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DIVISÃO DE ENGENHARIA

Engenharia Termotécnica

Electrónica Analógica -V semestre

CAPÍTULO III–TIRISTORES

3.1. Introdução

Tirístor é o nome dado a uma família de dispositivos semiconductores que operam em regime
chaveado, sendo que todos têm 4 camadas semiconductoras numa sequência PNPN. Estes só
desligam-se quando a corrente cai abaixo da corrente de manutenção, isto exige que sejam
utilizados circuitos especiais de desligamento em certos casos.

A principal vantagem que oferecem é a de converter e controlar grandes quantidades de potência


em sistemas AC ou DC, utilizando apenas uma pequena potência para o controlo.

3.2. Características dos tirístores

Como foi dito anteriormente, o tirístor possui quatro camadas, de estrutura PNPN, resultando em
três junções PN. Diferentemente do díodo simples, este dispositivo tem três terminais: ânodo,
catódo e gatilho (gate).

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Figura 1: Símbolo do tirístor e as três junções.

3.3. Polarização dos tirístores

Quando a tensão no ânodo é positiva em relação ao cátodo, as junções J 1 e J3 ficam polarizadas


directamente. Enquanto a junção J2 está reversamente polarizada e apenas uma pequena corrente
de fuga flui do ânodo para o cátodo. Com isso diz-se que o tirístor está na condição de bloqueio
directo (forward blocking) ou estado desligado (off-stage) e, a corrente de fuga é conhecida
como corrente de estado desligado ID.

Caso seja significativamente aumentada a tensão ânodo-cátodo VAK, a junção J2 que encontra-se
reversamente polarizada será rompida. Este fenómeno é conhecido como ruptura avalanche
(avalanche breakdown) e a tensão correspondente é chamada tensão de ruptura (forward
breakdown voltage – VBO).

Uma vez que as junções J1 e J3 encontram-se directamente polarizadas, tem-se um movimento


livre de portadores através de todas as junções, fazendo com que surja uma grande corrente do
ânodo no sentido directo. Assim, o dispositivo entrará no estado de condução ou estado ligado
(on-state). Nesse estado tem-se a corrente limitada por uma impedância ou resistência máxima
RL, como é mostrado na figura 2.

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Figura 2: Circuito do tirístor.

Como forma de manter a quantidade de fluxo de portadores na junção, a corrente de ânodo deve
estar acima de um valor conhecido como corrente de travamento (latching current-IL). Caso
contrário, o dispositivo voltará a condição de bloqueio quando for reduzida a tensão ânodo-
cátodo. A corrente de travamento é a mínima corrente do ânodo necessária para manter o tirístor
no estado de condução imediatamente após o mesmo ter sido ligado e ter-lhe sido retirado o sinal
do gatilho.

Uma vez que o tirístor conduz, ele comporta-se como um díodo em condução e não há controlo
sobre o dispositivo. Assim, ele continuará a conduzir porque não há camada de depleção devido
ao movimento livre de portadores na junção J2. Entretanto, se a corrente directa do ânodo for
reduzida abaixo de um nível conhecido como corrente de manutenção (holding current-IH), será
desenvolvida uma região de depleção em torno da junção J2 devido ao reduzido número de
portadores, e o tirístor estará no estado de bloqueio. A corrente de manutenção está na ordem de
miliamperes e é menor em relação a corrente de travamento como pode se ver na figura 3.

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Figura3:Curva característica do tirístor.

Quando tem-se uma tensão positiva no cátodo em relação ao ânodo, a junção J2 fica directamente
polarizada, mas as junções J1 e J3 ficam inversamente polarizadas. Com isso, o tirístor estará no
bloqueio estado de bloqueio reverso e nele fluirá uma corrente de fuga reversa, conhecida como
corrente reversa IR.

3.4. Disparo do tirístor

Um tirístor pode ser ligado pelo aumento da tensão directa VAK além de VBO, mas tal forma de
liga-lo pode ser destrutiva. Na prática, a tensão directa é mantida abaixo de VBO e o tirístor é
ligado pela aplicação de uma tensão positiva entre seus terminais de gatilho e cátodo.

O aumento da corrente do ânodo pode ser conseguido das seguintes formas:

 Aumento da temperatura;
 Aumento da luz;
 Tensão elevada ou sobretensão;

Uma vez ligado pelo sinal do gatilho e sua corrente no ânodo for maior que a corrente de
manutenção, o dispositivo continuará conduzindo devido à sua realimentação positiva, mesmo
que o sinal do gatilho seja removido.

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Figura4: Efeitos da corrente do gatilho na tensão de bloqueio directa.

Na figura tem-se ilustradas as formas de onda da corrente no ânodo, de acordo com a aplicação
do sinal de gatilho. Há um atraso de tempo entre a aplicação do sinal de gatilho e a condução do
tirístor. Este tempo é conhecido como tempo de disparo (turn-on-time – ton).

O tempo de disparo é definido como o intervalo de tempo entre 10% da corrente de gatilho de
regime permanente (0.1IG) e 90% da corrente de regime permanente em estado de condução do
tirístor (0.9IT); Representa também a soma do tempo de atraso td e do tempo de subida tr;td
corresponde ao intervalo de entre 10% da corrente de gatilho (0.1IG) e 10% da corrente do tirístor
em estado de condução do tirístor (0.1IT). O tr é o tempo necessário para a corrente de ânodo
crescer de 10% à 90% da corrente em estado de condução, isto é 0.1IT a 0.9IT.

NOTA - Nos projectos de circuitos de controlo de gatilho devem ser considerados os seguintes
aspectos:

 Após o disparo, deve-se retirar o sinal de gatilho pois um sinal contínuo aumentaria a
perda de potência na junção de gatilho;
 Enquanto o tirístor estiver inversamente polarizado, não deverá haver sinal no gatilho.
Isto provocaria falhas devido ao aumento da corrente de fuga; e
 A largura do pulso de gatilho tG deve ser maior que o tempo necessário para a corrente de
ânodo crescer até o valor da corrente de manutenção IH.

3.5. Desligamento do tirístor

O desligamento de um tirístor que se encontra no estado de condução pode ser feito pela redução
da corrente directa a um nível abaixo da corrente de manutenção IH. Existem várias técnicas para

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o desligamento de um tirístor e, em todas as técnicas de comutação, a corrente de ânodo é
mantida abaixo da corrente de manutenção por um tempo suficientemente grande, de forma a
eliminar ou recombinar todos os portadores em excesso nas quatro camadas.

3.5. Tipos de tirístores

Dependendo da construção física, e do comportamento do tempo de disparo e de desligamento,


os tirístores podem no geral ser classificados em nove categorias:

1. Tiristores de controlo de fase (phase-control – SCRs);


2. Tirístores de chaveamento rápido (fast –switching– SCRs);
3. Tirístores de desligamento pelo gatilho (gate-turn-off – GTOs);
4. Tirístores bidirecionais (bidirectionaltriode– TRIACs);
5. Tirístores de condução reversa (reverse-conducting– RCTs);
6. Tirístores de indução estática (static-induction – SITHs);
7. Rectificadores controlados de silício activados por luz (light-activatedsilicon-
controlledrectifiers– LASCRs)
8. Tirístores controlados por FET (FET-controlled – FET-CTHs)
9. Tirístores controlados por MOS (MOS-controlled– MCTs).

Exercícios

1- Quais são as aplicações do tirístor.


2- Quais são as suas vantagens.
3- Quais são as suas desvantagens.
4- Quais são os tipos de polarização do tirístor.
5- Em que tipo de circuitos podemos utilizar os tirístores? CC ou CA?
6- Como é feito o disparo dos tirístores? Explique cada uma delas.
7- Explique detalhadamente como é desligado o tirístor.

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