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Gabarito da Lista 3 de Cálculo Diferencial e Integral 2

2020/1 - UFMG

Ao longo deste gabarito, denotaremos por I o intervalo [1, ∞] e por log x o logaritmo
natural de x, isto é, log x = loge x = ln x. Preencha os detalhes dos exercı́cios
que não foram feitos explicitamente aqui, são questões não muito complicadas que
vocês aprenderam no curso de cálculo 1, muitas dessas ideias são recorrentes e foram
omitidas ou parcialmente omitidas gradualmente.
Teorema (Teste da Integral). Sejam f P uma função positiva, contı́nua e decrescente

em I := [1, ∞] e Ran = f (n). Então, n=1 an é convergente se, e somente se, a

integral imprópria 1 f (x)dx é convergente.

Questão 1
1 1
a) A função associada ao termo geral an = √ 5 n é f (x) = √5 x , isto é, f (n) = an .

Para utilizar o Teste da Integral, precisamos verificar que f é positiva, contı́nua e


decrescente. Claramente f é positiva. f é derivável em I, logo é contı́nua, demonstre
que f é decrescente em I (você pode, por exemplo, mostrar que f 0 (x) < 0 para todo
4/5
x ∈ I, o que implica que f é decrescente). Uma primitiva para f (x) é F (x) = 5x4
(verifique). Temos, pelo Teorema Fundamental do Cálculo e pela definição de integral
imprópria, que Z ∞
f (x)dx = lim (F (x) − F (1)) = ∞,
1 x→∞

portanto, pelo Teste da Integral, a série é divergente.


1
b) Faremos o mesmo procedimento da letra a), mas agora com f (x) = (2x+1) 3. A

função f satisfaz as hipóteses do Teorema, pois é claramente positiva em I, é contı́nua


(pois é derivável) e é decrescente em I, pois tem derivada negativa nesse intervalo.
−1
Uma primitiva para f é F (x) = 4(1+2x) 2 (verifique). Temos

Z ∞
1
f (x)dx = lim (F (x) − F (1)) = −F (1) = < ∞,
1 x→∞ 4 ∗ 32
logo, pelo Teste da Integral, a série é convergente.
x
c) A função f (x) = x2 +1
satisfaz as hipóteses do Teste da Integral e
1
F (x) = log (x2 + 1)
2
é uma primitiva (faça a substituição u = x2 + 1 para calcular a integral). Temos
Z ∞
f (x)dx = lim F (x) = ∞,
1 x→∞

1
portanto a série diverge.
3
3 −e−x
d) A função f (x) = x2 e−x satisfaz as hipóteses do Teste da Integral e F (x) = 3
é uma primitiva. Temos
Z ∞
1
f (x)dx = lim (F (x) − F (1)) = −F (1) = < ∞,
1 x→∞ 3e
portanto a série é convergente.

Questão 2

a) Como existem termos an negativos (quais são eles?), não existe uma função positiva
f tal que f (n) = an para todo n ∈ N, portanto não podemos aplicar o Teste da
Integral. Observe que aqui não podemos simplesmente substituir n por x, como
fizemos na Questão 1, pois a função f resultante não é positiva.
b) Como a sequência (an )n não é decrescente, não existe uma função f decrescente
tal que f (n) = an , portanto o Teste da Integral não pode ser aplicado.

Questão 3
1 1
a) Primeiramente observe que se p ≤ 0, então n log(n) p ≥ n para todo n ≥ 3, logo a

série diverge, pelo teste de comparação (lembre-se que a série harmônica é divergente).
Falta analisar o caso em que p > 0. Fazendo uma mudança de variáveis, temos
∞ ∞
X 1 X 1
= ,
n=2
n log(n)p n=1
(1 + n) log(1 + n)p

este passo é importante pois queremos começar a somar a partir de n = 1 para usar
o Teste da Integral.
1
Seja f (x) = (1+x) log(1+x)p , então f é contı́nua e positiva em I, para todo p ∈ R. Resta

ver que f é decrescente. Para isso, verifique que, para todo p ∈ R,

0 log(1 + x)−p (−p log(1 + x)−1 − 1)


f (x) = .
(1 + x)2

Vamos analisar o sinal de f 0 como função de p > 0. Observe que para x ∈ I, como os
outros termos são sempre positivos,

f 0 (x) < 0 ⇐⇒ g(x) = (−p log(1 + x)−1 − 1) < 0,

2
logo, para saber o sinal de f 0 basta saber o sinal de g. Note que se p > 0, então
g(x) < 0 (e, portanto, f 0 (x) < 0) para todo x ∈ I. Acabamos de demonstrar que se
p > 0 então f é decrescente no intervalo I, logo, podemos aplicar o Teste da Integral.
1−p
Se p 6= 1, uma primitiva para f é dada por F (x) = log(1+x) 1−p
e se p = 1, uma
primitiva para f é F (x) = log(log(1 + x)) (em ambos os casos, faça a substituição
u = log(1 + x) para calcular a integral).
Temos, para p = 1,
Z ∞
f (x)dx = lim (F (x) − F (1)) = lim log(log(1 + x)) − log(log(2)) = ∞.
1 x→∞ x→∞

Se 0 < p < 1, temos


Z ∞
log(1 + x)1−p log(2)1−p
f (x)dx = lim (F (x) − F (1)) = lim − = ∞,
1 x→∞ x→∞ 1−p 1−p
pois nesse caso o expoente 1 − p > 0. Verifique que, se p > 1,
Z ∞
f (x)dx < ∞
1

e conclua, utilizando o Teste da Integral, que



X 1
< ∞ ⇐⇒ p > 1.
n=2
n log(n)p

b) Primeiramente, veja que se p ≤ 0, então

1 [log(log n)]−p
≤ (0.1)
n log n n log n

para todo n > ee (isto é, sempre que log(log n) ≥ 1). Pelo exercı́cio 3-a), a série
P∞ 1
P∞ [log(log n)]−p
n=2 n log n é divergente, então por (0.1) e pelo teste de comparação, n=3 n log n
diverge.
Vamos agora tratar o caso em que p > 0. Fazendo uma mudança de variáveis, obtemos
∞ ∞
X [log(log(2 + n))]−p
X 1
=
n=3
n log n[log(log n)]p n=1
(2 + n) log(2 + n)

Sejam
[log(log x)]−p
g(x) = , f (x) := g(2 + x),
x log x

3
−p
então f (n) = an para todo n ≥ 1, em que an = [log(log(2+n))]
(2+n) log(2+n)
é o termo geral da série.
0 0
Veja que f é positiva, contı́nua, que f (x) = g (2 + x) e verifique que

0 [log(log(x))]−p−1 (p + log(log x)(1 + log x))


g (x) = − .
x2 log2 x

Segue daı́ que se p ≥ 0, então f 0 (x) < 0, para todo x ∈ I e, portanto, f é decrescente
em I. Vamos calcular uma primitiva de f . Fazendo as sucessivas mudanças de
variáveis y = x + 2, u = log y e ω = log u, obtemos

[log(log y)]−p
Z Z Z Z
f (x)dx = g(x + 2)dx = g(y)dy = dy
y log y
log(u)−p ω 1−p [log(log(x + 2))]1−p
Z Z
= du = ω −p dω = +C = + C.
u 1−p 1−p
1−p
Assim, F (x) = [log(log(x+2))]
1−p
é uma primitiva de f . Finalmente, Utilize o que de-
monstramos para p ≤ 0, a primitiva F e o Teste da Integral para concluir que

X 1
< ∞ ⇐⇒ p > 1.
n=3
n log n[log(log n)]p

(compare com o exercı́cio 3 - a))


c) Se p ≥ 0 a série claramente é divergente, pelo Teste da Divergência. Para p < 0,
tome f (x) = (1+xx2 )−p , verifique que f satisfaz as hipóteses do Teste da Integral e que
(1+x2 )p+1
F (x) = 2(p+1)
é uma primitiva de f . Conclua que

X
n(1 + n2 )p < ∞ ⇐⇒ p < −1
n=1

d) Análogo aos demais itens.


Dicas: Para p ≤ 0 a série diverge, pois o termo geral não vai pra zero.
Se 0 < p ≤ 1, então
log n log n 1
≥ ≥ , ∀ n ≥ 3.
np n n
Utilize
P∞essalogdesigualdade e o fato de que a série harmônica diverge para demonstrar
n
que n=1 np também diverge.
Se p > 1, faça integração por partes para encontrar a primitiva e conclua, utilizando
o teste da integral, que neste caso a série converge. Se tiver dificuldade para fazer
essa parte veja exemplos de aplicações do teste, a ideia é a mesma.

4
Questão 4

a)
∞ ∞
X 1 X 1 π2
= − 1 = − 1.
n=2
n2 n=1
n2 6

b) Observe que
∞ ∞
X 1 X 1
=
n=3
(n + 1)2 n=4
n2
e faça como no item a).
c)
∞ ∞
X 1 1X 1 π2
= = .
n=1
(2n)2 4 n=1 n2 24

Questão 5

Se b ≥ 1 a série diverge, pois o termo geral não converge pra zero. Se 0 < b < 1,
2
defina f (x) = blog x , então,
log x2 ) 2
f (x) = elog(b = elog x log b
= x2 log b ,
x1+2 log b
portanto, F (x) = 1+2 log b
é uma primitiva.
Use o Teste da Integral para concluir que

2
X
blog n < ∞ ⇐⇒ b < e−1/2 .
n=1

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