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CCPA: Estudo Teórico

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Esp. Mark William Ormenese Monteiro

Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
CCPA: Estudo Teórico

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:

Fonte: Getty Images


• Sobre a California Consumer Privacy Act (CCPA);
• Origem e Evolução;
• Direitos dos Titulares de Dados na CCPA;
• Corretores de Dados e a CCPA.

Objetivo
• Capacitar-se a aplicar os conceitos da privacidade e proteção de dados da California Consumer
Privacy Act (CCPA).

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
CCPA: Estudo Teórico

Contextualização
Ao tratarmos do estudo de California Consumer Privacy Act (CCPA), ou Lei de Privaci-
dade do Consumidor da Califórnia, uma legislação válida para o tratamento de dados nesse
Estado, pode ser que você se pergunte a necessidade do estudo dessa legislação estrangeira
para nós, brasileiros. Pois saiba que esta lei também afeta empresas de nosso país.

Já é de conhecimento de todos que o Google é uma companhia multinacional inse-


rida no cotidiano de brasileiros e de pessoas do mundo todo, seja através da ferramenta
de buscas ou de outros produtos, como o Google Tradutor, Google Map, o navegador
Chrome, a loja de aplicativos Google Play ou o Gmail.

É da Google também o YouTube, maior site de compartilhamento de vídeos da internet


e que transformou pessoas anônimas em verdadeiras celebridades com os seus vídeos que
conquistam milhões de fãs. Na lista de brasileiros incluem-se nomes como Whindersson
Nunes ou Felipe Neto, que você já deve ter ouvido ou lido alguma informação a respeito.

Segundo foi divulgado pela empresa em novembro de 2020, durante o Brandcast,


evento voltado a marcas e anunciantes, são pelo menos 105 milhões de usuários ativos por
mês no Brasil que contribuem para o acúmulo de verdadeiras fortunas de Whindersson,
Felipe e tantos outros youtubers, que recebem pagamentos em dinheiro por cliques e views
em seus canais no YouTube.

Parte da receita gerada no YouTube é repassada aos youtubers pelo Google Adsense,
ferramenta criada pelo Google para exibir anúncios de seus clientes em sites, vídeos na
plataforma e blogs, por exemplo. O valor estimado que o YouTube repassa aos usuários
do Adsense está entre 0,60 e US$ 5 a cada mil views.

Em 2020, quando começou a vigorar a CCPA na Califórnia e em atendimento a esta


legislação, o Google começou a dar aos usuários a opção de escolher o próprio Google
ou parceiros de publicidade para gerar receita com solicitações de lance. A ação foi um
complemento aos termos de proteção de dados em conformidade com o Regulamento
Geral de Proteção de Dados (GDPR), já em vigor na União Europeia.

Os usuários do Google Adsense tiveram de alterar a configuração dos sites em aten-


dimento à legislação, inclusive no Brasil, dado que com o Google Adsense, Google e a
empresa anunciante agem como controladores de dados, ou seja, tomam decisões sobre
as informações pessoais que usam para oferecer e melhorar os produtos.

Na prática, o que tal alteração na configuração da página significa? Que quando um edi-
tor restringe o processamento de dados, o Google limita a maneira como usa os dados e in-
disponibiliza alguns recursos, entre eles a adição de usuários em listas de remarketing, listas
de origem de remarketing de públicos-alvo semelhantes e funcionalidades relacionadas.

Este foi apenas um exemplo para mostrar que a Lei de Privacidade do Consumidor
da Califórnia também interfere na política de privacidade de empresas brasileiras, mais
do que você imagina.

Assim, nesta Unidade estudaremos as regras da CCPA.

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Sobre a California Consumer Privacy Act (CCPA)
A globalização, popularização da internet e o surgimento de tecnologias como o
aprendizado de máquina e a inteligência artificial trouxeram novas práticas de interação
e socialização de dados.

Ao mesmo tempo usadas para suprir necessidades de integração e facilitar o relacio-


namento humano e as interações sociais, estas novas tecnologias aumentaram a criação,
o processamento, armazenamento e compartilhamento de dados, trazendo novas ame-
aças ao universo digital.

Em sua obra, Desafios estratégicos para a segurança e defesa cibernética, Ar-


mando Junior (2020, p. 8) observa que no cenário com grande variedade de redes,
tecnologias e de infinitas perspectivas emerge uma faceta sempre presente nas relações
humanas: o uso da internet como forma de obter recursos e vantagens de forma inde-
vida ou ilícita.

Nessas circunstâncias, em que coexistem ameaças e defesas, as diversas


nações têm suas reações em busca da proteção de sua infraestrutura e
de sua população. De forma natural, os Estados buscam resguardar seus
interesses no espaço cibernético, não obstante ter o pensamento voltado
para a Defesa Nacional e visão tática ou operacional, orientada para a
Guerra Cibernética.

Diante deste cenário de transformação, foram necessárias novas abordagens sobre o


tema privacidade de dados, proporcionando maior controle sobre o uso de suas infor-
mações pessoais. No Brasil, as regras para o tratamento de dados são disciplinadas pela
Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), promulgada em setembro de 2020.
A LGPD brasileira foi baseada na General Data Protection Regulation (GDPR), lei
aprovada em 2016 e em vigência em toda a União Europeia desde 2018, que deu início
a um movimento de discussões referentes à proteção de dados. Foi a GDPR que inspirou
a criação da CCPA, sigla de California Consumer Privacy Act, ou Lei de Privacidade do
Consumidor da Califórnia.
Serão os termos da CCPA que estudaremos nesta oportunidade. Como a própria
sigla já diz, esta é uma lei de privacidade de dados que estabelece vários direitos para
pessoas que residem no Estado da Califórnia, Estados Unidos, assegurando maior con-
trole sobre as suas informações pessoais. A Lei tem aplicação extraterritorial, portanto,
se a sua empresa faz negócios nesse Estado e trata dados de californianos, está sujeita
às regras da CCPA.

Origem e Evolução
Como dito, a CCPA foi inspirada na GDPR para a proteção de dados e dos direitos à
privacidade do consumidor na Califórnia, região onde está o Vale do Silício, considerado o
“berço” da inovação digital, local em que se concentram grandes empresas de alta tecno-
logia e dali surgiram nomes que se tornaram referência mundial em inovação tecnológica
e avanços na internet, tais como Mark Elliot Zuckerberg (Facebook) e Steve Jobs (Apple).

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UNIDADE
CCPA: Estudo Teórico

No campo da regulação, a Califórnia também é conhecida por exercer influência sobre


outros Estados, sendo pioneira na regulamentação da notificação de vazamento de dados
– data breach notification, ou comunicação de incidente de segurança –, atualmente ado-
tada por todos os 50 Estados dos Estados Unidos.

Sancionada pelo Governo da Califórnia em junho de 2018, a CCPA entrou em vigor


em janeiro de 2020 e é válida aos consumidores, às famílias e aos domicílios sediados
apenas nesse Estado.

A legislação da Califórnia classifica como residente no Estado qualquer pessoa física


que esteja na Califórnia para outros fins que não sejam temporários ou transitórios;
que tenha domicílio na Califórnia, mas que esteja fora do Estado para fins temporá-
rios ou transitórios.

Enquanto a legislação brasileira leva em consideração os dados anônimos, ou seja, de


consumo ou estatísticos e que não permitem a identificação de seu titular, a Lei califor-
niana define dado pessoal como toda informação que identifique, individualmente, uma
pessoa ou família, residência/propriedade.

Pela Lei californiana, dados são todas as informações relacionadas a uma pessoa,
ou seja, indivíduo identificável. Não há distinção entre as funções públicas, privadas ou
corporativas de uma pessoa. Por isso, dados anônimos não são considerados pessoais.

Estão enquadrados na CCPA como dados pessoais: nome, endereço, número de pas-
saporte, informação comercial (incluindo registros de produtos ou serviços adquiridos),
informação biométrica e profissional, atividades na internet como histórico de navega-
ção e pesquisa, identificadores on-line, endereços de Internet Protocol (IP), informações
a respeito da interação do consumidor com um site, aplicativo ou anúncio e dados de
geolocalização, caso possam vincular direta ou indiretamente a um determinado consu-
midor ou a uma família, detalhes bancários/números de conta, número de contribuinte,
números de cartão de crédito/débito e até postagens em mídia social.

Aplicação da CCPA
A CCPA é aplicada em todas as empresas do mundo com fins lucrativos que coletam
dados pessoais dos consumidores residentes no Estado da Califórnia, nos seguintes casos:
• Se compram, vendem, compartilham para fins comerciais;
• Ou se a empresa excede, pelo menos, um dos seguintes limites:
» Trata informações pessoais de mais de 50 mil residentes na Califórnia, incluindo
casas ou dispositivos;
» Possui 50% da receita anual com origem na venda de dados pessoais dos residentes;
» Se tem receita bruta anual acima de US$ 25 milhões.

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Pela CCPA, são definidos:
• Consumidor: pessoa natural que reside no Estado da Califórnia;
• Dispositivo: qualquer aparelho físico capaz de se conectar à internet ou a outro dispo-
sitivo, direta ou indiretamente;
• Casa: pela regulamentação proposta é a pessoa ou o grupo que resida no mesmo
endereço, que compartilhe um mesmo dispositivo, que seja percebido por um mesmo
identificador único.

Por ser uma lei executória, empresas e sites sofrem penalidade civil e aqui entra o con-
ceito de dano presumido. Os consumidores da Califórnia podem entrar com uma ação civil
para recuperar danos, se acreditarem que houve violação de seus dados por uma empresa.

Pelo descumprimento da legislação as empresas estão sujeitas a multas que variam de


US$ 2.500 (violação) a US$ 7.500 (violação intencional), se a ofensa não for remediada
em até 30 dias após o recebimento da notificação pela empresa infratora. A fiscalização
é feita pelo advogado geral da Califórnia.

Já o pagamento da indenização ao consumidor é feito após uma ação judicial ser


ajuizada, com o envolvimento do advogado geral.

Pela CCPA o consumidor/titular tem duas opções:


• Ajuizar uma ação cível perante o Poder Judiciário, pleiteando danos estatutários de
100 a US$ 750 por consumidor. Em tese, o consumidor não precisa comprovar
que teve a perda concreta e é um caso muito parecido com o dano moral;
• Danos concretos, quando determinados dados não criptografados são alvos de aces-
so indevido, furto ou da disponibilização de medidas adequadas de segurança. Se
conseguir comprovar que isso provocou perdas financeiras definidas, o consumidor
consegue solicitar tal indenização.
Nestes dois casos é necessário o consumidor fazer um aviso prévio de 30 dias à em-
presa infratora. Ou seja, deverá informar o ocorrido e a empresa tem este período para
sanar a violação e se isto se concretizar, os danos estatutários não permanecerão dispo-
níveis. Somente se neste prazo a empresa não conseguir sanar a violação é que o titular
poderá solicitar, ao Poder Judiciário, a indenização.
As exceções às aplicações da CCPA são as organizações sem fins lucrativos, as ins-
tituições de seguros, setor público e agentes e organizações de apoio, que seguem o
regulamento IIPPA, semelhante às regras da California Consumer Privacy Act.
Ademais, as obrigações da legislação não podem restringir a capacidade de uma
empresa que:
• Cumprir as leis federais, estaduais ou locais;
• Cumprir com uma investigação civil, criminal ou regulamentar, investigação, inti-
mação ou intimação por autoridades federais, estaduais ou locais;
• Cooperar com as agências de aplicação da Lei em relação à conduta ou atividade
que a empresa, o provedor de serviços ou terceiros, de maneira razoável e de boa-
-fé, acreditem que possam violar as leis federais, estaduais ou locais;

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UNIDADE
CCPA: Estudo Teórico

• Exercer ou defender ações judiciais;


• Coletar, usar, reter, vender ou divulgar informações do consumidor que foram desi-
dentificadas do consumidor;
• Coletar ou vender informações pessoais de um consumidor se todos os aspectos
dessa conduta comercial ocorrerem totalmente fora da Califórnia.

Direitos dos Titulares de Dados na CCPA


A CCPA é uma regulamentação com foco no consumidor e confere alguns direitos
aos titulares dos dados. Conforme veremos adiante, nos termos da Lei a empresa não
precisa solicitar autorização para a venda dos dados, mas o cidadão tem o direito de
concordar ou não com a venda de suas informações pessoais e a empresa não pode
desacatar essa opção.

Neste ponto há uma exceção na definição do termo venda: segundo a CCPA, a venda
de dados não tem o significado tradicional de troca por valor monetário. Nem todas as
transferências de informações pessoais são consideradas vendas quando os dados são
transferidos para um “provedor de serviços”, por exemplo.

Na CCPA também não está previsto o direito de emenda ou retificação. Assim, vere-
mos mais especificamente os direitos conferidos ao titular de dados dispostos na CCPA.

Direito de Saber
A CCPA é fundamentada na transparência e no consentimento do titular de dados.
E o que isto quer dizer? Que o titular tem direito à informação sobre quais dados são
coletados, as categorias, como são usados, compartilhados ou vendidos e com qual
finalidade a empresa faz o tratamento. É preciso informar ainda com quais terceiros as
informações são compartilhadas.

Pela CCPA o titular tem direito a saber das empresas o seguinte:


• As categorias de informações pessoais coletadas;
• Partes específicas de informações pessoais coletadas;
• As categorias de fontes das quais a empresa coletou informações pessoais;
• Os fins para os quais a empresa usa as informações pessoais;
• As categorias de terceiros com quem a empresa compartilha as informações pessoais;
• As categorias de informações que a empresa vende ou divulga a terceiros.

E este direito de saber é exercido? Normalmente pela política de privacidade no


site. Ali o consumidor deve encontrar claramente as explicações da empresa sobre as
práticas on-line e off-line realizadas no site – off-line para a coleta, o uso, compartilha-
mento e a venda de informações pessoais dos consumidores.

Na política de privacidade, o consumidor precisa encontrar estas informações e, se


concordar, dar o aceite. Isso vem sendo feito no Brasil em cumprimento às regras da

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LGPD. Se você é uma pessoa bem-informada, já deve ter acessado algum site com
aquele cookie banner, com a informação sobre a coleta de dados e o pedido de permis-
são para que isso seja feito.

Ainda na política de privacidade a empresa deve informar qual é o processo para


solicitar informações adicionais ou outras que o consumidor desejar. Para isso a empresa
deve incluir dois métodos de contato, que podem ser um número de telefone ou e-mail,
por exemplo.

Lembremo-nos que a legislação californiana determina que este tipo de solicitação


pode ser feito pelo consumidor duas vezes em um período de 12 meses, tendo direito a
receber os dados dos 12 meses anteriores.

Ao receber o pedido do consumidor, a empresa deve entregar gratuitamente as in-


formações solicitadas dentro de um período de 45 dias. Neste direito, no entanto, há
algumas exceções às quais as empresas podem se recusar a divulgar as referidas infor-
mações pessoais, incluindo:
• A empresa não pode verificar a solicitação;
• A solicitação é manifestamente infundada ou excessiva, ou a empresa já forneceu
informações pessoais as duas vezes permitidas em um período de 12 meses;
• As empresas não podem divulgar certas informações confidenciais, tais como o
número de seguro social, número de conta financeira ou senhas de contas, mas
deverá dizer se estão coletando esse tipo de informação;
• No caso de divulgação, deverá restringir a capacidade da empresa de cumprir obri-
gações legais, exercer reivindicações, direitos legais ou defender reivindicações legais;
• Se se tratarem de determinadas informações médicas, de relatórios de crédito ao
consumidor ou outros tipos de informações isentas da CCPA.

Já se o usuário não concordar com o tratamento de dados realizado pela empresa, deve-
rá expressar isso formalmente.

Para você entender, na prática, como funciona a aplicabilidade deste direito do saber,
acesse o link, em que a empresa LogMeIn cita declarações complementares da Lei de Pri-
vacidade do Consumidor da Califórnia. Disponível em: https://bit.ly/3vK47mX

Direito à Exclusão
Da mesma forma que o titular tem direito à informação sobre quais informações suas são
coletadas, usadas ou compartilhadas, a CCPA também proporciona aos consumidores da
Califórnia o direito de solicitar a exclusão de suas informações do banco de dados de uma
empresa. Ao receber esta solicitação, seja por meio de um e-mail ou via preenchimento de
um formulário, a empresa deve atender ao pedido e ainda entrar em contato com os tercei-
ros aos quais compartilhou as informações e solicitar a exclusão dos dados do consumidor.

A CCPA permite que o titular revogue a concessão dos dados e atualize no momento
que desejar.

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Ao receber a solicitação do consumidor, a empresa deve responder à sua solicitação


dentro de 45 dias corridos, que podem ser prorrogados por mais 45 dias (90 dias no total).

Assim como ocorre no direito de saber, há exceções em que a empresa pode alegar
para não excluir os dados de um consumidor, de modo que os motivos comuns pelos
quais as empresas podem negar os pedidos de exclusão são os seguintes:
• A empresa não pode verificar a solicitação;
• Para certas práticas de segurança empresarial;
• Para determinados usos internos que são compatíveis com as expectativas razoá-
veis do consumidor ou com o contexto no qual as informações foram fornecidas;
• Para cumprir as obrigações legais, exercer reivindicações, direitos legais ou defen-
der reivindicações legais;
• Se as informações pessoais forem médicas, de relatórios de crédito ao consumidor
ou outros tipos de informações isentas da CCPA.

Ao fazer o pedido de exclusão pode ocorrer de o consumidor receber uma resposta nega-
tiva, onde a empresa justifica que é prestadora de serviços. Isso porque a CCPA trata os
prestadores de serviços de maneira diferente das empresas. Os prestadores são proibidos
de reter, usar, ou divulgar dados pessoais para qualquer finalidade que não seja a especifi-
cada no contrato para a realização dos serviços. Neste caso, o pedido de exclusão deve ser
feito à própria empresa – e não ao prestador de serviços.

Direito à Venda de Informações Pessoais – Opt-Out da Venda


Nos termos da legislação californiana, venda é definida como a troca de dados pesso-
ais por dinheiro ou outra consideração valiosa. Ao exercer esse direito as empresas não
precisam pedir consentimento dos usuários antes de vender os dados pessoais.

Por outro lado, devem oferecer ao usuário a possibilidade de aceitar ou não a venda
destes dados. Ou seja, o consumidor pode ou não concordar que seus dados sejam vendi-
dos e a recusa normalmente é feita pelo botão identificado como do not sell my personal
information – não vender as minhas informações pessoais –, que deve direcionar para
uma página específica com um formulário para ser preenchido pelo usuário. Esta página
deve estar inserida na área principal do site e na política de privacidade da empresa.

Segundo a CCPA, para a venda de dados de menores de 13 anos de idade é necessário


o consentimento pelos pais ou responsáveis. Para jovens entre 13 e 16 anos de idade
é necessário o consentimento de aceitação do filho para qualquer “venda” de suas
informações pessoais.

Neste ponto, a CCPA determina que ao receber o opt-out a empresa não poderá
incomodar o consumidor pelos próximos 12 meses.

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Direito à Não Discriminação
Mesmo que o consumidor exerça o seu direito de privacidade e não permita a venda
de seus dados, a empresa não pode fazer distinção entre a qualidade de produto e ser-
viço e o preço que é oferecido ao consumidor. O que isto significa na prática? Que não
pode haver segregação entre quem aceitou vender os seus dados e quem não aceitou.
Nos termos da CCPA, torna-se proibida a discriminação do consumidor no exercício
de seus direitos e isto inclui cobrança diferenciada pelos serviços, ou oferecer um nível
diferente de qualidade dos serviços com a justificativa de que aquele consumidor não
permitiu a venda de seus produtos.

Corretores de Dados e a CCPA


Pela Lei da Califórnia um corretor de dados é toda empresa que intencionalmente co-
leta e vende a terceiros as informações pessoais de um consumidor com o qual a mesma
não tem um relacionamento direto.
A CCPA isenta desta definição certas empresas reguladas por outras leis, entre as
quais as agências de crédito e certas instituições financeiras e seguradoras que coletam
informações de consumidores de sites e, inclusive, de órgãos governamentais.
Para exercer os seus direitos segundo a CCPA, tais empresas devem estar registradas
na Procuradoria Geral da Califórnia – para quem devem explicar as suas atividades.

Ademais, não são considerados corretores de dados:


• Agência de relatórios ao consumidor, na medida em que seja coberta pelo Fair
Credit Reporting Act federal, legislação federal estadunidense, promulgada para
promover a precisão, justiça e privacidade das informações do consumidor contidas
nos arquivos das agências de denúncia do consumidor;
• Uma instituição financeira, na medida em que seja abrangida pela Lei Gramm-
Leach-Bliley, Decreto referente ao setor de serviços financeiros, permitindo que
bancos de negócios e investimentos, empresas de títulos e de seguros sejam conso-
lidados e abordados em relação à proteção da privacidade do consumidor;
• Uma entidade que esteja coberta pela Lei de Proteção de Informações e Privacidade
de Seguros.
A legislação até permite que o consumidor entre com o pedido para impedir a venda
das informações pessoais pelos corretores de dados, mas talvez não consiga, uma vez
que a Lei traz uma “brecha”: como você viu, a CCPA impõe vários direitos ao consumi-
dor, de modo que para se enquadrar à legislação e evitar punições, torna-se importante
fazer as adequações necessárias em sua empresa.
Um dos primeiros passos é reavaliar o mapeamento de dados para entender quais
informações são coletadas e tratadas. Se o seu site ainda não tem uma política de priva-
cidade, faça isto imediatamente, colocando todas as informações importantes e exigidas
pela CCPA, tal como uma descrição dos direitos de privacidade dos residentes do Estado
da Califórnia, bem como as categorias de dados que a sua empresa coleta e compartilha.
Adote estas boas práticas e evite punições.

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CCPA: Estudo Teórico

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Proteção de dados no mundo (GDPR, CCPA e outras legislações), da Nextlaw Academy
https://youtu.be/FnFcF9jWfNw

Leitura
Privacidade de dados desde a concepção: Lei de Privacidade do Consumidor da Califórnia
https://infa.media/2PPf4EL
Facebook e Apple poderão ter o controle que a KGB nunca teve sobre os cidadãos
https://bit.ly/3nNu2rf
“Não podemos salvar nossa privacidade, mas a democracia nunca precisou dela”,
diz filósofo político Firmin DeBrabande
https://bbc.in/3thEN6p

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Referências
ARMANDO JÚNIOR. Desafios estratégicos para a segurança e defesa cibernética.
[S.l.]: Contentus, 2020.

CALIFORNIA. CCPA – California Consumer Privacy Act. 2018. Disponível em:


<http://leginfo.legislature.ca.gov/faces/codes_displayText.xhtml?division=3.&part=4.&
lawCode=CIV&title=1.81.5>. Acesso em: 10/11/2020.

________. Departamento de Justiça do Estado da Califórnia. Lei de Privacidade do


Consumidor da Califórnia (CCPA). [201-]. Disponível em: <https://oag.ca.gov/pri-
vacy/ccpa#sectione>. Acesso em: 15/12/2020.

CALIFORNIA knows how to fine: o que sabemos até agora sobre o enforcement do
CCPA? [20--]. Disponível em: <https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/regula-
cao-e-novas-tecnologias/california-knows-how-to-fine-o-que-sabemos-ate-agora-sobre-o-
-enforcement-do-ccpa-15082020>. Acesso em: 5/01/2021.

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