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All content following this page was uploaded by Alexandre Hiroaki Kihara on 15 September 2015.
Laryssa Helena Estefani Nishio, Cristina Moreira Furtado, Marília Inês Móvio, Lais Takata Walter, Alexandre
Hiroaki Kihara
DOI: http://dx.doi.org/10.15729/nanocellnews.2015.09.08.003
A obesidade é um dos problemas que mais vem crescendo no mundo nos últimos anos. Segundo uma pesquisa
realizada pelo Instituto de Métrica e Avaliação para Saúde da Universidade de Washington (IHME), há
atualmente 2,1 bilhões de pessoas obesas ou com sobrepeso, representando cerca de 30% da população
mundial. De 1998 até 2013 a obesidade e o sobrepeso aumentaram 27,5% entre os adultos e 47,1% entre as
crianças (1). Dados do Ministério da Saúde de 2014 apontam que a porcentagem de brasileiros acima do peso
segue em crescimento. Em 2006 o número de indivíduos acima do peso e obesos estava em 42,6% e 11,8%,
respectivamente. Estes números aumentaram para 52,5% de pessoas que estão acima do peso e 17,9% que
estão obesos em 2014 (2) (Figura 1).
Figura 1:Representação da porcentagem de pessoas com peso normal (em verde), acima do peso (em amarelo)
e obesos (em vermelho) no Brasil no ano de 2014.
A concepção de tratar a compulsão de um indivíduo por comida como um vício não é recente. O psicólogo
canadense Donald Hebb elaborou diversas teorias importantes para a neurociência, como a teoria Hebbiana, no
qual um aumento na eficiência sináptica surge da estimulação repetida e persistente de células pós-sinápticas,
caracterizando o quadro de plasticidade sináptica (trabalho publicado em 1949 com o título The Organization of
Behavior, a Organização do Comportamento, em tradução livre) (3). Dentre seus inúmeros trabalhos, Hebb
sugeriu que a fome poderia ser considerada um vício, uma vez que, assim como o vício por qualquer outra
substância, é um comportamento aprendido (4). Segundo Hebb, quando uma pessoa se alimenta, ela acaba com
a sensação desagradável que a fome causa e com o passar do tempo esse comportamento vai sendo
aprimorado, fazendo com que a pessoa tenha o desejo de comer apenas ao entrar em contato com os estímulos
ambientais como ver ou sentir o cheiro do alimento (4).
A partir desta ideia central, diversos estudos foram feitos abordando os mais diversos aspectos da neurobiologia
do apetite, como aspectos emocionais- comportamentais-cognitivos, aspectos neuroquímicos (relacionados aos
neurotransmissores) e estruturas encefálicas (partes do cérebro) envolvidas.
A integração de um sistema que unisse as estruturas mencionadas acima foi proposta pelo pesquisador Peter C.
Holland e sua equipe do Departamento de Ciências Psicológicas e do Cérebro da Universidade Johns Hopkins.
Segundo Holland, cada uma das estruturas apresenta um papel importante e diferenciado, mas em conjunto
estão envolvidas em: (1) aprendizagem (recompensas alimentares); (2) atribuição de atenção e esforço no
sentido de o alimento ser a recompensa; (3) definição do valor de incentivo de estímulos do meio ambiente; (4)
integração das informações sobre reservas homeostáticas de energia e do conteúdo do intestino, com
informações sobre o meio externo, tais como a disponibilidade de alimentos(4) (Figura 2).
Figura 2: Rede cerebral mostrando o funcionamento do comportamento do apetite. CPF, córtex pré-frontal; COF,
córtex orbitofrontal; AVT, área ventral tegmentar; DA, dopamina. Interocepção: Função fisiológica do hipotálamo
de ter percepções relacionadas ao interior do organismo como pH e temperatura.
A noção de fome como um vício tem sido muito discutida pela mídia de uma forma paradoxal. Se de um lado o
obeso é visto como um viciado, sendo injustamente estigmatizado, por outro, alguns governos utilizam a mesma
analogia das advertências presentes no cigarro, porém em embalagens de comida. A forma ideal para tratar o
problema ainda não foi encontrada e os números crescentes de pessoas obesas reflete claramente este
problema, que atualmente é considerado em muitos países como uma questão de saúde pública. Uma
compreensão melhor dos mecanismos que estão por trás do comportamento compulsivo pode fornecer a
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perspectiva de novas abordagens que juntamente com medidas sociais e governamentais devem minimizar e
idealmente cessar o problema, gerando a perspectiva de um quadro futuro melhor.
Referências
<http://www.rj.gov.br/web/ses/exibeconteudo?article-id=2098717>Acesso em 23 jul.2015.
<http://www.brasil.gov.br/saude/2015/04/metade-dos-brasileiros-esta-com-excesso-de-peso>. Acesso em 23
jul.2015.
3. Morris RG. D.O. Hebb: The Organization of Behavior, Wiley: New York; 1949. Brain Res Bull. 1999 Nov-
Dec;50(5-6):437.
4. Dagher A. The neurobiology of appetite: hunger as addiction. Int J Obes (Lond). 2009 Jun;33 Suppl 2:S30-3.
5. Naqvi NH, Rudrauf D, Damasio H, Bechara A. Damage to the insula disrupts addiction to cigarette smoking.
Science. 2007 Jan 26;315(5811):531-4.