Você está na página 1de 29

APICULTURA

para iniciantes
Módulo II – Parte 4

Produtos das abelhas


Cera de Abelhas
Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Produtos das Abelhas


Cera de Abelhas
Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Cera de Abelhas

Cera de abelhas
Produto de consistência plástica, de cor amarelada,
muito fusível, secretado pelas abelhas para a
formação dos favos nas colmeias (Brasil 2001).
Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Classificação da Cera de Abelhas

Cera de Abelhas bruta:

Não é submetida a processo de purificação


Apresenta cor desde o amarelo até o pardo
Untuosa ao tato, mole e plástica ao calor da mão
Fratura granulosa
Odor lembrando o do mel

Sabor levemente balsâmico e com traços de mel.


Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Classificação de Cera de Abelhas


Cera de abelhas branca ou pré-beneficiada:

Descolorida pela ação da luz, do ar ou por processos químicos


Isenta de restos de mel
Cor branca ou creme
Frágil
Pouco untuosa
Odor acentuado
Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Composição de Cera de Abelhas

A Cera de abelhas é constituída por uma mistura de


substâncias de carácter lipídico.

Depende das subespécies de Apis mellifera, da idade da


cera e das condições climáticas da sua produção.

A variação ocorre principalmente na quantidade relativa


dos diferentes componentes do que na sua natureza.
Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Composição de Cera de Abelhas

Composição em 100 g Cera (Barros, 2009)

12 a 15% de Ácidos graxos livres


14 a 16% de Hidrocarbonetos
Alcano com 27 átomos de carbono Ácido tetracosanoico é o mais
é o mais abundante (>5%) abundante (6%)

7,4% de diésteres
41% de monoésteres
Ésteres do ácido palmítico (C16:0); Diésteres de diois, ou hidroxiésteres
ésteres do ácido oleico (C18:1) acilados

0,6% de álcoois graxos


9,2% Hidroximonoésteres
Ésteres do ácido hidroxipalmítico Compostos minoritários: proteínas,
lipases; compostos fenólicos e terpenos.
Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Propriedades de Cera de Abelhas


Antialérgicas e anti-inflamatórias (alergias e
eczemas da pele; doenças inflamatórias do nariz).

Antigermicidas e cicratizantes (auxiliam na cura de


pequenos cortes na pele, escoriações, arranhões e
feridas).

Emolientes e amaciantes (a cera contém vitamina


A, fornece hidratação de longa duração e reduz a
oleosidade da pele).

Moldantes e impermeabilizantes (moldes)


Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Usos da Cera pelas abelhas

Construção dos favos e


fechamento dos alvéolos
(operculação).

Regulação da temperatura da
colônia.

Descriminação de odores da
colônia.
Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Usos de Cera de Abelhas pelo homem

Construção de favos artificiais

Cosmética (produtos p/ cabelo,


cremes faciais, protetores
labiais)

Produtos farmacêuticos e
odontológicos

Indústria de velas
Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Elaboração de Cera pelas abelhas

As abelhas só produzem cera se houver necessidade de


expandir a área de postura de ovos da rainha, ou ampliar o
espaço de depósito de pólen ou mel.

Os fatores inerentes à colônia para o processo de construção


de favos são a escuridão, a presença da rainha e uma boa
alimentação proteica (pólen).

Os fatores variáveis para a produção são o fluxo de néctar e


quantidade de favos preenchidos com reservas de alimento.
Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Elaboração de Cera pelas abelhas


A cera é produzida por abelhas operárias com idade entre 12
a 18 dias de vida adulta.

É secretada por meio de oito glândulas cerígenas,


localizadas na parte inferior do abdômen. A cera é liberada
na forma líquida e em contato com o ar solidifica em forma
de escamas brancas.

As escamas de cera são transportadas pelas patas até à boca


das obreiras, onde sofrem um processo de “mastigação”,
misturam com a saliva (secreções mandibulares), modelam e
constroem os favos.
Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Elaboração de Cera pelas abelhas

Os favos vão ficando impregnados de própolis, de fezes das


larvas, de pólen e de fibras produzidas pela larva, o que
confere rigidez aos favos.

A introdução destas substâncias na cera contribui para as


diferentes cores de cera.

Para produzir um quilo de cera, as abelhas necessitam


consumir em torno de seis a sete quilos de mel.
Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Produção de Cera de Abelhas

Método de produção por guias de cera.

Método de produção de cera por desalojamento das abelhas.


Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Produção de Cera de Abelhas


Método de produção por guias de cera

Consiste em adicionar à colmeia quadros guarnecidos


apenas de guias de cera (tiras de três a quatro
centímetros), em substituição dos quadros com cera
inteira.

A cera nova (favos) que as abelhas produzirem é aparada


regularmente, de forma a comprometer ao mínimo o
desenvolvimento da colônia.
Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Produção de Cera de Abelhas


Método por desalojamento das abelhas

Consiste em desalojar as abelhas de seus favos, mantendo


somente os de cria fechada prestes a emergir, preenchendo
a colmeia com quadros vazios.

O fundamento do método é fazer com que as abelhas se


encontrem sem cria e sem mel e construam favos com a
maior rapidez possível para reiniciar a postura da rainha
e estocar seus alimentos.
Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Produção de Cera de Abelhas


A cera de abelha pode ser obtida também por meio dos
opérculos que recobrem os alvéolos do favo.

Os opérculos, antes
do beneficiamento,
são oferecidos para
as abelhas, para que
retirem todo o mel.

A cera oriunda de
opérculos é
considerada a mais
pura.
Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Beneficiamento de Cera de Abelhas


Para a sua purificação, a cera é submetida a um processo de
fundição, decantação e filtração.
Na fundição da cera a temperatura é de ±80ºC, suficiente
para a sua fusão e manutenção da sua qualidade.
A decantação é uma etapa importante para a separação da
cera de impurezas. A temperatura deve ficar em 70 a 80 ºC.
A filtração pode ser feita com sacos de linho, sacos de
linhagem e com os próprios filtros das caldeiras.
Após estes processos, a cera fundida é transferida para um
recipiente onde a cera é esfriada e solidifica, sendo obtidas
as “broas”, “pão” ou “lingotes”.
Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Beneficiamento de Cera de Abelhas


Extração por Fervura (banho-maria ou processo do saco)

Extração por Derretedor Solar (caixa de madeira dividida por


uma tela fina, em dois compartimentos, tampada com dois
vidros de 4 a 5 mm de espessura para reter o calor)

Extração a vapor (o vapor aquece e derrete a cera, que passa


por uma peneira e na sua saída é recolhida numa bandeja
com água)

Extração por Prensa (processo manual ou hidráulico)


Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Beneficiamento de Cera de Abelhas

Depois de extraída e purificada a cera pode sofrer o processo


de clareamento natural ou químico.

A cera de abelha deve passar por um processo de laminação e


alveolagem em equipamentos específicos, os cilindros
alveoladores, para ser fornecida como suporte de construção
dos favos na colmeia.
Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Obtenção de Lâminas de Cera de Abelhas

Laminagem é o processo que transforma a cera fundida em


lâminas lisas. Método do laminador simples.

Imersão (Em um recipiente contendo a cera líquida, mergulha


uma tábua previamente umedecida em água fria por 2h).

Alveolagem (processo para estampar as bases dos alvéolos na


lâmina lisa de cera. Utiliza cilindros que produzem lâminas
com as bases dos alvéolos estampadas).
Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Adulterações de Cera de Abelhas

A adulteração das ceras afeta a produção apícola em vários


aspectos:

Rejeição da lâmina de cera pela colônia com a construção


de uma lâmina paralela.

Se a percentagem da substância adulterante for


elevada pode causar estresse e incentivar à enxameação.

Aumento dos custos de produção na atividade apícola com


atraso da produção de mel e de enxames.
Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Características Sensoriais de Cera de Abelhas

Aspecto: sólido amorfo

Aroma: característico (lembra o mel)

Cor: branca a amarelada

Consistência: macia e friável.


Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Legislação Brasileira de Cera de Abelhas

No Brasil, para garantir a qualidade de Cera de Abelhas, o


Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
estabelece o Regulamento Técnico de Identidade e
Qualidade de Cera de Abelhas destinada ao comércio
nacional ou internacional, descrito na Instrução
Normativa nº 3, de 19 de janeiro de 2001 (Anexo II)
(Brasil, 2001).

Nesse documento, constam os requisitos mínimos de


qualidade que a Cera de Abelhas deve atender, entre os
quais se destacam os requisitos físico-químicos,
indispensáveis a garantir a pureza e as propriedades
características do produto.
Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Características Físico-químicas de Cera de Abelhas


Requisitos físico-químicos para cera de abelhas destinada ao comércio
nacional estabelecidos pela Legislação Brasileira

Parâmetros Limites

Ponto de fusão 61ºC a 65° C


Insolúvel em água, solúvel em
Solubilidade óleos voláteis, éter, clorofórmio e
benzeno

Índice de acidez 17 a 24 mg KOH/g

Índice de ésteres 72 a 79
Índice de relação ésteres
e acidez 3,3 a 4,2

Ponto de saponificação turva máximo de 65ºC


Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Características Físico-químicas de Cera de Abelhas

O Índice de acidez é um indicador do conteúdo de ácidos


graxos livres e mono e poliésteres ácidos presentes na
cera.

O Índice de éster representa o conteúdo de ácidos graxos


esterificados nos diferentes ésteres presentes na cera.

Ponto de saponificação turva: Acima de 65ºC não deve


ocorrer turvação ou aparecimento de glóbulos. Depende
da baixa solubilidade dos hidrocarbonetos de cadeia longa
em etanol a quente.
Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Características Físico-químicas de Cera de Abelhas

A adulteração das ceras provoca a alteração de alguns


parâmetros físico-químicos.

O índice de acidez da cera diminui com a adição de


parafinas e sebo, pelo contrário aumenta com o
aumento de ácido esteárico incorporado na cera.

O índice de éster e a razão do índice de éster/índice de


acidez, variam significativamente com a presença de
adulterantes, aumentando para o ácido esteárico e sebo, e
diminuindo para a adição de parafinas.
Apicultura para iniciantes – Módulo II – Produtos das abelhas – Parte 4

Cera de Abelhas
Tome Nota!
A cera da abelha destinada à atividade apícola não pode
prejudicar o desenvolvimento e a produção de colônias e ser
veículo de agentes patogênicos para as abelhas.

Em algumas situações a cera das abelhas poderá ser


considerada um “gênero alimentício”. A cera que dá origem
aos favos que são usados para o consumo do mel em favos e
do mel com pedaços de favos tem de apresentar um risco
mínimo para a saúde pública, o que é traduzido por ser
obtida pelas boas práticas apícolas.

Você também pode gostar