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UTILIZANDO A TÉCNICA DE GRUPO FOCAL PARA VALIDAÇÃO DE

INSTRUMENTO PARA PESQUISA EM BIOÉTICA.

AUTORA: DÉBORA TEIXEIRA DA CRUZ

PRÓ-REITORIA DE PÓS GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO

UNIVÁS.- UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ

INTRODUÇÃO

O grupo focal é uma técnica de pesquisa sócio-qualitativa, coletiva,


dinâmica e não-diretiva na qual o pesquisador reúne, num mesmo local e
durante certo período de tempo, uma determinada quantidade de pessoas que
fazem parte do público alvo de suas investigações. Relativamente simples e
rápido, o grupo focal parece responder a contento a nova tendência de
educação para a saúde, que tem se deslocado da perspectiva do indivíduo
para o do grupo social.
A equipe deve ser composta por:

1- Um moderador, cujo papel fundamental é garantir, através de uma


intervenção ao mesmo tempo discreta e firme, que o grupo cubra os
tópicos de interesse do estudo da maneira menos diretiva possível
2- Um ou mais relatores, aos quais caberá observar a conduta do grupo,
auxiliar na anotação de acontecimentos-chave e, eventualmente, intervir
na condução do grupo.
3- De 4 a 10 participantes, que devem ser homogêneos em termos de
características coerentes com o público alvo para pesquisa, que tenham
percepção do assunto em foco.

OBJETIVO
Este trabalho teve como objetivo validar um questionário a ser
aplicado a profissionais da odontologia que manuseiam aparelhos de raios-x,
para avaliar questões éticas relacionadas ao uso de raios-x por dentistas de
Pouso Alegre.
METODOLOGIA

A equipe foi composta pela pesquisadora, um aluno de graduação


que atuou como relator, a pesquisadora que exerceu o papel de mediadora, e
quatro participantes, que possuíam característica profissional dos sujeitos que
serão pesquisados - odontólogos: parte da população-alvo do estudo.
O debate foi realizado no dia 21 (vinte e um) de maio, (quarta-feira)
do ano de 2008, no consultório de odontologia, situado a Rua Adalberto Ferraz,
Pouso Alegre – MG teve duração de 1 hora, 40 minutos e 20 segundos. As
informações obtidas foram registradas através de anotações e gravação feitas
pelo relator.
As discussões tiveram como finalidade levantar informações que
através de questões-chaves ajudaram a esclarecer os objetivos propostos. Os
questionamentos formulados foram:

1. Será que as perguntas do questionário são consistentes?


2. Todos os pesquisados compreenderão a mesma coisa a respeito do
enunciado das perguntas?
3. As perguntas efetuadas são tarefas que os entrevistados estão
habilitados e motivados a cumprir?
4. As questões cobrem adequadamente a atividade que os respondentes
deverão descrever?
RESULTADOS

Avaliando as 31 questões do questionário, o grupo focal modificou


dez questões, nenhuma questão foi necessária suprimir. (Questões alteradas:
12, 19 e, 26, e (26 a, b, c) 27e, f, m, 30).
O grupo coloca que a maioria dos odontólogos não preocupa com a
proteção radiológica (radiação Ionizante) e desconhece a Portaria nº 453/98.
Alegaram que a Vigilância Sanitária faz a vistoria nos consultórios, portanto,
busca a biossegurança, mas nunca cobram nada sobre o uso dos raios-x. O
grupo focal enfatiza que a própria Vigilância Sanitária deveria fornecer uma
cópia da Portaria nº 453/98 para todos os odontólogos. A maioria dos
odontólogos que usam raios-x nos estabelecimentos não é cirurgião dentistas
devido ao uso de várias técnicas bucais.
Os profissionais colocam que quando há mais de um equipamento
no mesmo prédio não há necessidade de blindar (baritar) paredes. Eles falaram
claramente que odontólogos de gênero feminino não se preocupam com
marca/ conservação/ inspeção/ e radiação ionizante.
Um dos membros do grupo focal é especialista em pediatria,
utilizam todos os dias raios-x e todas as crianças “ela” precisa segurar para
radiografar. A mesma disse ter visto uma única vez a Portaria nº 453/98, no
começo da sua graduação, no entanto nem lembra o assunto de que essa
Portaria se trata, os outros disseram que não conhecem a referida Portaria.
O grupo disse que os cursos de Odontologia oferecem a disciplina
de radiologia em um único semestre. Argumentam que São Paulo é o único
lugar que a Vigilância Sanitária e o Conselho de Odontologia fazem exigências
das Portarias, que regulamentam a proteção e responsabilidade do profissional
que utiliza radiação ionizante.
Foram feitas algumas colocações alterando no questionário para
que os sujeitos pesquisados possam compreender melhor aos enunciados.
As alterações realizadas foram baseadas nas seguintes colocações:
1- De ordem semântica, em perguntas que o conteúdo era apresentado de
forma dificilmente compreensível à população de interesse-alvo;
2- Inadequação do enunciado da questão ao seu propósito;
3- Inclusão de novas palavras ao texto para melhoria da compreensão do
enunciado;

CONCLUSÃO

A realização do grupo focal trouxe uma melhoria no conhecimento,


mostrando a capacidade de trabalhar com o público-alvo para a pesquisa e
possibilitou alterações importantes para melhorar a consistência das questões
propostas no instrumento de coleta de dados.
A conversa foi bastante descontraída, sem induzir e sem limitar os
participantes, sendo que estes responderam de forma cristalina e à vontade,
obtendo-se informações ativas, que não ficaram limitadas a uma prévia
concepção da pesquisadora.
A realização do grupo focal foi de suma importância.
Seu foco principal foi validar um instrumento consistente e
adequado para cumprir com o objetivo de avaliação do conhecimento para
pesquisa Bioética, do Curso de Pós Graduação Stricto Sensu (Mestrado em
Bioética da Universidade do Vale do Sapucaí - Univas - Pouso Alegre, MG). A
utilização desta técnica para validação é altamente recomendável.

Referências Bibliográficas

TURNER, RC; CARLSON, L. Indexes of item-objetive congruence for

multidimensional items. International Journing of Testing 3 (2) p. 163-71


2003.

RESSEL, LB et al. Grupo Focal: como estratégia para coletar dados da


pesquisa em enfermagem. International Journal of Qualitative Methods (2) p.
1-29. 2002.

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