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CCPA: Estudo Teórico
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
CCPA: Estudo Teórico
Objetivo
• Capacitar-se a aplicar os conceitos da privacidade e proteção de dados da California Consumer
Privacy Act (CCPA).
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
CCPA: Estudo Teórico
Contextualização
Ao tratarmos do estudo de California Consumer Privacy Act (CCPA), ou Lei de Privaci-
dade do Consumidor da Califórnia, uma legislação válida para o tratamento de dados nesse
Estado, pode ser que você se pergunte a necessidade do estudo dessa legislação estrangeira
para nós, brasileiros. Pois saiba que esta lei também afeta empresas de nosso país.
Parte da receita gerada no YouTube é repassada aos youtubers pelo Google Adsense,
ferramenta criada pelo Google para exibir anúncios de seus clientes em sites, vídeos na
plataforma e blogs, por exemplo. O valor estimado que o YouTube repassa aos usuários
do Adsense está entre 0,60 e US$ 5 a cada mil views.
Na prática, o que tal alteração na configuração da página significa? Que quando um edi-
tor restringe o processamento de dados, o Google limita a maneira como usa os dados e in-
disponibiliza alguns recursos, entre eles a adição de usuários em listas de remarketing, listas
de origem de remarketing de públicos-alvo semelhantes e funcionalidades relacionadas.
Este foi apenas um exemplo para mostrar que a Lei de Privacidade do Consumidor
da Califórnia também interfere na política de privacidade de empresas brasileiras, mais
do que você imagina.
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Sobre a California Consumer Privacy Act (CCPA)
A globalização, popularização da internet e o surgimento de tecnologias como o
aprendizado de máquina e a inteligência artificial trouxeram novas práticas de interação
e socialização de dados.
Origem e Evolução
Como dito, a CCPA foi inspirada na GDPR para a proteção de dados e dos direitos à
privacidade do consumidor na Califórnia, região onde está o Vale do Silício, considerado o
“berço” da inovação digital, local em que se concentram grandes empresas de alta tecno-
logia e dali surgiram nomes que se tornaram referência mundial em inovação tecnológica
e avanços na internet, tais como Mark Elliot Zuckerberg (Facebook) e Steve Jobs (Apple).
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UNIDADE
CCPA: Estudo Teórico
Pela Lei californiana, dados são todas as informações relacionadas a uma pessoa,
ou seja, indivíduo identificável. Não há distinção entre as funções públicas, privadas ou
corporativas de uma pessoa. Por isso, dados anônimos não são considerados pessoais.
Estão enquadrados na CCPA como dados pessoais: nome, endereço, número de pas-
saporte, informação comercial (incluindo registros de produtos ou serviços adquiridos),
informação biométrica e profissional, atividades na internet como histórico de navega-
ção e pesquisa, identificadores on-line, endereços de Internet Protocol (IP), informações
a respeito da interação do consumidor com um site, aplicativo ou anúncio e dados de
geolocalização, caso possam vincular direta ou indiretamente a um determinado consu-
midor ou a uma família, detalhes bancários/números de conta, número de contribuinte,
números de cartão de crédito/débito e até postagens em mídia social.
Aplicação da CCPA
A CCPA é aplicada em todas as empresas do mundo com fins lucrativos que coletam
dados pessoais dos consumidores residentes no Estado da Califórnia, nos seguintes casos:
• Se compram, vendem, compartilham para fins comerciais;
• Ou se a empresa excede, pelo menos, um dos seguintes limites:
» Trata informações pessoais de mais de 50 mil residentes na Califórnia, incluindo
casas ou dispositivos;
» Possui 50% da receita anual com origem na venda de dados pessoais dos residentes;
» Se tem receita bruta anual acima de US$ 25 milhões.
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Pela CCPA, são definidos:
• Consumidor: pessoa natural que reside no Estado da Califórnia;
• Dispositivo: qualquer aparelho físico capaz de se conectar à internet ou a outro dispo-
sitivo, direta ou indiretamente;
• Casa: pela regulamentação proposta é a pessoa ou o grupo que resida no mesmo
endereço, que compartilhe um mesmo dispositivo, que seja percebido por um mesmo
identificador único.
Por ser uma lei executória, empresas e sites sofrem penalidade civil e aqui entra o con-
ceito de dano presumido. Os consumidores da Califórnia podem entrar com uma ação civil
para recuperar danos, se acreditarem que houve violação de seus dados por uma empresa.
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CCPA: Estudo Teórico
Neste ponto há uma exceção na definição do termo venda: segundo a CCPA, a venda
de dados não tem o significado tradicional de troca por valor monetário. Nem todas as
transferências de informações pessoais são consideradas vendas quando os dados são
transferidos para um “provedor de serviços”, por exemplo.
Na CCPA também não está previsto o direito de emenda ou retificação. Assim, vere-
mos mais especificamente os direitos conferidos ao titular de dados dispostos na CCPA.
Direito de Saber
A CCPA é fundamentada na transparência e no consentimento do titular de dados.
E o que isto quer dizer? Que o titular tem direito à informação sobre quais dados são
coletados, as categorias, como são usados, compartilhados ou vendidos e com qual
finalidade a empresa faz o tratamento. É preciso informar ainda com quais terceiros as
informações são compartilhadas.
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LGPD. Se você é uma pessoa bem-informada, já deve ter acessado algum site com
aquele cookie banner, com a informação sobre a coleta de dados e o pedido de permis-
são para que isso seja feito.
Já se o usuário não concordar com o tratamento de dados realizado pela empresa, deve-
rá expressar isso formalmente.
Para você entender, na prática, como funciona a aplicabilidade deste direito do saber,
acesse o link, em que a empresa LogMeIn cita declarações complementares da Lei de Pri-
vacidade do Consumidor da Califórnia. Disponível em: https://bit.ly/3vK47mX
Direito à Exclusão
Da mesma forma que o titular tem direito à informação sobre quais informações suas são
coletadas, usadas ou compartilhadas, a CCPA também proporciona aos consumidores da
Califórnia o direito de solicitar a exclusão de suas informações do banco de dados de uma
empresa. Ao receber esta solicitação, seja por meio de um e-mail ou via preenchimento de
um formulário, a empresa deve atender ao pedido e ainda entrar em contato com os tercei-
ros aos quais compartilhou as informações e solicitar a exclusão dos dados do consumidor.
A CCPA permite que o titular revogue a concessão dos dados e atualize no momento
que desejar.
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CCPA: Estudo Teórico
Assim como ocorre no direito de saber, há exceções em que a empresa pode alegar
para não excluir os dados de um consumidor, de modo que os motivos comuns pelos
quais as empresas podem negar os pedidos de exclusão são os seguintes:
• A empresa não pode verificar a solicitação;
• Para certas práticas de segurança empresarial;
• Para determinados usos internos que são compatíveis com as expectativas razoá-
veis do consumidor ou com o contexto no qual as informações foram fornecidas;
• Para cumprir as obrigações legais, exercer reivindicações, direitos legais ou defen-
der reivindicações legais;
• Se as informações pessoais forem médicas, de relatórios de crédito ao consumidor
ou outros tipos de informações isentas da CCPA.
Ao fazer o pedido de exclusão pode ocorrer de o consumidor receber uma resposta nega-
tiva, onde a empresa justifica que é prestadora de serviços. Isso porque a CCPA trata os
prestadores de serviços de maneira diferente das empresas. Os prestadores são proibidos
de reter, usar, ou divulgar dados pessoais para qualquer finalidade que não seja a especifi-
cada no contrato para a realização dos serviços. Neste caso, o pedido de exclusão deve ser
feito à própria empresa – e não ao prestador de serviços.
Por outro lado, devem oferecer ao usuário a possibilidade de aceitar ou não a venda
destes dados. Ou seja, o consumidor pode ou não concordar que seus dados sejam vendi-
dos e a recusa normalmente é feita pelo botão identificado como do not sell my personal
information – não vender as minhas informações pessoais –, que deve direcionar para
uma página específica com um formulário para ser preenchido pelo usuário. Esta página
deve estar inserida na área principal do site e na política de privacidade da empresa.
Neste ponto, a CCPA determina que ao receber o opt-out a empresa não poderá
incomodar o consumidor pelos próximos 12 meses.
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Direito à Não Discriminação
Mesmo que o consumidor exerça o seu direito de privacidade e não permita a venda
de seus dados, a empresa não pode fazer distinção entre a qualidade de produto e ser-
viço e o preço que é oferecido ao consumidor. O que isto significa na prática? Que não
pode haver segregação entre quem aceitou vender os seus dados e quem não aceitou.
Nos termos da CCPA, torna-se proibida a discriminação do consumidor no exercício
de seus direitos e isto inclui cobrança diferenciada pelos serviços, ou oferecer um nível
diferente de qualidade dos serviços com a justificativa de que aquele consumidor não
permitiu a venda de seus produtos.
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CCPA: Estudo Teórico
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Proteção de dados no mundo (GDPR, CCPA e outras legislações), da Nextlaw Academy
https://youtu.be/FnFcF9jWfNw
Leitura
Privacidade de dados desde a concepção: Lei de Privacidade do Consumidor da Califórnia
https://infa.media/2PPf4EL
Facebook e Apple poderão ter o controle que a KGB nunca teve sobre os cidadãos
https://bit.ly/3nNu2rf
“Não podemos salvar nossa privacidade, mas a democracia nunca precisou dela”,
diz filósofo político Firmin DeBrabande
https://bbc.in/3thEN6p
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Referências
ARMANDO JÚNIOR. Desafios estratégicos para a segurança e defesa cibernética.
[S.l.]: Contentus, 2020.
CALIFORNIA knows how to fine: o que sabemos até agora sobre o enforcement do
CCPA? [20--]. Disponível em: <https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/regula-
cao-e-novas-tecnologias/california-knows-how-to-fine-o-que-sabemos-ate-agora-sobre-o-
-enforcement-do-ccpa-15082020>. Acesso em: 5/01/2021.
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