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ARTIGO DE REVISÃO

Evidências científicas sobre uso e


cuidados de enfermagem com tubos
orogástricos em neonatos prematuros
Scientific evidence on use and nursing care of orogastric tubes in preterm newborns
Evidencias científicas acerca del uso y los cuidados de enfermería con tubos orogástricos en
recién nacidos prematuros
Lorena Sousa Soares1, Grazielle Roberta Freitas da Silva2, Raylane da Silva Machado3

Resumo
Objetivo: Identificar as principais evidências científicas publicadas e disponíveis sobre uso e cuidados de Descritores
enfermagem no manejo dos tubos orogástricos. Recém-nascido; Intubação
Métodos: Estudo de revisão integrativa, realizado nos meses de novembro e dezembro de 2015, a partir de gastrointestinal; Enfermagem neonatal
busca nas bases de dados nacionais e internacionais. Adotou-se como critérios de seleção artigos de pesquisa
publicados nos idiomas português, inglês ou espanhol e relação com o uso ou os cuidados de enfermagem com
tubos orogástricos; os artigos selecionados foram organizados em quadro temático.
Resultados: Quatro estudos foram selecionados. As principais evidências destacadas nos artigos foram
organizadas e discutidas em tópicos: Tubos orogástricos: método para garantir a correta inserção; Determinação
do comprimento das sondas gástricas e Uso do tubo via oral versus via nasal em recém-nascidos prematuros ou
com baixo peso ao nascer.
Conclusão: São apresentadas as evidências científicas mais atuais sobre uso e manejo de tubos orogástricos,
como o método para correta inserção e a escolha entre sondagem naso e orogástrica.

Abstract
Objective: To identify key published and available scientific evidence of use and nursing care in the management Keywords
of orogastric tubes. Newborn; Gastrointestinal intubation;
Methods: Integrative review study conducted from November to December 2015 from search in national and Neonatal nursing
international databases. The selection criteria were: research articles; published in Portuguese, English or Spanish
and relation with the use or nursing care with orogastric tubes; the selected articles were organized in thematic
framework.
Results: Four studies were selected and. the main evidence highlighted in the articles were organized and discussed
in topics: Orogastric tubes: method to ensure correct insertion; Determination of the gastric tube lenght and Oral
versus nasal tube use in preterm or low birth weight infants.
Conclusion: The most current scientific evidence on the use and management of orogastric tubes is presented, such
as the method for correct insertion and the choice between naso and orogastric tube.

Resumen
Objetivo: Identificar las principales evidencias científicas publicadas y disponibles sobre el uso y los cuidados de Descriptores
enfermería con las sondas orogástricas. Recién nacido; Intubación
Métodos: Estudio de revisión integrativa, realizado en los meses de noviembre y diciembre de 2015 a partir de gastrointestinal; Enfermería neonatal
la búsqueda en las bases de datos nacionales e internacionales. Los criterios de selección adoptados fueron:
artículos de investigación; publicados en Portugués, Inglés o Español, y relación con el uso o atención de enfermería
a los tubos orogástricos; los artículos seleccionados fueron organizados en un cuadro temático.
Resultados: Se seleccionaron cuatro estudios. Las principales evidencias destacadas en los artículos fueron
organizadas y discutidas en tópicos: Sondas orogástricas: método para asegurar la correcta inserción;
Determinación de la extensión de las sondas gástricas y Uso de la sonda via oral versus sonda via nasal en recién
nascidos prematuros o con bajo peso al nascer.
Conclusión: Fueron enumeradas las evidencias científicas más actuales sobre el uso y el manejo de las sondas
orogástricas, así como el método para la correcta inserción y la elección entre sondaje nasal y orogástrica.

1
Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI, Brasil.
Conflitos de interesse: artigo produzido a partir de tese de doutorado do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí.
Submissão: 15 de Dezembro de 2016 | Aceite: 30 de Junho de 2017
Autor correspondente : Lorena Sousa Soares | Campus Universitário Ministro Petrônio Portella, 64049-550, Bairro Ininga, Teresina, PI, Brasil. lorenacacaux@hotmail.com

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Evidências científicas sobre uso e cuidados de enfermagem com tubos orogástricos em neonatos prematuros

Introdução Métodos
Em serviços de saúde e em setores específicos, espe- Trata-se de uma revisão integrativa, escolhida por
cialmente, os que demandam mais complexidade de ser um método de pesquisa de abordagem ampla,
técnicas e procedimentos invasivos, como nas Unida- considerando os diferentes tipos de revisão, pois
des de Terapia Intensivas Neonatais (UTIN), o enfer- permite a inclusão de trabalhos experimentais e não
meiro assume papel importante na determinação da experimentais. Desta forma, promove a síntese de
qualidade do serviço. Normalmente, na condição de múltiplos estudos publicados e possibilita conclu-
gerente ou coordenador da equipe, ele supervisiona sões gerais a respeito de um tema.(4) Para tal revisão,
todas as atividades de enfermagem desenvolvidas, o adotou-se as estratégias de buscas detalhadas, con-
que facilita a identificação de falhas e possíveis inter- forme as bases de dados utilizadas, de acordo com
venções. Por isso, a utilização e o entendimento de o quadro 1.
protocolos institucionais por parte da equipe, centra-
dos no cliente e embasados nos conceitos de huma- Quadro 1. Estratégias de buscas segundo bases de dados
Base de Dados Estratégia de Busca
nização e nas evidências científicas mais atuais são
Medline “orogastric tube”[All Fields] OR “oral gastric tubes”[All
uma importante estratégia na obtenção de um cui- Fields] OR “feeding tube”[All Fields] AND “premature”[All
dado adequado e livre de danos. A padronização é Fields] AND (“loattrfull text”[sb] AND “humans”[MeSH
Terms])
necessária para que ocorra a gestão de processos, ta- Cinahl “orogastric tube” OR “oral gastric tubes” OR “feeding tube”
refas e atividades, porém mal utilizada pode tornar- AND “premature”
Limitadores - Texto completo
se meio para mecanização do cuidado e retrocesso de Modos de pesquisa - Booleano/Frase
todo trabalho.(1) BVS tw:((tw:(“intubação gastrointestinal”)) OR
A enfermagem baseada em evidências não dá LILACS (tw:(“orogastric tube”)) OR (tw:(“oral gastric tube”)) OR
BDENF (tw:(“feeding tube”))) AND (instance:”regional”) AND (
ênfase à experiência clínica não sistemática, opiniões limit:(“newborn”))
infundadas ou tradição como base para a prática, Cochrane Library tw:(tw:((tw:(“intubação gastrointestinal”)) OR
e Portal de (tw:(“orogastric tube”)) OR (tw:(“oral gastric tube”)) OR
mas acentua a utilização de resultados de pesquisas Evidências (tw:(“feeding tube”))) AND (instance:”regional”) ) AND
e, na ausência destes dados obtidos de forma siste- (instance:”regional”) AND ( type_of_study:(“systematic_
reviews”))
mática, usa programas de avaliação e de melhoria de
qualidade e/ou consenso de especialistas reconheci-
dos ou com confirmada experiência para comprovar Seguiram-se as seguintes etapas: identificação
a prática.(2) do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa
Assim, neste artigo, pretendeu-se abordar o obje- para elaboração da revisão integrativa; definição de
to de estudo de uma tese de doutorado desenvolvida critérios de inclusão e exclusão (seleção da amostra de
no Programa de Pós-graduação em Enfermagem da artigos); definição das informações a serem extraídas
Universidade Federal do Piauí (UFPI): tubos orogás- dos artigos selecionados; análise dos resultados e dis-
tricos em neonatos prematuros.(3) Além disso, o mesmo cussão e sua apresentação.(5)
emergiu da necessidade de buscar as publicações mais Para a elaboração da pergunta do estudo seguiu-
atuais e disponíveis nas bibliotecas e bases de dados se a estratégia PVO que representa um acrônimo para
sobre a referida temática. População/Problema, Variável e Outcomes/Resulta-
Por fim, a partir da seguinte questão norteado- dos.(6) Sendo assim, a questão norteadora do estudo
ra “quais as evidências científicas mais atuais sobre foi: “quais as evidências científicas mais atuais sobre
uso e cuidados de enfermagem no manejo dos tubos uso e cuidados de enfermagem no manejo dos tubos
orogástricos em neonatos prematuros?”, elaborou-se orogástricos em neonatos prematuros?”.
o seguinte objetivo: identificar as principais evidências Ressalta-se que para a formulação do objetivo da
científicas publicadas e disponíveis nas bibliotecas e bases pesquisa, é necessário que esteja relacionado a um ra-
de dados sobre uso e cuidados de enfermagem no manejo dos ciocínio teórico e inclua definições já aprendidas pelo
tubos orogástricos. pesquisador.(7) Por isso, inicialmente, fez-se a análise

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Soares LS, Silva GR, Machado RS

do conceito do problema definido na referida tese,


Estudos identificados
para então, seguimento desta revisão integrativa. Medline=51

Identificação
Cinahl= 27
Para responder à pergunta norteadora da revisão, LILACS= 10
BDENF=3
a busca ocorreu nos meses de novembro e dezembro Cochrane Library e Portal
de Evidências = 16
de 2015, por acesso online das principais bibliotecas
referências em evidências científicas de alto impacto:
Estudos selecionados para
Cochrane Library, Portal de Evidências (Avaliações de Outros temas (sonda

Triagem
leitura dos títulos e
nasogástrica, adultos,
resumos
tecnologias em saúde), LILACS e BDENF via Biblio- (n=107)
outras sondas...) (n=93)

teca Virtual em Saúde (BVS) e MEDLINE/PUBMED e


CINAHL via Portal CAPES, utilizando-se os seguintes

Elegibilidade
descritores:”intubação gastrointestinal”; “orogastric Artigos (textos completo) Artigos (textos completo)
excluídos por não
para avaliação de
tube”, “oral gastric tube”, “feeding tube” e “prema- elegibilidade (n=14) responder a pergunta de
pesquisa=10
ture”. Os termos usados nesta estratégia de busca fo-
ram selecionados no DeCs (Descritores em Ciências da
Saúde) e no MeSh (Medical Subject Headings).

Inclusão
Estudos incluídos na
Os critérios de seleção adotados foram: artigos de análise (n=4)

pesquisa; publicados nos idiomas português, inglês


ou espanhol e ter relação com o uso e/ou os cuidados
de enfermagem com tubos orogástricos, respondendo, Figura 1. Fluxograma de seleção dos artigos encontrados
assim, à pergunta norteadora. Ressalta-se que a biblio-
teca Health Evidence também foi acessada para busca, Resultados e Discussão
entretanto, nenhum material foi encontrado relaciona-
do à referida temática. Os dados do quadro 2 apresentam a distribuição dos
Excluíram-se estudos repetidos, que não tinham artigos selecionados.
relação com a temática a ser pesquisada (uso e cuida- Para facilitar a visualização, a discussão foi sub-
dos de enfermagem com tubos orogástricos), do tipo divida em tópicos: Tubos orogástricos: método para
editorial, cartas ao editor e demais delineamentos garantir a correta inserção; Determinação do compri-
metodológicos que fossem de menor impacto, além mento das sondas gástricas e uso do tubo via oral ver-
disso, não se utilizou nenhuma delimitação temporal, sus via nasal em recém-nascidos prematuros ou com
incluindo-se artigos até 2015. baixo peso ao nascer.
O processo de seleção, análise e síntese dos arti-
gos analisados foi realizado independente por duas Tubos orogástricos: método para
pessoas, para uma melhor precisão dos dados e clarifi- garantir a correta inserção
cação da discussão. Quatro (4) estudos foram selecio-
nados, porque respondiam à pergunta norteadora da As sondagens nasogástricas e orogástricas são utiliza-
revisão (Figura 1). das, tanto com o propósito diagnóstico como terapêuti-
Para a coleta dos dados, selecionaram-se e classi- co. A ingesta e a eliminação pela sonda enteral devem
ficaram-se as seguintes informações: título do estudo, ser monitoradas a cada hora ou como determinado pelas
identificação dos autores, ano de publicação, conteú- normas da instituição, pela condição clínica da criança e
do da evidência científica, principais conclusões, ob- pelo propósito do uso da sonda, além disso, em relação à
servações relevantes, nível de evidência (NE) e grau frequência de aspiração do conteúdo gástrico, devem ser
de recomendação (GR), feitas independente por duas seguidas as recomendações baseadas no consenso dos
autoras do artigo.(2,8,9) Os dados foram lidos e sinteti- multiprofissionais inseridos no processo de assistência
zados em quadro temático (Quadro 2) e a discussão aos recém-nascidos, a partir da discussão de grupos de
foi realizada de modo descritivo, relacionando com os estudos e da confecção de protocolos clínicos.(10,11)
principais livros e manuais da área e utilizados como Esta prática é muito comum nas instituições bra-
fontes acadêmicas. sileiras, na qual os profissionais (enfermeiros, técnicos

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Evidências científicas sobre uso e cuidados de enfermagem com tubos orogástricos em neonatos prematuros

Quadro 2. Distribuição dos estudos, conforme título do estudo, identificação dos autores, ano de publicação, conteúdo da evidência
científica, principais conclusões, observações relevantes, nível de evidência e grau de recomendação
Título do estudo, autores e ano de Conteúdo da evidência Principais conclusões Observações relevantes NE e GR
publicação científica
Aspiration of nasogastric tubes in Frequência da aspiração Em bebês e crianças, não há As instituições devem elaborar protocolos NE V e GR B
infants. Turner, Harris(10) do resíduo gástrico nenhuma evidência específica sobre o manejo dos tubos, incluindo a
que afirme a freqüência aspiração, com recomendações baseadas no
adequada para aspiração do consenso dos multiprofissionais
conteúdo gástrico na prática
clínica
What is the optimum method for Método para garantir Os principais métodos apontados Alguns testes são eficazes apenas para NE V e GR B
ensuring correct placement of a correta inserção de foram: teste de pH, aspiração determinar a colocação dos tubos em
nasogastric tubes? Hender(14) sondas e tubos naso e de resíduo gástrico e testes de determinadas circunstâncias, exemplo: teste
orogástricos. bilirrubina e enzimas gástricas, de pH gástrico (<4,0) para crianças e teste de
assim como a radiografia bilirrubina e enzimas gástricas para adultos
Oral versus nasal route for placing Uso do tubo via oral Não há evidências que indiquem O aumento da resistência das vias áreas NE II e GR B
feeding tubes: no effect on versus via nasal em as vantagens da passagem no pela sondagem nasogástrica e o efeito da
hypoxemia and bradycardia in recém-nascidos com tubo via oral ou nasal estimulação vagal aumentada devido à
infants with apnea of prematurity. apneia de prematuridade sondagem orogástrica são os principais efeitos
Bohnhorst et al.,(18) negativos
Nasal versus oral route for placing Uso do tubo via oral Não há dados suficientes É necessário um estudo grande de ensaio NE I e GR B
feeding tubes in preterm or low birth versus via nasal disponíveis para informar a controlado para comparar o uso de tubos de
weight infants. Watson, McGuire(19) em recém-nascidos prática clínica alimentação colocados por via nasal com os
prematuros ou com baixo colocados via oral
peso ao nascer
NE - Nível de evidência; GR - Grau de recomendação

ou auxiliares de enfermagem) aspiram suavemente o dias, isto previne a necrose da mucosa nasal e oral e do
conteúdo gástrico, mensuraram o volume, e o retor- septo nasal. As sondas para descompressão gástrica e
nam pela sonda e, se necessário, subtraem-no da pres- lavagem, nasoentéricas ou aquelas colocadas em razão
crição de leite materno ou de fórmula láctea. Apesar da presença de sangramento gastrointestinal não são
de ser consenso, não há evidência suficientemente for- rotineiramente trocadas, a não ser quando a integrida-
te nem contraindicação quanto ao retorno pela sonda e de da sonda altera-se ou apresenta oclusão.(12)
em quais situações (caso o resíduo for leitoso, amarelo Para averiguar este posicionamento e funciona-
-escuro, sanguinolento ou bilioso, exemplos das prin- mento, as principais evidências nos estudos seleciona-
cipais alterações) e se esta aspiração deve ser realizada dos, foram: teste de pH e aspiração de resíduo gástri-
com seringa ou coletor.(12) co, assim como a radiografia, que ainda é a evidência
A instituição campo de coleta de dados da referi- considerada padrão. Quanto ao teste do pH, embora
da tese de doutorado, possui um Procedimento Ope- de alto custo, tem começado a ser usado nas principais
racional Padrão (POP) de nº 064, que foi elaborado em instituições de saúde de referência no cuidado neona-
2005 e revisado em 2014, para sondagem nasogástrica tal, especialmente, por ser mais seguro que a aspiração
em adultos, crianças e recém-nascidos, nele orienta-se de resíduo gástrico e menos oneroso que a radiografia
que a realização dos testes para verificação da localiza- abdominal.(14,15)
ção da sonda deve iniciar pela aspiração do conteúdo
gástrico e, em seguida, a ausculta do ruído com este- Determinação do comprimento
toscópio durante introdução de 20 ml de ar na sonda das sondas gástricas
do eixo adulto e 10 ml no eixo pediátrico.(13)
A posição e o funcionamento da sonda enteral Além do posicionamento, outro aspecto que gera mui-
devem ser avaliados, pelo menos, uma vez a cada ta controvérsia entre os profissionais é a determinação
plantão, antes do uso por motivos diagnósticos ou te- do comprimento da sonda a ser inserida. Ainda vem
rapêuticos e para verificar se a sonda está posicionada, sendo padrão a seguinte medição, baseada em parâ-
sem vazamentos, dobras ou oclusão, além disso, indi- metros morfológicos: colocar o orifício distal na ponta
ca-se que as sondas de alimentação enteral devem ser do nariz do paciente estendendo até o lóbulo da orelha
trocadas para outra narina (ou via oral) a cada 3 a 7 e depois até o ponto médio entre o processo xifoide

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Quadro 4. Equações preditivas da distância a ser percorrida


e a cicatriz umbilical.(12) Nenhum estudo de evidência pelas sondas oro e nasogástricas enterais, com base na relação
científica foi encontrado nas bibliotecas específicas entre idade e altura
(Quadro 3), entretanto, uma variação sobre este méto- Via Faixa etária Previsão da distância
do inclui a adição de um centímetro ao medir o meio até o estômago
Oral 2 semanas a ≤ 28 meses 16,6 cm + 0,183/altura em cm
caminho entre o processo xifoide e o umbigo, assim, 28 meses a ≤ 8 anos e 4 meses 20,1 cm + 0,183/altura em cm
esta medição aproxima-se da precisão das equações e Nasal 2 semanas a ≤ 28 meses 17,6 cm + 0,197/altura em cm
algoritmos de predição específicas por idade, que vem 28 meses a ≤ 8 anos e 4 meses 21,1 cm + 0,197/altura em cm
Fonte: Bowden VR, Greenberg CS. Procedimentos de enfermagem pediátrica. Rio de Janeiro:
sendo estudadas nos últimos anos e descritas na lite- Guanabara Koogan; 2013.(11)
ratura, como sendo um dos métodos mais fidedignos
de medicação da profundidade da sondagem oro e na-
sogástrica.(15,16) Uso do tubo via oral versus via nasal
em recém-nascidos prematuros
Quadro 3. Interpretação do aspirado gástrico para confirmação
do posicionamento da sonda oro/nasogástrica ou com baixo peso ao nascer
Localização do aspirado Características do aspirado pH
Gástrico Claro, esbranquiçado, verde-claro, ≤5 Em relação ao uso da sonda por via oral ou nasal, não
tingido de marrom (se houver há evidências suficientes disponíveis para informar
presença de sangue)
Intestinal Manchado de bile, do amarelo-claro >6
a prática clínica, sendo necessária a realização de es-
ao escuro tudos maiores para maior conhecimento sobre o as-
Pulmonar traqueobraquial Aquoso, muco cor de palha >6 sunto.(18,19) Tanto as colocadas por via oral quanto às
Fonte: Bowden VR, Greenberg CS. Procedimentos de enfermagem pediátrica. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan; 2013.(11)
colocadas por via nasal permitem a alimentação dos
prematuros e recém-nascidos a termo. Ressalta-se, po-
Em uma revisão conceitual, observou-se que os rém, que os critérios determinantes da escolha do uso
dois métodos convencionais de medição do compri- das sondas devem ser individualizados, observando
mento das sondas de alimentação de prematuros tive- o desenvolvimento da coordenação neuromuscular de
ram erros de posicionamento. Um dos métodos seria cada bebê, por exemplo, a sonda orogástrica pode ser
realizar a medida a partir do canto da boca ou nariz usada nos primeiros dias e, após a estabilidade respi-
até o lóbulo da orelha e, deste, até a ponta do apêndice ratória do bebê, esta poderá ser substituída pela sonda
xifoide e, alternativamente, a partir do canto da narina nasogástrica.(17)
ao lóbulo da orelha até um ponto intermediário entre Existem apenas dados limitados disponíveis, a
o apêndice xifoide e a cicatriz umbilical. Ambas as téc- partir de dois pequenos grupos paralelos de ensaios
nicas apontaram como erro de posicionamento a loca- randomizados e um estudo cross-over sobre o efeito da
lização das sondas de alimentação no esôfago ou ao sondagem nasal versus via oral para colocação de tu-
longo da curvatura maior do estômago dos bebês.(17) bos de alimentação em prematuros ou RNs de baixo
Autores referem que se deve utilizar os parâme- peso ao nascer. Estes ensaios não fornecem evidências
tros morfológicos de medição em recém-nascidos, de que a via de posicionamento do tudo alimentar (na-
crianças com mais de 8 anos e 4 meses, crianças de sal ou oral) afeta a tolerância (tempo para alcançar nu-
baixa estatura se não for possível obter a medida trição enteral plena) ou a incidência, ou a frequência
precisa da altura, conforme indicações dos dados do de apneia ou dessaturação ou bradicardia. Na prática
quadro 4. A medição cuidadosa da altura e a preci- atual, a decisão sobre a via de posicionamento do tubo
são no cálculo e na interpretação das equações pre- parece ser baseada na preferência do médico e do en-
ditivas são fundamentais. A medição deve ser feita fermeiro e na rotina local ou regional.(16,19)
por dois medidores (fita métrica) ou devem ser feitas
duas medidas com o mesmo medidor se não houver
disponibilidade de um segundo; deve-se fazer a nova Conclusão
avaliação e solucionar as discrepâncias entre os re-
sultados obtidos, além de fazer dupla verificação dos Com a pesquisa, o principal objetivo proposto foi al-
cálculos das equações preditivas.(11,15) cançado, pois as evidências científicas mais atuais

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Evidências científicas sobre uso e cuidados de enfermagem com tubos orogástricos em neonatos prematuros

4. Souza MT, Silva MD, Carvalho R. Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein 2010;
sobre uso e manejo de tubos orogástricos foram lis- 8(Pt 1:102-6.
tadas, ou seja, os principais métodos apontados para 5. Mendes KD, Silveira RC, Galvão CM. Revisão integrativa: método de pesquisa para a
incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto - Enferm. 2008;
garantia da correta inserção de sondas e tubos gástri- 17(4):758-64.
cos foram: teste de pH, aspiração de resíduo gástrico 6. Fram D, Marin CM, Barbosa D. Avaliação da necessidade da revisão sistemática e a
e testes de bilirrubina e enzimas gástricas, assim como pergunta do estudo. In: Barbosa D Taminato M, Fram D, Belasco A. Enfermagem Baseada
em Evidências. São Paulo: Atheneu; 2014. p. 21-8.
a radiografia; quanto à frequência de aspiração do re-
7. Balbino AC, Cardoso MV, Silva VM. Transporte inter-hospitalar de recém-nascido em estado
síduo gástrico e ao uso de tubos via nasal ou oral, em crítico: revisão integrativa de literatura. Medicina (Ribeirão Preto) 2015;48(6): 610-8.
bebês e crianças, não há dados suficientes disponíveis 8. Pereira AL, Bachion MM. Atualidades em revisão sistemática de literatura, critérios de força
para informar a prática clínica. Assim como a ausência e grau de recomendação de evidência. Rev Gaúch Enferm. 2006;27(4):491-8.
9. Galvão CM. Níveis de evidência. Acta Paul Enferm. 2006;19(2):5-6. http://dx.doi.
das evidências citadas acima, aspectos relacionados à org/10.1590/S0103-21002006000200001 
técnica de fixação e à rotina de troca dos tubos não fo- 10. Turner T, Harris C. Aspiration of nasogastric tubes in infants. Clayton: Centre for Clinical
ram encontrados, implicando, assim, como principal Effectiveness (CCE). York, United King :University of York: Centre for Reviews and
Dissemination; 2005.
implicação desta revisão, incentivar o desenvolvimen-
11. Bowden VR, Greenberg CS. Procedimentos de enfermagem pediátrica. Rio de Janeiro:
to de novas pesquisas, especialmente, as de maiores Guanabara Koogan; 2013.
níveis de evidência e graus de recomendação. Por fim, 12. Silva MH, Scochi CG, Kokuday ML, Sprioli RM, Silva Netto KA. Alimentaçãodo bebê
suas limitações foram: falta de padronização dos des- premature e de muito baixo peso ao nascer: subsídios para a assistência de enfermagem
em bercário. Pediatr Mod. 2000;36(5):282-91.
critores nacionais e internacionais relacionados aos 13. Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH). Hospital Regional Norte. Procedimento
tubos orogástricos, pois são usados com os mesmos operacional padrão: sondagem nasogástrica. Fortaleza (CE) :ISGH; 2014.
fins: intubação gastrointestinal, orogastric tube e oral 14. Hender K. What is the optimum method for ensuring correct placement of nasogastric
tubes? Clayton: Centre for Clinical Effectiveness (CCE). York, United King : University of York:
gastric tube, gerando, assim, discrepâncias e vieses de Centre for Reviews and Dissemination; 2000.
pesquisa. 15. Beckstrand J, Cirgin Ellett ML, McDaniel A. Predicting internal distance to the stomach
for positioning nasogastric and orogastric feeding tubes in children. J Adv Nurs.
2007;59(3):274-89.
16. Wallace T, Steward D. Gastric tube use and care in the NICU. Newborn Infant Nurs Rev.
Referências 2014;14(3):103-8. Available from: doi:10.1053/j.nainr.2014.06.011.
17. Trevisan BF. Nutrição enteral por sonda gástrica em recém-nascidos de pré-termo:
1. Nascimento VF, Silva RC. Assistência de enfermagem ao recém-nascido pré-termo
revisando técnicas [monografia]. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul;
frente às possíveis intercorrências. Rev Enferm UFSM. 2014;4(2):429-38. Doi:
2010. 35p.
10.5902/2179769210252
18. Bohnhorst B, Cech K, Peter C, Doerdelmann M. Oral versus nasal route for placing feeding
2. Okuno MF, Belasco A, Barbosa D. Evolução da pesquisa em Enfermagem até a prática
tubes: no effect on hypoxemia and bradycardia in infants with apnea of prematurity.
baseada em evidências. In: Barbosa D, Taminato M, Fram D, Belasco A. Enfermagem
Neonatology. 2010;98(2):143-9.
baseada em evidências. São Paulo: Atheneu; 2014. p. 1-7.
19. Watson J, McGuire W. Nasal versus oral route for placing feeding tubes in preterm or
3. Soares LS. Fixação de tubos orogástricos em recém-nascidos prematuros [tese]. Teresina:
low birth weight infants. Cochrane Database of Syst Rev. 2013;(2):CD003952. DOI:
Universidade Federal do Piauí; 2016.
10.1002/14651858.CD003952.pub3.

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