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PARÂMETROS METODOLÓGICOS DE PESQUISA

Disciplina: Metodologia Científica


Prof. Ms. Cláudio Júnior

Metodologia é a descrição detalhada dos métodos, técnicas e processos seguidos na


pesquisa, explicando as hipóteses ou pressupostos, população ou amostra, os instrumentos e
a coleta de dados. Os métodos inéditos desenvolvidos pelo autor devem ser justificados e suas
vantagens apontadas em relação a outros autores. Novas técnicas podem ser descritas com
detalhes, inclusive novos equipamentos ilustrados com fotografias e desenhos.
O pesquisador precisa usar métodos cientificamente aceitos na busca pela
compreensão do mundo. Para que o trabalho tenha qualidade, deve usar métodos que façam
sentido para os outros pesquisadores da área, lidando com problemas semelhantes. O rigor na
apresentação dos detalhes dos procedimentos metodológicos adotados imprime confiança no
leitor, pois significa que a pesquisa foi realizada com a exatidão necessária para que se possa
acreditar nos resultados obtidos.
A metodologia escolhida deve ser aquela que mais irá ser adequada ao seu objeto de
estudo e à abordagem aplicada.
Há dois métodos principais:

1) quantitativo, que é o uso de instrumental estatístico, de dados numéricos; e


2) qualitativo, que se caracteriza pela qualificação dos dados coletados, durante a análise do
problema.
Toda pesquisa deve passar por uma fase preparatória de planejamento devendo-se
estabelecer certas diretrizes de ação e fixar-se uma estratégia global. A realização deste
trabalho prévio é imprescindível. A ciência se apresenta como um processo de investigação
que procura atingir conhecimentos sistematizados e seguros. Para alcançar este objetivo é
necessário que se planeje o processo de investigação, isto é, traçar o curso de ação a ser
seguido no processo da investigação científica. Não é, porém, necessários que se sigam
normas rígidas. A flexibilidade deve ser a característica principal neste planejamento de
pesquisa, para que as estratégias previstas não bloqueiem a criatividade e a imaginação crítica
do investigador. Afirma-se que não existe método científico estabelecido previamente. Existem
critérios gerais orientadores que facilitam o processo de investigação.
• Métodos Científicos de Pesquisa
• Conhecimento Científico e Senso Comum
• Como fazer projetos de Pesquisa
• Como fazer TCC – Trabalho de Conclusão de Curso.

Técnicas de Pesquisa
As técnicas são os procedimentos operacionais que servem de mediação prática para
a realização das pesquisas. Como tais, podem ser utilizadas em pesquisas conduzidas
mediante diferentes metodologias e fundadas em diferentes epistemologias. Mas, obviamente,
precisam ser compatíveis com os métodos adotados e com os paradigmas epistemológicos
adotados. As técnicas de pesquisa são: documentação, entrevista, entrevistas não-diretivas,
entrevistas estruturadas, história de vida, observação e questionário.
• Documentação
É toda forma de registro e sistematização de dados, informações, colocando-os em condições
de análise por parte do pesquisador. Pode ser tomada em três sentidos fundamentais: como
técnica de coleta, de organização e conservação de documentos; como ciência que elabora
critérios para a coleta, organização, sistematização, conservação, difusão dos documentos; no
contexto da realização de uma pesquisa, é a técnica de identificação, levantamento,
exploração de documentos fontes do objeto pesquisado e registro das informações retiradas
nessas fontes e que serão utilizadas no desenvolvimento do trabalho.
Documento: em ciência, documento é todo objeto (livro, jornal, estátua, escultura, edifício,
ferramenta, túmulo, monumento, foto, filme, vídeo, disco, CD etc.) que se torna suporte material
(pedra, madeira, metal, papel, etc.) de uma informação ( oral, escrita, gestual, visual, sonora
etc.) que nele é fixada mediante técnicas especiais(escritura, impressão, incrustação, pintura,
escultura, construção, etc.). Nessa condição, transforma-se em fonte durável de informação
sobre os fenômenos pesquisados.
• Entrevista
Técnica de coleta de informações sobre um determinado assunto, diretamente solicitadas aos
sujeitos pesquisados. Trata-se, portanto, de uma interação entre pesquisador e pesquisador e
pesquisado. Muito utilizada nas pesquisas da área das Ciências Humanas. O pesquisador visa
aprender o que os sujeitos pensam, sabe, representam, fazem e argumentam.
• Entrevistas não-diretivas
Por meio delas, colhem-se informações dos sujeitos a partir do seu discurso livre. O
entrevistador mantém-se em escuta atenta, registrando todas as informações e só intervindo
discretamente para, eventualmente, estimular o depoente. De preferência, deve praticar um
diálogo descontraído, deixando o informante à vontade para expressar sem constrangimentos
suas representações.
• Entrevistas estruturadas
São aquelas em que as questões são direcionadas e previamente estabelecidas, com
determinada articulação interna. aproxima-se mais do questionário, embora sem a
impessoalidade deste. Com questões bem diretivas, obtém, do universo de sujeitos, respostas
também mais facilmente categorizáveis, sendo assim muito útil para o desenvolvimento de
levantamentos sociais.
• História de vida
Coleta as informações da vida pessoal de um ou vários informantes. Pode assumir formas
variadas: autobiografia, memorial, crônicas, em que se possa expressar as trajetórias pessoais
do sujeito.
• Observação
È todo procedimento que permite acesso aos fenômenos estudados. É etapa imprescindível
em qualquer tipo ou modalidade de pesquisa.
• Questionário
Conjunto de questões, sistematicamente articuladas, que se destinam a levantar informações
escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com vistas a conhecer a opinião dos mesmos
sobre os assuntos em estudo. As questões devem ser objetivas, de modo a suscitar respostas
igualmente objetivas, evitando provocar dúvidas, ambiguidades e respostas lacônicas. Podem
ser questões fechadas ou questões abertas. No primeiro caso, as respostas serão colhidas
dentre as opções predefinidas pelo pesquisador; no segundo, o sujeito pode elaborar as
respostas, com suas próprias palavras, a partir de sua elaboração pessoal. De modo geral, o
questionário deve ser previamente testado (pré-teste), mediante sua aplicação a um grupo
pequeno, antes de sua aplicação ao conjunto dos sujeitos a que se destina, o que permite ao
pesquisador avaliar e, se for o caso, revisá-lo e ajustá-lo.

O QUE É E QUAIS SÃO OS MÉTODOS CIENTÍFICOS?


• O que é um método científico?
Podemos considerar como método científico o conjunto de passos que possibilita alcançar
um determinado objetivo. Esse conjunto de passos determina um caminho ao qual o
pesquisador terá segurança na investigação, característica importante para que se tenha bons
resultados. Esse conjunto de passos é importante também para que o pesquisador consiga
repetir e chegar nos mesmos resultados.
Diferença entre métodos e técnicas.
Podemos dizer que métodos e técnicas são coisas diferentes. Alguns autores defendem
que a técnica é responsável por informar a maneira de fazer uma atividade. Desta forma,
podemos dizer que a técnica é responsável por informar como fazer, enquanto
o método estabelece o que fazer. A forma de aplicação do método é a técnica.
• Método Indutivo
Quando definimos uma lei geral ou afirmamos algum princípio geral a partir de
observações feitas de um determinado fenômeno, assim como, a identificação de repetições
nessas observações. É baseado no fato de que se um fenômeno se repete em futuras
observações ele ocorrerá novamente. A lógica do pensamento indutivo é que a partir de casos
particulares registrados e enumerados, podemos concluir algo.
Exemplo de Método Indutivo
Observação 1: O peixe da espécie X que vive no mar tem 90% de ômega 3 em sua pele.
Observação 2: O peixe da espécie Y que vive no mar tem 90% de ômega 3 em sua pele.
Observação 3: O peixe da espécie Z que vive no mar tem 90% de ômega 3 em sua pele.
Observação 4: O peixe da espécie A que vive no rio tem 10% de ômega 3 em sua pele.
Os peixes X, Y, Z são do mar. Logo, todos os peixes do mar têm 90% de ômega 3 em sua
pele.
Para que se chegue nessa indução três passos são de fundamental importância.
Observações: os fenômenos são observados para que se identifique as causas de sua
manifestação.
Descoberta da relação: são feitas comparações para aproximar os fatos ou fenômenos, assim
descobriremos a relação existente entre eles.
Generalização: diz respeito a generalização da relação encontrada no passo anterior. Quanto
maior o número de observações maior será a força dos seus resultados.
• Método Dedutivo
É o método que utiliza o raciocínio lógico para chegar a conclusões mais
particulares/específicas a partir de princípios e preposições gerais. Consiste na extração de
uma verdade particular a partir de uma verdade geral na qual ela está implícita.
Exemplo de método Dedutivo
Todo peixe do mar tem 90% de ômega 3 em sua pele. (verdade geral)
O peixe da espécie X é do mar. (verdade específica/particular)
Logo, O peixe X tem 90% de ômega 3 em sua pele. (conclusão)
• Método hipotético-dedutivo
Quando temos um conjunto de informações que não é suficiente para explicar um
fenômeno, temos um problema. Para tentar explicar o problema podemos criar hipóteses, que
serão testadas quanto a sua validade. Se a hipótese passar por vários testes de validação,
temos um indicio forte de como explicar o fenômeno. Lembramos que essa hipótese será
exposta a outros testes que podem rejeita-la. Quanto maior o número de testes da hipótese,
mais forte serão seus argumentos e achados. Desta forma se uma verdade for aceita, não
significa que ela seja considerada verdadeira. Ela é apenas uma verdade que ainda não foi
falseada.
Exemplo de Método Hipotético-Dedutivo
Estudando um ambiente, o pesquisador acha (hipótese) que a causa da mortalidade dos
peixes de um lago seja devido a presença de determinada planta aquática. Desta forma,
solicita que as plantas sejam removidas do lago. Se a hipótese do pesquisador for justa, a
mortalidade dos peixes vai diminuir, se ela não diminuir, é porque a hipótese é falsa ou
insuficiente para chegar a uma conclusão.
• Método dialético
Primeiro definimos uma tese considerada como sendo uma provável verdade, depois
temos a antítese que vai negar a tese apresentada anteriormente. No embate resultante entre
a tese e antítese surge a síntese. Essa síntese pode dar origem a outra tese e dar-se início a
um novo ciclo. Esse ciclo acontecerá até que a tese não seja contestada.
Exemplo do Método dialético
O pesquisador A atribui a mortalidade dos peixes à vegetação encontrada no lago. (tese)
O pesquisador B afirma que a mortalidade dos peixes é causada pela alta concentração de
cromo na água. (antítese)
No final de muitas discussões, os dois acreditam que existe uma combinação de
fatores que influenciam na mortalidade e que parte dela é caudada pela vegetação e pelo
cromo presente na água. (síntese)
• Método Estatístico
Esse método utiliza a estatística para investigar um determinado fenômeno. O método
contribui para a coleta, a organização, a descrição, a análise e a interpretação dos dados. Esse
método está relacionado com a quantificação, análise e interpretação dos dados coletados a
partir de técnicas estatísticas como média, moda, mediada, etc. A estatística permite fazer
generalizações a partir de uma amostragem ou ocorrência de determinado fenômeno. Desta
forma, é possível determinar em termos numéricos a probabilidade de acerto de determinada
conclusão, além disso, é possível calcular a margem de erro dessa conclusão.
• Método Comparativo
A investigação é feita por meio da análise de dois ou mais fatos e fenômenos, analisando
as diferenças e similaridades existente entre eles. Esse método é bem versátil e pode ser
utilizado em diferentes áreas de conhecimento, desde ciências sociais por exemplo
comparando dois grupos, até na química comparando substâncias diferentes.
• Método Experimental
Esse método científico submete o fenômeno estudado a influência de variáveis controladas
para analisar o impacto dessas mudanças no objeto estudado. Esse tipo de método exige que
o pesquisador faça um planejamento rigoroso de como será feito.
Exemplo de Método Experimental
Seja X o fenômeno estudado, que ocorre na presença dos fatores, A, B, C e D. A idéia é
controlar os fatores para identificar qual deles influência ou anula a ocorrência dos demais.
Assim analisamos o cenário abaixo:
A, B e C produzem X
A, B e D não produzem X
B, C, e D produzem X
Com base nesses resultados podemos concluir que C precisa acontecer para que se
tenha X. Se removermos os demais e mesmo assim X acontecer, podemos dizer que C é
condição necessária e suficiente para que X aconteça.

TIPOS DE PESQUISA
COMO CLASSIFICAR PESQUISAS
O planejamento de uma pesquisa depende tanto do problema a ser investigado, de sua
natureza e situação espaço-temporal em que se encontra, quanto da natureza e nível de
conhecimento do investigador. Assim pode haver um número sem fim de tipos de pesquisa.
Serão desconsideradas as diferentes classificações desses tipos para utilizar apenas uma: a
que leva em conta o procedimento geral que é utilizado para investigar o problema. Com isso
podemos distinguir no mínimo três tipos de pesquisa: a bibliográfica, a experimental e a
descritiva. Geralmente as pesquisas são classificadas em três grandes grupos: exploratórias,
descritivas e explicativas.
Pesquisa Bibliográfica
Desenvolve-se tentando explicar um problema através de teorias publicadas em livros
ou obras do mesmo gênero. O objetivo deste tipo de pesquisa é de conhecer e analisar as
principais contribuições teóricas existentes sobre um determinado assunto ou problema,
tornando-se um instrumento indispensável para qualquer pesquisa. Pode-se usá-la para
diversos fins como, por exemplo:
• Ampliar o grau de conhecimento em uma determinada área;
• Dominar o conhecimento disponível e utilizá-lo como instrumento auxiliar para a construção e
fundamentação das hipóteses;
• Descrever ou organizar o estado da arte, daquele momento, pertinente a um determinado
assunto ou problema.
Pesquisa Experimental
Neste tipo de pesquisa o investigador analisa o problema, constrói suas hipóteses e
trabalha manipulando os possíveis fatores, as variáveis, que se referem ao fenômeno
observado. A manipulação na quantidade e qualidade das variáveis proporciona o estudo da
relação entre causas e efeitos de um determinado fenômeno, podendo-se controlar e avaliar os
resultados dessas relações.
Pesquisa Descritiva não Experimental
Tem como objetivo a descrição das características de determinada população ou
fenômeno ou a relação entre determinadas variáveis. Este modelo de pesquisa estuda as
relações entre duas ou mais variáveis de um dado fenômeno sem manipulá-las. A pesquisa
experimental cria e produz uma situação em condições específicas para analisar a relação
entre variáveis à medida que essas variáveis se manifestam espontaneamente em fatos,
situações e nas condições que já existem.
A decisão de se utilizar à pesquisa experimental ou não-experimental na investigação
de um problema vai depender de vários fatores: natureza do problema e de suas variáveis,
fontes de informação, recursos humanos, instrumentais e financeiros disponíveis, capacidade
do investigador, conseqüências éticas e outros.
Devem-se avaliar as vantagens e as limitações que apresentam um e outro tipo de
pesquisa. Kerlinger (1985, p. 127) apresenta três vantagens da pesquisa experimental. A
primeira é a fácil possibilidade de manipulação das variáveis isoladamente ou em conjunto; a
segunda é a flexibilidade das situações experimentais que otimiza a testagem dos vários
aspectos das hipóteses; a terceira é a possibilidade de replicar os experimentos ampliando e
facilitando a participação da comunidade científica na sua avaliação. Como limitações,
Kerlinger aponta a falta de generalidade, pois um resultado evidenciado em uma pesquisa
experimental de laboratório nem sempre é o mesmo obtido em uma situação de campo onde
há variáveis muitas vezes desconhecidas ou imprevisíveis que podem intervir nos resultados.
Por esse motivo, os seus resultados devem permanecer restritos às condições experimentais.
Pesquisa Exploratória
Outro tipo de pesquisa que tem grande utilização, principalmente nas áreas sociais.
Nela não se trabalha com a relação entre as variáveis, mas com o levantamento da presença
das variáveis e de sua caracterização quantitativa ou qualitativa. Seu objetivo fundamental é de
descrever ou caracterizar a natureza das variáveis que se quer conhecer. Tem como objetivo
proporcionar maior familiaridade com o problema para torná-lo mais explícito ou a construir
hipóteses. Na maioria dos casos essas pesquisas envolvem: levantamento bibliográfico,
entrevistas com pessoas relacionadas a pesquisa e análise de exemplos.
Pesquisa Explicativa
Tem como preocupação central identificar os fatores que determinam ou contribuem
para a ocorrência dos fenômenos. É a que mais aprofunda o conhecimento da realidade, pois
explica a razão, o porquê das coisas. É uma tentativa de conectar as ideias para compreender
as causas e efeitos de determinado fenômeno. É onde pesquisadores tentam explicar o que
está acontecendo buscando compreender causas e efeitos, fazendo uso também de métodos
experimentais.

FLUXOGRAMA DA PESQUISA
Desde a preparação até a apresentação de um relatório de pesquisa estão envolvidas
diferentes etapas. Algumas delas são concomitantes; outras são interpostas. O fluxo que ora
se apresenta tem apenas uma finalidade didática de exposição. Na realidade ela é
extremamente flexível. Abaixo temos o exemplo de um fluxograma de pesquisa científica:
1. Etapa de Preparação e de Delimitação do problema
• Escolha do tema
• Revisão da Literatura
• Documentação
• Crítica da documentação
• Construção do referencial Teórico
• Delimitação do problema
• Construção das Hipóteses
2. Etapa de Construção do Plano
• Problema e Justificativa
• Objetivos
• Referencial Teórico
• Hipóteses, Variáveis e Definições
• Metodologia;
• Design;
• População e Amostra;
• Instrumentos;
• Plano de Coleta, Tabulação e Análise de Dados.
• Estudo Piloto, com testagem dos instrumentos, técnicas e plano de análise dos dados.
3. Etapa de Execução do Plano
• Estudo Piloto
• Treinamento dos Entrevistadores
• Coleta de Dados
• Tabulação
• Análise e Estatística
• Avaliação das Hipóteses
4. Etapa de Construção e Apresentação do Relatório
Construção do Esquema do Relatório: Problema, referencial teórico, resultado da
avaliação do teste das hipóteses e conclusões.
• Redação: Sumário, introdução, corpo do trabalho, conclusão, referências bibliográficas,
bibliografia, tabelas, gráficos e anexos.
• Apresentação: Conforme as normas da ABNT.
Primeira Etapa: Preparatória
Esta fase, a preparatória, é dedicada a escolha do tema, à delimitação do problema, à
revisão da literatura, construção do marco teórico e construção das hipóteses. Seu objetivo
principal é a que o pesquisador defina o problema que irá investigar. È nesta etapa que se
apresentam as principais dificuldades para o investigador. A escolha do tema deve estar
condicionada à existência de três fatores:
• O primeiro é que o tema responda aos interesses de quem investiga.
• O segundo é a qualificação intelectual de quem investiga. O pesquisador deve usar temas
que estejam ao alcance de sua capacidade e de seu nível de conhecimento.
• O terceiro é a existência de fontes de consulta que estejam ao alcance do pesquisador. O
primeiro passo para constatar sua existência é fazer um levantamento das publicações que
existem sobre o tema nas bibliotecas, consultando catálogos e revistas especializadas,
resenhas e comentários.
Escolher o tema é indicar a área e a questão que se quer investigar. No entanto,
apenas a escolha do tema não diz ainda o que o pesquisador quer investigar. A sua meta,
nesta etapa, é a de delimitar a dúvida que irá responder com a pesquisa. A delimitação do
problema esclarece os limites precisos da dúvida que tem o investigador dentro do tema
escolhido. A simples escolha de um tema deixa o campo da investigação muito amplo e muito
vago. Há necessidade de se estabelecer os limites de abrangência do estudo a ser efetuado.
Isso só é possível quando se delimita com precisão o problema, o que é conseguido com
perguntas pertinentes especificando com clareza as dúvidas. Deve ser expresso em forma de
enunciado interrogativo que contenha no mínimo a relação entre duas variáveis. Se não
manifestar esta relação é sinal que ele ainda não está suficientemente claro para a
investigação.
Para chegarmos ao enunciado devemos antes defini-lo da seguinte maneira:
a. A área ou o campo de observação;
b. As unidades de observação. Dever estar claro quem ou o quê deverá ser objeto de
observação.
c. Apresentar as variáveis que serão estudadas, mostrando que aspectos ou que fatores
mensuráveis serão analisados, com a respectiva função empírica.
Para que ocorra essa clareza na delimitação do problema é necessário que o
investigador tenha conhecimento. Ninguém investiga o que não conhece. E a forma mais
fecunda para se obter conhecimento é através da revisão da literatura pertinente ao tema
investigado. O objetivo desta revisão é de aumentar o acervo de informações e do
conhecimento do investigador com as contribuições teóricas já existentes. Lançar-se em uma
pesquisa desconhecendo as contribuições já existentes é arriscar-se a perder tempo em busca
de soluções que talvez outros já tenham encontrado, ou percorrer caminhos já trilhados com
insucesso.
A revisão da literatura é feita buscando-se nas fontes primárias e na bibliografia
secundária as informações relevantes que foram produzidas e que têm relação com o
problema investigado. Pode-se usar como fontes livros, obras publicadas, monografias,
periódicos especializados, documentos e registros existentes em institutos de pesquisa.
Durante a revisão da literatura deve-se executar o registro dessas idéias em fichas,
juntamente com comentários pessoais, com o objetivo de essa documentação bibliográfica
acumular e organizar idéias relevantes já produzidas na ciência.
Concluída a documentação, inicia-se a fase da avaliação e crítica. Nesse momento
deve-se estabelecer o confronte entre idéias consideradas relevantes examinando a sua
consistência, nível de coerência interna e externa e comparando-as entre si. O importante é
notar os pontos positivos e negativos nas teorias analisadas, inter-relacionando uma com as
outras não esquecendo que a crítica tem sempre em vista o problema investigado. É ela que
seleciona o acervo de idéias trabalhadas para a montagem posterior do quadro de referências
teóricas.
Após a crítica se iniciam a ordenação das idéias coletadas, os objetivos da
investigação, as teorias relevantes que o abordam com seus pontos positivos ou negativos e as
hipóteses propostas pelo autor. Esta fase é a de construção, da montagem e exposição do
quadro de referência teórica que será utilizado para a delimitação e a análise do problema
abordado, para a sustentação das hipóteses sugeridas e a construção das definições que
traduzem os conceitos abstratos das variáveis. Se a pesquisa for bibliográfica, constrói-se o
quadro de referência teórica que sustenta as conclusões. Se a pesquisa for experimental ou
descritiva, a fase seguinte comporta a explicação de hipóteses, o estabelecimento das
variáveis e suas definições empíricas.
Segunda Etapa: Elaboração do Projeto de Pesquisa
A partir da conclusão da etapa preparatória, o investigador pode iniciar a segunda
etapa da investigação, preocupando-se com a elaboração do projeto que estabelece a
seqüência da investigação, tendo como curso orientador o problema e o teste das hipóteses.
Sem o projeto o investigador corre o risco de desviar-se do problema que quer investigar,
recolhendo dados desnecessários ou deixando de obter os necessários.
O projeto de pesquisa é um plano onde aparecem explícitos os seguintes itens:
a. Tema, problema e justificativa;
b. Objetivos;
c. Quadro de referência teórica;
d. Hipóteses, variáveis e respectivas definições empíricas;
e. Metodologia;
f. Descrição do estudo piloto;
g. Orçamento e cronograma;
h. Referências bibliográficas;
i. Anexos.
O projeto é um documento o máximo sintético e objetivo que apresenta os principais
itens que compõem a investigação para uma pré-avaliação de sua viabilidade. Ele tem dois
objetivos: o primeiro é proporcionar ao investigador o planejamento que vai executar, prevendo
os passos e atividades a ser seguidos; o segundo é dar condições para uma avaliação externa
feita por outros pesquisadores.
Para tanto há necessidade de que todos os itens do projeto atendam aos requisitos e
exigências requeridas pela comunidade científica observando os seguintes aspectos:
• Enunciar com clareza o problema, explicitando e definindo as variáveis que estão presentes
no estudo.
• A pertinência das hipóteses deve ser demonstrada pela sua adequação com o quadro de
referência teórica apresentada.
• A revisão bibliográfica deve ser atualizada e englobar a análise das obras básicas
relacionadas ao problema investigado.
• A viabilidade e a pertinência da metodologia proposta para a testagem das hipóteses devem
ser apresentadas.
• Os tipos de análise ou de testes estatísticos também devem ser previstos. Devem-se explicar
os tipos de instrumentos que serão utilizados.
• O detalhamento do orçamento, prevendo as despesas com recursos humanos e materiais e o
cronograma que especifica os prazos para cada fase da investigação.
Após estar pronto o plano executa-se o estudo piloto com uma amostra que possua
características semelhantes ao elemento estudado. Este estudo poderá fornecer valiosos
subsídios para o aperfeiçoamento dos instrumentos de pesquisa ou para os procedimentos de
coleta de dados.
Terceira Etapa: Execução do Plano
Executado o estudo piloto, se necessário, introduzem-se correções e se inicia a etapa
seguinte que é a da execução do plano, com a testagem propriamente dita das hipóteses, com
o experimento ou a coleta de dados. Se a pesquisa utilizar entrevistadores há necessidade de
treiná-los previamente visando uniformizar os procedimentos de ação neutralizando ao máximo
a interferência de fatores estranhos no resultado da pesquisa.
Executada a fase de coleta, inicia-se o processo de tabulação, com a digitação dos
dados, aplicação dos testes e análise estatística e avaliação das hipóteses. A análise
estatística deve servir para afirmar se as hipóteses são ou não rejeitadas. Através dela pode-se
estabelecer uma apreciação com juízos de valor sobre as relações entre as variáveis.
Quarta Etapa: Construção do Relatório de Pesquisa
Esta etapa é dedicada à construção do relatório de pesquisa que serve para relatar a
comunidade científica, ou ao destinatário de sua pesquisa, o resultado, procedimentos
utilizados, dificuldades e limitações de sua pesquisa.
ESTRUTURA E APRESENTAÇÃO DOS RELATÓRIOS DE PESQUISAS
A finalidade de um relatório de pesquisa é a de comunicar os processos desenvolvidos
e os resultados obtidos em uma investigação. Os relatórios podem ser feitos de diversas
formas: através de um artigo sintético para ser publicado em um algum periódico, através de
uma monografia com objetivos acadêmicos ou na forma de uma obra para ser publicada. Além
dos elementos que envolvem que envolvem uma produção textual e que seguem a orientação
da linguística aplicada, há os elementos objetivos ligados à coerência lógica, coesão textual e
norma técnicas padronizadas e convenções tradicionais que devem ser respeitadas. Há
determinadas convenções padronizadas, decorrente do uso acadêmico, literário e científico,
que acabaram por se transformar em normas e em modelos formais que devem ou podem ser
seguidos.
Tipos de Relatório de Pesquisa Científica
Os relatórios de pesquisa são tratados na literatura específica com sentidos diversos,
gerando, muitas vezes, ambigüidade de interpretações.
Há relatórios elaborados com fins acadêmicos e com fins de divulgação científica. Costuma-se
incluir como “trabalho científico” diferente tipos de trabalho: resumos, resenhas, ensaios,
artigos, relatórios de pesquisa, monografias, etc. O adjetivo “científico” confunde muitas vezes
a cientificidade com o cumprimento das normas e padrões de sua estrutura e apresentação.
Convém lembrar que cientificidade nada tem haver com normas e padrões.
O que há de comum nestes tipos de trabalho, exceto o resumo e resenha, é que todos
são monográficos, devem versar sobre o problema que foi investigado e desenvolvido com
atitude científica. Investiga-se um problema (mono), e não dois ou vários. Nesse sentido são
todos os relatórios de pesquisa, necessariamente monográficos e científicos, com uma
estrutura básica comum e algumas diferenças ao nível de profundidade da investigação, da
exigência acadêmica em que são desenvolvidos, aos seus objetivos e aspectos formais tendo
em vista a finalidade de sua apresentação.
Estrutura dos Relatórios de Pesquisa Científica
Um relatório de pesquisa compreende as seguintes partes:
a) Elementos pré-textuais:
• Capa;
• Folha de Rosto: contém elementos essenciais à identificação do trabalho;
• Dedicatória: opcional, serve para indicar pessoas a que se oferece o trabalho;
• Agradecimentos: serve para nomear pessoas as quais se deve gratidão, em função a algum
tipo de colaboração no trabalho;
• Abstract: resumo da investigação, destacando as partes mais importantes
• Sumário: fornece a enumeração das principais divisões, seções e outras partes do trabalho;
• Lista de Tabelas, Gráficos e Quadros: quando houver deve-se lista-los.
b) Elementos Textuais:
• Introdução: seu objetivo é situar o leitor no contexto da pesquisa considerando os seguintes
aspectos:
• Problema
• Objetivo
• Justificativa
• Definições
• Metodologia
• Marco Teórico
• Hipóteses
• Dificuldades ou Limitações
• Desenvolvimento: é a demonstração lógica de todo o trabalho de pesquisa;
• Conclusão: ela deve retomar o problema inicial, revendo as principais contribuições que
trouxe a pesquisa e apresentar o resultado final;
• Notas: servem para o autor apresentar indicações bibliográficas, fazer observações,
definições de conceito ou complementações ao texto;
• Citações: são menções, através de transcrição ou paráfrase, das informações retiradas de
outras fontes;
• Fontes Bibliográficas: é o conjunto de elementos que permitem a identificação das fontes
citadas no texto.
c) Elementos Pós-textuais:
• Apêndice: utilizado para colocar textos ou informações complementares elaborados pelo
autor;
• Anexo: documento não elaborado pelo autor, acrescentado para provar, ilustrar ou
fundamentar o texto.
ARTIGO CIENTÍFICO: ESTRUTURA E APRESENTAÇÃO
O artigo é uma apresentação sintética. Em forma de relatório escrito, dos resultados de
investigações ou estudos realizados a respeito de uma questão. Seu objetivo é o de ser um
meio rápido de divulgar o referencial teórico, a metodologia, os resultados alcançados e as
principais dificuldades encontradas no processo de investigação ou análise de uma questão.
O artigo tem a seguinte estrutura:
• Identificação: Título do trabalho, autor e qualificação do autor;
• Abstract: Resumo;
• Palavras-chave: Termos que indicam o conteúdo do artigo;
• Artigo: Deve conter introdução, desenvolvimento e demonstração dos resultados, conclusão;
• Referências Bibliográficas;
• Anexos ou Apêndices: Quando necessário;
• Data do Artigo.
APRESENTAÇÃO DOS RELATÓRIOS DE PESQUISA E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A finalidade de um relatório de pesquisa é comunicar os resultados obtidos na
investigação. A sua apresentação formal obedecem as normas técnicas padronizadas e a
determinados formalismos a serem seguidos conforme relacionado abaixo.
Distribuição do Texto na Folha
• Paginação: As páginas devem ser numeradas com números arábicos no canto superior
direito da folha, iniciando-se a contagem na folha de rosto;
• Papel, margens e espacejamento: Deve-se usar papel A4 tamanho. Na distribuição do texto,
para páginas capitulares, deixa-se 8 cm de margem superior entre o texto e a borda e nas
demais 3cm. A margem esquerda deve ser de 3,5 cm e a direita e inferior 2,5 cm.
• Citações: Podem ser em forma de transcrição, ou de paráfrase.

ESCRITA CIENTÍFICA
A taxonomia de verbos para uso em metodologia (verbos de ação) a seguir foi
fornecida pela profa. Alcenir dos Reis, durante disciplina de Métodos e Técnicas de Pesquisa,
ministrada na ECI-UFMG.
• Conhecimento: Apontar; Calcular; Classificar; Definir; Descrever; Distinguir; Enumerar;
Enunciar; Especificar; Estabelecer; Exemplificar; Expressar; Identificar; Inscrever; Marcar;
Medir; Nomear; Ordenar, Reconhecer; Registrar; Relacionar; Relatar; Repetir; Sublinhar;
(Evocar).
• Compreensão: Concluir; Deduzir; Demonstrar; Derivar; Descrever; Determinar; Diferenciar;
Discutir; Estimar; Exprimir; Extrapolar; Ilustrar; Induzir; Inferir; Interpolar; Interpretar; Localizar;
Modificar; Narrar; Preparar; Prever; Reafirmar; Relatar; Reorganizar; Representar; Revisar;
Traduzir; Transcrever.
• Aplicação: Aplicar; Demonstrar; Desenvolver; Dramatizar; Empregar; Esboçar; Estruturar;
Generalizar; Ilustrar; Interpretar; Inventariar; Operar; Organizar; Praticar; Relacionar;
Selecionar; Traçar; Usar.
• Análise: Analisar; Calcular; Categorizar; Combinar; Comparar; Contrastar; Correlacionar;
Criticar; Debater; Deduzir; Diferenciar; Discriminar; Discutir; Distinguir; Examinar;
Experimentar; Identificar; Investigar; Provar.
• Síntese: Compor; Comunicar; Conjugar; Construir; Coordenar; Criar; Desenvolver; Dirigir;
Documentar; Escrever; Especificar; Esquematizar; Exigir; Formular; Modificar; Organizar;
Originar; Planejar; Prestar; Produzir; Reunir; Sintetizar.
• Avaliação: Argumentar; Avaliar; Comparar; Contrastar; Decidir; Escolher; Estimar; Julgar;
Medir; Precisar; Selecionar; Taxar; Validar; Valorizar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: NORMAS DE APRESENTAÇÃO


Definições e Localização
São um conjunto de elementos que permitem a identificação de documentos impressos
ou registrados em diversos tipos de material, utilizados como fonte de consulta e citados nos
trabalhos elaborados os quais devem seguir as normas da NBR 6023 da ABNT. Uma
referência bibliográfica tem elementos essenciais e complementares. Os essenciais são os
indispensáveis para a identificação das fontes de citações de um trabalho; os complementares
são os opcionais que podem ser acrescentados aos essenciais para melhor caracterizar as
publicações referenciadas. As referências bibliográficas podem aparecer em diversos em
diferentes locais do texto, em notas de rodapé ou de fim de texto, lista bibliográfica sinalética
ou analítica e encabeçando resumos ou recensões.
Ordem dos Elementos
Os elementos essenciais e complementares devem seguir a seguinte ordem:
1. Autor da publicação;
2. Título do trabalho;
3. Indicações de responsabilidade;
4. Número de edição;
5. Imprenta (Local da edição, editor e ano da publicação);
6. Descrição física, ilustração e dimensão;
7. Série ou coleção;
8. Notas especiais;
9. ISBN.

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