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Agroenergia como vetor para a agricultura sustentável: oportunidades e

desafios da produção de biogás no Brasil

Agroenergy as a vector for sustainable agriculture: opportunities and


challenges for biogas production in Brazil
DOI: 10.55905/revconv.16n.6-039

Recebimento dos originais: 10/05/2023


Aceitação para publicação: 13/06/2023

João Felippe Cury Marinho Mathias


Doutor em Economia da Indústria e da Tecnologia
Instituição: Instituto de Economia, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Endereço: Rio de Janeiro - RJ, Brasil
E-mail: mathias@ie.ufrj.br

Sofia Sthel Silva


Graduanda em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e
Bolsista pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC)
Instituição: Instituto de Economia, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Endereço: Rio de Janeiro - RJ, Brasil
E-mail: sososthel@gmail.com

RESUMO
A concepção de uma agricultura sustentável é central para a Agenda 2030. Um dos pilares para
tal desenvolvimento é a geração da agroenergia, particularmente aquela associada ao
aproveitamento dos resíduos orgânicos. A atividade agropecuária tem grande potencial de gerar
poluição, sobretudo de rios e lagos, a partir dos dejetos da produção animal. Este trabalho
apresenta os sistemas de biogás como uma alternativa que propicia a geração de ganhos
ambientais, econômicos e sociais, a partir da geração de agroenergia. O uso de biodigestores
realiza o tratamento dos dejetos de animais com a consequente produção de biofertilizante e
biogás, cujos usos trazem benefícios aos produtores rurais. Baseado no Censo Agropecuário o
trabalho estima o potencial de geração de biogás das unidades rurais familiares com produção
pecuária. O trabalho apresenta, ainda, as oportunidades e os desafios para o desenvolvimento de
sistemas de biogás nas unidades rurais familiares do país.

Palavras-chave: agroenergia, biogás, tratamento de dejetos, pecuária.

ABSTRACT
The conception of a sustainable agriculture is central do 2030 Agenda. One pillar for such
development is centered on agroenergy generation, particularly associated to organic waste.
Agriculture and livestock present great pollution potential, particularly in lagoons and rivers, as
a consequence of livestock production wastes and dejects. This work aims to present biogas
systems as an alternative to environmental, economic and social returns, allowing local
sustainable development to Brazil’s from agroenergy production. Biodigesters use allows deject
treatment and its consequence is biofertiliser and biogas production, which utilization bring

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benefits to rural producers. This work estimate biogas generation potential in livestock small
rural units in Brazil based on Agriculture and Livestock census data. Yet, this work present
opportunities and challenges to biogas systems development in small rural countries’ units.

Keywords: agroenergy, biogás, waste management, livestock.

1 INTRODUÇÃO
A agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) - Agenda 2030 –, traz à
tona grandes esforços e desafios de coordenação de políticas públicas com o objetivo de atingir
o maior número de objetivos e metas. O ODS 2 é associado à concepção de uma agricultura
sustentável com uma característica de notável transversalidade que traz consigo a exigência de
um complexo arranjo institucional a ser alcançado. A visão mais compartilhada a respeito do
conceito de agricultura sustentável vem do Relatório da FAO, de 2014, intitulado “Building a
Common Vision for Sustainable Food and Agriculture”. Em tal relatório se reconhece que a
agricultura depende fortemente dos recursos oriundos dos ecossistemas e, nesse sentido, a
agricultura sustentável precisa minimizar os impactos negativos sobre o meio ambiente ao buscar
a otimização da produção que ao mesmo tempo proteja, preserve a garanta os recursos naturais
ao usar os mesmos de maneira eficiente. Adicionalmente deve ser capaz de balancear a proteção
de agro ecossistemas com a oferta de meios decentes que promovam a resiliência ema
sobrevivência para as populações rurais.
O ODS 2 aponta múltiplas dimensões as quais requerem uma visão aprofundada em
vários aspectos. É exatamente nesse ponto que é apresentada a importância crucial da geração de
agroenergia como o “motor” no qual permite uma transição para uma agricultura sustentável.
Aqui se tem uma ligação direta com o ODS 7 (Energia para todos). Existem várias experiências
exitosas em curso na produção de agroenergia, particularmente aquelas associadas às tecnologias
de biodigestão anaeróbia nas pequenas propriedades rurais.
A atividade de produção de suínos e bovinos (confinados) é de grande relevância para o
meio rural do Brasil. A efetiva utilização do potencial de geração de biogás contribui também
para um cenário de sustentabilidade no meio rural. Em linhas gerais, a atividade citada gera
resíduos com elevado potencial de poluição ambiental, devido principalmente à grande carga
orgânica biodegradável e carga de nutrientes, que podem causar contaminação do solo, lençol
freático e atingir os corpos hídricos superficiais (Bley et al., 2009).

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O presente artigo coloca em perspectiva o atual uso da biomassa para a geração energética
no Brasil e o potencial de seu uso para a agricultura familiar em sítios e condomínios a partir da
geração distribuída, apontando as oportunidades e os desafios para o desenvolvimento no país.
Os principais exemplos de locais que demonstram esse potencial estão localizados na região Sul
do país, como é o caso do condomínio Ajuricaba, da Associação Agrícola de São Carlos e do
Centro de Formação e Produção de Alimentos e Bioenergia São Francisco de Assis.
O papel das políticas públicas é de grande importância na repercussão de iniciativas deste
cunho, uma vez que ainda é preciso mais investimento tecnológico e, além disso, a legislação
também precisa se adaptar para facilitar a entrada dos pequenos produtores no mercado. O
fortalecimento e a expansão do uso da biomassa pelos pequenos agricultores são desejáveis no
Brasil atual porque, além de diversificar a matriz energética e beneficiar o meio ambiente – pois
a energia a partir da biomassa tem origem em dejetos de animais, bagaços de frutas e outras
substâncias orgânicas que seriam consideradas “lixo” – gera renda para grupos vulneráveis
socialmente.
Além desta introdução, o artigo está estruturado em mais três seções. A seção 2 apresenta
a ideia de agricultura sustentável e como o biogás e a agroenergia se inserem nessa perspectiva.
Na seção seguinte são apresentadas três experiências em andamento na implementação de
sistemas de biogás na região Sul do Brasil. Na seção 4 são apresentados os desafios e agenda
para o desenvolvimento do biogás no Brasil. Finalmente são apresentadas as conclusões do
trabalho.

2 AGRICULTURA SUSTENTÁVEL E AGROENERGIA


A definição dos termos do que é entendido como agricultura sustentável e a sua
associação com a oferta de alimentos é sugerida no relatório “Building a Common Vision for
Sustainable Food and Agriculture” (FAO, 2014). O ponto de partida é o reconhecimento de que
a agricultura utiliza recursos naturais (terra, água, biodiversidade, florestas, pesca, nutrientes e
energia) alterando as condições do meio ambiente com o objetivo de transformar esses recursos
naturais em produtos agrícolas.
O objetivo de uma agricultura sustentável é ir ao encontro das necessidades de
alimentação da sociedade sem comprometer a capacidade de as próximas gerações conseguirem
dar conta de suas necessidades. Aqueles que se propõem a se engajar em práticas de agricultura

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sustentável geralmente são capazes de integrar três objetivos em seu trabalho: a manutenção de
um ambiente saudável, uma atividade econômica lucrativa e a busca por equidade econômica e
social (FAO, 2014) e buscam:
1. Melhorar a eficiência no uso dos recursos;
2. Conservar, proteger e assegurar os recursos naturais;
3. Proteger e melhorar a agricultura de subsistência promovendo equidade e bem-
estar social;
4. Garantir a resiliência de comunidades e ecossistemas;
5. Estabelecer efetivos mecanismos de responsabilidade e governança.
Muitos autores defendem que a sustentabilidade no atual modelo de produção rural no
Brasil torna-se viável a partir da inclusão da agroenergia nas propriedades rurais, com base na
tecnologia de saneamento ambiental pelo tratamento da biomassa residual em biodigestores. Isto
permite explorar o potencial da geração energética com o uso do conceito de geração distribuída
(Fernandes, 2012; Bley Jr. et al. 2009; Bley Jr. 2010; Mathias e Mathias, 2015; Aquino et al.
2014, Mathias, 2014, entre outros). O estímulo à produção do biogás a partir da biomassa
residual, focado aqui na resolução dos seus consideráveis impactos ambientais, leva em conta
que o modelo atual de monoculturas e “monocriações” intensivas é a forma de produção
amplamente disseminada no Brasil pelo agronegócio.
A literatura evidencia que as iniciativas de produção de biogás no Brasil são incipientes
e isoladas. Na verdade, as energias renováveis em geral ainda são entendidas como
“alternativas”, conferindo-lhes um aspecto subalterno, para diferenciar as demais fontes da ainda
considerada a mais nobre das renováveis, a hidrelétrica (Bley Jr. et al., 2009). As estatísticas
setoriais ignoram o potencial que representa a energia contida nos resíduos orgânicos, se não para
os efeitos registrados na distribuição dos espaços das energias ditas alternativas, pelo menos na
correta identificação do potencial econômico que esses resíduos e efluentes representam para
seus geradores.
É sabido que a agricultura (agropecuária) é uma das maiores fontes antropogênicas de
emissões de GEE sendo composta principalmente por metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), que
são 21 e 310 vezes mais potentes, respectivamente, do que CO2 no que diz respeito ao seu efeito
no aquecimento global de acordo com dados do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate
Change) de 2007.

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O Brasil apresenta uma produção de energia renovável ampla: a matriz energética
brasileira é uma das mais renováveis do planeta. Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE)
revelam que 83% da geração de energia no Brasil em 2019 veio de fontes renováveis, sendo a
média global de apenas 25%. Ainda assim, o Brasil apresenta uma emissão de gases de efeito
estufa significativa, de modo que considerável parte dessa emissão é proveniente atividades
agrícolas.
Tendo em vista debates sobre dependência energética e redução de emissões GEE, é
necessário diversificar a matriz energética do país e, nesse sentido, a biomassa apresenta grande
potencial; tanto por ser uma fonte inesgotável quanto pela diversidade de combustíveis que
podem ser produzidos a partir dela. Resíduos animais mal gerenciados podem ter consequências
graves para o meio ambiente, como problemas de odor, atração de insetos e outras pragas,
contaminação de águas subterrâneas, deterioração da estrutura biológica da terra e
derramamentos catastróficos, etc. Por isso, em áreas de produção animal intensiva, é necessário
o devido manejo de resíduos para que o excesso de nutrientes seja redistribuído, e sua reciclagem,
otimizada. Essa biomassa agrícola – não só dejetos animais, como também bagaço de frutas, por
exemplo – é a fonte de produção do biogás. Por isso, a produção de biogás é um caminho
essencial para mitigar a emissão de GEE numa fonte central de emissões no contexto brasileiro:
agricultura e pecuária1.

2.1 BIOGÁS COMO VETOR PARA UMA AGRICULTURA SUSTENTÁVEL


O Brasil é um dos países com maior fonte de resíduos decorrentes da produção de gado,
sendo um grande exportador de carne bovina e suína. O problema se encontra no fato de que a
gestão agrícola e pecuária do país é muito ineficiente, de modo que problemas ambientais e
sociais são gerados. O texto de Mathias (2014) sugere a agroenergia em propriedades rurais –
com base em tecnologia de saneamento ambiental utilizando tratamento de biomassa residual em
biodigestores – como forma de gerir recursos orgânicos de modo sustentável e gerar benefícios
sociais.
Uma das ideias centrais de Mathias (2014) é a visão de que o resíduo orgânico é um
recurso – apesar de ser tratado como lixo. Nesse sentido, vale ressaltar o impacto da produção

1
Segundo Van De Steeg e Tibbo (2012: p. 10) “Agriculture contributes between 59 percent and 63 percent of the
world’s non-carbon dioxide (non-CO2) GHG emissions, including 84 percent of the global nitrous oxide (N 2O)
emissions and 54 percent of the global methane (CH4) emissions”.

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intensiva de gado e como o uso de biodigestores pode ser uma solução para o tratamento dos
resíduos orgânicos gerados. Mais especificamente, o estudo pretende mostrar o potencial da
geração de biogás a partir da produção bovina e suína no Brasil.
A agroenergia é a conversão de biomassa, isto é, resíduo orgânico como bagaço de frutas,
resíduo animal ou até mesmo esgoto em energia. O foco da pesquisa é a conversão de dejeto
animal e resíduos agrícolas em biogás, que se trata de uma mistura gasosa rica em metano. Trata-
se de um biocombistível, bem como o etanol e o biodiesel.
A aplicação do biogás pode ser voltada para a energia térmica e elétrica e sua produção
de maior sucesso é feita através da digestão anaeróbica de “lixo” orgânico. Pela tecnologia
disponível para a produção de biogás, ele pode ser produzido em grande, média e pequena escala.
A geração distribuída em pequena escala ainda tem a vantagem de promover maior autonomia
energética regional e menores impactos ambientais. É importante também ressaltar que um
subproduto dessa produção é o biofertilizante, central para redução do uso de insumos químicos
que contribuem para a geração de GEE e, portanto, para a redução da emissão de GEE no que
tange o manejo do solo em atividades agrícolas
A experiência internacional, sobretudo em países continentais e com enorme produção
pecuária como Índia e China, demonstra um forte desenvolvimento de sistemas de biogás em
consonância com a ideia de geração distribuída, particularmente em pequenas propriedades rurais
(Bond e Templeton, 2011). A produção do biogás oriunda de dejetos de animais é
particularmente interessante em países que possuem efetivos de aves, suínos e bovinos, nos quais
há uma dispersão geográfica entre os possíveis aproveitamentos dos resíduos dos animais. Isto
porque o biogás produzido localmente pode ser aproveitado nas próprias fazendas, seja para
geração de eletricidade para o suprimento local (evitando investimentos na expansão de redes de
distribuição de eletricidade para regiões remotas), para a geração de energia térmica (o que é
especialmente interessante para países que possuem invernos rigorosos) bem como a secagem de
grãos (em fazendas nas quais há simultaneamente a criação de animais e a produção de alimentos
que precisam passar por processos térmicos). No caso de tais fazendas já estarem conectadas às
redes de distribuição, seja de eletricidade, seja de gás natural, o excedente gerado de energia
(elétrica ou de metano) poderia ser injetado nas redes, de forma a aumentar a oferta dos
energéticos para o país, diminuindo sua dependência com relação a eventuais importações de
energia.

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A produção dessa agroenergia, portanto, contribui para os pilares ambiental,
socioeconômico e energético no contexto agrícola. Isso porque, além de ser uma fonte de energia
renovável - uma vez os animais continuarão produzindo esterco e resíduos de plantio continuarão
a ser gerados – o biogás é também acessível, uma vez que é compatível com a geração distribuída.
Outro potencial é a redução de desigualdades, pois essa produção pode ser feita por pequenos
agricultores e ser vendida na rede, de modo a gerar renda para os mesmos – o que engatilha um
efeito multiplicador para a economia local como um todo. Por fim, a produção de biogás também
vai na direção de uma ação contra a mudança global do clima: auxilia na redução de GEE e
preservação de lençóis freáticos e do solo que seriam contaminados com resíduos, gerando
chorume, etc.
Essa dinâmica de geração de valor a partir do que poderia ser lixo deixa evidente o papel
da produção de agroenergia na Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável da ONU.
Prospera diretamente no caminho das ODS 7 (energia limpa e acessível), ODS 10 (redução de
desigualdades) e ODS 13 (ação contra a mudança global do clima), além de ir ao encontro pleno
do ODS 2 (agricultura sustentável).

2.2 POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL: O PLANO ABC


O Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a
Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (plano ABC) é
um marco na produção de biogás por se tratar de uma das principais políticas brasileiras de
estímulo a uma agricultura de baixo carbono. O plano foi lançado em 2010 e tem por intuito
financiar agricultores que optem por seguir práticas de mitigação de GEE em suas atividades
agrícolas. São os 7 programas do plano:
1) Recuperação de Pastagens Degradadas
2) Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)
3) Sistema Plantio Direto (SPD)
4) Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN)
5) Florestas Plantadas
6) Tratamento de Dejetos Animais
7) Adaptação às Mudanças Climáticas

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A agenda do presente artigo está alinhada ao programa 6 do plano, trabalhando o potencial
do tratamento de dejetos animais serem convertidos em biogás – que, por sua vez, pode ser
convertido em energia. No entanto, é importante ressaltar que para a efetivação de uma
agricultura de baixo carbono, o ideal é a interação dos objetivos traçados em todos os programas.
Para o biênio 2020/2021, o Ministério de Agricultura havia anunciado que o plano ABC
designaria R$ 5 bilhões (o dobro do volume disponibilizado na safra anterior) para o
financiamento de técnicas voltadas para uma agricultura de baixo carbono. Apesar de um volume
inédito destinado ao plano ABC, este ainda representa apenas 2% do Plano Safra, que conta com
R$ 251,2 bilhões. Sendo assim, se por um lado é estimulada uma agricultura de baixo carbono –
de modo que uma das principais diretrizes é o fomento à produção de bioenergia e o manejo
adequado de resíduos agrícolas - por outro há forte investimento à pecuária e agricultura que não
necessariamente se alinham à Agenda 2030 da ONU nem pelo âmbito social nem pelo ambiental.

2.3 POTENCIAL DE EXPLORAÇÃO DO BIOGÁS


No texto Manure as a Resource, Mathias (2014) estabelece cenários com base em dados
do censo agropecuário do IBGE (2007) de forma a apresentar o potencial de produção de gás
metano no Brasil e na Região Sul (que possui um elevad o número de cabeças de gado e
políticas que incentivam a agroenergia) em m3/dia.
As informações necessárias para estimar o potencial de geração de biogás derivada dos
dejetos de bovinos são basicamente a quantidade de dejetos (matéria seca) que os mesmos
produzem que, naturalmente, depende da quantidade de cabeças do rebanho. Com os efetivos
animais é possível calcular a quantidade diária de produção de matéria seca e, assim, aplicar os
coeficientes de transformação de matéria seca em biogás. A mais comum abordagem para estimar
o potencial do biogás é baseada em estatísticas descritivas e é utilizado e é aplicado em várias
regiões (ver Chen et al (2012) para o caso da China, White et al (2011) para o caso de Ontario e
Bond e Templeton (2011) para os países em desenvolvimento). A estimativa de biogás oriunda
da biomassa é, na verdade, biometano (CH4), equivalente a gás natural.
Em síntese, a literatura utiliza a seguinte fórmula:

PBt = NCxMSxCt

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Onde:

PBt = potencial de biogás (biometano – CH4) ao longo do tempo (m3/CH4)


t = tempo (produção diária)
NC = número de cabeças de animais
MS = matéria seca (dejetos)
Ct = coeficiente de conversão da matéria seca em biogás (m3/CH4).

Foram levados em conta dois cenários diferentes (com dois coeficientes diferentes de
conversão do biogás) a partir dos dados do censo agropecuário de 2006 e das conversões
propostas por Mathias (2014). A síntese dos resultados é apresentada na Tabela 1, que apresenta
o potencial de produção de biogás no Brasil e na região Sul.

Tabela 1: Potencial de produção de biogás. Brasil e Região Sul: 2006


(em m3/ tonelada/ dia)
Grandes Regiões e Suínos Bovinos confinados
Unidades da Federação Cenário 1 Cenário 2 Cenário 1 Cenário 2
Brasil 25 107 418 27 290 672 1 619 684 2 429 526
Região Sul 13 484 088 14 656 618 241 261 361 892
Paraná 3 678 266 3 998 116 146 631 219 946
Santa Catarina 5 288 620 5 748 500 30 842 46 262
Rio Grande do Sul 4 517 202 4 910 002 63 789 95 683
Fonte: Mathias (2014) com base em dados do IBGE (2007).

O Brasil importou 26,8 milhões de m³ de metano/dia de gás natural no ano de 2006. Logo,
considerando os dois cenários estabelecidos, é possível considerar que se todo resíduo bovino e
suíno do Brasil fosse tratado em biodigestores, o potencial de geração de biogás atenderia às
necessidades de importação diárias de gás do país naquele ano, explicitando o extraordinário
potencial de geração e oferta e possibilidades de uso.
De fato, o processo de conversão de dejetos animais em biogás (e biofertilizantes) através
da digestão anaeróbia em biodigestores possui diversas vantagens ambientais e torna recursos
mais eficientes, dentre outros benefícios. No entanto, há também desvantagens relacionadas ao
uso da tecnologia do biogás, como altos custos de construção e manutenção (principalmente se
levada em conta a renda de usuários em potencial), problemas de higiene, limitações regionais,
etc. Por conta disso, mesmo já sendo conhecida há quase um século, essa tecnologia ainda é
subutilizada.
Os parâmetros econômicos relacionados ao uso do biogás são importantes. Porém, para
além da microeconomia, a produção energética renovável e a mitigação de impactos ambientais
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e sociais são fatores que podem trazer elevado benefício social e, justamente pela existência
desses objetivos indiretos e não necessariamente econômicos, a presença do Estado é
fundamental para o desenvolvimento de sistemas de biogás.

3 EXPERIÊNCIAS EM ANDAMENTO: TRÊS CASOS DA REGIÃO SUL


Como mencionado, a região Sul possui elevado número de estabelecimentos agrícolas.
Além disso, por ser uma região que possui iniciativas municipais e estaduais que incentivam o
tratamento de dejetos agrícolas, é interessante apontar estudos de caso de sucesso da produção
de biogás e conversão em energia nessa região.
Alguns estudos mostram o potencial do uso do biogás para produzir energia elétrica
especificamente na região Sul. No Rio Grande do Sul, a constante demanda por gás natural na
indústria e seu crescente consumo no transporte torna a substituição dessa fonte de energia fóssil
pelo biogás algo que se vale a pena explorar. No caso do Paraná, o uso do biogás vem sendo
incentivado com o Projeto Geração Distribuída de Energia com Saneamento Ambiental, que tem
por premissa a produção de biogás através da digestão anaeróbia para alimentar a própria
produção e vender o excedente para a Companhia de Eletricidade.

3.1 CONDOMÍNIO AJURICABA


No ano de 2009, ocorreu a Conferência Climática Mundial em Copenhagen, na qual o
Brasil voluntariamente se comprometeu a diminuir a emissão de gases de efeito estufa em 36-
39% até 2020. Não por coincidência, no mesmo ano o Projeto Condomínio de Agroenergia de
Agricultura Familiar, CAAF, de Ajuricaba foi criado a partir de diversas parcerias, dentre elas a
Itaipu binacional e a Copel (Companhia Paraense de Energia) (Alves et al., 2014).
Em 2014, o condomínio consistia em 33 fazendas familiares, 400 bovinos e 5.000 suínos.
O Condomínio Ajuricaba, quando em total operação, pode oferecer uma redução na emissão de
CO2 em 1.400 toneladas por ano. Além do manejo de resíduos e da produção de biogás, a
estrutura da micro termoelétrica do condomínio permite a instalação de 4 geradores para pesquisa
e desenvolvimento, que é uma parte essencial do projeto.
As perspectivas do uso do biogás gerado nesse tipo de condomínio são:
• Uso de energia térmica: A queima do biogás tem alto valor calorífico e pode ser
utilizado para fins domésticos e industriais, como o aquecimento de piscinas, a criação de

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animais, aquecimento de estufas, fogões e até em sistemas de refrigeração. Países como
China, índia e Nepal se utilizam muito do biogás para esse fim. Esse uso traz conforto
para as famílias agricultoras, além de reduzir custos. Também pode ser utilizado para
secagem de grãos e utilizado paralelamente para a produção de energia térmica e elétrica
(cogeração)
• Uso de energia elétrica: No Condomínio Ajuricaba, pode ter dois propósitos: o
primeiro é o uso na própria propriedade. O segundo é a venda do excedente para a
distribuidora (nesse caso, a Copel). Há um contrato de chamadas públicas no qual essa
venda é feita para a distribuidora na forma de créditos de energia. Em 2012, houve um
novo padrão regulatório (Resolução 482/2012) da ANEEL (Agência Nacional de Energia
Elétrica). Esse foi um marco para a mini e microgeração, pois consumidores domésticos
e pequenos agricultores poderiam estar conectados à rede de distribuição. Isso ajudou a
consolidar uma agricultura baseada no uso do biogás – e, por consequência, com baixa
emissão de carbono – no Brasil, além de contribuir para a descentralização da geração de
energia e independência energética em diversas regiões e comunidades do país
• Uso veicular: ainda é uma prospecção. Apesar de não atingir o padrão sueco de
qualidade de uso do biogás, como a concentração calorífica já é alta, é possível fazer seu
uso experimental em máquinas adaptadas a seu uso. Além disso, espera-se obter melhores
níveis de biometano para atingir as normas internacionais e, uma vez que isso for
alcançado, pode-se construir bombas nas máquinas automotivas adaptadas do próprio
condomínio ou ofertar biogás purificado para o uso em veículos dos fazendeiros.
Apesar dessas muitas possibilidades de uso, há limitações para o aproveitamento pleno.
Por lei, qualquer distribuidor de eletricidade está autorizado a realizar chamadas públicas para
comprar energia produzida por esses pequenos geradores, mas o consumidor não pode ser
compensado monetariamente – diferente do que acontece na Espanha ou na Alemanha por meio
de tarifas feed-in (Alves et al., 2014).
Além disso, atualmente a produção do Condomínio Ajuricaba caiu quase que pela metade
por problemas de manutenção. Isso porque as tecnologias para o desenvolvimento de sistemas
de biogás são amplamente desenvolvidas e acessíveis, porém altos investimentos são
frequentemente necessários, e a experiência internacional, em países como China e Índia, mostra
que este é um fator desencorajador. Por conta disso, uma forte presença de políticas

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governamentais tem sido fundamental para o desenvolvimento de sistemas de biogás, tanto em
países em desenvolvimento quanto países desenvolvidos. Dadas as semelhanças
socioeconômicas e territoriais, Índia e China podem de fato oferecer algumas lições para o Brasil.

3.2 A ASSOCIAÇÃO AGRÍCOLA DE SÃO CARLOS (AASCA) – PORTO XAVIER-RS


A Associação, abreviada como Aasca, inicialmente investia na produção de derivados de
cana (melado, açúcar mascavo, cachaça, melaço) e posteriormente passou a produzir panifícios
e picles com o intuito de aumentar a participação feminina na Associação.
Uma experiência no município Dezesseis de Novembro inspirou a Associação Agrícola
a produzir também etanol e, desde 2007, a Aasca expande sua produção – tanto de combustível
quanto dos produtos nos quais previamente investiu. Assim, em 2010, a Aasca inaugurou um
quiosque com o fim de servir como um ponto de venda de produtos provenientes da agricultura
familiar do município como um todo.
Essa experiência faz parte de uma iniciativa da Coopercana (Cooperativa dos Produtores
de Cana de Porto Xavier) que deu origem a 9 projetos em municípios do noroeste gaúcho e que
envolvem cerca de 400 famílias, entre agricultores e assentados (Alves et al., 2014).

3.3 O CENTRO DE FORMAÇÃO E PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E BIOENERGIA SÃO


FRANCISCO DE ASSIS – SANTA CRUZ DO SUL-RS
Com o objetivo de diversificar a produção de tabaco na região de Santa Cruz do Sul, o
Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) iniciou a construção da cooperativa
Cooperfumos. Posteriormente, esses mesmos agentes iniciaram, em 2008, o Centro de Formação
e Produção de Alimentos e Bioenergia com o intuito de, como o nome já intui, produzir
alimentos, respeitar o meio ambiente e produzir energia. Há ferramentas para processamento do
biodiesel no Centro e a produção se volta para o consumo interno e venda do excedente: 12 mil
litros, principalmente de óleos de gorduras vegetais saturados, são coletados por mês no
município e reaproveitados no centro – essa coleta conta com um projeto educativo para escolas
e restaurantes da região.
A construção das instalações físicas foi feita pelos próprios agricultores por meio de
capacitações de bioconstrução. Além disso, o Centro incentiva a produção de sistemas
agroflorestais através da concessão de kits de mudas.

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As experiências expostas evidenciam a importância da inserção do pequeno agricultor no
processo de geração energética distribuída para que sejam atingidos objetivos não só de cunho
ambiental, mas da geração de renda para essas famílias, da inclusão social que é capaz de
contornar dependências.
Mesmo assim, o papel do Estado ainda é fundamental na consolidação e
institucionalização da agricultura familiar como produtora de combustíveis renováveis,
principalmente porque a experiência ainda é nova (especialmente no Brasil). A inserção desses
pequenos produtores no mercado, por exemplo, é dificultada pelo fato de que a venda direta de
agrocombustíveis ao consumidor não é permitida: mudanças legislativas são necessárias, bem
como auxílio governamental na difusão tecnológica (Alves et al., 2014).

4 DESAFIOS E AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO DO BIOGÁS NO BRASIL


O Brasil possui um enorme potencial para a produção de biogás, especialmente na região
Sul, o que tem o potencial de gerar energia renovável e complementar a renda de agricultores. O
problema é que há um enorme potencial não explorado (Mathias e Mathias, 2015).
As chamadas “esterqueiras”, tanques abertos de resíduo animal e agrícola, são exemplo
de uma das formas mais comuns de tratamento de resíduos em estabelecimentos agrícolas. A
técnica requer uma área desmatada consideravelmente grande para ser implementada, além de
possuir baixa eficiência de remoção de nitrogênio. Porém, pelos baixos custos de manutenção,
essa forma indevida do tratamento de dejetos é amplamente utilizada.
De acordo com o censo agropecuário do IBGE de 2007, 5.175.489 estabelecimentos
agropecuários no Brasil, apenas 2.387 fazem tratamento em biodigestores. De 1.006.181
estabelecimentos agropecuários na região Sul, apenas 1.223 fazem tratamento em biodigestores.
As iniciativas de produção de biogás são incipientes e isoladas; as energias renováveis no Brasil
ainda ficam “à sombra” da energia hidrelétrica, a renovável mais comum no país. Poucas
propriedades agropecuárias realizam o tratamento de resíduos adequadamente.
Fica evidente a falta uma ação coordenada indutora para o desenvolvimento do biogás e
as políticas públicas têm um papel central nessa iniciativa. A facilitação da comercialização é um
ponto central nessa direção, porém também é necessário investimento em pesquisa e manutenção
de projetos. Além dessas questões, é necessário pensar no foco social que uma agenda
governamental de políticas públicas para o incentivo da produção de biogás deve seguir. Como

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pontuado anteriormente, a geração distribuída por parte de pequenos agricultores pode
incrementar sua renda e incentivar geração de valor econômico descentralizada, de modo que o
incentivo público não seja apenas mais um incentivo ao monopólio/oligopólio.
A escassa literatura aponta desafios regulatórios a serem superados para o
desenvolvimento de sistemas de biogás a partir do uso da biomassa residual (Mathias e Mathias,
2015; Bley et al. 2009). Mathias e Mathias (2015) ressaltam que o biogás extraído de dejeto
animal não pode ser enquadrado como gás natural, tal como definido na Lei nº 11.909/09 (Lei
do Gás), mesmo que ambos tenham a mesma composição química, uma vez que segundo esta
legislação gás natural é apenas aquele que é produzido a partir de reservatórios petrolíferos ou
gaseíferos. No entanto, o mesmo poderá ser enquadrado como biocombustível caso a ANP assim
o regulamente.
O incentivo governamental é absolutamente crucial neste processo. De acordo com Bley
Jr. et al. (2009) todas as experiências de produção e distribuição de energia de fontes renováveis
se valem, ou se valeram de subsídios, oferecidos pelo Estado sob diversas formas (baixas taxas
de juros nos financiamentos; transferência de valores; prazos longos de resgate; isenção
tributária; preços mínimos de compra da produção; desenvolvimento tecnológico e assunção dos
custos de difusão das diferentes tecnologias).

5 CONCLUSÃO
Este trabalho busca contribuir para o debate e para identificação da agenda de pesquisas
e desenhos de políticas públicas que promovam o desenvolvimento de sistemas de biogás como
promotores de ganhos socioeconômicos e ambientais para os produtores rurais no Brasil. Devido
ao expressivo número de estabelecimentos, particularmente os ligados à atividade pecuária, o
potencial de geração de biogás a partir do tratamento de dejetos dos animais é expressivo nos
estabelecimentos rurais familiares do Brasil.
O potencial de exploração é enorme e, salvo algumas iniciativas isoladas, concentradas
no Sul do país, a agenda de desafios de cunho econômico e regulatório é de elevada complexidade
e envolve diversos atores da sociedade. Como é reconhecido, o setor agropecuário contribui
como uma relevante fonte de emissão de gases de efeito estufa e uma das formas de contrapor
esse efeito deletério em relação ao meio ambiente é a produção da agroenergia a partir da
biomassa residual. O Brasil possui um elevado efetivo de bovinos e suínos, incluindo a produção

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a partir dos sistemas de confinamento e semiconfinamento que geram uma grande quantidade de
dejeto animal. Nesse sentido, uma das possibilidades do uso desses dejetos é para a produção do
biogás.
No entanto, apesar do enorme potencial, o desafio é transformá-lo em produção efetiva
de biogás. Este desafio posto envolve uma agenda governamental e instrumentos de política
apropriados. A experiência internacional mostra que o potencial só pode se tornar realidade com
o incentivo de diversos agentes, especialmente de diferentes níveis de governo.
Nesse sentido, as perspectivas de desenvolvimento de sistemas de biogás no Brasil
dependerão de uma grande variedade de incentivos e barreiras em diversos setores. A promoção
de sistemas de biogás é, portanto, não apenas relevante para as políticas de energia, mas também
em vários outros domínios da política, como políticas agrícolas, ambientais e de tratamento de
resíduos.

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