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CIDADE ANTIGA
Maria Beatríz Borba Florenzano
Elaine Farias Veloso Hírata
(orgs.)
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Modelos Teóricos sob re a Cidade
do Medkerràneo Antigo,
N o rb er to Luiz G u ar in ello2
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deraçóes bem gerais. Tpd. qr.a"b a g"".
g"4ol q.tg".i+ 4" "^,
que permitem entendê-l a e co^parâ-l^
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com ouffas realidades que âpresentem os mesmos atributos. Os modelos podem
ser tomados como realidades concretas, que descrevem o essencial das sociedades
.estudadas, ou como abstraçóes gerais a pa*ir decertos aspectos, que funcionam
709
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da Grécia e História-de
o estudo desse mundo em
.,aoup"*rp*prrsÍuõ&tJu.'suns-u,"s'*4§:-^ffi ;
í di rli" rr., d" d""t id" tldl-4"-'. Ig:Iil'9I[§'?:EW*_'=--
"r,, ç àã P.
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t JUtã tia ade grega e a cidade
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S t t"t'ito dif"'" "t:'' ! : i "t",i
::ffff;il.",,.a"p'."üCÀq
ro mana se
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rrrããid, "-
Ênal do século xvrrr, o problema
.
"t'i"t'o
náo se .otoãur, que as cidades
770
cada qual com suâ própria
anrigas eram reconhecidas como Esados distintos,
romanos' carta-
histária, independentemente de sua arribuição étnica" gregos'
gineses, f"nícios e etruscos eram colocados
indisdntâmente' lado a lado' como
exemplos de constituiçóes antigas" E3T-:F'l do
xvIIr e as primeiras décadas
do xrx, essa multiplicidade começo.g-1;9r :l,fL;a4ina;
.or*.oi. liirtórii, "".iôíàir ""1â".rá** Éãq;ãt to a História romana parecía
'.'
aPresentar uma unloâ :á;ilãi_;ã como a história de uma uníca naçâo e de
,irr, ú.ri.o Estado, a história daGréciaP'oPot'@"
prrr bora se reconheça como
atá.rfara"
a Pluralidade. dl"Esta{s.
",":i
tornava quase imposríu"l * to"tt'uçáo de uma história
unifrcada daGrécia D't':!í
g :5gg Y' I'q !r"+&-P9§c9T9["-
çgnpo1 i,.,ç
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especíÊco, t la111gyeJgll
m em Thirlwall' nem em Grote há uma
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;"@.g,"g",ousobreacidade-estadogrega,anáoser
ggl1_.gtud"11çáo i,rpliqa, {9-["-àq"l!qqadg§iq-49-P"!d§!!e§''+lngfl*l-
ã; t*r*;rá .ãÀo,,,'oã" f*"do p"t' ot to"flitoqd'-toti"é'd" Ú4. D"
modo geral - e nisso se pareciam com os Prlmelros nlstorlaclores
.rarr
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ui11n ogtq& g'"go to* olhot -o1q
-r.tr,"d" G.Nrqbúr liYo*'t'"' -
,ror,p"@gl l-
i§-{e11,a!s' fosse pela
ffi;maaa, &-ü" p;lr!GgõõI'rú" g'"e'qpe §olqe
r.q'a,+ à,t*o'
ɧ*tr--"11gpúçaqiirt.lltt"t'Aperspectivaera'Pottanto'hllstoricista'
;;;àte;;G coqunlgue ljonstltulam'
íti'
oarticular, ou seia, pela sucessáo dos eventos
'--Xpr*i, a;;;;,a6õ ;6;;Húr.i, d" á;*"volvimenro da sgciolggja.e
essas
da ant.opologia, surgiram os primeiros -modelos especilc9s Py1 Pensar
,o.lêã#. eã1",r.ffii9uo.ll*ãtiiiei-õ i"mpo "r" q"e te 'rnPlãv'-;;à
iJ*lãl."oaa"r mais interessantes foi desenvolvido, num rápido
,Êãrrg6rr.i,
,rr.oiho, por K. Marx num capítulo de seus Fundamentos Para uma Crítica da
a Exploraçâo Capítalisti',
Economia Capitalista,intituladoiFormas que Precedem
-.+
cidade
áe fi5z,Nessetexto, de catâter bastante especulativo' Marx contr?P9e-a
antiga'.,co mo uma fo rma e sp ecíÊ." do
3i:"1"ttt:ll" p té -
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i t'Í* 1|t*' 1o
qfu i:.iô-áãmundo
771
u.,lSryÍX$;.3T9.:t-tá!o'
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conremporâneo, essas formas se caract erizatíampor-
co-
co,,' da terra' Na forma antiç"â'
4a.99rra'Naformaantrga'
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"rrt"ndào
"nt"ndido
ffiunidadetambém émééacor
acondiçáoprévia {qaEgpliaçáo
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^,, aqul nos lnteressa, -
que --.- ..;
) ;^f *r*WÍs,;§^lteZtejgtgp!à44çuIc44b-9s-!Luçy.LAqlbd3l-tgtr.o1tgvagà
conquis-
os Ã"ffio.àr.o-ggidade (inferiores e superiores,
dif"re.rcirçáo
"ntre
ffi)tDaíqueaterracomumseseparadapropriedadeprivada-
por que náo
A terra é apropríadaindividualmente e trabalhada individualmente,
.re.esrit, d" rabalhos .ol".i'o'' A to',ttt'id"d"
#'
::g{Íg:1ryre
rH'ü
tot'dição p'éuité r4q"'bto d'cqm'!i44-de9
Orrr r", Oroprietário p.irado a 'qq
indivíduo se relaciona.o-, tq!, e coq'êçoqoti&49 gPPo'O falo
ã; t' -"-bto do Estado' Passa Pela
o.;r;;;"
experiência do Estado, .or,àiçaop-té vi1gy,e !-e25y3fu9o-1qo-=diyina-(l çf&4"-)'
,ir,r-. eleã a6;úZ-;"q"isito para a continuidade da
comunidade é amaru!Çao-da igualdade entre seus membros, todos campone-
ses livres e auto-sufrci"r'rr"r.fl"' l'tatx,-
ff,--
tltt"
om
@gr"orhrbiirntes m território' O texto de En-
que a historiografra marxista
gels anuncia, assim, os dois principais problemas
772
enfrentaráno sécul«
'r,=!.ü;;i_=, ü:::Tiff::T,*lÍ::
pério) eã ãecã*ànre diÍiãurdadé
,.
ili:j:,".":::,*r
de ar;ra*
ou anres, para definir a1
l,rrr. a" .;;,, seu inrerior,
fundamentais
{asses frente ao Esrado.
Muiro mããfluentãs 6ãma;;;;;;;i;,
boraram modelos próprios
qrr rp"ir;;;;;.. distintos, eta_
para a" rid,^d"
para a pólis, como BurckJrard Fusrer de coulanges, ou
I. ^rnt;g^,como
r. A Cictad.e À;A;"d.
a.",rr$"r,
rso3Í aÉ fioje, considerad.
il;;;r;;. óoulrrg.r, como Marx, r p,rbti.ra, "_
com a dico rom ia gregos
comunidade re1iqiosá, b-asálá
ue rs u s
JÍ;--t, ;;;,* ;:ffi: j" :l:
r omanor, ur r.àn
núma UÉrA a;,r- ffi ,Ç indo-"r.opéi*.
Sú .;À;ô de ,üà.,gencia,inclui,;;;;rr"
indistintamenre, as cidades
q1s (toda qr'"lqr'"r"'-' deras) e , .iaraia" gre_
"
e não que rompãpori
Roili- Digo quà pi,ar"rerornper,
pe.mãã."m oi dõis rermos da equaçáo como
equivalentes. Coulanges, se fossem
dividena verdad.e,
pé?:!"0.u-nr.ru.,,'o-,"'.,'i"rffinl,'l:_ü_ü,*::í.1.ffi;i"j;
quãla c
r1g]'rrln:*k*rãei^;-;6ã,,q#- a;AZaaf;*.-;;ãl A1,,rr; a"
ãiiiffiám os mesmos rituáii _
confederação de famílias úma
e tribos _ à_o ,rã"6rr", e gue, por seu próprio
funda-
;:T:::ff:: "^:rJ-,1*rr.:,,r: "b,ot,r"_* teparticutares. cada cidade é rrm,
igrejaespecílica,emboraostundamen..ilüü,irJ"'.liài#+L1ffi
,lgdsl]3"'.S2p-J.ãcutã.ri;*:rt*r;;;.i..,,rr,rrrr;.:=,.
Hg*iiçs-1le;l*'d;íÉ#il*rr+::iijã;iiiifli;*rr,
proprlamente, a cidade aoarecc
j;
êm nla-^ ^..^-, r r.
comunirárior r_ . Os vínculos
progressivamenre e ,. .id"d"*i,,
rísticas d" ro.l"d"d.râquecem mem caracte-
d"
*-preanuncia .",, a",,j,11;"Í:::l;': :.:i[ffiT:r
_
b
",,, -"reriais, o que
Á Hstairi àa'c";,;,;;,';;, ',',
üijffi*",;kh;;ái, roi pubricada
oo.r,,o,"_",,_
reoz. sua primeira
:il;:ffi'#K:":': 1828
e
p".rr,,,ro-,r,.,menr" d".,o-' _
gqrygl5tor,.t.;i
,pois-menciona pólis ,""g
aplicado " ry 1ú,
.rp;ffi:;;.;êã hirróri,
,ri+*d_",dg
&_na,.o:-q_s9 dq-c-snqelto.e .
a; c.e.ir, ou anres, ao mundo
o + flu1c\frardr o'p;+-; grego em geral.
'"*'"
o primeiro a conseguir io,Irl +u" na hisroriogra'a-arema, pois foi
rirr""J". rá.q;à;"nre a uma demanda formurada
t776 pot F{erder, adadefrnição em
d. u_r,,fo, Ã^gr"g^de Estado,lou
grega de Estado', que corresp*otdgge anres, da,,idéia
u;ridade de sualgltura.
E éprecisamenre o
::l:i:: 1" o:ll' o'" p,"*.r"1,* C,r;.ã;;;a,a.;;;;;:J:,,, essenciat
"t*e*-.rli=*.EÉ,,
e um a com un idade,
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"nação" gregacomo
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mais ampras,
Irlars amplas, que abranges
abrangessem
sem a
774
ser dominada por ele, ou mesmo apartâr-se do mundo rural. Esse ( u1n ponqo
crucial, que será retomado pela historiograÊa na segunda -"rrd" do século xx,
dando origem a un1 intcnso debare sobre a ci.lade anriga, como vcremos. Para
Weber, tanto a cidade antiga como a medieval sáo cidades burguesas, no sentido
de que se sobrepuseram e suprirniram es releçóes entre gentes arisrocráricas e
instituíram
-ã"
lr*a for-, de poder público. Para Weber, a cidade antiga é, acima
t"do, rurais, quq
11!vem-das rendas obtidas no campo
"E{"lgq-pf"pqr-.1,i1ior
ondea-pougo a po.3.:.Pll!_1n1 adominar a mão-de-obra escrava. Nesse sentido,
sãoicidades consumidoras,pois vivem da exploração do campo e náo precisam,
ao cônrrário das cidades medievais, desenvolver uma produção artesanai propria
para garantir seu abastecimento. D"Lt de oficio e a fra-
"g:glt*iad919rp9gfÇóes
queza de uma possível burguesia mercantil. Daí rambém o brilho extraordinário
da iuliúia ántrga, uma cuftura üi6ana, blseada na escravidáo rural, mas que de-
clina com o declínio da escravidão, que empobrece as cidades e conáuz, no Baixo
l,r,péri,o Romano, à ruralizaçào e ao lim do mtrndo anrigo.
De Thirlwall e Grote a Max Weber,,gd9:lfr§-9+1gr qle1ceggln:{1§ncia
na historiografia do sécu1o xx e, em certo sentido, ainda sáo peças de debate con-
rernpor-â-neô.De qualque. modo, a despeito do caráter abrangente desses modelos,
a discussáo sobre a cidade antigâ tendeu, até meados dos anos tg7o, a centrar-se
novâmente no âmbito mais restrito de uma Hisrória da Grécia. Para mencionar
apenas dois exemplos clássicàs e pârticularmcnre signiÊcativos, dentro de seus
respectivos âmbitos historiográÊcos, Vitor EIrenb,etg, num_artigo de rg3z, rea-
propriou-se daidéta de pólis de Burckh-ardt, transformando-a na unidade de sen-
,i4g i4l.l9.,1gfega, oLr seja, dando-lhe um conceúdo exclusivamente helênico,
para, náo !r7yd_q:i4,+1rlgnl9 1!:lignse; Gustave Gloq, 9,q !_Ç1fu!e G ega
sgr-
,lithl illuguradlpo.-r,Çor-rlanges, mas restringiu Tu alcance, es-
(1928), rerorroar
pe91Êc1mg1ry: 3e lryn{l*g-19g9 J49yaq9,lter!e1lg11{o-9e 1a !qtó1a de Atenas
como ponto culminante dessa história, gujo declínio marca rambéln seu Íim. É
verdade que as ênfases sào bem disrintas: Glorz cenrra-se na Í:ormação do Esrado
e em suâs insriruiçôcs, opondo oligarquia à d.*o.rrli, como âs duas formas prin-
cipais da pólis grega em seu apogeu; já Elrrenberg acenrua o carárer comunirário
das pólis gregâs, conro conjunro arivo de cidadàos, cujo auge só pode realizar-se
pela denrocracia. Tais diferenças sáo signiGcarivas, grosso modo, da formação das
radifóes nacionais, especíÊcas, sobre o estudo da chamada'tidade antígd',
É impossívelfazer mesmo que apenas um balanço geral da discussão hisro-
riogrâfrcano século xx. De rnodo geral, e bem simpliÍicadamente, po4eqlo_s_4iz-e1
que os vários modelos desenvoividos giraram em torno do peso correspondenre
dos rrês rerrnos, ou ângulos,-peios quãii a c;dãJe anrigã foi viJta e analisida:
pO_l§gard":"tQ;;+d.. É-bo,, pareçam quase sinô.,imos, e mesmo que
apareçam usados indistinramenre em diferentes texto_s,-c4daum desses reÍfiios
P9!lt1!9!991o_9! P!g1>.trt, que âfetam as diversas maneiras de se pensar as for-
mas de organizaçao social e política do mundo andgo.
115
nas para a (
3{l j,_f 'gygelmente,ote_rmoT3§"rrgl9g3-&.p-ef 99!11tori*4*o:gl4gltl Aqui o pro
ç-gt"-ç,or'-ç-"gg:p4çgg:ghg.,
"p-q
p. !9gf9l1q-e9s, nem a taduçio de um
na verdade,
termo antigo, mas a simples transPosiçáo de uma Palavra grega Para nosso v-o- direrràneo ,
i}ide sua d;fi;içao d" pólis como ull1cgllgnidade polírica cujo equilíbrio de- de governo
ãiiitr "Fáur"*
Ã""f"*ã""ça. +
"-, I Ci.i.i.ie (
n comunidade política traz algumas conseqüências importantes: enrendida como sgus eparel
t l
Mas o termo pólis associa-se, rambém, a um Processo de exclusáo, que re- náo é mais
produz, com poucas alteraçóes, uma ídéia jâ presente no próprio Aristóteles. A Por hrr
pólis é o conjunto dos cidadáos ativos, sendo as mulheres, os estranseiros, mesmo rende a flrr
e analisad;
"Oo.
Num livro, por ourros ângulos, bastante notável, Ás Origens do Pensamento Grego .1"§, cidade
5 / -
| '
^Í\" , (r962),J-B Verlrar,rt ploql.ra demonstrar que a razão_grqg4 é Êlha . Mas hegemonit
'
^-.eÀ -'autonomi
r.\'Ú' I sua pólis, que se diferencia das sociedades orientais pela ausência de um palácio
,"nt^liz^d*esoberano,éu-iqp-9f-.!§lft"q91lg;&-Fgq19-{ryry9ryry111-ex- -"roro E
,."iaãã, r.U".ã"lr r* a"-ã;;;"" *;flrr. ."- a aristocracia. os termos de- ;", h*.ó.
Ênidores das pólis gregas dizem respeito, táo-somente, às relaçóes entre cidadáos (]'".,
.ativosr o agó n, a palavra mediadora, a isonomia, a isegoria, um mesmo universo Processos
espirirual, uma mesma pedagogia do cidadáo. A pólis por excelência, a Atenas ipesar ü,
após Clísten es, aparece como um"universo
-
eo, sem hierarquia, sem dife- :lnrr os crir
renciaçâd'-Os escravos sáo cirados numa única nota de pási na, os metecos e odade...u
nao aParecem. tadas as nças de m, e o mesmo Esra,io.
'ru
exemP por n Murray em seu artigo"Cidades e a exclus;
Por
emThe G City from Homer to ,\lexanáer, em 1988. --'l-;1.
Já cidade-estado é um w ape' G
Norb erto Luíz Guar inello
tr6
nâs parâ a Gr(gfL 11q9,para outras regióes e sociedades do Medirerrâneo antigo.
Aqui o p.oúi"-, ."riJ" contehdo que se quer dar à palavra Estado, Não há,
"o
na verclade, uma defrnição própria, especíÊca, pari âg entidades esraçais do Vle-
diterrâneo antigo, que representavam sociedades camponesas, mas setrr a cenrra-
Lizaçio própria dos palácios orientais, nerr o domínio das relaçóes de linhagem
das sociecl.rdes rribais.le agricultores. Eduard Meyer, para cirar um exemplo ex-
tremo, tratava Atenâs em seu Evoluç,ro Ecornrnica da Antigíiiclade (r9o7-r9ro) nos
mesmos moldes que um Estado nacional, colr'r sLlâ indústria, sua burgucsie, e seu
proletariado (os escravos), colrr suâ balanç:r de pagarnentos derivada do comércio
exrerior, apresentando um desenvolvimento social e econômico semelhante ao
Ja. Europa moder111, .Ernborn cxótic.r, a i.íei.r foi rcronrada recenremenrc nun)
livro de E. Cohen, A Naçao Ateniense, publicado em 20ogr no qt,al procura_re-
rratar a soliêdáde ateniense como uma naçào, na qr-ral as diferenças de estatutos
ãntrâeidadaos, metecos, e escravos seriam irrelevanres. Uma verdadeira sociecla-
de civil, de indivíduos igrrris, nr Arenrs clássicr. A falra de clarcza da rroçáo de
Estado pode, ainda, levar a uma consideração excessivamente formal dos'órgãos
de governo'] como aparece, por exemplo, no clássico já citado de Gustave Glotz,
A Cidade Gregct, no qual:r cidade-estado é vista essencialmente pelo ângulo de
seus*3p-?.el_ll_9_:_il,lr-r-q-qStglels, nlagi9g111urls, assemblélas e tribula-is. A ênfase na
constituição e em suas alteraçóes como o fio narrativo da história das cidades-es-
tado conduz, muitas vezes,:r resultados paracloxais, O caso mais exemplar é o de
Roma, para a qual a seqüência de formas de govcrnol monarquia, repÍrblica, im-
périg, produlyry
!]::i i{911_{e conrinuidadg, como se rodas essas consriruiçóes
§ "di?..lgm ao rlesmo ârnbiro social. Ora, é óbvio que a hisrória do império
não é mais a histciria de Rorna, embora rruiras vezes seja tratada como tal.
Por Êm, a ênfase na noçáo de Estado, sem adequá-la às realidades anrigas,
tende a fortalecer o isolamento por meio do qual cada uma das cidades-esrado
é analisada, como se fbssem unidades isoladas, ou ainda a favorecer o estudo
das cidades hegemônicas, por que ir-rdependentes, ou independenres, por que
hegemônicas. O fim da cidade-estado tende, assim, a coincidir com o fim de sua
'âutonomial de sua independêr-rcia política, o que exclui, não apenas a grande
rnriãria das cidadcs que nuncr [orrm irrJep.,-rJ.nr"i, r]ras parre signiÍicariva áe
sua história, aqucla que sc deserrvolveu sob o Jonrinio nracedônico e româno.
Q termo cidade é, sem c1úvida, o mais amplo de todos e, por cenrrar-se nos
processos de urbanilaçáo, ralvez o mais útil do ponro_ de y1qt4 da a_rqqe_9logia,
apesar da conhecida dilicuidade, qLre remonta às próprias fonres anrigâs, de de-
Íinir os critérios mínimos e necessários para denominar um assentamento conlo
cidade, ou para associar uma forma de assentamento a uma forma de sociedade
ou Estado. Mas o principal problerna metodológico c19- _emprego do termo cidade
é a exclusáor39 g1g19lp{lig].-&_tg11!94g_gg1'-.gb ç9lq9:qpp__9p-e19g_elsgt-
Sgldg*ç14i4çjt,_rgi. Essa qr-restão é particularlnente relevante nos trabalhos de
Moses Finley, que retoma, a seu próprio modo, o conceiro weberiano de cidade.
717
r \-)r erdsit"yg rgledq-.ggi119 dg9gpgl,.!x_9§q1o que parcialmenre, com as frontei-
rr. n"" r"rr{r- g- ú;t
J
faz isso à custa da
ryec1g1o 9om_qg9-e,nlp_Tga o rermo cidade. Este sempre tem
êm seus t"*to. o
m a. Cirarei aqui apenas dois
exemplos: em A Economia_.4ntrgÍ.p-qb*licado em rqza, Finley dedica-qm capítulo
n8
N[odelos -feóricr.s sobrc
o S,d!:do ]V[edíte rr,ineo Antigo
119