantes, analisados a partir da significação que estes dão
aos seus actos.

Do ponto de vista de procedimentos técnicos o estudo foi de tipo estudo de caso, que
segundo Gil citando Yin (1981:23), “é um estudo empírico que investiga um fenómeno
actual dentro do seu contexto de realidade, quando as fronteiras entre o fenómeno e o
contexto não são claramente definidas e no qual são utilizadas várias fontes de evidência”.

Ainda, o estudo de caso, na perspectiva de Marques (2000:65), é uma tipologia de


investigação especialmente indicada para os investigadores isolados, uma vez que
proporciona uma oportunidade para estudar, de uma forma aprofundada, um determinado
problema concreto que afecta uma organização. O investigador identifica um problema e de
seguida procede à recolha de dados através de, inquérito por questionários, inquérito por
entrevista e registo de observações.

É nesta linha de raciocínio que recorremos a entrevista e questionário como instrumentos de


recolha de dados empíricos; entrevista foi ministrada aos oficiais do Corpo de Estudantes e o
questionário foi ministrado aos cadetes do primeiro ano.

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A opção por estes instrumentos para cada categoria de informantes deve-se as vantagens que
cada um apresenta; entrevista sendo um método de recolha de informações que consiste em
conversas orais, individuais ou de grupos, com os fornecedores de dados, foi dirigido aos
oficiais dada a relativa disponibilidade de tempo para o efeito; o questionário de
preenchimento individual foi aplicado aos estudantes do 1° ano que, de um modo geral têm
tido pouco tempo livre.

2.2. Participantes do estudo

Em pesquisas qualitativas a preocupação não é a generalização dos resultados, mas a


credibilidade, transferibilidade, consistência e confirmabilidade; no entanto, relacionado com
estes aspectos está a amostragem; enquanto nas pesquisas quantitativa um dos critérios de
validade é a representatividade da amostra, na pesquisa qualitativa a representatividade da
amostra não é relevante. À este propósito, Utsumi et al. referem:

Existem diferenças metodológicas entre pesquisa qualitativa e


quantitativa. A pesquisa quantitativa, via de regra, envolve um
grande número de respondentes, utiliza escalas geralmente
numéricas que são submetidas a análises de validação e
confiabilidade, utiliza análises estatísticas ou modelagem
matemática. Já na pesquisa qualitativa, a representatividade da
amostra é definida pela experiência e pelo domínio do pesquisador
sobre a população investigada; os dados são colhidos por meio de
entrevistas, via de regra, com perguntas abertas, em grupos ou
individuais, observação, entre outras técnicas. Os elementos de
ambas as abordagens podem ser usados conjuntamente em estudos
mistos, para fornecer mais informações do que poderia ser obtido
utilizando um dos métodos isoladamente (2007: 87).

Do mesmo modo, Fontanela, Ricas e Turato acentuam:

Nos estudos qualitativos, a questão “quantos” nos parece de


importância relativamente secundária em relação à questão “quem”
embora na prática representem estratégias inseparáveis. Afinal, o
que há de mais significativo nas amostras (…) não se encontra na
quantidade (…) mas na maneira como se concebe a
representatividade desses elementos e na qualidade das informações
obtidas deles (2008: 29).
Enquanto os pesquisadores qualitativos servem se de fórmulas matemáticas para determinar
o tamanho da amostra, as considerações do tamanho da amostra na pesquisa qualitativa não

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são nem de cunho matemático nem sistemático; contrariamente, eles fazem uma série de
decisões não só sobre quantos indivíduos são necessário incluir no estudo e como
seleccionar esses indivíduos, mas também sobre as condições em que esta selecção tem
lugar.

Mesmo que para os estudos qualitativos o estabelecimento da amostra tenha importância


secundária, há que definir claramente quem deve participar no estudo. Nicola-da-Costa
(2007) consente que “os números de participantes não são estipulados a priori na medida em
que o principal critério usado para determinar os dados recolhidos são suficientes para
conferir credibilidade, transferibilidade, consistência e confirmabilidade a um determinado
assunto, é saturação teórica, saturação de informação, o ponto de redundância ou ainda,
efeito de sublimação.

Glaser e Strauss (1967:65) apontam que, na pesquisa qualitativa, no processo de determinar


o número de participantes, a noção fundamental é a de “saturação teórica” que ocorre
quando “Nenhum dado adicional é encontrado que possibilite ao pesquisador acrescentar
propriedades a uma categoria. (...), isto é, (...) quando o pesquisador torna-se empiricamente
confiante de que a categoria está saturada” (cit in Thiry-Cherques, 2009:23).

Trata-se de um fenómeno que ocorre quando, após um certo número de entrevistas, o


pesquisador começa a ouvir, de novos entrevistados, relatos semelhantes àqueles que já
ouviu, havendo uma carência de informações novas (Costa, 2007:68) ou quando, “a partir de
um certo momento observa-se que as informações já obtidas estão suficientemente
confirmadas e que o surgimento de novos dados vai ficando cada vez mais raro, até atingir o
ponto de redundância, a partir do qual não mais se justifica a inclusão de novos elementos”
(Alves, 1991:59).

Entretanto, Leech (2005) aborda a questão de saturação teórica para advertir que a
amostragem é tão importante tanto nas pesquisas quantitativas quanto nas qualitativas e com
base em autores como Miles &Huberman (1994), Curtis et al. (2000), Flick, (1998), Morse
(1995), Strauss & Corbin, (1990) e Lincoln & Guba, (1985), realçam que a importância da
amostragem nas pesquisas qualitativas prende-se com a necessidade de se fazer as
generalizações: “Para que generalizações analíticas sejam mais ricas, o pesquisador

Academia Militar Marechal Samora Machel 27


qualitativo deve colectar dados até que atinja saturação dos dados, a saturação teórica, ou
redundância informacional” (2005:2).

Continuando a sua abordagem Leech apoia-se em Maxwell, para definir o conceito de


generalização em pesquisas qualitativas, distinguido a generalização interna da externa, e
escreve:

Coerente com isso, Maxwell (1992) definiu generalização em


termos de pesquisa qualitativa como a extensão em que um
investigador pode generalizar tendo em conta uma situação
particular ou da população, a outros indivíduos, tempos,
configurações ou de contextos. Maxwell diferencia a generalização
interna de generalização externa: o primeiro refere-se à
generalização de uma conclusão dentro do ambiente ou grupo
estudado, e a ultima, para além do grupo (2005: 2).

Desta feita, participaram do estudo cinco oficiais do corpo de estudantes e dez cadetes do 1°
ano como mostra o Quadro 1

Quadro2: Participantes do estudo

n/o Categoria dos participantes fr Instrumento


1 Oficiais do Corpo de Estudantes 5 Entrevista
2 Cadetes do 1° ano 10 Questionário
TOTAL 15

Fonte: Autora

2.3. Critério de inclusão no estudo


Constituíram critérios de inclusão dos participantes cadetes: ser cadete da academia militar
Marechal Samora Machel, estara frequentar o 1° ano no ano lectivo de 2016, não ser
repetente; para os oficiais o critério de inclusão foi o de ser oficial da CE afecto no 1° ano e
estar em actividade no período de recolha de dados.

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2.4. Instrumentos de recolha de dados
A entrevia e o questionário foram basicamente os instrumentos utilizados para a recolha de
dados. Conforme está evidenciado no quadro 2, a entrevista foi ministrada aos oficiais para
recolher dados sobre apurar o significado que os sujeitos dão ao conceito indisciplina,

Quadro2: Quadro resumo de questões de investigação, objectivos específicos, categoria, fontes,


instrumento de recolha de dados e questões orientadoras de entrevista e questionário.
Questões de Instrumento Questões
investigação Objectivos Categorias Fontes e recolha de
dados
Qual é o conceito de Apurar o  Violação da  Cadetes
indisciplina na visão significado que os norma;  Oficiais do O que entende por
dos cadetes e sujeitos dão ao  Mau Corpo de Entrevista indisciplina?
oficiais conceito comportament estudantes Questionário
pesquisados? indisciplina o.
 Falta de
respeito

Que tipo de Apurar os tipos de  Cadetes Que tipo de


indisciplina e mais indisciplinas que  Oficiais do indisciplina e
frequente no seio ocorrem no 1º Discreta Corpo de Entrevista mais frequente no
dos cadetes do 1º Ano Activa estudantes Questionário seio dos Cadetes
Ano? e Confrontativa do 1º ano?

Psicológicos;  Cadetes
Quais os factores Perceber os sociais;  Oficiais do
relacionados a cada factores familiar; Corpo de Entrevista Quais os factores
tipo de relacionados a institucionais Estudantes de ocorrência de
Indisciplina dos cada tipo de formais; Questionário indisciplina?
cadetes? indisciplina pedagógicos;
cometido pelos pessoais do
cadetes, instrutor;
pessoais do
estudante
Que medidas devem Propor medidas Prevenção  Cadetes do 1º Que medidas
ser tomadas para que ajudam na Ano Questionário devem ser
reduzir a ocorrência de redução Intervenção tomadas para
casos de indisciplina? significativa de  Oficiais do Entrevista reduzir casos de
indisciplina Punição CE indisciplina na A
M?

apurar os tipos de indisciplinas que ocorrem com maior frequência no 1° ano e perceber os
factores relacionados a cada tipo de indisciplina cometido pelas cadetes.

O questionário foi ministrado aos cadetes para colher os mesmos dados; a opção pelo
questionário para os cadetes deveu-se aos facto de estes terem tido pouco tempo de interação
directa para a entrevista, isto que a recolha de dados decorreu em pleno período lectivo.

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CAPITULO III: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
Nesta parte do trabalho faz-se a análise e interpretação dos dados recolhidos por meio
de entrevistas aos oficiais do Corpo de Estudantes e por questionário ministrado aos
estudantes do primeiro ano.

Para o efeito os oficiais estão codificados com “Ofn” onde “Of” significa ‘oficial’ e
‘n’ é o número de ordem da entrevista; do mesmo modo, os estudantes questionados
estão codificados com “Estn”, onde ‘Est’ significa ‘estudante’ e ‘n’ é o número de
ordem do questionário.

Importa recordar que os objectivos do nosso estudo foram os seguintes:

 Apurar como é percebido o fenómeno indisciplina pelos cadetes e oficiais do


CE;
 Perceber que tipo de indisciplina ocorre com frequência;
 Identificar as percepções dos cadetes e oficiais, sobre os factores que
concorrem para a ocorrência de indisciplina no 1° ano.
 Propor medidas para reduzir a ocorrência de casos de indisciplina entre
cadetes do 1º ano.

Desta feita a apresentação de dados seguirá a ordem dos objectivos ora apresentados, a
começar pelos dados das entrevistas aos oficiais do CE e seguido dos dados do inquérito aos
cadetes.

3.1. Percepções sobre indisciplina


Com vista a apurar como é percebida a indisciplina pelos oficiais e cadetes foi colocada a
seguinte questão. “O que entendes por “indisciplina”?

Em resposta, todos relacionaram a indisciplina à qualquer acção desviada das normas, ou


seja, relacionam a indisciplina com a existência de normas que não são cumpridas; este
posicionamento pode-se constatar dos depoimentos dos oficiais entrevistados:

“Indisciplina é toda acção que viola as normas da disciplina.” (Of1)

“…entendo por indisciplina toda acção perpetrada por um indivíduo


que esteja fora das normas vigentes na organização de que faz
parte.” (Of2)

Academia Militar Marechal Samora Machel 30


“…indisciplina é todo comportamento que a comunidade onde
alguém estiver inserida não compadece ou seja toda atitude
incorrecta em um determinado grupo. (Of3)

“Indisciplina é uma acção feita por alguém que esteja fora dos
parâmetros pré estabelecidos. (Of4)
Importa notar que um oficial, foi mais concreto na sua percepção de indisciplina ao
relaciona-la com o incumprimento de normas de vida interna, documento oficial que regula
a vida dos cadetes durante a sua permanência na Academia Militar, nos seguintes termos:

“ indisciplina é todo acto que contraria as Normas de Vida Interna.


(Of5)

A mesma questão foi colocada aos cadetes do 1º ano por meio de inquérito, ao que
responderam nos seguintes termos:

“ indisciplina é um acto contrário as normas de uma


instituição(Est1)

“ indisciplina é um acto efectuado por um individuo que demonstra


uma acção de rebeldia, isto é que viola as regras
propositadamente(Est2)
“…indisciplina são coisas que a pessoa comete que não constam no
regulamento interno(Est3)
“indisciplina é o não cumprimento de uma ordem(Est 4)
“indisciplina é um acto que consiste em práticas fora da norma ou
lei.(Est 5)
“indisciplina é todo acto perpetrado contra as normas estabelecidas
dentro de uma instituição , agregado ou qualquer
estabelecimento(Est 6)
“…indisciplina é todo acto de não obediência das normas emanadas
numa sociedade ou num colectivo onde existam normas e regras de
vivencias. (Est 7)
é todo acto feito fora dos parâmetros necessários dentro de uma
instituição. (Est 8 )
“indisciplina é um acto cometido por um certo individuo que
simplesmente não cumpre aquilo que são as normas .(Est 9)
“ indisciplina é a transgressão de alguma norma que é estipulada
dentro de uma organização ou instituição. ((Est 10)

Academia Militar Marechal Samora Machel 31


Ainda em relação a percepção sobre o conceito de indisciplina, foi colocada uma questão
aos oficiais que visava perceber deles quando é que consideravam uma acção como
indisciplina; em reposta deram os seguintes depoimentos:

“um cadete cometeu indisciplina quando tem atitudes que violam as


normas de disciplina. (Of1)

“Na minha opinião diz -se que o cadete cometeu indisciplina quando
viola as normas que regulam a vida interna, ou seja, quando o cadete
pratica acções que estejam contra as Normas de Vida Interna
independentemente se é com dolo ou mera culpa. (Of2)

“um cadete é indisciplinado quando tem atitudes que contradizem


com as normas de Vida Interna.” (Of3)

“Diz se que um cadete é indisciplinado quando faz uma coisa fora


das normas previamente estabelecidos pela instituição.” (Of4)

“Diz se que um cadete é indisciplinado, quando viola as regras ou as


normas de Vida Interna plasmados no regulamento da Academia
Militar.” (Of5)
A mesma questão foi colocada aos estudantes em questionário, ao que responderam:

“…diz se que um cadete é indisciplinado quando este comete uma


irregularidade.” (Est1)
“ diz se que um cadete é indisciplinado quando ele não cumpre com
as actividades diárias do quartel”. (Est2)
“ diz se que um cadete é indisciplinado quando ele comete algo”.
(Est3)
“… quando o cadete não realiza todas as actividades dadas no dia a
dia no quartel”.(Est4)
“… diz se que um cadete é indisciplinado quando não cumpre as
regras do regulamento da Academia”.(Est5)
“… diz que um cadete é indisciplinado quando ele viola as normas
de vida interna ou quando deixa de cumprir todas actividades que lhe
é encarregue de fazer”.( Est6)
“… diz se que o cadete é indisciplinado quando ele desobedece os
seus superiores e não segue as regras da AM”. (Est7)
“… diz se que o cadete é indisciplinado quando não cumpre com as
ordens”.(Est8)
“ diz se que o cadete é indisciplinado quando ele não segue aquilo
que são as normas de vida interna”.(Est9)

Academia Militar Marechal Samora Machel 32


“… diz se que o cadete é indisciplinado quando o cadete transgride
alguma norma”.(Est10)

3.2 Percepções sobre os tipos de indisciplina


Com o objectivo de perceber os tipos de indisciplina que ocorrem com frequência, foi
colocada a questão: “ segundo seu ponto de vista, que tipo de indisciplina é mais frequente
entre os cadetes do 1º ano?”

Em resposta alguns Oficiais do CE mencionaram a indisciplina de tipo passivo, ou seja


aquela que afecta individualmente o praticante, como saídas ilegais, não observância da hora
de regresso quando dispensados. Este posicionamento pode-se constar nos depoimentos dos
oficiais entrevistados:

“ o tipo de indisciplina mais frequente entre os cadetes do 1º ano resume –


se na desobediência e nas saídas ilegais”.(Of2)’
“o tipo de indisciplina mais frequente entre os cadetes do 1º ano é são
insubordinação, desobediência saídas ilegais”.(Of 5)
Outros, porém, para além de indisciplinas passivas, mencionaram as activas, ou seja, aquele
tipo de indisciplina que perturba os outros e afecta negativamente o normal decurso das
actividades. As falas que seguem ilustram essa realidade:

“ o tipo de indisciplina mais frequente é o regresso tardio das dispensas


sobretudo no final do mês, tendo voltado embriagados e perturbando a
ordem interna”. (Of 1)
“ o tipo de indisciplina mais frequente entre os cadetes do 1º ano e a
indisciplina é a não obediência rigorosa dos horários por parte dos
estudantes, principalmente quando dispensados”. ( Of 3)
“ o tipo de indisciplina mais frequente entre os cadetes do 1º ano são as
saídas ilegais, extravios dos bens dos colegas, pernoitas, etc”.(Of4)

A mesma questão foi colocada aos cadetes do 1º ano, por meio dos questionários e as
respostas apontam para três tipos de indisciplina, a passiva:

“ o tipo de indisciplina mais frequente atraso nas aulas e nas formaturas


depois das dispensas”.(Est1);

Academia Militar Marechal Samora Machel 33


“… o tipo de indisciplina mais frequente entre os cadetes do º ano são : ir a
escola sem cantar, atraso na formatura e não cumprimento das
actividades”.(Est4);
“… o tipo de indisciplina mais frequente são as pernoitas”.(Est8);
“… o tipo de indisciplina mais frequente é a desobediência dos comandantes
por exemplo no cumprimento das faixas.” (Est10).

Outros estudantes, além da indisciplina passiva apontaram também a activa e confrontativa,


ou seja, o tipo de indisciplina que resulta em perturbação do desenrolar das actividades, seja
direccionado para os colegas ou instrutores, ou que consiste em confronto com a autoridade
e colegas no recinto do acampamento, por via de embriaguez, agressões, injurias, como
evidenciam as respostas que seguem:

“… o tipo de indisciplina mais frequente é a indisciplina o aparecimento por


partes dos cadetes embriagados que por vezes tem provocado lutas, e tem
havido muitas situações de desrespeito”.(Est2)
“… o tipo de indisciplina mais frequente entre os cadetes do 1º ano é a
indisciplina são os insultos e alguns estudantes que não gostam de cumprir
faixas diárias”.(Est3)
“… o tipo de indisciplina mais frequente entre os estudantes do 1º ano são
se apresentar tarde depois das dispensas e em algumas vezes pernoitas e
muitos insultos entre os colegas”.(Est5)
“… o tipo de indisciplina mais frequente entre os cadetes do 1º ano são
saídas ilegais, pernoitas, desrespeito para com a chefia e muitos atrasos após
a dispensa”.(Est6)
“… o tipo de indisciplina mais frequente é se apresentar terde nas formaturas
e alguns roubos entre os cadetes”.(Est7)
“… o tipo de indisciplina mais frequente é a são aparecimento na unidade
bêbados, furtos e saltos do murro da Academia Militar”.(Est9)

3.3 Factores de ocorrência de indisciplina


Com vista a apurar os factores que concorrem para a ocorrência da indisciplina na óptica dos
sujeitos investigados, foi colocada a questão: “o que faz com que os cadetes do 1º ano
cometam esses tipos de indisciplina?”

Em resposta todos indicaram os factores que concorrem para a ocorrência da indisciplina na


óptica entre os cadetes do 1º ano. Este posicionamento pode-se constar no depoimento dos
entrevistados:

Academia Militar Marechal Samora Machel 34


“ O que faz com que os cadetes cometam estes tipos de indisciplinas é a falta
de assimilação nas normas de vida interna”.(Of1)
“ o que faz com que os cadetes cometam esses tipos de indisciplina são a
falta de informações sólida sobre o funcionamento das FADM e de modo
particular da instituição de que fazem parte é um dos factores que contribui
para as ocorrências deste tipo de indisciplina, para alem da negligencia”
.(Of2)
“ o que faz com que os cadetes cometam esses tipos de indisciplinas são os
factores emocionais”.(Of3)
“ o que faz com que os alunos cometam esses tipos de indisciplina são a
falta de socialização com os colegas”.(Of4)
“ o que faz com que os cadetes cometam esses tipos de indisciplina é que os
cadetes que cometem esses tipos de indisciplina muitas vezes ainda não
conhecem a fundo as implicações que esta indisciplina possa advir.
Principalmente no 1° ano”.(Of5)

A mesma questão foi colocada aos cadetes do 1º ano, por meio do questionário, ao que
responderam destacando “a falta de orientação” “influência de amigos fora do quartel” nos
seguintes termos:

“… o que faz com que os cadetes cometam esses tipos de indisciplina são a
falta de orientação sobre as normas e as regras a obedecer e quando não são
tomadas medidas perante cada infracção”. (Est1)
“… o que faz com que os estudantes do 1 ano cometam esses tipos de
indisciplina são as influencia dos amigos de fora e outros estudantes
cometem indisciplina porque estão a repetir de ano”.(Est2).
“… o que faz com que o cadete do 1° ano cometa esses tipos de indisciplina
é a influencia dos amigos e por não saber oque realmente este cadete veio
fazer aqui na Academia”.(Est9)
“… o que faz com que esses estudantes cometam esses tipos de indisciplina
é a falta de tempo que os cadetes têm para o lazer”.(Est8);
“… o que faz com que o estudante cometa esses tipos de indisciplina são
algumas acções da própria academia, por exemplo sair sem dispensa para
diminuir fardas”.(Est 7)
Importa realçar o facto de outros cadetes terem mencionado o tempo de dispensa
insuficiente", “intimidade com oficiais”, como são os casos que seguem:

“… o que faz com que estes cadetes cometam esses tipos de indisciplina é a
falta de tempo para fazer suas actividades”. (Est3).

Academia Militar Marechal Samora Machel 35


“… o que faz com que os cadetes cometam esses tipos de indisciplina são :
faltas de dispensas por parte dos comandantes e horários de dispensas muito
curtas”.(Est5)
“… o que faz os cadetes a cometerem estes tipos de indisciplina são: falta de
motivação dos oficiais perante os cadetes e intimidades com alguns
oficiais”.(Est4).
Apenas um mencionou a negligência por parte dos cadetes, ou ‘comportamento trazido de casa”
como sendo a razão de cometimento de indisciplina:
“… o que faz com que os cadetes cometam esses tipos de indisciplina é a
negligencia por parte dos próprios cadetes”.(Est6)
“… o que faz com que os cadetes do 1 ano cometam esses tipos de
indisciplina é a falta de respeito que eles trazem de casa e a influencia de
alguns amigos com comportamentos duvidosos”.(Est10).

3.4 Medidas para redução de ocorrência de indisciplina

Com vista a propor medidas para a reduzir a ocorrência de indisciplina entre os cadetes do
1º ano, foi colocada a questão: “ que medidas acha que devem ser tomadas perante a
ocorrência de casos de indisciplina?”

Em resposta todos mencionaram a “punição” como medida a tomar perante a ocorrência de


casos de indisciplina. Estes posicionamentos pode-se constar o depoimento dos oficiais
entrevistados:

“ medidas que devem ser tomadas ser tomas perante a ocorrência destes
casos são: repreensão escolar que inclui algumas actividades físicas,
repreensão escolar agravada, prisão escolar em casos mais graves a
expulsão”.(Of1)
“ as medidas que devem ser tomadas são dissimulação da informação sobre
o funcionamento da instituição e posteriormente tomadas as medidas como
repreensão escolar, repreensão escolar agravada, proibição de saída escolar
como forma de desencorajar a pratica destes actos” .(Of2)
“ as medidas que devem ser tomadas perante a ocorrência de casos de
indisciplina é mandar o estudante que cometeu a indisciplina fazer uma
declaração por escrito do acto por ele cometido”.(Of5).
Outos oficiais preferem medidas mais interventivas, como dialogo, antes de punição:
“ as medidas a tomar perante a ocorrência de indisciplina são as primeiras
medidas diplomáticas que é fazer entender aos estudantes que este tipo de
comportamento não compadece com a área militar que eles seguem e em
seguida sanciona-los”. (Of 3)

Academia Militar Marechal Samora Machel 36


“ medidas a tomar perante a ocorrência de casos de indisciplina é dialogar
com o estudante”.(Of4)

A mesma questão foi colocada aos cadetes do 1º ano por meio de questionários, ao que
quase responderam defenderam a punição, expulsão, corte de dispensa, como estratégias
recomendáveis para reduzir casos de indisciplina:

“… os estudantes devem ser punidos”.(Est1)


“… perante as ocorrências de casos de indisciplina os estudantes devem ser
sancionados e devem fazer declaração”.(Est2)
“… perante a ocorrência dos casos de indisciplina os estudantes devem ser
sancionados fazendo – lhes de faxina e cortando a dispensa de saída deles”.
(Est3)
“… as medidas que devem ser tomadas perante as ocorrência de casos de
indisciplina são tomar medidas como faxina e se continuar cometendo a
indisciplina mandar meter na prisão”.(Est4)
“… devem ser sancionados e se a indisciplina for muito grave devem ser
expulsos”.(Est5)
“… os estudantes devem ser punidos e devem fazer declaração, se
continuarem e dependendo da indisciplina cometida devem ser
expulsos”.(Est7)
“…os estudantes devem ser punidos de forma a que não voltem a cometer
novamente a indisciplina”.(Est8)
“… perante a ocorrência de casos de indisciplina os estudantes devem ser
punidos moderadamente e devem fazer declaração ou ate mesmo serem
expulsos”.(Est9)
“… os cadetes perante os casos de indisciplina devem ser punidos de mo
aqui não voltem a cometer a indisciplina”. (Est10).
Um estudante acha que a melhor estratégia é a interventiva:
“… perante a ocorrência dos casos de indisciplina os cadetes devem ser
aconselhados de modo a que eles não voltem a cometer tal facto e tomar
medidas punitivas”. (Est6).

Terminada a apresentação dos resultados passamos a fase de discussão que consistira no


confronto dos dados da pesquisa com o referencial teórico uma tentativa de compreender o
fenómeno de indisciplina na Academia Militar à luz do referencial teórico convocado para
ao estudo.

Academia Militar Marechal Samora Machel 37


3.5. Discussão dos Resultados
Da análise dos dados das entrevistas aos oficiais e do inquérito aos cadetes constatou-se uma
percepção quase uniforme do que é indisciplina; ficou evidente a percepção, tanto dos
oficiais do Corpo de estudantes quanto dos estudantes do 1° ano, de que indisciplina
pressupõe a existência de normas que são contrariadas. De facto, nas diferentes
conceptualizações de indisciplina estão presentes o termos “normas”, “regulamentos”,
“parâmetros” que não são seguidos ou observados. No caso da Academia Militar o
documento de referência para gestão de disciplina, Importa realçar não houve nenhuma
menção de indisciplina enquanto comportamento que afecta a relação com “outro”.

De facto, a indisciplina, tal como a define Amado (2001:179), é “um fenómeno relacional e
interactivo que se concretiza no incumprimento das regras (…) e no desrespeito das normas
e valores que fundamentam o são convívio entre pares (…)”

Este aspecto é também destacado no nas Normas de Vida Interna onde as normas são
especificadas em várias categorias ou em condutas, nomeadamente: conduta no
relacionamento entre estudantes; conduta à entrada de um superior; conduta nas aulas;
conduta na instrução; conduta nos exames, provas de frequência e testes, conduta na
enfermaria; conduta na formatura; conduta no refeitório; conduta nas relações com
sargentos, praças e pessoal civil, entre outras condutas.

As diferentes concepções sobre indisciplina prova que as ideias acerca desse tema estão
longe de serem consensuais, o próprio conceito, não tem uma definição concreta, ao longo
do tempo isso vem sendo modificado devido às interpretações do tema. “Ele se relaciona
com o conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da história, entre as diferentes
culturas e numa mesma sociedade: nas diversas classes sociais, nas diferentes instituições e
até mesmo dentro de uma camada social ou organismo”. (Aquino, 1996, p.84).

Quanto aos tipos de indisciplina que ocorrem com maior frequência, foram mencionados os
três tipos de indisciplina, a começar pela indisciplina passiva ou discreta que consiste em
acções que colocam em causa as regras estipuladas e incumprimento de tarefas colocadas
pelos docentes, pontualidade, assiduidade, aprumo, entre outras; estes factos foram notários
tanto nos dizeres dos oficiais como nos dos cadetes como são os casos de: “…na
desobediência e nas saídas ilegais”.(Of2)’ “…insubordinação, desobediência, saídas

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ilegais”.(Of 5); “…atraso nas aulas e nas formaturas depois das dispensas”.(Est1); “…as
pernoitas”.(Est8); “…desobediência dos comandantes por exemplo no cumprimento das
faixas.” (Est10).

Mas também foram mencionadas as indisciplinas de tipo activo e confrontativo, ou seja


“incumprimentos que contemplam confrontos directo com autoridades [comandantes ou
colegas] insultos e agressividade ou “desvio centrado no incumprimento dos regulamentos e
normas que estipulam quais as bases para uma relação interpessoal saudável”. São os casos
de: “saídas ilegais, extravios dos bens dos colegas, pernoitas, etc”.(Of4) “aparecimento por
partes dos cadetes embriagados que por vezes tem provocado lutas, e tem havido muitas
situações de desrespeito”.(Est2) “os insultos e alguns estudantes que não gostam de cumprir
faixas diárias”.(Est3) “pernoitas, desrespeito para com a chefia e muitos atrasos após a
dispensa”.(Est6)

No que diz respeito os factores que concorrem para a ocorrência de indisciplina na óptica
dos sujeitos investigados foi notória o ênfase dos factores de ordem individual que se
resumem em não domínio das normas de vida interna: “é a falta de assimilação nas normas
de vida interna”. (Of1) “a falta de informações sólida sobre o funcionamento das FADM”
.(Of2), “são os factores emocionais”.(Of3) “ não conhecem a fundo as implicações que esta
indisciplina possa advir de indisciplina é a negligencia por parte dos próprios cadetes”.(Est6)
“é a falta de respeito que eles trazem de casa e a influência de alguns amigos com
comportamentos duvidosos” (Est10).

Convém notar que a propósito de factores de indisciplina, houve menção por parte dos
cadetes da “ falta de motivação dos oficiais perante os cadetes e intimidades com alguns
oficiais” (Est4).

3.6. Proposta de Medidas Preventiva da Indisciplina

3.6.1. O autoconhecimento do líder militar


Sendo o comandante quem, na companhia ou no pelotão, assume a responsabilidade
da organização de todas as actividades, cabe-lhe também um papel preponderante no
tecido relacional que se constrói no pelotão, servindo de suporte às actividades e
situações aí criadas e desenvolvidas.

Academia Militar Marechal Samora Machel 39


Devido ao seu estatuto hierárquico e ao poder que detém, o comandante é ainda a
pessoa-referência dos cadetes com quem trabalha, exercendo sobre eles uma influência
marcante no seu desenvolvimento profissional e moral.

Neste capítulo, vamos analisar um conjunto de questões que julgamos importantes


para o estabelecimento de relações interpessoais favorecedoras do bem-estar do grupo
constituído por cadetes e instrutores e estimulantes da aprendizagem dos primeiros a
qual traduz quase sempre um trabalho bem sucedido do comandante ou instrutor.

Começaremos por chamar a atenção para a importância educativa dos comportamentos


do comandante, em virtude da sua influência no desenvolvimento dos cadetes, ou seja
do seu poder de modelagem. Consequentemente, referiremos a necessidade de o
comandante se conhecer, tomando consciência do seu desempenho profissional, e
apontaremos diferentes meios ao seu alcance para obter o autoconhecimento.

De seguida, referiremos dois dos domínios sobre os quais importa que o comandante
desenvolva o seu autoconhecimento as competências de relação e de comunicação
com os cadetes.

3.6.2. Porquê e como desenvolver o autoconhecimento


A Academia Militar é uma instituição de formação e de educação de jovens oficiais. A
investigação educacional das últimas décadas tem provado que, independentemente da
sua vontade e dos seus propósitos, os comandantes detêm o poder de modelagem, ou
seja de influenciar os comportamentos dos subordinados mediante o seu próprio
comportamento.

Good e Brophy (1984, p. 134) na sequência de outras investigações referem que, de


modo geral, se reconhece grande importância à influência negativa exercida pelos
"maus" exemplos no comportamento dos jovens, subestimando-se, todavia, a
influência positiva dos comportamentos correctos.

Os cadetes aprendem muito mais imitando do que através de uma instrução


intencional. Efectivamente, a sua capacidade de seguir o discurso verbal de um adulto
é muito limitada, sendo, sobretudo, ao que ele faz e não ao que diz que prestam maior
atenção.

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Por ter uma influência marcante no comportamento actual do cadete e no seu
desenvolvimento social, a modelagem deve tornar-se um processo consciente. Só
assim permitirá que o comandante-instrutor preste atenção ao modo como actua na
companhia ou pelotão e é observado pelos cadetes, controlando, na medida do
possível, as variáveis que intervêm nesse processo, as quais, segundo Bandura (1969,
p. 77) são as seguintes:

 Características da situação - Situações novas ou ambíguas (como é o caso dos


primeiros dias na Academia Militar) são mais propícias à ocorrência da
modelagem, sobretudo no caso de o "modelo" evidenciar segurança,
dominando a situação.
 Personalidade modelo - Se os cadetes o respeitam, se gostam dele, maior será
o seu poder de influência, particularmente se houver consistência entre o que
diz e o que faz.
 Os valores do próprio comportamento - Os cadetes são sensíveis aos valores
subjacentes às atitudes do modelo e também à sua eficácia.

Quanto mais méritos lhe reconhecerem maior será a propensão para o imitarem.

 A intencionalidade e metodicidade com que o modelo procede, constituem


por si elementos fortemente modeladores, visto que possibilitam a criação de
situações oportunas, visando deliberadamente o desenvolvimento de atitudes,
consideradas úteis.

A influência do exemplo do comandante decorre pois de variáveis dependentes da


pessoa que ele é e de como concebe e exerce a sua profissão.

Sabendo quanto o seu modo de agir e de interagir é importante, torna-se necessário ao


comandante conhecer-se a si mesmo, como profissional, para de modo intencional, ter
em atenção a sua conduta e prever os reflexos dela nos cadetes.

Charlton, e David, (1993, p. 4) referem que

muitos de nós tornamo-nos defensivos e irritados quando


confrontados com comportamentos indisciplinados dos subordinados
e temos dificuldade em olhar-nos criticamente e aos nossos métodos
e atitudes. Mas se nós nos orgulhamos com o êxito da nossa

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influência sobre atitudes, sentimentos, acções e sucessos
educacional, então devemos, consequentemente, aceitar que o
reverso pode suceder: nós podemos influenciar os educandos de
modos inaceitáveis ou indesejáveis, porque nos deixamos iludir pela
ideia de que somos perfeitos
Para gerir com eficácia as relações interpessoais e o processo de formação, o oficial
deve tomar consciência do modo como funciona na companhia a na turma, e para esse
efeito, procurar olhar-se imaginando como os seus subordinados o vêem e o impacto
que sobre eles têm os seus comportamentos.

Carita e Fernandes (1996, p. 29) afirmam a importância do comandante ou instrutor

aprender a gerir os seus afectos, o que passa antes de mais pelo


reconhecimento dos mesmos, pela tentativa de compreensão
das suas motivações, pela necessária destrinça entre o sentir
(de que não sou responsável) e o agir, pela aprendizagem da
gestão desses afectos, a qual vai a par do aumento de confiança
no meu autocontrole.

É, pois, útil que o comandante se auto-observe para poder proceder a uma auto-análise
que, muito provavelmente, lhe permitirá conviver consigo mesmo. Só assim, poderá
esperar que esse convívio se estenda aos outros... Curwin e Mendler afirmam (1987, p.
32): "Muitos [comandantes] fazem muito pouco por si mesmos antes de enfrentar os
[cadetes]”. E o que podem eles fazer por si próprios a fim de se prepararem para
algumas situações difíceis que os esperam? Aprenderem a conhecer-se - as suas
atitudes, o modo como se movem, como comunicam, os gestos, a voz, a congruência
entre as atitudes e as palavras, a capacidade de exprimirem não só as ideias, como os
próprios sentimentos. A autenticidade com que o fazem.

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CONCLUSÕES
O objectivo definido para este estudo foi de apurar as percepções sobre o fenómeno
indisciplina entre oficiais do Corpo de Estudantes e cadetes do 1° ano de 2016.Da analise e
interpretação dos dados recolhidos por meio de entrevistas aos oficiais e questionário aos
cadetes chegou-se a conclusões seguintes:

O conceito de indisciplina, tanto para oficiais como para os cadetes é difuso porque não se
centra em nenhum aspecto das Normas de Vida Interna, documento regulador do
comportamento dos cadetes na Academia Militar; assim constatou-se que a concepção de

indisciplina é mais centrada nas normas mas sem especificar de que normas os sujeitos se
referem.

Quanto ao tipo de indisciplina mais frequente, o estudo apurou que a indisciplina activa e
confrontativa é que ocorrem no seio dos cadetes que se configura em desrespeito às
autoridades, embriagues e tendências de agressão aos colegas.

Como medidas para contornar ocorrência de casos de indisciplina, e intervenção ou punição


foras as estratégias privilegiadas nas propostas dos sujeitos da pesquisa, e quase nenhum
propôs acções preventivas.

Em termos de propostas de combate a indisciplina o estudo propõe mudança de atitudes dos


oficiais do Corpo de Estudantes na gestão dos cadetes privilegiando o exemplo pessoal
como referencia para moldar o comportamento dos cadetes.

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SUGESTÕES
Como forma de amenizar os índices de indisciplina, sugere-se que:

 Os oficiais da Academia Militar antes de serem afectos no Corpo de Estudantes


sejam submetidos a uma formação específica em matéria de gestão de indisciplina;
 Que a formação priorize a gestão preventiva da indisciplina

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APÊNDICE

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APÊNDICE I-

ENTREVISTA aos oficiais do CE (Corpo de Estudantes)

Esta entrevista, tem um carácter académico e destina-se a recolher dados para a elaboração
do Trabalho de Investigação Aplicada (TIA) sobre “Percepções dos cadetes do 1° ano e
oficiais do corpo de estudantes sobre indisciplina”,dirigido aos oficiais do corpo de
estudantes da AM.

A. CONCEITO DE INDISCILINA
1. O que entende por “indisciplina”
2. Na sua opinião quando é que se diz que um cadete cometeu indisciplina?

B. TIPODS DE INDISCIPLINA

3. segundo o seu ponto de vista que tipo de indisciplina é mais frequente entre os
cadetes do 1º da componente feminina?

C. FACTORES DE OCORRÊNCIA DE INDISCIPLINA

4. O que faz com que os cadetes da componente feminina cometam esses tipos de
indisciplina?

D. MEDIDAS PARA REDUZIR OCORRÊNCIA DE INDISCIPLINA

5. Que medidas acha que devem ser tomadas perante a ocorrência de casos de
indisciplina?

Muito obrigado pela vossa colaboração

Paula Bové António

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APÊNDICE II

QUESTIONARIO aos cadetes do 1° ano da AM )

Esta entrevista, tem um carácter académico e destina-se a recolher dados para a elaboração
do Trabalho de Investigação Aplicada (TIA) sobre “Percepções dos cadetes do 1° ano e
oficiais do corpo de estudantes sobre indisciplina, Caso Academia Militar Marechal
Samora Machel (2013-2016) ”, ”, dirigido aos cadetes do 1° ano da AM.

A .CONCEITO DE INDISCILINA

1.O que entende por “indisciplina”?

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_________________________________________________________

2.Na sua opinião quando é que se diz que um cadete cometeu indisciplina?

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__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
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B. TIPOS DE INDISCIPLINA

3. Segundo o seu ponto de vista que tipo de indisciplina é mais frequente entre os cadetes do
1º ano?

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__________________________________________________________________________
__________________________________________________________

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C. FACTORES DE OCORRÊNCIA DE INDISCIPLINA

4. O que faz com que os cadetes do 1◦ ano cometam esses tipos de indisciplina?

__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
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D. MEDIDAS PARA REDUZIR OCORRÊNCIA DE INDISCIPLINA

5. Que medidas acha que devem ser tomadas perante a ocorrência de casos de indisciplina.?

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Muito obrigado pela vossa colaboração

Paula Bové António

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