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23a aula

12 de Dezembro de 2022
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Mais informação sobre e

De
1 1 1
e =1+1+ + + ··· + + Rn, exp, 0 (1) ∀n ∈ N
2! 3! n!
podemos ainda concluir que:

Teorema: e é um número irracional.


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Demonstração do Teorema

Suponhamos que e é racional, digamos e = pq , com p, q ∈ N e


mdc (p, q) = 1. Então, para todo o n ∈ N, temos

p 1 1 1
e= = 1 + 1 + + + ··· + + Rn, exp, 0 (1).
q 2! 3! n!
Consequentemente, para todo o n ∈ N,
p n! n!
n! = n! + n! + + ··· + + n! Rn, exp, 0 (1).
q 2! n!
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E, se n > q, temos
p n! n!
n! ∈N e n! + n! + + ··· + ∈ N.
q 2! n!
Logo, para n > q,
n! Rn, exp, 0 (1) ∈ Z.

e β
Além disso, como Rn, exp, 0 (1) = (n+1)! para algum β entre 0 e 1,
tem-se
Rn, exp, 0 (1) > 0 ∀n ∈ N

e
n! Rn, exp, 0 (1) ∈ N ∀n ∈ N, n > q.
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Contudo, como
3
0 < Rn, exp, 0 (1) 6
(n + 1)!

sabemos que, se n > q e n > 3, temos


3 3
0 < n! Rn, exp, 0 (1) 6 6 < 1.
n+1 4

O que é impossı́vel, pois entre 0 e 1 não há inteiros.

A contradição resultou de se supor que e ∈ Q.


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Resumo

• ∀x ∈ R
 x3 x5 x 2n−1 
sen (x) = lim x− + − · · · + (−1)n−1
n → +∞ 3! 5! (2n − 1)!
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Resumo

• ∀x ∈ R
 x2 x4 x 2n−2 
cos (x) = lim 1− + − · · · + (−1)n−1
n → +∞ 2! 4! (2n − 2)!
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Resumo

• ∀x ∈ R
 x2 x3 x n−1 
ex = lim 1+x + + + ··· +
n → +∞ 2! 3! (n − 1)!
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Resumo

• ∀ x ∈ R tal que |x| 6 1


 x3 x5 x 2n−1 
arctg (x) = lim x− + − · · · + (−1)n−1
n → +∞ 3 5 2n − 1

E, se |x| > 1, esta igualdade não é válida.


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Resumo

• ∀ x ∈ R tal que −1 < x 6 1


 x2 x3 xn 
log (1 + x) = lim x− + − · · · + (−1)n−1
n → +∞ 2 3 n

E, se x ∈
/ ] − 1, 1], esta igualdade não é válida.
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Mais um exemplo

Consideremos a função

−1/x 2 se x 6= 0
 e


f (x) =


 0 se x = 0

Tem-se f (n) (0) = 0 para todo o n ∈ N. Logo,

Pn, f , 0 (x) = 0 ∀n ∈ N ∀ x ∈ R.

E, portanto, os polinómios de Taylor de f não fornecem


aproximações de f (x) para x 6= 0.
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Mais: este mesmo polinómio nulo é o polinómio de Taylor em 0 de


ordem n (para qualquer n) da função nula e das funções g e h
seguintes: 
−1/x 2
 −e se x 6= 0


g (x) =


 0 se x = 0
e
2


 −e −1/x se x < 0






h(x) = 0 se x = 0






 −1/x 2

e se x > 0.
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Ou seja, apesar de cada uma destas funções ter derivadas de todas


as ordens em 0, os respectivos polinómios de Taylor em 0 não
servem para aproximar a função por polinómios uma vez que, para
x 6= 0,
Rn, f , 0 (x) = f (x) − Pn, f , 0 (x) = f (x)

para todo o natural n.


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Na aproximação de funções por polinómios, cruzámo-nos com


sucessões que se obtêm somando os termos de outra sucessão.
Como esta, para cada x ∈ R,
 x2 x3 x n−1 
ex = lim 1+x + + + ··· +
n → +∞ 2! 3! (n − 1)!

que é limite da sucessão de somas

Sn = a1 + a2 + · · · + an

sendo
x n−1
an = ∀ n ∈ N.
(n − 1)!
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No que se segue, estudaremos com mais detalhe a convergência


deste tipo de sucessões, mesmo que não tenham origem em
polinómios de Taylor.
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Séries

Dada uma sucessão (an )n ∈ N de números reais, consideremos a


sucessão das somas parciais

n∈N 7→ Sn = a1 + a2 + · · · + an .

A sucessão (Sn )n ∈ N chama-se série gerada por (an )n ∈ N e an diz-se


o termo geral da série (Sn )n ∈ N .
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Se a sucessão (Sn )n ∈ N tiver limite finito, diz-se que a sucessão


(an )n ∈ N é somável. Nesse caso, o limite representa-se pela soma
infinita
+∞
X
an
n=1

e diz-se também que a série (Sn )n ∈ N converge.


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Notação

+∞
X
an também representa a série gerada por (an )n ∈ N .
n=1
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Exemplo 1
1

Se (an )n ∈ N = 2n−1 n ∈ N
, então, para cada n ∈ N,

1 1 1 − 21n
Sn = 1 + + · · · + n−1 =
2 2 1 − 12

e já sabemos que

1 − 21n  1
lim = lim 2 1 − n = 2.
n → +∞ 1 − 12 n → +∞ 2

E, portanto,
+∞
X 1
= 2.
2n−1
n=1
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Mais geralmente, se (an )n ∈ N = r n−1



n∈N
e |r | < 1, então, para
cada n ∈ N,
1 − rn
Sn = 1 + r + · · · + r n−1 =
1−r
e portanto
1 − rn 1
lim 1 + r + · · · + r n−1 = lim = .
n → +∞ n → +∞ 1−r 1−r
Ou seja,
+∞
X 1
r n−1 = .
1−r
n=1
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Se r > 1, então, para cada n ∈ N,


1 − rn
Sn = 1 + r + · · · + r n−1 =
1−r
e portanto
1 − rn
lim 1 + r + · · · + r n−1 = lim = +∞.
n → +∞ n → +∞ 1−r
Ou seja, se r > 1, a sucessão (Sn )n tem limite, mas a série
+∞
X
r n−1 não converge.
n=1
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Se r < −1, então, para cada n ∈ N,


1 − rn
Sn = 1 + r + · · · + r n−1 =
1−r
e portanto

1 − r 2n 1 − (−1)2n |r |2n
lim S2n = lim = lim
n → +∞ n → +∞ 1−r n → +∞ 1−r
1 − |r |2n
= lim = −∞
n → +∞ 1−r

1 − r 2n−1 1 − (−1)2n−1 |r |2n−1


lim S2n−1 = lim = lim
n → +∞ n → +∞ 1−r n → +∞ 1−r
1 + |r |2n−1
= lim = +∞.
n → +∞ 1−r
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Logo, se r < −1, a sucessão (Sn )n não tem limite.


P+∞
Em particular, a série n=1 r n−1 não converge.
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Se r = 1, então, para cada n ∈ N,

Sn = 1 + 1 + · · · + 1 = n

e portanto limn → +∞ Sn = +∞.

Se r = −1, então, para cada n ∈ N,


(
0 se n é par
Sn =
1 se n é ı́mpar

Consequentemente, limn → +∞ Sn não existe.


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Em resumo:

Dado r ∈ R, as séries geométricas de razão r


+∞
X +∞
X
rn e r n−1
n=1 n=1

convergem se e só se |r | < 1, e, nesse caso, as suas somas são,


respectivamente,
r 1
e .
1−r 1−r
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Exemplo 2

Se an = (x + 1)3(n−1) , para algum x ∈ R, então a sucessão

Sn = a1 + a2 + · · · + an = 1 + (x + 1)3 + (x + 1)6 + · · · + (x + 3)3(n−1)

converge se e só se |(x + 1)3 | < 1, ou seja, se x ∈ ] − 2, 0[.

E, se x ∈ ] − 2, 0[,

1
lim Sn = .
n → +∞ 1 − (x + 1)3
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Exemplo 3
1

Seja (an )n ∈ N = n n ∈ N.

Então, para cada n ∈ N,


1 1
Sn = 1 + + ··· +
2 n
e já sabemos que
1 1
lim 1+ + · · · + = +∞.
n → +∞ 2 n
Logo
+∞
X 1
não converge.
n
n=1
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Exemplo 4
1
Se an = n (n+1) , então
1 1
S1 = =1−
2 2
1 1  1 1 1 1
S2 = + = 1− + − =1−
2 6 2 2 3 3
1 1 1  1 1 1 1 1 1
S3 = + + = 1− + − + − =1−
2 6 12 2 2 3 3 4 4
..
.
n 
1 1 1 X 1 1  1
Sn = + + ··· + = − =1−
2 6 n(n + 1) k k +1 n+1
k=1
e, portanto,
+∞
X 1
lim Sn = 1 = .
n → +∞ n(n + 1)
n=1
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Exemplo 5
Se an = n r n−1 , para |r | < 1, então

1 − (n + 1)r n + nr n+1
Sn = 1 + 2r + 3r 2 + 4r 3 + · · · + nr n−1 = .
(1 − r )2

De facto, tem-se, para todo o x ∈ R \ {1},

1 − x n+1
1 + x + x2 + x3 + · · · + xn =
1−x
logo, derivando em ordem a x, obtemos
 1 − x n+1 0 1 − (n + 1)x n + nx n+1
1+2x +3x 2 +· · ·+nx n−1 = = .
1−x (1 − x)2
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Concluı́mos desta fórmula que, se |r | < 1, então

1 − r n − nr n + nr n+1 1
lim Sn = lim 2
=
n → +∞ n → +∞ (1 − r ) (1 − r )2

porque, se |r | < 1,

lim −(n + 1)r n + nr n+1 = 0.


n → +∞
P+∞
Ou seja, se |r | < 1, a série n=1 n r n−1 converge e
+∞
X 1
n r n−1 = .
(1 − r )2
n=1
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Do capı́tulo sobre polinómios de Taylor, obtemos mais exemplos de


séries convergentes e o respectivo valor da soma:
 1 1 1 1
log 2 = lim 1− + − + · · · + (−1)n−1
n → +∞ 2 3 4 n
 π3 π5 π 2n−1 
0 = sen π = lim π− + − · · · + (−1)n−1
n → +∞ 3! 5! (2n − 1)!

π  1 1 1 
= arctg (1) = lim 1− + − · · · + (−1)n−1
4 n → +∞ 3 5 2n − 1
 1 1 1 1 
e = exp (1) = lim 1+ + + + ··· +
n → +∞ 1! 2! 3! (n − 1)!

1  1 1 1 
= exp (−1) = lim 1− + − · · · + (−1)n−1 .
e n → +∞ 1! 2! (n − 1)!
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Condição necessária para a convergência

P+∞
Teorema: Se n=1 an converge, então limn → +∞ an = 0.

O recı́proco não é verdadeiro: veja-se o caso da série


+∞
X 1
.
n
n=1
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Demonstração do Teorema

Sejam Sn = a1 + a2 + · · · + an e
+∞
X
S= an = lim Sn ∈ R.
n → +∞
n=1

Então também se tem

S= lim Sn−1
n → +∞

de onde resulta, por se ter S ∈ R, que

lim an = lim Sn − Sn−1 = S − S = 0.


n → +∞ n → +∞
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Exemplos

De acordo com este Teorema, as séries seguintes não convergem:


P+∞ n
• n = 1 (−1)

P+∞ n2
• n = 1 3n2 +1

P+∞
• n=1 n sen n1
P+∞ 1
• n=1 en.
P+∞
• n=1 arctg (n).
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Porque:

• limn → +∞ (−1)n não existe.

n2
• limn → +∞ 3n2 +1
= 13 .

• limn → +∞ n sen n1 = 1.
1
• limn → +∞ e n = 1.

• limn → +∞ arctg (n) = π2 .


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Operações com séries convergentes


Podemos obter mais exemplos de séries convergentes com a
álgebra de limites.

Do que estudámos sobre a convergência de sucessões podemos


concluir que, se c ∈ R e (an )n ∈ N e (bn )n ∈ N são sucessões
somáveis, então (an + bn )n ∈ N e (c an )n ∈ N são somáveis e
+∞
X +∞
X +∞
X
(an + bn ) = an + bn
n=1 n=1 n=1
+∞
X +∞
X
c an = c an .
n=1 n=1
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Por exemplo, a série


+∞ n+2
X 3 − 2n+1
4n
n=1
converge porque
+∞ n+2 +∞ 
X 3 − 2n+1 X 3n 2n 
= 32 − 2
4n 4n 4n
n=1 n=1
+∞  3 n +∞  
X X 2 n
= 9 −2
4 4
n=1 n=1
+∞
X  3 n +∞
X  1 n
= 9 −2
4 2
n=1 n=1
3 1
4 2
= 9 3
−2 1
1− 4 1− 2
= 25.
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Observação

P+∞
Consideremos uma série n=1 an e fixemos P ∈ N tal que P > 1.

Então
+∞
X +∞
X
an converge ⇔ an converge.
n=1 n=P

Vejamos porquê.
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Sejam (Sn )n e (Tn )n as sucessões das somas parciais das séries


P+∞ P+∞
n=1 an e n=P an .

Então, para cada natural n,

Tn = aP +aP+1 +· · ·+an+P−1 = Sn+P−1 −(a1 +a1 +· · ·+aP−1 )

Logo, limn → +∞ Tn existe e é finito se e só se limn → +∞ Sn existe


e é finito (mas estes limites podem ser distintos).
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Séries de termos não-negativos

Vamos considerar séries geradas por sucessões (an )n ∈ N tais que

∀n ∈ N an > 0.

O objectivo é obter modos de garantir a convergência destas séries.


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Comecemos por observar que:

Se para todo o n ∈ N se tem an > 0, então


+∞
X
an converge ⇔ (Sn )n é majorada.
n=1

De facto, a sucessão (Sn )n é monótona crescente

Sn+1 − Sn = an+1 > 0 ∀n ∈ N

logo, como sabemos, (Sn )n converge se e só se é majorada.


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1o critério de comparação

Suponhamos que, para todo o n ∈ N, se tem

0 6 an 6 bn
P+∞
e que a série n=1 bn converge.

P+∞
Então a série n=1 an também converge.
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Demonstração

Para cada n ∈ N, sejam

Sn = a1 + a2 + · · · an e Tn = b1 + b2 + · · · bn .

Então
∀n ∈ N 0 6 Sn 6 Tn

e a sucessão de somas parciais (Tn )n é majorada. Logo, a sucessão


(Sn )n é majorada e, por isso, converge.
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Exemplo 6

Consideremos a série
+∞
X 1 + cos5 (n + 1)
.
2n + n
n=1

Como se tem para todo o n ∈ N

1 + cos5 (n + 1) 2 1
06 6 n = n−1
2n + n 2 2

e a série +∞ 1 o
P
n=1 2n−1 converge para 2, concluı́mos do 1 critério de
P+∞ 1+cos5 (n+1)
comparação que a série n=1 2n +n também converge.
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Exemplo 7

Consideremos a série
+∞
X 2n + 2
.
n2 + 1
n=1

Como se tem, para todo o n ∈ N,


2n + 2 2n 1
> 2 = > 0
n2 + 1 n + n2 n

se a série +∞ 2n+2 o
P
n=1 n2 +1 convergisse, então, pelo 1 critério de
P+∞ 1 P+∞ 2n+2
comparação, a série n=1 n convergiria. Logo n=1 n2 +1 não
converge.
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Exemplo 8
Consideremos a série
+∞
X 1
.
n2
n=1
P∞ 1
Já foi visto que n=1 n (n+1) converge. Além disso, temos, para
todo o natural n,
1 1
0< <
(n + 1)2 n(n + 1)
logo, pelo 1o critério de comparação, ∞ 1
P
n=1 (n+1)2 converge. E,
portanto,
∞ ∞ ∞
X 1 X 1 X 1
2
= 1 + 2
= 1 +
n n (n + 1)2
n=1 n=2 n=1
converge.
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Exemplo 9

Consideremos a série
+∞
X 1
np
n=1

para algum número real p ∈ [2, +∞[.

Como p > 2, tem-se

np > n2 ∀ n ∈ N.

Logo
1 1
0< 6 2 ∀ n ∈ N.
np n
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E, portanto, para todo o p > 2, a série


+∞
X 1
np
n=1

converge por comparação com a série


+∞
X 1
.
n2
n=1
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Exemplo 10
1
Pelo contrário, se an = np e 0 < p 6 1, tem-se

np 6 n ∀n ∈ N

logo
1 1
p
> >0 ∀ n ∈ N.
n n

Pelo 1o critério de comparação, conclui-se que


+∞
X 1
np
n=1

não converge.
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Exemplo 11

1
E se an = np com 1 < p < 2 ?

Voltaremos mais tarde a estas séries.


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Exemplo 12

Consideremos a série
+∞
X 1
.
2n − 1
n=1

Como +∞
P 1 P+∞ 1
n=1 n não converge, a série n=1 2n também não
converge. E, uma vez que

1 1
0< < ∀n ∈ N
2n 2n − 1
P+∞ 1
pelo 1o critério de comparação a série n=1 2n−1 não converge.
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Exemplo 13

Consideremos a série
+∞
X 1
.
log n
n=2

Como
log n < n ∀n ∈ N

tem-se
1 1
> ∀n ∈ N
log n n
P∞ 1 P∞ 1
logo n=2 log n não converge por comparação com n=2 n .
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Observação

∀x > 0 log x < x.

Ou seja, a função

x >0 7→ f (x) = x − log x

é sempre positiva.
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Se 0 < x 6 1, sabemos que log x 6 0 e, portanto,

f (x) = x − log x > x > 0.

1
Se x > 1, tem-se 0 < x < 1, logo

1
f 0 (x) = 1 − >0 ∀ x > 0.
x
Consequentemente, f é estritamente crescente em [1, +∞[. Em
particular,
f (x) > f (1) = 1 > 0 ∀ x > 1.
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Exemplo 14
Consideremos a série
+∞
X 1
.
n2 log n
n=2

1
Para n > 3 tem-se log n > log e = 1, logo log n < 1. Multiplicando
por n12 , obtemos
1 1
∀n > 3 6 .
n2 log n n2
E, portanto, pelo 1o critério de comparação
∞ ∞
X 1 1 X 1
2
= + 2
n log n 4 log 2 n log n
n=2 n=3
converge.
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Critério do quociente

Seja (an )n uma sucessão de números reais positivos tal que a


sucessão a 
n+1
an n∈N

tem limite ` ∈ R+
0 ∪ {+∞}.

+∞
X
Se 0 6 ` < 1, então an converge.
n=1

+∞
X
Se ` > 1 ou ` = +∞, então an não converge.
n=1
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Demonstração
`+1
Suponhamos que 0 6 ` < 1 e seja r = 2 ∈ ]`, 1[.

an+1
Como limn → +∞ an = `, existe n0 ∈ N tal que
an+1
n > n0 ⇒ < r.
an
Então

an0 +1 < r an0


an0 +2 < r an0 +1 < r 2 an0
..
.
an0 +k < r k an0 ∀ k ∈ N.
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P∞
Além disso, como 0 < r < 1, a série k=1 r k an0 converge.
P∞
E, portanto, k=1 an0 +k converge pelo 1◦ critério de comparação.

P+∞
Logo n=1 an converge.
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Suponhamos agora que ` > 1 e seja r = `+1


2 ∈ ]1, `[. Como
an+1
limn → +∞ an = `, existe n0 ∈ N tal que
an+1
n > n0 ⇒ > r.
an
Então
an0 +k > r k an0 ∀ k ∈ N.

Como r > 1 e an0 > 0,

lim r k an0 = +∞
k → +∞

e, portanto,
lim an = +∞.
n → +∞
P+∞
Logo n=1 an não converge.
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an+1
Se ` = +∞, consideremos r = 2. Como limn → +∞ an = +∞,
existe n0 ∈ N tal que
an+1
n > n0 ⇒ > 2.
an
Então
an0 +k > 2k an0 ∀ k ∈ N.

Como an0 > 0,


lim 2k an0 = +∞
k → +∞
e, portanto,
lim an = +∞.
n → +∞
P+∞
Logo n=1 an não converge.
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Atenção

Se
• limn → +∞ aan+1 = 1
n

ou

• este limite não existe

não se pode concluir nada deste critério quanto à convergência da


P+∞
série n=1 an .
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1
Por exemplo, se an = n2
, tem-se

an+1 n2
lim = lim =1
n → +∞ an n → +∞ (n + 1)2

e sabemos que a série +∞ 1


P
n=1 n2 converge.

Se, pelo contrário, an = n1 , tem-se


an+1 n
lim = lim =1
n → +∞ an n → +∞ n + 1

e sabemos que a série +∞ 1


P
n=1 n não converge.
1 2 3 4 5 6

Por exemplo, se a1 = 1 e, para n ∈ N,


(
an
3 se n é ı́mpar
an+1 = an
4 se n é par
an+1
então não existe o limn → +∞ an , uma vez que
(
1
an+1 3 se n é ı́mpar
= 1
an 4 se n é par.
1 2 3 4 5 6

Contudo,
1
∀n ∈ N 0 < an 6
3n−1

P+∞
e, portanto, n=1 an converge pelo 1o critério de comparação.
1 2 3 4 5 6

Pelo contrário, se a1 = 1 e, para n ∈ N,


(
3 an se n é ı́mpar
an+1 =
4 an se n é par
an+1
então não existe o limn → +∞ an , uma vez que
(
an+1 3 se n é ı́mpar
=
an 4 se n é par.
1 2 3 4 5 6

Mas
∀ n ∈ N \ {1} an > 3

e, portanto,
lim an 6= 0
n → +∞

P+∞
o que implica que n=1 an não converge.
1 2 3 4 5 6

Exemplo 15

2n
Se an = n! , tem-se

2n+1
an+1 (n+1)! 2
lim = lim 2n
= lim = 0.
n → +∞ an n → +∞
n!
n → +∞ n+1

P+∞ 2n
Logo n=1 n! converge. A soma é e 2 − 1.
P+∞ |x|n
Mais geralmente, para todo o x ∈ R, a série n=1 n! converge.

E a soma é e |x| − 1.
1 2 3 4 5 6

Exemplo 16
n
Se an = 3n , tem-se
n+1
an+1 3n+1 n+1 1
lim = lim n = lim = .
n → +∞ an n → +∞
3n
n → +∞ 3n 3

P+∞ 1
n
Logo n=1 3n converge. A soma é 3
2 = 43 .
1− 31

Mais geralmente, fixados x > 1 e p ∈ N quaisquer, a série


P+∞ np
n=1 x n converge porque

(n+1)p
x n+1 1
lim np = < 1.
n → +∞
xn
x
1 2 3 4 5 6

Exemplo 17
n!
Se an = nn , tem-se
(n+1)!
an+1 (n+1)n+1
lim = lim n!
n → +∞ an n → +∞
nn
 n n 1
= lim = .
n → +∞ n+1 e
P+∞ n!
Logo n=1 nn converge.

Consequentemente,
n!
lim = 0.
n → +∞ nn
1 2 3 4 5 6

Exemplo 18
x 2n
Se x ∈ R \ {0} e an = n2
, tem-se

an+1  n 2
lim = lim x 2 = x 2.
n → +∞ an n → +∞ n+1

Logo, pelo critério do quociente:


P+∞ x 2n 2
• n=1 n2 converge se x < 1.
P+∞ x 2n 2
• n=1 n2 não converge se x > 1.

• O critério do quociente é inconclusivo se x 2 = 1, mas já


P+∞ 1
sabemos que n=1 n2 converge.
1 2 3 4 5 6

Conclusão: Se x ∈ R \ {0},

+∞ 2n
X x
converge se e só se x ∈ [−1, 1].
n2
n=1

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