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25/11/2020

Reprodução e Obstetrícia

2.º Ano – Licenciatura em Enfermagem Veterinária


Ano letivo 2019/2020

Docente: Paulo Afonso | afonso@ipb.pt

O que é a Obstetrícia?
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 do latim obstetrix, do verbo obstare = ficar ao lado


 Mulher que assiste ou que presta auxílio

 Ramo da medicina que estuda a reprodução na fêmea


 Gestação

 Parto Aspetos fisiológicos e patológicos

 Puerpério

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3 Fisiologia Básica
Fertilização e desenvolvimento embrionário
Gestação e o seu diagnóstico

O que é o conceptio?
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 Derivados do zigoto
 Embrião e anexos
 Todas as estruturas que se desenvolvem a partir do zigoto
◼ embrionárias e extraembrionárias
◼ Embrião
◼ parte embrionária da placenta
◼ membranas associadas
◼ Âmnio

◼ córion

◼ saco vitelino

◼ Alantoide

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Fertilização e desenvolvimento embrionário


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 Desenvolvimento embrionário
 No oviduto
 No útero
◼ Formação das membranas fetais

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 No oviduto
 Folículoquase a romper → zona fimbriada do oviduto envolve o ovário
→ ovulação (líquido folicular e oócito II)
 > espécies o sémen atravessa a genitália feminina
◼ Sequestrado no istmo dos ovidutos
◼ No inicio da ovulação: libertado e migra para a ampola
◼ → ocorre a fertilização
A ascendência do sémen e a descendência do oócito estão
sincronizadas

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 No oviduto
 Fertilização
◼ Requer a fusão de material nuclear
◼ 1 espermatozoide + 1 oócito
◼ Milhares de espermatozoides libertados do sequestro no istmo em simultâneo

◼ Muitos presentes na ampola no momento da fertilização

◼ O oócito tem mecanismos para X polispermia (entrada de + espermatozoides)

▪ Se ocorre → desenvolvimento embrionário anormal


▪ Denomina-se bloqueio da polispermia

Fertilização e desenvolvimento embrionário


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 No oviduto
 Após a fertilização
◼ Começa a divisão do zigoto
◼ Contrações peristálticas e correntes ciliares no corno uterino
◼ zigoto → útero
◼ Quando o zigoto chega ao útero
◼ 3-4 dias na vaca | 5-8 dias na cadela e gata
◼ O zigoto é uma mórula: 16-32 células
◼ Sofre mais divisões e orientação celular, cavidade → blastocisto

◼ Blastocisto
◼ parede com 2 camadas (endoderme e ectoderme); cavidade: blastocele

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 No oviduto
 Após a fertilização
◼ O blastocisto sofre um espessamento da ectoderme → disco embrionário
◼ Restante ectoderme → trofoblasto
◼ Do grego threphein = alimentar
◼ Papel importante no desenvolvimento da placenta
◼ Até ao dia 19 em que ocorre a projeção da zona pelúcida → eclosão
◼ Crescimento quase nulo do ovo mamífero
◼ O ovo fertilizado entra o útero:
◼ Ovelha: 3.º dia, fase de 8 células,
◼ Porca: 2.º dia, fase 4-8 células
◼ Égua: 5-6 dias, fase blastocisto

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 No oviduto
 Após a fertilização
◼ Transporte tubular dos ovos fertilizados:
◼ + Atividade do musculo tubular e cília
◼ - constrição muscular no istmo e junção uterotubular
◼ Fatores influenciadores
◼ [] hormonas esteroides ováricas

◼ Prostaglandinas produzidas localmente

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 No útero
 Desde a entrada do ovo até à nidação
◼ Zigoto aspirado ou impulsionado para o lúmen uterino
◼ Nutridopelas secreções exócrinas das gl. uterinas – “leite uterino”
◼ Nas espécies pluríparas (vários nascimentos num só parto):
◼ Blastocistos distribuídos pelo útero → utilização eficiente do espaço
◼ Ocorre circulação entre os cornos, independentemente do lado da ovulação

◼ Vaca (unípara): migração rara | ovelha: comum | égua: sempre

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 No útero
◼ Após o 9.º dia:
◼ Blastocisto alonga-se rapidamente nos ruminantes e suínos
◼ Ovelha: blastocisto (12 dias): 1 cm; (13 dias) 3 cm; 14 dias 10 cm

◼ Porca: blastocisto (10 dias): Ꝋ 8-10 mm; (13 dias) 20-30 cm (pode ser > 1 metro)

▪ Dobras da superfície mucosal


◼ Égua: blastocisto (21 dias) 7x6.5 cm
◼ Vaca: estende-se para o corno uterino gravídico

◼ *égua: 1 cápsula glicoproteica elástica e resistente envolve oblastocisto, entre


os dias 6 e 23 , após ovulação, suportando física e nutricionalmente o embrião,
enquanto atravessa o útero, também acumula o “leite uterino”

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 No útero
◼ Nidação:
◼ Vaca: 12 dias | porca: 18 dias | ovelha: 15 dias | cadela e gata: 13-17 dias | égua: 35-40 dias

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 Formação das membranas fetais


 Conhecimento sobre a formação e estrutura
◼ Importante para correta interpretação ecográfica e PT

 Importantes para
◼ Reconhecimento materno da gestação
◼ Nidação
◼ Placentação
◼ Desenvolvimento embrionário

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 Formação das membranas fetais


 Quando o blastocisto eclode
◼ → desenvolvimento das membranas embrionárias (fetais)
◼ Algumas papel importante na formação da placenta
◼ Saco vitelino

◼ Âmnio

◼ Córion

◼ Alantoide

◼ Migração da camada + interna de


céls do blastocisto bilaminar envolvendo a
ectoderme e do blastocele → saco vitelino

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 Formação das membranas fetais


 Nos mamíferos eutérios (todos os animais domesticados)
◼ Sem vitelo evidente
◼ Éguas: saco vitelino formado 11 dias, significativamente aumentado dia 20
◼ 1.ª estrutura identificável por ecografia → Dx gestação
◼ Hipertónico; ↑↑↑ frutose, proteínas e prostaglandinas;

◼ Parede produz IGF1, sintetiza esteroides e prostaglandinas

◼ Porcas: saco vitelino tamanho máximo 18 dias | 20 dias separa-se do trofoblasto


◼ → encolhe
◼ Vaca, cadela e gata: persiste por muito mais tempo
◼ Deteção ecográfica

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 Formação das membranas fetais


 Âmnio
◼ Desenvolve-se a partir da dobra da ectoderme e mesoderme
◼ → fundem-se
◼ Envolvem o disco embrionário, embrião e feto
◼ Completo
◼ Porca: dia 17

◼ Vaca: identificável por ecografia > 30.º dia

◼ Algum papel na absorção intramembranosa do líquido amniótico e solutos


fetais → circulação fetal
◼ Principal papel: proteção  contem o liquido amniótico onde o feto “nada” e
mexe-se

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 Formação das membranas fetais


 Córion
◼ Formado em simultâneo com o Âmnio
◼ Camada externa da mesoderme e o trofoblasto

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 Formação das membranas fetais


 Alantóide
◼ Última a ser formada | Porca: começa a desenvolver-se aos 14 dias
◼ Parede fina ~ saco  endoderme envolta pela mesoderme
◼ Cresce rapidamente preenchendo o exocele \{ embrião contacta córion

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 Formação das membranas fetais


 Alantóide
◼ Mesoderme alantoide funde-se com a mesoderme do córion
◼ → alantocórion → originará a placenta
◼ Funde-se com o âmnio
◼ → alantoamnión
◼ Éguas: pode ser detetado com US transretal
◼ ~29 dias ocupa 50% do espaço embrionário com o embrião no centro
◼ Linha de tecido entre a alantoide e o saco vitelino

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 Formação das membranas fetais


 Ruminantes
◼ Após a eclosão do blastocisto
◼ O embrião bovino diferencia-se rapidamente, alonga-se lentamente vs. Córion
◼ 1 mês: 1 cm de comprimento

◼ A vesicula coriónica (~ corda e 1 saco c/ âmnio + embrião)


◼ Enche-se de fluído alantoide → saco alantocórion extenso

▪ Ocupa o corno não gravídico (4.ª semana de gestação)


▪ → permite diagnostico de gestação entre os dias 20 a 25
▪ devido à sua expansão → distende o corno gravídico > dia 35
▪ Palpação manual: saco alantocórion + vesicula amniótica
▪ Neste momento o córion estendeu-se para o corno não gravídico
▪ 40 cm de comprimento | Ꝋ 4 a 5 cm no corno gravídico

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 Formação das membranas fetais


 Ruminantes
◼ Alantocórion envolve a alantoamnión
◼ Separadas por fluído alantoide

◼ Vascularização da córion pela alantoide completa (aos 40 – 60 dias na vaca)


◼ → alantocórion pronta para participar na função placentária

▪ Até aqui o embrião foi nutrido pela córion e âmnio por difusão do “leite uterino”
◼ No útero dos ruminantes
◼ Alantocórion contacta com as carúnculas uterinas

▪ Alantocórion: vilosidades capilares crescem (tufos) → cotilédones


▪ → criptas das carúnculas materna (rodeadas por plexos capilares)
▪ → PLACENTOMA: troca de nutrientes e gases
▪ Até 120 funcionais (vaca) | 80 ovelha (4 linhas em cada corno)
▪ Normal existência de placentomas funcionais no corno não gravídico

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 Formação das membranas fetais


 Ruminantes
◼ Ocorre extensa fusão entre a alantoamnión e alantocórion → amniocórion
◼ Alantoide praticamente desaparece ~ T (úraco com o cordão umbilical e divergindo em
2 transversalmente na face lateral do âmnio)
◼ → pouco líquido alantoide sobre a área amniótica

▪ A > encontra-se nas extremidades do alantoide


▪ Tb no corno não gravídico

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 Formação das membranas fetais


 Égua
◼ Não ocorre o rápido alongamento do blastocisto-córion (porcos e ruminantes)
◼ Ex: 35.º dia córion oval > cilíndrico | + distendido pelo fluído alantoide
◼ → tumefação uterina inicial > vaca

▪ → diagnostico de gestação
◼ Sacos amniótico e alantoide não se fundem como nos ruminantes
◼ Âmnio flutua livremente contido dentro do saco alantoide \{ umbilicalmente

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 Formação das membranas fetais


 Égua
◼ 40.º dia: microvilosidades entre alantocórion e endométrio
◼ Próximos 100 dias: complexo multirramificado de interdigitações c/ o endométrio
◼ → MICROCOTILÉDONES

◼ 150.º dia: microcotilédones +/- completamente diferenciados


◼ Continuam a alargar e ramificar durante 2.º metade da gestação
◼ Os microcotilédones cobrem toda a superfície da alantocórion
◼ Visíveis a olho nu | alantocórion: aspeto pontilhado aveludado
◼ Entre os microcotilédones há áreas com céls. trofoblasto pseudoestratificado
◼ Cobrem os ductos das gl. endometriais → absorvendo as suas secreções

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 Formação das membranas fetais


 Égua
◼ 35.º dia: o trofoblasto (embrião esférico)
◼ Separa-se nos seus componentes invasivos e não invasivos
◼ Cinto coriónico anelado espesso

▪ Invadem o endométrio → cálices endometriais


▪ Estruturas únicas
▪ ~ crateras
▪ Concêntricas na base do corno gravídico
▪ 6.º – 20.º semana
▪ Produção da eCG (gonadotrofina coriónica equina)
▪ Importante resposta humoral e celular materna
▪ Regridem ~ 140.º

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 Formação das membranas fetais


 Égua
◼ Superfície alantocórion aderente ao endométrio
◼ Vermelha aspeto aveludado
◼ Área adjacente à abertura interna do cérvix é desprovida de vilosidades placentárias
◼ “Estrela”

◼ Superfície interna é lisa


◼ Hipómanos
◼ Cálculos de detritos celulares e inorgânicos
◼ Camadas concêntricas

◼ aderidos ao alantocórion ou a flutuar livremente


◼ Aparentemente sem função fisiológica

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 Formação das membranas fetais


 Porco
◼ Blastocistos eclodem ao 7.º dia
◼ Aumentam até ao 10.º dia → esferas flácidas | Ꝋ 8-10 mm
◼ Distribuem-se pelos dois cornos
◼ Fixação ao 12.º dia aderindo ao endométrio
◼ Próximo da fixação do ligamento largo

◼ 1-2 dias seguintes: grande transformação do embrião


◼ Rápido alongamento → ~ cilindro estreito longo

▪ Ocupando 20 a 30 cm do corno (mas pode ter > 1 m comprimento devido às dobras)


◼ Âmnio > dia 10
◼ Alantoide > dia 14: crescendo durantes 18 dias → vesícula volumosa

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 Formação das membranas fetais


 Porco
◼ 19.º dia: alantoide funde-se com o córion → alantocórion
◼ 22.º dia: alantocórion desenvolve ondulações
◼ → intricam-se com as dobras e fendas do endométrio → placenta
◼ 20.º-30.º dias: rápida acumulação de fluído na cavidade alantóide
◼ acumulação deste líquido nos sacos alantocórions dos vários fetos
◼ → diagnóstico de gestação com US

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 Formação das membranas fetais


 Cadela e gata
◼ 12º-17º dia: após a migração intrauterina e transcorno, após o pico de LH
◼ Nidação cadela: 17º – 19º dia | gata: 12 a 14 dias
◼ Até ao 20º dia: placenta coriovitelina
◼ Onde o saco vitelino vascular está envolvido
◼ 24º dia: saco vitelino 3x comprimento do embrião
◼ → US

◼ O embrião é completamente envolvido pelo âmnio avascular


◼ Contem fluído translúcido
◼ Está em contacto com o saco vitelino – ducto vitelino

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 Formação das membranas fetais


 Cadela e gata
◼ > dia 20: desenvolve-se a alantóide
◼ > dia 22: alantóide tem o dobro do tamanho do saco vitelino
◼ Contem fluído amarelo claro
◼ Envolve completamente o âmnio e assim o embrião/feto
◼ A parte central do saco alantoide fundida
com o córion que está em contacto
com o endométrio → placenta zonal epiteliocorial
◼ No cão: envolve completamente o embrião
◼ No gato: é incompleta

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A fetus estimated to be approximately


46-48 days of age.

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 Tipos de placentação
 Segundo a distribuição das vilosidades coriónicas na superfície do
córion:
◼ Difusa Difusa Cotiledonar

◼ Cotiledonar
◼ Zonal
◼ Discoide
Zonal Discoide

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 Tipos de placentação
 Placenta Difusa
◼ Quando todo o córion apresenta vilosidades (égua), a placenta denomina-se
placenta difusa completa;
◼ Se algumas zonas reduzidas do córion apresentarem córion liso (porca), a
placenta denomina-se placenta difusa incompleta.

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 Tipos de placentação
 Placenta cotiledonar
◼ Nos ruminantes as vilosidades agrupam-se em múltiplas zonas separadas. A
túnica mucosa uterina forma umas estruturas chamadas carúnculas, e nelas
acoplam-se outras formações do alantocórion, onde estão as vilosidades,
chamadas cotilédones. Em conjunto formam os placentomas.

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 Tipos de placentação
 Placenta zonal
◼ Nos carnívoros, a área com vilosidades coriónicas encontra-se numa banda
circular, em forma de cinto, sendo todo o córion restante córion liso.

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 Tipos de placentação
 Placenta discoide
◼ Nosprimatas e roedores, a área com vilosidades forma uma região circular ou
ovalada.

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 Tipos de placentação
 Formalmente as placentas diferenciam-se de acordo com a separação
(ou não) do tecido materno do tecido fetal ao nascimento
◼ Decídua (cadela, gata, roedores, primatas)
◼ Adecídua (égua, porca, vaca, ovelha*, cabra*,
◼ * parcialmente decídua

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 Tipos de placentação
 Mais comumente, os embriologistas classificam as placentas em relação
à proximidade circulatória materno-fetal - classificação de Grosser (1909)
◼ Epiteliocorial
◼ Sinepiteliocorial
◼ Endoteliocorial
◼ Hemocorial
◼ Hemomonocorial
◼ Hemodicorial
◼ Hemotricorial

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 Tipos de placentação
 Epiteliocorial (égua e porca)
◼O córion fetal entra em contacto com o
endométrio materno.
◼ Neste tipo de placenta não há perda de tecido
endometrial ao longo da gestação e no parto
os vasos uterinos não se rompem (não se
produz hemorragia), pelo que esta placenta
recebe o nome de placenta adecídua.

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 Tipos de placentação
 Sinepiteliocorial (vaca)
◼ Após a nidação forma-se um sincício no lado
materno dos placentomas através da fusão de
células binucleadas (derivadas da
trofoectoderme) com células epiteliais
uterinas.
◼ Placenta adecídua
◼ Ao contrário da ovelha e da cabra: o sincício
dos placentomas na vaca é temporário
◼ Cobertas pela divisão rápida do epitélio materno

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 Tipos de placentação
 Endoteliocorial (carnívoros)
◼ Invasão maior do endotélio pelo trofoblasto
justaposto aos capilares maternos
◼ Placenta decídua

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 Tipos de placentação
 Hemocorial (3 tipos)
◼ Apenas o tecido das vilosidades coriónicas
separam o sangue fetal do sangue materno
◼ De acordo com as camadas do trofoblasto:
◼ Hemotricorial (rato, hamster)

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 Tipos de placentação
 Hemocorial (3 tipos)
◼ Apenas o tecido das vilosidades coriónicas
separam o sangue fetal do sangue materno
◼ De acordo com as camadas do trofoblasto:
◼ Hemodicorial (lagomorfos e humanos inicialmente)

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 Tipos de placentação
 Hemocorial (3 tipos)
◼ Apenas o tecido das vilosidades coriónicas
separam o sangue fetal do sangue materno
◼ De acordo com as camadas do trofoblasto:
◼ Hemomonocorial (cavia, macacos superiores e
placenta humana terminal)

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 Tipos de placentação
 Hemocorial
◼ A placenta do cão e do gato é parcialmente
hemocorial
◼ A placenta principal zonal é endoteliocorial
◼ Hematomas marginais
◼ 22-25 dias são visíveis nas margens da cintura
placentária
◼ Cão: verde  uteroverdina | 1 mm → 8 mm
(termo)
◼ Gato: - óbvios | castanho
◼ Transferência de ferro para o feto

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 Tipos de placentação
 Mais comumente, os embriologistas classificam as placentas em relação
à proximidade circulatória materno-fetal - classificação de Grosser (1909)
◼ É de particular interesse em algumas doenças do feto e do neonato
◼ Ex.: doença hemolítica dos potros
◼ Ag do feto → placenta → mãe → Ac

▪ X → placenta → feto
▪ → colostro → potro → doença hemolítica do potro
◼ Humanos: Ac → placenta → feto → reação Ag-Ac no feto

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 Placenta
 Estrutura micro e macroscópica é influenciada por fatores:
◼ Estado nutricional da progenitora durante a gestação e cruzamento
◼ → crescimento fetal e neonatal
◼ +++ grandes animais

◼ Placentomas de ovelhas 70º dia sob modesta subnutrição vs. Nutrição normal
◼ Subnutrição: componente fetal do placentomas ↑↑↑

▪ órgão dinâmico → provisão eficiente de nutrientes → manter crescimento intrauterino


◼ Sobrenutrição → desenvolvimento vascular irregular no placentoma fetal
▪ → peso fetal reduzido

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 Placenta
 Estudos nas últimas décadas
◼ Humanos, animais de laboratório e animais de produção
◼ Ambiente intrauterino (fetos e placenta)
◼ → pode alterar a expressão do genoma fetal
◼ Alterações permanentes

▪ Morfologia
▪ Fisiologia
▪ Metabolismo
▪ Consequências para a saúde, parâmetros produtivos e doenças futuras

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 Fluídos Fetais
 Bovinos
◼ Aumentam progressivamente ao longo da gestação
◼ Dx precoce c/ US é baseado na identificação do fluído
alantoide nos cornos uterinos
◼ 5 litros aos 5 meses | 20 litros no termo
◼ Aumentos acentuados: 40 -65 dias, 3-4 meses e 6.5-7.5 meses
◼ 1.º e último  ↑ fluído alantoide | 2.º ↑ fluído amniótico

◼ Alantoide: aguado, ~ urina | parto: 1.º


◼ Amniótico: 2/3 = | depois: mucoide → parto | parto: 2.º
◼ Alantocórion > e + espessa | âmnio transparente

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 Fluídos Fetais
 Ovelhas
◼ = bovinos: o volume total aumenta
◼ mas os diferentes fluídos têm diferentes tendências
alantoide 1 mês → Dx precoce
◼ Fluido
◼ Gêmeos: total fluídos ~ dobram
◼ Fluído amniótico ↓ > mês 3

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 Fluídos Fetais
 Éguas
◼ O 1º fluído identificável > dia 10
◼ No saco vitelino
◼ Fluído alantoide > dia 24

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 Fluídos Fetais
 Porcas
◼ Fluído alantoide → 200 ml 30º dia
◼ Dx US precoce

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 Fluídos Fetais
 Cadelas e Gatas
◼ Valores seriados não disponíveis
◼ Gatinhos de 9 cm
◼ Fluído amniótico 10 – 15 mL, depois diminui, aumentando ligeiramente até ao termo
◼ Fluído alantoide: aumento + significativo | meio da gestação > amniótico (20 mL)
◼ No termo decresce ~ 6 mL

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 Forma e disposição dos sacos fetais


 Ruminantes
◼ Durante a gestação o âmnio que cobre o feto juntamente com a > do
alantocórion, permanece no corno uterino adjacente ao ovário com o CL
◼ Pequena porção de alantocórion projeta-se no outro corno uterino
◼ > fluído alantoide gravita para os polos do alantocórion
◼ → distensão uterina → 1º SC de gravidez
◼ 3º mês: acumulação de líquido considerável (~ 0,75 mL) no âmnio esférico
◼ → massa palpável no corno uterino gravídico

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 Forma e disposição dos sacos fetais


 Ruminantes
◼ Na face interna do
âmnio, perto e no umbigo, existem numerosos focos
redondos, ásperos, discretos e redondos - placas ou pérolas amnióticas
◼ ricos em glicogênio | função desconhecida | geralmente desaparecem > 6 meses de
gestação
◼ No final da gravidez, massas lisas, discoides e semelhantes a borracha podem
flutuar no líquido alantoide
◼ Origem nas invaginações do alantocórion envoltos por acumulações de histiotrofos
compactados entre o córion e o endométrio
◼ Inicialmente, podem ser encontrados presos por um pedúnculo ao alantocórion
◼ “hipómanes”
◼ Sem significado funcional

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 Forma e disposição dos sacos fetais


 Égua
◼ Grande parte do alantocórion e do âmnio estão contidos no útero gravídico
com uma continuação direta de largura semelhante no corpo uterino
◼ A parte do alantocórion que se projeta no corno não gravídico é muito mais
estreita e tem ~ 2/3 do comprimento do segmento no corno gravídico
◼ No caso raro de uma gravidez bicórnea, o alantocórion ocupa ambas os cornos
de maneira ~

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 Forma e disposição dos sacos fetais


 Porca
◼ > 10 dias de gestação, há distribuição e rápido alongamento dos blastocistos
◼ ao longo do comprimento de ambos os cornos uterinos
◼ de um ovário para o outro

◼ o mais próximo do corpo do útero estende-se muitas vezes para os dois cornos

◼ A superfície uterina do alantocórion é preenchida com pequenos focos,


redondos e cinzentos chamados "aréolas", nos quais as vilosidades
placentárias estão ausentes
◼ Ocorrem agregações focais opostas das glândulas uterinas

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 Relação entre as membranas fetais dos gémeos e fetos múltiplos


 Simples nos carnívoros para os fetos contíguos
◼ Apesar das extremidades do alantocórion colidirem → estão separadas
 Égua com gémeos
◼ Devido à falta de comprimento uterino
◼ → o polo distal de um alantocórion invagina o polo proximal do outro
◼ Partilha desigual do espaço uterino
◼ → competição pelo reduzido espaço de endométrio → onde o trofoblasto pode
fixar-se para formar a placenta
◼ Atraso no desenvolvimento de um feto, resultando:

▪ Morte in utero com parto do sobrevivente como único


▪ Falha completa da gravidez → aborto
▪ Nascimento de gémeos com tamanho muito díspar

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 Relação entre as membranas fetais dos gémeos e fetos múltiplos


 Porca
◼ > dia 27 de gestação
◼ Extremidades do alantocórion → isquemia → necrose
◼ Prevenção de anastomoses?

▪ → desenvolvimento de freemartins
◼ Frequentemente as extremidades adjacentes dos sacos
alantoides ficam “coladas” por uma substância gelatinosa
◼ Em alguns casos há fusão completa entre alantocórion
adjacente (22 dias) → X anastomose vascular
◼ A “parede” entre os fetos desaparece durante o parto ou
perto do termo  contrações → tubo alantocoriónico
◼ Passagem dos fetos durante o parto

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106

 Relação entre as membranas fetais dos gémeos e fetos múltiplos


 Porca
◼ Diferenças entre raças
◼ Yorkshire: placenta ↑ tamanho e área de superfície no último terço de gestação
◼ Meishan: permanece constante | densidade de vasos sanguíneos na interface
alantocórion/endométrio ↑↑↑
◼ Se 1 feto morre ~ 40 dias
◼ Yorkshire: ↑ crescimento da placenta dos embriões vivos

◼ Meishan: não acontece

◼ No caso raro de anastomose dos vasos sanguíneos dos fetos de sexos opostos
◼ Existem condições para o freemartinismo como na vaca

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 Relação entre as membranas fetais dos gémeos e fetos múltiplos


 Ovelhas e Vacas
◼ Na > dos gémeos ou trigémeos
◼ Sacos coriónicos contínuos coalescem
◼ Cavidades alantoides são confluentes
◼ intercomunicação vascular alantoide:
◼ Vacas: é regra

▪ 40º dia → freemartinismo (♂ → hormona anti-Mulleriana, AMH → ♀)


◼ Ovelhas: 0.8% apenas

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 Relação entre as membranas fetais dos gémeos e fetos múltiplos


 Éguas
◼ Gémeos com quimerismo sanguíneo → anastomose vascular entre as placentas
◼ Contudo genitália normal, ciclos éstricos normais e gestação normal

◼ Quimerismo sanguíneo foi encontrado na égua, ovelha, porca e vaca


◼ → base para o freemartinismo nestas espécies
◼ Contudo a incidência é:
◼ Muito baixa nas porcas e ovelhas

◼ Nula nas éguas

▪ Pode ser devido à anastomose vascular alantoide tardia nestas 3 espécies


▪ Vaca ~ 30 dias

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 Movimentos fetais durante a gestação


 US-RT → observações diretas e quantificação dos 1. os movimentos fetais
◼ + animais domésticos
◼ Vaca: > 40 dias → frequência aumenta coincidente com ↑ do fluído amniótico
◼ Em todas a espécies, dentro do âmnio, movimento fetal em torno dos eixos
longitudinal e transverso é possível
◼ A rotação sobre o primeiro é limitada pelo comprimento do saco amniótico e do cordão
umbilical
◼ A rotação sobre o último pelo comprimento do feto e largura do âmnio
◼ Na vaca: ¾ rotações sobre o eixo longitudinal

◼ Podem ocorrer rotações sobre o eixo transverso

▪ Rotação completa do cordão umbilical não é normal → fetos mumificados

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 Movimentos fetais durante a gestação


 Outra possibilidade de movimento fetal intrauterino
◼ Mobilidade do saco amniótico com o feto dentro do saco alantocórion
◼ Devido À extensiva fusão do alantocórion com o alantoamnión na vaca, ovelha e porca
tal mobilidade é impossível
◼ Na égua acontece → torção da porção alantoide do cordão umbilical

◼ Parto: > apresentação anterior

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 Crescimento e tamanho fetal


 Crescimento depende de fatores genéticos e ambientais
◼ Grande variedade neonatal em raças diferentes da mesma espécie
◼ Cautela na interpretação das curvas de crescimento fetal
◼ Contudo pode ser necessário estimar a idade de um aborto
◼ O comprimento radial e tibial são indicado fiável > 50º dia até ao termo
◼ Rx do feto vivo ou medição post mortem

◼ US: medição de várias dimensões fetais → estimação da idade dos fetos


◼ Estimação do parto

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DÚVIDAS???

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Bibliografia recomendada
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 Senger, P. L. (2005). Pathways to pregnancy and parturition. USA: Current Conceptions.


 Noakes, D. E., Parkinson, T. J., & England, G. C. (2019). Veterinary Reproduction and Obstetrics.
Elsevier.

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