Você está na página 1de 20

ECOECONOMIA E ÁREAS DE PRESER-

VAÇÃO DA MICROBACIA DO RIBEI-


RÃO GUAIQUÍCA - MUNICÍPIO DE
ENGENHEIRO COELHO — SP
Gerd Sparovek1
Francisca Pinheiro S. Costa2
Esdras Bezerra Cavalcante3

Resumo: O desenvolvimento sustentável tem sido visto como um com-


ponente econômico e ecológico. A preservação do meio ambiente depen-
de de uma consciência ecológica, junto de uma formação da consciência
econômica. Recentemente surgiu então o enfoque na Ecoeconomia. Ela é
uma economia para a promoção de um alerta geral para uma futura cri-
se econômica por conta de uma falta de planejamento na área ecológica e
no crescimento desordenado. Entendendo, no contexto atual da elevada
preocupação com o meio ambiente, surgiu o interesse na realização deste
estudo, que teve como foco os aspectos relativos às áreas de preservação da
Microbacia do Guaiquica, uma das microbacias que compõe o Município
de Engenheiro Coelho no Estado de São Paulo. Este trabalho é parte de
outro maior, onde todo o município foi estudado, porém com outro foco
em relação a essas áreas. Este, porém centralizou a temática na microbacia

1
  Pós-doutor em Ciências Agrárias pela Federal Agricultural Research Centre, Alemanha. Doutor. Mestre e Graduado
em Agronomia pela Universidade de São Paulo. E-mail: gerd@eslaq.usp.br
2
  Pós-doutora em Ciências Florestais pela Universidade de São Paulo. Mestre em Agroecologia de Ecossistemas. Graduada
em Licenciatura Plena e Bacharel em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia. E-mail: francisca. costa@ucb.org.br
3
  Bacharel em Direito pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo. E-mail: esdrascavalcante@trt15.jus.br.
Guaiquica e como a presença das áreas legais de APP (L (Reserva Legal)
podem contribuir para melhoria da Ecoeconomia na região.

Palavras-chave: Ecoeconomia; APP e RL; Contribuir; Crescimento.

INTRODUÇÃO
A sociedade encontra-se envolvida em um grande processo de transformação que
afeta diversos setores, sendo que todas essas mudanças acabam por gerar alertas e cuida-
dos em relação à própria vida no planeta. A sensação de insegurança é constante, muito
embora alguns mecanismos sejam utilizados com a intenção de estabelecer uma falsa im-
pressão de normalidade, a incapacidade de controle institucional e a dimensão dos novos
problemas evidenciam que nem tudo está no rumo certo, gerando os resultados esperados.
A impressão que fica é que o perigo e a incerteza estão presentes em todas as áreas. Como
a área econômica, ao longo da história, tem sido o setor das decisões mundiais, o que per-
cebe é que diante de claros e fortes sintomas, ela está começando a olhar o risco ecológico,
outrora calculável e previsível, com novas características, e o anuncio de probabilidade
de ocorrência de grandes desastres evolvendo inclusive a economia de forma geral, tem
10 levado muitos a um estudo mais cauteloso entre economia e meio ambiente.
Segundo Ferreira (2004, p. 7),

é necessário trazer ao debate público os perigos que nascem das transformações e as


consequências que poderão advir da simples adoção de mecanismos que apenas tem
como objetivo mascarar uma situação que é real e, de certo modo irreversível. É essen-
cial reconhecer e conhecer os riscos ecológicos e, a partir de então, iniciar a construção
de uma verdadeira sociedade ambiental.

De Giorgi (1994, p. 47), analisando produção de riscos na contra modernidade


considera que a “sociedade contemporânea caracteriza-se por uma normalidade consti-
tuída de uma constelação de indeterminações”. O certo é que diante de tantos desafios,
as questões ambientais precisam ser analisadas e estudadas com profundidade por to-
dos os setores que constitui a sociedade atual.
Recentemente surgiu então o enfoque na Ecoeconomia. Ela é uma economia para a
promoção de um alerta geral para uma futura crise econômica por conta de uma falta de
planejamento na área ecológica e no crescimento desordenado. Conforme o pensamento
de Hugo Penteado, em seu livro Ecoeconomia - Uma Nova Abordagem, o conceito está
relacionado com a sustentabilidade, para além da economia e da ecologia. A Ecoeco-
nomia inclui abordagens da economia a curto e longo prazo e um novo conceito de

Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp


ECOECOMONIA E ÁREAS DE PRESERVAÇÃO DA MICROBACIA DO RIBEIRÃO
GUAIQUÍCA - MUNICÍPIO DE ENGENHEIRO COELHO - SP

cidadania global. Ela configura-se em uma ecoformação, pois será necessária uma nova
forma de ver o mundo e se agir sobre o consumo para que isso aconteça sem que seja
utopia, será realmente importante uma nova forma de educação ou uma ecoformação.
O contexto atual direciona para a necessidade de mais estudos sobre a relação produção
e conservação do meio. Partindo dessa temática, surgiu o interesse na realização deste estudo,
que teve como foco as áreas de preservação permanente da Microbacia do Guaiquica, uma
das microbacias que compõe o Município de Engenheiro Coelho no Estado de São Paulo. Esta
microbacia atualmente tem sua produção agrícola voltada em maior escala para produção de
cítricos e, consequentemente, o uso de agrotóxicos é um fator preponderante no ambiente.
Não foi foco do estudo o grau de comprometimento do solo ou da água pelo uso de produtos
químicos, a intenção foi fazer um levantamento das áreas naturais destinadas à APP e RL da
microbacia, enfocando dessa maneira as possibilidades da Ecoeconomia na região.

METODOLOGIA
A metodologia do trabalho empregou procedimentos de coleta de dados em diferentes
bibliografias que versam sobre a temática de Ecoeconomia e áreas destinadas a preserva-
ção ambiental. A pesquisa pode ser classificada quanto aos seus objetivos em uma pesquisa
exploratória e informativa, tendo a natureza em uma pesquisa dialética, ou seja, usando
métodos quantitativos e qualitativos para análises dos dados (GONSALVES, 2001. p. 64). 11
O trabalho identificou as APPs e as áreas de RL da microbacia do Guaquica através
de fotos aéreas (ortofotos-2000) da região, obtidas pela empresa BASE Aerofotograme-
tria e Projetos S.A. A visita a campo confirmou algumas mudanças locais.As fotos aéreas
foram georrefereciadas através das cartas topográficas do IBGE nas escalas de 1:10.000
e trabalhadas em ambiente de Sistemas de Informação Geográfica (SIG). O programa
escolhido para trabalhar as imagens e produzir os mapas foi o Mips TNT 6.8. Este pro-
grama tem sido utilizado em diversos trabalhos de geoprocessamento na ESALQ - USP e
suas ferramentas têm possibilitado maiores opções nas interpretações dos dados, alcan-
çando satisfatoriamente os resultados desejados no uso das geotecnologias. O objetivo
desta etapa foi identificar e delimitar as áreas de APP e RL da microbacia e confirmar a
rede hidrográfica e a declividade do terreno, vetorizando todas as informações.
Depois foi elaborada a projeção legal da área destinada a APP através de um pro-
grama que projeta em 30 metros a área no entorno das nascentes e ao longo dos cursos
d’águas. Todos os córregos do município não ultrapassam 10 m de largura e, de acordo
com a lei a metragem estabelecida para a existência da vegetação, consiste em 30m (Lei n.º
4.771/15.09.65/ art. 2º). Ainda na parte de geoprocessamento, foram vetorizados todos os
locais com presença de vegetação nativa, seja em área de APP ou não. A vegetação externa
às áreas de APP foi designada como RL para cada propriedade. Foram separados, dentro
das APPs, os lugares com vegetação original, sem a presença da vegetação e com outro uso,

Acta Científica, Engenheiro Coelho, SP, p. 09-28, 1º semestre de 2015


ou seja, em algumas áreas destinadas à APP foi constata a presença da agricultura (geral-
mente cana-de-açúcar ou laranja), ou até mesmo a presença de imóveis rurais.
Depois do levantamento das áreas foi realizado um comparativo entre os possíveis bene-
fícios para a produtividade em relação a existência da APP e RL conforme o estabelecido por lei.

Características gerais do município de Engenheiro Coelho-


SP
As terras do município de Engenheiro Coelho- SP estão divididas entre três microbacias
dentre as quais estaremos vendo de forma mais específica a microbacia do Ribeirão Guaiquica
onde se concentra a zona urbana do município e as maiores propriedades rurais.
O município de Engenheiro Coelho localiza-se entre as coordenadas de 22º 29’04”
de latitude S e 47º 12’38”de longitude W, tendo sua área na parte centro-nordeste do
estado de São Paulo, pertencente a região de Campinas, distante a 176 km da capital São
Paulo. Possui uma área territorial de 110,1 km 2 , contando com uma população estimada
de 16.731 habitantes. A densidade demográfica é de 88,38 hab/km 2 (IBGE, 2004).

12 Figura 1: Ortophoto do município com os limites das três microbacias

Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp


ECOECOMONIA E ÁREAS DE PRESERVAÇÃO DA MICROBACIA DO RIBEIRÃO
GUAIQUÍCA - MUNICÍPIO DE ENGENHEIRO COELHO - SP

O clima é do tipo Mesotérmico Subtropical Úmido, com máxima de 28ºC e mínima de


12ºC. Possui uma precipitação média anual de 1350 mm.
O Município encontra-se a 670m de altitude em relação ao nível do mar. O relevo é sua-
vemente ondulado na porção leste-nordeste e mais plano na porção central-sul e oeste.
O tipo predominante de solo é o Latossolo Vermelho Escuro, Roxo, Vermelho Amarelo com
fase arenosa e Podosólicos, conferindo ao Município terras de alta qualidade fértil e produtiva.
A hidrografia do Município é composta por três microbacias que são: Ribeirão Guaiqui-
ca, pertencente à bacia do Mogi-Guaçu e os córregos dos Correias e Mato Dentro, pertencentes
à Bacia do Piracicaba.
A vegetação presente é bastante diversificada, passando das matas altas com caracteriza-
ção da Mata Atlântica, original da região, a Campo de Várzea.

ASPECTOS ECONÔMICOS
A economia de Engenheiro Coelho é dominada pelo cultivo de laranja e cana de
açúcar, no entanto, tem também aplicações nas mais diversas áreas da agricultura, certo
que com menor expressão, exatamente por conta do grande domínio dessas duas outras
culturas, isso pode ser notado a partir dos gráficos à baixo, que retrata as culturas, per- 13
manentes e temporária do município.

Gráfico 1: Produção Permanente

Acta Científica, Engenheiro Coelho, SP, p. 09-28, 1º semestre de 2015


Gráfico 2: Produção Temporária

14

Levando ainda em consideração a economia, essa era baseada inicialmente na produção


de café, hoje ainda é um município que sustenta a economia na agricultura, porém o destaque
é na produção de citros e cana-de-açúcar, como já mencionado.

ASPECTOS GERAIS DA ÁREA DE ESTUDO


A microbacia do Guaiquica é a maior do município, e nela existem 238 propriedades en-
tre áreas rurais e loteamentos. A área do perímetro urbano se localiza dentro dos seus limites.
Esta microbacia tem na produção dos citrus a sua base econômica, com poucas
propriedades pequenas de caráter familiar. As maiores extensões das terras são de pro-
prietários que exportam a laranja; geralmente possuem grandes áreas e ainda arrendam
áreas menores para a expansão do plantio e produção. As maiores propriedades rurais
também se localizam nesta microbacia, consequentemente, ela apresenta a maior área
correspondente a RL do município.

Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp


ECOECOMONIA E ÁREAS DE PRESERVAÇÃO DA MICROBACIA DO RIBEIRÃO
GUAIQUÍCA - MUNICÍPIO DE ENGENHEIRO COELHO - SP

Na figura 2 está o ortophoto da microbacia de forma mais detalhada.

Figura 2 : Ortophoto e limite da microbacia do Guaiquica

15
Apesar de relativamente jovem, o Município de Engenheiro Coelho teve seus recursos
naturais explorados há mais de dois séculos, contanto com uma devastação quase que total
das suas áreas de vegetação natural. O cultivo agrícola iniciado com o café proporcionou
aos seus proprietários bons rendimentos, pois as terras com teor predominante de Latossolo
Vermelho Escuro conferiram ao Município terras de alta qualidade fértil e produtiva. Os
ciclos da produção agrícola transcorreram do café (1880 a 1930) para o do algodão na década
de 40, depois o do arroz, da mandioca, da cana-de-açúcar e finalmente o de citrus (a partir
dos anos 50), com predomínio da laranja tipo exportação. As matas nativas, constituintes de
parte da Mata Atlântica, foram sendo substituídas pelo avanço agrícola, e em menor escala
o pastoril. Na porção mais plana do município (microbacia do Guaiquica), a devastação
ocorreu de forma mais intensa, impulsionado pelo crescimento econômico.
Em relação ao potencial de água, a microbacia conta com boa rede de drenagem.
O abastecimento da área urbana é feito pela estação de tratamento da água em uma área
cedida pelos proprietários da fazenda Pinhalzinho, onde o poder municipal mantém a esta-
ção e funcionários no local. Esta estação está vinculada ao ribeirão Guaiquica, o maior em
extensão e volume de águas.
Na figura 3, o mapa da estrutura fundiária da microbacia do Guaiquica apresenta o
predomínio de pequenas propriedades, que geralmente contam com o trabalho familiar, e
isto contribui para caracterizar algumas propriedades como recantos de descanso e lazer. As

Acta Científica, Engenheiro Coelho, SP, p. 09-28, 1º semestre de 2015


propriedades maiores têm aspectos mais empresariais com a produção, visando os grandes
centros e a exportação. Muitas dessas arrendam terras das propriedades menores para aumen-
tar a área de plantio. No entanto, é bastante comum que nas propriedades menores o cultivo
agrícola se diversifique um pouco focando a subsistência familiar. Neste mapa também já foi
projetada a área que legalmente deveria corresponder a APP, ou seja, a projeção de 50 metros
para as nascentes e de 30 m para as margens dos cursos d’águas, conforme determina a lei
para a Área de Preservação Permanente.Código Florestal (Lei n.º 4.771/15.09.65). Art. 2o. Con-
sidera-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de
vegetação natural situadas:
• Ao longo dos rios, ou de qualquer curso d’água, desde seu nível mais alto em faixa
marginal, cuja largura mínima seja:
• De 30 (trinta) metros para os cursos d’água a menos de 10 (dez) metros de largura;
• Nas nascentes, ainda que intermitentes, e nos chamados “olhos d’água”, qualquer que
seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura.
As áreas em vermelho são os locais que apresentam vegetação nativa dentro dos limites
estipulados pela lei, ou seja, são áreas de preservação permanente

Figura 3: Estrutura fundiária e APP com vegetação nativa.

16

Na figura 4, as áreas em amarelo são os locais de APP que estão sem a vegetação original,
algumas aparecem com capim alto,mas sem a presença de árvores.

Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp


ECOECOMONIA E ÁREAS DE PRESERVAÇÃO DA MICROBACIA DO RIBEIRÃO
GUAIQUÍCA - MUNICÍPIO DE ENGENHEIRO COELHO - SP

Figura 4: Estrutura fundiária e APP sem vegetação nativa.

A projeção ideal para a APP dessa microbacia seria semelhante ao que está na figura 5, onde o
traçado do Buffer delimitou os 30m no entorno dos cursos d’águas em toda a estrutura hidrográfica.

Figura 5: Estrutura fundiária e projeção ideal para a APP da microbacia. 17

Acta Científica, Engenheiro Coelho, SP, p. 09-28, 1º semestre de 2015


Da área total dessa microbacia (6.608 ha) 378,81 ha deveriam corresponder às áreas de
APP, e 1.321,63 ha seria de RL. Porém, o levantamento realizado identificou 101,53 ha de APP
e apenas 154,31 ha de RL. Somando essas áreas, que legalmente são designadas à preservação
permanente, essa microbacia deveria possuir 1.700,44 ha. Porém, 1.444,6 ha foram classifi-
cados como sendo áreas com passivos de cobertura vegetal, ou seja, apresentaram aspectos
inadequados em relação ao exigido pela lei ou simplesmente não existem. Em relação à área
total dessa microbacia, as áreas relativas à vegetação nativa corresponderiam a 25,7%, mas
foram identificadas 3,4%.
Como relacionar a adequação da APP e RL para promover a legalidade ambiental nas
propriedades e fazer com que essas áreas exerçam melhoria na própria produtividade local?
A seguir trataremos um pouco mais da temática de Ecoeconomia para depois fazer a relação
final do levantamento e as sugestões deste estudo.

ENTENDENDO O CONCEITO DE ECOECONOMIA


A Ecoeconomia é hoje um conceito totalmente novo por tratar de uma forma de
garantir o crescimento econômico sem devastar a natureza e suas fontes de energia não
renováveis, sendo assim temos nela o equilíbrio de produção (crescimento) e Meio Am-
biente. Ela se desenvolve na ideia de diminuir gastos e aumentar lucros com a garantia de
18 não destruir o ambiente, intensificando a troca de energias não renováveis por energias
renováveis. O exemplo até agora, mas usado é o de usar o biodiesel no lugar do diesel co-
mum que é derivado do petróleo, ou uso de motores elétricos em carros no lugar de carros
com motor de combustão, mas o que se espera é que novas propostas de uso sustentável
surjam com pesquisas nesta área.
Hoje, muitos países estão tomando providências para conter avanços da degra-
dação do meio ambiente, principalmente preocupados com o aquecimento global. Esta
perspectiva é cada vez mais clara e podemos confirmá-la nas palavras do conselheiro
científico do governo britânico e presidente da Agência de Ciência e Inovação do Reino
Unido, David King (2000, p. 23) quando ele diz: “É plenamente possível compatibilizar
crescimento econômico com medidas para reduzir os efeitos do aquecimento global”.
Este é um ponto importante porque existem muitos políticos e pessoas que ainda con-
sideram o meio ambiente e a economia como concorrentes. David King (2000) afirma
que a economia britânica está crescendo em velocidade acelerada, apesar das mudanças
que estão sendo impostas à sociedade na busca pela eficiência energética. Em breve o
governo britânico divulgará um relatório detalhado sobre como pretende atingir a meta
de cortar emissões em 60% até 2050. Em 2010, já esperam que 10% da energia venham
de fontes renováveis. Ele também destaca a comercialização de créditos de carbono. Se-
gundo ele “em dez anos estaremos todos comercializando CO2, que será o novo padrão
de ouro para as moedas”. A União Europeia pretende descarbonizar a sua economia e

Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp


ECOECOMONIA E ÁREAS DE PRESERVAÇÃO DA MICROBACIA DO RIBEIRÃO
GUAIQUÍCA - MUNICÍPIO DE ENGENHEIRO COELHO - SP

liderar o combate mundial contra as mudanças climáticas. Os lideres europeus já se


comprometeram em substituir 10% dos combustíveis de veículos por biocombustíveis e
que 20% da energia europeia venham de fontes renováveis como eólica e solar até 2020.
No Brasil ainda não temos uma atuação do governo nessa área, o máximo que temos
são alguns comitês de mudanças climáticas que são de responsabilidade dos estados, os
quais poucos têm algo bem desenvolvido, um bom exemplo positivo é o estado de São Pau-
lo, que tem um comitê para esses assuntos de clima e também de Ecoeconomia. O Comitê
tem como objetivo promover e estimular ações que visem minimizar as emissões de gases
causadores do efeito estufa, contemplando, entre outros itens: uso de fontes renováveis de
energia; aproveitamento do gás metano emitido pelos aterros; uso de combustíveis limpos,
sobretudo para o transporte público; melhoria da eficiência energética e uso racional de
energia; incentivo ao transporte não motorizado; promoção da redução e reciclagem de
resíduos. Também é atribuição do Comitê programar ações voltadas a Ecoeconomia, entre
elas: dar continuidade à implantação do Programa Municipal de Qualidade Ambiental
(PMQA); fomentar a reciclagem de resíduos e implantar o uso do papel reciclado na Admi-
nistração Pública do Município de São Paulo; Implantar na Prefeitura o programa federal
Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P); inserir equipamentos economiza-
dores de água e energia nas tabelas de serviços e obras da Secretaria de infra-estrutura
e obras da Prefeitura; promover a constituição de Comissão Permanente de Construção
Sustentável, a qual terá como missão, a análise e inserção de itens de cunho ambiental nos
projetos de obras da Prefeitura Municipal de São Paulo. 19
Quanto à conscientização, algumas pesquisas interessantes divulgadas recente-
mente pelo IBOPE e pelo Instituto Akatu (2007), mostram que o brasileiro já está to-
mando consciência do problema. Segundo o IBOPE, 81% dos pesquisados já ouviram
falar no efeito estufa. E que quatro em cinco brasileiros estão preocupados com os im-
pactos da mudança do clima. A pesquisa constatou que 63% dos entrevistados estariam
dispostos a comprometer as metas de crescimento e a geração de emprego, caso a polí-
tica econômica viesse afetar o meio ambiente. Isso ainda mostra muito do preconceito
que a população do nosso país tem quanto a dizer que meio ambiente e economia ou
crescimento econômico são concorrentes diretos, se mudarmos essa ideologia errada
poderemos ter um aumento expressivo nessa porcentagem.
A pesquisa do Instituto Akatu mostrou que 41% dos entrevistados já compraram
considerando os efeitos para o meio ambiente. Esses são dados bastante positivos que
abrem espaço para os governos e empresas adotarem medidas mais abrangentes de com-
bate ao aquecimento global e degradação do meio ambiente em geral. A adoção de pro-
cesso de neutralização de carbono (medidas que visem a compensar as emissões de
CO2 na atmosfera) seria muito bem vista por clientes. Também devemos pressionar os
governos (federal, estaduais e municipais) para que tomem medidas que visem reduzir
as emissões, atacando com mais ênfase o desmatamento e criando incentivos para boa
atuação na indústria energética.

Acta Científica, Engenheiro Coelho, SP, p. 09-28, 1º semestre de 2015


Os ecologistas entendem que toda atividade econômica, efetivamente toda a vida, de-
pende dos ecossistemas da Terra. Assim, economistas e ecologistas, trabalhando conjunta-
mente, podem construir uma Ecoeconomia que possa sustentar o crescimento. Nessa dire-
ção, o reconhecimento de que a economia não é sozinha o centro do nosso mundo, poderá
criar as condições para sustentar o progresso social e melhorar a condição de vida dos seres
humanos. Porém, não existe um fator predominante na Ecoeconomia, pois ecologia e eco-
nomia se completam, cada uma focando um lado, mas com o mesmo objetivo.
Muitos vêem o meio ambiente como um fator de crescimento lento onde os resul-
tados só aparecem a longo prazo, no entanto, não é assim que acontece nesse caso, pois a
Ecoeconomia traz crescimento, lucros e resultados também a curto prazo. Um bom exem-
plo são as fontes de energia eólica e solar, que estão sendo cada vez mais implantadas em
vários países da Europa e que trouxeram retorno imediato após a sua instalação.
Segundo Lester R. Brown, a Ecoeconomia passa pela substituição dos combustíveis
fósseis por energias renováveis, especialmente a eólica e a solar, a criação de novos siste-
mas de transporte, a reciclagem dos produtos e a estabilização populacional do planeta.
Ele enfatiza o conceito à renovação nos transportes, sobretudo logística e transporte de
massa, é através desses que se pode diminuir o fluxo de automóveis, grandes responsáveis
de gastos e despesas públicas e devastação da camada de ozônio. No ramo mais ecológico
da questão, a Ecoeconomia é o passo para uma conservação das sociedades futuras, garan-
tindo não só crescimento econômico, como também qualidade de vida.
20 Para entender melhor a abrangência do significado da Ecoeconomia, é interessante de-
finir alguns conceitos:
• Economia: segundo o dicionário Aurélio, é a ciência que trata dos fenômenos relati-
vos a produção, distribuição e consumo de bens.
• Meio Ambiente: Conjunto de todas as condições e influências externas que afetam a
vida e o desenvolvimento de um organismo. Inclui a água, o ar, o solo, e suas relações
entre si e outros organismos vivos. São também todas as condições que afetam o de-
senvolvimento e a vida dos organismos.
• Ecologia: É um conceito que a maioria das pessoas já possui intuitivamente, ou seja,
sabemos que nenhum organismo, sendo bactéria, um fungo, uma alga, uma árvore,
um inseto, uma ave ou até o próprio homem, pode existir automaticamente sem in-
teragir com outros ou mesmo com ambiente físico no qual ele se encontra. Ao estudo
dessas relações entre organismos e o seu meio físico dá-se o nome de ecologia.
• Desenvolvimento Sustentável: atende às necessidades do presente sem comprometer
a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades. Ele
contém duas palavras-chave: Necessidades, sobretudo as necessidades essenciais dos
pobres no mundo, que devem receber a maior prioridade e Limitações, que é o está-
gio da tecnologia e da organização social impostas ao meio ambiente, impedindo de
atender às necessidades presentes e futuras.

Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp


ECOECOMONIA E ÁREAS DE PRESERVAÇÃO DA MICROBACIA DO RIBEIRÃO
GUAIQUÍCA - MUNICÍPIO DE ENGENHEIRO COELHO - SP

PRODUTIVIDADE X MEIO AMBIENTE


Um dos temas mais discutidos que temos hoje no mundo é o do aquecimento global, já que
ele tem em si inúmeras implicações para a vida do homem hoje e principalmente para gerações
futuras. Como podemos ver em vários jornais e programas de televisão a sociedade começa
a se despertar para essa problemática. Nos últimos dois anos, quando estourou a bomba do
aquecimento, alguns poucos se despertaram para a real noção do problema e que agora estão
percebendo com maior velocidade a interferência do mesmo, tendo como base de sua atuação a
camada de ozônio, velha conhecida da população, mas que infelizmente nunca foi levada a sério.
Porém, hoje as evidências estão cada vez mais reais e os seus resultados proporcionando
sérias preocupações. Um bom exemplo é a queda na produtividade de certos lugares agrícolas,
que por causa das temperaturas altas tem se tornado suficiente a produção de certos tipos de
alimentos. Outro ponto importante é o aumento no nível do mar onde a cada dia vemos mais
e mais notícias mostram o quão acelerado está esse avanço, isso decorrente ao aumento de
temperatura na região dos pólos.
O novo relatório da ONU sobre mudanças climáticas, que está sendo discutido pelos
mais de 2.000 cientistas que integram o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas
(IPCC), mostra um cenário sombrio. O relatório adverte claramente que se nada for feito para
conter o atual ritmo de aquecimento global teremos, entre outros, sérios problemas de abaste-
cimento de água doce.
As previsões não são nada boas segundo esse mesmo relatório “as regiões Árticas per- 21
derão cerca de 30% de sua cobertura de gelo sobre o Oceano Ártico até 2100; as geleiras da
Groenlândia diminuirão, haverá redução de mais de um terço do perma-frost, que é solo per-
manentemente congelado e como resultado teremos entre outros efeitos a destruição do habi-
tat de aves e mamíferos migratórios, além da perda de parte significativa do estoque pesqueiro.
Os animais polares estão entre os mais ameaçados e prevê-se a extinção de várias espécies,
como a do urso polar”.
Na América do Norte, a elevação do nível do mar poderá afetar a infra-estrutura na Cos-
ta Leste dos EUA, e será assolada por ondas de calor extremo não só nos EUA, mas também no
Canadá, além do aumento nos números de pragas e incêndios florestais.
O relatório traz mais detalhes dos países desenvolvidos do Hemisfério Norte, com pou-
cas considerações sobre a América Latina e o Brasil. Segundo especialistas, isto se deve ao
reduzido número de pesquisas e trabalhos científicos sobre a região, o que mostra um sério
desinteresse por parte dos governantes para essa área. Mas de qualquer modo, as poucas pre-
visões sobre a América Latina dizem que essa região sofrerá bastante. As geleiras dos Andes
tropicais desaparecerão em quinze anos, causando grande queda na disponibilidade de água
doce para países como Bolívia, Equador, Peru e Colômbia. Ainda na região do semi-árido
nordeste do Brasil haverá um agravamento da seca e um aumento de dois graus Celsius que
pode transformar em cerrado parte do leste da Amazônia. Veremos também um aumento da
frequência e intensidade dos furacões no Caribe.

Acta Científica, Engenheiro Coelho, SP, p. 09-28, 1º semestre de 2015


Entre as consequências teremos um declínio acentuado das plantações de grãos e prova-
velmente, devido à elevação do nível do mar, os recifes de Abrolhos desaparecerão sob as águas,
bem como partes baixas de diversos países como Guiana e El Salvador ficarão inundadas,
assim como parte da região do Rio da Prata na Argentina.
Existirão outros efeitos colaterais. A redução significativa de chuvas na região Centro-
-Oeste do Brasil poderá ter impacto significativo na geração de energia, uma vez que nossa
matriz energética é hidrelétrica. Existe grande possibilidade de termos de conviver com fre-
quentes apagões no futuro.
A Europa sofrerá com um aumento substancial das ondas de calor, veremos o desapare-
cimento das pequenas geleiras dos Alpes. Mas também terá um ponto positivo […] Pois haverá
expansão das colheitas nos países situados no norte do continente.
Na Ásia, as geleiras do Himalaia vão encolher dos atuais 500.000 quilômetros quadra-
dos para cem mil quilômetros quadrados até 2030, afetando a oferta de água para países como
China e Índia. Haverá mais enchentes nos deltas dos rios Mekong e Vermelho, e queda nas
colheitas. A África sofrerá bastante. Haverá diminuição das áreas agrícolas, aumento das re-
giões semi-áridas e áridas e prevê-se que mudanças radicais nos ecossistemas gerarão aumen-
to significativo da ocorrência de doenças provocadas por ondas de calor, falta de água e da
propagação de transmissores de infecções, como dengue e malária. Espera-se também um
aumento significativo nos casos de desnutrição, doenças cardiovasculares e comprometimen-
to no desenvolvimento infantil.
22 Segundo Hugo Penteado: “desde que as temperaturas começaram a ser mensuradas em
1969, os 19 anos mais quentes ocorreram após 1980” e “em 2002 a temperatura média foi de
0,5ºC maior que a media dos 40 anos anterior”. Isso nos mostra exatamente como as emissões
de gases dos últimos anos, em especial esses anos de progresso e avanços tecnológicos, nos trou-
xeram um grande atraso no contexto ambiental, afinal, se considerarmos a idade da terra com o
pouco tempo em que o homem conseguiu destruí-la, temos uma projeção alarmante, ou seja, se
continuarmos assim, em pouco tempo a terra estará totalmente inadequada para ser habitada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com (OLIVEIRA, 2001; SIMÕES, 1996; SPAROVEK et al., 2001), as defini-
ções legais têm mostrado que as faixas marginais aos cursos d’água destinados às áreas de
preservação permanente nem sempre possuem a extensão necessária para exercer o papel de
filtro para nutrientes (nitrogênio e fósforo, principalmente) e sedimentos transportados pela
água, proveniente das áreas agrícolas adjacentes.
De acordo com Gleick (1998) ; Lima e Zakia (2001) ; Rodrigues e Gandolfi (2004):

a erosão, a perda de fertilidade dos solos e o assoreamento dos rios e degradação dos cursos
d’água foram os principais motivos que levaram ao estabelecimento da APP. Entretanto, a

Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp


ECOECOMONIA E ÁREAS DE PRESERVAÇÃO DA MICROBACIA DO RIBEIRÃO
GUAIQUÍCA - MUNICÍPIO DE ENGENHEIRO COELHO - SP

largura da faixa de proteção ciliar foi estabelecida sem o suporte científico necessário e sem
considerar adequadamente as principais variáveis físicas (como tipo de solo, declividade e
produção de sedimentos) e biológicas (como dinâmica e sucessão de florestas) da microbacia.
Estas variáveis, que estão diretamente envolvidas no cumprimento das funções da Floresta
Ribeirinha, assegurariam os benefícios ecológicos adequados e o bom funcionamento hidro-
lógico da microbacia. Desta forma, pelo menos o estabelecido legalmente deve ser respeitado.

A elaboração de corredores ecológicos é resultado de um estudo que visa as formas con-


tínuas de conectividade através da recuperação de áreas de preservação permanente e áreas de
reserva legal, que servem como corredores florestais entre fragmentos isolados na paisagem
(CULLEN, 2007). Essas áreas devem existir legalmente, e é por meio delas que se deve começar
um processo de melhoria e organização ambiental.

Objetivando a restauração de áreas degradadas, plantios com espécies de rápido crescimento,


consorciadas com espécies atrativas à fauna dispersora de sementes, podem acelerar signi-
ficativamente o desenvolvimento de um sub-bosque de espécies nativas, favorecendo e ca-
talisando um processo de sucessão necessário à recuperação da biodiversidade nas áreas de
preservação permanentes e nas áreas de reserva legal (CULLEN, 2007).

Ainda de acordo com Cullen (2007), programar corredores entre os fragmentos de flo-
resta para promover fluxo gênico das espécies de fauna e flora, mantendo sua integridade 23
ecológica; oferecer aos proprietários de terras a oportunidade de se adequar ambientalmente,
através do reflorestamento, com espécies nativas, das áreas de proteção e preservação am-
biental de suas propriedades rurais; desenvolver novas técnicas de restauração florestal de
menor custo e mais adaptada à realidade local tornou-se aspectos importantes nos projetos
de recuperação de áreas de APP e de RL no pontal do Paranapanema. Modelo semelhante foi
projetado neste trabalho para o município de Engenheiro Coelho.
Em alguns locais, o proposto ultrapassa a delimitação estipulada para a área de APP.
Porém, são locais que não estão em utilização agrícola e nem apresentam outra forma de uso,
podendo ser acrescida com a vegetação natural, aumentando assim o potencial ecológico des-
ses ambientes. Isso também porque, como foi discutido na parte teórica, o ideal para que haja
corredores ecológicos e uma manutenção de espécies seria um tamanho superior ao estipu-
lado pela própria lei. Metzger et al (1997), “visando à conservação da biodiversidade, obser-
varam que uma largura de floresta ribeirinha entre 60 a 90 m seria suficiente para manter a
diversidade e a equabilidade de espécies de plantas”. Portanto, os locais que ultrapassam o
limite da APP só estariam completando o ideal para a região, e poderão ser considerados na
porcentagem das áreas de reserva legal (RL) das propriedades. As áreas destinadas à RL são
praticamente inexistentes em todo o município, e o plano de intervenção possibilitará o reflo-
restamento dessas áreas indicando os locais específicos, promovendo assim o cumprimento às

Acta Científica, Engenheiro Coelho, SP, p. 09-28, 1º semestre de 2015


leis ambientais. Contudo, o mais relevante na elaboração desse plano é a indicação correta dos
locais mais adequados para o reflorestamento das áreas de RL.
Segundo Molin (2006),

Usualmente, as reservas legais são selecionadas e definidas utilizando critérios econômicos


como áreas improdutivas, banhadas ou com muitas pedras. Dependendo do caso, essas deci-
sões são extremamente prejudiciais a futura formação vegetal, pois influenciam no resultado
satisfatório ou não da reserva.

A utilização de ferramentas de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) para determi-


nar uma reserva legal, resulta num estudo mais dinâmico, automático, objetivo e visual o que
leva a uma restauração com maior probabilidade de acerto (VALENTE, 2005). Os Sistemas
de Informação Geográfica são aplicativos que permitem a criação, manipulação e extração de
informações geográficas por meio de banco de dados onde a informação é associada às suas
coordenadas geográficas. O banco armazena e permite a geração de consultas e relatórios vi-
suais personalizáveis, agilizando e otimizando a tomada de decisão (MOREIRA, 2003).
Observando os critérios legais, pouca informação sobre aonde plantar a RL é estimada,
pois a realidade local deve ser respeitada em cada propriedade. Os critérios estabelecidos nes-
te trabalho, mencionados anteriormente atribuíram pesos diferentes para cada característica
atratora e repulsora no momento de indicar as áreas para plantio da RL, já que a APP deve
24 obedecer a legislação própria. A tabela 4 mostra os fatores atrativos e repulsivos. Foi estabele-
cido que os de maior restrição seriam representados por numeração negativa e os de caracte-
rística atrativa com números positivos.
Para a implantação e conservação das áreas de preservação ambiental, também é neces-
sário que o agricultor compreenda a importância dessas áreas para a manutenção da biodiver-
sidade e dos processos ecológicos. Porém, é bom lembrar que o governo e a sociedade preci-
sam fazer sua parte, baseando-se, para isso, no pressuposto que a conservação custa tempo e
dinheiro dos agricultores, e que estes dependem de orientação técnica e apoio financeiro para
adotarem práticas mais reais em suas propriedades.
Considerando-se que as políticas agrícolas, ambientais e econômicas não podem estar
em conflito, e que os agricultores e economistas devem, cada vez mais, trabalharem juntos em
direção ao objetivo comum de produzir alimentos sem comprometer os recursos naturais, as
áreas de preservação permanente (APP e RL) tornam-se um imprescindível instrumento de
gestão ambiental local e regional e um indicador de sustentabilidade da paisagem rural.
No entanto, em decorrência a diversos fatores, alguns dos quais identificados neste estu-
do, a atitude favorável em relação a estas áreas devem possibilitar ao governo municipal ações
mais concretas. Parcerias entre o poder público e privado podem facilitar essas ações.
Os possíveis benefícios advindos da existência das áreas de preservação permanente
em relação aos serviços ambientais descritos na parte teórica do trabalho, como manutenção
dos recursos hídricos, conservação do solo e da biodiversidade, amenização do aquecimento

Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp


ECOECOMONIA E ÁREAS DE PRESERVAÇÃO DA MICROBACIA DO RIBEIRÃO
GUAIQUÍCA - MUNICÍPIO DE ENGENHEIRO COELHO - SP

global, das fontes difusas de poluição, condicionando conforto térmico e possibilitando lo-
cais de recreação e lazer, pode ser considerada parte importante no momento de informar a
comunidade sobre a importante de recuperar e manter as áreas naturais. Locais preservados
possivelmente exercem influências no equilíbrio dos ciclos naturais, mas independente disso,
a relação entre o plano de intervenção das áreas de APP e RL do município, possibilitaria aos
produtores sua legalidade quanto às leis ambientais que legislam sobre essas áreas.
O estudo não contou com muitos pontos de delimitação, mas ressaltamos aqui a não
existência de ortofoto mais recente da região. Porém, o uso do programa de SIG - TNT MIPs
fez a diferença para as interpretações e vetorização das áreas para estudo e diagnóstico. Os
mapas gerados localizaram as áreas passivas dentro do limite estipulado por lei para as áreas
de APP e indicou os locais mais aceitáveis para o plantio da RL. Estas informações possibili-
tam aos responsáveis por estas áreas uma orientação e ao mesmo tempo organiza o plano de
intervenção para a criação de corredores florestais no município.
Por fim, diante dos levantamentos realizados, espera-se que outros trabalhos surjam em con-
sequência deste, e possam viabilizar parcerias entre o poder público municipal, estadual, federal,
instituições privadas e a comunidade local, possibilitando ações concretas para a adequação das
áreas de preservação permanente e reserva legal em todo o município de Engenheiro Coelho-SP.

REFERÊNCIAS 25

BENJAMIN, A. E. V. Dano ambiental preservação, reparação e repressão. São Paulo: Revista


dos Tribunais, 1993.

BOFF. L. Saber cuidar. Petrópolis: Vozes, 1999

DE GIORGI, R. O risco na sociedade contemporânea. Revista Sequência, Florianópolis, n. 28,


p. 47, jun. 1994.

DINIZ, N; SILVA, M., VIANA, G. (Org.). O desafio da sustentabilidade: um debate


socioambiental no Brasil. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo 2001.

GRAZIANO DA SILVA, J. O novo rural brasileiro. Nova Economia. Belo Horizonte, v. 7, n.1, p.
43-81, 1997.

MACHADO, P. A. L. Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1995.

MORIN, E. Os sete saberes necessários à Educação do futuro. Brasília: Editora: Cortez.


UNESCO, 2002.

Acta Científica, Engenheiro Coelho, SP, p. 09-28, 1º semestre de 2015


SIMÕES, S. J. C. Variabilidade, fragilidade e dinâmica da paisagem em área de transição urbano-
rural. Tese. (Doutorado em Filosofia). FFLCH/USP, São Paulo, 2017.

STACCIARINI, J. H. R. Os catalanos e a questão ambiental. A voz do Sudeste, Julho, 1989.

TRIGUEIRO, A. et al. Meio Ambiente no Século 21. Rio de Janeiro: Sextante 2003.

AGUIAR, R. C. Crise social e meio ambiente: elementos de uma mesma problemática. In:
BURSZTYN, M. (Ed.). Para pensar o desenvolvimento sustentável. 2ª ed. São Paulo: Brasiliense,
1994.

ALIER, J. M; SCHLÜPMANN, K. La ecología y la economía. México: Fondo de Cultura


Económica, 1993.

ALIER, J. M. Da economia ecológica ao ecologismo popular. Blumenau: Ed. FURB, 1998.

ALMEIDA, L. T. Política ambiental: uma análise econômica. São Paulo: Fundação Editora da
UNESP, 1998.

BELLIA, V. Introdução à economia do meio ambiente. Brasília: IBAMA, 1996.


26
BENAKOUCHE, R.; CRUZ, R. S. Avaliação monetária do meio ambiente. São Paulo: Makron
Books, 1994.

BROWN, L. Ecoeconomia: uma nova economia para a Terra. EPI — Earth Policy Institute /
UMA — Universidade Livre da Mata Atlântica, 2003.

CARRERA-FERNANDEZ, J.; MENEZES, W. A avaliação contingente e a demanda por serviço


público de coleta e disposição de lixo: uma análise a partir da região do Alto Subaé — Bahia.
Revista Econômica do Nordeste, v. 30, n. especial, p. 810 — 27, dez. 1999.

CARRERA-FERNANDEZ, J. Cobrança pelo uso da água em sistemas de bacias hidrográficas: o


caso da bacia do rio Pirapama em Pernambuco. Economia Aplicada, v. 4, n. 3, p. 525 – 70, 2000.

CAVALCANTI, C. Desenvolvimento e natureza: estudos para uma sociedade sustentável. São


Paulo, Cortez, 1995.

CAVALCANTI, C. (Ed.). Meio ambiente, desenvolvimento sustentável e políticas públicas. São


Paulo e Recife: Cortez e Fundação Joaquim Nabuco, 1997.

Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp


ECOECOMONIA E ÁREAS DE PRESERVAÇÃO DA MICROBACIA DO RIBEIRÃO
GUAIQUÍCA - MUNICÍPIO DE ENGENHEIRO COELHO - SP

COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso Futuro


Comum. Rio de Janeiro: FGV, 1988.

FERREIRA, H. S. O risco ecológico e o princípio da precaução. In: Estado de Direito Ambiental:


as tendências. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.

FINCO, M. V.; ABDALLAH, P. R. Valoração econômica de recursos naturais: o método de


valoração contingente aplicado ao litoral do Rio Grande do Sul. Estudos do CEPE, n. 15/16, p.
145 – 57, jan./dez. 2002.

FREIRE VIEIRA, P.; WEBER, J. (Eds.). Gestão de recursos naturais renováveis e desenvolvimento.
São Paulo: Cortez, 1997.

FREIRE VIEIRA, P. et al. (Eds.). Desenvolvimento e meio ambiente no Brasil: a contribuição de


Ignacy Sachs. Florianópolis: APED, 1998.

JÖHR, H. O verde é o negócio. São Paulo: Saraiva, 1994.

MAY, P.; MOTTA, R. S. (Org.). Valorando a natureza. Análise econômica para o


desenvolvimento sustentável. São Paulo: Campus, 1994.
27
MAY, P. Economia ecológica: aplicações no Brasil. São Paulo: Campus, 1995.

MAY, P.; LUSTOSA, M. C.; VINHA, V. Economia do meio ambiente: teoria e prática. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2003.

McFETRIDGE, D. G. et al. Economia e meio ambiente: a reconciliação. Porto Alegre: Ed. Ortiz
/ IEE, 1992.

MEADOWS, D. et al. Limites do crescimento. 2ª ed. São Paulo: Perspectiva, 1978.

MERICO, L. F. Introdução à economia ecológica. Blumenau: Ed. FURB, 1996.

MORAES, P. B.; BORGER, F. O método de avaliação contingente como instrumento de gestão


de projetos ambientais: avaliação da segunda fase do Projeto Tietê. Economia Aplicada, v. 4, n.
3, p. 503 – 23, 2000.

MONTIBELLER F. G. O mito do desenvolvimento sustentável: meio ambiente e custos sociais


no moderno sistema produtor de mercadorias. Florianópolis: Ed. UFSC, 2001.

Acta Científica, Engenheiro Coelho, SP, p. 09-28, 1º semestre de 2015


MOTTA, R. S. Análise de custo-benefício do meio ambiente. In: Meio ambiente: aspectos
técnicos e econômicos. Brasília, IPEA/PNUD, 1990.

     . Manual para valoração econômica de recursos ambientais. Brasília: Ministério do


Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, 1998.

ONU — United Nations Organization. Agenda 21. Nairobi: UNEP, 1992.

PENTEADO, H. Ecoeconomia: uma nova abordagem: São Paulo, 2004.

ROMEIRO, A.; REYDON, B. P.; LEONARDI, M. L. (Org.). Economia do meio ambiente: teoria,
políticas e a gestão de espaços regionais. Campinas: IE UNICAMP, 1999.

ROMEIRO, A.; MAIA, A. Valorando o conforto ambiental: atitudes e comportamento na


disposição a pagar. Economia Aplicada, v. 7, n. 4, p. 819 – 44, 2003.

SACHS, I. Espaços, tempos e estratégias de desenvolvimento. São Paulo: Vértice, 1986.

     . Estratégias de transição para o século XXI: desenvolvimento e meio ambiente. São
Paulo: Studio Nobel & Fundap, 1993.
28
SOUZA, R. S. Entendendo a questão ambiental: temas de economia, política e gestão do meio
ambiente. Santa Cruz do Sul: Ed. UNISC, 2000.

TRIGUEIRO, A. (Coord.). Meio ambiente no século 21: 21 especialistas falam da questão


ambiental nas suas áreas de conhecimento. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

TRISTÃO, J. A. Tributação ambiental: aspectos práticos e teóricos. Pesquisa & Debate, v. 14, n.
1, p. 71 – 90, 2003.

VEIGA, J. E. Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2005.

DE GIORGI, R. O risco na sociedade contemporânea. Revista Sequência. Florianópolis, n. 28,


p. 47, jun. 1994.

Centro Universitário Adventista de São Paulo - Unasp

Você também pode gostar